SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 143
1
João Vicente de Castro Rios, filho de João Rios (Checo) e Dalila Castro
Rios, falecidos, nasceu no dia 16 de fevereiro de 1947, em Iúna-E.S.
Seus irmãos, Luis Augusto de Castro Rios, Carlos Alberto de Castro Rios,
Marcus Antônio de Castro Rios e Dulcino de Castro Rios, também são falecidos.
Vera Regina Rios da Silveira e Elza Maria Rios Amorim, residem em Iúna.
João Vicente, como gosta de ser chamado, estudou no Colégio Vasco
Coutinho, de Vila Velha-E.S., no período em que seu pai exerceu o mandato de
deputado estadual, de 1954 a l957.
Retornando a Iúna, concluiu seus estudos na Escola de 1º e 2º Graus
“Henrique Coutinho” e no extinto Ginásio de Iúna. Frequentou, ainda, o Colégio
Comercial “Pedro José de Souza, formando-se como técnico em contabilidade.
Graduou-se no curso de bacharelado da Faculdade de Direito de Cachoeiro de
Itapemirim – FDCI, em 1978.
Trabalhou na ECT, de 1962 a 1976, exercendo os cargos de estafeta,
carteiro e eventual de gerente de agência, em Iúna.
Trabalhou, também, como professor DT, na Escola de 1º Grau “Dr. Nagem
Abikahir”, lecionando as disciplinas de português, geografia, história e ciências.
Durante os anos em que residiu em Belo Horizonte, Minas Gerais, atuou
como Gerente Social do Praia Clube, um complexo de lazer com 290.000 metros
quadrados de muito verde e madeira rústica.
Na Câmara Municipal de Iúna, ocupou o cargo de assessor legislativo.
A partir de março de 1995 e até janeiro de 2008, prestou serviços como
assessor Legislativo da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do
Espírito Santo. Aposentou-se em março de 2008 e atualmente mora na Ponta da
Fruta, tendo ao seu lado Sônia Maria Coutinho, a companheira de todas as horas,
que faz parte de seus anseios e realizações desde 11 de novembro de 1996.
Seu primeiro livro, “Folhas Soltas”, foi escrito por motivação afetiva,
atendendo ao pedido de seu filho, Fabrício Carlo Garcia Rios, que desejava ver as
poesias do pai publicadas, o que aconteceu em 1983.
Como bom aquariano, dedica-se à defesa das causas de seus semelhantes,
mantendo amigos e conhecidos conquistados ao longo de seus 67 anos de idade.
A expressão velho não faz parte de seu vocabulário, pois diz ser um idoso
ativo, que gosta de ler, escrever, desenhar, pintar, dançar, ir à praia, receber e
visitar parentes, amigos e conhecidos.
Uma de suas maiores aspirações é poder testemunhar uma revolução
educacional brasileira, tendo em vista que, em seu entendimento, o verdadeiro
desenvolvimento de um país decorre da implementação de programas e projetos
educacionais adequados à formação intelectual e cultural de crianças, adolescentes
e adultos.
2
Esclarecimento:
Esta é mais uma obra literária nascida de meu desejo de contribuir para a
evolução intelectual e cultural de todas as pessoas que procuram e encontram, no
maravilhoso mundo das letras, a realização de seus anseios.
Minha intenção inicial dizia respeito à publicação de contos.
Porém, em atenção às sugestões e pedidos de parentes, amigos e conhecidos,
resolvi inserir contos e poesias escritos com a simplicidade que considero
imprescindível ao entendimento de quem quiser ler contos e poesias direcionados,
especialmente, a crianças, jovens e adultos que fizeram e fazem parte de meu viver.
Alguns contos e algumas poesias não têm a citação de nomes verdadeiros
das pessoas que me inspiraram a escrevê-los.
Não me importei, como não me importo, com o sucesso da divulgação de
“Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, porque, se na publicação de
“Folhas Soltas”, atendi ao pedido de meu filho, Fabrício Carlo, que manifestou sua
vontade de ver publicado um livro meu, desta vez atendo a mim mesmo, pois do
alto de meus sessenta e nove anos, quero prestar sincera homenagem às pessoas,
que, direta ou indiretamente, estiveram e estão comigo e Soninha, a mulher negra
maravilhosa que cuida de meu coração, de meu amor.
Fiz questão de convidar escritores e escritoras para registrarem suas
manifestações no prefácio, pelos sentimentos de respeito e admiração que tenho
por eles e por elas.
Antecipadamente, peço desculpas a quem não foi convidado para escrever
sobre “Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, porém, a escolha ocorreu
de conformidade que mantive e mantenho com as pessoas convidadas.
Aproveito o ensejo para homenagear a todos os membros da Academia
Iunense de Letras, que enaltecem cada vez mais a importância cultural e as
tradições históricas do povo iunense.
3
Dedico esta obra:
- “In memoriam”, a meus falecidos pais, João Rios (Checo) e Dalila Castro Rios,
incentivadores maiores de meu gosto pela literatura;
- Igualmente, “in memoriam”, a meus irmãos, Luis Augusto de Castro Rios, Carlos
Alberto de Castro Rios, Marcus Antonio de Castro Rios e Dulcino de Castro Rios;
- Às minhas irmãs, Vera Regina Rios da Silveira e Elza Maria Rios Amorim, residentes
em Iúna;
- À minha companheira de todas as horas, Sônia Maria Coutinho, que participa de meus
anseios e realizações;
- A meus filhos, Fabrício Carlo Garcia Rios e Marcelo Felipe Reis e Rios, que durante
alguns anos estiveram ao meu lado;
- A Ariene Coutinho Henriques, minha enteada, que amo como se fosse sangue do meu
sangue;
- A Castelo Branco dos Santos Coutinho e Clerson Coutinho Martins, meus enteados,
que merecem o meu respeito e a minha admiração;
- A Isabelle Coutinho Henriques Machado, filha de Ariene e Leonardo Vinícius Nunes
Machado, minha “netinha”, que vem recebendo toda a atenção possível e o amor de
suas avós, Sônia Maria Coutinho e Maria de Fátima Gomes, para que cresça saudável,
bonita e inteligente;
- A Maria Clara Moreira Coutinho, filha de Castelo Branco dos Santos Coutinho e
Alessandra Bolzani Moreira, que, assim como Isabelle, considero como neta;
- A Matheus e Caio Martins, filhos de Clerson, igualmente considerados como meus
netos;
- A Gabriela Moreira Monteiro, prima de Maria Clara e filha de Eliete Moreira, que,
mesmo não sendo minha neta, faz questão de me chamar de “vovô João”;
- A meus cunhados, Gildo Pimentel Silveira e José de Amorim, esposos,
respectivamente, de Vera Regina e Elza Maria;
- Às minhas ex-cunhadas, Zélia de Oliveira Rios, Wanda Aparecida Amaral Rios,
Mariza Salazar Boghi Rios e Najla Alcure Rios, viúvas, respectivamente, de meus
irmãos Luis Augusto, Carlos Alberto, Marcus Antônio e Dulcino;
- A meus tios e tias, sobrinhos e sobrinhas, primos e primas;
- A Arlinda José Maria dos Santos Coutinho, minha sogra, que considero como
segunda mãe;
- A Tânia Maria Coutinho, Telma Coutinho, Sandra Lúcia Coutinho, Selma Coutinho,
Patrícia Aparecida Coutinho, Silvério Pinto Coutinho, Walace Pinto Coutinho e
Alexssandro Pinto Coutinho, cunhadas e cunhados que há mais de dezoito anos fazem
parte de meu viver e de Sônia Maria;
- A Franklin Coutinho Vieira, Romário Coutinho Vieira e Mariana Coutinho Vieira,
filhos de Sandra Lúcia; Magno Coutinho de Souza (“in memoriam”), filho de Selma;
Mailveso Vasconcelos Coutinho, Thayrine Vasconcelos Coutinho e Felipe Augusto
4
Vasconcelos Coutinho, filhos de Silvério; Juliene Dutra Coutinho e Kamilly Moreira
Coutinho, filhas de Walace e Arthur Gomes Coutinho, filho de Alexssandro;
- A Leandro dos Santos Kallott, meu amigo/irmão, que participa de meus momentos
de alegria e tristeza;
- A Fábio Napoleão e Fagner Conceição, amigos verdadeiros, que também merecem
minha consideração;
- A Alvimar Alvarenga, companheiro inseparável de Selma Coutinho, que me honra
com sua amizade há anos;
- A Cleuza e Andrea, companheiras, respectivamente, de Walace Pinto Coutinho e
Alexssandro Pinto Coutinho;
- A Marcele Dutra Chaves, mãe de Juliene e comadre de Sônia Maria, que por alguns
anos esteve no convívio das famílias Pinto/Coutinho;
- A Rutilea da Silva, amiga/irmã e Ermanno Nappi, seu atual esposo, residentes na
cidade italiana de Turim, que em breve serão meus vizinhos na Ponta da Fruta;
- A Marcos e Matteo Bertolotti, filhos gêmeos de Mário Bertolotti e Rutilea da Silva,
garotos inteligentes que considero como sobrinhos;
- Aos acadêmicos e às acadêmicas da Academia Iunense de Letras, intelectuais
obstinados que têm proporcionado aos escritores de Iúna e região espaços adequados à
criação e divulgação de suas obras;
- A meus amigos e amigas, conhecidos e conhecidas, cujos nomes não relaciono nesta
dedicatória, esclarecendo que seria humanamente impossível incluí-los aqui sem o
cometimento de algum esquecimento involuntário.
5
Parte I – Contos Que Conto
Cada um de nós tem uma história ou estória para contar.
Não fujo à regra e passo a registrar aqui os casos que fizeram e fazem parte de
minha vida.
Alguns contos trazem em seus textos os nomes verdadeiros das pessoas
homenageadas, pois o grande objetivo que me inspirou a escrever foi o de prestar
homenagem sincera a quem me honrou e honra com o sentimento da amizade. Em
outros, uso apelidos.
São narrativas simples, sem nenhuma intenção de desmerecer ou magoar
alguém.
Procurei incluir histórias (reais) e estórias (fictícias), que ficaram gravadas em
minha memória, marcando minha infância, adolescência e fase adulta.
Antecipo-me à crítica dos especialistas em cultura elitista, para explicar que
neste livro não encontrarão nenhuma preciosidade literária, pois, sendo filho de um
homem simples, que detestava a sofisticação enganosa e de uma mulher culta que era
apologista da simplicidade, não ousaria ignorar os ensinamentos recebidos deles, desde
os primeiros anos de minha vida e até a fase adulta.
Não tenho sonhos ilusórios de me transformar em poeta famoso.
Não tenho, ainda, ambição por ganhar dinheiro com a publicação deste ou de
qualquer outro livro que vier a publicar.
Não tenho, também, nenhuma vontade de modificar meu estilo pessoal de
escrever, para agradar uns poucos defensores da escrita perfeita, sem erros.
Não tenho, enfim, idade e paciência para usar palavras e rimas complicadas, que
certamente não agradariam a quem me conheceu nas salas de aula como aluno ou
professor.
O meu intuito foi, é e continuará sendo o de fazer chegar aos leitores de todas as
faixas etárias o pulsar forte de meu coração, para penetrar nos corações de pessoas que
respeito e admiro.
6
PEDRA NO CAMINHO
Duas horas de uma madrugada fria em Iúna.
Saí da casa de minha prima, Maria José Scardini, onde ela, eu, e outros parentes
e amigos estávamos reunidos para jogar canastra e buraco.
A lua cheia iluminava a avenida Presidente Vargas.
Chegando nas proximidades da casa do saudoso Sr. Paulo Amaral, estava eu
chutando lata, como já escreveu um compositor musical.
Vi uma caixa de sapato na calçada.
Aproximando-me da caixa, ergui a perna direita e chutei-a com toda a força,
imaginando que fosse enviá-la para longe.
A caixa ficou inerte no mesmo lugar, pois dentro dela colocaram um
paralelepípedo.
A dor intensa que sentia era uma mistura de raiva por quem havia colocado a
maldita pedra na caixa e por mim mesmo, pela infeliz ideia de chutar o que, em
absoluto, não era nenhuma bola.
Tão rápido quanto o chute, meu pé, esse sim, virou uma bola, de tão inchado.
Fui me escorando, saltitante, pelas paredes das casas, até chegar em casa.
Como não quis acordar ninguém, peguei uma sacola plástica e coloquei nela
vários cubos de gelo e fui, com dificuldade, ao quintal, tirei minha toalha, dobrei-a e
deitei-me, com a sacola plástica e os cubos de gelo sobre o local inchado, esfregando
antes bastante vinagre para aliviar um pouco a dor latejante. Demorei umas duas horas
para pegar no sono.
Contudo, ao me mexer na cama, acordava e custava a dormir novamente.
Lá pelas oito horas, como fazia sempre, mamãe entrou no quarto onde eu e meus
irmãos Marcus Antônio e Dulcino dormíamos. Percebendo que alguma coisa de
anormal estava acontecendo comigo, mamãe espantou-se ao ver meu tornozelo
totalmente inchado.
Contei o que tinha ocorrido e ela, penalizada, colocou bálsamo benguê (era a
pomada da época) e enfaixou todo o meu pé.
Durante uns seis meses a consequência dolorosa do chute no paralelepípedo
permaneceu me importunado.
Hoje, quando me deparo com alguma caixa nas ruas, lembro-me do terrível
acontecimento e sigo meu caminho, deixando para trás o conteúdo da caixa, com ou
sem pedra.
7
MARIA, SOLTEIRA, MULHER DAS BALADAS
MARIA, COMPROMISSADA, MULHER DO LAR
Maria era uma mulher que gostava das baladas.
Quando era solteira, seu coração pulsava por vários homens.
Tinha uma alegria contagiante, que cativava a todos.
Decidida a mudar de comportamento, Maria aceitou o convite de um rico
fazendeiro, chamado José Marcoço, residente em Perdição.
Durante os anos em que esteve ao lado de José Morcoço, Maria deu-lhe carinho,
respeito, amor e dois filhos.
Eu já conhecia Maria, e, ao ser procurado por ela para defendê-la na ação de
dissolução da união estável ajuizada por seu companheiro, aceitei o patrocínio da causa,
principalmente porque sabia que a fidelidade dela nunca fora contestada.
Ao saber que eu era o advogado de Maria, José Moscoço apareceu em meu
escritório, mas ficou na porta, aguardando a saída do cliente que eu atendia naquele
momento.
Percebi que ele portava na cintura um revólver, que certamente serviria para me
amedrontar.
Convidei-o a entrar, mas ele se recusou e afirmou que falaria de onde estava.
Os olhos muito azuis do fazendeiro pareciam lançar fogo, de tanta raiva que ele
demonstrava.
“Fico triste em saber que um filho do Checo aceite defender uma prostituta
como Maria”, gritou o irado fazendeiro;
Levantei-me da cadeira e respondi: “Se antes eu queria defender os direitos e
interesses de Maria, que nesses oito anos de convivência lhe deu dois filhos e o
respeitou, agora faço questão absoluta de ir até a conclusão do processo”.
Mais irado, ainda, José Moscoço falou: “Meu advogado me prometeu que não
perco a causa de jeito nenhum”.
Sorri e retruquei, afirmando: “Veremos! Ah, e tem outra coisa: esta caneta que
está em minha mão pode ser mais perigosa que a arma que o senhor está exibindo,
imaginando que possa me causar medo”. Mais: “Aprendi, com o seu amigo Checo, meu
saudoso pai, que uma injustiça cometida contra alguém é pior que um tapa no rosto e o
senhor está sendo injusto com a mulher que lhe foi fiel durante o período em que ficou
ao seu lado e dos filhos que lhe deu”
José Moscoço saiu apressadamente, xingando impropérios impublicáveis.
Na audiência, uma das testemunhas de José Moscoço era irmão de Maria.
Ao constatar que a testemunha iria depor contra a irmã, o juiz da causa explicou
que a dispensaria.
Requeri ao magistrado que inquirisse o irmão de Maria, já que, apesar de sua
condição de mero informante, demonstrava a real intenção de prejudicar Maria.
O representante do Ministério Público, compreendendo meu objetivo, abriu um
largo sorriso.
8
O julgador da causa deferiu o meu requerimento e ouviu a testemunha, sem que
a mesma prestasse o juramento legal
Desnecessário dizer que o irmão de Maria classificou-a como a pior das
mulheres.
Inquiridas todas as demais testemunhas, o juiz indagou às partes (promotor e
advogados), se preferiam apresentar alegações finais na audiência ou através de
memoriais (documentos escritos apresentados em datas fixadas pelo juiz).
O brioso Promotor de Justiça e eu optamos pela manifestação imediata e o
patrono de José Moscoço escolheu por apresentar suas alegações finais escritas.
Diante da decisão do MP e da minha, o juiz determinou que tais alegações
ocorressem logo, o que foi feito.
A seguir, proferiu a sentença, ordenando que José Moscoço pagasse uma pensão
alimentícia para os dois filhos, um aluguel de uma casa na cidade para Maria e as
crianças e concedeu a guarda dos menores a Maria.
Nesse momento, os olhos azuis de José Moscoço fixaram nos meus e ele,
chorando, me falou: “Dr. João Vicente, agora estou percebendo que o senhor é filho do
Checo, que não desmerecia ninguém e detestava injustiça”.
Retirou do bolso da camisa um talão de cheques, pedindo-me que preenchesse
uma das folhas com o valor dos honorários cobrados por seu advogado. Em seguida,
entregou o cheque ao causídico e dispensou-o, solicitando ao juiz que determinasse a
saída dele da sala de audiências.
José Moscoço, em lágrimas, pediu-me que viabilizasse um acordo com Maria,
tendo em vista que o amor dele pelos filhos era muito grande e que ele não conseguiria
ficar sem as crianças.
Pedi autorização ao juiz para conversar com Maria, que, depois de concordar
com a sugestão que apresentei, exigiu de José Moscoço mais dinheiro para entregar-lhe
as crianças.
José Moscoço aquiesceu e agradeceu-me pela compreensão em realizar o novo
acordo.
Passados alguns meses, José Moscoço, foi ao meu escritório, pedindo-me que o
acompanhasse até o seu carro, onde se encontravam uma mulata bonita e os meninos.
Surpreso, ouvi de José Moscoço: “Dr. João Vicente, estou querendo me casar
com esta moça. O que o senhor acha?”.
Indaguei à moça se ela queria se casar com José Moscoço e ela me respondeu
que sim.
José Moscoço e a moça bonita se uniram, permanecendo juntos até que Deus
levasse o fazendeiro para a Eternidade.
O homem que antes se tornou um inimigo a após o término do processo manteve
comigo uma amizade sincera, pôde ter ao seu lado os filhos amados e ser feliz com a
mulher que deixou amparada.
Certamente, de onde estiver, José Moscoço continua enviando bênçãos
protetoras para seus entes queridos e vibrações positivas para os amigos que ficaram na
Terra.
9
A IRMÃ DO AMIGO
Um de meus primos consumava visitar os parentes de Iúna, todos os anos.
Em uma dessas visitas, ele se empolgou com uma moça de corpo esbelto.
Quando a moça passava por ele, tecia comentários elogiosos sobre ela.
Era época de Carnaval e meu primo, estando em frente ao clube onde estava
sendo realizado o baile carnavalesco, viu a moça passando pelo local e comentou com o
rapaz que se encontrava ao seu lado: “Cara, que mulher maravilhosa. Faço qualquer
coisa para ficar com essa moça gostosa”.
O rapaz olhou para a moça, reconheceu-a, chamou-a, e, dirigindo-se ao meu
primo, afirmou: “Esta moça que você diz ser gostosa é minha irmã, seu safado”.
Não preciso explicar que meu primo saiu correndo. Ofegante, contou-me tudo.
Às vezes, é melhor admirar uma mulher bonita sem tecer qualquer comentário
sobre as qualidades dela.
N.A: atualmente, meu primo encontra-se fora do Brasil e a moça que ele achava gostosa
mora em Vitória.
10
FESTA DE QUINZE ANOS... PARA RAPAZ
Meus quinze anos estavam chegando e papai decidiu fazer uma festa para
comemoração da data.
Mamãe, bastante assustada, disse a papai: “Checo, festa de quinze anos para
João Vicente, um rapaz?”. “Normalmente, uma festividade assim é para menina que
está se transformando em moça”.
Papai retrucou: “Dalila, não tem nenhum problema. João Vicente é um bom
filho e merece uma festa de aniversário”.
Mamãe riu e acabou concordando com a estranha vontade de papai.
Fiquei encarregado de convidar quantas pessoas quisesse e realmente chamei
quase todo o pessoal de meus relacionamentos. Quase, pois fui me esquecer exatamente
de minha professora de dança, Maria Helena de Jesus, a Marileninha, que durante um
tempão ficou me lembrando e lamentando, com razão, de meu injustificável
esquecimento.
No dia da festa, com a casa repleta de convidados, mamãe, papai e eu ficamos
recebendo quem chegava, e, claro, deixando todo mundo à vontade.
Lá pelas nove, nove e meia da noite, papai pediu silêncio e sugeriu a todos,
inclusive a mim, que fôssemos para o Quilombo (o sonho dourado de papai era fazer do
Quilombo um local onde os iunenses e visitantes pudessem ter um centro comercial
com muitas lojas e outras atividades correlatas), tendo em vista que lá estava sendo
realizado um forró.
Mamãe, sempre educada, afirmou a papai: “Checo, a festa de João Vicente mal
começou e você vai acabar com ela?”
Papai respondeu: “Dalila, a festa de João Vicente continuará no forró”.
E mamãe: “Mas, e as comidas e as bebidas, quem irá consumi-las?”
Papai, voltando a se manifestar: ”Amanhã, a gente distribui tudo para o pessoal
carente”.
Não deu outra. No outro dia, uma fila imensa se formou para a distribuição das
comidas e bebidas que não foram consumidas na minha festa de 15 anos.
N.A.: Se ainda fosse vivo, papai se sentiria realizado em ver o Quilombo como ele
imaginava. Quando exerceu, pela segunda vez, o cargo de Prefeito Municipal de Iúna,
papai quis transformar o Quilombo em um polo comercial, empresarial e industrial.
Porém, como não existiam verbas suficientes para a realização dos planos dele, papai
não viveu o suficiente para testemunhar que o Quilombo é hoje um grande e importante
bairro de Iúna.
11
RAULINO, O EXTERMINADOR DE BAILES
Raulino Finamore, um dos melhores amigos e correligionários de papai, sempre
foi um homem diferenciado, de atitudes às vezes estranhas.
Se cumprimentasse uma pessoa e alguém lhe dissesse que essa pessoa era
portadora de uma doença contagiosa, saia de braços erguidos procurando álcool para
desinfetar suas mãos.
Acompanhando papai nas campanhas políticas, ele, que não gostava de café de
garapa, não conseguia entender o porquê do velho Checo não recusar jamais o café que
lhe era oferecido, ainda que não fosse feito na hora (café de garapa de alguma horas é
intragável).
Ao chegar em casa, papai dava gargalhadas com mamãe, informando que
Raulino, mais uma vez, bebera café de garapa passado.
O que Raulino não sabia era que mamãe mandava fazer para papai dois
agasalhos, tipo suéter, na cor marrom, onde papai derramava o café de gosto ruim, sem
que o pessoal da casa percebesse.
Ainda na fase da adolescência, solteiro como papai, os dois iam sempre para os
bailes realizados na roça, nas proximidades de Iúna.
Raulino, depois de beber umas “pingas”, ficava agressivo e costumava deitar-se
no meio do salão, arrancar a garruchinha velha que possuía e gritava: ”Acabou o baile,
todo mundo pode ir embora”.
Papai advertia Raulino de que ele poderia sofrer alguma represália, mas, qual o
que, Raulino não perdia a mania de bancar o exterminador de bailes.
Como tudo na vida tem um limite, Raulino experimentou o lado ruim de seu
procedimento, pois, ao querer acabar com mais um baile, não se deu conta de que havia
no salão onde ele se deitou, uns homens carrancudos, bravos, que, ao verem Raulino
com a arma na mão, gritando que o baile estava acabado, chegaram perto de Raulino,
tomaram a arma dele e aplicaram nele uma senhora surra, daquelas de deixarem marcas
por vários dias.
Nunca mais Raulino quis acabar com bailes. Aliás, ele se proibiu de frequentar
salões de baile.
N.A.: Quando papai foi deputado estadual, indicou ao então governador Francisco
Lacerda de Aguiar, Chiquinho, o nome de Raulino para ser o diretor da antiga Colônia
Penal Agrícola de Viana. Atendendo à solicitação de determinadas autoridades, Raulino
autorizava a saída dos internos que cumpriam pena pelo regime semiaberto, com a
finalidade de prestarem serviços para tais autoridades. Alguns desses apenados não
retornavam e então foi feita uma sindicância para apurar responsabilidades para a
aplicação de penalidade a quem permitia que os presidiários saíssem do estabelecimento
penal. A corda arrebentou para o lado de Raulino, já que todas as autoridades,
nominadas por ele, negaram veementemente que solicitaram os serviços dos presos.
Raulino foi exonerado e voltou para Iúna.
12
EX-GAYS EXISTEM?
Quando morei em Belo Horizonte, conheci um jovem assumidamente gay
Os trejeitos do jovem eram de um autêntico homossexual, que não fazia
nenhuma questão de esconder sua opção sexual.
Minha casa, no bairro Planalto, era frequentada por moças e rapazes, que,
respeitosamente, gostavam de visitar “tio João” (maneira carinhosa como me
chamavam). E o gay, também com o maior respeito, ia sempre à minha casa.
O gay viajou para o exterior, ficando fora do Brasil por um bom tempo.
Ao retornar, fez-me uma visita.
Não demonstrava mais os trejeitos de antes e até sua voz tinha mudado.
Diante de meu espanto, ele riu e disse: “Não sou mais gay e agora me
transformei em um homem hetero”.
Não aguentei tanta franqueza e ri muito.
“Verdade, tio João, sou macho!”
Olhei fixamente nos olhos dele, e, percebendo que de fato eu não estava
acreditando na transformação que ele alardeava, insistiu em sua declaração, explicando
que havia aproveitado sua viagem para outro país, chegando à conclusão de que gostava
mesmo era de mulher.
Entretanto, por mais que tentasse justificar a sua “nova opção sexual”, quando
olhava para meu sobrinho, Lúcio Aurélio, que estava realizando testes no Cruzeiro
Esporte Clube, não conseguia esconder o olhar de desejo que outrora sentia pelo jovem
bonito que era Lúcio.
As moças que se relacionavam com o gay, riam bastante, também não
acreditando que o amigo delas tivesse deixado no passado sua condição de
homossexual.
Há ex-marido, ex-mulher, ex-ator, ex-atriz, ex-jogador de futebol, e tantos outros
ex.
Existem ex-gays?
N.A.: para evitar que este conto tenha interpretação equivocada, afirmo categoricamente
que sou contra todas as pessoas preconceituosas, que, alegando defenderem a moral e os
bons costumes, agridem verbal e fisicamente quem, assumindo ou não serem
homossexuais, são tratados como seres perniciosos à sociedade. Em meu rol de
relacionamento, existem amigos(as) gays que respeito e admiro.
13
ARMA NÃO PROTEGE NINGUÉM
Em Belo Horizonte havia uma boate chamada Zum Zum, que nos finais de
semana ficava superlotada.
Era frequentada por jovens e gente madura.
Sempre gostei de casas noturnas comandadas por pessoas simpáticas, receptivas,
como a dona da Zum Zum.
Certa vez, chegando à boate e ao atravessar o salão, deparei-me com a moça
com a qual estava saindo, ficando.
Ela era desconfiada, ciumenta e tinha enfiado na cabeça que eu saia também
com outra mulher, o que não era verdade.
Carinhosamente, coloquei a mão direita em um dos lados do rosto dela,
explicando que não estava ficando com a tal mulher.
Fiz menção de sair e ela, sem mais nem menos, deu-me uma bofetada na face
direita.
Minha visão ficou ofuscada, e, dominado pelo ódio que senti naquele momento,
corri na direção da cozinha com a intenção de pegar o revólver calibre 22 que deixara
dentro da bolsa que estava usando.
Zezinho, gerente da boate, percebendo que não conseguiria impedir que eu
chegasse à cozinha, gritou: “João Vicente, pense em seu filho”. Imediatamente, parei e
voltei, querendo devolver a agressão sofrida.
Encontrei Zezinho expulsando a moça, determinando que ela, a partir daquele
instante, não entraria mais na Zum Zum.
Após três meses, a moça criou coragem e pediu-me que conversasse com
Zezinho, para que este autorizasse a entrada dela na boate.
Zezinho não queria permitir, mas eu disse que por mim, não haveria nenhum
problema, desde que ela não me perturbasse fora ou no interior da boate.
Bendita hora em que Zezinho não me deixou usar a arma que eu comprara para
ajudar o gerente do hotel onde eu me hospedava.
Devolvi o revólver a seu antigo dono, sem receber de volta o dinheiro pago, já
que o que eu não desejava era permanecer com uma arma que adquirira tão somente
para contribuir com Luciano, o gerente do hotel, que, mesmo estranhando a minha
decisão, aceitou a devolução.
N.A.: imaginar que uma arma protege alguém, é um equívoco. Pior, deixar uma arma,
na mão de quem não sabe usá-la, como eu, é uma atitude temerária, perigosa. Os nomes
dos gerentes da boate e do hotel são verdadeiros. Zezinho, após o fechamento da Zum
Zum, foi trabalhar em um dos ótimos restaurantes do centro de Belo Horizonte, onde
minha mulher e eu tivemos o privilégio de encontrá-lo. Luciano, infelizmente, não vi
mais, porém, com este conto, presto justa homenagem a esses dois grandes amigos. Não
mencionei o nome da moça em razão de não pretender que tivesse, agora, qualquer
problema com alguém que esteja ao seu lado, como marido ou companheiro.
14
O EXAME
Um ex-colega da Assembleia Legislativa decidiu levar seu velho pai ao médico,
para submetê-lo a exame de próstata.
Até tudo bem, exceto a falta de explicação ao pai, de idade avançada, sobre
como seria realizado o referido exame.
Chegando ao consultório médico, Claudiomar, meu ex-colega, apresentou seu
pai ao médico, que, em seguida, solicitou ao velho homem que tirasse a roupa e vestisse
a vestimenta adequada ao exame.
Espantado, o pai de Claudiomar indagou: “tirar a roupa pra que, doutor?”.
Pacientemente, o médico respondeu: “para fazer o exame, senhor, é necessário que tire
toda a roupa”.
Já indignado, o pai de Claudiomar tirou a roupa, e, ao ouvir do médico que
ficasse de quatro, o velho arregalou os olhos e afirmou que não ficaria na posição que o
médico estava querendo.
Entretanto, como não podia fugir, o pai de Claudiomar começou a chorar,
olhando fixamente para seu filho, esbravejando, e, reclamando, explodiu: “você me
paga, filho ingrato. Isso não se faz com um velho como eu, que nunca tirei a roupa nem
mesmo quando sua mãe estava sozinha comigo.”
Não é necessário contar o final da história, mas, ao sair do consultório,
Claudiomar ouviu do pai uma bronca que até hoje ecoa em seus ouvidos.
Ao questionar Claudiomar acerca de não ter explicado a seu pai como o médico
realizaria o exame, respondeu-me que, caso o velho soubesse de tudo, jamais
concordaria em se despir diante do médico e muito menos permitir o toque anal de
praxe.
15
ARTIMANHAS DE CLAUDIOMAR
Claudiomar, mencionado no conto anterior, era especialista em arranjar um
jeitinho para não entrar em fila.
Certa vez, durante o governo de José Ignácio, após vários meses de atraso nos
pagamentos mensais dos servidores estaduais dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, houve a quitação de parte dos salários atrasados.
Claudiomar recebia seus salários na agência do Banestes, localizada na Av.
Leitão da Silva, em Vitória.
Como eu também recebia meus pagamentos na citada agência, fui com
Claudiomar até o Banestes.
Ao chegarmos, ficamos espantados com a quilométrica fila formada.
Observando que eu estava assustado, Claudiomar falou: “João Vicente, quem lhe
disse que você e eu iremos entrar nessa fila?” Mais espantado, ainda, retruquei:
“Claudiomar, o que você poderá fazer para não ficar na fila?”. Claudiomar sorriu e
afirmou: “Preste atenção no que farei agora”. Claudiomar abriu a porta de seu carro e
retirou um aparelho marca-passo (aquele que é usado para verificar batimentos
cardíacos), colocando-o no braço direito. Pediu-me que o ajudasse a caminhar até a
porta de entrada do banco, e, falando com dificuldade, solicitou ao vigilante que o
conduzisse até a gerência.
O vigilante, todo solícito, conduziu Claudiomar (fui junto como acompanhante)
à gerente, que, penalizada com o estado de saúde de meu ex-colega, pediu que ele e eu
ficássemos na sala dela, pois iria pessoalmente pegar nossos salários, o que realmente
foi feito.
Depois de recebermos os valores aos quais tínhamos direito, Claudiomar
balbuciou um agradecimento e saiu comigo da agência.
Chegando ao carro, retirou do braço o marca-passo, ligou o veículo e retornou
para o centro de Vitória.
Como se costuma dizer, Claudiomar precisava passar óleo de peroba no rosto,
pois era um autêntico “cara-de-pau”.
16
PARADO NO TRÂNSITO
Saulo de Tarso, ou simplesmente Saulinho, um grande amigo mineiro, trabalhou
durante algum tempo na Polícia Civil de Minas gerais.
Seu espírito brincalhão era uma das características marcantes de sua
personalidade.
Quando o trânsito em Belo Horizonte, no horário de almoço, ficava tumultuado,
Saulo ligava a sirene da viatura, abrindo caminho até chegar em casa.
Em outras oportunidades, se algum motorista mais afoito ficasse buzinando atrás
de seu carro, Saulo desligava o motor, saia tranquilamente e colocava o triângulo
sinalizador utilizado quando surgia defeito mecânico, contudo, nenhum defeito ocorria e
ele, simplesmente, fingia mexer em determinada peça, esperava o motorista apressado
sair do local, recolhia o triângulo, ligava a ignição e dava a partida normalmente.
Atualmente, Saulo é funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal, e,
juntamente com sua esposa, está percorrendo o Brasil em seu ônibus/casa, dotado de
todo conforto.
N.A.: Saulo, ou Saulinho, meu amigo/irmão, faz parte do seleto grupo de pessoas que,
quando nutrem sentimentos de amizade por alguém, são realmente amigos em quaisquer
ocasiões. Este preito é, antes e acima de tudo, um reconhecimento meu, pessoal, pelo
apoio que recebi dele quando experimentei momentos de inquietude espiritual, em
decorrência de acontecimentos que foram provações das quais eu não poderia fugir.
Portanto, ao Saulinho e à Orny, sua esposa, sinceros agradecimentos por me
considerarem, ao longo de mais de trinta e sete anos, como amigo ao qual
