SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 91
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
A compartimentação da paisagem costeira Paraibana:
Apontando áreas de riscos a desastres ambientais
Autor: Francicléa Avelino Ribeiro
João Pessoa
2012.1
Francicléa Avelino Ribeiro
A compartimentação da paisagem costeira Paraibana:
Apontando áreas de riscos a desastres ambientais
João Pessoa
2012.1
RIBEIRO, Francicléa Avelino.
A compartimentação da paisagem costeira: Apontando áreas de
riscos a desastres Ambientais
RIBEIRO, Francicléa Avelino. João Pessoa: UFPB, 2012.
92 p.
Monografia (Graduação em Geografia) Centro de Ciências
Exatas e da Natureza – Universidade Federal da Paraíba.
Francicléa Avelino Ribeiro
A compartimentação da paisagem costeira Paraibana:
Apontando áreas de riscos a desastres ambientais
Monografia apresentada à Coordenação do
Curso de Geografia da Universidade
Federal da Paraíba, para obtenção do grau
de bacharel no curso de Geografia.
Orientador: Geógrafo Ms. Conrad Rodrigues Rosa
Co-orientador: Dr. José Paulo Marsola
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DGEOC
Francicléa Avelino Ribeiro
A compartimentação da paisagem costeira Paraibana:
Apontando áreas de riscos a desastres ambientais
Aprovada em: 06 / 11 / 2012
A compartimentação da paisagem costeira Paraibana:
Apontando áreas de riscos a desastres ambientais
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Geógrafo Ms. Conrad Rodrigues Rosa
Orientador
________________________________________
Prof. Dr.Sergio Fernandes Alonso
Examinador
________________________________________
Prof. Dr. José Paulo Marsola
Examinador
João Pessoa
2012
Agradecimentos
A meus pais: Maria da Conceição Avelino e Francisco R. Ribeiro Fernandes, por
acreditar e me guiarem por um caminho certo. Mãe, pelo cuidado e atenção desde a minha
primeira escrita até minha formação superior, Pai, pela sua força e garra e investimentos na
minha educação. Além de serem grandes exemplos de força e coragem.
A família ROSA pelo apoio e incentivo, mas em especial ao Geógrafo Conrad Rodrigues
Rosa pelo incentivo do inicio ao fim desse trabalho, pelas horas de enorme paciência em que se
dedicou a discutir conceitos e as etapas do trabalho, além dos seus ensinamentos nas atividades
técnicas e de Campo ao qual levarei pra sempre em minha carreira profissional.
A minha amiga Geógrafa Cleytiane Santos, pessoa com quem aprendi muito nessa minha
caminhada e por ser uma das pessoas mais fortes que já conheci, pelos momentos de
descontração e risadas, conselhos, além da sua dedicação em me ajudar nas atividades de campo
onde não importava se o tempo estava ensolarado ou chuvoso lá estávamos prontas para fazer as
coletas de dados dos perfis praiais a você Cleyt meu muito obrigado!
A equipe LABEMA onde pude compartilhar e aprender sobre a arte geográfica além do
apoio e pela ajuda em algumas atividades de campo e em laboratório, a vocês Geógrafa.
Cristiane Mello Neves, Geógrafa. Fransuelda Vieira de Farias, Bel em Geografia. Ivonaldo
Lacerda, e o futuro Geógrafo Paulo Rafael Vasconcelos meus sinceros agradecimentos.
O mais especial dos agradecimentos preferi deixar por ultimo, por não ter palavras para
expressar no inicio desta lauda o quanto sou grata a este homem, em memória ao Geógrafo
Mestre Paulo Roberto de Oliveira Rosa, ao qual infelizmente não se encontra mais entre nós, a
ele não devo apenas meus agradecimentos, mas um inicio de carreira acadêmica e profissional ao
qual tenho enorme orgulho de ter feito parte de sua equipe no LABEMA, onde nos ensinou a
importância do trabalho coletivo e colaborativo, a paixão que tinha a profissão e em especial a
Geografia que cativava a muitos pelo seu grande conhecimento e dedicação. Agradeço seu
investimento e dedicação para inicio e conclusão deste trabalho, pela sua orientação, conselhos
de vida, e por ter confiado e acreditado não só em mim, mas em todos que fizemos parte da
família LABEMA, onde nós não o considerávamos apenas como nosso professor, mas um
segundo pai.
Dedicatória
Dedico este trabalho a meus pais: Francisco e Conceição, e in memória ao mestre Paulo
Rosa estes que sempre acreditaram e me incentivaram. Os primeiros que me ensinaram
a seguir o caminho correto, o segundo por ensinar que na vida não existem coisas
difíceis quando se tem força de vontade para seguir em frente.
"Grandes realizações são possíveis quando se
dá importância aos pequenos começos”.
Lao Tse
SUMÁRIO
Introdução 16
Primeira parte 19
1.0 – referencial teórico-conceitual 20
2.0 – métodos e técnicas 28
Segunda parte 33
Resultados e discussão
3.0- Localização e caracterização da área em estudo 34
3.1-Parâmetros climáticos e Parâmetros oceanográficos 34
3.1.1 - Ação eólica 35
3.1.2- Ondas e correntes litorâneas 39
3.1.3- As marés 39
3.2. Os pontos extremos do Litoral Paraibano 46
3.3. Planaltos e planícies na Zona costeira paraibana 49
3.3.1- As costas planálticas com declividades acentuadas 51
3.3.2 - As costas com planície no litoral paraibano 55
4.0 - Áreas de riscos a desastres ambientais: as planícies costeiras e flúvio
marinhas
58
4.1- mangues 70
4.2- Região estuarina-lagunar 72
4.3-. Rias 75
4.4- recifes 76
4.5- praias 79
4.5.1- Aspecto morfodinâmico – Perfis praiais 81
Considerações finais 89
Referencias Bibliográficas 91
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 = representação das marés de acordo com as fazes da lua 21
Figura 02- Recifes na costa paraibana 23
Figura 03- Perfil Transversal do sistema praial 24
Figura 04 – limite entre a praia e a área urbanizada no Cabo Branco 24
Figura 05- limiar do estuário do Rio Jaguaribe 25
Figura 06 – transferidor utilizado 28
Figura 07- imagem do Google earth representando o limite territorial do estado
paraibano
29
Figura 08 - parte da carta topográfica digitalizada, Referente a João pessoa. E=
1:100.000
30
Figura 09- medindo a distancia entre os pontos 31
Figura.10- Apontamentos da coleta de dados 31
Figura 11- Mira topográfica 32
Figura 12-Leitura com nível topográfico 32
Figura. 13- Escala dos ventos Beaufort 35
Figura.14- Direção dos ventos 36
Figura. 15. Distancia entre os portos para demonstrar as diferenças entre maré 40
Figura.16: Mapa apresentando as isóbaras na América do Sul 43
Figura 17-indícios de uma maré 2.4 na praia do Cabo Branco 44
Figura 18 praça de iemanjá data:19/02/2011 maré 2.7 44
Figura 19– Litoral Norte Paraibano 46
Figura 20- Lagoa do saco litoral norte paraibano 47
Figura. 21 –No Litoral Sul –Além dos municípios de Cabedelo, João Pessoa e Conde
ficam demonstrados os Municípios de: Pitimbú, Distrito de Acaú e estuário
do rio Goiano como linha fronteiriça com o Estado de Pernambuco
48
Figura 22 - atividade marinha na praia do município de Pitimbu Litoral Sul 49
Fig 23- representação do planalto e planície 50
Figura. 24 – Divisão do Litoral paraibano em Norte e Sul 51
Figura 25- Falésia do Cabo Branco 51
Figura. 26 - Direção do vento na região sul 52
Figura 27 Desabamento de uma parte do topo da falésia 52
Fig 28- Erosão regressiva na falésia do Cabo Branco 53
Figura 29-erosão negativa, solapamento de base na falésia do Cabo Branco 53
Figura 30 delimitação das falésias inativas no litoral sul 54
Figura 31-. Praia abrigada. Local: Praia do Cabo Branco 55
Figura. 32 enseada praia de Manaíra 55
Figura 33- Restinga de Cabedelo 56
Figura 34- praia do Bessa contenção do impacto das ondas com rochas calcarias 56
Figura 35 Cúspide mais conhecido como ponta de Lucena 57
Figura 36- cordões litorâneos no município de Lucena 58
Figura 37-: Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno no Brasil (1948 -
2006)
59
Figura 38- Atuação da maré metereologica e astronômica Praça de iemanjá, Praia do
Cabo Branco-JP
60
Figura 39 Av. Cabo Branco sendo inundada 60
Figura 40 pontos que ocorrem inundações devido a marés altas e ressacas 61
Figura 41 - Praia do poço em 12/08/2010 as 05h36min 61
Figura 42 - Praia do poço em 12/08/2010 as 05h55min 62
Figura 43- Praia do Seixas 62
Figura 44. Praia do Seixas ano 2010 63
Figura 45 Praia do Seixas ano 2011 63
Figura 46- Croqui da erosão negativa na praia do Seixas 64
Figura 47 - Medindo em campo a erosão negativa no Seixas 64
Figura 48- Área erosionada na praia do Seixas (croqui) 65
Figura 49: coqueiro 66
Figura 50- Planície Fluvio-marinha município de Lucena 67
Figura 51- Planícies fluvio marinha Litoral Norte 68
Figura 52- - Planície Fluvio-marinha litoral sul 68
Figura 53- Distancia das Ilhas Canárias até o Litoral Paraibano 69
Figura 54- Aterro no mangue no município de Lucena, para expansão imobiliária. 70
Figura 55- Mangue aterrado e com lixo 71
Figura 56- Erosão eólica no atual estuário do rio Jaguaribe 73
Figura 57 atual estuário do rio Jaguaribe-Bessa 74
Figura 58 atual estuário do rio Jaguaribe fechado pela ação eólica 74
Figura 59- Curso do Rio Jaguaribe 74
Figura 60- Laguna Jacarapé 75
Figuras 61- foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo 76
Figuras 62-. Foz do rio Goiana limite entre os estados da Paraíba e Pernambuco
76
Figura 63 recifes de arenito Local: Praia do Cabo Branco JP 77
Figura 64- Picãozinho 78
Figura 65 - Fragmentos de recifes no litoral Praia do cabo branco 78
Figura 66- Praia da Penha PB 79
Figura 67- Berma Praia do Cabo Branco 80
Figura 68 - compartimentação morfológica praial em Cabo Branco 81
Figura 69- local: Leitura praial no Busto de Tamandaré 82
Figura 70-. Localização dos perfis 83
Figura 71: Praia do Seixas 84
Figura 72. Perfil praial 4 84
Figura 73 - Praia do Seixas, local onde foi efetuado o perfil. 85
Figura 74 perfil hotel Green 85
Figura 75- perfil Praial 3, 86
Figura 76. Perfil 2 próximo ao hotel íbis praia do Cabo Branco 86
Figura 77- Perfil praial 2 87
Figura. 78- Local do perfil 1 Busto de Tamandaré 87
Figura 79 - Perfil praial 1 87
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01- Direção eólica no equinócio de outono 37
Gráfico 02- Direção eólica no Solstício de inverno 37
Gráfico 03- Direção eólica no equinócio de Primavera 38
Gráfico 04- Direção eólica no Solstício de verão (Final do ano de 2011 inicio do
ano de 2012)
38
Grafico 05- gráfico representando a diferença da amplitude de maré em
diferentes períodos nos portos de Cabedelo as 18h:23min, Natal as 19h:13min e
Pernambuco as 19h:08min
41
Gráfico 06- Senóide apontando a diferença de amplitude de maré em diferentes
locais e períodos. Dia 30 de Setembro de 2011
42
Gráfico 07- Senoide do primeiro semestre de 2011 45
Gráfico 08- Senoide do segundo semestre de 2011 45
RESUMO
O presente trabalho discute a compartimentação do relevo costeiro apontando áreas de riscos a
desastres naturais. Para isso houve a necessidade da obtenção e tratamento de dados climáticos e
oceanográficos estes que colaboram diretamente para a formação e mudança do relevo, além da
revisão da literatura, e utilização de técnicas para elaboração de modelos do sistema praial.
Inicialmente foram caracterizados e descritos os pontos extremos do litoral paraibano, ou seja, o
Litoral Norte e Litoral Sul que contém as compartimentações de planaltos e planícies apontando
as principais vulnerabilidades existentes. Observou-se que os locais mais vulneráveis a riscos de
desastres estão nas planícies onde ocorrem as inundações e erosão costeiras, e é o local em que
está sendo bastante ocupado pela população e na maioria dos casos não é respeitado o limite para
ocupação estabelecido pelo Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988. Destacam-se também
as principais unidades geomorfológicas a citar as planícies fluvio-marinhas, mangues, região
estuarina-lagunar, rias, recifes e as praias nesta última foi observado a dinâmica na feição praial
na enseada do Cabo Branco através de perfis topográficos feitos em campo para saber os pontos
onde existem maior acresção e erosão sedimentar, apontando os locais que são mais propícios
aos desastres. A importância do conhecimento da compartimentação morfológica costeira
oferece subsídios importantes para o planejamento costeiro e o uso do solo ao definir os graus de
risco que cada compartimentação ou unidade geomorfológica possui.
Palavras Chave: Compartimentação costeira; Desastres naturais; Unidades geomorfológicas.
16
INTRODUÇÃO
O litoral como um compartimento da paisagem tem sido motivos para muitos estudos
porque desde o inicio da colonização do país foi marcante para habitação de moradias
individuais e ocupação pelas cidades. A zona costeira é uma área onde, há uma constante
dinâmica devido à ação de elementos como vento, ondas, sedimentos, correntes e a ação
antrópica. Baseando-se em como se encontra a morfologia da paisagem costeira paraibana vemos
que este contém falésias em torno de 75° de inclinação, planícies e planaltos.
Como o litoral apresenta uma dinâmica erosiva muito intensa e constante nos últimos
tempos tem se dado mais atenção a esse tempo de atuação devido aos ajustes que o mar tem feito
na zona litorânea deixando as pessoas bastante vulneráveis aos riscos de desastres.
Nesse sentido de vulnerabilidades e desastres faz-se necessário o aprofundamento com
mais rigor que se estabelece na zona litorânea adentrando para zona costeira
A compartimentação topográfica corresponde à individualização de um conjunto de
formas que podem ou não apresentar características semelhantes, o que leva a se admitir que
tenham sido elaboradas em determinadas condições morfogenéticas ou morfoclimáticas.
O conhecimento da compartimentação do relevo em especial costeiro oferece subsídios
importantes para o uso e ocupação do local, observando assim as evidencias de vulnerabilidade e
riscos de desastres naturais. .
O exposto no Decreto nº 5.300, de 7 de dezembro de 2004 regulamenta a definição
legal de zona costeira
Art. 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela
Constituição de 1988, corresponde ao espaço geográfico de interação do
ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não,
abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes
limites:
I - faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas,
medido a partir das linhas de base, compreendendo, dessa forma, a
totalidade do mar territorial;
II - faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios
que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.
17
As unidades geomorfológicas costeiras são os ambientes físico-naturais da porção
terrestre costeira, ou seja, sistemas naturais presentes nos planaltos ou nas planícies Dentre as
unidades geomorfológicas estão os mangues, as praias, os recifes, estuários, lagunas, praias e
rias, estes que de acordo com a ação climática e oceanográfica apresentam dinâmicas em suas
feições. Para uma melhor análise das mudanças nos compartimentos vê-se necessário a utilização
de métodos sistemáticos como os perfis topográficos praiais, análise de dados climatológicos e
oceanográficos para assim ser observada a dinâmica natural da erosão e acresção sedimentar
ocasionada pelos agentes climáticos e oceanográficos onde em alguns locais podem correr risco
a desastres.
Para a mudança de feição e de comportamento nas unidades e compartimentações
costeiras é necessário destacar os processos costeiros, responsáveis pela modificação
morfológica, estes associados aos fatores de erosão e acresção sedimentar ao qual podem ou não
indicar áreas de risco, entre os principais processos costeiros destacam-se as marés e os ventos.
A dinâmica das marés é ocasionada pela influencia lunar e também eólica onde as
maiores marés se encontram nos períodos de lua cheia e luas novas consideradas marés de sizígia
estas que são ocorrentes pelo alinhamento dos corpos rochosos: sol, Terra e lua em 180°, quando
estes corpos se encontram em um ângulo de 90° correspondem às marés de quadratura causando
assim marés não muito altas e nem muito baixas. O outro fator importante é a ação eólica este
que é um dos principais fatores de erosão ao qual se pode observar sua velocidade, direção e
rajada. Porém alem destes dois agentes modificadores também se pode citar a ação pluvial,
fluvial, correntes marinhas e ondas.
Para muitas pessoas a presença de erosão não é perceptível por não ser algo imediato e
sim ocorre cautelosamente isto em alguns lugares. Nota-se a dinâmica em diferentes períodos
isto se referindo aos Solstícios e Equinócios que sofrem diferentes variações climáticas.
O processo de ocupação no litoral vem se intensificando cada vez mais. Na maioria das
vezes não é observado os limites e o local adequado para sua ocupação e os impactos causados
nos ambientes que servem como proteção a costa, tornando-se assim a população vulnerável a
riscos naturais.
Para um melhor planejamento para uma prevenção a desastres nesta área, se fez
necessário para a produção do presente trabalho de caráter regional, o seguinte problema: Como
se encontra estabelecida a compartimentação morfológica no litoral da zona costeira Paraibana?
18
Com o objetivo de compreender a paisagem, apontando se existem áreas de riscos a desastres
ambientais. Sendo assim foram definidos e descritos os pontos extremos do Litoral Paraibano
caracterizando e delimitando os planaltos e planícies na Zona costeira e distinguindo neles suas
principais unidades Mangues; Praias, Região estuarina-lagunar, Rias e recifes.
Este trabalho se baseou na descrição da paisagem, ou seja, foi descrito as unidades que
compõem o litoral paraibano, não foi possível definir in loco todas as compartimentações, pois
isto requeria um pouco mais de tempo e de recursos ao qual no momento não era disponível,
sendo assim recorremos ao uso das imagens de satélite estabelecidas pelo Google Earth e a
utilização de cartas topográficas de escala de 1:100000 para uma visualização com dados mais
precisos na área a ser trabalhada.
Em campo foram coletados dados para elaboração de perfis topográficos para que fosse
observada a dinâmica da morfologia praial detectando se esta havendo mais erosão ou acresção
sedimentar no local, esta por se encontrar em área urbanizada e ser susceptível a desastres
naturais.
Por fim pode-se dizer que o mapeamento geomorfológico e das áreas susceptíveis aos
eventos que podem ocorrer desastres é de grande importância para o gerenciamento costeiro.
19
PRIMEIRA PARTE
20
1 – REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
Para a descrição da paisagem utilizamos como referencia DOLFUSS (1973) onde o autor
descreve a função do Geógrafo onde o mesmo traz conceitos como a Descrição e a Localização
do espaço, sobre as Estruturas Geográficas, Sistemas em Geografia, neste contexto vemos que a
paisagem sofre constantes transformações e até diferentes comportamentos vendo assim a
necessidade de fazer uma decomposição e descrição dos lugares.
CHIAVENATO (1999) vai definir Sistemas como um conjunto de elementos com
características próprias que se interagem entre si formando um todo, onde há troca de materiais,
informações e energia, e qualquer alteração em um de seus elementos reagirá de forma a abalar
todo o sistema.
Os sistemas abertos possuem seis funções primárias ou principais (CHIAVENATO,
1999) a citar a ingestão, processamento, a reações ao ambiente onde, por exemplo, uma mudança
climática vai alterar o tamanho das ondas e a feição praial; suprimento das partes onde a praia é
abastecida pelos sedimentos que são trazidos pelos rios, a regeneração das partes onde o sistema
tende a querer se manter em equilíbrio; organização representa a ação de que caso haja qualquer
déficit de qualquer elemento no sistema que este seja reposto para que não haja um prejuízo
maior futuro, como por exemplo medidas para que haja um maior aporte sedimentar,onde estas
podem ocorrer de forma natural ou pela ação do próprio homem.
Seguindo Katz e Kahn in CHIAVENATTO vemos a entropia negativa onde a
“entropia é um processo pelo qual todas as formas
organizadas tendem a exaustão, a desorganização, a
desintegração e no fim à morte. Para sobreviver, o sistema
aberto precisa mover-se para deter o processo entrópico e se
reabastecerem de energia mantendo indefinidamente a sua
estrutura organizacional. A esse processo reativo de reservas
de energia, dar-se o nome de entropia negativa ou
negentropia”, (CHIAVENATO, Teoria de Sistemas,
pag.504).
O conhecimento sobre sistemas é importante para fazer uma organização do mesmo
obtendo procedimentos adequados para que este não tenha ou cause um problema futuro.
As estruturas geográficas citadas por Dolfuss (1973) são organizadas por um sistema. A
observação das relações entre o sitio e a posição dos elementos que ocupam o espaço geográfico
21
leva ao conhecimento das estruturas e dos sistemas que o regem, neste caso a ação das ondas,
marés, correntes, entre outros. As marés são influenciadas pela atração lunar (ver figura 01) onde
destaca-se as marés de sizígia nas lua cheias e as marés de lua novas.
Figura 01 = representação das marés de acordo com as fazes
da lua
Fonte: http://www.aprh.pt/rgci/glossario/mare.html
22
O geógrafo localiza, descreve e classifica os elementos que compõe o espaço, então o
todo para ser compreendido tornar-se um mosaico, ou seja, se fragmenta em pequenas partes,
para assim facilitar a descrição das estruturas geográficas. Estas estruturas são denominadas
“táxons” e a descrição da sua distribuição são denominados “coros”.
A corologia vai fazer o estudo das unidades espaciais que se distribuem e se diferenciam
em diversas partes da superfície terrestre, ou seja, vai notar a distribuição de uma unidade
espacial, de um fenômeno suas diferenciações e a sua localização,
Se levarmos em consideração o mosaico citado por Dolfuss, vemos que cada nível tem
uma ordem de classificação: 1 zonas e áreas, 2 domínio, 3 província, 4 região, 5 pays, 6
geossistema, 7 geofácies, 8 geótopo veremos que todas as peças juntas formam o nível de
primeira ordem e na medida em que separamos as peças vemos que podemos chegar ao nível de
oitava ordem, ou seja, no geótopo. As unidades geomorfológicas como as planícies costeiras e
fluvio-marinha, mangues, região estuarina lagunar, rias, recifes a praia estão no nível de sexta
ordem, ou seja, são um geossistema, onde na medida em que é escolhida uma parte deste
geossistema para ser estudado iremos ao último nível que é o geótopo.
As planícies fluvio-marinha são de acordo com DILORENZO (2009) “planícies
originadas da acumulação de sedimentos oriundos da erosão vertical e laminar nas encostas
continentais”, assim podemos ver que alem da ação pluvial a ação fluvial é de grande
importância no modelado do relevo estes que em seu baixo curso irá compor as planícies fluvio-
marinhas que denominamos como de unidades geoambientais localizada no curso baixo do rio e
são influenciadas pela ação da maré.
Nas planícies fluvio-marinhas podemos destacar os mangues estes que segundo.
CABRAL, 2002 é o conjunto da vegetação capaz de suportar a presença de sal no ambiente, que
cresce sobre terreno junto à costa e sempre sujeito às inundações das marés.
Os estuários são de acordo com o IBGE (2004) ambientes de transição entre os
ecossistemas terrestres e os marinhos. Grisi (2000) nos mostra no Glossário de ecologia e
ciências naturais a definição de laguna, esta que é o represamento de água salgada num braço de
mar pouco profundo, entre bancos de areia ou de um rio que não consegue desembocar no mar,
ou ainda, um ajuntamento de água no interior de um recife ou coral, as lagunas do litoral
paraibano estão próximos aos estuários dos rios entre os bancos de areia ou cordões litorâneos e
recebem a ação do mar nos períodos de maiores marés.
23
Dentre os indícios de erosão que ocorreram no quaternário em especial na época do
Holoceno estão as rias onde de acordo com a classificação estipulada por MUEHE, Dieter in
GUERRA, Antonio José 1994 pag. 255, consideramos que esta unidade é de uma feição
primaria, pois são vales fluviais afogados estas que foram erodidas ao longo das épocas pela
ação fluvial e marinha.
Como proteção natural a força das ondas na praia, encontramos os recifes (ver figura 02)
onde de acordo com a classificação fornecida por CHRISTOFOLETTI (1980) constata-se que a
maioria dos recifes presentes na costa paraibana é em barreiras, ou seja, de arenito, estes que
segundo Discussões com ROSA são resquícios do Grupo Barreiras na época do quaternário.
Figura 02- Recifes na costa paraibana
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Souza et.al (2005) nos fala que o sistema praial (figura 03) pode ser subdividido em
ambientes, usualmente referidos como zonas ou setores. Ele geralmente é representado em duas
dimensões, por meio da diferenciação dos ambientes e respectivos processos ao longo de um
perfil transversal a linha de costa ao qual são divididas em: Pós-praia, Estirancio, Face litorânea
ou antipraia, Praia subárea, Zona de surfe e de arrebentação de ondas, Onde podemos dizer que
os principais responsáveis por esta diferenciação são os fatores climáticos e oceanográficos
causando variações do nível de maré e a atuação dos ventos, agindo no comportamento do clima
de ondas e, interferindo nas características das correntes costeiras estas que influenciam no
controle do transporte sedimentar.
24
Figura 03- Perfil Transversal do sistema praial.
Fonte: Souza et al, 2005.
Em observação a demarcação da extensão nota-se que na natureza não existe limites e
sim limiares onde limites é imposto pelo homem como uma cerca ou qualquer outro marco que
imponha uma divisão (figura 04), por exemplo, um estuário seria o limiar entre o rio e o mar
(figura 05).
Figura 04 – limite entre a praia e a área urbanizada no Cabo Branco.
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 19/ 02/ 2011
25
Figura 05- limiar do estuário do Rio Jaguaribe
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 01 /03/ 2012
Dolfuss (1973) nos fala sobre banalidade e singularidade, ou seja, aquilo que para nós
acontece no cotidiano (banal), para muitos pode ser o singular (algo excepcional), por exemplo, a
ação das ondas a dinâmica das marés, a retirada e o aporte sedimentar é banal nas praias, quando
ocorre algum outro evento que altere um desses elementos como ondas muito fortes e marés
muito altas que chegue a lugares onde normalmente não ocorrem estes tipos de eventos (algo
fora do cotidiano) se tornam singular. Não devemos nos preocupar e observar apenas o que é
singular, mas também temos que observar o que para nós é banal, pois devido a eventos não
notáveis em nosso cotidiano é que ao longo do tempo poderemos notar uma grande diferença se
fizermos comparações com anos atrás. Como diz Dolfuss “Portanto, uma banalidade cuja análise
apresenta tanto interesse quanto o de sua singularidade” (1973, pag.56).
A Geomorfologia, definida por Guerra como “o estudo das formas de relevo, levando-se
em conta a sua natureza, origem, desenvolvimento de processos e a composição de materiais
envolvidos” (1989 p. 204). Assim a geomorfologia costeira que é um dos ramos da
geomorfologia que contribui para as pesquisas em nível local nas questão de riscos de
degradação, dinâmica e processos costeiros entre outros.
Zona costeira é o mesmo que litoral, ou seja, de acordo com a proposta do Código
Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa, artigo 18: VI.
26
Zona Costeira – ZC, espaço geográfico de interação entre o continente e o
oceano. Estão incluídos aí todos os recursos ambientais contidos numa faixa que
compreende doze milhas de ambiente marinho propriamente dito, medidas a
partir da linha de costa em direção ao mar aberto e vinte quilômetros medidos da
linha de costa em direção ao interior do continente, sendo constituída, essa última
faixa, de ambientes terrestre, lacunar, estuarino e fluvial.
Guerra (1980) aponta a diferenciação entre as estruturas geomorfológicas destacando as
principais compartimentações: os planaltos e as planícies onde remetendo a nível local são
apontados os pontos mais vulneráveis no litoral paraibano, este que em alguns locais sua feição
morfológica proporciona uma maior ação, a exemplos das praias não abrigadas, enseadas e até
mesmo a degradação dos recifes na praia do Cabo branco.
As regiões litorâneas são importantes não somente pela rica diversidade natural,
composta por um rico conjunto de elementos como os recifes, estuários, manguezais entre
outros, como também por ser um setor estratégico de desenvolvimento econômico ao qual atrai o
turismo, exercem fascínio na população, como opção de ocupação residencial ou para o lazer
local, mas que pode ser o espaço para vários eventos inclusive os desastres ambientais.
Araújo aborda os desastres como sendo “resultado de eventos adversos naturais ou
humanos sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ambientais e
consequentes prejuízos econômicos, culturais e sociais” (2010 pag.19).
Percebe-se a falta do aporte sedimentar nas praias onde a ação antrópica tem sua
influência nessa situação a citar como o exemplo a construção de barragens nos rios e a
urbanização acelerada onde Souza et al (2005). Mostram que pode trazer várias consequências,
dentre elas, a redução na largura da praia, perda e desequilíbrio de habitat natural, aumento na
frequência de inundações das ressacas, destacando que a erosão não acontece com a mesma
intensidade ao longo do litoral. Diante destes fatos vê-se a preocupação com os fenômenos
ocorrentes já citados.
Nota-se que a ocupação na zona costeira incluindo suas compartimentações vem
ocorrendo de forma acelerada, este que degrada o meio ambiente e ainda a população ficam
susceptíveis a desastres por causa dessa ocupação especialmente em áreas de mangues e que se
vê a importância da preservação desses ambientes. O Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de
27
1988 resalta que os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com o seguinte
critério:
II - terrestre: cinquenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas não
urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite
final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de
escarpas, falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários,
canais ou braços de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e
seus acrescidos.
28
2 – MÉTODOS E TÉCNICAS.
As atividades realizadas neste trabalho foram divididas em três etapas: gabinete, campo e
laboratório.
A revisão da literatura em livros, leis federais e municipais, e documentos recentes
escritos relacionados ao tema e tratamento dos dados preexistentes climáticos do ano 2011
fornecidas pelo INMET (Instituto Nacional de Metereologia) especificamente análise dos dados
de chuva, velocidade, direção e rajada do vento, de acordo com a hora local era dado a angulação
que representava a direção ao qual com a utilização de um transferidor demarcado com os pontos
cardiais, colaterais e subcolaterais (figura 06), obteve-se a direção aproximada da ação eólica no
litoral paraibano, os dados de maré foram fornecidas pela Marinha do Brasil.
Figura 06 – transferidor utilizado
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Para as compartimentações foi efetuado uma observação da linha de costa através das
cartas topográficas do Ministério do Exército-Departamento de Engenharia e Comunicações de
escala 1:100000 referentes a Cabedelo, Guarabira , Itamaracá,João Pessoa e São José do Mipibu.
“Em todo estudo, classifica o geógrafo os elementos que compõem o espaço” TRICART
(1982). A metodologia utilizada para a compartimentação do relevo costeiro se apoia no conceito
de paisagem estabelecido por TRICART (1982). Com a utilização de imagens de satélites, daí
então além das visitas aos locais em campo foram importantes para o mediante trabalho imagens
já estabelecidas pelo Google Earth (fig. 07) para representação regional da área em estudo, e
visualização temporal das compartimentações morfológicas mencionadas no decorrer do trabalho
para uma melhor compreensão da área observada, ao qual a escala regional em estudo, ajustou-se
29