proporcionaram paz de espírito.
17
O HOMEM SHOW IUNENSE
Nego Delmo, como é popularmente conhecido em Iúna, é um de meus melhores
amigos.
Vindo a Vila Velha, ficou hospedado em minha casa.
Muito divertido, quis conhecer uma casa noturna, mais especificamente de
“strip-tease”.
Minha esposa e eu, que já conhecíamos a boate Lady Laura, levamos Nego
Delmo para conhecê-la.
Lá chegando, apresentamos a ele as garotas que eram nossas conhecidas. Logo,
logo, Nego Delmo ficou rodeado de mulheres.
Querendo assistir a um dos shows, chamou uma das mulheres para exibir seu
talento, na arte de dançar e tirar a roupa.
Durante a apresentação da garota, Nego Delmo saiu de sua poltrona e começou a
dançar com a mulher que se exibia.
O detalhe que mais chamou a atenção de todos foi que Nego Delmo dançava no
ritmo certo da música e se esfregava no corpo da mulher, rebolando com ela como se se
fosse parceiro de longa data.
Até os homens, acostumados com os shows só das mulheres, aplaudiram Nego
Delmo durante e no final da apresentação da “strepear”.
Nego Delmo fez tudo; só não tirou sua roupa, claro!!
18
A VINGANÇA DA DAMA DA NOITE
Meu sobrinho, Lúcio Aurélio, foi se submeter a testes no Cruzeiro Esporte
Clube.
Ficou hospedado em minha casa por um bom período, aguardando sua
contratação, já que havia sido aprovado pelo falecido treinador, Yustrich, que se
encantou com o futebol apresentado por Lúcio, ou Lúcio Bala, como era conhecido no
Espírito Santo, atuando pela Desportiva.
Fora dos gramados, Lúcio tinha suas paqueras e uma delas, uma garota de
programa, arrastava correntes por gostar muito dele. Lúcio sabia sobre as atividades da
moça, mas, por ser solteiro e não se preocupar, na época, com o futuro, mantinha um
relacionamento sem compromisso com a garota.
Durante algum tempo, ficou sem se encontrar com a mulher.
Achei estranho, até porque a garota era bonita de rosto e de corpo, porém Lúcio
não me deu uma explicação plausível que justificasse seu afastamento da mulher.
Encontrei-me com a garota, no centro de Belo Horizonte, e, percebendo que ela
estava irada, perguntei o motivo de tanta raiva. Ela respondeu: “Tio João Vicente, estou
com ódio do safado de seu sobrinho, que me prometeu um monte de coisas e agora
desapareceu. Não atende meus telefonemas ou manda dizer que não está em casa”.
Ri bastante e resolvi, juntamente com ela, dar um susto em Lúcio, combinando
uma armação que o deixasse assustado.
Terminei minhas atividades no centro da cidade e retornei para casa, no bairro
Planalto, por volta de dezessete horas. Ao chegar, percebi que o portão da garagem, que
era também de entrada do imóvel, estava trancado, e, quando ia abri-lo, ouvi a voz de
Lúcio me chamando. Olhei na direção da casa da então namorada dele, que
insistentemente pedia que eu fosse até ele. Falei que não iria, pois estava cansado e
entraria logo. Lúcio não se conteve e como um foguete, correu até onde eu estava e
falou: “Tio João Vicente, fulana (prefiro não mencionar o nome da garota) ligou, não
atendi, mas ela disse para Maria (a senhora, secretária do lar, que cuidava da limpeza e
da elaboração da comida na casa) que vem quebrar tudo aqui, inclusive acabar
comigo”.
Segurei as gargalhadas e expliquei para Lúcio: “problema seu, aguente as pontas
agora, pois eu lhe adverti constantemente que ferir os sentimentos de uma garota de
programa é um perigo. Vou para dentro e venha também”. “Não, tio, se eu entrar e ela
me encontrar, vai querer me bater”.
Então, percebendo que Lúcio estava apavorado, contei a verdade, explicando
que tinha combinado tudo com a moça.
Acredito que Lúcio tenha aprendido a lição, pois a vingança de uma dama da
noite quase sempre é significado de confusão.
N.A.: apesar de ter sido aprovado nos testes que realizou no Cruzeiro, Lúcio não foi
contratado porque houve mudança de presidente e a nova diretoria não contratou os
jogadores aprovados por Yustrich, que foi demitido.
19
CRAQUE NA TERRA; CRAQUE NA ETERNIDADE
O falecido Robson Garcia praticava um futebol digno dos melhores craques,
considerados diferenciados.
Morando em Belo Horizonte, sendo cruzeirense e conhecido de Benecy Queiroz,
supervisor de futebol da equipe celeste, resolvi levar Robson para se submeter a testes
nas equipes de base do Cruzeiro.
Na época, os juniores eram treinados pelo também falecido Yustrich,
considerado de linha dura e disciplinador.
Ao se apresentar para seu primeiro treino, Robson foi chamado por Yustrich,
explicando que gostava de atuar como quarto zagueiro. Indagou ao respeitado treinador
como queria que jogasse e recebeu a seguinte resposta (eu ficava sempre na
arquibancada de um dos campos de treinamento da Toca da Raposa, atrás de Yustrich e
ouvia muito bem o que ele dizia a seus jogadores): “está vendo aquele centroavante lá,
que é ligeiro, inteligente e nenhum zagueiro consegue pará-lo?”. Robson olhou para o
atacante, cujo nome era Emílio, e voltou a indagar: “Posso jogar do meu jeito?”
Yustrich aquiesceu e Robson entrou em campo.
No primeiro lance em que Emílio tentou passar por Robson, este o tirou da
jogada usando o ombro direito e Emilio desabou, olhando para seu treinador e
reclamando que havia sido lançado no gramado por um lance faltoso de Robson.
Yustrich levantou-se e gritou: “Isso mesmo, menino, pau nele, que até agora só tinha
encontrado moleza e estava driblando todo mundo. Continue jogando assim, pois é
desse jeito que gosto de zagueiro”. No final do treino, chamou Robson à parte e
determinou que ele voltasse no dia seguinte para treinar novamente.
Robson retornou, continuou agradando ao treinador e logo foi incluído no
plantel cruzeirense. Às vezes, chegava em casa tão cansado, que mal conseguia banhar-
se e comer alguma coisa, pois caía na cama e dormia a sono solto.
Robson entrou no time titular e não saiu mais.
Como Yustrich passou a comandar a equipe principal, João Francisco, um
conceituado técnico, ocupou a sua vaga.
Meses se passaram, tornei-me amigo de João Francisco e um dia recebi uma
ligação telefônica dele, reclamando que Robson estava dando trabalho nos treinamentos.
Como eu sabia que Robson detestava ficar como reserva, disse a João Francisco:
“Xará, o Robson adora um banco. Deixe-o fora em alguns jogos”. João Francisco riu e
afirmou-me que realmente seria uma boa medida punitiva.
O campeonato de juniores estava terminando (faltavam umas quatro rodadas) e
Robson voltava dos treinamentos “bufando”, já que fora retirado do time titular.
A decisão do certame apontou Atlético e Cruzeiro como primeiro e segundo
colocados, com o Galo podendo empatar para ser campeão.
Liguei para João Francisco, que me confidenciou que Robson seria escalado
para o jogo decisivo, mas pediu-me que não permitisse que Robson ficasse sabendo.
20
Momentos antes da partida, João Francisco escalou a equipe cruzeirense, com
Robson como quarto zagueiro.
Cheguei cedo ao estádio e fiquei, como sempre, atrás do banco do Cruzeiro.
Robson parecia um leão dentro do campo e parava os atacantes do Atlético, que
não conseguiam furar o bloqueio que a defesa azul e branca montara.
Porém, o resultado não interessava ao Cruzeiro, que, para conquistar o título,
teria que vencer o jogo.
Terminado o primeiro tempo, Robson saiu de campo com a camisa toda molhada
de suor.
Reiniciada a disputa, o placar teimosamente mostrava um zero a zero
preocupante.
Faltando dez minutos para o encerramento do jogo e com a torcida atleticana
iniciando seus gritos de “é campeão”, o árbitro marcou falta sofrida por Emílio nas
proximidades de um dos lados da grande área.
João Francisco gritou: “Robson, vá cobrar, capriche e faça o gol do título!”.
Robson pegou a bola carinhosamente, ajeitou-a no gramado e chutou-a com a
força que ele demonstrava nas cobranças de faltas. A bola entrou no ângulo esquerdo,
sem nenhuma chance de defesa para o goleiro do Atlético.
Robson saiu pulando e gritando muito, correndo até João Francisco, que o
abraçou e beijou, elogiando-o pelo rendimento durante a partida e pela cobrança que
resultou na conquista do campeonato.
Ao agradecer a seu treinador, pela escalação para o jogo decisivo, João
Francisco virou-se para onde eu estava e falou: “agradeça a seu cunhado João Vicente,
que me sugeriu, para acabar com a sua rebeldia, que o deixasse no banco em alguns
jogos”. Robson riu para mim, fazendo o sinal de positivo. Quando ele e eu saímos do
estádio, Robson, entre agradecido e realizado, abraçou-me, demonstrando toda a sua
emoção.
Robson atuou ainda pelo Uberaba, São José do Rio Preto e foi convocado para a
Seleção Brasileira de Juniores.
Agora, certamente Robson está disputando e ganhando campeonatos por algum
time da Eternidade, com o mesmo talento daqui, pois foi e será sempre um craque do
futebol, e, em especial, do amor que recebeu das pessoas que tiveram o privilégio de
conviver com ele, que, igualmente, amou essas pessoas.
Quero, nesta homenagem póstuma que faço a Robson Garcia, homenagear
também a seus pais, Lino Garcia e Deonila Bortolon Garcia, assim como a seus irmãos,
irmãs e a meu filho, Fabrício Carlo Garcia Rios.
21
VETERINÁRIO SEM DIPLOMA
Meu falecido irmão, Luis Augusto, foi um homem que recebia de seus parentes,
amigos e conhecidos, sentimentos de amizade sincera, não só como cidadão comum,
mas também como veterinário prático.
Luis do Checo, como era mais conhecido, não tinha formação superior, porém
dominava tudo que se relacionasse ao trato com animais.
Conhecia todas as doenças e os medicamentos referentes a bovinos, caprinos,
suínos, muares e quaisquer outras espécies de animais.
Escrevia suas receitas até em papel para embrulhar pães, não se preocupando em
utilizar receituário sofisticado.
Um especialista do setor, de quem fiquei amigo, depois de insistir durante meses
em aprender sozinho o que Luis já sabia, solicitou-me que indagasse de meu irmão
sobre a possibilidade de aprimorar seus conhecimentos práticos, pois a teoria
assimilada na faculdade não estava sendo suficiente para o tratamento e cura dos
animais levados à sua apreciação.
Luis, não só concordou, como se colocou à disposição do veterinário formado,
enfatizando que este poderia acompanhá-lo em suas visitas aos locais onde a
presença dele era solicitada.
Desnecessário explicar que em alguns meses o meu amigo aprendeu tudo que
precisava aprender, recebendo de Luis, além dos ensinamentos desejados,
indicações de clientes que meu irmão atendia.
Certa vez, comparecendo na fazenda de um de seus clientes, para verificar o que
estava acontecendo com uma vaca, Luis, ao examiná-la, afirmou ao dono do animal:
“esta vaca está com câncer no estômago”. O proprietário da vaca riu e contestou o
diagnóstico de Luis, que, sem pestanejar, retrucou, desafiou o incrédulo fazendeiro,
afirmando que se a vaca não estivesse com câncer, pagaria o preço da novilha
(apontou para a novilha) que estava próxima à vaca, porém, se porventura o câncer
existisse no animal, ganharia a novilha. Prontamente, o fazendeiro concordou. Ao
abrir a barriga da vaca, o estômago da mesma estava todo tomado pela doença.
Ainda não acreditando no que acabara de ver, o fazendeiro autorizou Luis a pegar a
novilha que ele, há algum tempo, estava desejando.
Nesta homenagem “post mortem” que presto a meu saudoso irmão Luis
Augusto, homenageio a estimada Zélia, viúva dele, homenageando ainda a Petrina
Lúcia, Lúcio Aurélio, Luis Augusto (Guto) e Lucélia, filhos, extensivamente a todos
os demais familiares, que, tendo conhecido ou não o “Luis do Checo”, ficaram
sabendo que ele foi importante na constituição de uma história que o tempo não
apagou.
22
A MULHER AMADA POR UM HOMEM BRAVO
Maria José Scardini, ou simplesmente Zezé, minha prima, tinha um espírito
alegre e imensa simpatia ao se relacionar com parentes, amigos e conhecidos.
Participava de quase todas as atividades que a rapaziada e a moçada promoviam.
Duas ou três vezes por semana, reunia o pessoal em sua casa para jogar buraco
ou canastra.
Decidida a entregar seu coração a Amado Florindo, deu início ao namoro que
resultou em casamento.
Amado não admitia que alguém se engraçasse com Zezé, pois seu ciúme era
intenso.
Em uma noite, quando a turma estava em frente de sua casa, conversando
animadamente, Amado apareceu nervoso, agitado, demonstrando certo descontrole
emocional, causando espanto nos rapazes e moças presentes, dentre os quais se
encontrava Petito, que, embora tentasse esconder seus sentimentos, nutria interesse
por Zezé.
Amado gritou, riscando uma peixeira na calçada, cujas fagulhas acompanhavam
o movimento do local riscado: “quero ver quem é o macho atrevido que está
querendo paquerar minha namorada”. Petito, de mulato ficou branco e Amado não
se conteve, riscando novamente o cimento e soltando palavrões pesados.
Percebendo que a situação poderia ficar pior, pedi a Amado que se tranquilizasse
porque ninguém queria paquerar Zezé. Convidei-o a sair e ele, que tinha muita
consideração por mim, recolheu a peixeira e me acompanhou.
Zezé não interferiu porque sabia o quanto Amado ficava bravo nos momentos de
descontrole emocional.
Quando retornei com Amado, os rapazes e as moças já haviam se retirado e
então, com os ânimos acalmados, Amado entrou e foi, enfim, namorar.
Hoje, Amado e Zezé não são mais marido e mulher, porém, por terem
constituído uma família juntos, merecem as homenagens que agora lhes dedico,
convicto de que as lembranças do passado jamais poderão ser apagadas da memória
das pessoas queridas.
Homenageio, também, o amigão Petito, que por algum tempo fez parte de meu
viver, por convivência esportiva, e, em especial, por frequentar a casa de Lino
Garcia e Deonila Bortolon Garcia, onde morei ao lado de minha primeira esposa e
de meu filho, Fabrício Carlo.
23
A PESCARIA
Uma das melhores virtudes do “velho Checo” era seu espírito brincalhão,
divertido.
Sempre estava inventando uma atividade diferente para que os filhos pudessem
se divertir.
No período de férias escolares, quando papai e mamãe recebiam as visitas dos
sobrinhos que residiam fora de Iúna, o “velho Checo” gostava de levar todos para
um bom banho de cachoeira ou uma relaxante pescaria.
Estando a turma toda reunida, papai pediu a mamãe que preparasse um caldeirão
de frango assado, arroz, farofa, salada e sucos, pois no dia seguinte, bem cedo, o
pessoal iria pescar.
Realmente, nem bem amanheceu, saímos para a tal pescaria.
Papai nos levou até a antiga usina elétrica, onde, segundo ele, havia peixes em
abundância.
Marcus Antônio, Dulcino, eu, assim como os primos que estavam conosco.
recebemos varas de pescar, por volta de nove da manhã.
Lá pelas dez e meia, papai chamou-nos para almoçar.
Terminado o almoço, o “velho Checo” afirmou: “pessoal, já pescamos bastante e
podemos voltar agora”. Olhamos uns para os outros, não entendendo nada, já que
nenhum peixe havia sido pescado.
Porém, todo o material foi recolhido e retornamos para casa.
Antes de chegarmos, papai passou na casa de um pescador conhecido e comprou
uma boa quantidade de traíras, bagres e acarás, distribuindo os peixes a cada um de
seus filhos e sobrinhos.
Mamãe, acostumada com as brincadeiras de papai, recebeu-nos sorridente,
indagando: “e então, a pescaria foi boa?”. Papai respondeu: “Dalila, os meninos
pescaram os peixes que estão conduzindo”.
Minha saudosa mãe não se conteve e abriu uma gostosa gargalhada, dizendo: “é
claro que todos pescaram e é claro, ainda, que o almoço à beira do rio foi excelente
porque não sobrou nem um grão de arroz ou pedaço de frango”
Mamãe, meus irmãos e eu, ficávamos preocupados quando papai não exibia o
seu sorriso habitual. Se ele ficava enrolando uma de suas sobrancelhas, cada um de
nós sabia que alguma coisa não estava legal. Entretanto, o semblante alegre de papai
não ficava muito tempo triste, tendo em vista que, como ele mesmo explicava,
“tristeza não pagava dívida”.
24
O EMPREENDEDOR CORAJOSO
Todo ideal nasce da vontade de uma ou várias pessoas.
Qualquer sonho, por mais simples que seja, não deve ser menosprezado por
ninguém.
A realização de anseios é direito que se adquire a partir do momento em que o
ideal é materializado e o sonho passa a ser realidade.
O surgimento de uma empresa, seja ela qual for, acontece graças ao espírito
empreendedor de alguém dotado de inteligência e capacidade realizadora.
Quando José Salotto decidiu fundar um jornal em Iúna, teve que enfrentar
diversos obstáculos financeiros e falta de incentivo por parte de quem não acreditava
em sua capacidade empreendedora.
Fosse José Salotto um homem de espírito fraco, teria desistido e abandonado a
fundação de um órgão noticioso que divulgasse as ocorrências de relevância de Iúna
e região.
Contudo, José Salotto, ignorando a ironia e o deboche de uma minoria
acostumada a criticar as ideias voltadas para o crescimento do município iunense,
arregaçou as mangas de sua camisa e deu início à publicação do periódico cujo
nome demonstrava estar compatível com a dinâmica jornalística.
Cada nova edição de A Notícia provocava reações positivas nas pessoas que
acreditavam no sucesso do empreendimento e diminuía o descrédito daqueles que
não confiavam que tal sucesso seria obtido.
Ainda enfrentando dificuldades para colocar nas ruas o jornal que ia se
transformando em excelente ferramenta de divulgação dos acontecimentos
importantes de Iúna e municípios vizinhos, José Salotto, pessoalmente ou através de
um de seus poucos colaboradores, entregava os jornais de porta em porta, sem
nenhuma recompensa financeira.
O tempo passou, e, em virtude do meritório crescimento do jornal, José Salotto
foi modernizando máquinas e equipamentos indispensáveis à impressão de A
Notícia do Caparaó, a nova denominação do órgão noticioso que já era procurado e
lido por centenas, milhares de iunenses e habitantes de outras cidades capixabas e
mineiras.
Hodiernamente, A Notícia do Caparaó é um jornal de suma importância para
assinantes e os que compram suas edições avulsas
O empreendedor corajoso conseguiu a vitória que no passado quis.
O empreendedor corajoso, juntamente com sua ex-esposa e seus funcionários,
aprimorou a qualidade editorial do jornal, tornando-o visualmente mais bonito e
funcionalmente comparável aos jornais de médio porte.
O empreendedor corajoso, sensível, obstinado e otimista, possui agora uma
respeitável empresa jornalística que enche de orgulho o valoroso povo iunense.
O empreendedor corajoso não só me encheu de orgulho, como também me
incluiu no rol das pessoas, que, desde o começo das publicações do jornal,
25
acreditaram que o êxito do empreendimento surgiria, pois José Salotto nunca
esmoreceu, perdeu o ânimo ou se abateu com as críticas dos incrédulos.
26
BOM DE BOLA, BOM DE BOTINADA
Amado foi um dos componentes do plantel do Rio Pardo Futebol Clube que, sob
o meu comando técnico, ficou catorze partidas invicto.
No Campeonato Sulino de 1972, a equipe rio-pardense ocupava o primeiro lugar
na tabela de classificação, e, faltando poucas rodadas para o término do certame,
recebeu a equipe do Estrela, de Cachoeiro de Itapemirim, no Estádio “Antônio Osório
Pereira”.
A defesa do alvirrubro de Iúna não atuava bem e o centroavante estrelense,
Kiko, driblador de primeira, deitava e rolava, promovendo uma bagunça para cima dos
zagueiros do time iunense.
O placar apontava 1 a 0 para o Estrela, já no segundo tempo.
Ao ser driblado mais uma vez por Kiko, Amado olhou para mim, abriu os
braços, como se estivesse me perguntando o que deveria fazer para impedir que o arisco
centroavante continuasse passando por ele. Aí, gritei para Amado: “onde está a sua
valentia?”. “pare esse cara, Amado!”.
Amado balançou a cabeça afirmativamente e na primeira tentativa de Kiko em
driblá-lo novamente, atingiu a “canela” do competente atacante estrelense, que,
gemendo de dor, teve que sair de campo na maca e não retornou mais, sendo substituído
por outro jogados, que, claro, não chegava nem perto de Amado.
Como o ataque do Estrela, sem Kiko, não se mostrava mais eficiente,
tranquilizei os jogadores do Rio Pardo, que conseguiu empatar e quase no final virar o
jogo, cujo resultado final foi 2 a 1.
Terminada a partida, no vestiário cumprimentei a todos e adverti Amado pela
dureza do lance que acabou tirando de campo o melhor jogador estrelense. Amado abriu
um largo sorriso e disse-me: “você me falou que era para parar o Kiko e eu parei, não
parei?”. Fiquei em silêncio e sai do vestiário.
Amado usou a chamada força excessiva, porém, essa força anulou o Estrela e
ocasionou a virada do Rio Pardo, que acabou conquistando o título de campeão,
empatando em 0 a 0 com o Cachoeiro.
27
O SORTEIO DO ÁRBITRO
Pertencendo ao quadro de árbitros da Liga Desportiva de Cachoeiro de
Itapemirim, fui escolhido, juntamente com mais dois árbitros, para a escolha de quem
iria dirigir os jogos entre Cachoeiro, da cidade do mesmo nome e Ordem e Progresso,
de Bom Jesus do Norte.
No primeiro jogo, realizado em Bom Jesus, o sorteado fui eu e o Ordem e
Progresso obteve a vitória por 1 a 0.
No segundo, novamente fui sorteado. Estranhei, mas não questionei ninguém
sobre minha “sorte” repentina. O jogo aconteceu no estádio do Cachoeiro, que venceu
também por 1 a 0.
Como cada time venceu e havendo empate em pontos e gols, sem nenhuma
vantagem para um ou outro, foi necessária a realização do terceiro jogo, em campo
neutro e a cidade indicada pela Liga foi Rio Novo do Sul.
Ao retirar a bolinha onde deveriam estar escritos o meu nome e dos outros dois
árbitros, o saudoso Mário Monteiro, então presidente da LDCI, acompanhado dos
dirigentes de Cachoeiro e Ordem e Progresso, anunciou que eu dirigiria também a
partida decisiva. Discretamente, chamei o Sr. Mário Monteiro e perguntei: “presidente,
nunca fui tão sortudo em sorteios e acredito que o senhor possa me explicar o que houve
nos sorteios anteriores e neste de agora”. O sisudo Mário Monteiro abraçou-me, riu e
afirmou: “João Vicente, os dois presidentes me solicitaram que escrevesse nas três
bolinhas dos sorteios apenas o seu nome, em reconhecimento à sua eleição como
melhor árbitro do campeonato”.
Apitei a decisão, vencida pelo Ordem e Progresso (na época um timaço) por 2 a
0.
Como houve um jogo festivo entre o campeão e uma seleção dos demais times
que disputaram a competição, pedi ao Sr. Mário Monteiro que permitisse que um dos
dois árbitros que nos jogos anteriores atuaram como meus assistentes, dirigisse a
partida.
Até hoje guardo a minha carteira de árbitro da Liga Desportiva de Cachoeiro de
Itapemirim.
28
Parte II – Poesias Que Me Encantam
Escrever poesias é um dom de quem possui talento e sensibilidade,
indispensáveis ao desenvolvimento de temas resultantes da vontade idealizadora do
autor de uma obra literária.
Quis, ao mesclar contos com poesias, abrir meu coração para que todas as
pessoas que respeito e admiro possam se sentir homenageadas.
Aproveito o ensejo para pedir desculpas a quem não foi incluído neste livro, pois
é complexa a citação de todos os nomes de homens e mulheres que fizeram, fazem e
farão parte de minha vida.
Muitas poesias deverão, ainda que não contenham os nomes identificadores, ser
reconhecidas, assim como os contos, já que os apelidos não impedirão aos
homenageados e às homenageadas, terem certeza de que escrevi para eles e para elas.
Assim, “Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, será mais uma
demonstração do imenso apreço que nutro pelas pessoas que, direta ou indiretamente,
estiveram comigo em meus momentos alegres e tristes, felizes e infelizes, enfim, de
meus êxitos e fracassos.
29
BANANAS DO RACISMO
Normalmente, joga-se banana para macaco
que é apreciador da fruta
e isso faz parte de sua alimentação
para amenizar excesso de força bruta.
Porém, de algum tempo para cá
racistas tresloucados têm atirado banana nos gramados europeus
com o objetivo de ofenderem brasileiros que estão lá
brasileiros negros, conterrâneos seus e meus.
Brasileiros negros que são artistas da bola
que de seus pés para o sucesso rola
defendendo ou atacando para conquistarem a vitória
que engrandecem suas histórias.
Todo racista acredita que é um ser superior
porque sua pele é branca
porém não se lembra de que sua mente é inferior
e sua dignidade não é franca.
Não se lembra, ainda, que seu sangue é vermelho como do negro
que faz uso de vaso sanitário que também é usado pelo negro
e que o negro foi escravo da opressão em muitos países
onde ele já fincara suas primeiras raízes.
Não se lembra, enfim de que a saúde do negro é boa
mesmo quando trabalha debaixo de sol forte
não se permitindo fica à toa
enquanto o branco, doente, lamenta sua sina, sua sorte.
Bananas do racismo
lançadas para que o negro se sinta pequeno
imaginando ser o senhor da verdade, da razão
quando impõe ao negro sua destruidora opressão.
Bananas enganosas
bananas que contém desrespeito
bananas venenosas
de quem tem preconceito no peito.
30
QUEM TEM MEDO DA MORTE?
Muita gente sente arrepios ao ouvir a palavra morte
sentindo calafrios percorrendo o corpo
demonstrando medo forte
que anuncia falta de sorte.
Porém, há quem não tem medo de morrer
afirmando que a morte faz parte do viver
e que, na verdade, a morte é início de outra vida
que certamente será menos sofrida.
Algumas pessoas mencionam espíritos
outras falam sobre almas
explicando que existe vida após a morte
onde se encontra imensa calma.
Então, morrer não é o fim
quando se sabe que todos retornam para cá
e se há crença em você, em mim
tudo é mais encantador do lado de lá.
Não ter medo da morte é virtude
de quem quer viver em paz
praticando o bem sem olhar a quem
que o bem sabe praticar também.
Pior, muito pior que ter medo de morrer
é matar os sonhos de quem se ama
não permitindo que um futuro possa escolher
ou apagar a chama da esperança que por amor se inflama.
Enfim, ninguém consegue de seu desígnio fugir
porque Deus sabe o que é melhor para seus filhos
e somente Ele sabe qual é a hora certa
para decidir se alguém encontrará a porta do Paraíso fechada ou aberta.
31
JOÃO XXIII, OU SANTO ÂNGELO
João XXIII, nascido Ângelo Giuseppe Roncalli
o Papa Bom, até que enfim foi declarado santo
sendo agora reconhecido em todo o mundo
para continuar distribuindo amor profundo.
O catolicismo começou a mudar no papado de João XXIII
pelas transformações realizadas por ele no Vaticano
pelos métodos revolucionários que fez
e pelas tramoias sigilosas que desfez.
Sua determinação resultou na divulgação de tudo que estava escondido
guardado durante muito tempo nos arquivos até então inatingíveis
que os controladores da Santa Sé trancavam a sete chaves
antes, durante e após os conclaves.
Acreditavam esses controladores que João XXIII seria um Papa como os outros
que se preocuparia apenas em aumentar a confiança do povo
acostumado a ver um Papa sem vontade própria
e que não criava nada de novo.
Entretanto, João XXIII surpreendeu quem imaginou que ele fosse cordato
que cumprisse apenas seus compromissos como Pontífice
pois passou a divulgar, inclusive, o montante dos tesouros
compostos de quadros valiosos, prata, e muito, muito ouro.
Então, começaram as intrigas dos aproveitadores que ocupavam cargos importantes
tentando impedir que o Santo Sacerdote continuasse realizando ações marcantes
que certamente mostrariam as falcatruas de vários anos
encobertas por gente que cometia enganos por debaixo de imundos panos.
Oito foram as encíclicas escritas pelo Papa Bom
e as principais receberam os nomes de Mater et Magistra e Pacem in Terris
pelas quais demonstrou a força de sua personalidade forte
calada com a ocorrência de sua estranha morte.
Sua voz se calou
o sentimento de amor pelo povo abalou
deixando a certeza de que outro Papa seria eleito
para continuar o que ele não havia feito.
32
VIVER DE ILUSÃO
Vivia de ilusão
não ouvia a voz da razão
acreditando que pudesse fazer o que quisesse
sem se importar com o que alguém alguma coisa fizesse.
Julgava-se superior a tudo
elogiava sua própria imagem
fantasiando um mundo que somente em sua mente existia
sem conseguir esconder a insignificância de sua vida vazia.
Se havia alguma em emoção em seu coração
essa emoção era fria, insensível
sem o calor que faz a face robustecer
e o melhor anseio rapidamente aparecer.
Não tinha ninguém para amar
que pudesse pelo nome chamar
ou ter a felicidade de ser amado
para ter o seu nome chamado.
Os anos foram passando e a velhice chegando ligeira
tornando brancos os poucos fios de cabelo que ainda tinha
e a ilusão, que fora sua constante companheira
agora era uma alegria passageira.
Sua arrogância foi substituída por um estranho sentimento
incompreensível para quem sempre quis ser forte
inaceitável para quem impunha seus argumentos
acreditando que sua força só acabasse com a chegada da morte.
Assim, isolado no mundo que criara para robustecer sua ilusão
distante das pessoas que outrora maltratara
o homem percebeu, enfim, que arruinara a nobreza de viver
por jamais ter valorizado o seu bem-querer.
Sem motivação para mudar sua maneira de agir
deixou-se levar pelas asas da imaginação
contudo, combalido, sem forças para reagir
sentiu, pela primeira vez, a emoção entrar em seu coração.
33
Chorando, deitou-se em sua cama
fechou os olhos e pediu proteção a Deus
querendo receber Dele muita paz naquele momento
para que pudesse, sem ilusão, acabar com seu tormento.
De repente, entre assustado e feliz
viu-se rodeado por seres sorridentes
e toda a felicidade que sua ilusão não quis
penetrou em sua alma iluminada por uma chama ardente.
Levado para a Vida Eterna, onde não há ilusão
o homem iria conhecer a verdade que deve existir em cada coração
iria, ainda, arrepender-se de seus enganos
porque na Eternidade ninguém se preocupa com a contagem de anos.
34
SENHORA DAS ALEGRIAS
Do alto de uma montanha
Onde foi construído um santuário importante
É encontrada a Senhora das Alegrias
A padroeira do povo de fé marcante.
Em seu manto esse povo tem proteção
Oferecida ao pulsar de cada coração
Na procura constante de um viver feliz
Que todo anseio um dia quis.
Senhora das Alegrias, mãe carinhosa
Que acolhe o clamor de seus filhos queridos
Senhora das Alegrias, mãe dadivosa
Bálsamo que cura os males sofridos.
De suas mãos emana belíssima luz
Que a todos os caminhos do bem conduz
Para a afirmação da verdade
E o enaltecimento da fraternidade.
Senhora das Alegrias, desígnio santo
Companheira inseparável de quem busca amor
Voz suave que entoa singelo canto
Sublimação comparada ao surgimento de uma flor.
Senhora da Alegrias, Senhora da Penha
Que abençoa o Espírito Santo
Religiosidade festejada a cada ano
Com profundo respeito e imenso encanto.
35
AMIGA AQUI, AMIGA LÁ
Ela sofreu bastante
Chorou mais que sorriu
Não tinha sossego um só instante
E a angústia seu coração feriu.
Seu olhar era tristonho
Seu desencanto bisonho
E até mesmo dormindo não tinha paz
Pois seus sonhos não eram bons jamais.
Um dia, conheci a mulher que sofria
Quando fui com minha esposa me divertir
E o sofrimento que nela havia
Demonstrava que em seu viver não existia alegria.
A mulher, então, abriu seu coração
Contando suas amarguras, com emoção
E eu e minha esposa ouvimos seus lamentos
Compreendendo a razão de seus tormentos.
Os anos se passaram depressa
A amizade com a mulher ficou forte
Que já demonstrava estar feliz, alegre
Ao perceber que havia mudança em sua sorte.
A mulher casou-se e foi embora
Para morar na cidade chamada Turim
E a saudade dela, agora
Invadiu o coração de minha esposa e se apossou de mim.
De seu ventre nasceram duas crianças
Que lhe devolveram a confiança, a esperança
Porém, a mulher não se mostrava completamente feliz
E a vida que tinha não era o que ela quis.
36
EM NOME DO PAI, DO FILHO E ... DE MINAS GERAIS
Quando Minas e Espírito Santo disputavam posse de terras
Localizadas na divisa dos dois estados conflitantes
Na grande extensão de planícies e serras
De caminhos longos, distantes.
Nenhum sacerdote permanecia muito tempo em Mantena
Pois era sumariamente assassinado
Sem que alguém pudesse explicar a razão
De tanta fúria que fazia calar o coração.
Então, indignado com a situação
O arcebispo de Belo Horizonte resolveu enviar para lá um padre espertalhão
Acreditando que o mesmo fosse morto
Já que era um religioso de procedimento torto.
Passaram-se dois, três meses
E o padre continuava vivo
Surpreendendo a todos que viram padres mortos em outras vezes
E agora o espertalhão estava lá, ativo.
Após seis meses, o arcebispo viajou para a cidade mineira
Lá encontrando o sacerdote sorridente, feliz, cheio de vida
Que, beijando a mão de seu superior
Afirmou que nunca teve em seu corpo qualquer ferida.
O incrédulo arcebispo , então, indagou ao padre:
“Afinal, por que o senhor ainda não morreu?”
E o padre, sempre rindo, respondeu:
“Eminência, os meus antecessores foram culpados por tudo que ocorreu”.
Quando os padres davam suas bênçãos
Erguendo ao céu as mãos
Diziam: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
E aí era tiro para todos os cantos.
Já eu, ao abençoar o povo, falo
Em nome do Pai, do Filho e de Minas Gerais
Até agora continuo falando, não me calo
E por isso os mineiros não me atacam jamais.
37
OS CHIFRES DO ZÉ
Zé estava desconfiado que sua mulher o traía
E por sua desconfiança muito sofria
Dizendo a todos que iria se matar
Porque em sua cabeça chifre ninguém iria plantar.
Então, em determinado dia
Alguém foi correndo chamar a mulher do Zé
Que estava no terraço de um prédio ameaçando de lá pular
E a todo momento mostrava os pés, que, para pular, iria usar.
A multidão rezava e pedia ao Zé para dali sair
E ele, irredutível, repetia que iria de propósito cair
Chorando copiosamente e coçando a testa
Enquanto alguns achavam aquilo uma festa.
Até o padre da cidade foi chamado
Para convencer o Zé a desistir de sua vontade louca
E o sacerdote, um homem intelectualmente preparado
Por causa do barulho, não conseguia abrir a boca.
Finalmente, chegando ao local, a mulher do Zé gritou:
“Zé, seu burro, desça daí, senão você vai morrer, “panaca”
O que coloquei em sua cabeça foram chifres
E não asas, “babaca”.
38
UM NOVO DIA; UMA NOVA EMOÇÃO
Acordou
Seu sono acabou
Não tinha dormido direito
Porque muita maldade tinha feito.
Levantou-se
Ligou o chuveiro
Espantou-se
Alguém entrou no banheiro, ligeiro.
Molhou-se
Deixando a água cair forte
Virou-se
percebendo mudança em sua sorte.
Saiu do banheiro
Puxando a mulher que estava ao seu lado
Vestiu o roupão
Sentindo o pulsar de seu coração.
Olhou nos olhos da mulher
Sem esconder o seu desejo
E percebendo o desejo dela
Entregou-se a abraços e beijos.
Tirou o roupão
Deitou-se na cama
Trêmulo de emoção
E pelo carinho da mulher que o chama.
Tirou, também, as roupas da mulher
Que, nua, beijou-o mais uma vez
Encantando-se com a magia que havia
No quarto onde antes não existia nenhuma alegria.
Depois, dormiu
Acariciado pela mulher que ama
E seu sono agora era intenso
Embalado pelo amor que recebia, imenso.
39
“VIUOLINO” ?
Ele chegou a Iúna há vários anos
Trouxe consigo a alegria de um homem sorridente
Na esperança de melhorar sua vida
Que até então fora difícil, sofrida.
No começo, veio sozinho
Deixando em Castelo esposa e filhos
À espera, também, da realização de seus anseios
Que pudessem acabar com indesejáveis devaneios.
Abriu uma loja que não prosperou
Mas, pacientemente, por outra chance esperou
Para concretizar seu sonho de progredir
Pois não queria fracassar, regredir.
Sempre sorrindo, perguntava:
“Viu o lino”, preto ou branco?
E seu jeitão amigável a todos agradava
Na manifestação de seu sorriso, aberto, franco.
Até mesmo o bar que teve recebeu denominação diferente
Conhecido como “Os Dez Ordeiros”
Que, apesar de sugerir desordem, confusão
Não causava nenhuma atribulação.
Ingressou na política, participando da fundação do MDB
Que mais tarde passou a ser PMDB
E nele Lino permaneceu filiado, por amor
Ouvindo do povo todo o clamor.
Elegeu-se prefeito por duas vezes
Procurando fazer Iúna crescer
Ciente de que sua população merecia e merece o melhor
No surgimento de cada alvorecer.
40
UM POETA TALENTOSO
Ele nasceu pobre
Com sentimento nobre
Dotado de talento forte
Que enriqueceu a sua sorte.
Cresceu e muito aprendeu
Esforçando-se para ser alguém
Cultura geral conheceu
Sem perder a simplicidade que tinha e tem.
Escolheu a poesia para expandir seus conhecimentos
Escrevendo com a tinta rubra do coração
Mostrando um estilo diferente
Extraído da força da emoção.
Participou do livro de poesias que escrevi
Honrando-me com talento que sai de seu peito
Onde pulsa um coração amigo, dileto
Que pela fraternidade está sempre por perto.
Gilberto Pagani de Freitas é o seu nome
Ou simplesmente, Bill, como é chamado
Um poeta sensível, talentoso
Um escritor cujo valor é por todos proclamado.
João Vicente de Castro Rios
41
OLHOS BRILHANTES
Olhos que brilham como cristal
Confesso que nunca vi brilho igual
Em uma face magnificamente bela
Porém, meiga, suave, singela.
Olhos que me sensibilizam
Dando-me felicidade e alegria
Conduzindo-me a caminhos da fantasia
Pela magia que neles eu via.
Olhos que choram quando sofrem
Pelas desventuras sofridas por alguém
Quando se depara com a maldade humana
Que um coração sem emoção tem.
Olhos que se emocionam com o sorriso de uma criança
Ainda pequenina para nos adultos ter confiança
Pois em seu mundo de sonhos
Não há lugar para acontecimentos bisonhos.
Olhos que se expressam sem usar palavras
Porque, às vezes, um olhar fala tudo que se quer falar
E que por instantes a voz não consegue reproduzir
Graças, até, à timidez que faz essa voz calar.
Olhos que procuram enxergar o futuro
Procurando sempre o verdadeiro amor
Para aumentar o pulsar dos corações
Que não podem ser paralisados pela dor.
Olhos brilhantes, de transparência constante
Desvendando segredos de quem almeja felicidade
Unindo pessoas a todo instante
Que buscam a paz, a harmonia e a fraternidade.
42
DIA NACIONAL DA CERVEJA
Sexta-feira é dia de alegria
Um convite para festa
De gente que procura fantasia
Que no anseio do desejo se escondia.
Sexta-feira tem balada na noite
Tem, também, muita bebida
Consumida para relaxar
E uma paquera encontrar.
Sexta-feira é dia de amar
Para novas emoções proclamar
Na explosão de novo sentimento
Que marca o melhor momento.
Sexta-feira faz pulsar o coração
No encontro de quem é amigo
No aperto sincero de cada mão
Que acontece com você e comigo.
Sexta-feira tem encantamento
Enaltecimento de relacionamento
Que já existia antes
Em épocas mais distantes.
Sexta-feira é, também, dia nacional da cerveja
Que é chamada de “loirinha gelada”
Consumida pela maioria, com certeza
Servida quase congelada.
Sexta-feira, um dia diferente
De frenesi e excitação ardentes
De beijar muito na boca
Para satisfazer ânsia louca.
43
UM NOVO DIA
Acordou
Seu sono acabou
Não tinha dormido direito
Porque muita maldade tinha feito.
Levantou-se
Abriu o chuveiro
Espantou-se
Alguém entrou no banheiro ligeiro.
Molhou-se
Deixando a água cair forte
Virou-se
Percebendo mudança em sua sorte.
Saiu do banheiro
Puxando a mulher que estava ao seu lado
Vestiu o roupão
Sentindo o pulsar de seu coração.
Olhou nos olhos da mulher
Sem esconder o seu desejo
E percebendo o desejo dela
Cobriu-a de abraços e beijos.
Tirou o roupão
Deitou-se na cama
Trêmulo de emoção
Pelo carinho da mulher que o chama.
Tirou, também, as roupas da mulher
Que, nua, beijou-o mais uma vez
Percebendo a magia que havia
No quarto onde antes não existia alegria.
Depois, dormiu
Acariciado pela mulher que ama
E seu sono agora era intenso
Embalado por amor imenso.
44
LUCINHA, AMIGA DE ONTEM, DE HOJE, DE SEMPRE
Não sou dono do coração dela
Não fico com ela todos os dias
Mas tenho a amizade que há nela
Para enaltecer a minha alegria.
Essa amizade não é privilégio meu
Porque ela é amiga também de minha mulher
Que muita admiração a Lucinha ofereceu
No entendimento fraterno que cada uma quer.
Lucinha enfrentou dificuldades
Aceitando as provações da vida
Pois jamais se abateu pela infelicidade
Mesmo quando suas dores eram sofridas.
Seu otimismo é marcante, constante
Mostrado pelo sorriso em seu semblante
Iluminado pela proteção que vem do Criador
Na distribuição de amor.
Minha mulher e eu guardamos Lucinha em nossos corações
Incluindo-a nos pedidos de orações
Para que continue a ser nossa amiga de todas as horas
Como sempre foi e é agora.
E, se a amizade é verdadeira
pode durar a vida inteira
permanecendo forte durante anos
ainda que ocorram alguns enganos.
45
LEALDADE, ONDE ESTÁ VOCÊ?
Quem se une a alguém usa a força que o amor tem
quer dar felicidade para ser feliz
abre seu coração, deixando fluir sua emoção
até em um simples toque de mão.
Quem se une a alguém deve ser leal
respeitando para ser respeitado
pois quando esse alguém exige respeito igual
não deseja nunca que seus sentimentos sejam rejeitados.
Quem se une a alguém não pode ser possessivo
agindo maldosamente como animal agressivo
que ataca sem saber o que é atacar
e seu ataque ocorre para o amor matar.
Quem se une a alguém sem amor no coração
é um ser insensível, sem nenhuma emoção
desprovido de qualquer sensação
ou da preciosidade de uma devoção.
Lealdade, onde está você?
Por que foge e se deixa levar pela traição
que tanto mal causa a alguém
que é leal e imenso amor no coração tem.
Lealdade, ah, lealdade
não seja dominada pela falsidade
volte a ser o que era antes
quando a sua grandeza era importante.
46
SOLIDÃO SEM FIM
Estou só
tristemente só
isolado em mim mesmo, chorando
e ajuda divina implorando.
Meu coração pulsa mais forte
marcando o ritmo de minha triste sorte
sabendo que ninguém virá me socorrer
aumentando meu sofrimento, que me faz querer até morrer.
Minhas lembranças me conduzem ao passado
trazendo imagens que estavam esquecidas
imagens essas da mulher que amei
que me fez feliz na convivência que aclamei.
Não consigo dominar minhas emoções
que na verdade são sofridas recordações
por todo o mal que causei à mulher amada
que por mim não era mais aclamada.
Dizem que arrependimento chega tarde
e não adianta o arrependido promover alarde
pois assim como a pedra lançada no pode retornar
a palavra ofensiva não tem como se apagar.
Estou só
perdido em meus devaneios
derramando lágrimas inúteis
que maculam meus anseios.
Estou só
definitivamente só
sem esperança de ser novamente feliz
porque meu próprio infortúnio eu quis.
47
VIOLÊNCIA REVOLTANTE
Violência em toda parte
amedrontando pessoas de bem
ceifando vidas valiosas
mortas por bala que de arma terrível vem.
Furtos, roubos, assassinatos que antes pouco havia
Tráfico de drogas, prostituição, pedofilia
Violência brutal que ocorre à luz do dia
que no passado não ocorria.
Cidades pequenas, cidades grandes
Ruas sem movimento, ruas com movimento
Cidadãos sem armas, bandidos com armas
Opressão criminosa;. Terrível carma.
Comerciantes assaltados
desanimados, revoltados
não suportando mais tanta agressão
de quem os ameaça com revólver na mão.
Residências invadidas
crianças e adultos agredidos
bens materiais dilapidados
corpos violentados, feridos.
Gente inocente e adolescentes sofrendo opressão
molestados por estranhos e parentes
seduzidos por argumentos mentirosos
recompensados por dinheiro e presentes.
Mulheres apanhando
amparo procurando
querendo não sofrerem mais
pela infelicidade que a violência faz.
48
Autoridades omissas
ignorando o medo da população
preferindo repetir ações de outrora
que não resolviam a perigosa situação.
Recorrer ao Criador
a expressão máxima do amor
para acabar com a sina violenta
de pessoas sem amor que ninguém agora aguenta.
49
AMORES DE OUTRORA; AMOR DE AGORA
Fui jovem
minha primeira namorada foi meu primeiro amor
que fez pulsar forte meu coração
na expressão maravilhosa de minha emoção.
Esse amor, o maior de minha juventude
que me motivou a ter fantasias e desejos
manteve acesa a chama do calor
que surgia quando eu recebia abraços e beijos.
Amei e fui amado
chamei por ela e por ela fui chamado
dei e recebi felicidade intensa, constante
alegrando nossos inesquecíveis instantes.
Porém, ela teve que acompanhar seus pais
mudando para outra cidade
deixando-me intranquilo, sem paz
e com o sentimento de grande saudade.
O tempo passou
nosso amor acabou
ela outro amor encontrou
e outro amor em meu viver entrou.
Casei-me
por muitos anos fui feliz
com outro homem ela se casou
meu futuro ao lado de outra mulher fiz.
De minha unão nasceu um menino
que durante dez anos esteve comigo
recebendo amor, conforto e proteção
como meu filho e amigo.
Separei-me
vivendo um ano sem amar ninguém
curando as feridas abertas em meu coração
até que pudesse encontrar alguém.
50
Encontrei esse alguém
com quem vivi por dez anos
esforçando-me para amar de novo
embora o relacionamento tenha sido um triste engano.
Separei-me mais uma vez
atormentado pela infelicidade que ocorreu
pois o que a mulher comigo fez
silenciou o sentimento que em mim morreu.
Imaginei que não queria mais amar
ainda que alguma mulher ficasse a me chamar
porque não desejava repetir os erros de antes
que já pareciam tão distantes.
Soltei o meu animal sexual
querendo apenas prazer carnal
sem me importar com o pulsar de meu coração
ou com a manifestação de minha emoção.
Contudo, Deus decidiu o contrário
colocando em meu caminho uma mulher maravilhosa
que também não pretendia amar novamente
mas se rendeu ao amor completamente.
Passaram-se dezessete anos
a mulher negra, maravilhosa, continua comigo
não existem desilusões, enganos
hoje sou seu marido, amante e amigo.
Os amores de outrora foram importantes
entretanto, transformaram-se em lembranças distantes
que ficaram guardadas no tempo que passou
e que esses amores calou.
O amor de agora é forte
certamente só acabará com minha morte
mas, até que Deus me leve para a Eternidade
pedirei a Ele que mantenha a minha felicidade.
Quero que Sônia Maria seja feliz
pois sei que ela é a mulher de minha vida
que verdadeiramente eu sempre quis
para ser chamada todos os dias de querida.
51
AMIGO/IRMÃO
Tenho um amigo que considero como irmão
que jamais me causou decepção
ao longo de anos de sincera amizade
enraizada pela plenitude da fraternidade.
Esse amigo está sempre comigo
agindo como deve agir todo amigo
ouvindo meus desabafos
abrindo-me seus braços para dar e receber abraços.
Ele também me fala de seus tormentos
que entristecem seus momentos
confiando em minha experiência de vida
que no passado foi sofrida.
Nunca duvidei de sua lealdade
demonstrada em um simples afago de mãos
na entrega mútua de sentimentos iguais
que a verdadeira amizade faz.
Amigo/irmão ou irmão/amigo
não importa o significado da expressão
porque o importante e ser amigo de verdade
para transformar a amizade em fraternidade.
Leandro é o seu nome
que chamo carinhosamente de Lê
apelido pequeno de um grande homem, que prezo bastante
pois como seu amigo ele me vê.
E nessa homenagem de amizade
deixo sair de meu coração, do peito
sentimento forte, com sinceridade
que dedico ao amigo/irmão, com imenso respeito.
52
MARIANA, UM DOCE DE MULHER
Um doce de mulher
de sorriso franco, aberto, singelo
simpatia que se quer
alegria que se vê em seu rosto belo.
Mulher de pés no chão
sabendo por onde caminha
ciente de que possui muita sorte
porque sua mente é forte.
Corpo esguio, provocante
olhar penetrante, excitante
aguçando anseios, desejos
saciados por abraços e beijos.
Mulher que é menina
frágil, meiga, pequenina
quando brinca como criança
esbanjando confiança.
Fala mansa, delicada
que provoca encantamento
personalidade carismática, diferente
de quem dos amigos nunca está ausente.
Mariana, um doce de mulher
fonte de felicidade que seu companheiro dá e quer
que pelo seu amor clama
porque com muita força a ama.
E, no futuro, quando quiser se lembrar deste pequeno poeta
que se considera tio dessa mulher de imenso valor
Mariana poderá ler o que foi escrito em sua homenagem
para se convencer de que quem a ama não se esquece de sua imagem.
53
COR QUE ME ENCANTOU
No passado, ela me olhava diferente
seu olhar era provocante
deixando-me sem jeito, sem reação
e eu sentia enorme emoção.
Quando passava por mim, tocava em minha mão
colocando-a sobre seu coração
para que eu sentisse sua pulsação
e a sua incontrolável e trêmula sensação.
Eu podia perceber o tremor de seu corpo
aquecido pela ânsia que ela não escondia
sussurrando palavras que eram convites
à realização de desejos que nela havia.
Não ganhei dela nenhum beijo
embora em sua boca se percebesse desejo
ardente, premente, inconsequente
volúpia extasiante, quente.
Quis, ah, como quis
dizer para ela que eu a desejava
para ser feliz
e realizar os sonhos que almejava.
Mas, eu tinha ao meu lado outra mulher
e não podia expressar meus sentimentos
falando das fantasias que me excitavam dia a dia
na idealização de momentos de alegria.
Hoje, ela tem um companheiro
eu tenho uma mulher da qual sou parceiro
e como sei que o que passou, passou
resta-me recordar da cor dela, que me encantou.
54
O PÁSSARO FUJÃO
Estou no céu
ao leu
livre como pássaro que fugiu da prisão
de quem o pegara por diversão.
Estou no céu colorido
imenso, misterioso, fascinante
como um jardim florido
de beleza deslumbrante.
Estou no céu colorido, encantado
de magia sem fim
pelo poeta sempre comentado
ou pela emoção que há em mim.
Estou no céu colorido, encantado, provocante
que brilha no fulgor de estrelas mil
iluminado pela luz que sumiu
por ciúme que de outra luz sentiu.
Estou no céu onde surge a lua
flagrando amantes na rua
trocando juras de amor
entre beijos de intenso ardor.
Estou no céu, ouvindo o pulsar de meu coração
querendo até voar
como se fosse o pássaro fujão
que não mais se deixa aprisionar.
Então, assim como o pássaro fujão que ganhou sua liberdade
quero, também, imaginar que sou um pássaro voando livremente
para encontrar a felicidade
que procuro constantemente.
55
SOU FELIZ
Sou feliz
encontrei o que sempre quis
realizando o sonho de outrora
transformado em felicidade agora.
Tenho você comigo
não mais como um amigo
porque é mulher e seu amor declarou
e meu coração alegrou.
Eu já sabia que a amava
antes mesmo de com você sonhar
silenciosamente, seu nome chamava
e suas virtudes aclamava.
Quando você me via
de emoção eu tremia
esperando ouvir sua voz
para amenizar a ansiedade que era uma angústia atroz.
Sou feliz, finalmente
conquistei o amor que não conseguia conquistar antes
e, sabendo que lhe darei felicidade
continuarei feloiz hoje, amanhã, a todo instante.
No decorrer dos anos
você e eu continuaremos a ser felizes
sem receio de cometermos enganos
pois nossa história será pintada com belos matizes.
56
DOENÇA DE AMOR
Estou doente
doente de amor
querendo evitar qualquer remédio
pois amando não sinto nem mesmo tédio.
Meu remédio tem uma fórmula perfeita
que não pode ser apagada, desfeita
porque nela há muitos desejos
realizados com abraços e beijos.
Não quero que minha doença acabe
pois sofro por amar demais
pretendendo que mais sofrimento sobre mim desabe
para que minha felicidade não termine jamais.
Não quero, também, que você se cure
porque sua doença sou eu
e basta que me procure
para aumentar o amor que um dia em você nasceu.
Quem tem a doença que você e eu temos
certamente será imensamente feliz
dando e recebendo amor sem fim
igual ao que existe em você e em mim.
Doença de amor
cujo sintoma surge de repente
do gesto simples de ganhar uma flor
que se transforma em tesouro, por ser o símbolo do amor.
57
O ITALIANO
Ele veio de Turim
acompanhado da mulher que ama
para conhecer o Brasil
e sua gente varonil.
Trouxe muita simpatia e alegria
sorrindo por não falar o português direito
porém, o que ele realmente queria
era demonstrar a amizade que havia em seu peito.
Permaneceu aqui durante alguns dias
registrando tudo que seu olhar via
elogiando a beleza da mulher brasileira
fosse ela capixaba, carioca ou mineira.
Pedia sempre um bom churrasco para comer
afirmando que gostava mais de picanha suculenta
consumida juntamente com alguma bebida
especialmente, com a cerveja preferida.
Ao retornar à sua cidade
deixou que de seus olhos caíssem lágrimas sinceras
prometendo voltar rapidamente
pois gostou do Brasil verdadeiramente.
Realmente, não demorou muito a aparecer de novo
tendo ao seu lado a mulher amada
a quem presenteou com uma casa bela
de simplicidade marcante, singela.
Minha companheira e eu aprendemos a admirar o italiano
assim como já tínhamos admiração por sua mulher
e quando ele e ela vierem morar aqui perto
fortaleceremos nossa amizade, é certo.
Ermanno é o nome do italiano amigo
que se encantou com este Brasil imenso
e que em breve se mudará para cá
representando a Itália que fica do lado de lá.
58
Ao Ermanno e à Rute
amigos do peito, do coração
a homenagem de quem os ama
e que pelos seus nomes chama.
59
O MEU SONHO
Escrevi que você é bela
disse que você é sensível
Falei que você é singela
mas não pude tocar você.
Descobri segredos que eram seus
tornando-os igualmente meus
Invadi sua privacidade
mas não pude tocar você.
Entrei em seus mistérios
Fiz-me cúmplice de sua ânsia
Senti de longe sua fragrância
mas não pude tocar você.
Desejei ser como o colibri atrevido
que beija a flor quando quer
Almejei acariciar o seu corpo de mulher
mas não pude tocar você.
Tentei lhetransmitir meus anseios
contendo a força incontrolável que até você me conduz
que me extasia, me inspira, me seduz
mas não pude tocar você.
Então, só me resta acordar
e voltar à realidade
para tentar encontrar
o jeito certo de lhe tocar.
E, se for tocada
você se sentirá amada, desejada
porque o desejo faz aquecer o amor
aumentando o prazer que encanta e dá calor.
60
FLORES, AMORES, BEIJOS, DESEJOS
Quando falo de flores
falo também de amores
esquecendo os meus dissabores
e as minhas piores dores.
Quando espero ter belos sonhos
encontro horizontes risonhos
repletos de luzes coloridas
em veredas ainda não percorridas.
Quando quero conseguir paz
que o brilho da aura faz
viajo pelo tempo sem fim
escondendo os mistérios que há em mim.
Quando anseio por amar
para completar meus desejos
cerro os olhos, a imaginar
sentindo o gosto de seus beijos.
Quando ouço a sua voz
que me fascina e encanta demais
alimentando a volúpia que existe em nós
vejo-me construindo a felicidade que o amor faz.
Quando penso em você
o coração pulsa forte em meu peito
pois não preciso entender o porquê
de gostar tanto de suas virtudes e defeitos.
Quando a saudade invade meu coração
Quando não suporto mais sua ausência
Quando a tristeza suplanta a alegria
lembro-me da felicidade que em nós havia.
61
ESTIVE À PROCURA DE ALGUÉM
Procurei por muito tempo a mulher que amei
que durante anos o corpo desejei
para satisfazer meus anseios e fantasias
conquistando felicidade e alegria.
Quis, e como quis, ter essa mulher em meus braços
para sufocá-la com abraços
quando entregava para ela o meu amor
que em meu coração nasceu como flor.
Procurei, procurei, e a mulher amada não encontrei
porque ela não podia mais ser encontrada
já que a outro entregou seu coração
na esperança de ser amada.
Além disso, eu também estou com alguém
que amo e me ama
mostrando-me a força que seu coração tem
quando pelo meu nome chama.
Quero ser feliz como fui
para dar felicidade à mulher que entrou em minha vida
esquecendo tudo de ruim que me fez sofrer
porque agora quero alegria em meu viver.
E, se estive à procura de alguém
se esperava reencontrar a mulher que muito amei
agora não preciso procurar esse alguém
pois outra mulher especial encontrei.
62
A JAQUEIRA
Uma rua suspeita no Quilombo se encontrava
ambiente que ninguém respeitava
frequentada por homens que procuravam prazer
em suas horas de lazer.
Mulheres semi-nuas na rua
esperando seus clientes
iluminadas pela luz da lua
exibindo comportamentos indecentes.
Homens jogando conversa fora
antes de escolherem suas parceiras
para a realização de seus desejos
com intensos abraços e beijos.
Vento frio soprando com força
na noite com estrelas brilhantes
ofuscando a luz da lua atrevida
que se escondia nas nuvens distantes.
Portas de quartos fechadas, trancadas
para garantirem a privacidade
das mulheres para o sexo preparadas
naqueles momentos de intimidade.
Assim era conhecida a jaqueira
e perto dela existiam casas de prostituição
abrigando damas da noite fagueiras
que se entregavam a relações demoradas ou ligeiras.
Hoje, a jaqueira não existe mais
dela não serão colhidas jacas jamais
pois foi retirada para calçamento da rua
onde não se vê qualquer mulher semi-nua.
63
ESSES MOÇOS MARAVILHOSOS E SUAS MÁQUINAS DESTRUIDORAS
No passado, escrevi sobre um jovem de valor
nascido em um lar decente, de muito amor
que gostava de pilotar sua moto veloz
e que por causa dela teve morte atroz.
Muitos anos se passaram
Outros jovens continuaram enfrentando o perigo
pilotando máquinas destruidoras
seguindo por caminhos que não sigo.
Caminhos esses que conduzem a lugar nenhum
estradas repletas de barreiras
impedindo a passagem de alguém
que nelas encontra, apenas, lama, sujeira.
A cada alvorecer ou na chegada do anoitecer
mais gente perde a vida em acidentes fatais
nas cidades grandes ou pequenas
onde circulam motos de velocidades anormais.
Os corpos estendidos no chão
ensanguentados, maculados, dilacerados
inertes perlo cessar da pulsação do coração
cerram os olhos antes brilhantes pela emoção.
Esses moços maravilhosos e suas máquinas destruidoras
lamentavelmente permanecerão desafiando a morte
incentivados pelo consumo de drogas e bebidas
que deixarão famílias enlutadas, sofridas.
64
SONO E RECORDAÇÕES
Deitei-me
esperando o sono chegar
porque depois de um dia de muito trabalho
eu queria relaxar, descansar.
Cerrei os olhos
e de repente vi a imagem da mulher amada
surgindo em minhas lembranças
para ser por mim, novamente, chamada.
Quis, naquele momento, que ela estivesse comigo
renovando as promessas de outrora
enaltecendo o sentimento mais forte
quando ela saiu daqui, foi embora.
Quis, ainda, ter novamente os beijos dela
ardentes, extasiantes, cativantes
aumentando o encantamento que havia nela
tornando a sua beleza marcante.
Quis, enfim, voltar ao passado
para reencontrar a felicidade
perdida no decorrer dos anos
repletos de acertos e enganos.
Fiquei angustiado
triste, sofrido, amargurado
querendo apagar as recordações que me atormentavam
e que tanto me prejudicavam.
Porém, eu estava em paz
porque não tive culpa quando ela me abandonou
e fazê-la infeliz não desejo jamais
já que o amor em nossos corações acabou.
Recostei minha cabeça no travesseiro
certificando-me de que iria dormir
sem me preocupar com mais nada
embalado pelo sono que estava por surgir.
65
MULHER IMPORTANTE
Morena atraente
simpatia envolvente
beleza cativante
clamor de amante.
Mulher que amei
que me deu felicidade
que de querida chamei
que seus lábios beijei.
Com ela me encantei
tive momentos maravilhosos
de desejos ardentes
no frenesi dos corpos quentes.
Entre beijos e abraços
ela e eu nos entregamos ao prazer
incrementando nossas emoções
no pulsar forte dos corações.
No simples toque de mão
na busca da ânsia dela
eu me sentia realizado
vendo o desejo que havia nela.
Ela foi minha colega de trabalho e namorada
recebi dela carinho, afeição
retribui, querendo que ele fosse feliz
para realizar os anseios que ela quis.
Nosso romance acabou
mas, para mim, ela continua sendo importante
porque nossa amizade não se abalou
ficando em nossas lembranças os momentos de felicidade marcante.
66
AMIGOS VERDADEIROS
É abençoado quem tem amigos verdadeiros
que estendem suas mãos como irmãos
fazendo o bem sem olhar a quem
aumentando a força que a fraternidade tem.
O verdadeiro amigo não precisa ser chamado
surge em todos os momentos
para oferecer seus préstimos
que acabam com os tormentos.
Na ação de quem ajuda há emoção
que faz pulsar o coração
tornando feliz quem é ajudado
modificando o desígnio prejudicado.
Amigos verdadeiros, amigos de todas as horas
amigos sensíveis, que nunca vão embora
permanecendo ao lado das pessoas queridas
para que não sejam sofridas.
Amigos leais, amigos de sorriso franco
amigos do negro e do branco
que caminham abraçados
por sentimentos abençoados.
Amigos que sabem ouvir lamentos de seus semelhantes
estejam próximos ou distantes
à procura de um futuro promissor, belo
que é demonstração de amor singelo.
Amigos são como tesouro
autênticos como ouro
enriquecendo a fraternidade valiosa
que enaltece a felicidade preciosa.
67
UMA CRIANÇA MARAVILHOSA
Ela nasceu no dia dedicado à mulher
abençoada por Deus
trazendo a felicidade que se quer
com a força do amor que é seu e meu.
Faltava um minuto para a meia noite
e ela não esperou romper o novo dia
chegando saudável, bonita
causando em todos imensa alegria.
Era pequenina, singela
realmente uma menina bela
que foi crescendo com rapidez
de acordo com o desígnio que o Criador fez.
Passaram-se cinco anos
e agora a criança está mais inteligente
no convívio com seus pais e avós
que se encantam ao ouvir sua voz.
Essa criança maravilhosa
atende pelo nome de Isabelle
fazendo seus entes queridos contentes
almejando que o amor por Isablle aumente.
Deus enviou Isabelle para ser amada
por todos aclamada
para a felicidade de quem a ama
e que por seu nome chama.
68
A CONFUSÃO NO BAR
Um copo de cerveja
sobre a mesa de um bar
um homem embriagado
diz que alguém vai maar.
Outro copo de cerveja
sobre a mesma mesa do bar
uma mulher irada
fala que com o homem irá acabar.
O homem olha para a mulher
e cambaleando, fica de pé
tentando enganar sua embriaguez
com deslavada desfarçatez.
A mulher se dirige ao homem
esbravejando, soltando palavrões
elevando a voz cada vez mais
sem controle nenhum de suas emoções.
A confusão se generaliza
com a entrada de mais gente na briga
causando tumulto que toda mente perversa faz
pois quem é do bem agir por maldade não é capaz.
De repente, ouve-se um tiro
e todos se jogam no chão
para não serem atingidos
naquele ambiente de confusão.
Um corre-corre então ocorreu
de um lado para outro
e tudo de ruim aconteceu
mas, felizmente, ninguém morreu.
Alguém ligou para a polícia
que rapidamente se fez presente no bar
exigindo ordem no recinto
para que pudesse trabalhar.
Aí, sem mais, nem menos
o homem e a mulher pararam de gritar
69
dizendo que iam embora rapidamente
porque estavam ali equivocadamente.
Os policiais deram voz de prisão aos dois
depois de confirmarem a responsabilidade pela confusão
conduzindo-os algemados para a viatura
enquanto os arruaceiros juntavam suas mãos
Assim terminou a confusão no bar
causada por quem dizia alguém querer matar
que, na verdade, estava bêbado demais
ficando feroz pelo incentivo que a bebida faz.
70
AS TRÊS FASES DO BÊBADO
Quem bebe demais passa por três fases
decorrentes do excesso de consumo de bebida
pois todo beberrão torna-se incapaz
de limitar a bebedeira que não acaba jamais.
A primeira faze é a do macaco
que imita tudo e todos
fazendo estrepolias de vários jeitos
batendo as mãos no peito.
A segunda fase é a do leão
que fica furioso quando é provocado
atacando quem surge à sua frente
sempre de surpresa, de repente.
A terceira fase é a do porco
que cai e fuça a lama do chiqueiro imundo
rolando de um lado para outro
porque pela sujeira o porco tem gosto profundo.
Assim, também, é o bêbado contumaz
que, embriagado, não sabe o que faz jamais
mas age como macaco, leão e porco
e acaba caído na sarjeta, todo torto.
Então, quando for beber
lembre-se de que tudo tem um limite, um final
até mesmo na busca do prazer
sob pena de se transformar em um animal.
71
UM POLICIAL DIFERENTE
Álvaro era um policial competente
humano, sensível, diferente
que não usava força, violência
e sim muita astúcia, paciência.
Chegou a Iúna e logo conquistou amizades
respeitando e sendo respeitado
admirando e sendo admirado
amando e sendo amado.
Eu um determinado dia
encontrando-o na rua
deparei-me com o mesmo policial de pura alegria
que com os amigos muita festa fazia.
Álvaro pediu-me uma bala
e respondi que não tinha nenhuma comigo
mas, insistindo, ele afirmou que não era bala doce que queria
e sim munição que com ele não havia.
Olhei fixamente para Álvaro e indaguei:
“Álvaro, você não carrega munição?”
E ele, sorridente, respondeu:
“Não, doutor, para isso não tenho disposição”
Álvaro continua em Iúna
de onde jamais quis sair
pois faz parte de seu povo amigo
e não conquistou um só inimigo.
Esse policial diferente que tanto admiro e respeito
é um exemplo a ser seguido por outros policiais
pois a fraternidade generosa que ele tem no peito
não permite que trate seus semelhantes como animais.
72
ALINE, NEGRA DE VALOR
Ela é negra
simpática, alegre, feliz, bela
de muito carisma
misteriosa, atraente, singela.
Gosta de dançar
exibindo graciosidade, sensualidade
chamando a atenção de quem a ama
e que seu nome aclama.
Seu sorriso é cativante
seu porte elegante
seu corpo provocante
seu anseio de mulher marcante.
Quem se aproxima dela
fica encantado com a alegria que há nela
quando se dispõe a falar de seus desejos
na explosão de abraços e beijos.
Possui nas veias o sangue de quem sabe o que quer
porque é uma grande e imponente mulher
que domina a força que tem
ao entregar seu amor a alguém.
Seu nome é Aline
corpo de mulher e postura de rainha
agradando quem dela gosta
e em sua majestade aposta.
Quando conheci essa rainha
muita majestade ela já tinha
porque desfilava sua beleza na passarela do samba, da dança
sem perder o espírito de mulher-criança.
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM
CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Autobiografia: proposta de produção textual
Autobiografia: proposta de produção textualAutobiografia: proposta de produção textual
Autobiografia: proposta de produção textualMaria Cecilia Silva
 