ao determinado nível taxonômico e a corologia estabelecida por Dolffus, ou seja, o estudo
descritivo das principais compartimentações morfológicas com riscos a desastres como planaltos
e planícies a segunda mais vulnerável apresentando os mangues, estuários, cúspides, rias entre
outros.
Figura 07- imagem do Google earth representando o limite territorial do estado paraibano
Mangues- para a descrição do mangue foram efetuadas idas a campo, este com a apenas
uma análise visual nas áreas onde ocorreu ação antrópica.
30
Planícies costeiras e fluvio-marinhas - imagens obtidas em campo e através de imagens
de satélite estabelecidas pelo Google earth para delimitar as áreas das planícies fluvio-marinhas.
Região estuarina - lagunar – Foram visitados em campo os estuários do Rio Paraíba,
Gramame, Jaguaribe e Goiana e registrados os indícios de erosão com anotações in loco da
dinâmica ocorrente no local assim como também se fez indispensável o uso das imagens de
satélite para ver a dinâmica ocorrente durante os últimos anos.
Rias- as rias foram identificadas através dos conceitos estabelecidos pela literatura, e as
imagens estabelecidas pelo Google earth que nos proporcionou uma melhor visibilidade do
ambiente,
Recifes - Os recifes foram identificados através
das cartas topográficas de escala 1:100000
correspondente as João pessoa (Figura 08), Cabedelo e
Itamaracá e as imagens de satélite alem de registros
fotográficos em campo, do corpo rochoso e da
dinâmica que ocorre durante o tempo.
Enseadas, cúspides e restingas, foram
identificadas através de imagens de satélite.
Os cordões litorâneos - Foram obtidas imagens
em Campo no município de Lucena, porém estas
unidades não ficaram bem nítidas nas imagens
fotografadas, fazendo necessária a identificação dos
mesmos pelas imagens do Google earth.
Dentre os subsídios que a compartimentação do
relevo oferecem destacam-se a vulnerabilidade a riscos
a desastres. Ao qual, na perspectiva geomorfológica, destacamos a suscetibilidade erosiva do
relevo, as inundações e as possibilidades de outros riscos de maior proporção, que podem ocorrer
tanto pelas condições naturais quanto em função de ações antrópicas.
Para a análise de erosão e riscos a inundações e outros desastres ao longo da zona costeira
foram feitas comparação de fotografias obtidas em épocas distintas, medições feitas em campo
de uma área erodida no Seixas onde foram utilizados trena de 5 e 30 metros para fazer as
medições na horizontal e na vertical onde também foi desenhado um croqui do estado em que se
Figura 08: parte da carta topográfica
digitalizada, Referente a João pessoa. E=
1:100000
Fonte: ministério do exercito
31
encontrava o local, alem de ver sua distancia em relação a maré com o objetivo de obtermos
esses dados para futuramente fazer uma análise comparativa.
Na enseada do Cabo Branco foram utilizados os perfis topográficos com fins de observar
o comportamento da feição praial e futuramente ver se houve uma estagnação ou uma
progradação do fenômeno no local, a escolha do lugar surgiu devido aos acontecimentos
presenciados de avanço marinho em direção as áreas urbanizadas e também a mudança da
morfologia praial notada principalmente na área do estirancio ao longo dos últimos anos. Foram
escolhidos quatro pontos distintos os três primeiros localizados na praia do Cabo Branco e o
quarto na Praia do Seixas.
Os materiais utilizados em campo foram Nível Topográfico, Tripé; Mira topográfica;
Trena de 30 m, fichas de campo, e anemômetro digital.
Estes perfis são transversais a linha de costa e foram executados na baixa–mar das marés
de sizígia referentes as luas cheias e luas novas durante uma translação, com o intuito de
apresentar maior dinâmica ocorrente no estirâncio.
As estações foram fixadas no pós-praia, onde tiveram como referencia elementos fixos
como postes de iluminação pública, muros de casas, Com estes elementos fixos foram realizadas
leituras em intervalos espaçados de acordo com a necessidade apresentada, tendo como base os
dados do primeiro perfil para assim termos uma padronização pra melhor análise dos dados
coletados. A leitura prossegue desde o berma seguindo até o inicio da antepraia. O nivelamento
do terreno representado pelas cotas foi realizado a partir das visadas na mira, sobrepostas a
superfície do terreno.
Figura 09- medindo a distancia entre os
pontos
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 25/01/2012
Figura.10- Apontamentos da coleta de
dados
Foto: Francicléa Avelino ribeiro.
Data:31/03/2011
32
Figura 11- Mira topográfica
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data:10/01/2012
Figura 12-Leitura com nível topográfico
Foto: Cleytiane Santos
Data:10/01/2012
Para as atividades em laboratório foram utilizados os mapeamentos topográfico na escala
de 1:100000 da Ministério do Exército-Departamento de Engenharia das cartas referentes a
Cabedelo, Guarabira e Itamaracá, João Pessoa e São José do Mipibu a partir desse start foi
elaborado um mosaico com as cartas para a realização de estudos empíricos sobre os fenômenos
particulares para que se caracterize o estabelecimento dos aspectos morfológicos atuais.
Foi utilizado software de desenho assistido por computador: o sistema CAD, para a
elaboração dos perfis topográficos coletados em campo, digitalização das cartas topográficas,
Para o tratamento dos dados de clima e oceanográficos foram utilizadas planilhas do
Excel, para gerar gráficos de linha para a melhor visualização do comportamento da maré e
gráficos de dispersão para o comportamento do vento no decorrer de uma translação.
33
SEGUNDA PARTE
Resultados e discussão
34
3.0- Localização e caracterização da área em estudo
O estado Paraibano esta localizado na Região Nordeste Brasileira, O seu litoral é o mais
conhecido diante das outras mesorregiões paraibanas, abriga o extremo oriental das Américas
que é um dos principais atrativos turísticos do estado ao qual está sendo aos pouco destruído
devido a ação natural da chuva causando desabamento de terra e pela ação marinha com o
solapamento de base.
Por conta da movimentação econômica na região tem sido observado o aumento da
urbanização local em direção a costa,assim como as mudanças na morfologia do sistema praial e
eventos ocorrentes ao longo dos anos como cheias, avanço marinho, erosão, ou seja, é uma área
susceptível aos desastres ambientais.
Para uma melhor compreensão faz-se necessário o conhecimento das compartimentações
costeiras do estado paraibano os processos e suas implicações que ocorrem em todo o litoral.
3.1-Parâmetros climáticos e Parâmetros oceanográficos
O estado morfodinâmico praial depende de uma série de fatores entre eles os fatores
climáticos e oceanográficos.
A ação do clima conforme afirma PENTEADO (1978) pode acontecer de dois modos
direta ou indiretamente, onde a ação direta se faz através da intensidade de elementos do clima,
principalmente: temperatura, umidade, precipitação e ventos. A ação indireta se processa através
da vegetação e dos solos.
O clima da área de estudo é classificado como tropical quente-úmido, As’ da
classificação de Koppen isto é “com chuvas abundantes ( média anual de 1800 mm)no outono-
inverno( abril, maio , junho) temperatura média anual de 26°C e umidade relativa do ar de 80%.
Com essas características, esse tipo climático domina em todo o litoral”1
.
Os principais Parâmetros oceanográficos são: ondas, correntes litorâneas e as marés
agindo juntamente com a ação do clima com a retirada, transporte e deposição sedimentar.
1
Atlas escolar da Paraíba, espaço geo-historico e cultural, 3 edição editora grafset. P. 112.
35
3.1.1 - Ação eólica
O vento é um dos agentes modificadores do relevo, dependendo da velocidade
classificada por Beaufort (figura. 13) ele movimenta de pequenas partículas até grandes
estruturas. Em campo foi identificado ventos de força 4 considerado moderado, por agir no
continente levantando poeira e movendo ramos de árvores.
Figura. 13- Escala dos ventos Beaufort
Fonte: http://autoridademaritima.marinha.pt/PT/informacao/Documents/ESCALA%20DE%20VENTOS.pdf
A direção do vento (figura 14) é variável no tempo e no espaço, em virtude da situação
geográfica do local, da rugosidade da superfície associada ao relevo e a vegetação, do clima e da
época do ano. Com a ocorrência da mudança de direção dos ventos, ocorre Também a mudança
do modelado praial, o vento assim como a diferença do nível da maré transporta sedimentos, ou
36
seja, ele retira e deposita em um outro local o que causa um aumento do aporte sedimentar em
outra área, isto depende de fatores como a intensidade, velocidade e rajadas de ventos.
A rajada de vento trata-se da maior velocidade do vento registrado num período de uma
hora. As rajadas são instantâneas, com dimensões de centímetros e duração de segundos. No
estado Paraibano em um dia a variação das rajadas fica entre 1.0 a 8.0 m/s (dados coletados em
campo no dia 03 Julho de 2011 na praia do Cabo branco e Seixas)
Embora a direção predominante seja a Sudeste Durante a mudança entre solstício e
equinócio há uma pequena variação na direção eólica o que ocasiona uma mudança na direção
do transporte sedimentar causada pela ação dos ventos e consequentemente uma mudança na
feição praial nesses períodos.
Figura.14- Direção dos ventos
Fonte Google Earth e Google images
37
No equinócio de Outono que vai do dia 20 de Março a 20 de Junho a linha média
permanece em 160°. ou seja, a direção do vento permanece sul-sudeste (Gráfico. 01).
No solstício de inverno observa-se que a linha média sai de 170°, ou seja, na direção Sul-
sudeste para 150° direção sudeste. (Gráfico 02)
Gráfico 02- Direção eólica no Solstício de inverno
Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
Gráfico 01- Direção eólica no equinócio de outono
Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
38
No equinócio de Primavera a mudança ocorre de sudeste para leste num ângulo de 100°.
(Gráfico 03).
No solstício de verão a direção do vento continua sua variação, mas desta vez parte de
leste para leste-sudeste nota-se que no mês de Março a direção do vento predominante é de Oeste
para Noroeste (Gráfico 04).
Gráfico 04- Direção eólica no Solstício de verão (Final do ano de 2011 inicio do ano de 2012)
Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
Gráfico 03- Direção eólica no equinócio de Primavera
Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
39
3.1.2- Ondas e correntes litorâneas
“As ondas são geradas no oceano aberto pelos ventos e dependem fundamentalmente de
sua velocidade, duração e da extensão da pista na superfície do oceano sobre a qual eles atuam”
2
. Quanto mais se aproxima do litoral menor é a sua velocidade e em alguns lugares maior a
altura isso depende da diminuição da profundidade e da difração ao redor de obstáculos como
recifes, ilhas, promontórios etc.
As correntes marítimas são massas de água que migram nos oceanos e mares, elas
resultam da ação dos ventos e do movimento de rotação e a força da gravidade que faz com que
as correntes migrem para direções contrárias onde no hemisfério norte tem sentido horário e
hemisfério sul sentido anti-horário. (fenômeno de corioles). As correntes de deriva litorânea são
correntes originadas pelas ondas e que movimentam e transportam sedimentos. “Cada setor de
costa com um determinado sentido de deriva litorânea resultante forma uma célula de circulação
costeira. Cada célula consiste em três zonas: a) zona de erosão, onde se origina a corrente
(barlamar) e há maior energia das ondas; b) zona de transporte, onde os sedimentos são
transferidos ao longo da costa; c) zona de deposição e acumulação onde a corrente termina
havendo diminuição da energia de ondas3
”. No litoral paraibano as correntes são sentido sul-
norte.
3.1.3- As marés
As marés são importantes modeladores da paisagem costeira onde a sua mudança de
nível acarreta a deposição, a erosão e o transporte sedimentar, elas estão relacionadas com as
forças astronômicas causadas entre o movimento de rotação e translação e a força gravitacional
entre sol, Terra e Lua, como a terra e a lua são elementos rochosos e possuem uma força
gravitacional entre eles os líquidos tendem a ser atraídos por esta força causando assim o nível
de subida e descida.
A posição desses astros também influencia: quando sol lua e terra se alinham formando
assim as marés de sizígia, nas fases da lua cheia e lua nova, quando os astros formam um ângulo
de 90° denominam-se marés de quadratura constituídas pelas luas em fase crescente e
minguante. A lua é a que exerce uma maior influência, pois esta é a que esta mais próxima do
2
SOUZA, Celia Regina de Gouveia et al (ed.). Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos,2005.
3
SOUZA, Celia Regina de Gouveia et al (ed.). Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos, 2005
40
planeta Terra (lua cheia) observa-se uma maré de sizígia, com preamares (pm) bastante altas e
baixa-mares (bm) muito baixas e a maré de quadratura. (quarto minguante com PM mais baixas
e BM mais altas). Nesse período, a amplitude da maré é bem menor.
As marés variam em um período de 12 horas e 24 minutos, doze horas devido à rotação
da Terra e 24 minutos devido à órbita lunar. E não é a mesma em diversos pontos da Terra. Esta
é considerada um fenômeno quase periódico ao qual pode ser representada com um somatório de
sinuosidades, a amplitude da maré, ou seja, a altura em relação a baixa-mar e a preamar varia de
um local para outro em diferentes períodos ou seja tempo podemos observar a comparação das
marés em diferentes portos na região Nordeste temos como exemplo os estados de Rio Grande
do Norte, Paraíba e Pernambuco ( figura 15) onde nota-se uma diferença de amplitude das marés
em diferentes períodos e locais.( Grafico 05).
Figura. 15. Distancia entre os portos para demonstrar as diferenças entre maré
No gráfico 06 nota-se que quanto mais se distancia para norte a altura aumenta tanto da
preamar quanto da baixa mar, observa-se também que em Cabedelo a maré é alta porém baixa
em relação aos outros estados e a preamar em relação aos outros locais se mantém em alguns
horários maior que nos outros lugares, podemos dizer então que a ação da maré no estado
paraibano permanece alta em relação aos outros estados, enquanto no Rio Grande do Norte
apresenta maré mais alta e mais baixa.
41
Grafico 05- gráfico representando a diferença da amplitude de maré em diferentes períodos nos portos de
Cabedelo as 18h:23min, Natal as 19h:13min e Pernambuco as 19h:08min
2,4
2,45
2,5
2,55
2,6
2,65
2,7
2,75
19:13 18:23 19:08
Natal Cabedelo Pernambuco
AlturadaMaré
Hora/ Local
Maré dia 30 /09/2011 (última preamar)
42
Grafico 06- Senóide apontando a diferença de amplitude de maré em diferentes locais e períodos. Dia 30 de Setembro de 2011
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97 100103106109112115
Natal
Cabedelo
Pernambuco
43
Isso ocorre devido à ação dos diversos elementos como o vento e a pressão, o que ocorre
é que os três estados Brasileiros estão entre as isóbaras, que são linhas que possuem o mesmo
valor de pressão atmosférica, e que quanto mais próximos das isóbaras maior é a pressão, e
também velocidade do vento, causando assim uma maior maré (Figura 16 ).
Em uma maré 2.4 astronômica e meteorológica as ondas chegam a espraiarem no pós-
praia próximo a área asfaltada (ver figura 17). No dia 19/02/2011 foram registradas a ação das
ondas em uma maré metereológica e astronômica de 2.7 na conhecida Praça de Iemanjá
localizada na praia do Cabo Branco (Ver figura 18), onde foi quase toda destruída pela ação das
ondas
Figura. 16: Mapa apresentando as isobaras na América do Sul.
Fonte: http://www.slideshare.net/uraeus/clima-e-climas-do-brasil-aula
44
Figura 17-indícios de uma maré 2.4 na praia do Cabo
Branco
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 19/01/2011
Figura 18 praça de iemanjá data:19/02/2011 maré 2.7
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 19/02/2011
No primeiro semestre de 2011 nota-se que as maiores e as menores marés se encontram
no período de lua cheia e a partir do segundo semestre (julho a dezembro) as maiores marés se
encontram nos períodos de lua nova. Durante o corrente ano a menor maré foi de 0.0 e a maior
2.8 (ver gráfico 05 e 06).
45
Gráfico 07- Senoide do primeiro semestre de 2011
Gráfico 08- Senóide do segundo semestre de 2011
Autor: Francicléa Avelino Ribeiro
Fonte de dados: Marinha do Brasil ano de 2011
46
3.2. Os pontos extremos do Litoral Paraibano
Quando se fala em pontos extremos (Fig 26), normalmente nos remetemos para os
extremos da territorialidade, não pensamos num primeiro momento em outros extremos, e no
nosso trabalho pensamos exatamente nessa questão de territorialidade. No estado da Paraíba
podemos destacar o litoral Sul onde se encontram os municípios de João Pessoa, Gramame,
Conde e Pitimbú, estes, porém apresentam as seguintes praias: Cabo Branco, Penha, Jacarapé, do
Sol, Gramame, Carapibús, Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba, Praia Bela, Abiaí, Pitimbú e Acaú
onde a sua paisagem é constituída ao longo de sua costa por estuários, falésias, dunas, Planícies e
os tabuleiros.
No litoral Norte destacam-se os seguintes municípios (ver Fig. 19): Cabedelo, Baía da
Traição, Lucena, Marcação, Mataraca e Rio Tinto. Em Cabedelo tem-se a praia de Intermares a
praia do Poço, a praia do Jacaré que é uma praia flúvio - marinha praia de Camboinha, Além de
Areia Vermelha que é
um banco arenoso que
aparece durante a baixa-
mar que é protegida por
recifes. A partir do
município de Cabedelo,
chega-se ao extremo
norte do litoral
paraibano, que é
separado pelo estuário
do Rio Paraíba chega-se
ao município de Lucena,
constituídas pelas praias
de Costinha, Fagundes e
da Ponta de Lucena,
logo após encontra-se as praias de Barra de Mamanguape, Baía da traição e Barra de
Camaratuba.
Figura 19– Litoral Norte Paraibano
Fonte: Google Earth acessado em fevereiro de 2012
47
Podemos através da imagem do Google Earth observar a compartimentação morfológica
do nosso litoral, sendo assim apontam-se as compartimentações dos dois extremos: O nosso
litoral é constituído por planaltos e planícies onde os planaltos com grande declividades formam
as falésias, estas presentes em boa parte do litoral sul, e as planícies. Estas duas
compartimentações são constituídas por unidades geomorfológicas como os mangues, restingas,
falésias, marismas, dunas, rias.
O litoral norte abrange as unidades morfológicas como dunas estacionárias, neste
extremo as falésias são mais afastadas da linha do mar e não recebe mais a ação deste,
constituindo as "falésias mortas", também é constituída por lagoas de praia. Que são depressões
na região costeira ao qual contem acumulo de água e que não mantém contato direto com o mar
(ver figura 20).
Figura 20- Lagoa do saco litoral norte paraibano
Fonte: Google earth
O extremo Sul (Figura 21) é marcado pela presença do município de Pitimbú, Alhandra;
Caaporã e pedras de fogo e seu distrito de Acaú, bem junto ao estuário do rio Goiana. É marcado
por falésias, enseadas, cúspides, mangues, recifes, os dois últimos que colaboram para a proteção
da costa.
A dinâmica no litoral é perceptível aos olhos do observador, e essa mudança é
influenciada principalmente pelos fatores climáticos e oceanográficos. Os elementos como o
vento e a maré colaboram para formação do relevo.
48
Todo o litoral é marcado por rios que abastece a planície costeira com os sedimentos. No
litoral Paraibano destacam-se os rios: Goiana onde seu estuário está localizado no município de
Caaporã, Rio Paraíba em Cabedelo, Rio Gramame em Gramame, Rio Mamanguape, destaco
estes porque são os maiores em nosso litoral.
imagens
Fig. 21 –No Litoral Sul –Além dos municípios de Cabedelo, João Pessoa e Conde ficam
demonstrados os Municípios de: Pitimbú, Distrito de Acaú e estuário do rio Goiano como
linha fronteiriça com o Estado de Pernambuco.
Fontes: Imagem do Google Earth e mapeamento do site City Brazil4
4
http://www.citybrazil.com.br/pb/microregiao_detalhe.php?micro=23
Pitimbú
Acaú
Estuário do rio Goiana
49
Na região sul ocorre um processo intenso de erosão (figura 22) e seguindo em direção ao
norte vemos que em poucos lugares há uma acresção sedimentar, como os sedimentos são
provenientes dos rios que degradam as rochas, não está havendo perda de sedimentos, e sim,
pouco recebimento deles, já que um
dos rios localizados mais próximos,
como o rio Gramame, possui a
barragem, esta nomeada como
Gramame Mamoaba evitando que uma
boa parte de sedimentos chegue a
nossa costa e com a ação marinha e
eólica ocorre a retirada natural do
mesmo, ocasionando assim um déficit
de sedimentos causando a erosão.
3.3. Planaltos e planícies na Zona costeira paraibana
O termo planalto é usado para definir uma superfície elevada mais ou menos plana que
normalmente perde sedimentos por conta da inclinação de sua superfície que possui vertentes
que chegam a escarpas íngremes onde o processo de degradação pode ser bastante elevado, nesse
caso quando há ação degradadora do mar essa superfície é chamada de falésia. A planície é
segundo Guerra (1980) “a extensão de terreno mais ou menos plano onde os processos de
agradação superam o de degradação, ou seja, há nesse lugar a deposição dos materiais
sedimentares que são degradados nos planaltos”.
Estes tipos de relevo são esculpidos através da ação natural oriundos da pluviosidade,
fluviosidade e a eólica. O planalto sofre processos erosivos que vão abastecer as planícies com
os sedimentos, nesse sentido considera-se que estas são as áreas mais vulneráveis. (ver figura
23).
Figura 22 - atividade marinha na praia do município de
Pitimbu Litoral Sul
Foto: Paulo Rosa Data:11/06/2011
50
Fig 23- representação do planalto e planície
Fonte Google Earth
51
3.3.1- As costas planálticas com declividades acentuadas
O Relevo paraibano é constituído em sua grande parte por relevo planáltico e, é bem
nítida a forma que está constituída esse relevo: planalto cristalino correspondente à superfície da
Borborema e os Baixos Planaltos Costeiros, estruturado com sedimentos oriundo do grupo
geológico Barreiras que chegam até ao litoral, junto ao mar. Nesse caso iremos dividir o litoral
em duas partes, tomando como base o que SOUSA propôs em seu trabalho sobre
compartimentação costeira (2010), ou seja,
Litoral Norte e Sul tomando como ponto
central o estuário do rio Paraíba (Figura.
24).
As encostas muito íngremes,
normalmente chamadas de falésias quando
erodidas pela ação marinha, formam
angulações elevadas como podemos ver na
Figura 33.
A extensão do litoral Sul é de um pouco
mais de 71 km, sendo coberto por quase
toda sua extensão com áreas de topografia
íngreme, praticamente com toda essa
extensão com falésias: ativas (figura 25) e
inativas. As falésias inativas estão em
Figura. 24 – Divisão do Litoral paraibano em Norte e
Sul
Fonte: Google Earth, acessado em 2012
Figura 25- Falésia do Cabo Branco
Fonte: ROSA, 2000
Litoral Norte
Litoral Sul
52
Pitimbú, tanto ao Sul com o distrito de Acaú como um pouco mais ao Norte da cidade e, em João
Pessoa e Cabedelo, ao longo da restinga.
(Fig. 30).
Partimos da premissa que o litoral Sul tem
uma conformação oriunda não apenas da força do
estuário do rio Goiana e do rio Gramame, e outros
de menor porte, mas também por conta da direção
das correntes litorâneas predominantes, ou seja,
Sul para o Norte, essa situação tomamos como
sendo o resultado da direção predominante da
orientação da direção do vento: SE / NW (Fig. 26).
No litoral Sul há a alternância de Planaltos
e Planícies, porém os Planaltos aparentemente se
apresentam com maior fragilidade em relação a
ação climática. O intemperismo é intenso e,
quando combinado com a ação humana inadequada
em relação à ocupação da superfície do solo,
amplia de forma profunda com marcas de erosão
regressiva (Figura 27).
Os planaltos que possuem um grau de
declividade muito elevada e íngreme são
conhecidos como falésias. Estas estão localizadas
ao longo do litoral paraibano. Existem áreas onde
há indícios de desabamento devido à diferença
climática, ora com estiagem ora com pluviosidade
intensa; e na zona de contato com o mar há o
solapamento de base por conta da ação marinha. A
mais conhecida falésia no litoral Sul paraibano é a
do Cabo Branco, e nesta falésia estão detectados
os dois processos erosivos: tanto com a infiltração
Figura 27 Desabamento de uma parte do topo
da falésia
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Figura. 26 - Direção do vento na região sul-
Rio Goiana
Rio Gramame
53
causada pelas grandes chuvas, acarretando, nesse caso os deslizamentos. (ver figura 28)
Fig 28- Erosão regressiva na falésia do Cabo Branco
Foto: Paulo Rosa. Data: 20/07/2011
E há a erosão a partir do solapamento na base acarretando os desmoronamentos e
desabamentos da estrutura (ver Figura 29.). A partir dessa situação podemos observar em todo o
litoral paraibano que há o contato do planalto com o mar, possui falésias sujeitas a processos
intensos de erosão.
Figura 29-erosão negativa, solapamento de base na falésia do Cabo Branco.
Foto: Paulo Rosa. Data:20/07/2011
54
Figura 30 delimitação das falésias inativas no litoral sul
Fonte: Google arth
Falésias inativas
Delimitação das planícies
Presença de falésias
inativas
LEGENDA
55
3.3.2 - As costas com planície no litoral paraibano
Costa é o mesmo que litoral área de contato entre a rocha e o mar, ou seja, tanto o relevo
que se encontra emerso quanto o submerso até a plataforma continental. O Litoral paraibano é
constituído por costas alcantiladas, costa de abrasão, costas baixas constituídas por sedimentos
arenosos e também pelos chamados acidentes de costa como, por exemplo, a restinga, cúspides,
enseadas em alguns pontos o mar é determinado como fechado a exemplo a maioria das praias
do litoral sul, pela grande presença de recifes (ver Figura 31) estes que apresentam uma proteção
a planície contra o forte ataque das ondas, a compartimentação deste litoral pode ser determinado
por enseadas, que é um arco praial aberto em direção ao mar onde em suas extremidades
destacam-se dois promontórios, porém o centro das enseadas são áreas mais vulneráveis do que
suas extremidades(Figura. 32).
Figura 31-. Praia abrigada. Local: Praia do Cabo
Branco .Data: 19/03/2011
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro.
Figura. 32 enseada praia de Manaíra
Fonte: Google earth
A restinga de Cabedelo também conhecida como flecha litorânea é uma deposição
arenosa possivelmente formada pelas correntes de deriva que se movimentam paralela ao litoral
onde segundo GUERRA (1980) a restinga possui aspectos físicos como: faixas paralelas de
depósitos de areia, lagoas, resultantes do represamento de antigas baías, pequeninas lagoas
formadas entre as diferentes flechas de areias, dunas resultantes do trabalho do vento sobre a
areia de restinga, formação de barras obliterando a foz de alguns rios. A restinga de Cabedelo é
urbanizada (ver Figura 33), mas ela ainda apresenta vegetação de mangue.
56
Figura 33- Restinga de Cabedelo
Fonte: Google earth e foto: Francicléa Avelino Ribeiro
As praias do Município de Cabedelo podem ser classificadas como abrigadas por
apresentarem recifes, porem essa orla encontra-se em um grande processo de erosão
apresentando gabiões e muro de arrimo pra conter o impacto das ondas na urbanização que tende
a crescer em direção a planície litorânea (ver figura 34).
Figura 34- praia do Bessa contenção do impacto das
ondas com rochas calcarias
Foto:Francicléa Avelino Ribeiro.
Data: 19/10/2010
57
Os cúspides (ver figura 35.) são estruturas morfológicas praiais com poucos metros que
pode variar entre 10 cm a 70 metros de espaçamento (MASSELINK et al.,1997) compostas por
um formato triangular,entre duas cavas em forma de meia lua. O município de Lucena localiza-
se nessa compartimentação morfologica.
Figura 35 Cúspide mais conhecido como ponta de Lucena
Fonte: Google earth
O município de Lucena é composto também por rios de planícies estes resultado do
escoamento superficial ocorrente das chuvas, podemos observar também em Lucena a presença
de cordões litorâneos (ver figura 36) estes que são acumulações arenosas que vão sendo
depositadas ao longo dos anos e ficando estáveis,atualmente devido a urbanização do lugar fica
difícil a visualização imediata dos cordões litorâneos sendo necessário um pouco mais de
atenção para serem visualizados.
58
Figura 36- cordões litorâneos no município de Lucena
4.0 - Áreas de riscos a desastres ambientais: as planícies costeiras e flúvio
marinhas
Atualmente o tema de vulnerabilidades vem recebido uma crescente atenção quanto a
estudos para interações entre o homem e o ambiente. Aonde se vem observando ao longo do
tempo áreas de riscos, em que a vida humana se encontra expostos. Devido ao crescente aumento
populacional e questões econômicas a população passa a habitar áreas que são consideradas
áreas instáveis e vulneráveis a eventos como as inundações, como o caso das planícies costeiras
e flúvio-marinhas.
As informações disponibilizadas sobre riscos de desastres no litoral brasileiro ressalvam o
risco a inundação, (ver figura 37) essas informações são importantes para o planejamento, nos
aspectos relacionados principalmente ao uso adequado do solo e a conservação dos recursos
ambientais, fazendo-se assim medidas que reduzam riscos a catástrofes.
59
Figura 37-: Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno no Brasil (1948 - 2006).
Fonte: TESSLER M. 2008. Potencial de Risco Natural. In: MMA (ed.) Macro Diagnóstico
da Zona Costeira e Marinha do Brasil. (Ed.) Ministério do Meio Ambiente. Brasília.
As planícies costeiras possuem uma sensibilidade natural devido ao depósito sedimentar,
que possuem capacidade de infiltração e escoamento superficial, e sofre influencia de atuação
das marés. (figura 38). As inundações costeiras (ver figura 39) são causadas por ressacas ou
marés metereológicas em conjunção com marés astronômicas muito elevadas, afetam as praias,
ocupações próximas a linha de costa. As inundações na planície costeira são causadas pelo
transbordamento de regiões lagunares e estuarinas, ou em áreas com influência de marés.
60
Figura 38- Atuação da maré metereologica e astronômica
Praça de iemanjá, Praia do Cabo Branco-JP Data:19/02/2011
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Figura 39 Av. Cabo Branco sendo inundada
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 19/02/2011
No litoral Paraibano todas as áreas são suscetíveis a inundações, mas as áreas onde
ocorrem com frequência em períodos de marés astronômicas e metereologicas estão localizadas
no município de pitimbu, Praça de Iemanjá na Praia do Cabo Branco, praia do Seixas, área onde
se localiza o Hotel Tambaú, praia do poço, município de Baía da traição. (ver figura 40).
61
Figura 40 pontos que ocorrem inundações devido a marés altas e ressacas
Imagem: Google earth
Figura 41 - Praia do poço em 12/08/2010 as
05h36min
Fonte: LABEMA
62
Figura 42 -Praia do poço em 12/08/2010 as 05h55min
Fonte: LABEMA
A praia do Seixas (imagens abaixo) faz limite com a praia da penha e a praia do Cabo
Branco, é bastante conhecida por abrigar o extremo oriental das Américas e ser bastante
frequentada por turistas e moradores locais. Nos últimos anos vem se notando uma grande
diferença nesta paisagem ao qual se vê o estreitamento da linha de costa e estragos oriundos da
atividade marinha no local ao qual se faz com que haja evacuação de pontos econômicos como
bares e áreas de lazer.
.
Figura 43- Praia do Seixas
Fonte: Sr. Luiz da Palhoça do Seixas (s/data)
(Acervo Paulo Rosa)
63
Em uma conversa com moradores e trabalhadores antigos do local afirmam que o mar
naquela região se encontrava a mais de dez metros de distancia de onde é atualmente, e esta área
típica de lazer vem sendo aos poucos destruídas pela ação marinha.
Fazendo uma comparação de duas imagens do local nos últimos 20 anos onde se