Poema "Em busca da paz"
Poema  "Em busca da paz"  Poema  "Em busca da paz"
Poema "Em busca da paz" Mary Alvarenga
 
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo -
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo - Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo -
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo - Renata Marani Dourado Marques
 
Aquarela de Toquinho - Análise e entendimento da música
Aquarela  de Toquinho - Análise e entendimento da música Aquarela  de Toquinho - Análise e entendimento da música
Aquarela de Toquinho - Análise e entendimento da música Mary Alvarenga
 
Atividade com a música aquarela ufam simone drumond
Atividade com a música aquarela ufam simone drumondAtividade com a música aquarela ufam simone drumond
Atividade com a música aquarela ufam simone drumondSimoneHelenDrumond
 
Teatro menina bonita do laço de fita
Teatro menina bonita do laço de fitaTeatro menina bonita do laço de fita
Teatro menina bonita do laço de fitaMare Zoé Machado
 
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da música
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da músicaEra Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da música
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da músicaMary Alvarenga
 
Sequência didática piada
Sequência didática piadaSequência didática piada
Sequência didática piadaProfessora Cida
 
Plano de aula crônica
Plano de aula crônicaPlano de aula crônica
Plano de aula crônicaLucianaProf
 
Classes Gramaticais - Revisão
Classes Gramaticais - RevisãoClasses Gramaticais - Revisão
Classes Gramaticais - RevisãoMary Alvarenga
 
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista 3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista Eleúzia Lins Silva
 
Texto e interpretação - A origem do Carnaval
Texto e interpretação - A origem do Carnaval Texto e interpretação - A origem do Carnaval
Texto e interpretação - A origem do Carnaval Mary Alvarenga
 
Apostila para trabalhar textos variados
Apostila para trabalhar  textos variadosApostila para trabalhar  textos variados
Apostila para trabalhar textos variadosIsa ...
 

Mais procurados (20)

Autobiografia: proposta de produção textual
Autobiografia: proposta de produção textualAutobiografia: proposta de produção textual
Autobiografia: proposta de produção textual
 
Poema "Em busca da paz"
Poema  "Em busca da paz"  Poema  "Em busca da paz"
Poema "Em busca da paz"
 
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo -
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo - Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo -
Avaliaçao 2 bimestre 5 ano - sobre Menino Maluquinho e Ziraldo -
 
Aquarela de Toquinho - Análise e entendimento da música
Aquarela  de Toquinho - Análise e entendimento da música Aquarela  de Toquinho - Análise e entendimento da música
Aquarela de Toquinho - Análise e entendimento da música
 
Os três cabritinhos
Os três cabritinhosOs três cabritinhos
Os três cabritinhos
 
Atividade com a música aquarela ufam simone drumond
Atividade com a música aquarela ufam simone drumondAtividade com a música aquarela ufam simone drumond
Atividade com a música aquarela ufam simone drumond
 
Teatro menina bonita do laço de fita
Teatro menina bonita do laço de fitaTeatro menina bonita do laço de fita
Teatro menina bonita do laço de fita
 
Sequência didática o circo
Sequência didática o circoSequência didática o circo
Sequência didática o circo
 
A margarida friorenta
A margarida friorentaA margarida friorenta
A margarida friorenta
 
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da música
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da músicaEra Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da música
Era Uma Vez de Sandy & Júnior e Toquinho - Análise e entendimento da música
 
Sequência didática piada
Sequência didática piadaSequência didática piada
Sequência didática piada
 
Parlenda a-pedrinha
Parlenda a-pedrinhaParlenda a-pedrinha
Parlenda a-pedrinha
 
Plano de aula crônica
Plano de aula crônicaPlano de aula crônica
Plano de aula crônica
 
Sequência Didática PARLENDA
Sequência Didática PARLENDASequência Didática PARLENDA
Sequência Didática PARLENDA
 
Classes Gramaticais - Revisão
Classes Gramaticais - RevisãoClasses Gramaticais - Revisão
Classes Gramaticais - Revisão
 
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista 3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista
3ª Sequência Didática - Gênero textual: Lista
 
Texto e interpretação - A origem do Carnaval
Texto e interpretação - A origem do Carnaval Texto e interpretação - A origem do Carnaval
Texto e interpretação - A origem do Carnaval
 
4 projetos sobre bondade
4 projetos sobre bondade4 projetos sobre bondade
4 projetos sobre bondade
 
Apostila para trabalhar textos variados
Apostila para trabalhar  textos variadosApostila para trabalhar  textos variados
Apostila para trabalhar textos variados
 
AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA - 4º ANO - 1º BIMESTRE
AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA - 4º ANO - 1º BIMESTREAVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA - 4º ANO - 1º BIMESTRE
AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA - 4º ANO - 1º BIMESTRE
 

Semelhante a CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM

Apresentação Eleição Patrona
Apresentação Eleição PatronaApresentação Eleição Patrona
Apresentação Eleição PatronaElaine de Paula
 
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...Daniel Meneses
 
Hélio moreira discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...
Hélio moreira   discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...Hélio moreira   discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...
Hélio moreira discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...Sérgio Pitaki
 
Capítulo 2 jordan bruno - a tito filho - ufpi
Capítulo 2   jordan bruno - a tito filho - ufpiCapítulo 2   jordan bruno - a tito filho - ufpi
Capítulo 2 jordan bruno - a tito filho - ufpiJordan Bruno
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)Emerson Mathias
 
Leituras da cidade: história e memória de Salto
Leituras da cidade: história e memória de SaltoLeituras da cidade: história e memória de Salto
Leituras da cidade: história e memória de SaltoElton Zanoni
 
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira MenezesCAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira MenezesMurilo Benevides
 
Coriolano de medeiros um historiador na maçonaria
Coriolano de medeiros   um historiador na maçonariaCoriolano de medeiros   um historiador na maçonaria
Coriolano de medeiros um historiador na maçonariaOZILDO1
 

Semelhante a CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM (20)

Apresentação Eleição Patrona
Apresentação Eleição PatronaApresentação Eleição Patrona
Apresentação Eleição Patrona
 
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...
Cecília Meireles, vida, obras, características e homenagens...
 
As acadêmicas 39 set
As acadêmicas 39 setAs acadêmicas 39 set
As acadêmicas 39 set
 
Hélio moreira discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...
Hélio moreira   discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...Hélio moreira   discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...
Hélio moreira discurso proferido por ocasião do recebimento do título de pr...
 
Capítulo 2 jordan bruno - a tito filho - ufpi
Capítulo 2   jordan bruno - a tito filho - ufpiCapítulo 2   jordan bruno - a tito filho - ufpi
Capítulo 2 jordan bruno - a tito filho - ufpi
 
Sobre a rachel
Sobre a rachel Sobre a rachel
Sobre a rachel
 
488 an 13_agosto_2014.ok2 (1)
488 an 13_agosto_2014.ok2 (1)488 an 13_agosto_2014.ok2 (1)
488 an 13_agosto_2014.ok2 (1)
 
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
OLHE, VEJA: A CENSURA E O FEMINISMO NAS COLUNAS DE MILLÔR FERNANDES (1968-1978)
 
O Bandeirante 092006
O Bandeirante 092006O Bandeirante 092006
O Bandeirante 092006
 
BARCAÇA
BARCAÇABARCAÇA
BARCAÇA
 
Leituras da cidade: história e memória de Salto
Leituras da cidade: história e memória de SaltoLeituras da cidade: história e memória de Salto
Leituras da cidade: história e memória de Salto
 
Vinicius de moraes
Vinicius de moraesVinicius de moraes
Vinicius de moraes
 
Barcaça 15 ago 2021
Barcaça 15 ago 2021Barcaça 15 ago 2021
Barcaça 15 ago 2021
 
BARCAÇA
BARCAÇABARCAÇA
BARCAÇA
 
BARCAÇA
BARCAÇABARCAÇA
BARCAÇA
 
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira MenezesCAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes
CAMINHANDO - Rosevaldo Oliveira Menezes
 
Biografia de Cecília meireles
Biografia de Cecília meirelesBiografia de Cecília meireles
Biografia de Cecília meireles
 
Coriolano de medeiros um historiador na maçonaria
Coriolano de medeiros   um historiador na maçonariaCoriolano de medeiros   um historiador na maçonaria
Coriolano de medeiros um historiador na maçonaria
 
Colegial news edição 10
Colegial news   edição 10Colegial news   edição 10
Colegial news edição 10
 