localizava a antiga palhoça do Seixas, percebemos a diferença na paisagem local na figura 43
temos uma área plana onde vemos o limiar da maior maré
Atualmente essa paisagem encontra-se modificada houve o recuamento da palhoça do
Seixas e a preamar chega a muitas vezes causar transtornos devido a erosão. (Figuras 44 e 45)
Figura 44. Praia do Seixas ano 2010
Foto: Fransuelda Vieira
Figura 45 Praia do Seixas ano 2011
Foto: Francicléa Avelino
No local há presença de erosão negativa, esta que ocorre pelo solapamento de base. Em
campo foi feito croqui com medições da área erodida de uma extremidade a outra da erosão, e da
erosão até a linha d’água da maré de sizígia 2.4 (ver figura 46).
64
Figura 46- Croqui da erosão negativa na praia do Seixas
Nota-se que a erosão já avançou
em direção a área urbanizada
dificultando o acesso a praia (ver
figura48), a partir do topo onde esta
localizado o estacionamento até a base a
atividade erosiva mede 1,30 metros (ver
medição em campo na figura 47) este que
na verdade ocorre pela falta de chegada
de sedimentos junto com ação natural de
retirada do mar. para evitar o forte ataque
das ondas foi colocado rochas calcarias
no local.
Figura 47 -medindo em campo a erosão negativa no
seixas
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 05/02/2011
65
Figura 48- área erodida na praia do seixas (croqui)
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data:09/01/2012
66
Indo em direção sul em relação à palhoça do Seixas encontramos outros vestígios da falta
de aporte sedimentar um exemplo é o coqueiro com suas raízes expostas possuindo 1,80 metros
(ver figura 49), o Seixas é uma área em que os ventos chegam em dias normais a 8.0 m/s.
Figura 49: coqueiro
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data: 03/07/2011
Durante a maré baixa, o vento retira a areia na face da praia, abastecendo as dunas depois
com uma mudança de direção é soprado de volta para a praia onde continua a erosão e o
transporte pelas ondas e correntes litorâneas, e dependendo do balanço sedimentar presentes na
faixa litorânea, pode causar impactos como, por exemplo, o estreitamento da faixa arenosa.
As planícies Fluvio-marinhas (figura 50) são unidades geoambientais formadas através da
deposição de material aluvial que são depositados pelos rios e também pelo transporte marinho.
Por ser uma área que sofre a influencia de marés seu solo é propício a colonização de
manguezais, onde se acontecer qualquer alteração neste ecossistema de defesa, torna-se uma área
de risco.
Deve-se ter um pouco mais de atenção com estas áreas já que uma vez que os processos
erosivos tendem a destruir barreiras naturais como as restingas, dunas, falésias, mangues etc., e
67
deixam as regiões mais propensas à inundação, pois os setores costeiros que apresentam uma
situação de acréscimo de sedimentos e, consequentemente, progradação da linha de costa
diminuiriam as faixas de risco a catástrofes de percas humanas e materiais.
Figura 50- Planície Fluvio-marinha município de Lucena
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/2012
Abaixo foram mapeadas as planícies fluvio-marinhas no estado paraibano, onde na zona
costeira os municípios que são constituídos por essa compartimentação morfológica são os
municípios de Rio Tinto Lucena, Cabedelo e Bayeux (ver figura 51), litoral sul: João Pessoa,
Jacumã e Pitimbu (ver figura 52)
68
Figura 51- Planícies fluvio marinhas Litoral Norte
Fonte: Google earth
Figura 52- - Planície Fluvio-marinhas litoral sul
Fonte: Google earth
69
"Não estamos deitados em berço esplêndido". Com esta frase o Geógrafo Paulo Rosa, fez
um alerta estarrecedor, tratando da possibilidade de um tsunami (onda gigante) atingir o litoral
paraibano.
(Entrevista do Geógrafo Paulo Rosa ao Clik PB)
Como podemos ver o litoral é uma área totalmente vulnerável a desastres naturais, foram
detectados nos últimos anos tremores de terra nos estados vizinhos (Pernambuco e Rio Grande
do Norte) em 2007 surgiu a polemica do tsunami que possivelmente atingiria a costa nordestina,
este fato não foge a realidade e surge devido ao Cumbre de Vieja vulcão que se encontra inativo
nas ilhas canárias próximo a costa da África onde segundo pesquisas feitas por cientista
americano Steven Ward, da Universidade da Califórnia O vulcão entrou em erupção no sec. 18 e
segundo ROSA o seu ciclo e de 250 anos.
Com a atividade o corpo vulcânico alem de expelir lava desmoronaria uma parte do corpo
rochoso ao qual se encontra fissurado o que causaria uma onda em torno de 360° o que causaria
transtornos nas áreas próximas.
Em 2010 o Hawaí emitiu um sinal de alerta de tsunami que fica a 7.500 quilômetros da
costa do Chile onde teve terremoto, a onda chegou no local com pouco mais de dois metros. O
estado Paraibano esta situado a 4 343 km das ilhas canárias. (ver figura 53). Não é possível
prever o tamanho exato da onda visto que depende dos fatores oceanográficos e climáticos
ocorrentes na presente data.
Figura 53- Distancia das Ilhas Canárias até o Litoral Paraibano
Fonte: Google earth
70
4.1- Mangues
“Dá-se o sentido da palavra mangue ao conjunto da vegetação capaz de suportar a
presença de sal no ambiente, que cresce sobre terreno junto à costa e sempre sujeito às
inundações das marés. E manguezal tem o significado de ecossistema litorâneo e tropical onde
predominam os mangues, formador de uma associação singular de espécies de animais e plantas
que vivem na faixa entremarés das costas: estuários, deltas, lagoas e lagunas”.
(Direito do Mangue, Gutenberg Cabral)
Figura 54- Aterro no mangue no município de Lucena, para expansão imobiliária.
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/2012
Os mangues (figura 54) não estão sempre em um mesmo lugar E segundo afirma Guerra
(1980) “estes terrenos são quase em toda totalidade constituídos por vasas de depósitos
recentes”. Este ecossistema corrobora para proteção do continente.
Sua origem é devido a sua topografia que possibilita o contato da água salina do mar
tornando assim o solo propício para o tipo de vegetação. A vegetação serve para fixar o solo
evitando assim a erosão estabilizando a linha de costa
A vegetação das terras úmidas dos mangues atua como amortecedor natural, ou seja,
absorve as inundações e dissipa as ressacas. Isto protege os organismos terrestres, e também as
propriedades, de tormentas e danos por inundações.
71
É um ecossistema produtivo complexo e rico, mas que nos últimos anos vem sofrendo
com o a expansão da urbanização. No litoral Paraibano esta ocorrendo aterros nos mangues para
expansão imobiliária e desmatamento, além de ser depósito de lixo e despejo de esgoto sanitário
(ver Figura 55) que irá resultar em um desequilíbrio no ecossistema deixando assim o continente
vulnerável a riscos.
Figura 55- Mangue aterrado e com lixo
Foto : Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/ 2012
Segundo Cabral (2002) “Os fatores determinantes para a defesa da manutenção do
ecossistema manguezal são os benefícios indiretos, como na fundamental retenção de sedimentos
continentais trazidos por rios e pelo escorrimento pluvial, os quais contribuem significativamente
para a melhoria das águas, como se existisse um filtro natural para diluir as águas poluídas e
alguns estimam que um hectare de estuário de maré representa o equivalente a uma economia de
cento e cinquenta mil dólares nos custos do tratamento de resíduos, segundo contabilidade
ambiental”.
O Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988 fala que qualquer utilização para
urbanização deve ser feito a partir de 50 metros do limite final do ecossistema, mas vemos que
por conta do crescimento e devido a problemas sociais como falta de renda, a população tende a
72
tomar conta deste espaço ao qual se deve tomar bastante cuidado, pois com a degradação desses
ambientes, a própria população perde uma segurança ecológica.
4.2- Região estuarina-lagunar
Estuário é a área de encontro entre o rio e o mar por causa da influencia das marés,
próximos aos estuários podem ocorrer a presença de áreas alagadiças e marismas.
No litoral Paraibano existem vários estuários a citar os maiores que são os dos rios
Goiana, Mamanguape, Paraíba e Gramame, estes, porém trabalham para alimentação sedimentar
costeira. Os estuários são considerados sistemas abertos onde segundo CHIAVENATO esse tipo
de sistema possui uma relação com o meio ambiente por meio de entrada e saídas, há uma troca
de matéria e energia com o meio ambiente, e são eminentemente adaptativos, isto é para
sobreviver devem reajustar-se constantemente as condições do meio.
Alguns estuários estão ameaçados como, por exemplo, a do Rio Jaguaribe que sofreu
agressões no decorrer da década de 30.
“O Rio Jaguaribe nasce ao sul de João Pessoa, no conjunto Esplanada, em uma lagoa,
hoje aterrada. O curso d’água possui uma extensão aproximada de 21 km, até a sua
desembocadura, no Oceano Atlântico, entre a Ponta de Campina e o Bessa, no Maceió do Jardim
América, hoje Intermares. Seus principais afluentes são: o Timbó, pela margem direita, e o
Riacho dos Macacos na margem esquerda, hoje desaparecido em razão da expansão do bairro da
Torre e de parte do bairro de Jaguaribe. Pequenos córregos e drenos completam o sistema de
drenagem . O Rio Jaguaribe é alimentado por várias fontes e ressurgências situadas entre o seu
curso superior e o lago de barragem da reserva florestal do buraquinho (hoje Jardim Botânico
Benjamim Maranhão).” (MELO 2001 s.p.).
Estas agressões fizeram com que este rio que era um principal virasse um afluente do
Paraíba, e ficou com alguns resquícios de antigos estuários no decorrer da zona litorânea de João
pessoa, o que demonstra a busca pela sobrevivência em forma de tentativa de adaptação com o
meio, atualmente seu estuário localiza-se no município de Cabedelo, porém ele não possui muita
força, ou seja, apresenta a negentropia também conhecida como energia negativa.
A negentropia é classificada por Katz e Kahn como um processo ao quais as formas
organizadas tendem a entrar em exaustão, desorganização e no fim a morte, O Rio Jaguaribe não
consegue chegar até seu destino final: o mar, e neste caso a força eólica que chega a ser um F4
73
(onde de acordo com Beaufort é um vento moderado entre 5,1 a 7,2 m/s onde levanta poeira ver
figura 56), essa força é maior que a ação erosiva do rio.
Figura 56- Erosão eólica no atual estuário do rio Jaguaribe
Data: 01 de Março de 2012
Foto: Paulo Rosa
A ação eólica ocasiona uma deposição sedimentar no estuário, causando assim o
impedimento do desaguamento do rio no mar, onde este fica por muito tempo retido, causando
desconforto e mau cheiro no local, fazendo com que a população abra o caminho para passagem
das águas para o mar.(ver figuras. 57 e 58).
Figura 57 atual estuário do rio Jaguaribe - Bessa
Data: 01 Março 2012
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Figura 58 atual estuário do rio Jaguaribe fechado
pela ação eólica
Data: 10 Março 2012
Foto: Paulo Rosa
74
É uma área vulnerável a inundações devido a grande precipitação. Os locais que são
constatados esses acontecimentos são as que foram significativamente alterados para ocupação
humana. A maioria delas estão situadas em áreas ribeirinhas ou antigos canal do rio, porém é
uma área sujeita a ocorrência a desastres naturais.e a maior influencia seria a topografia propícia
para eventos como enchentes e alagamentos podemos ver na figra 60 o curso do Rio Jaguaribe.
Figura 59- Curso do Rio Jaguaribe
Fonte: Google earth
As lagunas (figura
60) são terrenos
rebaixados que contém
acumulo de água salobra
e que por se localizar na
borda litorânea sofrem
com a influencia das
marés mais altas. No
litoral paraibano
podemos destacar a
laguna da planície fluvio- marinha da Barra de Jacarapé (ver figura 60). Esta laguna está na foz
do rio Jacarapé onde juntamente com a ação eólica, fluvial e marinha, causa um aumento no
acumulo sedimentar no local construindo assim uma barra que represa a laguna ao qual o mar
Figura 60-Laguna Jacarapé
Fonte: Google earth
75
invade em períodos de preamar. Cabe resaltar a diferença entre lagunas e lagoa costeira esta
mencionada no item 2.2.
4.3-. Rias
Existem muitos tipos de costas, que são originados por diferentes eventos, a costa
litorânea e formada pela sedimentação trazida pelos rios e também pela ação marinha, existem as
costas vulcânicas, em Deltas, mas entre estes cabe destacar as costas formadas por rias.
Rias são entradas costeiras formadas por vales fluviais que foram imersas e erosionadas
através da ação dos rios e estas também foram invadidas pela ação marinha, elas formam ilhas
próximas as largas desembocadura dos rios, estas que foram os picos dos montes pré-existentes,
elas estão principalmente expostas em litorais que são recortados a citar como exemplo o estado
paraibano onde a foz dos grandes rios são rias (ver figuras. 61 e 62)
Figuras 61- foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo
Fonte: Google earth
Figuras 62-. Foz do rio Goiana limite entre os estados
da Paraíba e Pernambuco
Fonte: Google earth
Na costa Paraibana. Podemos identificar as principais rias que são no sentido norte-sul:
Foz do rio Camaratuba no município de Mataraca, foz do rio Mamanguape no município de Rio
Tinto, Foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo e foz do Rio Goiana no município de
Pitimbu.
As rias podem ser altas, baixas ou relativamente acidentadas a Paraíba e composta por
rias baixas, estes que foram vales imersos e que ao longo do tempo ficaram submerso pela unção
76
da ação marinha e fluvial provavelmente num período pós-glaciação, e formaram ilhas e flechas
litorâneas que se formaram com a deriva litorânea que transportavam sedimentos paralelos à
costa.
4.4- Recifes
Recife é segundo GUERRA formações geralmente litorânea que aparecem próximos a
costa, eles podem ser de arenito ou de corais. Estes apresentam uma grande importância na
morfologia litorânea, pois interceptam o impacto das ondas, mas é um grave problema para as
navegações.
Os recifes do litoral paraibano são em sua maioria de arenito (ver figura 63) estes
resultantes da consolidação de antigas praias, e são do tipo arenítico, ou seja, situado próximo a
costa. Segundo GUERRA resultam da cimentação de antigas praias isto é, dos grãos de quartzo e
Distingue dos recifes de corais que são acumulação dos corais em rochas.
Figura 63 recifes de arenito Local: Praia do Cabo Branco JP
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 19/03/2011
Na Paraíba os recifes estão distribuídos ao longo o litoral, a maioria são de arenito e
poucos são os coralígenos, um exemplo de recifes que contem corais é a mais conhecida
77
Picãozinho, picãozinho é um recife arenítico onde sua formação foi iniciada devido aos corais
que vão se acumulando e crescendo ao redor e fixando na rocha esta que fica submersa nas
preamares e é um dos principais pontos turísticos quando esta surge no período de baixa-mar
(ver fig 64).
Figura 64- Picãozinho
Fonte:
http://joaopessoaturismo.blogspot.com.br/2010/04/piscinas-
naturais-de-picaozinho.html
Figura 65 - Fragmentos de recifes no litoral
Praia do cabo branco data:25/Nov./2011
Foto : Francicléa Avelino Ribeiro
Os recifes estão sendo também destruídos não apenas pelo homem por causa da
navegação, mas pela força das ondas (ver figura 65) na praia do Cabo Branco foram encontrados
fragmentos de arenito provenientes dos recifes. Provavelmente essa situação ocorreu devido a
grande força das ondas geradas pelo vento nessa época o que se não houvesse os recifes a
degradação ocorreria em maior intensidade no litoral.
78
4.5- Praias: áreas de riscos a desastres ambientais
As praias (figura 66) são
Segundo Guerra (1980) depósitos
de areia acumuladas devido os
agentes fluviais ou marinhos,
estas, porém podem variar de
acordo com a granulometria
resultado da dinâmica que ocorre
no sistema praial. As praias
servem como proteção da ação
erosiva ocasionada pelas ondas.em
áreas urbanizadas.
As praias do litoral
Paraibano são bastante frequentadas por turistas e pelos moradores, além de servir como
economia para algumas famílias, este sistema sofre transformações devido a sua dinâmica
ocasionadas pela ação eólica, marinhas, pluvial, fluvial. Por se tratar de uma planície é uma área
vulnerável, onde ocorrem processos de erosão.
As formas do relevo costeiro podem resultar da ação erosiva como também da sua
deposição, esta ocasionada por diversos elementos como o nível da maré, ação das ondas,
direção das correntes, ação dos ventos, e a ação antrópica causam interferências na dinâmica
sedimentar.
As areias das praias litorâneas são geralmente originárias dos rios que erodem as rochas e
transportam seus fragmentos até o litoral, onde o mar encarrega-se de distribuí-los pela costa.
Pode-se também encontrar praias formadas por conchas ou outros materiais, bastando que
tenham um tamanho, densidade e quantidade suficientes para tanto.
O sistema praial é dinâmico, portanto não é padronizado em todas as localidades, este é
caracterizado por falésias, dunas e bermas que estão localizados no pós-praia, o estirancio que
compreende a área entre a Preamar e a baixamar e é onde ocorre a ação mais ativa da dinâmica
sedimentar, a face praial localiza-se entre a o nível da maré baixa de sizígia até o limite da ação
Figura 66- Praia da Penha PB
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
79
das ondas, a zona de Surfe se estende desde a formação da linha de arrebentação ate a ultima
quebra.
Os Bermas (figura. 67) formam- se na região pós-praia devido a deposição de
sedimentos, onde este encontra-se em constante dinâmica devido a ação das ondas nas marés de
sizígia ou metereológicas.
Figura 67- Berma Praia do Cabo Branco
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data:04/06/2011
As “Dunas costeiras se formam em locais em que a velocidade do vento e a
disponibilidade de areias praiais de granulometria fina são adequadas para o transporte eólico”.
(GUERRA E CUNHA, 1994. pag.298). Podemos encontrar dunas protegidas por vegetação na
praia do cabo Branco onde estas segundo Strahler e Strahler (1989) são dunas inativas, por
estarem fixadas pela vegetação. Devido ao balanço sedimentar causado pelas forças exógenas
gera-se a configuração litorânea tornando-se assim praias com enseadas, baias, cúspides, ou até
mesmo retilíneas, porém essas configurações em nosso litoral podem ser modificadas caso haja
qualquer tipo de alteração sendo ela natural ou antrópica em qualquer elemento que colabore
para o desenvolvimento da costa.
A erosão costeira é um processo que ocorre na linha de costa que decorre do balanço
sedimentar negativo, nas praias há períodos de acresção e erosão dependendo do tempo e
período, na época de verão há acresção sedimentar e no inverno a erosão, porém os elementos
80
deste sistema estão sempre acrescentando e retirando-os e que há épocas em que há mais
deposição do que retirada do mesmo ( figura 68).
Figura 68 - compartimentação morfológica praial em Cabo Branco,
Data: 02/04/2011.
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
4.5.1- Aspecto morfodinâmico – Perfis praiais
O perfil transversal de uma praia varia de acordo com o ganho e a perca de sedimentos,
que pode ocorrer de acordo com os parâmetros climáticos, oceanográficos e até mesmo a
exaustão das forças supridoras. Com estes parâmetros podemos observar situações de
engordamento (período de tempo bom) e erosão (época de tempestade).
Durante uma translação foi obsevada a dinâmica morfológica no pós-praia e limite
inferior da face de praia, na enseada do Cabo Branco, onde esta é uma praia bastante frequentada
pela população e que ao longo dos anos vem sendo notada uma diferença em sua fisiografia, o
que despertou o interesse pela área. Com a análise de dados disponibilizados pelo INMET-
Instituto Nacional de Metereologia, e dados fornecidos pela tabua de maré da Marinha do Brasil,
tivemos os parâmetros climáticos e oceanográficos para a interpretação dos perfis topográficos
7º
81
transversais feitos em campo com nível topográfico e régua graduada de cinco metros. (ver
figura 69)
Figura 69- local : Leitura praial no Busto de Tamandaré
Foto: Fransuelda Vieira
Estes perfis foram feitos de forma sistemática iniciando em 19 Março de 2011 sempre
nos períodos de Lua Cheia e Lua Nova onde nestas é onde ocorre uma grande variação no nível
da maré, e sempre no período de baixa-mar. E estes perfis estão localizados em quatro pontos: o
Perfil 1 no Busto de Tamandaré, Perfil 2 em frente ao Hotel Tropical duas quadras antes do
Hotel Íbis, Perfil 3 em Frente ao Hotel Green Sunset e o Perfil 4 na praia do seixas ( ver figura
70 ).
No Busto de Tamandaré (coordenadas 7° 7’ 11” LS e 34° 49’ 25” LW) o pós praia é o
maior apresentando 91,53m localiza-se próximo ao hotel Íbis (coordenadas 7° 8’32” LS e 34°
48’ 51” LW) onde seu pós praia apresenta 36,65 m, e o terceiro ponto localiza-se próximo ao
Hotel Green Sunset (coordenadas 7° 8’ 37” LS e 34° 48’ 45” LW) apresentando 29,35 m, e o
quarto ponto na praia do seixas (coordenadas7°09’31.63” LS, 34° 47’ 39.25” LW ) este que não foi
medido o pós praia devido a falta de aceso ao mesmo por conta das dunas estacionarias.
82
Figura 70-. Localização dos perfis
Fonte: Google earth
As praias destacadas foram escolhidas por ser ao longo dos anos notados uma diferença
em suas feições, onde observa-se um acréscimo em um lugar e decréscimo em outro notando-se
assim sinais de erosão, onde são consideradas áreas vulneráveis a riscos a desastres.
Foi observado o comportamento das praias nos meses correspondentes aos solstícios e
equinócios nas fazes da maré de sizígia nas Luas Cheias e Lua Nova correspondente as maiores
marés.
Para entendermos a dinâmica que está ocorrendo nesta enseada foi consultado os
parâmetros climáticos e oceanográficos para analisar os perfis. Seguindo o sentido das correntes
litorâneas na Paraíba que são sentido sul-norte, direção eólica predominante estes também
responsáveis pelo transporte e deposição sedimentar.
Para realização dos perfis foram estabelecidos limites, ou seja, uma distancia para cada
ponto indo em direção ao nível da maré, partindo da estação (E0) localizado no pós-praia, o
83
primeiro ponto refere-se ao berma ao qual.foi observado seu comportamento e é através deles
que observamos os primeiros sinais de deposição e erosão na praia.
No sentido sul-norte iniciamos nossa análise com o perfil 4 localizado na praia do seixas
esta que apresenta um déficit maior de sedimentos.(Figura 71)
Figura 71: Praia do seixas
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 03 julho de 2011
Figura 72. Perfil praial 4. Coordenadas7°09’31.63” LS, 34° 47’ 39.25” LW
Local : Praia do Seixas
No local nota-se a ausência do berma o que representa índices de erosão sedimentar. Na
figura 72 observa-se que durante o mês de julho efetuou-se o primeiro perfil na área o que nos
serviu de parâmetro para comparação com os outros, este mês é o período onde ocorrem as
maiores marés de sizígia durante a lua nova, observamos um déficit sedimentar onde que nos
períodos do mês de Setembro ocorreu um aumento de 40 cm no aporte e que durante o ciclo da
84
translação observamos que durante o mês de maio de 2012 o perfil do estirancio encontra-se
quase em mesmo nível do mês de julho o que se subentende que há uma perca considerável de
sedimentos ao longo dos anos o que explica os fatos registrados e apontados no local de grande
perca sedimentar causada não apenas pela maré (ver figura 73) mas também pela ação eólica, ao
qual constatou-se através de um anemômetro digital que em dias de tempo bom a velocidade
chega 8.0 m/s e sua direção predominante é sudeste .
Figura 73 - Praia do Seixas, local onde foi efetuado o perfil
Data: 08 de março de 2012 maré 2.7 lua cheia
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Seguindo em direção Norte chegamos a uma área de sotavento após a falésia do Cabo
Branco ponto identificado como perfil 3 em frente ao hotel Green Sunset.( figura 84)
Figura 74 perfil hotel Green
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
Data:25/01/2012
85
Figura 75- perfil Praial 3, coordenadas 7° 8’ 37” LS e 34° 48’ 45” LW.
Local: em frente ao hotel Green Sunset
No perfil 3 (figura 75)constata-se a presença do berma o que representa uma deposição
sedimentar no local proveniente do transporte das correntes litorâneas que trazem do seixas , mas
neste local nota-se uma variação na feição no decorrer da translação , em Março de 2011 a praia
encontra-se íngreme sem a presença do berma este é o período do equinócio de outono onde há
um aumento na velocidade eólica, em Março de 2012 houve uma diferença de 26,50 cm de
déficit sedimentar no correspondente ao p2 localizado a 8,94 m de distancia do E0. O período de
maior acresção sedimentar é no equinócio de primavera mês de setembro e o período de maior
erosão é em abril onde em relação a março de 2012 apresentou um déficit sedimentar no p5
correspondente a 28,75 m de distancia do E0 de 70 cm. Nota-se que é no período de solstício de
Verão e Inverno que começam a ocorrer as
maiores transformações na feição com o
estado da praia íngreme e com sua dinâmica
de ganho e perca sedimentar, sendo estes
resultados notados mais precisamente nos
equinócios de Outono e Primavera.
O perfil 2 ( figura 86) localiza-se a
220 metros do perfil 3 próximo ao hotel Íbis
( figura 76) , nota-se através dos perfis
(figura 77) que o mês de junho foi o que
ocorreu maior erosão sedimentar .
Em Março de 2012 ocorreu uma
Figura 76. Perfil 2 próximo ao hotel íbis praia do
Cabo Branco.
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
86
acresção decorrente do transporte trazido do ponto anterior. Fazendo uma comparação entre
Março de 2011 e Março de 2012 nota-se que ocorreu uma acresção sedimentar no local.
Figura 77- Perfil praial 2 , coordenadas 7° 8’32” LS e 34° 48’ 51” LW
Local: próximo ao hotel íbis
O Busto de Tamandaré
(figura 88) representado pelo perfil 1
(figura 79) é o que apresenta o
menor estirancio com 22,73 metros
de comprimento porem é o que
apresenta o maior pós praia
A dinâmica ocorrida no local
é mais para acresção sedimentar,
onde os dados coletados
apresentaram acresção de 46 cm do
p1 correspondente a 7,53 metros de
distancia do E0, porém nota-se a mesma dinâmica de erosão e acresção nos diferentes momentos
de equinócio e solstício encontrados nos outros perfis.
Figura 79 -Perfil praial 1. Coordenadas 7° 7’ 11” LS e 34° 49’ 25” LW
Local : Busto de Tamandaré
Figura. 78- Local do perfil 1 Busto de Tamandaré
Data: 31/03/2011
Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
87
Com a sobreposição dos perfis fica mais nítida a ocorrência do que se vem ao longo dos
tempos sendo observadas: um estreitamento continental nos últimos perfis correspondentes ao
perfil 4 e 3 e uma acresção nos dois primeiros pontos, o que significa ser um local com maior
chances de ocorrência de desastres por causa do déficit sedimentar Como inundação, avanço
marinho e possivelmente o desaparecimento desta própria linha de costa.
Faz-se necessário obedecer ao limite estabelecido pelo decreto de linha da preamar média
do ano de 1831 o que segundo Dieter Muehe “o limite de 33m dos terrenos de marinha, medidos,
em direção à retroterra, além de ser de difícil determinação”, frequentemente não ultrapassa a
largura da berma de praias mais largas. Porém de acordo com o Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de
maio de 1988 resalta que os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com o
seguinte critério:
II - terrestre: cinquenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos
metros em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do
continente a partir da linha de preamar ou do limite final de
ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias,
dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas,
manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar,
quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e
seus acrescidos.
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o estudo e metodologias utilizadas para a realização do presente trabalho
verificou que a zona costeira Paraibana é dividida em dois grandes compartimentos: os planaltos
e as planícies esta que é constituída pelo que chamamos de unidades geomorfológicas como os
mangues, restingas, cúspides, região estuarina, lagunas, rias, recifes, praias ao qual são áreas
vulneráveis com riscos a desastres naturais, mas que ao mesmo tempo é uma proteção natural se
não forem mal conservadas. É considerado desastres todo evento ou fenômeno que por ventura
aconteça e que prejudica o ser humano.
Os desastres ocorrem porque muitas vezes não é respeitado o limite proposto pela Lei n°
7.661, de 16 de maio de 1988 que indica a distancia para que se iniciem as áreas urbanizadas, a
partir de 50 metros da maior maré de sizígia ou de um ecossistema, nota-se que na maior parte
do litoral paraibano não é respeitado este limite.
O compartimento da planície vem sendo bastante ocupado pela população assim como as
unidades presentes a citar principalmente os mangues que perante a efetuação do trabalho notou-
se que é o mais ameaçado devido aos aterramentos e ao não cumprimento do que determina o
Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988. Os planaltos são as áreas menos vulneráveis.
Os principais desastres que ocorreram na zona costeira Paraibana constatada foram as
inundações e a erosão. Para muitos o fenômeno da erosão não é perceptível por ser algo que
ocorre cautelosamente apenas os frequentadores dos locais percebem a modificação da paisagem
ocorrida nos últimos anos. O que para estes seja apenas o mar que esta avançando em direção ao
continente.
A partir dos perfis topográficos feitos em campo constatou a dinâmica que está ocorrendo
na enseada do Cabo Branco esta por ser a mais conhecida e ser perceptível a diferença em sua
paisagem, onde a praia do seixas que é o primeiro ponto após a falésia do Cabo Branco e em
frente ao hotel Green Sunset estão sofrendo com a erosão esse evento resultado não apenas da
ação marinha, mas o fator principal é a falta de aporte sedimentar que são trazidos pelos rios
estes com deficiência no transporte devido a ação antrópica representada pelas barragens
causando assim um estreitamento e uma diminuição da faixa arenosa fazendo com que haja uma
acresção nos outros locais até a área conhecida como Busto de Tamandaré.
89
Os períodos de maior erosão ocorreram no equinócio de outono e o de maior acresção no
equinócio de primavera, durante os solstícios a praias permanece em sua dinâmica natural de
ganho e perca, porém o que podemos dizer é que durante este período ela mantém um equilíbrio.
As áreas em que ocorrem grandes avanços constatados do que vamos chamar de
“agressão marinha” estão presentes no litoral sul que são as praias do município de Pitimbu,
praça de iemanjá na praia do Cabo Branco esta registrada não somente a erosão, mas as
inundações costeiras, praia do poço no município de Cabedelo, e Baía da traição no Litoral norte.
Assim foram detectadas que o litoral Paraibano possui áreas vulneráveis a risco a
desastres onde alem dos ecossistemas, a área mais notável são os dois últimos pontos onde foram
elaborados os perfis da enseada do cabo Branco ao qual está havendo déficit sedimentar, o que
causa um avanço marinho e possivelmente o desaparecimento da linha de costa.
Vemos então a importância do conhecimento e descrição das compartimentações
morfológicas para o planejamento e gestão costeira, pois a área exerce forte influencia na
economia e habitações de uma parte da população.
A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais
A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais
A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Relatorio.rio.quinca
Relatorio.rio.quincaRelatorio.rio.quinca
Relatorio.rio.quincaGabriela O
 