BARCAÇA_01
BARCAÇA_01BARCAÇA_01
BARCAÇA_01
 

CONTOS QUE CONTO E POESIAS QUE ME ENCANTAM

  • 1. 1 João Vicente de Castro Rios, filho de João Rios (Checo) e Dalila Castro Rios, falecidos, nasceu no dia 16 de fevereiro de 1947, em Iúna-E.S. Seus irmãos, Luis Augusto de Castro Rios, Carlos Alberto de Castro Rios, Marcus Antônio de Castro Rios e Dulcino de Castro Rios, também são falecidos. Vera Regina Rios da Silveira e Elza Maria Rios Amorim, residem em Iúna. João Vicente, como gosta de ser chamado, estudou no Colégio Vasco Coutinho, de Vila Velha-E.S., no período em que seu pai exerceu o mandato de deputado estadual, de 1954 a l957. Retornando a Iúna, concluiu seus estudos na Escola de 1º e 2º Graus “Henrique Coutinho” e no extinto Ginásio de Iúna. Frequentou, ainda, o Colégio Comercial “Pedro José de Souza, formando-se como técnico em contabilidade. Graduou-se no curso de bacharelado da Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim – FDCI, em 1978. Trabalhou na ECT, de 1962 a 1976, exercendo os cargos de estafeta, carteiro e eventual de gerente de agência, em Iúna. Trabalhou, também, como professor DT, na Escola de 1º Grau “Dr. Nagem Abikahir”, lecionando as disciplinas de português, geografia, história e ciências. Durante os anos em que residiu em Belo Horizonte, Minas Gerais, atuou como Gerente Social do Praia Clube, um complexo de lazer com 290.000 metros quadrados de muito verde e madeira rústica. Na Câmara Municipal de Iúna, ocupou o cargo de assessor legislativo. A partir de março de 1995 e até janeiro de 2008, prestou serviços como assessor Legislativo da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo. Aposentou-se em março de 2008 e atualmente mora na Ponta da Fruta, tendo ao seu lado Sônia Maria Coutinho, a companheira de todas as horas, que faz parte de seus anseios e realizações desde 11 de novembro de 1996. Seu primeiro livro, “Folhas Soltas”, foi escrito por motivação afetiva, atendendo ao pedido de seu filho, Fabrício Carlo Garcia Rios, que desejava ver as poesias do pai publicadas, o que aconteceu em 1983. Como bom aquariano, dedica-se à defesa das causas de seus semelhantes, mantendo amigos e conhecidos conquistados ao longo de seus 67 anos de idade. A expressão velho não faz parte de seu vocabulário, pois diz ser um idoso ativo, que gosta de ler, escrever, desenhar, pintar, dançar, ir à praia, receber e visitar parentes, amigos e conhecidos. Uma de suas maiores aspirações é poder testemunhar uma revolução educacional brasileira, tendo em vista que, em seu entendimento, o verdadeiro desenvolvimento de um país decorre da implementação de programas e projetos educacionais adequados à formação intelectual e cultural de crianças, adolescentes e adultos.
  • 2. 2 Esclarecimento: Esta é mais uma obra literária nascida de meu desejo de contribuir para a evolução intelectual e cultural de todas as pessoas que procuram e encontram, no maravilhoso mundo das letras, a realização de seus anseios. Minha intenção inicial dizia respeito à publicação de contos. Porém, em atenção às sugestões e pedidos de parentes, amigos e conhecidos, resolvi inserir contos e poesias escritos com a simplicidade que considero imprescindível ao entendimento de quem quiser ler contos e poesias direcionados, especialmente, a crianças, jovens e adultos que fizeram e fazem parte de meu viver. Alguns contos e algumas poesias não têm a citação de nomes verdadeiros das pessoas que me inspiraram a escrevê-los. Não me importei, como não me importo, com o sucesso da divulgação de “Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, porque, se na publicação de “Folhas Soltas”, atendi ao pedido de meu filho, Fabrício Carlo, que manifestou sua vontade de ver publicado um livro meu, desta vez atendo a mim mesmo, pois do alto de meus sessenta e nove anos, quero prestar sincera homenagem às pessoas, que, direta ou indiretamente, estiveram e estão comigo e Soninha, a mulher negra maravilhosa que cuida de meu coração, de meu amor. Fiz questão de convidar escritores e escritoras para registrarem suas manifestações no prefácio, pelos sentimentos de respeito e admiração que tenho por eles e por elas. Antecipadamente, peço desculpas a quem não foi convidado para escrever sobre “Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, porém, a escolha ocorreu de conformidade que mantive e mantenho com as pessoas convidadas. Aproveito o ensejo para homenagear a todos os membros da Academia Iunense de Letras, que enaltecem cada vez mais a importância cultural e as tradições históricas do povo iunense.
  • 3. 3 Dedico esta obra: - “In memoriam”, a meus falecidos pais, João Rios (Checo) e Dalila Castro Rios, incentivadores maiores de meu gosto pela literatura; - Igualmente, “in memoriam”, a meus irmãos, Luis Augusto de Castro Rios, Carlos Alberto de Castro Rios, Marcus Antonio de Castro Rios e Dulcino de Castro Rios; - Às minhas irmãs, Vera Regina Rios da Silveira e Elza Maria Rios Amorim, residentes em Iúna; - À minha companheira de todas as horas, Sônia Maria Coutinho, que participa de meus anseios e realizações; - A meus filhos, Fabrício Carlo Garcia Rios e Marcelo Felipe Reis e Rios, que durante alguns anos estiveram ao meu lado; - A Ariene Coutinho Henriques, minha enteada, que amo como se fosse sangue do meu sangue; - A Castelo Branco dos Santos Coutinho e Clerson Coutinho Martins, meus enteados, que merecem o meu respeito e a minha admiração; - A Isabelle Coutinho Henriques Machado, filha de Ariene e Leonardo Vinícius Nunes Machado, minha “netinha”, que vem recebendo toda a atenção possível e o amor de suas avós, Sônia Maria Coutinho e Maria de Fátima Gomes, para que cresça saudável, bonita e inteligente; - A Maria Clara Moreira Coutinho, filha de Castelo Branco dos Santos Coutinho e Alessandra Bolzani Moreira, que, assim como Isabelle, considero como neta; - A Matheus e Caio Martins, filhos de Clerson, igualmente considerados como meus netos; - A Gabriela Moreira Monteiro, prima de Maria Clara e filha de Eliete Moreira, que, mesmo não sendo minha neta, faz questão de me chamar de “vovô João”; - A meus cunhados, Gildo Pimentel Silveira e José de Amorim, esposos, respectivamente, de Vera Regina e Elza Maria; - Às minhas ex-cunhadas, Zélia de Oliveira Rios, Wanda Aparecida Amaral Rios, Mariza Salazar Boghi Rios e Najla Alcure Rios, viúvas, respectivamente, de meus irmãos Luis Augusto, Carlos Alberto, Marcus Antônio e Dulcino; - A meus tios e tias, sobrinhos e sobrinhas, primos e primas; - A Arlinda José Maria dos Santos Coutinho, minha sogra, que considero como segunda mãe; - A Tânia Maria Coutinho, Telma Coutinho, Sandra Lúcia Coutinho, Selma Coutinho, Patrícia Aparecida Coutinho, Silvério Pinto Coutinho, Walace Pinto Coutinho e Alexssandro Pinto Coutinho, cunhadas e cunhados que há mais de dezoito anos fazem parte de meu viver e de Sônia Maria; - A Franklin Coutinho Vieira, Romário Coutinho Vieira e Mariana Coutinho Vieira, filhos de Sandra Lúcia; Magno Coutinho de Souza (“in memoriam”), filho de Selma; Mailveso Vasconcelos Coutinho, Thayrine Vasconcelos Coutinho e Felipe Augusto
  • 4. 4 Vasconcelos Coutinho, filhos de Silvério; Juliene Dutra Coutinho e Kamilly Moreira Coutinho, filhas de Walace e Arthur Gomes Coutinho, filho de Alexssandro; - A Leandro dos Santos Kallott, meu amigo/irmão, que participa de meus momentos de alegria e tristeza; - A Fábio Napoleão e Fagner Conceição, amigos verdadeiros, que também merecem minha consideração; - A Alvimar Alvarenga, companheiro inseparável de Selma Coutinho, que me honra com sua amizade há anos; - A Cleuza e Andrea, companheiras, respectivamente, de Walace Pinto Coutinho e Alexssandro Pinto Coutinho; - A Marcele Dutra Chaves, mãe de Juliene e comadre de Sônia Maria, que por alguns anos esteve no convívio das famílias Pinto/Coutinho; - A Rutilea da Silva, amiga/irmã e Ermanno Nappi, seu atual esposo, residentes na cidade italiana de Turim, que em breve serão meus vizinhos na Ponta da Fruta; - A Marcos e Matteo Bertolotti, filhos gêmeos de Mário Bertolotti e Rutilea da Silva, garotos inteligentes que considero como sobrinhos; - Aos acadêmicos e às acadêmicas da Academia Iunense de Letras, intelectuais obstinados que têm proporcionado aos escritores de Iúna e região espaços adequados à criação e divulgação de suas obras; - A meus amigos e amigas, conhecidos e conhecidas, cujos nomes não relaciono nesta dedicatória, esclarecendo que seria humanamente impossível incluí-los aqui sem o cometimento de algum esquecimento involuntário.
  • 5. 5 Parte I – Contos Que Conto Cada um de nós tem uma história ou estória para contar. Não fujo à regra e passo a registrar aqui os casos que fizeram e fazem parte de minha vida. Alguns contos trazem em seus textos os nomes verdadeiros das pessoas homenageadas, pois o grande objetivo que me inspirou a escrever foi o de prestar homenagem sincera a quem me honrou e honra com o sentimento da amizade. Em outros, uso apelidos. São narrativas simples, sem nenhuma intenção de desmerecer ou magoar alguém. Procurei incluir histórias (reais) e estórias (fictícias), que ficaram gravadas em minha memória, marcando minha infância, adolescência e fase adulta. Antecipo-me à crítica dos especialistas em cultura elitista, para explicar que neste livro não encontrarão nenhuma preciosidade literária, pois, sendo filho de um homem simples, que detestava a sofisticação enganosa e de uma mulher culta que era apologista da simplicidade, não ousaria ignorar os ensinamentos recebidos deles, desde os primeiros anos de minha vida e até a fase adulta. Não tenho sonhos ilusórios de me transformar em poeta famoso. Não tenho, ainda, ambição por ganhar dinheiro com a publicação deste ou de qualquer outro livro que vier a publicar. Não tenho, também, nenhuma vontade de modificar meu estilo pessoal de escrever, para agradar uns poucos defensores da escrita perfeita, sem erros. Não tenho, enfim, idade e paciência para usar palavras e rimas complicadas, que certamente não agradariam a quem me conheceu nas salas de aula como aluno ou professor. O meu intuito foi, é e continuará sendo o de fazer chegar aos leitores de todas as faixas etárias o pulsar forte de meu coração, para penetrar nos corações de pessoas que respeito e admiro.
  • 6. 6 PEDRA NO CAMINHO Duas horas de uma madrugada fria em Iúna. Saí da casa de minha prima, Maria José Scardini, onde ela, eu, e outros parentes e amigos estávamos reunidos para jogar canastra e buraco. A lua cheia iluminava a avenida Presidente Vargas. Chegando nas proximidades da casa do saudoso Sr. Paulo Amaral, estava eu chutando lata, como já escreveu um compositor musical. Vi uma caixa de sapato na calçada. Aproximando-me da caixa, ergui a perna direita e chutei-a com toda a força, imaginando que fosse enviá-la para longe. A caixa ficou inerte no mesmo lugar, pois dentro dela colocaram um paralelepípedo. A dor intensa que sentia era uma mistura de raiva por quem havia colocado a maldita pedra na caixa e por mim mesmo, pela infeliz ideia de chutar o que, em absoluto, não era nenhuma bola. Tão rápido quanto o chute, meu pé, esse sim, virou uma bola, de tão inchado. Fui me escorando, saltitante, pelas paredes das casas, até chegar em casa. Como não quis acordar ninguém, peguei uma sacola plástica e coloquei nela vários cubos de gelo e fui, com dificuldade, ao quintal, tirei minha toalha, dobrei-a e deitei-me, com a sacola plástica e os cubos de gelo sobre o local inchado, esfregando antes bastante vinagre para aliviar um pouco a dor latejante. Demorei umas duas horas para pegar no sono. Contudo, ao me mexer na cama, acordava e custava a dormir novamente. Lá pelas oito horas, como fazia sempre, mamãe entrou no quarto onde eu e meus irmãos Marcus Antônio e Dulcino dormíamos. Percebendo que alguma coisa de anormal estava acontecendo comigo, mamãe espantou-se ao ver meu tornozelo totalmente inchado. Contei o que tinha ocorrido e ela, penalizada, colocou bálsamo benguê (era a pomada da época) e enfaixou todo o meu pé. Durante uns seis meses a consequência dolorosa do chute no paralelepípedo permaneceu me importunado. Hoje, quando me deparo com alguma caixa nas ruas, lembro-me do terrível acontecimento e sigo meu caminho, deixando para trás o conteúdo da caixa, com ou sem pedra.
  • 7. 7 MARIA, SOLTEIRA, MULHER DAS BALADAS MARIA, COMPROMISSADA, MULHER DO LAR Maria era uma mulher que gostava das baladas. Quando era solteira, seu coração pulsava por vários homens. Tinha uma alegria contagiante, que cativava a todos. Decidida a mudar de comportamento, Maria aceitou o convite de um rico fazendeiro, chamado José Marcoço, residente em Perdição. Durante os anos em que esteve ao lado de José Morcoço, Maria deu-lhe carinho, respeito, amor e dois filhos. Eu já conhecia Maria, e, ao ser procurado por ela para defendê-la na ação de dissolução da união estável ajuizada por seu companheiro, aceitei o patrocínio da causa, principalmente porque sabia que a fidelidade dela nunca fora contestada. Ao saber que eu era o advogado de Maria, José Moscoço apareceu em meu escritório, mas ficou na porta, aguardando a saída do cliente que eu atendia naquele momento. Percebi que ele portava na cintura um revólver, que certamente serviria para me amedrontar. Convidei-o a entrar, mas ele se recusou e afirmou que falaria de onde estava. Os olhos muito azuis do fazendeiro pareciam lançar fogo, de tanta raiva que ele demonstrava. “Fico triste em saber que um filho do Checo aceite defender uma prostituta como Maria”, gritou o irado fazendeiro; Levantei-me da cadeira e respondi: “Se antes eu queria defender os direitos e interesses de Maria, que nesses oito anos de convivência lhe deu dois filhos e o respeitou, agora faço questão absoluta de ir até a conclusão do processo”. Mais irado, ainda, José Moscoço falou: “Meu advogado me prometeu que não perco a causa de jeito nenhum”. Sorri e retruquei, afirmando: “Veremos! Ah, e tem outra coisa: esta caneta que está em minha mão pode ser mais perigosa que a arma que o senhor está exibindo, imaginando que possa me causar medo”. Mais: “Aprendi, com o seu amigo Checo, meu saudoso pai, que uma injustiça cometida contra alguém é pior que um tapa no rosto e o senhor está sendo injusto com a mulher que lhe foi fiel durante o período em que ficou ao seu lado e dos filhos que lhe deu” José Moscoço saiu apressadamente, xingando impropérios impublicáveis. Na audiência, uma das testemunhas de José Moscoço era irmão de Maria. Ao constatar que a testemunha iria depor contra a irmã, o juiz da causa explicou que a dispensaria. Requeri ao magistrado que inquirisse o irmão de Maria, já que, apesar de sua condição de mero informante, demonstrava a real intenção de prejudicar Maria. O representante do Ministério Público, compreendendo meu objetivo, abriu um largo sorriso.
  • 8. 8 O julgador da causa deferiu o meu requerimento e ouviu a testemunha, sem que a mesma prestasse o juramento legal Desnecessário dizer que o irmão de Maria classificou-a como a pior das mulheres. Inquiridas todas as demais testemunhas, o juiz indagou às partes (promotor e advogados), se preferiam apresentar alegações finais na audiência ou através de memoriais (documentos escritos apresentados em datas fixadas pelo juiz). O brioso Promotor de Justiça e eu optamos pela manifestação imediata e o patrono de José Moscoço escolheu por apresentar suas alegações finais escritas. Diante da decisão do MP e da minha, o juiz determinou que tais alegações ocorressem logo, o que foi feito. A seguir, proferiu a sentença, ordenando que José Moscoço pagasse uma pensão alimentícia para os dois filhos, um aluguel de uma casa na cidade para Maria e as crianças e concedeu a guarda dos menores a Maria. Nesse momento, os olhos azuis de José Moscoço fixaram nos meus e ele, chorando, me falou: “Dr. João Vicente, agora estou percebendo que o senhor é filho do Checo, que não desmerecia ninguém e detestava injustiça”. Retirou do bolso da camisa um talão de cheques, pedindo-me que preenchesse uma das folhas com o valor dos honorários cobrados por seu advogado. Em seguida, entregou o cheque ao causídico e dispensou-o, solicitando ao juiz que determinasse a saída dele da sala de audiências. José Moscoço, em lágrimas, pediu-me que viabilizasse um acordo com Maria, tendo em vista que o amor dele pelos filhos era muito grande e que ele não conseguiria ficar sem as crianças. Pedi autorização ao juiz para conversar com Maria, que, depois de concordar com a sugestão que apresentei, exigiu de José Moscoço mais dinheiro para entregar-lhe as crianças. José Moscoço aquiesceu e agradeceu-me pela compreensão em realizar o novo acordo. Passados alguns meses, José Moscoço, foi ao meu escritório, pedindo-me que o acompanhasse até o seu carro, onde se encontravam uma mulata bonita e os meninos. Surpreso, ouvi de José Moscoço: “Dr. João Vicente, estou querendo me casar com esta moça. O que o senhor acha?”. Indaguei à moça se ela queria se casar com José Moscoço e ela me respondeu que sim. José Moscoço e a moça bonita se uniram, permanecendo juntos até que Deus levasse o fazendeiro para a Eternidade. O homem que antes se tornou um inimigo a após o término do processo manteve comigo uma amizade sincera, pôde ter ao seu lado os filhos amados e ser feliz com a mulher que deixou amparada. Certamente, de onde estiver, José Moscoço continua enviando bênçãos protetoras para seus entes queridos e vibrações positivas para os amigos que ficaram na Terra.
  • 9. 9 A IRMÃ DO AMIGO Um de meus primos consumava visitar os parentes de Iúna, todos os anos. Em uma dessas visitas, ele se empolgou com uma moça de corpo esbelto. Quando a moça passava por ele, tecia comentários elogiosos sobre ela. Era época de Carnaval e meu primo, estando em frente ao clube onde estava sendo realizado o baile carnavalesco, viu a moça passando pelo local e comentou com o rapaz que se encontrava ao seu lado: “Cara, que mulher maravilhosa. Faço qualquer coisa para ficar com essa moça gostosa”. O rapaz olhou para a moça, reconheceu-a, chamou-a, e, dirigindo-se ao meu primo, afirmou: “Esta moça que você diz ser gostosa é minha irmã, seu safado”. Não preciso explicar que meu primo saiu correndo. Ofegante, contou-me tudo. Às vezes, é melhor admirar uma mulher bonita sem tecer qualquer comentário sobre as qualidades dela. N.A: atualmente, meu primo encontra-se fora do Brasil e a moça que ele achava gostosa mora em Vitória.
  • 10. 10 FESTA DE QUINZE ANOS... PARA RAPAZ Meus quinze anos estavam chegando e papai decidiu fazer uma festa para comemoração da data. Mamãe, bastante assustada, disse a papai: “Checo, festa de quinze anos para João Vicente, um rapaz?”. “Normalmente, uma festividade assim é para menina que está se transformando em moça”. Papai retrucou: “Dalila, não tem nenhum problema. João Vicente é um bom filho e merece uma festa de aniversário”. Mamãe riu e acabou concordando com a estranha vontade de papai. Fiquei encarregado de convidar quantas pessoas quisesse e realmente chamei quase todo o pessoal de meus relacionamentos. Quase, pois fui me esquecer exatamente de minha professora de dança, Maria Helena de Jesus, a Marileninha, que durante um tempão ficou me lembrando e lamentando, com razão, de meu injustificável esquecimento. No dia da festa, com a casa repleta de convidados, mamãe, papai e eu ficamos recebendo quem chegava, e, claro, deixando todo mundo à vontade. Lá pelas nove, nove e meia da noite, papai pediu silêncio e sugeriu a todos, inclusive a mim, que fôssemos para o Quilombo (o sonho dourado de papai era fazer do Quilombo um local onde os iunenses e visitantes pudessem ter um centro comercial com muitas lojas e outras atividades correlatas), tendo em vista que lá estava sendo realizado um forró. Mamãe, sempre educada, afirmou a papai: “Checo, a festa de João Vicente mal começou e você vai acabar com ela?” Papai respondeu: “Dalila, a festa de João Vicente continuará no forró”. E mamãe: “Mas, e as comidas e as bebidas, quem irá consumi-las?” Papai, voltando a se manifestar: ”Amanhã, a gente distribui tudo para o pessoal carente”. Não deu outra. No outro dia, uma fila imensa se formou para a distribuição das comidas e bebidas que não foram consumidas na minha festa de 15 anos. N.A.: Se ainda fosse vivo, papai se sentiria realizado em ver o Quilombo como ele imaginava. Quando exerceu, pela segunda vez, o cargo de Prefeito Municipal de Iúna, papai quis transformar o Quilombo em um polo comercial, empresarial e industrial. Porém, como não existiam verbas suficientes para a realização dos planos dele, papai não viveu o suficiente para testemunhar que o Quilombo é hoje um grande e importante bairro de Iúna.
  • 11. 11 RAULINO, O EXTERMINADOR DE BAILES Raulino Finamore, um dos melhores amigos e correligionários de papai, sempre foi um homem diferenciado, de atitudes às vezes estranhas. Se cumprimentasse uma pessoa e alguém lhe dissesse que essa pessoa era portadora de uma doença contagiosa, saia de braços erguidos procurando álcool para desinfetar suas mãos. Acompanhando papai nas campanhas políticas, ele, que não gostava de café de garapa, não conseguia entender o porquê do velho Checo não recusar jamais o café que lhe era oferecido, ainda que não fosse feito na hora (café de garapa de alguma horas é intragável). Ao chegar em casa, papai dava gargalhadas com mamãe, informando que Raulino, mais uma vez, bebera café de garapa passado. O que Raulino não sabia era que mamãe mandava fazer para papai dois agasalhos, tipo suéter, na cor marrom, onde papai derramava o café de gosto ruim, sem que o pessoal da casa percebesse. Ainda na fase da adolescência, solteiro como papai, os dois iam sempre para os bailes realizados na roça, nas proximidades de Iúna. Raulino, depois de beber umas “pingas”, ficava agressivo e costumava deitar-se no meio do salão, arrancar a garruchinha velha que possuía e gritava: ”Acabou o baile, todo mundo pode ir embora”. Papai advertia Raulino de que ele poderia sofrer alguma represália, mas, qual o que, Raulino não perdia a mania de bancar o exterminador de bailes. Como tudo na vida tem um limite, Raulino experimentou o lado ruim de seu procedimento, pois, ao querer acabar com mais um baile, não se deu conta de que havia no salão onde ele se deitou, uns homens carrancudos, bravos, que, ao verem Raulino com a arma na mão, gritando que o baile estava acabado, chegaram perto de Raulino, tomaram a arma dele e aplicaram nele uma senhora surra, daquelas de deixarem marcas por vários dias. Nunca mais Raulino quis acabar com bailes. Aliás, ele se proibiu de frequentar salões de baile. N.A.: Quando papai foi deputado estadual, indicou ao então governador Francisco Lacerda de Aguiar, Chiquinho, o nome de Raulino para ser o diretor da antiga Colônia Penal Agrícola de Viana. Atendendo à solicitação de determinadas autoridades, Raulino autorizava a saída dos internos que cumpriam pena pelo regime semiaberto, com a finalidade de prestarem serviços para tais autoridades. Alguns desses apenados não retornavam e então foi feita uma sindicância para apurar responsabilidades para a aplicação de penalidade a quem permitia que os presidiários saíssem do estabelecimento penal. A corda arrebentou para o lado de Raulino, já que todas as autoridades, nominadas por ele, negaram veementemente que solicitaram os serviços dos presos. Raulino foi exonerado e voltou para Iúna.
  • 12. 12 EX-GAYS EXISTEM? Quando morei em Belo Horizonte, conheci um jovem assumidamente gay Os trejeitos do jovem eram de um autêntico homossexual, que não fazia nenhuma questão de esconder sua opção sexual. Minha casa, no bairro Planalto, era frequentada por moças e rapazes, que, respeitosamente, gostavam de visitar “tio João” (maneira carinhosa como me chamavam). E o gay, também com o maior respeito, ia sempre à minha casa. O gay viajou para o exterior, ficando fora do Brasil por um bom tempo. Ao retornar, fez-me uma visita. Não demonstrava mais os trejeitos de antes e até sua voz tinha mudado. Diante de meu espanto, ele riu e disse: “Não sou mais gay e agora me transformei em um homem hetero”. Não aguentei tanta franqueza e ri muito. “Verdade, tio João, sou macho!” Olhei fixamente nos olhos dele, e, percebendo que de fato eu não estava acreditando na transformação que ele alardeava, insistiu em sua declaração, explicando que havia aproveitado sua viagem para outro país, chegando à conclusão de que gostava mesmo era de mulher. Entretanto, por mais que tentasse justificar a sua “nova opção sexual”, quando olhava para meu sobrinho, Lúcio Aurélio, que estava realizando testes no Cruzeiro Esporte Clube, não conseguia esconder o olhar de desejo que outrora sentia pelo jovem bonito que era Lúcio. As moças que se relacionavam com o gay, riam bastante, também não acreditando que o amigo delas tivesse deixado no passado sua condição de homossexual. Há ex-marido, ex-mulher, ex-ator, ex-atriz, ex-jogador de futebol, e tantos outros ex. Existem ex-gays? N.A.: para evitar que este conto tenha interpretação equivocada, afirmo categoricamente que sou contra todas as pessoas preconceituosas, que, alegando defenderem a moral e os bons costumes, agridem verbal e fisicamente quem, assumindo ou não serem homossexuais, são tratados como seres perniciosos à sociedade. Em meu rol de relacionamento, existem amigos(as) gays que respeito e admiro.
  • 13. 13 ARMA NÃO PROTEGE NINGUÉM Em Belo Horizonte havia uma boate chamada Zum Zum, que nos finais de semana ficava superlotada. Era frequentada por jovens e gente madura. Sempre gostei de casas noturnas comandadas por pessoas simpáticas, receptivas, como a dona da Zum Zum. Certa vez, chegando à boate e ao atravessar o salão, deparei-me com a moça com a qual estava saindo, ficando. Ela era desconfiada, ciumenta e tinha enfiado na cabeça que eu saia também com outra mulher, o que não era verdade. Carinhosamente, coloquei a mão direita em um dos lados do rosto dela, explicando que não estava ficando com a tal mulher. Fiz menção de sair e ela, sem mais nem menos, deu-me uma bofetada na face direita. Minha visão ficou ofuscada, e, dominado pelo ódio que senti naquele momento, corri na direção da cozinha com a intenção de pegar o revólver calibre 22 que deixara dentro da bolsa que estava usando. Zezinho, gerente da boate, percebendo que não conseguiria impedir que eu chegasse à cozinha, gritou: “João Vicente, pense em seu filho”. Imediatamente, parei e voltei, querendo devolver a agressão sofrida. Encontrei Zezinho expulsando a moça, determinando que ela, a partir daquele instante, não entraria mais na Zum Zum. Após três meses, a moça criou coragem e pediu-me que conversasse com Zezinho, para que este autorizasse a entrada dela na boate. Zezinho não queria permitir, mas eu disse que por mim, não haveria nenhum problema, desde que ela não me perturbasse fora ou no interior da boate. Bendita hora em que Zezinho não me deixou usar a arma que eu comprara para ajudar o gerente do hotel onde eu me hospedava. Devolvi o revólver a seu antigo dono, sem receber de volta o dinheiro pago, já que o que eu não desejava era permanecer com uma arma que adquirira tão somente para contribuir com Luciano, o gerente do hotel, que, mesmo estranhando a minha decisão, aceitou a devolução. N.A.: imaginar que uma arma protege alguém, é um equívoco. Pior, deixar uma arma, na mão de quem não sabe usá-la, como eu, é uma atitude temerária, perigosa. Os nomes dos gerentes da boate e do hotel são verdadeiros. Zezinho, após o fechamento da Zum Zum, foi trabalhar em um dos ótimos restaurantes do centro de Belo Horizonte, onde minha mulher e eu tivemos o privilégio de encontrá-lo. Luciano, infelizmente, não vi mais, porém, com este conto, presto justa homenagem a esses dois grandes amigos. Não mencionei o nome da moça em razão de não pretender que tivesse, agora, qualquer problema com alguém que esteja ao seu lado, como marido ou companheiro.
  • 14. 14 O EXAME Um ex-colega da Assembleia Legislativa decidiu levar seu velho pai ao médico, para submetê-lo a exame de próstata. Até tudo bem, exceto a falta de explicação ao pai, de idade avançada, sobre como seria realizado o referido exame. Chegando ao consultório médico, Claudiomar, meu ex-colega, apresentou seu pai ao médico, que, em seguida, solicitou ao velho homem que tirasse a roupa e vestisse a vestimenta adequada ao exame. Espantado, o pai de Claudiomar indagou: “tirar a roupa pra que, doutor?”. Pacientemente, o médico respondeu: “para fazer o exame, senhor, é necessário que tire toda a roupa”. Já indignado, o pai de Claudiomar tirou a roupa, e, ao ouvir do médico que ficasse de quatro, o velho arregalou os olhos e afirmou que não ficaria na posição que o médico estava querendo. Entretanto, como não podia fugir, o pai de Claudiomar começou a chorar, olhando fixamente para seu filho, esbravejando, e, reclamando, explodiu: “você me paga, filho ingrato. Isso não se faz com um velho como eu, que nunca tirei a roupa nem mesmo quando sua mãe estava sozinha comigo.” Não é necessário contar o final da história, mas, ao sair do consultório, Claudiomar ouviu do pai uma bronca que até hoje ecoa em seus ouvidos. Ao questionar Claudiomar acerca de não ter explicado a seu pai como o médico realizaria o exame, respondeu-me que, caso o velho soubesse de tudo, jamais concordaria em se despir diante do médico e muito menos permitir o toque anal de praxe.
  • 15. 15 ARTIMANHAS DE CLAUDIOMAR Claudiomar, mencionado no conto anterior, era especialista em arranjar um jeitinho para não entrar em fila. Certa vez, durante o governo de José Ignácio, após vários meses de atraso nos pagamentos mensais dos servidores estaduais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, houve a quitação de parte dos salários atrasados. Claudiomar recebia seus salários na agência do Banestes, localizada na Av. Leitão da Silva, em Vitória. Como eu também recebia meus pagamentos na citada agência, fui com Claudiomar até o Banestes. Ao chegarmos, ficamos espantados com a quilométrica fila formada. Observando que eu estava assustado, Claudiomar falou: “João Vicente, quem lhe disse que você e eu iremos entrar nessa fila?” Mais espantado, ainda, retruquei: “Claudiomar, o que você poderá fazer para não ficar na fila?”. Claudiomar sorriu e afirmou: “Preste atenção no que farei agora”. Claudiomar abriu a porta de seu carro e retirou um aparelho marca-passo (aquele que é usado para verificar batimentos cardíacos), colocando-o no braço direito. Pediu-me que o ajudasse a caminhar até a porta de entrada do banco, e, falando com dificuldade, solicitou ao vigilante que o conduzisse até a gerência. O vigilante, todo solícito, conduziu Claudiomar (fui junto como acompanhante) à gerente, que, penalizada com o estado de saúde de meu ex-colega, pediu que ele e eu ficássemos na sala dela, pois iria pessoalmente pegar nossos salários, o que realmente foi feito. Depois de recebermos os valores aos quais tínhamos direito, Claudiomar balbuciou um agradecimento e saiu comigo da agência. Chegando ao carro, retirou do braço o marca-passo, ligou o veículo e retornou para o centro de Vitória. Como se costuma dizer, Claudiomar precisava passar óleo de peroba no rosto, pois era um autêntico “cara-de-pau”.
  • 16. 16 PARADO NO TRÂNSITO Saulo de Tarso, ou simplesmente Saulinho, um grande amigo mineiro, trabalhou durante algum tempo na Polícia Civil de Minas gerais. Seu espírito brincalhão era uma das características marcantes de sua personalidade. Quando o trânsito em Belo Horizonte, no horário de almoço, ficava tumultuado, Saulo ligava a sirene da viatura, abrindo caminho até chegar em casa. Em outras oportunidades, se algum motorista mais afoito ficasse buzinando atrás de seu carro, Saulo desligava o motor, saia tranquilamente e colocava o triângulo sinalizador utilizado quando surgia defeito mecânico, contudo, nenhum defeito ocorria e ele, simplesmente, fingia mexer em determinada peça, esperava o motorista apressado sair do local, recolhia o triângulo, ligava a ignição e dava a partida normalmente. Atualmente, Saulo é funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal, e, juntamente com sua esposa, está percorrendo o Brasil em seu ônibus/casa, dotado de todo conforto. N.A.: Saulo, ou Saulinho, meu amigo/irmão, faz parte do seleto grupo de pessoas que, quando nutrem sentimentos de amizade por alguém, são realmente amigos em quaisquer ocasiões. Este preito é, antes e acima de tudo, um reconhecimento meu, pessoal, pelo apoio que recebi dele quando experimentei momentos de inquietude espiritual, em decorrência de acontecimentos que foram provações das quais eu não poderia fugir. Portanto, ao Saulinho e à Orny, sua esposa, sinceros agradecimentos por me considerarem, ao longo de mais de trinta e sete anos, como amigo ao qual proporcionaram paz de espírito.
  • 17. 17 O HOMEM SHOW IUNENSE Nego Delmo, como é popularmente conhecido em Iúna, é um de meus melhores amigos. Vindo a Vila Velha, ficou hospedado em minha casa. Muito divertido, quis conhecer uma casa noturna, mais especificamente de “strip-tease”. Minha esposa e eu, que já conhecíamos a boate Lady Laura, levamos Nego Delmo para conhecê-la. Lá chegando, apresentamos a ele as garotas que eram nossas conhecidas. Logo, logo, Nego Delmo ficou rodeado de mulheres. Querendo assistir a um dos shows, chamou uma das mulheres para exibir seu talento, na arte de dançar e tirar a roupa. Durante a apresentação da garota, Nego Delmo saiu de sua poltrona e começou a dançar com a mulher que se exibia. O detalhe que mais chamou a atenção de todos foi que Nego Delmo dançava no ritmo certo da música e se esfregava no corpo da mulher, rebolando com ela como se se fosse parceiro de longa data. Até os homens, acostumados com os shows só das mulheres, aplaudiram Nego Delmo durante e no final da apresentação da “strepear”. Nego Delmo fez tudo; só não tirou sua roupa, claro!!
  • 18. 18 A VINGANÇA DA DAMA DA NOITE Meu sobrinho, Lúcio Aurélio, foi se submeter a testes no Cruzeiro Esporte Clube. Ficou hospedado em minha casa por um bom período, aguardando sua contratação, já que havia sido aprovado pelo falecido treinador, Yustrich, que se encantou com o futebol apresentado por Lúcio, ou Lúcio Bala, como era conhecido no Espírito Santo, atuando pela Desportiva. Fora dos gramados, Lúcio tinha suas paqueras e uma delas, uma garota de programa, arrastava correntes por gostar muito dele. Lúcio sabia sobre as atividades da moça, mas, por ser solteiro e não se preocupar, na época, com o futuro, mantinha um relacionamento sem compromisso com a garota. Durante algum tempo, ficou sem se encontrar com a mulher. Achei estranho, até porque a garota era bonita de rosto e de corpo, porém Lúcio não me deu uma explicação plausível que justificasse seu afastamento da mulher. Encontrei-me com a garota, no centro de Belo Horizonte, e, percebendo que ela estava irada, perguntei o motivo de tanta raiva. Ela respondeu: “Tio João Vicente, estou com ódio do safado de seu sobrinho, que me prometeu um monte de coisas e agora desapareceu. Não atende meus telefonemas ou manda dizer que não está em casa”. Ri bastante e resolvi, juntamente com ela, dar um susto em Lúcio, combinando uma armação que o deixasse assustado. Terminei minhas atividades no centro da cidade e retornei para casa, no bairro Planalto, por volta de dezessete horas. Ao chegar, percebi que o portão da garagem, que era também de entrada do imóvel, estava trancado, e, quando ia abri-lo, ouvi a voz de Lúcio me chamando. Olhei na direção da casa da então namorada dele, que insistentemente pedia que eu fosse até ele. Falei que não iria, pois estava cansado e entraria logo. Lúcio não se conteve e como um foguete, correu até onde eu estava e falou: “Tio João Vicente, fulana (prefiro não mencionar o nome da garota) ligou, não atendi, mas ela disse para Maria (a senhora, secretária do lar, que cuidava da limpeza e da elaboração da comida na casa) que vem quebrar tudo aqui, inclusive acabar comigo”. Segurei as gargalhadas e expliquei para Lúcio: “problema seu, aguente as pontas agora, pois eu lhe adverti constantemente que ferir os sentimentos de uma garota de programa é um perigo. Vou para dentro e venha também”. “Não, tio, se eu entrar e ela me encontrar, vai querer me bater”. Então, percebendo que Lúcio estava apavorado, contei a verdade, explicando que tinha combinado tudo com a moça. Acredito que Lúcio tenha aprendido a lição, pois a vingança de uma dama da noite quase sempre é significado de confusão. N.A.: apesar de ter sido aprovado nos testes que realizou no Cruzeiro, Lúcio não foi contratado porque houve mudança de presidente e a nova diretoria não contratou os jogadores aprovados por Yustrich, que foi demitido.
  • 19. 19 CRAQUE NA TERRA; CRAQUE NA ETERNIDADE O falecido Robson Garcia praticava um futebol digno dos melhores craques, considerados diferenciados. Morando em Belo Horizonte, sendo cruzeirense e conhecido de Benecy Queiroz, supervisor de futebol da equipe celeste, resolvi levar Robson para se submeter a testes nas equipes de base do Cruzeiro. Na época, os juniores eram treinados pelo também falecido Yustrich, considerado de linha dura e disciplinador. Ao se apresentar para seu primeiro treino, Robson foi chamado por Yustrich, explicando que gostava de atuar como quarto zagueiro. Indagou ao respeitado treinador como queria que jogasse e recebeu a seguinte resposta (eu ficava sempre na arquibancada de um dos campos de treinamento da Toca da Raposa, atrás de Yustrich e ouvia muito bem o que ele dizia a seus jogadores): “está vendo aquele centroavante lá, que é ligeiro, inteligente e nenhum zagueiro consegue pará-lo?”. Robson olhou para o atacante, cujo nome era Emílio, e voltou a indagar: “Posso jogar do meu jeito?” Yustrich aquiesceu e Robson entrou em campo. No primeiro lance em que Emílio tentou passar por Robson, este o tirou da jogada usando o ombro direito e Emilio desabou, olhando para seu treinador e reclamando que havia sido lançado no gramado por um lance faltoso de Robson. Yustrich levantou-se e gritou: “Isso mesmo, menino, pau nele, que até agora só tinha encontrado moleza e estava driblando todo mundo. Continue jogando assim, pois é desse jeito que gosto de zagueiro”. No final do treino, chamou Robson à parte e determinou que ele voltasse no dia seguinte para treinar novamente. Robson retornou, continuou agradando ao treinador e logo foi incluído no plantel cruzeirense. Às vezes, chegava em casa tão cansado, que mal conseguia banhar- se e comer alguma coisa, pois caía na cama e dormia a sono solto. Robson entrou no time titular e não saiu mais. Como Yustrich passou a comandar a equipe principal, João Francisco, um conceituado técnico, ocupou a sua vaga. Meses se passaram, tornei-me amigo de João Francisco e um dia recebi uma ligação telefônica dele, reclamando que Robson estava dando trabalho nos treinamentos. Como eu sabia que Robson detestava ficar como reserva, disse a João Francisco: “Xará, o Robson adora um banco. Deixe-o fora em alguns jogos”. João Francisco riu e afirmou-me que realmente seria uma boa medida punitiva. O campeonato de juniores estava terminando (faltavam umas quatro rodadas) e Robson voltava dos treinamentos “bufando”, já que fora retirado do time titular. A decisão do certame apontou Atlético e Cruzeiro como primeiro e segundo colocados, com o Galo podendo empatar para ser campeão. Liguei para João Francisco, que me confidenciou que Robson seria escalado para o jogo decisivo, mas pediu-me que não permitisse que Robson ficasse sabendo.
  • 20. 20 Momentos antes da partida, João Francisco escalou a equipe cruzeirense, com Robson como quarto zagueiro. Cheguei cedo ao estádio e fiquei, como sempre, atrás do banco do Cruzeiro. Robson parecia um leão dentro do campo e parava os atacantes do Atlético, que não conseguiam furar o bloqueio que a defesa azul e branca montara. Porém, o resultado não interessava ao Cruzeiro, que, para conquistar o título, teria que vencer o jogo. Terminado o primeiro tempo, Robson saiu de campo com a camisa toda molhada de suor. Reiniciada a disputa, o placar teimosamente mostrava um zero a zero preocupante. Faltando dez minutos para o encerramento do jogo e com a torcida atleticana iniciando seus gritos de “é campeão”, o árbitro marcou falta sofrida por Emílio nas proximidades de um dos lados da grande área. João Francisco gritou: “Robson, vá cobrar, capriche e faça o gol do título!”. Robson pegou a bola carinhosamente, ajeitou-a no gramado e chutou-a com a força que ele demonstrava nas cobranças de faltas. A bola entrou no ângulo esquerdo, sem nenhuma chance de defesa para o goleiro do Atlético. Robson saiu pulando e gritando muito, correndo até João Francisco, que o abraçou e beijou, elogiando-o pelo rendimento durante a partida e pela cobrança que resultou na conquista do campeonato. Ao agradecer a seu treinador, pela escalação para o jogo decisivo, João Francisco virou-se para onde eu estava e falou: “agradeça a seu cunhado João Vicente, que me sugeriu, para acabar com a sua rebeldia, que o deixasse no banco em alguns jogos”. Robson riu para mim, fazendo o sinal de positivo. Quando ele e eu saímos do estádio, Robson, entre agradecido e realizado, abraçou-me, demonstrando toda a sua emoção. Robson atuou ainda pelo Uberaba, São José do Rio Preto e foi convocado para a Seleção Brasileira de Juniores. Agora, certamente Robson está disputando e ganhando campeonatos por algum time da Eternidade, com o mesmo talento daqui, pois foi e será sempre um craque do futebol, e, em especial, do amor que recebeu das pessoas que tiveram o privilégio de conviver com ele, que, igualmente, amou essas pessoas. Quero, nesta homenagem póstuma que faço a Robson Garcia, homenagear também a seus pais, Lino Garcia e Deonila Bortolon Garcia, assim como a seus irmãos, irmãs e a meu filho, Fabrício Carlo Garcia Rios.
  • 21. 21 VETERINÁRIO SEM DIPLOMA Meu falecido irmão, Luis Augusto, foi um homem que recebia de seus parentes, amigos e conhecidos, sentimentos de amizade sincera, não só como cidadão comum, mas também como veterinário prático. Luis do Checo, como era mais conhecido, não tinha formação superior, porém dominava tudo que se relacionasse ao trato com animais. Conhecia todas as doenças e os medicamentos referentes a bovinos, caprinos, suínos, muares e quaisquer outras espécies de animais. Escrevia suas receitas até em papel para embrulhar pães, não se preocupando em utilizar receituário sofisticado. Um especialista do setor, de quem fiquei amigo, depois de insistir durante meses em aprender sozinho o que Luis já sabia, solicitou-me que indagasse de meu irmão sobre a possibilidade de aprimorar seus conhecimentos práticos, pois a teoria assimilada na faculdade não estava sendo suficiente para o tratamento e cura dos animais levados à sua apreciação. Luis, não só concordou, como se colocou à disposição do veterinário formado, enfatizando que este poderia acompanhá-lo em suas visitas aos locais onde a presença dele era solicitada. Desnecessário explicar que em alguns meses o meu amigo aprendeu tudo que precisava aprender, recebendo de Luis, além dos ensinamentos desejados, indicações de clientes que meu irmão atendia. Certa vez, comparecendo na fazenda de um de seus clientes, para verificar o que estava acontecendo com uma vaca, Luis, ao examiná-la, afirmou ao dono do animal: “esta vaca está com câncer no estômago”. O proprietário da vaca riu e contestou o diagnóstico de Luis, que, sem pestanejar, retrucou, desafiou o incrédulo fazendeiro, afirmando que se a vaca não estivesse com câncer, pagaria o preço da novilha (apontou para a novilha) que estava próxima à vaca, porém, se porventura o câncer existisse no animal, ganharia a novilha. Prontamente, o fazendeiro concordou. Ao abrir a barriga da vaca, o estômago da mesma estava todo tomado pela doença. Ainda não acreditando no que acabara de ver, o fazendeiro autorizou Luis a pegar a novilha que ele, há algum tempo, estava desejando. Nesta homenagem “post mortem” que presto a meu saudoso irmão Luis Augusto, homenageio a estimada Zélia, viúva dele, homenageando ainda a Petrina Lúcia, Lúcio Aurélio, Luis Augusto (Guto) e Lucélia, filhos, extensivamente a todos os demais familiares, que, tendo conhecido ou não o “Luis do Checo”, ficaram sabendo que ele foi importante na constituição de uma história que o tempo não apagou.
  • 22. 22 A MULHER AMADA POR UM HOMEM BRAVO Maria José Scardini, ou simplesmente Zezé, minha prima, tinha um espírito alegre e imensa simpatia ao se relacionar com parentes, amigos e conhecidos. Participava de quase todas as atividades que a rapaziada e a moçada promoviam. Duas ou três vezes por semana, reunia o pessoal em sua casa para jogar buraco ou canastra. Decidida a entregar seu coração a Amado Florindo, deu início ao namoro que resultou em casamento. Amado não admitia que alguém se engraçasse com Zezé, pois seu ciúme era intenso. Em uma noite, quando a turma estava em frente de sua casa, conversando animadamente, Amado apareceu nervoso, agitado, demonstrando certo descontrole emocional, causando espanto nos rapazes e moças presentes, dentre os quais se encontrava Petito, que, embora tentasse esconder seus sentimentos, nutria interesse por Zezé. Amado gritou, riscando uma peixeira na calçada, cujas fagulhas acompanhavam o movimento do local riscado: “quero ver quem é o macho atrevido que está querendo paquerar minha namorada”. Petito, de mulato ficou branco e Amado não se conteve, riscando novamente o cimento e soltando palavrões pesados. Percebendo que a situação poderia ficar pior, pedi a Amado que se tranquilizasse porque ninguém queria paquerar Zezé. Convidei-o a sair e ele, que tinha muita consideração por mim, recolheu a peixeira e me acompanhou. Zezé não interferiu porque sabia o quanto Amado ficava bravo nos momentos de descontrole emocional. Quando retornei com Amado, os rapazes e as moças já haviam se retirado e então, com os ânimos acalmados, Amado entrou e foi, enfim, namorar. Hoje, Amado e Zezé não são mais marido e mulher, porém, por terem constituído uma família juntos, merecem as homenagens que agora lhes dedico, convicto de que as lembranças do passado jamais poderão ser apagadas da memória das pessoas queridas. Homenageio, também, o amigão Petito, que por algum tempo fez parte de meu viver, por convivência esportiva, e, em especial, por frequentar a casa de Lino Garcia e Deonila Bortolon Garcia, onde morei ao lado de minha primeira esposa e de meu filho, Fabrício Carlo.
  • 23. 23 A PESCARIA Uma das melhores virtudes do “velho Checo” era seu espírito brincalhão, divertido. Sempre estava inventando uma atividade diferente para que os filhos pudessem se divertir. No período de férias escolares, quando papai e mamãe recebiam as visitas dos sobrinhos que residiam fora de Iúna, o “velho Checo” gostava de levar todos para um bom banho de cachoeira ou uma relaxante pescaria. Estando a turma toda reunida, papai pediu a mamãe que preparasse um caldeirão de frango assado, arroz, farofa, salada e sucos, pois no dia seguinte, bem cedo, o pessoal iria pescar. Realmente, nem bem amanheceu, saímos para a tal pescaria. Papai nos levou até a antiga usina elétrica, onde, segundo ele, havia peixes em abundância. Marcus Antônio, Dulcino, eu, assim como os primos que estavam conosco. recebemos varas de pescar, por volta de nove da manhã. Lá pelas dez e meia, papai chamou-nos para almoçar. Terminado o almoço, o “velho Checo” afirmou: “pessoal, já pescamos bastante e podemos voltar agora”. Olhamos uns para os outros, não entendendo nada, já que nenhum peixe havia sido pescado. Porém, todo o material foi recolhido e retornamos para casa. Antes de chegarmos, papai passou na casa de um pescador conhecido e comprou uma boa quantidade de traíras, bagres e acarás, distribuindo os peixes a cada um de seus filhos e sobrinhos. Mamãe, acostumada com as brincadeiras de papai, recebeu-nos sorridente, indagando: “e então, a pescaria foi boa?”. Papai respondeu: “Dalila, os meninos pescaram os peixes que estão conduzindo”. Minha saudosa mãe não se conteve e abriu uma gostosa gargalhada, dizendo: “é claro que todos pescaram e é claro, ainda, que o almoço à beira do rio foi excelente porque não sobrou nem um grão de arroz ou pedaço de frango” Mamãe, meus irmãos e eu, ficávamos preocupados quando papai não exibia o seu sorriso habitual. Se ele ficava enrolando uma de suas sobrancelhas, cada um de nós sabia que alguma coisa não estava legal. Entretanto, o semblante alegre de papai não ficava muito tempo triste, tendo em vista que, como ele mesmo explicava, “tristeza não pagava dívida”.
  • 24. 24 O EMPREENDEDOR CORAJOSO Todo ideal nasce da vontade de uma ou várias pessoas. Qualquer sonho, por mais simples que seja, não deve ser menosprezado por ninguém. A realização de anseios é direito que se adquire a partir do momento em que o ideal é materializado e o sonho passa a ser realidade. O surgimento de uma empresa, seja ela qual for, acontece graças ao espírito empreendedor de alguém dotado de inteligência e capacidade realizadora. Quando José Salotto decidiu fundar um jornal em Iúna, teve que enfrentar diversos obstáculos financeiros e falta de incentivo por parte de quem não acreditava em sua capacidade empreendedora. Fosse José Salotto um homem de espírito fraco, teria desistido e abandonado a fundação de um órgão noticioso que divulgasse as ocorrências de relevância de Iúna e região. Contudo, José Salotto, ignorando a ironia e o deboche de uma minoria acostumada a criticar as ideias voltadas para o crescimento do município iunense, arregaçou as mangas de sua camisa e deu início à publicação do periódico cujo nome demonstrava estar compatível com a dinâmica jornalística. Cada nova edição de A Notícia provocava reações positivas nas pessoas que acreditavam no sucesso do empreendimento e diminuía o descrédito daqueles que não confiavam que tal sucesso seria obtido. Ainda enfrentando dificuldades para colocar nas ruas o jornal que ia se transformando em excelente ferramenta de divulgação dos acontecimentos importantes de Iúna e municípios vizinhos, José Salotto, pessoalmente ou através de um de seus poucos colaboradores, entregava os jornais de porta em porta, sem nenhuma recompensa financeira. O tempo passou, e, em virtude do meritório crescimento do jornal, José Salotto foi modernizando máquinas e equipamentos indispensáveis à impressão de A Notícia do Caparaó, a nova denominação do órgão noticioso que já era procurado e lido por centenas, milhares de iunenses e habitantes de outras cidades capixabas e mineiras. Hodiernamente, A Notícia do Caparaó é um jornal de suma importância para assinantes e os que compram suas edições avulsas O empreendedor corajoso conseguiu a vitória que no passado quis. O empreendedor corajoso, juntamente com sua ex-esposa e seus funcionários, aprimorou a qualidade editorial do jornal, tornando-o visualmente mais bonito e funcionalmente comparável aos jornais de médio porte. O empreendedor corajoso, sensível, obstinado e otimista, possui agora uma respeitável empresa jornalística que enche de orgulho o valoroso povo iunense. O empreendedor corajoso não só me encheu de orgulho, como também me incluiu no rol das pessoas, que, desde o começo das publicações do jornal,
  • 25. 25 acreditaram que o êxito do empreendimento surgiria, pois José Salotto nunca esmoreceu, perdeu o ânimo ou se abateu com as críticas dos incrédulos.
  • 26. 26 BOM DE BOLA, BOM DE BOTINADA Amado foi um dos componentes do plantel do Rio Pardo Futebol Clube que, sob o meu comando técnico, ficou catorze partidas invicto. No Campeonato Sulino de 1972, a equipe rio-pardense ocupava o primeiro lugar na tabela de classificação, e, faltando poucas rodadas para o término do certame, recebeu a equipe do Estrela, de Cachoeiro de Itapemirim, no Estádio “Antônio Osório Pereira”. A defesa do alvirrubro de Iúna não atuava bem e o centroavante estrelense, Kiko, driblador de primeira, deitava e rolava, promovendo uma bagunça para cima dos zagueiros do time iunense. O placar apontava 1 a 0 para o Estrela, já no segundo tempo. Ao ser driblado mais uma vez por Kiko, Amado olhou para mim, abriu os braços, como se estivesse me perguntando o que deveria fazer para impedir que o arisco centroavante continuasse passando por ele. Aí, gritei para Amado: “onde está a sua valentia?”. “pare esse cara, Amado!”. Amado balançou a cabeça afirmativamente e na primeira tentativa de Kiko em driblá-lo novamente, atingiu a “canela” do competente atacante estrelense, que, gemendo de dor, teve que sair de campo na maca e não retornou mais, sendo substituído por outro jogados, que, claro, não chegava nem perto de Amado. Como o ataque do Estrela, sem Kiko, não se mostrava mais eficiente, tranquilizei os jogadores do Rio Pardo, que conseguiu empatar e quase no final virar o jogo, cujo resultado final foi 2 a 1. Terminada a partida, no vestiário cumprimentei a todos e adverti Amado pela dureza do lance que acabou tirando de campo o melhor jogador estrelense. Amado abriu um largo sorriso e disse-me: “você me falou que era para parar o Kiko e eu parei, não parei?”. Fiquei em silêncio e sai do vestiário. Amado usou a chamada força excessiva, porém, essa força anulou o Estrela e ocasionou a virada do Rio Pardo, que acabou conquistando o título de campeão, empatando em 0 a 0 com o Cachoeiro.
  • 27. 27 O SORTEIO DO ÁRBITRO Pertencendo ao quadro de árbitros da Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim, fui escolhido, juntamente com mais dois árbitros, para a escolha de quem iria dirigir os jogos entre Cachoeiro, da cidade do mesmo nome e Ordem e Progresso, de Bom Jesus do Norte. No primeiro jogo, realizado em Bom Jesus, o sorteado fui eu e o Ordem e Progresso obteve a vitória por 1 a 0. No segundo, novamente fui sorteado. Estranhei, mas não questionei ninguém sobre minha “sorte” repentina. O jogo aconteceu no estádio do Cachoeiro, que venceu também por 1 a 0. Como cada time venceu e havendo empate em pontos e gols, sem nenhuma vantagem para um ou outro, foi necessária a realização do terceiro jogo, em campo neutro e a cidade indicada pela Liga foi Rio Novo do Sul. Ao retirar a bolinha onde deveriam estar escritos o meu nome e dos outros dois árbitros, o saudoso Mário Monteiro, então presidente da LDCI, acompanhado dos dirigentes de Cachoeiro e Ordem e Progresso, anunciou que eu dirigiria também a partida decisiva. Discretamente, chamei o Sr. Mário Monteiro e perguntei: “presidente, nunca fui tão sortudo em sorteios e acredito que o senhor possa me explicar o que houve nos sorteios anteriores e neste de agora”. O sisudo Mário Monteiro abraçou-me, riu e afirmou: “João Vicente, os dois presidentes me solicitaram que escrevesse nas três bolinhas dos sorteios apenas o seu nome, em reconhecimento à sua eleição como melhor árbitro do campeonato”. Apitei a decisão, vencida pelo Ordem e Progresso (na época um timaço) por 2 a 0. Como houve um jogo festivo entre o campeão e uma seleção dos demais times que disputaram a competição, pedi ao Sr. Mário Monteiro que permitisse que um dos dois árbitros que nos jogos anteriores atuaram como meus assistentes, dirigisse a partida. Até hoje guardo a minha carteira de árbitro da Liga Desportiva de Cachoeiro de Itapemirim.
  • 28. 28 Parte II – Poesias Que Me Encantam Escrever poesias é um dom de quem possui talento e sensibilidade, indispensáveis ao desenvolvimento de temas resultantes da vontade idealizadora do autor de uma obra literária. Quis, ao mesclar contos com poesias, abrir meu coração para que todas as pessoas que respeito e admiro possam se sentir homenageadas. Aproveito o ensejo para pedir desculpas a quem não foi incluído neste livro, pois é complexa a citação de todos os nomes de homens e mulheres que fizeram, fazem e farão parte de minha vida. Muitas poesias deverão, ainda que não contenham os nomes identificadores, ser reconhecidas, assim como os contos, já que os apelidos não impedirão aos homenageados e às homenageadas, terem certeza de que escrevi para eles e para elas. Assim, “Contos Que Conto e Poesias Que Me Encantam”, será mais uma demonstração do imenso apreço que nutro pelas pessoas que, direta ou indiretamente, estiveram comigo em meus momentos alegres e tristes, felizes e infelizes, enfim, de meus êxitos e fracassos.
  • 29. 29 BANANAS DO RACISMO Normalmente, joga-se banana para macaco que é apreciador da fruta e isso faz parte de sua alimentação para amenizar excesso de força bruta. Porém, de algum tempo para cá racistas tresloucados têm atirado banana nos gramados europeus com o objetivo de ofenderem brasileiros que estão lá brasileiros negros, conterrâneos seus e meus. Brasileiros negros que são artistas da bola que de seus pés para o sucesso rola defendendo ou atacando para conquistarem a vitória que engrandecem suas histórias. Todo racista acredita que é um ser superior porque sua pele é branca porém não se lembra de que sua mente é inferior e sua dignidade não é franca. Não se lembra, ainda, que seu sangue é vermelho como do negro que faz uso de vaso sanitário que também é usado pelo negro e que o negro foi escravo da opressão em muitos países onde ele já fincara suas primeiras raízes. Não se lembra, enfim de que a saúde do negro é boa mesmo quando trabalha debaixo de sol forte não se permitindo fica à toa enquanto o branco, doente, lamenta sua sina, sua sorte. Bananas do racismo lançadas para que o negro se sinta pequeno imaginando ser o senhor da verdade, da razão quando impõe ao negro sua destruidora opressão. Bananas enganosas bananas que contém desrespeito bananas venenosas de quem tem preconceito no peito.
  • 30. 30 QUEM TEM MEDO DA MORTE? Muita gente sente arrepios ao ouvir a palavra morte sentindo calafrios percorrendo o corpo demonstrando medo forte que anuncia falta de sorte. Porém, há quem não tem medo de morrer afirmando que a morte faz parte do viver e que, na verdade, a morte é início de outra vida que certamente será menos sofrida. Algumas pessoas mencionam espíritos outras falam sobre almas explicando que existe vida após a morte onde se encontra imensa calma. Então, morrer não é o fim quando se sabe que todos retornam para cá e se há crença em você, em mim tudo é mais encantador do lado de lá. Não ter medo da morte é virtude de quem quer viver em paz praticando o bem sem olhar a quem que o bem sabe praticar também. Pior, muito pior que ter medo de morrer é matar os sonhos de quem se ama não permitindo que um futuro possa escolher ou apagar a chama da esperança que por amor se inflama. Enfim, ninguém consegue de seu desígnio fugir porque Deus sabe o que é melhor para seus filhos e somente Ele sabe qual é a hora certa para decidir se alguém encontrará a porta do Paraíso fechada ou aberta.
  • 31. 31 JOÃO XXIII, OU SANTO ÂNGELO João XXIII, nascido Ângelo Giuseppe Roncalli o Papa Bom, até que enfim foi declarado santo sendo agora reconhecido em todo o mundo para continuar distribuindo amor profundo. O catolicismo começou a mudar no papado de João XXIII pelas transformações realizadas por ele no Vaticano pelos métodos revolucionários que fez e pelas tramoias sigilosas que desfez. Sua determinação resultou na divulgação de tudo que estava escondido guardado durante muito tempo nos arquivos até então inatingíveis que os controladores da Santa Sé trancavam a sete chaves antes, durante e após os conclaves. Acreditavam esses controladores que João XXIII seria um Papa como os outros que se preocuparia apenas em aumentar a confiança do povo acostumado a ver um Papa sem vontade própria e que não criava nada de novo. Entretanto, João XXIII surpreendeu quem imaginou que ele fosse cordato que cumprisse apenas seus compromissos como Pontífice pois passou a divulgar, inclusive, o montante dos tesouros compostos de quadros valiosos, prata, e muito, muito ouro. Então, começaram as intrigas dos aproveitadores que ocupavam cargos importantes tentando impedir que o Santo Sacerdote continuasse realizando ações marcantes que certamente mostrariam as falcatruas de vários anos encobertas por gente que cometia enganos por debaixo de imundos panos. Oito foram as encíclicas escritas pelo Papa Bom e as principais receberam os nomes de Mater et Magistra e Pacem in Terris pelas quais demonstrou a força de sua personalidade forte calada com a ocorrência de sua estranha morte. Sua voz se calou o sentimento de amor pelo povo abalou deixando a certeza de que outro Papa seria eleito para continuar o que ele não havia feito.
  • 32. 32 VIVER DE ILUSÃO Vivia de ilusão não ouvia a voz da razão acreditando que pudesse fazer o que quisesse sem se importar com o que alguém alguma coisa fizesse. Julgava-se superior a tudo elogiava sua própria imagem fantasiando um mundo que somente em sua mente existia sem conseguir esconder a insignificância de sua vida vazia. Se havia alguma em emoção em seu coração essa emoção era fria, insensível sem o calor que faz a face robustecer e o melhor anseio rapidamente aparecer. Não tinha ninguém para amar que pudesse pelo nome chamar ou ter a felicidade de ser amado para ter o seu nome chamado. Os anos foram passando e a velhice chegando ligeira tornando brancos os poucos fios de cabelo que ainda tinha e a ilusão, que fora sua constante companheira agora era uma alegria passageira. Sua arrogância foi substituída por um estranho sentimento incompreensível para quem sempre quis ser forte inaceitável para quem impunha seus argumentos acreditando que sua força só acabasse com a chegada da morte. Assim, isolado no mundo que criara para robustecer sua ilusão distante das pessoas que outrora maltratara o homem percebeu, enfim, que arruinara a nobreza de viver por jamais ter valorizado o seu bem-querer. Sem motivação para mudar sua maneira de agir deixou-se levar pelas asas da imaginação contudo, combalido, sem forças para reagir sentiu, pela primeira vez, a emoção entrar em seu coração.
  • 33. 33 Chorando, deitou-se em sua cama fechou os olhos e pediu proteção a Deus querendo receber Dele muita paz naquele momento para que pudesse, sem ilusão, acabar com seu tormento. De repente, entre assustado e feliz viu-se rodeado por seres sorridentes e toda a felicidade que sua ilusão não quis penetrou em sua alma iluminada por uma chama ardente. Levado para a Vida Eterna, onde não há ilusão o homem iria conhecer a verdade que deve existir em cada coração iria, ainda, arrepender-se de seus enganos porque na Eternidade ninguém se preocupa com a contagem de anos.
  • 34. 34 SENHORA DAS ALEGRIAS Do alto de uma montanha Onde foi construído um santuário importante É encontrada a Senhora das Alegrias A padroeira do povo de fé marcante. Em seu manto esse povo tem proteção Oferecida ao pulsar de cada coração Na procura constante de um viver feliz Que todo anseio um dia quis. Senhora das Alegrias, mãe carinhosa Que acolhe o clamor de seus filhos queridos Senhora das Alegrias, mãe dadivosa Bálsamo que cura os males sofridos. De suas mãos emana belíssima luz Que a todos os caminhos do bem conduz Para a afirmação da verdade E o enaltecimento da fraternidade. Senhora das Alegrias, desígnio santo Companheira inseparável de quem busca amor Voz suave que entoa singelo canto Sublimação comparada ao surgimento de uma flor. Senhora da Alegrias, Senhora da Penha Que abençoa o Espírito Santo Religiosidade festejada a cada ano Com profundo respeito e imenso encanto.
  • 35. 35 AMIGA AQUI, AMIGA LÁ Ela sofreu bastante Chorou mais que sorriu Não tinha sossego um só instante E a angústia seu coração feriu. Seu olhar era tristonho Seu desencanto bisonho E até mesmo dormindo não tinha paz Pois seus sonhos não eram bons jamais. Um dia, conheci a mulher que sofria Quando fui com minha esposa me divertir E o sofrimento que nela havia Demonstrava que em seu viver não existia alegria. A mulher, então, abriu seu coração Contando suas amarguras, com emoção E eu e minha esposa ouvimos seus lamentos Compreendendo a razão de seus tormentos. Os anos se passaram depressa A amizade com a mulher ficou forte Que já demonstrava estar feliz, alegre Ao perceber que havia mudança em sua sorte. A mulher casou-se e foi embora Para morar na cidade chamada Turim E a saudade dela, agora Invadiu o coração de minha esposa e se apossou de mim. De seu ventre nasceram duas crianças Que lhe devolveram a confiança, a esperança Porém, a mulher não se mostrava completamente feliz E a vida que tinha não era o que ela quis.
  • 36. 36 EM NOME DO PAI, DO FILHO E ... DE MINAS GERAIS Quando Minas e Espírito Santo disputavam posse de terras Localizadas na divisa dos dois estados conflitantes Na grande extensão de planícies e serras De caminhos longos, distantes. Nenhum sacerdote permanecia muito tempo em Mantena Pois era sumariamente assassinado Sem que alguém pudesse explicar a razão De tanta fúria que fazia calar o coração. Então, indignado com a situação O arcebispo de Belo Horizonte resolveu enviar para lá um padre espertalhão Acreditando que o mesmo fosse morto Já que era um religioso de procedimento torto. Passaram-se dois, três meses E o padre continuava vivo Surpreendendo a todos que viram padres mortos em outras vezes E agora o espertalhão estava lá, ativo. Após seis meses, o arcebispo viajou para a cidade mineira Lá encontrando o sacerdote sorridente, feliz, cheio de vida Que, beijando a mão de seu superior Afirmou que nunca teve em seu corpo qualquer ferida. O incrédulo arcebispo , então, indagou ao padre: “Afinal, por que o senhor ainda não morreu?” E o padre, sempre rindo, respondeu: “Eminência, os meus antecessores foram culpados por tudo que ocorreu”. Quando os padres davam suas bênçãos Erguendo ao céu as mãos Diziam: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo E aí era tiro para todos os cantos. Já eu, ao abençoar o povo, falo Em nome do Pai, do Filho e de Minas Gerais Até agora continuo falando, não me calo E por isso os mineiros não me atacam jamais.