Sirinhaempdf3
Sirinhaempdf3Sirinhaempdf3
Sirinhaempdf3vfalcao
 
C h e g a n d o 15 leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0k
C h e g a n d o    15    leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0kC h e g a n d o    15    leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0k
C h e g a n d o 15 leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0kPaulo Palhano Palhano
 
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010Comunicação Caraguá
 
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04Amar Jardim Oceânico
 
Estudo Hidrogeológico em Custódia
Estudo Hidrogeológico em CustódiaEstudo Hidrogeológico em Custódia
Estudo Hidrogeológico em CustódiaPaulo Peterson
 
Relatorio tec de campo
Relatorio   tec de campoRelatorio   tec de campo
Relatorio tec de campoCáio Silva
 
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr Jeovaci Martins Da Rocha Júnior
 

Mais procurados (20)

Relatorio.rio.quinca
Relatorio.rio.quincaRelatorio.rio.quinca
Relatorio.rio.quinca
 
Sirinhaempdf3
Sirinhaempdf3Sirinhaempdf3
Sirinhaempdf3
 
Litoral jornal da paraiba
Litoral jornal da paraibaLitoral jornal da paraiba
Litoral jornal da paraiba
 
C h e g a n d o 15 leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0k
C h e g a n d o    15    leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0kC h e g a n d o    15    leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0k
C h e g a n d o 15 leia, divulgue em suas listas e redes sociais 0k 0k 0k
 
Hora do Sul
Hora do SulHora do Sul
Hora do Sul
 
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010
Caraguá Verão nº 09/ 28 janeiro 2010
 
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04
AMAR - Informe 4º Trimestre 2011- páginas 01-04
 
Jornal de maio
Jornal de maioJornal de maio
Jornal de maio
 
24desetembro oexpresso
24desetembro oexpresso24desetembro oexpresso
24desetembro oexpresso
 
O Centro - n.º 7
O Centro - n.º 7O Centro - n.º 7
O Centro - n.º 7
 
Bacia de Sergipe Alagoas
Bacia de Sergipe AlagoasBacia de Sergipe Alagoas
Bacia de Sergipe Alagoas
 
Estudo Hidrogeológico em Custódia
Estudo Hidrogeológico em CustódiaEstudo Hidrogeológico em Custódia
Estudo Hidrogeológico em Custódia
 
Relatorio tec de campo
Relatorio   tec de campoRelatorio   tec de campo
Relatorio tec de campo
 
Edição 147 serrano
Edição 147   serranoEdição 147   serrano
Edição 147 serrano
 
Tipo carioca - abril 2013
Tipo carioca - abril 2013Tipo carioca - abril 2013
Tipo carioca - abril 2013
 
Relato BR135-2010
Relato BR135-2010Relato BR135-2010
Relato BR135-2010
 
Seminário Técnico-Ambiental da 12ª Rodada de Licitações - Bacia do Recôncavo ...
Seminário Técnico-Ambiental da 12ª Rodada de Licitações - Bacia do Recôncavo ...Seminário Técnico-Ambiental da 12ª Rodada de Licitações - Bacia do Recôncavo ...
Seminário Técnico-Ambiental da 12ª Rodada de Licitações - Bacia do Recôncavo ...
 
12.09
12.0912.09
12.09
 
03denovembro2012 oexpresso
03denovembro2012 oexpresso03denovembro2012 oexpresso
03denovembro2012 oexpresso
 
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr
Mapeamento geológico na região de Itupiranga PA - TCC Jeovaci Jr
 

Semelhante a A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais

TCC- Odilon Lima -2015
TCC- Odilon Lima -2015TCC- Odilon Lima -2015
TCC- Odilon Lima -2015FABEJA
 
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...Raquel Oliveira
 
Analise ambiental vila augusta_rehben
Analise ambiental vila augusta_rehbenAnalise ambiental vila augusta_rehben
Analise ambiental vila augusta_rehbenavisaassociacao
 
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RN
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RNÁgua Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RN
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RNGabriella Ribeiro
 
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...Jean Carlos Macedo Gomes
 
Relatorio de geoprocessamento, análise ambiental
Relatorio de geoprocessamento, análise ambientalRelatorio de geoprocessamento, análise ambiental
Relatorio de geoprocessamento, análise ambientalthaizasfc
 
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)Cassuruba
 
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIARELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIAEzequias Guimaraes
 
TCC - Laudenor Pereira -2012
TCC - Laudenor Pereira -2012TCC - Laudenor Pereira -2012
TCC - Laudenor Pereira -2012FABEJA
 
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)Ilanna Rego
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005aldeci dos santos
 
A matemática vai às termas
A matemática vai às termasA matemática vai às termas
A matemática vai às termasilgomate
 

Semelhante a A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais (20)

TCC- Odilon Lima -2015
TCC- Odilon Lima -2015TCC- Odilon Lima -2015
TCC- Odilon Lima -2015
 
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...
MORAIS, R. O. Entre Urbano e Água. Um Plano de Intervenção para o entorno do ...
 
2016 dis kmloliveira
2016 dis kmloliveira2016 dis kmloliveira
2016 dis kmloliveira
 
TCC II - Ricardo
TCC II - RicardoTCC II - Ricardo
TCC II - Ricardo
 
Analise ambiental vila augusta_rehben
Analise ambiental vila augusta_rehbenAnalise ambiental vila augusta_rehben
Analise ambiental vila augusta_rehben
 
Areias do Albardão
Areias do AlbardãoAreias do Albardão
Areias do Albardão
 
Samburá 57
Samburá 57Samburá 57
Samburá 57
 
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RN
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RNÁgua Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RN
Água Subterrânea e Petróleo,uma avaliação no município de Mossoró-RN
 
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...
Caracterizacao geomorfologica-do-municipio-de-riachao-das-neves,-oeste-baiano...
 
Relatorio de geoprocessamento, análise ambiental
Relatorio de geoprocessamento, análise ambientalRelatorio de geoprocessamento, análise ambiental
Relatorio de geoprocessamento, análise ambiental
 
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)
Relatorio oficinas-dragagem-pescadores-2014 (1)
 
Pgi 06 04-15
Pgi  06 04-15Pgi  06 04-15
Pgi 06 04-15
 
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIARELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
RELATÓRIO DE CAMPO - GEOLOGIA
 
Fb silva dis01prt
Fb silva dis01prtFb silva dis01prt
Fb silva dis01prt
 
Fb silva dis01prt
Fb silva dis01prtFb silva dis01prt
Fb silva dis01prt
 
TCC - Laudenor Pereira -2012
TCC - Laudenor Pereira -2012TCC - Laudenor Pereira -2012
TCC - Laudenor Pereira -2012
 
Livro historia do_bairro
Livro historia do_bairroLivro historia do_bairro
Livro historia do_bairro
 
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)
Zoneamento ambiental da APA do estuário do rio Curu. (Ceará, Nordeste do Brasil)
 
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
Estudo das-areas-de-manguezais-do-nordeste-do-brasil-2005
 
A matemática vai às termas
A matemática vai às termasA matemática vai às termas
A matemática vai às termas
 

A compartimentação da paisagem costeira paraibana apontando áreas de riscos a desastres ambientais