  • 37. 37 OS CHIFRES DO ZÉ Zé estava desconfiado que sua mulher o traía E por sua desconfiança muito sofria Dizendo a todos que iria se matar Porque em sua cabeça chifre ninguém iria plantar. Então, em determinado dia Alguém foi correndo chamar a mulher do Zé Que estava no terraço de um prédio ameaçando de lá pular E a todo momento mostrava os pés, que, para pular, iria usar. A multidão rezava e pedia ao Zé para dali sair E ele, irredutível, repetia que iria de propósito cair Chorando copiosamente e coçando a testa Enquanto alguns achavam aquilo uma festa. Até o padre da cidade foi chamado Para convencer o Zé a desistir de sua vontade louca E o sacerdote, um homem intelectualmente preparado Por causa do barulho, não conseguia abrir a boca. Finalmente, chegando ao local, a mulher do Zé gritou: “Zé, seu burro, desça daí, senão você vai morrer, “panaca” O que coloquei em sua cabeça foram chifres E não asas, “babaca”.
  • 38. 38 UM NOVO DIA; UMA NOVA EMOÇÃO Acordou Seu sono acabou Não tinha dormido direito Porque muita maldade tinha feito. Levantou-se Ligou o chuveiro Espantou-se Alguém entrou no banheiro, ligeiro. Molhou-se Deixando a água cair forte Virou-se percebendo mudança em sua sorte. Saiu do banheiro Puxando a mulher que estava ao seu lado Vestiu o roupão Sentindo o pulsar de seu coração. Olhou nos olhos da mulher Sem esconder o seu desejo E percebendo o desejo dela Entregou-se a abraços e beijos. Tirou o roupão Deitou-se na cama Trêmulo de emoção E pelo carinho da mulher que o chama. Tirou, também, as roupas da mulher Que, nua, beijou-o mais uma vez Encantando-se com a magia que havia No quarto onde antes não existia nenhuma alegria. Depois, dormiu Acariciado pela mulher que ama E seu sono agora era intenso Embalado pelo amor que recebia, imenso.
  • 39. 39 “VIUOLINO” ? Ele chegou a Iúna há vários anos Trouxe consigo a alegria de um homem sorridente Na esperança de melhorar sua vida Que até então fora difícil, sofrida. No começo, veio sozinho Deixando em Castelo esposa e filhos À espera, também, da realização de seus anseios Que pudessem acabar com indesejáveis devaneios. Abriu uma loja que não prosperou Mas, pacientemente, por outra chance esperou Para concretizar seu sonho de progredir Pois não queria fracassar, regredir. Sempre sorrindo, perguntava: “Viu o lino”, preto ou branco? E seu jeitão amigável a todos agradava Na manifestação de seu sorriso, aberto, franco. Até mesmo o bar que teve recebeu denominação diferente Conhecido como “Os Dez Ordeiros” Que, apesar de sugerir desordem, confusão Não causava nenhuma atribulação. Ingressou na política, participando da fundação do MDB Que mais tarde passou a ser PMDB E nele Lino permaneceu filiado, por amor Ouvindo do povo todo o clamor. Elegeu-se prefeito por duas vezes Procurando fazer Iúna crescer Ciente de que sua população merecia e merece o melhor No surgimento de cada alvorecer.
  • 40. 40 UM POETA TALENTOSO Ele nasceu pobre Com sentimento nobre Dotado de talento forte Que enriqueceu a sua sorte. Cresceu e muito aprendeu Esforçando-se para ser alguém Cultura geral conheceu Sem perder a simplicidade que tinha e tem. Escolheu a poesia para expandir seus conhecimentos Escrevendo com a tinta rubra do coração Mostrando um estilo diferente Extraído da força da emoção. Participou do livro de poesias que escrevi Honrando-me com talento que sai de seu peito Onde pulsa um coração amigo, dileto Que pela fraternidade está sempre por perto. Gilberto Pagani de Freitas é o seu nome Ou simplesmente, Bill, como é chamado Um poeta sensível, talentoso Um escritor cujo valor é por todos proclamado. João Vicente de Castro Rios
  • 41. 41 OLHOS BRILHANTES Olhos que brilham como cristal Confesso que nunca vi brilho igual Em uma face magnificamente bela Porém, meiga, suave, singela. Olhos que me sensibilizam Dando-me felicidade e alegria Conduzindo-me a caminhos da fantasia Pela magia que neles eu via. Olhos que choram quando sofrem Pelas desventuras sofridas por alguém Quando se depara com a maldade humana Que um coração sem emoção tem. Olhos que se emocionam com o sorriso de uma criança Ainda pequenina para nos adultos ter confiança Pois em seu mundo de sonhos Não há lugar para acontecimentos bisonhos. Olhos que se expressam sem usar palavras Porque, às vezes, um olhar fala tudo que se quer falar E que por instantes a voz não consegue reproduzir Graças, até, à timidez que faz essa voz calar. Olhos que procuram enxergar o futuro Procurando sempre o verdadeiro amor Para aumentar o pulsar dos corações Que não podem ser paralisados pela dor. Olhos brilhantes, de transparência constante Desvendando segredos de quem almeja felicidade Unindo pessoas a todo instante Que buscam a paz, a harmonia e a fraternidade.
  • 42. 42 DIA NACIONAL DA CERVEJA Sexta-feira é dia de alegria Um convite para festa De gente que procura fantasia Que no anseio do desejo se escondia. Sexta-feira tem balada na noite Tem, também, muita bebida Consumida para relaxar E uma paquera encontrar. Sexta-feira é dia de amar Para novas emoções proclamar Na explosão de novo sentimento Que marca o melhor momento. Sexta-feira faz pulsar o coração No encontro de quem é amigo No aperto sincero de cada mão Que acontece com você e comigo. Sexta-feira tem encantamento Enaltecimento de relacionamento Que já existia antes Em épocas mais distantes. Sexta-feira é, também, dia nacional da cerveja Que é chamada de “loirinha gelada” Consumida pela maioria, com certeza Servida quase congelada. Sexta-feira, um dia diferente De frenesi e excitação ardentes De beijar muito na boca Para satisfazer ânsia louca.
  • 43. 43 UM NOVO DIA Acordou Seu sono acabou Não tinha dormido direito Porque muita maldade tinha feito. Levantou-se Abriu o chuveiro Espantou-se Alguém entrou no banheiro ligeiro. Molhou-se Deixando a água cair forte Virou-se Percebendo mudança em sua sorte. Saiu do banheiro Puxando a mulher que estava ao seu lado Vestiu o roupão Sentindo o pulsar de seu coração. Olhou nos olhos da mulher Sem esconder o seu desejo E percebendo o desejo dela Cobriu-a de abraços e beijos. Tirou o roupão Deitou-se na cama Trêmulo de emoção Pelo carinho da mulher que o chama. Tirou, também, as roupas da mulher Que, nua, beijou-o mais uma vez Percebendo a magia que havia No quarto onde antes não existia alegria. Depois, dormiu Acariciado pela mulher que ama E seu sono agora era intenso Embalado por amor imenso.
  • 44. 44 LUCINHA, AMIGA DE ONTEM, DE HOJE, DE SEMPRE Não sou dono do coração dela Não fico com ela todos os dias Mas tenho a amizade que há nela Para enaltecer a minha alegria. Essa amizade não é privilégio meu Porque ela é amiga também de minha mulher Que muita admiração a Lucinha ofereceu No entendimento fraterno que cada uma quer. Lucinha enfrentou dificuldades Aceitando as provações da vida Pois jamais se abateu pela infelicidade Mesmo quando suas dores eram sofridas. Seu otimismo é marcante, constante Mostrado pelo sorriso em seu semblante Iluminado pela proteção que vem do Criador Na distribuição de amor. Minha mulher e eu guardamos Lucinha em nossos corações Incluindo-a nos pedidos de orações Para que continue a ser nossa amiga de todas as horas Como sempre foi e é agora. E, se a amizade é verdadeira pode durar a vida inteira permanecendo forte durante anos ainda que ocorram alguns enganos.
  • 45. 45 LEALDADE, ONDE ESTÁ VOCÊ? Quem se une a alguém usa a força que o amor tem quer dar felicidade para ser feliz abre seu coração, deixando fluir sua emoção até em um simples toque de mão. Quem se une a alguém deve ser leal respeitando para ser respeitado pois quando esse alguém exige respeito igual não deseja nunca que seus sentimentos sejam rejeitados. Quem se une a alguém não pode ser possessivo agindo maldosamente como animal agressivo que ataca sem saber o que é atacar e seu ataque ocorre para o amor matar. Quem se une a alguém sem amor no coração é um ser insensível, sem nenhuma emoção desprovido de qualquer sensação ou da preciosidade de uma devoção. Lealdade, onde está você? Por que foge e se deixa levar pela traição que tanto mal causa a alguém que é leal e imenso amor no coração tem. Lealdade, ah, lealdade não seja dominada pela falsidade volte a ser o que era antes quando a sua grandeza era importante.
  • 46. 46 SOLIDÃO SEM FIM Estou só tristemente só isolado em mim mesmo, chorando e ajuda divina implorando. Meu coração pulsa mais forte marcando o ritmo de minha triste sorte sabendo que ninguém virá me socorrer aumentando meu sofrimento, que me faz querer até morrer. Minhas lembranças me conduzem ao passado trazendo imagens que estavam esquecidas imagens essas da mulher que amei que me fez feliz na convivência que aclamei. Não consigo dominar minhas emoções que na verdade são sofridas recordações por todo o mal que causei à mulher amada que por mim não era mais aclamada. Dizem que arrependimento chega tarde e não adianta o arrependido promover alarde pois assim como a pedra lançada no pode retornar a palavra ofensiva não tem como se apagar. Estou só perdido em meus devaneios derramando lágrimas inúteis que maculam meus anseios. Estou só definitivamente só sem esperança de ser novamente feliz porque meu próprio infortúnio eu quis.
  • 47. 47 VIOLÊNCIA REVOLTANTE Violência em toda parte amedrontando pessoas de bem ceifando vidas valiosas mortas por bala que de arma terrível vem. Furtos, roubos, assassinatos que antes pouco havia Tráfico de drogas, prostituição, pedofilia Violência brutal que ocorre à luz do dia que no passado não ocorria. Cidades pequenas, cidades grandes Ruas sem movimento, ruas com movimento Cidadãos sem armas, bandidos com armas Opressão criminosa;. Terrível carma. Comerciantes assaltados desanimados, revoltados não suportando mais tanta agressão de quem os ameaça com revólver na mão. Residências invadidas crianças e adultos agredidos bens materiais dilapidados corpos violentados, feridos. Gente inocente e adolescentes sofrendo opressão molestados por estranhos e parentes seduzidos por argumentos mentirosos recompensados por dinheiro e presentes. Mulheres apanhando amparo procurando querendo não sofrerem mais pela infelicidade que a violência faz.
  • 48. 48 Autoridades omissas ignorando o medo da população preferindo repetir ações de outrora que não resolviam a perigosa situação. Recorrer ao Criador a expressão máxima do amor para acabar com a sina violenta de pessoas sem amor que ninguém agora aguenta.
  • 49. 49 AMORES DE OUTRORA; AMOR DE AGORA Fui jovem minha primeira namorada foi meu primeiro amor que fez pulsar forte meu coração na expressão maravilhosa de minha emoção. Esse amor, o maior de minha juventude que me motivou a ter fantasias e desejos manteve acesa a chama do calor que surgia quando eu recebia abraços e beijos. Amei e fui amado chamei por ela e por ela fui chamado dei e recebi felicidade intensa, constante alegrando nossos inesquecíveis instantes. Porém, ela teve que acompanhar seus pais mudando para outra cidade deixando-me intranquilo, sem paz e com o sentimento de grande saudade. O tempo passou nosso amor acabou ela outro amor encontrou e outro amor em meu viver entrou. Casei-me por muitos anos fui feliz com outro homem ela se casou meu futuro ao lado de outra mulher fiz. De minha unão nasceu um menino que durante dez anos esteve comigo recebendo amor, conforto e proteção como meu filho e amigo. Separei-me vivendo um ano sem amar ninguém curando as feridas abertas em meu coração até que pudesse encontrar alguém.
  • 50. 50 Encontrei esse alguém com quem vivi por dez anos esforçando-me para amar de novo embora o relacionamento tenha sido um triste engano. Separei-me mais uma vez atormentado pela infelicidade que ocorreu pois o que a mulher comigo fez silenciou o sentimento que em mim morreu. Imaginei que não queria mais amar ainda que alguma mulher ficasse a me chamar porque não desejava repetir os erros de antes que já pareciam tão distantes. Soltei o meu animal sexual querendo apenas prazer carnal sem me importar com o pulsar de meu coração ou com a manifestação de minha emoção. Contudo, Deus decidiu o contrário colocando em meu caminho uma mulher maravilhosa que também não pretendia amar novamente mas se rendeu ao amor completamente. Passaram-se dezessete anos a mulher negra, maravilhosa, continua comigo não existem desilusões, enganos hoje sou seu marido, amante e amigo. Os amores de outrora foram importantes entretanto, transformaram-se em lembranças distantes que ficaram guardadas no tempo que passou e que esses amores calou. O amor de agora é forte certamente só acabará com minha morte mas, até que Deus me leve para a Eternidade pedirei a Ele que mantenha a minha felicidade. Quero que Sônia Maria seja feliz pois sei que ela é a mulher de minha vida que verdadeiramente eu sempre quis para ser chamada todos os dias de querida.
  • 51. 51 AMIGO/IRMÃO Tenho um amigo que considero como irmão que jamais me causou decepção ao longo de anos de sincera amizade enraizada pela plenitude da fraternidade. Esse amigo está sempre comigo agindo como deve agir todo amigo ouvindo meus desabafos abrindo-me seus braços para dar e receber abraços. Ele também me fala de seus tormentos que entristecem seus momentos confiando em minha experiência de vida que no passado foi sofrida. Nunca duvidei de sua lealdade demonstrada em um simples afago de mãos na entrega mútua de sentimentos iguais que a verdadeira amizade faz. Amigo/irmão ou irmão/amigo não importa o significado da expressão porque o importante e ser amigo de verdade para transformar a amizade em fraternidade. Leandro é o seu nome que chamo carinhosamente de Lê apelido pequeno de um grande homem, que prezo bastante pois como seu amigo ele me vê. E nessa homenagem de amizade deixo sair de meu coração, do peito sentimento forte, com sinceridade que dedico ao amigo/irmão, com imenso respeito.
  • 52. 52 MARIANA, UM DOCE DE MULHER Um doce de mulher de sorriso franco, aberto, singelo simpatia que se quer alegria que se vê em seu rosto belo. Mulher de pés no chão sabendo por onde caminha ciente de que possui muita sorte porque sua mente é forte. Corpo esguio, provocante olhar penetrante, excitante aguçando anseios, desejos saciados por abraços e beijos. Mulher que é menina frágil, meiga, pequenina quando brinca como criança esbanjando confiança. Fala mansa, delicada que provoca encantamento personalidade carismática, diferente de quem dos amigos nunca está ausente. Mariana, um doce de mulher fonte de felicidade que seu companheiro dá e quer que pelo seu amor clama porque com muita força a ama. E, no futuro, quando quiser se lembrar deste pequeno poeta que se considera tio dessa mulher de imenso valor Mariana poderá ler o que foi escrito em sua homenagem para se convencer de que quem a ama não se esquece de sua imagem.
  • 53. 53 COR QUE ME ENCANTOU No passado, ela me olhava diferente seu olhar era provocante deixando-me sem jeito, sem reação e eu sentia enorme emoção. Quando passava por mim, tocava em minha mão colocando-a sobre seu coração para que eu sentisse sua pulsação e a sua incontrolável e trêmula sensação. Eu podia perceber o tremor de seu corpo aquecido pela ânsia que ela não escondia sussurrando palavras que eram convites à realização de desejos que nela havia. Não ganhei dela nenhum beijo embora em sua boca se percebesse desejo ardente, premente, inconsequente volúpia extasiante, quente. Quis, ah, como quis dizer para ela que eu a desejava para ser feliz e realizar os sonhos que almejava. Mas, eu tinha ao meu lado outra mulher e não podia expressar meus sentimentos falando das fantasias que me excitavam dia a dia na idealização de momentos de alegria. Hoje, ela tem um companheiro eu tenho uma mulher da qual sou parceiro e como sei que o que passou, passou resta-me recordar da cor dela, que me encantou.
  • 54. 54 O PÁSSARO FUJÃO Estou no céu ao leu livre como pássaro que fugiu da prisão de quem o pegara por diversão. Estou no céu colorido imenso, misterioso, fascinante como um jardim florido de beleza deslumbrante. Estou no céu colorido, encantado de magia sem fim pelo poeta sempre comentado ou pela emoção que há em mim. Estou no céu colorido, encantado, provocante que brilha no fulgor de estrelas mil iluminado pela luz que sumiu por ciúme que de outra luz sentiu. Estou no céu onde surge a lua flagrando amantes na rua trocando juras de amor entre beijos de intenso ardor. Estou no céu, ouvindo o pulsar de meu coração querendo até voar como se fosse o pássaro fujão que não mais se deixa aprisionar. Então, assim como o pássaro fujão que ganhou sua liberdade quero, também, imaginar que sou um pássaro voando livremente para encontrar a felicidade que procuro constantemente.
  • 55. 55 SOU FELIZ Sou feliz encontrei o que sempre quis realizando o sonho de outrora transformado em felicidade agora. Tenho você comigo não mais como um amigo porque é mulher e seu amor declarou e meu coração alegrou. Eu já sabia que a amava antes mesmo de com você sonhar silenciosamente, seu nome chamava e suas virtudes aclamava. Quando você me via de emoção eu tremia esperando ouvir sua voz para amenizar a ansiedade que era uma angústia atroz. Sou feliz, finalmente conquistei o amor que não conseguia conquistar antes e, sabendo que lhe darei felicidade continuarei feloiz hoje, amanhã, a todo instante. No decorrer dos anos você e eu continuaremos a ser felizes sem receio de cometermos enganos pois nossa história será pintada com belos matizes.
  • 56. 56 DOENÇA DE AMOR Estou doente doente de amor querendo evitar qualquer remédio pois amando não sinto nem mesmo tédio. Meu remédio tem uma fórmula perfeita que não pode ser apagada, desfeita porque nela há muitos desejos realizados com abraços e beijos. Não quero que minha doença acabe pois sofro por amar demais pretendendo que mais sofrimento sobre mim desabe para que minha felicidade não termine jamais. Não quero, também, que você se cure porque sua doença sou eu e basta que me procure para aumentar o amor que um dia em você nasceu. Quem tem a doença que você e eu temos certamente será imensamente feliz dando e recebendo amor sem fim igual ao que existe em você e em mim. Doença de amor cujo sintoma surge de repente do gesto simples de ganhar uma flor que se transforma em tesouro, por ser o símbolo do amor.
  • 57. 57 O ITALIANO Ele veio de Turim acompanhado da mulher que ama para conhecer o Brasil e sua gente varonil. Trouxe muita simpatia e alegria sorrindo por não falar o português direito porém, o que ele realmente queria era demonstrar a amizade que havia em seu peito. Permaneceu aqui durante alguns dias registrando tudo que seu olhar via elogiando a beleza da mulher brasileira fosse ela capixaba, carioca ou mineira. Pedia sempre um bom churrasco para comer afirmando que gostava mais de picanha suculenta consumida juntamente com alguma bebida especialmente, com a cerveja preferida. Ao retornar à sua cidade deixou que de seus olhos caíssem lágrimas sinceras prometendo voltar rapidamente pois gostou do Brasil verdadeiramente. Realmente, não demorou muito a aparecer de novo tendo ao seu lado a mulher amada a quem presenteou com uma casa bela de simplicidade marcante, singela. Minha companheira e eu aprendemos a admirar o italiano assim como já tínhamos admiração por sua mulher e quando ele e ela vierem morar aqui perto fortaleceremos nossa amizade, é certo. Ermanno é o nome do italiano amigo que se encantou com este Brasil imenso e que em breve se mudará para cá representando a Itália que fica do lado de lá.
  • 58. 58 Ao Ermanno e à Rute amigos do peito, do coração a homenagem de quem os ama e que pelos seus nomes chama.
  • 59. 59 O MEU SONHO Escrevi que você é bela disse que você é sensível Falei que você é singela mas não pude tocar você. Descobri segredos que eram seus tornando-os igualmente meus Invadi sua privacidade mas não pude tocar você. Entrei em seus mistérios Fiz-me cúmplice de sua ânsia Senti de longe sua fragrância mas não pude tocar você. Desejei ser como o colibri atrevido que beija a flor quando quer Almejei acariciar o seu corpo de mulher mas não pude tocar você. Tentei lhetransmitir meus anseios contendo a força incontrolável que até você me conduz que me extasia, me inspira, me seduz mas não pude tocar você. Então, só me resta acordar e voltar à realidade para tentar encontrar o jeito certo de lhe tocar. E, se for tocada você se sentirá amada, desejada porque o desejo faz aquecer o amor aumentando o prazer que encanta e dá calor.
  • 60. 60 FLORES, AMORES, BEIJOS, DESEJOS Quando falo de flores falo também de amores esquecendo os meus dissabores e as minhas piores dores. Quando espero ter belos sonhos encontro horizontes risonhos repletos de luzes coloridas em veredas ainda não percorridas. Quando quero conseguir paz que o brilho da aura faz viajo pelo tempo sem fim escondendo os mistérios que há em mim. Quando anseio por amar para completar meus desejos cerro os olhos, a imaginar sentindo o gosto de seus beijos. Quando ouço a sua voz que me fascina e encanta demais alimentando a volúpia que existe em nós vejo-me construindo a felicidade que o amor faz. Quando penso em você o coração pulsa forte em meu peito pois não preciso entender o porquê de gostar tanto de suas virtudes e defeitos. Quando a saudade invade meu coração Quando não suporto mais sua ausência Quando a tristeza suplanta a alegria lembro-me da felicidade que em nós havia.
  • 61. 61 ESTIVE À PROCURA DE ALGUÉM Procurei por muito tempo a mulher que amei que durante anos o corpo desejei para satisfazer meus anseios e fantasias conquistando felicidade e alegria. Quis, e como quis, ter essa mulher em meus braços para sufocá-la com abraços quando entregava para ela o meu amor que em meu coração nasceu como flor. Procurei, procurei, e a mulher amada não encontrei porque ela não podia mais ser encontrada já que a outro entregou seu coração na esperança de ser amada. Além disso, eu também estou com alguém que amo e me ama mostrando-me a força que seu coração tem quando pelo meu nome chama. Quero ser feliz como fui para dar felicidade à mulher que entrou em minha vida esquecendo tudo de ruim que me fez sofrer porque agora quero alegria em meu viver. E, se estive à procura de alguém se esperava reencontrar a mulher que muito amei agora não preciso procurar esse alguém pois outra mulher especial encontrei.
  • 62. 62 A JAQUEIRA Uma rua suspeita no Quilombo se encontrava ambiente que ninguém respeitava frequentada por homens que procuravam prazer em suas horas de lazer. Mulheres semi-nuas na rua esperando seus clientes iluminadas pela luz da lua exibindo comportamentos indecentes. Homens jogando conversa fora antes de escolherem suas parceiras para a realização de seus desejos com intensos abraços e beijos. Vento frio soprando com força na noite com estrelas brilhantes ofuscando a luz da lua atrevida que se escondia nas nuvens distantes. Portas de quartos fechadas, trancadas para garantirem a privacidade das mulheres para o sexo preparadas naqueles momentos de intimidade. Assim era conhecida a jaqueira e perto dela existiam casas de prostituição abrigando damas da noite fagueiras que se entregavam a relações demoradas ou ligeiras. Hoje, a jaqueira não existe mais dela não serão colhidas jacas jamais pois foi retirada para calçamento da rua onde não se vê qualquer mulher semi-nua.
  • 63. 63 ESSES MOÇOS MARAVILHOSOS E SUAS MÁQUINAS DESTRUIDORAS No passado, escrevi sobre um jovem de valor nascido em um lar decente, de muito amor que gostava de pilotar sua moto veloz e que por causa dela teve morte atroz. Muitos anos se passaram Outros jovens continuaram enfrentando o perigo pilotando máquinas destruidoras seguindo por caminhos que não sigo. Caminhos esses que conduzem a lugar nenhum estradas repletas de barreiras impedindo a passagem de alguém que nelas encontra, apenas, lama, sujeira. A cada alvorecer ou na chegada do anoitecer mais gente perde a vida em acidentes fatais nas cidades grandes ou pequenas onde circulam motos de velocidades anormais. Os corpos estendidos no chão ensanguentados, maculados, dilacerados inertes perlo cessar da pulsação do coração cerram os olhos antes brilhantes pela emoção. Esses moços maravilhosos e suas máquinas destruidoras lamentavelmente permanecerão desafiando a morte incentivados pelo consumo de drogas e bebidas que deixarão famílias enlutadas, sofridas.
  • 64. 64 SONO E RECORDAÇÕES Deitei-me esperando o sono chegar porque depois de um dia de muito trabalho eu queria relaxar, descansar. Cerrei os olhos e de repente vi a imagem da mulher amada surgindo em minhas lembranças para ser por mim, novamente, chamada. Quis, naquele momento, que ela estivesse comigo renovando as promessas de outrora enaltecendo o sentimento mais forte quando ela saiu daqui, foi embora. Quis, ainda, ter novamente os beijos dela ardentes, extasiantes, cativantes aumentando o encantamento que havia nela tornando a sua beleza marcante. Quis, enfim, voltar ao passado para reencontrar a felicidade perdida no decorrer dos anos repletos de acertos e enganos. Fiquei angustiado triste, sofrido, amargurado querendo apagar as recordações que me atormentavam e que tanto me prejudicavam. Porém, eu estava em paz porque não tive culpa quando ela me abandonou e fazê-la infeliz não desejo jamais já que o amor em nossos corações acabou. Recostei minha cabeça no travesseiro certificando-me de que iria dormir sem me preocupar com mais nada embalado pelo sono que estava por surgir.
  • 65. 65 MULHER IMPORTANTE Morena atraente simpatia envolvente beleza cativante clamor de amante. Mulher que amei que me deu felicidade que de querida chamei que seus lábios beijei. Com ela me encantei tive momentos maravilhosos de desejos ardentes no frenesi dos corpos quentes. Entre beijos e abraços ela e eu nos entregamos ao prazer incrementando nossas emoções no pulsar forte dos corações. No simples toque de mão na busca da ânsia dela eu me sentia realizado vendo o desejo que havia nela. Ela foi minha colega de trabalho e namorada recebi dela carinho, afeição retribui, querendo que ele fosse feliz para realizar os anseios que ela quis. Nosso romance acabou mas, para mim, ela continua sendo importante porque nossa amizade não se abalou ficando em nossas lembranças os momentos de felicidade marcante.
  • 66. 66 AMIGOS VERDADEIROS É abençoado quem tem amigos verdadeiros que estendem suas mãos como irmãos fazendo o bem sem olhar a quem aumentando a força que a fraternidade tem. O verdadeiro amigo não precisa ser chamado surge em todos os momentos para oferecer seus préstimos que acabam com os tormentos. Na ação de quem ajuda há emoção que faz pulsar o coração tornando feliz quem é ajudado modificando o desígnio prejudicado. Amigos verdadeiros, amigos de todas as horas amigos sensíveis, que nunca vão embora permanecendo ao lado das pessoas queridas para que não sejam sofridas. Amigos leais, amigos de sorriso franco amigos do negro e do branco que caminham abraçados por sentimentos abençoados. Amigos que sabem ouvir lamentos de seus semelhantes estejam próximos ou distantes à procura de um futuro promissor, belo que é demonstração de amor singelo. Amigos são como tesouro autênticos como ouro enriquecendo a fraternidade valiosa que enaltece a felicidade preciosa.
  • 67. 67 UMA CRIANÇA MARAVILHOSA Ela nasceu no dia dedicado à mulher abençoada por Deus trazendo a felicidade que se quer com a força do amor que é seu e meu. Faltava um minuto para a meia noite e ela não esperou romper o novo dia chegando saudável, bonita causando em todos imensa alegria. Era pequenina, singela realmente uma menina bela que foi crescendo com rapidez de acordo com o desígnio que o Criador fez. Passaram-se cinco anos e agora a criança está mais inteligente no convívio com seus pais e avós que se encantam ao ouvir sua voz. Essa criança maravilhosa atende pelo nome de Isabelle fazendo seus entes queridos contentes almejando que o amor por Isablle aumente. Deus enviou Isabelle para ser amada por todos aclamada para a felicidade de quem a ama e que por seu nome chama.
  • 68. 68 A CONFUSÃO NO BAR Um copo de cerveja sobre a mesa de um bar um homem embriagado diz que alguém vai maar. Outro copo de cerveja sobre a mesma mesa do bar uma mulher irada fala que com o homem irá acabar. O homem olha para a mulher e cambaleando, fica de pé tentando enganar sua embriaguez com deslavada desfarçatez. A mulher se dirige ao homem esbravejando, soltando palavrões elevando a voz cada vez mais sem controle nenhum de suas emoções. A confusão se generaliza com a entrada de mais gente na briga causando tumulto que toda mente perversa faz pois quem é do bem agir por maldade não é capaz. De repente, ouve-se um tiro e todos se jogam no chão para não serem atingidos naquele ambiente de confusão. Um corre-corre então ocorreu de um lado para outro e tudo de ruim aconteceu mas, felizmente, ninguém morreu. Alguém ligou para a polícia que rapidamente se fez presente no bar exigindo ordem no recinto para que pudesse trabalhar. Aí, sem mais, nem menos o homem e a mulher pararam de gritar
  • 69. 69 dizendo que iam embora rapidamente porque estavam ali equivocadamente. Os policiais deram voz de prisão aos dois depois de confirmarem a responsabilidade pela confusão conduzindo-os algemados para a viatura enquanto os arruaceiros juntavam suas mãos Assim terminou a confusão no bar causada por quem dizia alguém querer matar que, na verdade, estava bêbado demais ficando feroz pelo incentivo que a bebida faz.
  • 70. 70 AS TRÊS FASES DO BÊBADO Quem bebe demais passa por três fases decorrentes do excesso de consumo de bebida pois todo beberrão torna-se incapaz de limitar a bebedeira que não acaba jamais. A primeira faze é a do macaco que imita tudo e todos fazendo estrepolias de vários jeitos batendo as mãos no peito. A segunda fase é a do leão que fica furioso quando é provocado atacando quem surge à sua frente sempre de surpresa, de repente. A terceira fase é a do porco que cai e fuça a lama do chiqueiro imundo rolando de um lado para outro porque pela sujeira o porco tem gosto profundo. Assim, também, é o bêbado contumaz que, embriagado, não sabe o que faz jamais mas age como macaco, leão e porco e acaba caído na sarjeta, todo torto. Então, quando for beber lembre-se de que tudo tem um limite, um final até mesmo na busca do prazer sob pena de se transformar em um animal.
  • 71. 71 UM POLICIAL DIFERENTE Álvaro era um policial competente humano, sensível, diferente que não usava força, violência e sim muita astúcia, paciência. Chegou a Iúna e logo conquistou amizades respeitando e sendo respeitado admirando e sendo admirado amando e sendo amado. Eu um determinado dia encontrando-o na rua deparei-me com o mesmo policial de pura alegria que com os amigos muita festa fazia. Álvaro pediu-me uma bala e respondi que não tinha nenhuma comigo mas, insistindo, ele afirmou que não era bala doce que queria e sim munição que com ele não havia. Olhei fixamente para Álvaro e indaguei: “Álvaro, você não carrega munição?” E ele, sorridente, respondeu: “Não, doutor, para isso não tenho disposição” Álvaro continua em Iúna de onde jamais quis sair pois faz parte de seu povo amigo e não conquistou um só inimigo. Esse policial diferente que tanto admiro e respeito é um exemplo a ser seguido por outros policiais pois a fraternidade generosa que ele tem no peito não permite que trate seus semelhantes como animais.
  • 72. 72 ALINE, NEGRA DE VALOR Ela é negra simpática, alegre, feliz, bela de muito carisma misteriosa, atraente, singela. Gosta de dançar exibindo graciosidade, sensualidade chamando a atenção de quem a ama e que seu nome aclama. Seu sorriso é cativante seu porte elegante seu corpo provocante seu anseio de mulher marcante. Quem se aproxima dela fica encantado com a alegria que há nela quando se dispõe a falar de seus desejos na explosão de abraços e beijos. Possui nas veias o sangue de quem sabe o que quer porque é uma grande e imponente mulher que domina a força que tem ao entregar seu amor a alguém. Seu nome é Aline corpo de mulher e postura de rainha agradando quem dela gosta e em sua majestade aposta. Quando conheci essa rainha muita majestade ela já tinha porque desfilava sua beleza na passarela do samba, da dança sem perder o espírito de mulher-criança.