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS A compartimentação da paisagem costeira Paraibana: Apontando áreas de riscos a desastres ambientais Autor: Francicléa Avelino Ribeiro João Pessoa 2012.1
  • 2. Francicléa Avelino Ribeiro A compartimentação da paisagem costeira Paraibana: Apontando áreas de riscos a desastres ambientais João Pessoa 2012.1
  • 3. RIBEIRO, Francicléa Avelino. A compartimentação da paisagem costeira: Apontando áreas de riscos a desastres Ambientais RIBEIRO, Francicléa Avelino. João Pessoa: UFPB, 2012. 92 p. Monografia (Graduação em Geografia) Centro de Ciências Exatas e da Natureza – Universidade Federal da Paraíba.
  • 4. Francicléa Avelino Ribeiro A compartimentação da paisagem costeira Paraibana: Apontando áreas de riscos a desastres ambientais Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Geografia da Universidade Federal da Paraíba, para obtenção do grau de bacharel no curso de Geografia. Orientador: Geógrafo Ms. Conrad Rodrigues Rosa Co-orientador: Dr. José Paulo Marsola
  • 5. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DGEOC Francicléa Avelino Ribeiro A compartimentação da paisagem costeira Paraibana: Apontando áreas de riscos a desastres ambientais Aprovada em: 06 / 11 / 2012
  • 6. A compartimentação da paisagem costeira Paraibana: Apontando áreas de riscos a desastres ambientais BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Geógrafo Ms. Conrad Rodrigues Rosa Orientador ________________________________________ Prof. Dr.Sergio Fernandes Alonso Examinador ________________________________________ Prof. Dr. José Paulo Marsola Examinador João Pessoa 2012
  • 7. Agradecimentos A meus pais: Maria da Conceição Avelino e Francisco R. Ribeiro Fernandes, por acreditar e me guiarem por um caminho certo. Mãe, pelo cuidado e atenção desde a minha primeira escrita até minha formação superior, Pai, pela sua força e garra e investimentos na minha educação. Além de serem grandes exemplos de força e coragem. A família ROSA pelo apoio e incentivo, mas em especial ao Geógrafo Conrad Rodrigues Rosa pelo incentivo do inicio ao fim desse trabalho, pelas horas de enorme paciência em que se dedicou a discutir conceitos e as etapas do trabalho, além dos seus ensinamentos nas atividades técnicas e de Campo ao qual levarei pra sempre em minha carreira profissional. A minha amiga Geógrafa Cleytiane Santos, pessoa com quem aprendi muito nessa minha caminhada e por ser uma das pessoas mais fortes que já conheci, pelos momentos de descontração e risadas, conselhos, além da sua dedicação em me ajudar nas atividades de campo onde não importava se o tempo estava ensolarado ou chuvoso lá estávamos prontas para fazer as coletas de dados dos perfis praiais a você Cleyt meu muito obrigado! A equipe LABEMA onde pude compartilhar e aprender sobre a arte geográfica além do apoio e pela ajuda em algumas atividades de campo e em laboratório, a vocês Geógrafa. Cristiane Mello Neves, Geógrafa. Fransuelda Vieira de Farias, Bel em Geografia. Ivonaldo Lacerda, e o futuro Geógrafo Paulo Rafael Vasconcelos meus sinceros agradecimentos. O mais especial dos agradecimentos preferi deixar por ultimo, por não ter palavras para expressar no inicio desta lauda o quanto sou grata a este homem, em memória ao Geógrafo Mestre Paulo Roberto de Oliveira Rosa, ao qual infelizmente não se encontra mais entre nós, a ele não devo apenas meus agradecimentos, mas um inicio de carreira acadêmica e profissional ao qual tenho enorme orgulho de ter feito parte de sua equipe no LABEMA, onde nos ensinou a importância do trabalho coletivo e colaborativo, a paixão que tinha a profissão e em especial a Geografia que cativava a muitos pelo seu grande conhecimento e dedicação. Agradeço seu investimento e dedicação para inicio e conclusão deste trabalho, pela sua orientação, conselhos de vida, e por ter confiado e acreditado não só em mim, mas em todos que fizemos parte da família LABEMA, onde nós não o considerávamos apenas como nosso professor, mas um segundo pai.
  • 8. Dedicatória Dedico este trabalho a meus pais: Francisco e Conceição, e in memória ao mestre Paulo Rosa estes que sempre acreditaram e me incentivaram. Os primeiros que me ensinaram a seguir o caminho correto, o segundo por ensinar que na vida não existem coisas difíceis quando se tem força de vontade para seguir em frente.
  • 9. "Grandes realizações são possíveis quando se dá importância aos pequenos começos”. Lao Tse
  • 10. SUMÁRIO Introdução 16 Primeira parte 19 1.0 – referencial teórico-conceitual 20 2.0 – métodos e técnicas 28 Segunda parte 33 Resultados e discussão 3.0- Localização e caracterização da área em estudo 34 3.1-Parâmetros climáticos e Parâmetros oceanográficos 34 3.1.1 - Ação eólica 35 3.1.2- Ondas e correntes litorâneas 39 3.1.3- As marés 39 3.2. Os pontos extremos do Litoral Paraibano 46 3.3. Planaltos e planícies na Zona costeira paraibana 49 3.3.1- As costas planálticas com declividades acentuadas 51 3.3.2 - As costas com planície no litoral paraibano 55 4.0 - Áreas de riscos a desastres ambientais: as planícies costeiras e flúvio marinhas 58 4.1- mangues 70 4.2- Região estuarina-lagunar 72 4.3-. Rias 75 4.4- recifes 76 4.5- praias 79 4.5.1- Aspecto morfodinâmico – Perfis praiais 81 Considerações finais 89 Referencias Bibliográficas 91
  • 11. LISTA DE FIGURAS Figura 01 = representação das marés de acordo com as fazes da lua 21 Figura 02- Recifes na costa paraibana 23 Figura 03- Perfil Transversal do sistema praial 24 Figura 04 – limite entre a praia e a área urbanizada no Cabo Branco 24 Figura 05- limiar do estuário do Rio Jaguaribe 25 Figura 06 – transferidor utilizado 28 Figura 07- imagem do Google earth representando o limite territorial do estado paraibano 29 Figura 08 - parte da carta topográfica digitalizada, Referente a João pessoa. E= 1:100.000 30 Figura 09- medindo a distancia entre os pontos 31 Figura.10- Apontamentos da coleta de dados 31 Figura 11- Mira topográfica 32 Figura 12-Leitura com nível topográfico 32 Figura. 13- Escala dos ventos Beaufort 35 Figura.14- Direção dos ventos 36 Figura. 15. Distancia entre os portos para demonstrar as diferenças entre maré 40 Figura.16: Mapa apresentando as isóbaras na América do Sul 43 Figura 17-indícios de uma maré 2.4 na praia do Cabo Branco 44 Figura 18 praça de iemanjá data:19/02/2011 maré 2.7 44 Figura 19– Litoral Norte Paraibano 46 Figura 20- Lagoa do saco litoral norte paraibano 47 Figura. 21 –No Litoral Sul –Além dos municípios de Cabedelo, João Pessoa e Conde ficam demonstrados os Municípios de: Pitimbú, Distrito de Acaú e estuário do rio Goiano como linha fronteiriça com o Estado de Pernambuco 48 Figura 22 - atividade marinha na praia do município de Pitimbu Litoral Sul 49 Fig 23- representação do planalto e planície 50 Figura. 24 – Divisão do Litoral paraibano em Norte e Sul 51 Figura 25- Falésia do Cabo Branco 51 Figura. 26 - Direção do vento na região sul 52 Figura 27 Desabamento de uma parte do topo da falésia 52 Fig 28- Erosão regressiva na falésia do Cabo Branco 53 Figura 29-erosão negativa, solapamento de base na falésia do Cabo Branco 53 Figura 30 delimitação das falésias inativas no litoral sul 54 Figura 31-. Praia abrigada. Local: Praia do Cabo Branco 55 Figura. 32 enseada praia de Manaíra 55 Figura 33- Restinga de Cabedelo 56 Figura 34- praia do Bessa contenção do impacto das ondas com rochas calcarias 56 Figura 35 Cúspide mais conhecido como ponta de Lucena 57 Figura 36- cordões litorâneos no município de Lucena 58 Figura 37-: Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno no Brasil (1948 - 2006) 59 Figura 38- Atuação da maré metereologica e astronômica Praça de iemanjá, Praia do Cabo Branco-JP 60
  • 12. Figura 39 Av. Cabo Branco sendo inundada 60 Figura 40 pontos que ocorrem inundações devido a marés altas e ressacas 61 Figura 41 - Praia do poço em 12/08/2010 as 05h36min 61 Figura 42 - Praia do poço em 12/08/2010 as 05h55min 62 Figura 43- Praia do Seixas 62 Figura 44. Praia do Seixas ano 2010 63 Figura 45 Praia do Seixas ano 2011 63 Figura 46- Croqui da erosão negativa na praia do Seixas 64 Figura 47 - Medindo em campo a erosão negativa no Seixas 64 Figura 48- Área erosionada na praia do Seixas (croqui) 65 Figura 49: coqueiro 66 Figura 50- Planície Fluvio-marinha município de Lucena 67 Figura 51- Planícies fluvio marinha Litoral Norte 68 Figura 52- - Planície Fluvio-marinha litoral sul 68 Figura 53- Distancia das Ilhas Canárias até o Litoral Paraibano 69 Figura 54- Aterro no mangue no município de Lucena, para expansão imobiliária. 70 Figura 55- Mangue aterrado e com lixo 71 Figura 56- Erosão eólica no atual estuário do rio Jaguaribe 73 Figura 57 atual estuário do rio Jaguaribe-Bessa 74 Figura 58 atual estuário do rio Jaguaribe fechado pela ação eólica 74 Figura 59- Curso do Rio Jaguaribe 74 Figura 60- Laguna Jacarapé 75 Figuras 61- foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo 76 Figuras 62-. Foz do rio Goiana limite entre os estados da Paraíba e Pernambuco 76 Figura 63 recifes de arenito Local: Praia do Cabo Branco JP 77 Figura 64- Picãozinho 78 Figura 65 - Fragmentos de recifes no litoral Praia do cabo branco 78 Figura 66- Praia da Penha PB 79 Figura 67- Berma Praia do Cabo Branco 80 Figura 68 - compartimentação morfológica praial em Cabo Branco 81 Figura 69- local: Leitura praial no Busto de Tamandaré 82 Figura 70-. Localização dos perfis 83 Figura 71: Praia do Seixas 84 Figura 72. Perfil praial 4 84 Figura 73 - Praia do Seixas, local onde foi efetuado o perfil. 85 Figura 74 perfil hotel Green 85 Figura 75- perfil Praial 3, 86 Figura 76. Perfil 2 próximo ao hotel íbis praia do Cabo Branco 86 Figura 77- Perfil praial 2 87 Figura. 78- Local do perfil 1 Busto de Tamandaré 87 Figura 79 - Perfil praial 1 87 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01- Direção eólica no equinócio de outono 37
  • 13. Gráfico 02- Direção eólica no Solstício de inverno 37 Gráfico 03- Direção eólica no equinócio de Primavera 38 Gráfico 04- Direção eólica no Solstício de verão (Final do ano de 2011 inicio do ano de 2012) 38 Grafico 05- gráfico representando a diferença da amplitude de maré em diferentes períodos nos portos de Cabedelo as 18h:23min, Natal as 19h:13min e Pernambuco as 19h:08min 41 Gráfico 06- Senóide apontando a diferença de amplitude de maré em diferentes locais e períodos. Dia 30 de Setembro de 2011 42 Gráfico 07- Senoide do primeiro semestre de 2011 45 Gráfico 08- Senoide do segundo semestre de 2011 45
  • 14. RESUMO O presente trabalho discute a compartimentação do relevo costeiro apontando áreas de riscos a desastres naturais. Para isso houve a necessidade da obtenção e tratamento de dados climáticos e oceanográficos estes que colaboram diretamente para a formação e mudança do relevo, além da revisão da literatura, e utilização de técnicas para elaboração de modelos do sistema praial. Inicialmente foram caracterizados e descritos os pontos extremos do litoral paraibano, ou seja, o Litoral Norte e Litoral Sul que contém as compartimentações de planaltos e planícies apontando as principais vulnerabilidades existentes. Observou-se que os locais mais vulneráveis a riscos de desastres estão nas planícies onde ocorrem as inundações e erosão costeiras, e é o local em que está sendo bastante ocupado pela população e na maioria dos casos não é respeitado o limite para ocupação estabelecido pelo Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988. Destacam-se também as principais unidades geomorfológicas a citar as planícies fluvio-marinhas, mangues, região estuarina-lagunar, rias, recifes e as praias nesta última foi observado a dinâmica na feição praial na enseada do Cabo Branco através de perfis topográficos feitos em campo para saber os pontos onde existem maior acresção e erosão sedimentar, apontando os locais que são mais propícios aos desastres. A importância do conhecimento da compartimentação morfológica costeira oferece subsídios importantes para o planejamento costeiro e o uso do solo ao definir os graus de risco que cada compartimentação ou unidade geomorfológica possui. Palavras Chave: Compartimentação costeira; Desastres naturais; Unidades geomorfológicas.
  • 15. 16 INTRODUÇÃO O litoral como um compartimento da paisagem tem sido motivos para muitos estudos porque desde o inicio da colonização do país foi marcante para habitação de moradias individuais e ocupação pelas cidades. A zona costeira é uma área onde, há uma constante dinâmica devido à ação de elementos como vento, ondas, sedimentos, correntes e a ação antrópica. Baseando-se em como se encontra a morfologia da paisagem costeira paraibana vemos que este contém falésias em torno de 75° de inclinação, planícies e planaltos. Como o litoral apresenta uma dinâmica erosiva muito intensa e constante nos últimos tempos tem se dado mais atenção a esse tempo de atuação devido aos ajustes que o mar tem feito na zona litorânea deixando as pessoas bastante vulneráveis aos riscos de desastres. Nesse sentido de vulnerabilidades e desastres faz-se necessário o aprofundamento com mais rigor que se estabelece na zona litorânea adentrando para zona costeira A compartimentação topográfica corresponde à individualização de um conjunto de formas que podem ou não apresentar características semelhantes, o que leva a se admitir que tenham sido elaboradas em determinadas condições morfogenéticas ou morfoclimáticas. O conhecimento da compartimentação do relevo em especial costeiro oferece subsídios importantes para o uso e ocupação do local, observando assim as evidencias de vulnerabilidade e riscos de desastres naturais. . O exposto no Decreto nº 5.300, de 7 de dezembro de 2004 regulamenta a definição legal de zona costeira Art. 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela Constituição de 1988, corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites: I - faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a partir das linhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial; II - faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.
  • 16. 17 As unidades geomorfológicas costeiras são os ambientes físico-naturais da porção terrestre costeira, ou seja, sistemas naturais presentes nos planaltos ou nas planícies Dentre as unidades geomorfológicas estão os mangues, as praias, os recifes, estuários, lagunas, praias e rias, estes que de acordo com a ação climática e oceanográfica apresentam dinâmicas em suas feições. Para uma melhor análise das mudanças nos compartimentos vê-se necessário a utilização de métodos sistemáticos como os perfis topográficos praiais, análise de dados climatológicos e oceanográficos para assim ser observada a dinâmica natural da erosão e acresção sedimentar ocasionada pelos agentes climáticos e oceanográficos onde em alguns locais podem correr risco a desastres. Para a mudança de feição e de comportamento nas unidades e compartimentações costeiras é necessário destacar os processos costeiros, responsáveis pela modificação morfológica, estes associados aos fatores de erosão e acresção sedimentar ao qual podem ou não indicar áreas de risco, entre os principais processos costeiros destacam-se as marés e os ventos. A dinâmica das marés é ocasionada pela influencia lunar e também eólica onde as maiores marés se encontram nos períodos de lua cheia e luas novas consideradas marés de sizígia estas que são ocorrentes pelo alinhamento dos corpos rochosos: sol, Terra e lua em 180°, quando estes corpos se encontram em um ângulo de 90° correspondem às marés de quadratura causando assim marés não muito altas e nem muito baixas. O outro fator importante é a ação eólica este que é um dos principais fatores de erosão ao qual se pode observar sua velocidade, direção e rajada. Porém alem destes dois agentes modificadores também se pode citar a ação pluvial, fluvial, correntes marinhas e ondas. Para muitas pessoas a presença de erosão não é perceptível por não ser algo imediato e sim ocorre cautelosamente isto em alguns lugares. Nota-se a dinâmica em diferentes períodos isto se referindo aos Solstícios e Equinócios que sofrem diferentes variações climáticas. O processo de ocupação no litoral vem se intensificando cada vez mais. Na maioria das vezes não é observado os limites e o local adequado para sua ocupação e os impactos causados nos ambientes que servem como proteção a costa, tornando-se assim a população vulnerável a riscos naturais. Para um melhor planejamento para uma prevenção a desastres nesta área, se fez necessário para a produção do presente trabalho de caráter regional, o seguinte problema: Como se encontra estabelecida a compartimentação morfológica no litoral da zona costeira Paraibana?
  • 17. 18 Com o objetivo de compreender a paisagem, apontando se existem áreas de riscos a desastres ambientais. Sendo assim foram definidos e descritos os pontos extremos do Litoral Paraibano caracterizando e delimitando os planaltos e planícies na Zona costeira e distinguindo neles suas principais unidades Mangues; Praias, Região estuarina-lagunar, Rias e recifes. Este trabalho se baseou na descrição da paisagem, ou seja, foi descrito as unidades que compõem o litoral paraibano, não foi possível definir in loco todas as compartimentações, pois isto requeria um pouco mais de tempo e de recursos ao qual no momento não era disponível, sendo assim recorremos ao uso das imagens de satélite estabelecidas pelo Google Earth e a utilização de cartas topográficas de escala de 1:100000 para uma visualização com dados mais precisos na área a ser trabalhada. Em campo foram coletados dados para elaboração de perfis topográficos para que fosse observada a dinâmica da morfologia praial detectando se esta havendo mais erosão ou acresção sedimentar no local, esta por se encontrar em área urbanizada e ser susceptível a desastres naturais. Por fim pode-se dizer que o mapeamento geomorfológico e das áreas susceptíveis aos eventos que podem ocorrer desastres é de grande importância para o gerenciamento costeiro.
  • 19. 20 1 – REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL Para a descrição da paisagem utilizamos como referencia DOLFUSS (1973) onde o autor descreve a função do Geógrafo onde o mesmo traz conceitos como a Descrição e a Localização do espaço, sobre as Estruturas Geográficas, Sistemas em Geografia, neste contexto vemos que a paisagem sofre constantes transformações e até diferentes comportamentos vendo assim a necessidade de fazer uma decomposição e descrição dos lugares. CHIAVENATO (1999) vai definir Sistemas como um conjunto de elementos com características próprias que se interagem entre si formando um todo, onde há troca de materiais, informações e energia, e qualquer alteração em um de seus elementos reagirá de forma a abalar todo o sistema. Os sistemas abertos possuem seis funções primárias ou principais (CHIAVENATO, 1999) a citar a ingestão, processamento, a reações ao ambiente onde, por exemplo, uma mudança climática vai alterar o tamanho das ondas e a feição praial; suprimento das partes onde a praia é abastecida pelos sedimentos que são trazidos pelos rios, a regeneração das partes onde o sistema tende a querer se manter em equilíbrio; organização representa a ação de que caso haja qualquer déficit de qualquer elemento no sistema que este seja reposto para que não haja um prejuízo maior futuro, como por exemplo medidas para que haja um maior aporte sedimentar,onde estas podem ocorrer de forma natural ou pela ação do próprio homem. Seguindo Katz e Kahn in CHIAVENATTO vemos a entropia negativa onde a “entropia é um processo pelo qual todas as formas organizadas tendem a exaustão, a desorganização, a desintegração e no fim à morte. Para sobreviver, o sistema aberto precisa mover-se para deter o processo entrópico e se reabastecerem de energia mantendo indefinidamente a sua estrutura organizacional. A esse processo reativo de reservas de energia, dar-se o nome de entropia negativa ou negentropia”, (CHIAVENATO, Teoria de Sistemas, pag.504). O conhecimento sobre sistemas é importante para fazer uma organização do mesmo obtendo procedimentos adequados para que este não tenha ou cause um problema futuro. As estruturas geográficas citadas por Dolfuss (1973) são organizadas por um sistema. A observação das relações entre o sitio e a posição dos elementos que ocupam o espaço geográfico
  • 20. 21 leva ao conhecimento das estruturas e dos sistemas que o regem, neste caso a ação das ondas, marés, correntes, entre outros. As marés são influenciadas pela atração lunar (ver figura 01) onde destaca-se as marés de sizígia nas lua cheias e as marés de lua novas. Figura 01 = representação das marés de acordo com as fazes da lua Fonte: http://www.aprh.pt/rgci/glossario/mare.html
  • 21. 22 O geógrafo localiza, descreve e classifica os elementos que compõe o espaço, então o todo para ser compreendido tornar-se um mosaico, ou seja, se fragmenta em pequenas partes, para assim facilitar a descrição das estruturas geográficas. Estas estruturas são denominadas “táxons” e a descrição da sua distribuição são denominados “coros”. A corologia vai fazer o estudo das unidades espaciais que se distribuem e se diferenciam em diversas partes da superfície terrestre, ou seja, vai notar a distribuição de uma unidade espacial, de um fenômeno suas diferenciações e a sua localização, Se levarmos em consideração o mosaico citado por Dolfuss, vemos que cada nível tem uma ordem de classificação: 1 zonas e áreas, 2 domínio, 3 província, 4 região, 5 pays, 6 geossistema, 7 geofácies, 8 geótopo veremos que todas as peças juntas formam o nível de primeira ordem e na medida em que separamos as peças vemos que podemos chegar ao nível de oitava ordem, ou seja, no geótopo. As unidades geomorfológicas como as planícies costeiras e fluvio-marinha, mangues, região estuarina lagunar, rias, recifes a praia estão no nível de sexta ordem, ou seja, são um geossistema, onde na medida em que é escolhida uma parte deste geossistema para ser estudado iremos ao último nível que é o geótopo. As planícies fluvio-marinha são de acordo com DILORENZO (2009) “planícies originadas da acumulação de sedimentos oriundos da erosão vertical e laminar nas encostas continentais”, assim podemos ver que alem da ação pluvial a ação fluvial é de grande importância no modelado do relevo estes que em seu baixo curso irá compor as planícies fluvio- marinhas que denominamos como de unidades geoambientais localizada no curso baixo do rio e são influenciadas pela ação da maré. Nas planícies fluvio-marinhas podemos destacar os mangues estes que segundo. CABRAL, 2002 é o conjunto da vegetação capaz de suportar a presença de sal no ambiente, que cresce sobre terreno junto à costa e sempre sujeito às inundações das marés. Os estuários são de acordo com o IBGE (2004) ambientes de transição entre os ecossistemas terrestres e os marinhos. Grisi (2000) nos mostra no Glossário de ecologia e ciências naturais a definição de laguna, esta que é o represamento de água salgada num braço de mar pouco profundo, entre bancos de areia ou de um rio que não consegue desembocar no mar, ou ainda, um ajuntamento de água no interior de um recife ou coral, as lagunas do litoral paraibano estão próximos aos estuários dos rios entre os bancos de areia ou cordões litorâneos e recebem a ação do mar nos períodos de maiores marés.
  • 22. 23 Dentre os indícios de erosão que ocorreram no quaternário em especial na época do Holoceno estão as rias onde de acordo com a classificação estipulada por MUEHE, Dieter in GUERRA, Antonio José 1994 pag. 255, consideramos que esta unidade é de uma feição primaria, pois são vales fluviais afogados estas que foram erodidas ao longo das épocas pela ação fluvial e marinha. Como proteção natural a força das ondas na praia, encontramos os recifes (ver figura 02) onde de acordo com a classificação fornecida por CHRISTOFOLETTI (1980) constata-se que a maioria dos recifes presentes na costa paraibana é em barreiras, ou seja, de arenito, estes que segundo Discussões com ROSA são resquícios do Grupo Barreiras na época do quaternário. Figura 02- Recifes na costa paraibana Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Souza et.al (2005) nos fala que o sistema praial (figura 03) pode ser subdividido em ambientes, usualmente referidos como zonas ou setores. Ele geralmente é representado em duas dimensões, por meio da diferenciação dos ambientes e respectivos processos ao longo de um perfil transversal a linha de costa ao qual são divididas em: Pós-praia, Estirancio, Face litorânea ou antipraia, Praia subárea, Zona de surfe e de arrebentação de ondas, Onde podemos dizer que os principais responsáveis por esta diferenciação são os fatores climáticos e oceanográficos causando variações do nível de maré e a atuação dos ventos, agindo no comportamento do clima de ondas e, interferindo nas características das correntes costeiras estas que influenciam no controle do transporte sedimentar.
  • 23. 24 Figura 03- Perfil Transversal do sistema praial. Fonte: Souza et al, 2005. Em observação a demarcação da extensão nota-se que na natureza não existe limites e sim limiares onde limites é imposto pelo homem como uma cerca ou qualquer outro marco que imponha uma divisão (figura 04), por exemplo, um estuário seria o limiar entre o rio e o mar (figura 05). Figura 04 – limite entre a praia e a área urbanizada no Cabo Branco. Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 19/ 02/ 2011
  • 24. 25 Figura 05- limiar do estuário do Rio Jaguaribe Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 01 /03/ 2012 Dolfuss (1973) nos fala sobre banalidade e singularidade, ou seja, aquilo que para nós acontece no cotidiano (banal), para muitos pode ser o singular (algo excepcional), por exemplo, a ação das ondas a dinâmica das marés, a retirada e o aporte sedimentar é banal nas praias, quando ocorre algum outro evento que altere um desses elementos como ondas muito fortes e marés muito altas que chegue a lugares onde normalmente não ocorrem estes tipos de eventos (algo fora do cotidiano) se tornam singular. Não devemos nos preocupar e observar apenas o que é singular, mas também temos que observar o que para nós é banal, pois devido a eventos não notáveis em nosso cotidiano é que ao longo do tempo poderemos notar uma grande diferença se fizermos comparações com anos atrás. Como diz Dolfuss “Portanto, uma banalidade cuja análise apresenta tanto interesse quanto o de sua singularidade” (1973, pag.56). A Geomorfologia, definida por Guerra como “o estudo das formas de relevo, levando-se em conta a sua natureza, origem, desenvolvimento de processos e a composição de materiais envolvidos” (1989 p. 204). Assim a geomorfologia costeira que é um dos ramos da geomorfologia que contribui para as pesquisas em nível local nas questão de riscos de degradação, dinâmica e processos costeiros entre outros. Zona costeira é o mesmo que litoral, ou seja, de acordo com a proposta do Código Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa, artigo 18: VI.
  • 25. 26 Zona Costeira – ZC, espaço geográfico de interação entre o continente e o oceano. Estão incluídos aí todos os recursos ambientais contidos numa faixa que compreende doze milhas de ambiente marinho propriamente dito, medidas a partir da linha de costa em direção ao mar aberto e vinte quilômetros medidos da linha de costa em direção ao interior do continente, sendo constituída, essa última faixa, de ambientes terrestre, lacunar, estuarino e fluvial. Guerra (1980) aponta a diferenciação entre as estruturas geomorfológicas destacando as principais compartimentações: os planaltos e as planícies onde remetendo a nível local são apontados os pontos mais vulneráveis no litoral paraibano, este que em alguns locais sua feição morfológica proporciona uma maior ação, a exemplos das praias não abrigadas, enseadas e até mesmo a degradação dos recifes na praia do Cabo branco. As regiões litorâneas são importantes não somente pela rica diversidade natural, composta por um rico conjunto de elementos como os recifes, estuários, manguezais entre outros, como também por ser um setor estratégico de desenvolvimento econômico ao qual atrai o turismo, exercem fascínio na população, como opção de ocupação residencial ou para o lazer local, mas que pode ser o espaço para vários eventos inclusive os desastres ambientais. Araújo aborda os desastres como sendo “resultado de eventos adversos naturais ou humanos sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ambientais e consequentes prejuízos econômicos, culturais e sociais” (2010 pag.19). Percebe-se a falta do aporte sedimentar nas praias onde a ação antrópica tem sua influência nessa situação a citar como o exemplo a construção de barragens nos rios e a urbanização acelerada onde Souza et al (2005). Mostram que pode trazer várias consequências, dentre elas, a redução na largura da praia, perda e desequilíbrio de habitat natural, aumento na frequência de inundações das ressacas, destacando que a erosão não acontece com a mesma intensidade ao longo do litoral. Diante destes fatos vê-se a preocupação com os fenômenos ocorrentes já citados. Nota-se que a ocupação na zona costeira incluindo suas compartimentações vem ocorrendo de forma acelerada, este que degrada o meio ambiente e ainda a população ficam susceptíveis a desastres por causa dessa ocupação especialmente em áreas de mangues e que se vê a importância da preservação desses ambientes. O Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de
  • 26. 27 1988 resalta que os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com o seguinte critério: II - terrestre: cinquenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.
  • 27. 28 2 – MÉTODOS E TÉCNICAS. As atividades realizadas neste trabalho foram divididas em três etapas: gabinete, campo e laboratório. A revisão da literatura em livros, leis federais e municipais, e documentos recentes escritos relacionados ao tema e tratamento dos dados preexistentes climáticos do ano 2011 fornecidas pelo INMET (Instituto Nacional de Metereologia) especificamente análise dos dados de chuva, velocidade, direção e rajada do vento, de acordo com a hora local era dado a angulação que representava a direção ao qual com a utilização de um transferidor demarcado com os pontos cardiais, colaterais e subcolaterais (figura 06), obteve-se a direção aproximada da ação eólica no litoral paraibano, os dados de maré foram fornecidas pela Marinha do Brasil. Figura 06 – transferidor utilizado Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Para as compartimentações foi efetuado uma observação da linha de costa através das cartas topográficas do Ministério do Exército-Departamento de Engenharia e Comunicações de escala 1:100000 referentes a Cabedelo, Guarabira , Itamaracá,João Pessoa e São José do Mipibu. “Em todo estudo, classifica o geógrafo os elementos que compõem o espaço” TRICART (1982). A metodologia utilizada para a compartimentação do relevo costeiro se apoia no conceito de paisagem estabelecido por TRICART (1982). Com a utilização de imagens de satélites, daí então além das visitas aos locais em campo foram importantes para o mediante trabalho imagens já estabelecidas pelo Google Earth (fig. 07) para representação regional da área em estudo, e visualização temporal das compartimentações morfológicas mencionadas no decorrer do trabalho para uma melhor compreensão da área observada, ao qual a escala regional em estudo, ajustou-se
  • 28. 29 ao determinado nível taxonômico e a corologia estabelecida por Dolffus, ou seja, o estudo descritivo das principais compartimentações morfológicas com riscos a desastres como planaltos e planícies a segunda mais vulnerável apresentando os mangues, estuários, cúspides, rias entre outros. Figura 07- imagem do Google earth representando o limite territorial do estado paraibano Mangues- para a descrição do mangue foram efetuadas idas a campo, este com a apenas uma análise visual nas áreas onde ocorreu ação antrópica.
  • 29. 30 Planícies costeiras e fluvio-marinhas - imagens obtidas em campo e através de imagens de satélite estabelecidas pelo Google earth para delimitar as áreas das planícies fluvio-marinhas. Região estuarina - lagunar – Foram visitados em campo os estuários do Rio Paraíba, Gramame, Jaguaribe e Goiana e registrados os indícios de erosão com anotações in loco da dinâmica ocorrente no local assim como também se fez indispensável o uso das imagens de satélite para ver a dinâmica ocorrente durante os últimos anos. Rias- as rias foram identificadas através dos conceitos estabelecidos pela literatura, e as imagens estabelecidas pelo Google earth que nos proporcionou uma melhor visibilidade do ambiente, Recifes - Os recifes foram identificados através das cartas topográficas de escala 1:100000 correspondente as João pessoa (Figura 08), Cabedelo e Itamaracá e as imagens de satélite alem de registros fotográficos em campo, do corpo rochoso e da dinâmica que ocorre durante o tempo. Enseadas, cúspides e restingas, foram identificadas através de imagens de satélite. Os cordões litorâneos - Foram obtidas imagens em Campo no município de Lucena, porém estas unidades não ficaram bem nítidas nas imagens fotografadas, fazendo necessária a identificação dos mesmos pelas imagens do Google earth. Dentre os subsídios que a compartimentação do relevo oferecem destacam-se a vulnerabilidade a riscos a desastres. Ao qual, na perspectiva geomorfológica, destacamos a suscetibilidade erosiva do relevo, as inundações e as possibilidades de outros riscos de maior proporção, que podem ocorrer tanto pelas condições naturais quanto em função de ações antrópicas. Para a análise de erosão e riscos a inundações e outros desastres ao longo da zona costeira foram feitas comparação de fotografias obtidas em épocas distintas, medições feitas em campo de uma área erodida no Seixas onde foram utilizados trena de 5 e 30 metros para fazer as medições na horizontal e na vertical onde também foi desenhado um croqui do estado em que se Figura 08: parte da carta topográfica digitalizada, Referente a João pessoa. E= 1:100000 Fonte: ministério do exercito
  • 30. 31 encontrava o local, alem de ver sua distancia em relação a maré com o objetivo de obtermos esses dados para futuramente fazer uma análise comparativa. Na enseada do Cabo Branco foram utilizados os perfis topográficos com fins de observar o comportamento da feição praial e futuramente ver se houve uma estagnação ou uma progradação do fenômeno no local, a escolha do lugar surgiu devido aos acontecimentos presenciados de avanço marinho em direção as áreas urbanizadas e também a mudança da morfologia praial notada principalmente na área do estirancio ao longo dos últimos anos. Foram escolhidos quatro pontos distintos os três primeiros localizados na praia do Cabo Branco e o quarto na Praia do Seixas. Os materiais utilizados em campo foram Nível Topográfico, Tripé; Mira topográfica; Trena de 30 m, fichas de campo, e anemômetro digital. Estes perfis são transversais a linha de costa e foram executados na baixa–mar das marés de sizígia referentes as luas cheias e luas novas durante uma translação, com o intuito de apresentar maior dinâmica ocorrente no estirâncio. As estações foram fixadas no pós-praia, onde tiveram como referencia elementos fixos como postes de iluminação pública, muros de casas, Com estes elementos fixos foram realizadas leituras em intervalos espaçados de acordo com a necessidade apresentada, tendo como base os dados do primeiro perfil para assim termos uma padronização pra melhor análise dos dados coletados. A leitura prossegue desde o berma seguindo até o inicio da antepraia. O nivelamento do terreno representado pelas cotas foi realizado a partir das visadas na mira, sobrepostas a superfície do terreno. Figura 09- medindo a distancia entre os pontos Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 25/01/2012 Figura.10- Apontamentos da coleta de dados Foto: Francicléa Avelino ribeiro. Data:31/03/2011
  • 31. 32 Figura 11- Mira topográfica Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data:10/01/2012 Figura 12-Leitura com nível topográfico Foto: Cleytiane Santos Data:10/01/2012 Para as atividades em laboratório foram utilizados os mapeamentos topográfico na escala de 1:100000 da Ministério do Exército-Departamento de Engenharia das cartas referentes a Cabedelo, Guarabira e Itamaracá, João Pessoa e São José do Mipibu a partir desse start foi elaborado um mosaico com as cartas para a realização de estudos empíricos sobre os fenômenos particulares para que se caracterize o estabelecimento dos aspectos morfológicos atuais. Foi utilizado software de desenho assistido por computador: o sistema CAD, para a elaboração dos perfis topográficos coletados em campo, digitalização das cartas topográficas, Para o tratamento dos dados de clima e oceanográficos foram utilizadas planilhas do Excel, para gerar gráficos de linha para a melhor visualização do comportamento da maré e gráficos de dispersão para o comportamento do vento no decorrer de uma translação.
  • 33. 34 3.0- Localização e caracterização da área em estudo O estado Paraibano esta localizado na Região Nordeste Brasileira, O seu litoral é o mais conhecido diante das outras mesorregiões paraibanas, abriga o extremo oriental das Américas que é um dos principais atrativos turísticos do estado ao qual está sendo aos pouco destruído devido a ação natural da chuva causando desabamento de terra e pela ação marinha com o solapamento de base. Por conta da movimentação econômica na região tem sido observado o aumento da urbanização local em direção a costa,assim como as mudanças na morfologia do sistema praial e eventos ocorrentes ao longo dos anos como cheias, avanço marinho, erosão, ou seja, é uma área susceptível aos desastres ambientais. Para uma melhor compreensão faz-se necessário o conhecimento das compartimentações costeiras do estado paraibano os processos e suas implicações que ocorrem em todo o litoral. 3.1-Parâmetros climáticos e Parâmetros oceanográficos O estado morfodinâmico praial depende de uma série de fatores entre eles os fatores climáticos e oceanográficos. A ação do clima conforme afirma PENTEADO (1978) pode acontecer de dois modos direta ou indiretamente, onde a ação direta se faz através da intensidade de elementos do clima, principalmente: temperatura, umidade, precipitação e ventos. A ação indireta se processa através da vegetação e dos solos. O clima da área de estudo é classificado como tropical quente-úmido, As’ da classificação de Koppen isto é “com chuvas abundantes ( média anual de 1800 mm)no outono- inverno( abril, maio , junho) temperatura média anual de 26°C e umidade relativa do ar de 80%. Com essas características, esse tipo climático domina em todo o litoral”1 . Os principais Parâmetros oceanográficos são: ondas, correntes litorâneas e as marés agindo juntamente com a ação do clima com a retirada, transporte e deposição sedimentar. 1 Atlas escolar da Paraíba, espaço geo-historico e cultural, 3 edição editora grafset. P. 112.
  • 34. 35 3.1.1 - Ação eólica O vento é um dos agentes modificadores do relevo, dependendo da velocidade classificada por Beaufort (figura. 13) ele movimenta de pequenas partículas até grandes estruturas. Em campo foi identificado ventos de força 4 considerado moderado, por agir no continente levantando poeira e movendo ramos de árvores. Figura. 13- Escala dos ventos Beaufort Fonte: http://autoridademaritima.marinha.pt/PT/informacao/Documents/ESCALA%20DE%20VENTOS.pdf A direção do vento (figura 14) é variável no tempo e no espaço, em virtude da situação geográfica do local, da rugosidade da superfície associada ao relevo e a vegetação, do clima e da época do ano. Com a ocorrência da mudança de direção dos ventos, ocorre Também a mudança do modelado praial, o vento assim como a diferença do nível da maré transporta sedimentos, ou
  • 35. 36 seja, ele retira e deposita em um outro local o que causa um aumento do aporte sedimentar em outra área, isto depende de fatores como a intensidade, velocidade e rajadas de ventos. A rajada de vento trata-se da maior velocidade do vento registrado num período de uma hora. As rajadas são instantâneas, com dimensões de centímetros e duração de segundos. No estado Paraibano em um dia a variação das rajadas fica entre 1.0 a 8.0 m/s (dados coletados em campo no dia 03 Julho de 2011 na praia do Cabo branco e Seixas) Embora a direção predominante seja a Sudeste Durante a mudança entre solstício e equinócio há uma pequena variação na direção eólica o que ocasiona uma mudança na direção do transporte sedimentar causada pela ação dos ventos e consequentemente uma mudança na feição praial nesses períodos. Figura.14- Direção dos ventos Fonte Google Earth e Google images
  • 36. 37 No equinócio de Outono que vai do dia 20 de Março a 20 de Junho a linha média permanece em 160°. ou seja, a direção do vento permanece sul-sudeste (Gráfico. 01). No solstício de inverno observa-se que a linha média sai de 170°, ou seja, na direção Sul- sudeste para 150° direção sudeste. (Gráfico 02) Gráfico 02- Direção eólica no Solstício de inverno Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro Gráfico 01- Direção eólica no equinócio de outono Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
  • 37. 38 No equinócio de Primavera a mudança ocorre de sudeste para leste num ângulo de 100°. (Gráfico 03). No solstício de verão a direção do vento continua sua variação, mas desta vez parte de leste para leste-sudeste nota-se que no mês de Março a direção do vento predominante é de Oeste para Noroeste (Gráfico 04). Gráfico 04- Direção eólica no Solstício de verão (Final do ano de 2011 inicio do ano de 2012) Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro Gráfico 03- Direção eólica no equinócio de Primavera Dados: INMET adaptado por Francicléa Avelino Ribeiro
  • 38. 39 3.1.2- Ondas e correntes litorâneas “As ondas são geradas no oceano aberto pelos ventos e dependem fundamentalmente de sua velocidade, duração e da extensão da pista na superfície do oceano sobre a qual eles atuam” 2 . Quanto mais se aproxima do litoral menor é a sua velocidade e em alguns lugares maior a altura isso depende da diminuição da profundidade e da difração ao redor de obstáculos como recifes, ilhas, promontórios etc. As correntes marítimas são massas de água que migram nos oceanos e mares, elas resultam da ação dos ventos e do movimento de rotação e a força da gravidade que faz com que as correntes migrem para direções contrárias onde no hemisfério norte tem sentido horário e hemisfério sul sentido anti-horário. (fenômeno de corioles). As correntes de deriva litorânea são correntes originadas pelas ondas e que movimentam e transportam sedimentos. “Cada setor de costa com um determinado sentido de deriva litorânea resultante forma uma célula de circulação costeira. Cada célula consiste em três zonas: a) zona de erosão, onde se origina a corrente (barlamar) e há maior energia das ondas; b) zona de transporte, onde os sedimentos são transferidos ao longo da costa; c) zona de deposição e acumulação onde a corrente termina havendo diminuição da energia de ondas3 ”. No litoral paraibano as correntes são sentido sul- norte. 3.1.3- As marés As marés são importantes modeladores da paisagem costeira onde a sua mudança de nível acarreta a deposição, a erosão e o transporte sedimentar, elas estão relacionadas com as forças astronômicas causadas entre o movimento de rotação e translação e a força gravitacional entre sol, Terra e Lua, como a terra e a lua são elementos rochosos e possuem uma força gravitacional entre eles os líquidos tendem a ser atraídos por esta força causando assim o nível de subida e descida. A posição desses astros também influencia: quando sol lua e terra se alinham formando assim as marés de sizígia, nas fases da lua cheia e lua nova, quando os astros formam um ângulo de 90° denominam-se marés de quadratura constituídas pelas luas em fase crescente e minguante. A lua é a que exerce uma maior influência, pois esta é a que esta mais próxima do 2 SOUZA, Celia Regina de Gouveia et al (ed.). Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos,2005. 3 SOUZA, Celia Regina de Gouveia et al (ed.). Quaternário do Brasil. Ribeirão Preto: Holos, 2005
  • 39. 40 planeta Terra (lua cheia) observa-se uma maré de sizígia, com preamares (pm) bastante altas e baixa-mares (bm) muito baixas e a maré de quadratura. (quarto minguante com PM mais baixas e BM mais altas). Nesse período, a amplitude da maré é bem menor. As marés variam em um período de 12 horas e 24 minutos, doze horas devido à rotação da Terra e 24 minutos devido à órbita lunar. E não é a mesma em diversos pontos da Terra. Esta é considerada um fenômeno quase periódico ao qual pode ser representada com um somatório de sinuosidades, a amplitude da maré, ou seja, a altura em relação a baixa-mar e a preamar varia de um local para outro em diferentes períodos ou seja tempo podemos observar a comparação das marés em diferentes portos na região Nordeste temos como exemplo os estados de Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco ( figura 15) onde nota-se uma diferença de amplitude das marés em diferentes períodos e locais.( Grafico 05). Figura. 15. Distancia entre os portos para demonstrar as diferenças entre maré No gráfico 06 nota-se que quanto mais se distancia para norte a altura aumenta tanto da preamar quanto da baixa mar, observa-se também que em Cabedelo a maré é alta porém baixa em relação aos outros estados e a preamar em relação aos outros locais se mantém em alguns horários maior que nos outros lugares, podemos dizer então que a ação da maré no estado paraibano permanece alta em relação aos outros estados, enquanto no Rio Grande do Norte apresenta maré mais alta e mais baixa.
  • 40. 41 Grafico 05- gráfico representando a diferença da amplitude de maré em diferentes períodos nos portos de Cabedelo as 18h:23min, Natal as 19h:13min e Pernambuco as 19h:08min 2,4 2,45 2,5 2,55 2,6 2,65 2,7 2,75 19:13 18:23 19:08 Natal Cabedelo Pernambuco AlturadaMaré Hora/ Local Maré dia 30 /09/2011 (última preamar)
  • 41. 42 Grafico 06- Senóide apontando a diferença de amplitude de maré em diferentes locais e períodos. Dia 30 de Setembro de 2011 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97 100103106109112115 Natal Cabedelo Pernambuco
  • 42. 43 Isso ocorre devido à ação dos diversos elementos como o vento e a pressão, o que ocorre é que os três estados Brasileiros estão entre as isóbaras, que são linhas que possuem o mesmo valor de pressão atmosférica, e que quanto mais próximos das isóbaras maior é a pressão, e também velocidade do vento, causando assim uma maior maré (Figura 16 ). Em uma maré 2.4 astronômica e meteorológica as ondas chegam a espraiarem no pós- praia próximo a área asfaltada (ver figura 17). No dia 19/02/2011 foram registradas a ação das ondas em uma maré metereológica e astronômica de 2.7 na conhecida Praça de Iemanjá localizada na praia do Cabo Branco (Ver figura 18), onde foi quase toda destruída pela ação das ondas Figura. 16: Mapa apresentando as isobaras na América do Sul. Fonte: http://www.slideshare.net/uraeus/clima-e-climas-do-brasil-aula
  • 43. 44 Figura 17-indícios de uma maré 2.4 na praia do Cabo Branco Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 19/01/2011 Figura 18 praça de iemanjá data:19/02/2011 maré 2.7 Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 19/02/2011 No primeiro semestre de 2011 nota-se que as maiores e as menores marés se encontram no período de lua cheia e a partir do segundo semestre (julho a dezembro) as maiores marés se encontram nos períodos de lua nova. Durante o corrente ano a menor maré foi de 0.0 e a maior 2.8 (ver gráfico 05 e 06).
  • 44. 45 Gráfico 07- Senoide do primeiro semestre de 2011 Gráfico 08- Senóide do segundo semestre de 2011 Autor: Francicléa Avelino Ribeiro Fonte de dados: Marinha do Brasil ano de 2011
  • 45. 46 3.2. Os pontos extremos do Litoral Paraibano Quando se fala em pontos extremos (Fig 26), normalmente nos remetemos para os extremos da territorialidade, não pensamos num primeiro momento em outros extremos, e no nosso trabalho pensamos exatamente nessa questão de territorialidade. No estado da Paraíba podemos destacar o litoral Sul onde se encontram os municípios de João Pessoa, Gramame, Conde e Pitimbú, estes, porém apresentam as seguintes praias: Cabo Branco, Penha, Jacarapé, do Sol, Gramame, Carapibús, Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba, Praia Bela, Abiaí, Pitimbú e Acaú onde a sua paisagem é constituída ao longo de sua costa por estuários, falésias, dunas, Planícies e os tabuleiros. No litoral Norte destacam-se os seguintes municípios (ver Fig. 19): Cabedelo, Baía da Traição, Lucena, Marcação, Mataraca e Rio Tinto. Em Cabedelo tem-se a praia de Intermares a praia do Poço, a praia do Jacaré que é uma praia flúvio - marinha praia de Camboinha, Além de Areia Vermelha que é um banco arenoso que aparece durante a baixa- mar que é protegida por recifes. A partir do município de Cabedelo, chega-se ao extremo norte do litoral paraibano, que é separado pelo estuário do Rio Paraíba chega-se ao município de Lucena, constituídas pelas praias de Costinha, Fagundes e da Ponta de Lucena, logo após encontra-se as praias de Barra de Mamanguape, Baía da traição e Barra de Camaratuba. Figura 19– Litoral Norte Paraibano Fonte: Google Earth acessado em fevereiro de 2012
  • 46. 47 Podemos através da imagem do Google Earth observar a compartimentação morfológica do nosso litoral, sendo assim apontam-se as compartimentações dos dois extremos: O nosso litoral é constituído por planaltos e planícies onde os planaltos com grande declividades formam as falésias, estas presentes em boa parte do litoral sul, e as planícies. Estas duas compartimentações são constituídas por unidades geomorfológicas como os mangues, restingas, falésias, marismas, dunas, rias. O litoral norte abrange as unidades morfológicas como dunas estacionárias, neste extremo as falésias são mais afastadas da linha do mar e não recebe mais a ação deste, constituindo as "falésias mortas", também é constituída por lagoas de praia. Que são depressões na região costeira ao qual contem acumulo de água e que não mantém contato direto com o mar (ver figura 20). Figura 20- Lagoa do saco litoral norte paraibano Fonte: Google earth O extremo Sul (Figura 21) é marcado pela presença do município de Pitimbú, Alhandra; Caaporã e pedras de fogo e seu distrito de Acaú, bem junto ao estuário do rio Goiana. É marcado por falésias, enseadas, cúspides, mangues, recifes, os dois últimos que colaboram para a proteção da costa. A dinâmica no litoral é perceptível aos olhos do observador, e essa mudança é influenciada principalmente pelos fatores climáticos e oceanográficos. Os elementos como o vento e a maré colaboram para formação do relevo.
  • 47. 48 Todo o litoral é marcado por rios que abastece a planície costeira com os sedimentos. No litoral Paraibano destacam-se os rios: Goiana onde seu estuário está localizado no município de Caaporã, Rio Paraíba em Cabedelo, Rio Gramame em Gramame, Rio Mamanguape, destaco estes porque são os maiores em nosso litoral. imagens Fig. 21 –No Litoral Sul –Além dos municípios de Cabedelo, João Pessoa e Conde ficam demonstrados os Municípios de: Pitimbú, Distrito de Acaú e estuário do rio Goiano como linha fronteiriça com o Estado de Pernambuco. Fontes: Imagem do Google Earth e mapeamento do site City Brazil4 4 http://www.citybrazil.com.br/pb/microregiao_detalhe.php?micro=23 Pitimbú Acaú Estuário do rio Goiana
  • 48. 49 Na região sul ocorre um processo intenso de erosão (figura 22) e seguindo em direção ao norte vemos que em poucos lugares há uma acresção sedimentar, como os sedimentos são provenientes dos rios que degradam as rochas, não está havendo perda de sedimentos, e sim, pouco recebimento deles, já que um dos rios localizados mais próximos, como o rio Gramame, possui a barragem, esta nomeada como Gramame Mamoaba evitando que uma boa parte de sedimentos chegue a nossa costa e com a ação marinha e eólica ocorre a retirada natural do mesmo, ocasionando assim um déficit de sedimentos causando a erosão. 3.3. Planaltos e planícies na Zona costeira paraibana O termo planalto é usado para definir uma superfície elevada mais ou menos plana que normalmente perde sedimentos por conta da inclinação de sua superfície que possui vertentes que chegam a escarpas íngremes onde o processo de degradação pode ser bastante elevado, nesse caso quando há ação degradadora do mar essa superfície é chamada de falésia. A planície é segundo Guerra (1980) “a extensão de terreno mais ou menos plano onde os processos de agradação superam o de degradação, ou seja, há nesse lugar a deposição dos materiais sedimentares que são degradados nos planaltos”. Estes tipos de relevo são esculpidos através da ação natural oriundos da pluviosidade, fluviosidade e a eólica. O planalto sofre processos erosivos que vão abastecer as planícies com os sedimentos, nesse sentido considera-se que estas são as áreas mais vulneráveis. (ver figura 23). Figura 22 - atividade marinha na praia do município de Pitimbu Litoral Sul Foto: Paulo Rosa Data:11/06/2011
  • 49. 50 Fig 23- representação do planalto e planície Fonte Google Earth
  • 50. 51 3.3.1- As costas planálticas com declividades acentuadas O Relevo paraibano é constituído em sua grande parte por relevo planáltico e, é bem nítida a forma que está constituída esse relevo: planalto cristalino correspondente à superfície da Borborema e os Baixos Planaltos Costeiros, estruturado com sedimentos oriundo do grupo geológico Barreiras que chegam até ao litoral, junto ao mar. Nesse caso iremos dividir o litoral em duas partes, tomando como base o que SOUSA propôs em seu trabalho sobre compartimentação costeira (2010), ou seja, Litoral Norte e Sul tomando como ponto central o estuário do rio Paraíba (Figura. 24). As encostas muito íngremes, normalmente chamadas de falésias quando erodidas pela ação marinha, formam angulações elevadas como podemos ver na Figura 33. A extensão do litoral Sul é de um pouco mais de 71 km, sendo coberto por quase toda sua extensão com áreas de topografia íngreme, praticamente com toda essa extensão com falésias: ativas (figura 25) e inativas. As falésias inativas estão em Figura. 24 – Divisão do Litoral paraibano em Norte e Sul Fonte: Google Earth, acessado em 2012 Figura 25- Falésia do Cabo Branco Fonte: ROSA, 2000 Litoral Norte Litoral Sul
  • 51. 52 Pitimbú, tanto ao Sul com o distrito de Acaú como um pouco mais ao Norte da cidade e, em João Pessoa e Cabedelo, ao longo da restinga. (Fig. 30). Partimos da premissa que o litoral Sul tem uma conformação oriunda não apenas da força do estuário do rio Goiana e do rio Gramame, e outros de menor porte, mas também por conta da direção das correntes litorâneas predominantes, ou seja, Sul para o Norte, essa situação tomamos como sendo o resultado da direção predominante da orientação da direção do vento: SE / NW (Fig. 26). No litoral Sul há a alternância de Planaltos e Planícies, porém os Planaltos aparentemente se apresentam com maior fragilidade em relação a ação climática. O intemperismo é intenso e, quando combinado com a ação humana inadequada em relação à ocupação da superfície do solo, amplia de forma profunda com marcas de erosão regressiva (Figura 27). Os planaltos que possuem um grau de declividade muito elevada e íngreme são conhecidos como falésias. Estas estão localizadas ao longo do litoral paraibano. Existem áreas onde há indícios de desabamento devido à diferença climática, ora com estiagem ora com pluviosidade intensa; e na zona de contato com o mar há o solapamento de base por conta da ação marinha. A mais conhecida falésia no litoral Sul paraibano é a do Cabo Branco, e nesta falésia estão detectados os dois processos erosivos: tanto com a infiltração Figura 27 Desabamento de uma parte do topo da falésia Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Figura. 26 - Direção do vento na região sul- Rio Goiana Rio Gramame
  • 52. 53 causada pelas grandes chuvas, acarretando, nesse caso os deslizamentos. (ver figura 28) Fig 28- Erosão regressiva na falésia do Cabo Branco Foto: Paulo Rosa. Data: 20/07/2011 E há a erosão a partir do solapamento na base acarretando os desmoronamentos e desabamentos da estrutura (ver Figura 29.). A partir dessa situação podemos observar em todo o litoral paraibano que há o contato do planalto com o mar, possui falésias sujeitas a processos intensos de erosão. Figura 29-erosão negativa, solapamento de base na falésia do Cabo Branco. Foto: Paulo Rosa. Data:20/07/2011
  • 53. 54 Figura 30 delimitação das falésias inativas no litoral sul Fonte: Google arth Falésias inativas Delimitação das planícies Presença de falésias inativas LEGENDA
  • 54. 55 3.3.2 - As costas com planície no litoral paraibano Costa é o mesmo que litoral área de contato entre a rocha e o mar, ou seja, tanto o relevo que se encontra emerso quanto o submerso até a plataforma continental. O Litoral paraibano é constituído por costas alcantiladas, costa de abrasão, costas baixas constituídas por sedimentos arenosos e também pelos chamados acidentes de costa como, por exemplo, a restinga, cúspides, enseadas em alguns pontos o mar é determinado como fechado a exemplo a maioria das praias do litoral sul, pela grande presença de recifes (ver Figura 31) estes que apresentam uma proteção a planície contra o forte ataque das ondas, a compartimentação deste litoral pode ser determinado por enseadas, que é um arco praial aberto em direção ao mar onde em suas extremidades destacam-se dois promontórios, porém o centro das enseadas são áreas mais vulneráveis do que suas extremidades(Figura. 32). Figura 31-. Praia abrigada. Local: Praia do Cabo Branco .Data: 19/03/2011 Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Figura. 32 enseada praia de Manaíra Fonte: Google earth A restinga de Cabedelo também conhecida como flecha litorânea é uma deposição arenosa possivelmente formada pelas correntes de deriva que se movimentam paralela ao litoral onde segundo GUERRA (1980) a restinga possui aspectos físicos como: faixas paralelas de depósitos de areia, lagoas, resultantes do represamento de antigas baías, pequeninas lagoas formadas entre as diferentes flechas de areias, dunas resultantes do trabalho do vento sobre a areia de restinga, formação de barras obliterando a foz de alguns rios. A restinga de Cabedelo é urbanizada (ver Figura 33), mas ela ainda apresenta vegetação de mangue.
  • 55. 56 Figura 33- Restinga de Cabedelo Fonte: Google earth e foto: Francicléa Avelino Ribeiro As praias do Município de Cabedelo podem ser classificadas como abrigadas por apresentarem recifes, porem essa orla encontra-se em um grande processo de erosão apresentando gabiões e muro de arrimo pra conter o impacto das ondas na urbanização que tende a crescer em direção a planície litorânea (ver figura 34). Figura 34- praia do Bessa contenção do impacto das ondas com rochas calcarias Foto:Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 19/10/2010
  • 56. 57 Os cúspides (ver figura 35.) são estruturas morfológicas praiais com poucos metros que pode variar entre 10 cm a 70 metros de espaçamento (MASSELINK et al.,1997) compostas por um formato triangular,entre duas cavas em forma de meia lua. O município de Lucena localiza- se nessa compartimentação morfologica. Figura 35 Cúspide mais conhecido como ponta de Lucena Fonte: Google earth O município de Lucena é composto também por rios de planícies estes resultado do escoamento superficial ocorrente das chuvas, podemos observar também em Lucena a presença de cordões litorâneos (ver figura 36) estes que são acumulações arenosas que vão sendo depositadas ao longo dos anos e ficando estáveis,atualmente devido a urbanização do lugar fica difícil a visualização imediata dos cordões litorâneos sendo necessário um pouco mais de atenção para serem visualizados.
  • 57. 58 Figura 36- cordões litorâneos no município de Lucena 4.0 - Áreas de riscos a desastres ambientais: as planícies costeiras e flúvio marinhas Atualmente o tema de vulnerabilidades vem recebido uma crescente atenção quanto a estudos para interações entre o homem e o ambiente. Aonde se vem observando ao longo do tempo áreas de riscos, em que a vida humana se encontra expostos. Devido ao crescente aumento populacional e questões econômicas a população passa a habitar áreas que são consideradas áreas instáveis e vulneráveis a eventos como as inundações, como o caso das planícies costeiras e flúvio-marinhas. As informações disponibilizadas sobre riscos de desastres no litoral brasileiro ressalvam o risco a inundação, (ver figura 37) essas informações são importantes para o planejamento, nos aspectos relacionados principalmente ao uso adequado do solo e a conservação dos recursos ambientais, fazendo-se assim medidas que reduzam riscos a catástrofes.
  • 58. 59 Figura 37-: Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno no Brasil (1948 - 2006). Fonte: TESSLER M. 2008. Potencial de Risco Natural. In: MMA (ed.) Macro Diagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. (Ed.) Ministério do Meio Ambiente. Brasília. As planícies costeiras possuem uma sensibilidade natural devido ao depósito sedimentar, que possuem capacidade de infiltração e escoamento superficial, e sofre influencia de atuação das marés. (figura 38). As inundações costeiras (ver figura 39) são causadas por ressacas ou marés metereológicas em conjunção com marés astronômicas muito elevadas, afetam as praias, ocupações próximas a linha de costa. As inundações na planície costeira são causadas pelo transbordamento de regiões lagunares e estuarinas, ou em áreas com influência de marés.
  • 59. 60 Figura 38- Atuação da maré metereologica e astronômica Praça de iemanjá, Praia do Cabo Branco-JP Data:19/02/2011 Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Figura 39 Av. Cabo Branco sendo inundada Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 19/02/2011 No litoral Paraibano todas as áreas são suscetíveis a inundações, mas as áreas onde ocorrem com frequência em períodos de marés astronômicas e metereologicas estão localizadas no município de pitimbu, Praça de Iemanjá na Praia do Cabo Branco, praia do Seixas, área onde se localiza o Hotel Tambaú, praia do poço, município de Baía da traição. (ver figura 40).
  • 60. 61 Figura 40 pontos que ocorrem inundações devido a marés altas e ressacas Imagem: Google earth Figura 41 - Praia do poço em 12/08/2010 as 05h36min Fonte: LABEMA
  • 61. 62 Figura 42 -Praia do poço em 12/08/2010 as 05h55min Fonte: LABEMA A praia do Seixas (imagens abaixo) faz limite com a praia da penha e a praia do Cabo Branco, é bastante conhecida por abrigar o extremo oriental das Américas e ser bastante frequentada por turistas e moradores locais. Nos últimos anos vem se notando uma grande diferença nesta paisagem ao qual se vê o estreitamento da linha de costa e estragos oriundos da atividade marinha no local ao qual se faz com que haja evacuação de pontos econômicos como bares e áreas de lazer. . Figura 43- Praia do Seixas Fonte: Sr. Luiz da Palhoça do Seixas (s/data) (Acervo Paulo Rosa)
  • 62. 63 Em uma conversa com moradores e trabalhadores antigos do local afirmam que o mar naquela região se encontrava a mais de dez metros de distancia de onde é atualmente, e esta área típica de lazer vem sendo aos poucos destruídas pela ação marinha. Fazendo uma comparação de duas imagens do local nos últimos 20 anos onde se localizava a antiga palhoça do Seixas, percebemos a diferença na paisagem local na figura 43 temos uma área plana onde vemos o limiar da maior maré Atualmente essa paisagem encontra-se modificada houve o recuamento da palhoça do Seixas e a preamar chega a muitas vezes causar transtornos devido a erosão. (Figuras 44 e 45) Figura 44. Praia do Seixas ano 2010 Foto: Fransuelda Vieira Figura 45 Praia do Seixas ano 2011 Foto: Francicléa Avelino No local há presença de erosão negativa, esta que ocorre pelo solapamento de base. Em campo foi feito croqui com medições da área erodida de uma extremidade a outra da erosão, e da erosão até a linha d’água da maré de sizígia 2.4 (ver figura 46).
  • 63. 64 Figura 46- Croqui da erosão negativa na praia do Seixas Nota-se que a erosão já avançou em direção a área urbanizada dificultando o acesso a praia (ver figura48), a partir do topo onde esta localizado o estacionamento até a base a atividade erosiva mede 1,30 metros (ver medição em campo na figura 47) este que na verdade ocorre pela falta de chegada de sedimentos junto com ação natural de retirada do mar. para evitar o forte ataque das ondas foi colocado rochas calcarias no local. Figura 47 -medindo em campo a erosão negativa no seixas Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 05/02/2011
  • 64. 65 Figura 48- área erodida na praia do seixas (croqui) Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data:09/01/2012
  • 65. 66 Indo em direção sul em relação à palhoça do Seixas encontramos outros vestígios da falta de aporte sedimentar um exemplo é o coqueiro com suas raízes expostas possuindo 1,80 metros (ver figura 49), o Seixas é uma área em que os ventos chegam em dias normais a 8.0 m/s. Figura 49: coqueiro Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data: 03/07/2011 Durante a maré baixa, o vento retira a areia na face da praia, abastecendo as dunas depois com uma mudança de direção é soprado de volta para a praia onde continua a erosão e o transporte pelas ondas e correntes litorâneas, e dependendo do balanço sedimentar presentes na faixa litorânea, pode causar impactos como, por exemplo, o estreitamento da faixa arenosa. As planícies Fluvio-marinhas (figura 50) são unidades geoambientais formadas através da deposição de material aluvial que são depositados pelos rios e também pelo transporte marinho. Por ser uma área que sofre a influencia de marés seu solo é propício a colonização de manguezais, onde se acontecer qualquer alteração neste ecossistema de defesa, torna-se uma área de risco. Deve-se ter um pouco mais de atenção com estas áreas já que uma vez que os processos erosivos tendem a destruir barreiras naturais como as restingas, dunas, falésias, mangues etc., e
  • 66. 67 deixam as regiões mais propensas à inundação, pois os setores costeiros que apresentam uma situação de acréscimo de sedimentos e, consequentemente, progradação da linha de costa diminuiriam as faixas de risco a catástrofes de percas humanas e materiais. Figura 50- Planície Fluvio-marinha município de Lucena Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/2012 Abaixo foram mapeadas as planícies fluvio-marinhas no estado paraibano, onde na zona costeira os municípios que são constituídos por essa compartimentação morfológica são os municípios de Rio Tinto Lucena, Cabedelo e Bayeux (ver figura 51), litoral sul: João Pessoa, Jacumã e Pitimbu (ver figura 52)
  • 67. 68 Figura 51- Planícies fluvio marinhas Litoral Norte Fonte: Google earth Figura 52- - Planície Fluvio-marinhas litoral sul Fonte: Google earth
  • 68. 69 "Não estamos deitados em berço esplêndido". Com esta frase o Geógrafo Paulo Rosa, fez um alerta estarrecedor, tratando da possibilidade de um tsunami (onda gigante) atingir o litoral paraibano. (Entrevista do Geógrafo Paulo Rosa ao Clik PB) Como podemos ver o litoral é uma área totalmente vulnerável a desastres naturais, foram detectados nos últimos anos tremores de terra nos estados vizinhos (Pernambuco e Rio Grande do Norte) em 2007 surgiu a polemica do tsunami que possivelmente atingiria a costa nordestina, este fato não foge a realidade e surge devido ao Cumbre de Vieja vulcão que se encontra inativo nas ilhas canárias próximo a costa da África onde segundo pesquisas feitas por cientista americano Steven Ward, da Universidade da Califórnia O vulcão entrou em erupção no sec. 18 e segundo ROSA o seu ciclo e de 250 anos. Com a atividade o corpo vulcânico alem de expelir lava desmoronaria uma parte do corpo rochoso ao qual se encontra fissurado o que causaria uma onda em torno de 360° o que causaria transtornos nas áreas próximas. Em 2010 o Hawaí emitiu um sinal de alerta de tsunami que fica a 7.500 quilômetros da costa do Chile onde teve terremoto, a onda chegou no local com pouco mais de dois metros. O estado Paraibano esta situado a 4 343 km das ilhas canárias. (ver figura 53). Não é possível prever o tamanho exato da onda visto que depende dos fatores oceanográficos e climáticos ocorrentes na presente data. Figura 53- Distancia das Ilhas Canárias até o Litoral Paraibano Fonte: Google earth
  • 69. 70 4.1- Mangues “Dá-se o sentido da palavra mangue ao conjunto da vegetação capaz de suportar a presença de sal no ambiente, que cresce sobre terreno junto à costa e sempre sujeito às inundações das marés. E manguezal tem o significado de ecossistema litorâneo e tropical onde predominam os mangues, formador de uma associação singular de espécies de animais e plantas que vivem na faixa entremarés das costas: estuários, deltas, lagoas e lagunas”. (Direito do Mangue, Gutenberg Cabral) Figura 54- Aterro no mangue no município de Lucena, para expansão imobiliária. Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/2012 Os mangues (figura 54) não estão sempre em um mesmo lugar E segundo afirma Guerra (1980) “estes terrenos são quase em toda totalidade constituídos por vasas de depósitos recentes”. Este ecossistema corrobora para proteção do continente. Sua origem é devido a sua topografia que possibilita o contato da água salina do mar tornando assim o solo propício para o tipo de vegetação. A vegetação serve para fixar o solo evitando assim a erosão estabilizando a linha de costa A vegetação das terras úmidas dos mangues atua como amortecedor natural, ou seja, absorve as inundações e dissipa as ressacas. Isto protege os organismos terrestres, e também as propriedades, de tormentas e danos por inundações.
  • 70. 71 É um ecossistema produtivo complexo e rico, mas que nos últimos anos vem sofrendo com o a expansão da urbanização. No litoral Paraibano esta ocorrendo aterros nos mangues para expansão imobiliária e desmatamento, além de ser depósito de lixo e despejo de esgoto sanitário (ver Figura 55) que irá resultar em um desequilíbrio no ecossistema deixando assim o continente vulnerável a riscos. Figura 55- Mangue aterrado e com lixo Foto : Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 17/02/ 2012 Segundo Cabral (2002) “Os fatores determinantes para a defesa da manutenção do ecossistema manguezal são os benefícios indiretos, como na fundamental retenção de sedimentos continentais trazidos por rios e pelo escorrimento pluvial, os quais contribuem significativamente para a melhoria das águas, como se existisse um filtro natural para diluir as águas poluídas e alguns estimam que um hectare de estuário de maré representa o equivalente a uma economia de cento e cinquenta mil dólares nos custos do tratamento de resíduos, segundo contabilidade ambiental”. O Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988 fala que qualquer utilização para urbanização deve ser feito a partir de 50 metros do limite final do ecossistema, mas vemos que por conta do crescimento e devido a problemas sociais como falta de renda, a população tende a
  • 71. 72 tomar conta deste espaço ao qual se deve tomar bastante cuidado, pois com a degradação desses ambientes, a própria população perde uma segurança ecológica. 4.2- Região estuarina-lagunar Estuário é a área de encontro entre o rio e o mar por causa da influencia das marés, próximos aos estuários podem ocorrer a presença de áreas alagadiças e marismas. No litoral Paraibano existem vários estuários a citar os maiores que são os dos rios Goiana, Mamanguape, Paraíba e Gramame, estes, porém trabalham para alimentação sedimentar costeira. Os estuários são considerados sistemas abertos onde segundo CHIAVENATO esse tipo de sistema possui uma relação com o meio ambiente por meio de entrada e saídas, há uma troca de matéria e energia com o meio ambiente, e são eminentemente adaptativos, isto é para sobreviver devem reajustar-se constantemente as condições do meio. Alguns estuários estão ameaçados como, por exemplo, a do Rio Jaguaribe que sofreu agressões no decorrer da década de 30. “O Rio Jaguaribe nasce ao sul de João Pessoa, no conjunto Esplanada, em uma lagoa, hoje aterrada. O curso d’água possui uma extensão aproximada de 21 km, até a sua desembocadura, no Oceano Atlântico, entre a Ponta de Campina e o Bessa, no Maceió do Jardim América, hoje Intermares. Seus principais afluentes são: o Timbó, pela margem direita, e o Riacho dos Macacos na margem esquerda, hoje desaparecido em razão da expansão do bairro da Torre e de parte do bairro de Jaguaribe. Pequenos córregos e drenos completam o sistema de drenagem . O Rio Jaguaribe é alimentado por várias fontes e ressurgências situadas entre o seu curso superior e o lago de barragem da reserva florestal do buraquinho (hoje Jardim Botânico Benjamim Maranhão).” (MELO 2001 s.p.). Estas agressões fizeram com que este rio que era um principal virasse um afluente do Paraíba, e ficou com alguns resquícios de antigos estuários no decorrer da zona litorânea de João pessoa, o que demonstra a busca pela sobrevivência em forma de tentativa de adaptação com o meio, atualmente seu estuário localiza-se no município de Cabedelo, porém ele não possui muita força, ou seja, apresenta a negentropia também conhecida como energia negativa. A negentropia é classificada por Katz e Kahn como um processo ao quais as formas organizadas tendem a entrar em exaustão, desorganização e no fim a morte, O Rio Jaguaribe não consegue chegar até seu destino final: o mar, e neste caso a força eólica que chega a ser um F4
  • 72. 73 (onde de acordo com Beaufort é um vento moderado entre 5,1 a 7,2 m/s onde levanta poeira ver figura 56), essa força é maior que a ação erosiva do rio. Figura 56- Erosão eólica no atual estuário do rio Jaguaribe Data: 01 de Março de 2012 Foto: Paulo Rosa A ação eólica ocasiona uma deposição sedimentar no estuário, causando assim o impedimento do desaguamento do rio no mar, onde este fica por muito tempo retido, causando desconforto e mau cheiro no local, fazendo com que a população abra o caminho para passagem das águas para o mar.(ver figuras. 57 e 58). Figura 57 atual estuário do rio Jaguaribe - Bessa Data: 01 Março 2012 Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Figura 58 atual estuário do rio Jaguaribe fechado pela ação eólica Data: 10 Março 2012 Foto: Paulo Rosa
  • 73. 74 É uma área vulnerável a inundações devido a grande precipitação. Os locais que são constatados esses acontecimentos são as que foram significativamente alterados para ocupação humana. A maioria delas estão situadas em áreas ribeirinhas ou antigos canal do rio, porém é uma área sujeita a ocorrência a desastres naturais.e a maior influencia seria a topografia propícia para eventos como enchentes e alagamentos podemos ver na figra 60 o curso do Rio Jaguaribe. Figura 59- Curso do Rio Jaguaribe Fonte: Google earth As lagunas (figura 60) são terrenos rebaixados que contém acumulo de água salobra e que por se localizar na borda litorânea sofrem com a influencia das marés mais altas. No litoral paraibano podemos destacar a laguna da planície fluvio- marinha da Barra de Jacarapé (ver figura 60). Esta laguna está na foz do rio Jacarapé onde juntamente com a ação eólica, fluvial e marinha, causa um aumento no acumulo sedimentar no local construindo assim uma barra que represa a laguna ao qual o mar Figura 60-Laguna Jacarapé Fonte: Google earth
  • 74. 75 invade em períodos de preamar. Cabe resaltar a diferença entre lagunas e lagoa costeira esta mencionada no item 2.2. 4.3-. Rias Existem muitos tipos de costas, que são originados por diferentes eventos, a costa litorânea e formada pela sedimentação trazida pelos rios e também pela ação marinha, existem as costas vulcânicas, em Deltas, mas entre estes cabe destacar as costas formadas por rias. Rias são entradas costeiras formadas por vales fluviais que foram imersas e erosionadas através da ação dos rios e estas também foram invadidas pela ação marinha, elas formam ilhas próximas as largas desembocadura dos rios, estas que foram os picos dos montes pré-existentes, elas estão principalmente expostas em litorais que são recortados a citar como exemplo o estado paraibano onde a foz dos grandes rios são rias (ver figuras. 61 e 62) Figuras 61- foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo Fonte: Google earth Figuras 62-. Foz do rio Goiana limite entre os estados da Paraíba e Pernambuco Fonte: Google earth Na costa Paraibana. Podemos identificar as principais rias que são no sentido norte-sul: Foz do rio Camaratuba no município de Mataraca, foz do rio Mamanguape no município de Rio Tinto, Foz do rio Paraíba no Município de Cabedelo e foz do Rio Goiana no município de Pitimbu. As rias podem ser altas, baixas ou relativamente acidentadas a Paraíba e composta por rias baixas, estes que foram vales imersos e que ao longo do tempo ficaram submerso pela unção
  • 75. 76 da ação marinha e fluvial provavelmente num período pós-glaciação, e formaram ilhas e flechas litorâneas que se formaram com a deriva litorânea que transportavam sedimentos paralelos à costa. 4.4- Recifes Recife é segundo GUERRA formações geralmente litorânea que aparecem próximos a costa, eles podem ser de arenito ou de corais. Estes apresentam uma grande importância na morfologia litorânea, pois interceptam o impacto das ondas, mas é um grave problema para as navegações. Os recifes do litoral paraibano são em sua maioria de arenito (ver figura 63) estes resultantes da consolidação de antigas praias, e são do tipo arenítico, ou seja, situado próximo a costa. Segundo GUERRA resultam da cimentação de antigas praias isto é, dos grãos de quartzo e Distingue dos recifes de corais que são acumulação dos corais em rochas. Figura 63 recifes de arenito Local: Praia do Cabo Branco JP Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 19/03/2011 Na Paraíba os recifes estão distribuídos ao longo o litoral, a maioria são de arenito e poucos são os coralígenos, um exemplo de recifes que contem corais é a mais conhecida
  • 76. 77 Picãozinho, picãozinho é um recife arenítico onde sua formação foi iniciada devido aos corais que vão se acumulando e crescendo ao redor e fixando na rocha esta que fica submersa nas preamares e é um dos principais pontos turísticos quando esta surge no período de baixa-mar (ver fig 64). Figura 64- Picãozinho Fonte: http://joaopessoaturismo.blogspot.com.br/2010/04/piscinas- naturais-de-picaozinho.html Figura 65 - Fragmentos de recifes no litoral Praia do cabo branco data:25/Nov./2011 Foto : Francicléa Avelino Ribeiro Os recifes estão sendo também destruídos não apenas pelo homem por causa da navegação, mas pela força das ondas (ver figura 65) na praia do Cabo Branco foram encontrados fragmentos de arenito provenientes dos recifes. Provavelmente essa situação ocorreu devido a grande força das ondas geradas pelo vento nessa época o que se não houvesse os recifes a degradação ocorreria em maior intensidade no litoral.
  • 77. 78 4.5- Praias: áreas de riscos a desastres ambientais As praias (figura 66) são Segundo Guerra (1980) depósitos de areia acumuladas devido os agentes fluviais ou marinhos, estas, porém podem variar de acordo com a granulometria resultado da dinâmica que ocorre no sistema praial. As praias servem como proteção da ação erosiva ocasionada pelas ondas.em áreas urbanizadas. As praias do litoral Paraibano são bastante frequentadas por turistas e pelos moradores, além de servir como economia para algumas famílias, este sistema sofre transformações devido a sua dinâmica ocasionadas pela ação eólica, marinhas, pluvial, fluvial. Por se tratar de uma planície é uma área vulnerável, onde ocorrem processos de erosão. As formas do relevo costeiro podem resultar da ação erosiva como também da sua deposição, esta ocasionada por diversos elementos como o nível da maré, ação das ondas, direção das correntes, ação dos ventos, e a ação antrópica causam interferências na dinâmica sedimentar. As areias das praias litorâneas são geralmente originárias dos rios que erodem as rochas e transportam seus fragmentos até o litoral, onde o mar encarrega-se de distribuí-los pela costa. Pode-se também encontrar praias formadas por conchas ou outros materiais, bastando que tenham um tamanho, densidade e quantidade suficientes para tanto. O sistema praial é dinâmico, portanto não é padronizado em todas as localidades, este é caracterizado por falésias, dunas e bermas que estão localizados no pós-praia, o estirancio que compreende a área entre a Preamar e a baixamar e é onde ocorre a ação mais ativa da dinâmica sedimentar, a face praial localiza-se entre a o nível da maré baixa de sizígia até o limite da ação Figura 66- Praia da Penha PB Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
  • 78. 79 das ondas, a zona de Surfe se estende desde a formação da linha de arrebentação ate a ultima quebra. Os Bermas (figura. 67) formam- se na região pós-praia devido a deposição de sedimentos, onde este encontra-se em constante dinâmica devido a ação das ondas nas marés de sizígia ou metereológicas. Figura 67- Berma Praia do Cabo Branco Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data:04/06/2011 As “Dunas costeiras se formam em locais em que a velocidade do vento e a disponibilidade de areias praiais de granulometria fina são adequadas para o transporte eólico”. (GUERRA E CUNHA, 1994. pag.298). Podemos encontrar dunas protegidas por vegetação na praia do cabo Branco onde estas segundo Strahler e Strahler (1989) são dunas inativas, por estarem fixadas pela vegetação. Devido ao balanço sedimentar causado pelas forças exógenas gera-se a configuração litorânea tornando-se assim praias com enseadas, baias, cúspides, ou até mesmo retilíneas, porém essas configurações em nosso litoral podem ser modificadas caso haja qualquer tipo de alteração sendo ela natural ou antrópica em qualquer elemento que colabore para o desenvolvimento da costa. A erosão costeira é um processo que ocorre na linha de costa que decorre do balanço sedimentar negativo, nas praias há períodos de acresção e erosão dependendo do tempo e período, na época de verão há acresção sedimentar e no inverno a erosão, porém os elementos
  • 79. 80 deste sistema estão sempre acrescentando e retirando-os e que há épocas em que há mais deposição do que retirada do mesmo ( figura 68). Figura 68 - compartimentação morfológica praial em Cabo Branco, Data: 02/04/2011. Foto: Francicléa Avelino Ribeiro 4.5.1- Aspecto morfodinâmico – Perfis praiais O perfil transversal de uma praia varia de acordo com o ganho e a perca de sedimentos, que pode ocorrer de acordo com os parâmetros climáticos, oceanográficos e até mesmo a exaustão das forças supridoras. Com estes parâmetros podemos observar situações de engordamento (período de tempo bom) e erosão (época de tempestade). Durante uma translação foi obsevada a dinâmica morfológica no pós-praia e limite inferior da face de praia, na enseada do Cabo Branco, onde esta é uma praia bastante frequentada pela população e que ao longo dos anos vem sendo notada uma diferença em sua fisiografia, o que despertou o interesse pela área. Com a análise de dados disponibilizados pelo INMET- Instituto Nacional de Metereologia, e dados fornecidos pela tabua de maré da Marinha do Brasil, tivemos os parâmetros climáticos e oceanográficos para a interpretação dos perfis topográficos 7º
  • 80. 81 transversais feitos em campo com nível topográfico e régua graduada de cinco metros. (ver figura 69) Figura 69- local : Leitura praial no Busto de Tamandaré Foto: Fransuelda Vieira Estes perfis foram feitos de forma sistemática iniciando em 19 Março de 2011 sempre nos períodos de Lua Cheia e Lua Nova onde nestas é onde ocorre uma grande variação no nível da maré, e sempre no período de baixa-mar. E estes perfis estão localizados em quatro pontos: o Perfil 1 no Busto de Tamandaré, Perfil 2 em frente ao Hotel Tropical duas quadras antes do Hotel Íbis, Perfil 3 em Frente ao Hotel Green Sunset e o Perfil 4 na praia do seixas ( ver figura 70 ). No Busto de Tamandaré (coordenadas 7° 7’ 11” LS e 34° 49’ 25” LW) o pós praia é o maior apresentando 91,53m localiza-se próximo ao hotel Íbis (coordenadas 7° 8’32” LS e 34° 48’ 51” LW) onde seu pós praia apresenta 36,65 m, e o terceiro ponto localiza-se próximo ao Hotel Green Sunset (coordenadas 7° 8’ 37” LS e 34° 48’ 45” LW) apresentando 29,35 m, e o quarto ponto na praia do seixas (coordenadas7°09’31.63” LS, 34° 47’ 39.25” LW ) este que não foi medido o pós praia devido a falta de aceso ao mesmo por conta das dunas estacionarias.
  • 81. 82 Figura 70-. Localização dos perfis Fonte: Google earth As praias destacadas foram escolhidas por ser ao longo dos anos notados uma diferença em suas feições, onde observa-se um acréscimo em um lugar e decréscimo em outro notando-se assim sinais de erosão, onde são consideradas áreas vulneráveis a riscos a desastres. Foi observado o comportamento das praias nos meses correspondentes aos solstícios e equinócios nas fazes da maré de sizígia nas Luas Cheias e Lua Nova correspondente as maiores marés. Para entendermos a dinâmica que está ocorrendo nesta enseada foi consultado os parâmetros climáticos e oceanográficos para analisar os perfis. Seguindo o sentido das correntes litorâneas na Paraíba que são sentido sul-norte, direção eólica predominante estes também responsáveis pelo transporte e deposição sedimentar. Para realização dos perfis foram estabelecidos limites, ou seja, uma distancia para cada ponto indo em direção ao nível da maré, partindo da estação (E0) localizado no pós-praia, o
  • 82. 83 primeiro ponto refere-se ao berma ao qual.foi observado seu comportamento e é através deles que observamos os primeiros sinais de deposição e erosão na praia. No sentido sul-norte iniciamos nossa análise com o perfil 4 localizado na praia do seixas esta que apresenta um déficit maior de sedimentos.(Figura 71) Figura 71: Praia do seixas Foto: Francicléa Avelino Ribeiro. Data: 03 julho de 2011 Figura 72. Perfil praial 4. Coordenadas7°09’31.63” LS, 34° 47’ 39.25” LW Local : Praia do Seixas No local nota-se a ausência do berma o que representa índices de erosão sedimentar. Na figura 72 observa-se que durante o mês de julho efetuou-se o primeiro perfil na área o que nos serviu de parâmetro para comparação com os outros, este mês é o período onde ocorrem as maiores marés de sizígia durante a lua nova, observamos um déficit sedimentar onde que nos períodos do mês de Setembro ocorreu um aumento de 40 cm no aporte e que durante o ciclo da
  • 83. 84 translação observamos que durante o mês de maio de 2012 o perfil do estirancio encontra-se quase em mesmo nível do mês de julho o que se subentende que há uma perca considerável de sedimentos ao longo dos anos o que explica os fatos registrados e apontados no local de grande perca sedimentar causada não apenas pela maré (ver figura 73) mas também pela ação eólica, ao qual constatou-se através de um anemômetro digital que em dias de tempo bom a velocidade chega 8.0 m/s e sua direção predominante é sudeste . Figura 73 - Praia do Seixas, local onde foi efetuado o perfil Data: 08 de março de 2012 maré 2.7 lua cheia Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Seguindo em direção Norte chegamos a uma área de sotavento após a falésia do Cabo Branco ponto identificado como perfil 3 em frente ao hotel Green Sunset.( figura 84) Figura 74 perfil hotel Green Foto: Francicléa Avelino Ribeiro Data:25/01/2012
  • 84. 85 Figura 75- perfil Praial 3, coordenadas 7° 8’ 37” LS e 34° 48’ 45” LW. Local: em frente ao hotel Green Sunset No perfil 3 (figura 75)constata-se a presença do berma o que representa uma deposição sedimentar no local proveniente do transporte das correntes litorâneas que trazem do seixas , mas neste local nota-se uma variação na feição no decorrer da translação , em Março de 2011 a praia encontra-se íngreme sem a presença do berma este é o período do equinócio de outono onde há um aumento na velocidade eólica, em Março de 2012 houve uma diferença de 26,50 cm de déficit sedimentar no correspondente ao p2 localizado a 8,94 m de distancia do E0. O período de maior acresção sedimentar é no equinócio de primavera mês de setembro e o período de maior erosão é em abril onde em relação a março de 2012 apresentou um déficit sedimentar no p5 correspondente a 28,75 m de distancia do E0 de 70 cm. Nota-se que é no período de solstício de Verão e Inverno que começam a ocorrer as maiores transformações na feição com o estado da praia íngreme e com sua dinâmica de ganho e perca sedimentar, sendo estes resultados notados mais precisamente nos equinócios de Outono e Primavera. O perfil 2 ( figura 86) localiza-se a 220 metros do perfil 3 próximo ao hotel Íbis ( figura 76) , nota-se através dos perfis (figura 77) que o mês de junho foi o que ocorreu maior erosão sedimentar . Em Março de 2012 ocorreu uma Figura 76. Perfil 2 próximo ao hotel íbis praia do Cabo Branco. Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
  • 85. 86 acresção decorrente do transporte trazido do ponto anterior. Fazendo uma comparação entre Março de 2011 e Março de 2012 nota-se que ocorreu uma acresção sedimentar no local. Figura 77- Perfil praial 2 , coordenadas 7° 8’32” LS e 34° 48’ 51” LW Local: próximo ao hotel íbis O Busto de Tamandaré (figura 88) representado pelo perfil 1 (figura 79) é o que apresenta o menor estirancio com 22,73 metros de comprimento porem é o que apresenta o maior pós praia A dinâmica ocorrida no local é mais para acresção sedimentar, onde os dados coletados apresentaram acresção de 46 cm do p1 correspondente a 7,53 metros de distancia do E0, porém nota-se a mesma dinâmica de erosão e acresção nos diferentes momentos de equinócio e solstício encontrados nos outros perfis. Figura 79 -Perfil praial 1. Coordenadas 7° 7’ 11” LS e 34° 49’ 25” LW Local : Busto de Tamandaré Figura. 78- Local do perfil 1 Busto de Tamandaré Data: 31/03/2011 Foto: Francicléa Avelino Ribeiro
  • 86. 87 Com a sobreposição dos perfis fica mais nítida a ocorrência do que se vem ao longo dos tempos sendo observadas: um estreitamento continental nos últimos perfis correspondentes ao perfil 4 e 3 e uma acresção nos dois primeiros pontos, o que significa ser um local com maior chances de ocorrência de desastres por causa do déficit sedimentar Como inundação, avanço marinho e possivelmente o desaparecimento desta própria linha de costa. Faz-se necessário obedecer ao limite estabelecido pelo decreto de linha da preamar média do ano de 1831 o que segundo Dieter Muehe “o limite de 33m dos terrenos de marinha, medidos, em direção à retroterra, além de ser de difícil determinação”, frequentemente não ultrapassa a largura da berma de praias mais largas. Porém de acordo com o Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988 resalta que os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com o seguinte critério: II - terrestre: cinquenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.
  • 87. 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o estudo e metodologias utilizadas para a realização do presente trabalho verificou que a zona costeira Paraibana é dividida em dois grandes compartimentos: os planaltos e as planícies esta que é constituída pelo que chamamos de unidades geomorfológicas como os mangues, restingas, cúspides, região estuarina, lagunas, rias, recifes, praias ao qual são áreas vulneráveis com riscos a desastres naturais, mas que ao mesmo tempo é uma proteção natural se não forem mal conservadas. É considerado desastres todo evento ou fenômeno que por ventura aconteça e que prejudica o ser humano. Os desastres ocorrem porque muitas vezes não é respeitado o limite proposto pela Lei n° 7.661, de 16 de maio de 1988 que indica a distancia para que se iniciem as áreas urbanizadas, a partir de 50 metros da maior maré de sizígia ou de um ecossistema, nota-se que na maior parte do litoral paraibano não é respeitado este limite. O compartimento da planície vem sendo bastante ocupado pela população assim como as unidades presentes a citar principalmente os mangues que perante a efetuação do trabalho notou- se que é o mais ameaçado devido aos aterramentos e ao não cumprimento do que determina o Art. 23 da lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988. Os planaltos são as áreas menos vulneráveis. Os principais desastres que ocorreram na zona costeira Paraibana constatada foram as inundações e a erosão. Para muitos o fenômeno da erosão não é perceptível por ser algo que ocorre cautelosamente apenas os frequentadores dos locais percebem a modificação da paisagem ocorrida nos últimos anos. O que para estes seja apenas o mar que esta avançando em direção ao continente. A partir dos perfis topográficos feitos em campo constatou a dinâmica que está ocorrendo na enseada do Cabo Branco esta por ser a mais conhecida e ser perceptível a diferença em sua paisagem, onde a praia do seixas que é o primeiro ponto após a falésia do Cabo Branco e em frente ao hotel Green Sunset estão sofrendo com a erosão esse evento resultado não apenas da ação marinha, mas o fator principal é a falta de aporte sedimentar que são trazidos pelos rios estes com deficiência no transporte devido a ação antrópica representada pelas barragens causando assim um estreitamento e uma diminuição da faixa arenosa fazendo com que haja uma acresção nos outros locais até a área conhecida como Busto de Tamandaré.
  • 88. 89 Os períodos de maior erosão ocorreram no equinócio de outono e o de maior acresção no equinócio de primavera, durante os solstícios a praias permanece em sua dinâmica natural de ganho e perca, porém o que podemos dizer é que durante este período ela mantém um equilíbrio. As áreas em que ocorrem grandes avanços constatados do que vamos chamar de “agressão marinha” estão presentes no litoral sul que são as praias do município de Pitimbu, praça de iemanjá na praia do Cabo Branco esta registrada não somente a erosão, mas as inundações costeiras, praia do poço no município de Cabedelo, e Baía da traição no Litoral norte. Assim foram detectadas que o litoral Paraibano possui áreas vulneráveis a risco a desastres onde alem dos ecossistemas, a área mais notável são os dois últimos pontos onde foram elaborados os perfis da enseada do cabo Branco ao qual está havendo déficit sedimentar, o que causa um avanço marinho e possivelmente o desaparecimento da linha de costa. Vemos então a importância do conhecimento e descrição das compartimentações morfológicas para o planejamento e gestão costeira, pois a área exerce forte influencia na economia e habitações de uma parte da população.