Desenvolvimento de software de simulacao de aprendizagem
Efeitos de exercícios resistidos na pressão arterial e VO2 máx de idosos hipertensos
1. COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DO VO2 Max
INDIRETO EM IDOSOS HIPERTENSOS APÓS EXERCÍCIOS
RESISTIDOS
Behavior blood of pressure and indirect vo2 max in elderly hypertensive
resistance exercise.
CINTIA TEIXEIRA ROSSATO MORA [a], JONE FABIANA PESSATTO DOS SANTOS [b]
VANDA ALVES DE SOUZA SAITO [c]
[a]
Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu
(FAAFI), Foz do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: cintiatr.mora@gmail.com
[b]
Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz
do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: fabipessatto@hotmail.com
[c]
Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz
do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: vanda_alvessouza@hotmail.com
Resumo
Introdução: Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o
mundo, e o próprio envelhecimento pode estar relacionado ao maior desenvolvimento
da hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar os efeitos de exercícios resistidos em idosos
hipertensos, em relação à pressão arterial, consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) e distância
percorrida através do teste de caminhada de seis minutos (TC6). Materiais e Métodos: Foram
selecionados 29 idosos de ambos os sexos, com média de idade de 68,17 (±5,52) anos,
participantes de atividade física, sendo estes, divididos em 2 grupos, um grupo experimental
(G1) com 17 indivíduos e outro grupo controle (G2) com 12 indivíduos, onde o G1 foi
submetido a um protocolo de exercícios resistidos com carga de 50% de 10 RM, associados à
prática da atividade física. Os idosos foram avaliados antes e depois do programa de exercícios,
que teve duração de 4 semanas, por 30 minutos, três vezes por semana. Resultados: Houve
melhora significante da pressão arterial sistólica (p=0,0137) e diastólica (p= 0,0003), VO2 máx
(p=0,0185) e da distância percorrida (p=0,0151) entre pré e pós período de aplicação no grupo
experimental. Na comparação entre os grupos também houve melhora significativa no VO2
máx (p=0,0010) pressão arterial sistólica (p=0,0021) e diastólica (p=0,0247) e a distância
percorrida (p=0,0001). Conclusão: Os exercícios resistidos com 50% de 10 RM
proporcionaram uma melhora da pressão arterial, do VO2 máx e da distância percorrida nos
idosos hipertensos.
[P]
Palavras-chave: Hipertensão. Idoso. Exercício. Consumo de oxigênio.
2. Abstract
Introduction: The elderly constitute the portion of the fastest growing population worldwide,
making it more prone to developing hypertension that are characteristic of aging. Objective: To
evaluate the effects of resistance training in elderly hypertensive patients in relation to blood
pressure and maximal oxygen uptake (VO2max) and distance traveled through the test of six-
minute walk test (6MWT). Materials and Methods: We selected 29 patients of both sexes with a
mean age of 68.17 (± 5.52) years, participating in physical activity, the latter being divided into
two groups, one experimental group (G1) with 17 individuals and one control group (G2) with
12 individuals, where the G1 was subjected to a resistance exercise protocol with a load of 50%
of 10 RM, associated with physical activity. The elderly were assessed before and after the
exercise program, which lasted 4 weeks, 30 minutes, three times a week. Results: There was
significant improvement in systolic blood pressure (p = 0.0137) and diastolic (p = 0.0003), VO2
max (p = 0.0185) and distance traveled (p = 0.0151) between pre and post application period
in the experimental group. In the comparison between groups was also significant improvement
in VO2 max (p = 0.0010), systolic blood pressure (p = 0.0021) and diastolic (p = 0.0247) and
distance (p = 0.0001). Conclusion: Resistance exercises with 50% of 10 RM provided an
improvement in blood pressure, VO2 max and distance covered in the elderly hypertensive.
Keywords: Hypertension. Elderly. Task Oxygen consumption.
INTRODUÇÃO
Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o mundo.
No Brasil, o envelhecimento populacional tem ocorrido de forma rápida e acentuada,
segundo projeções, chegará ao ano 2020 com mais de 26,3 milhões, representando
quase 12,9% da população total (1).
As alterações próprias do envelhecimento tornam o indivíduo mais propenso ao
desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (HAS), sendo essa a principal doença
crônica dessa população. Estima-se que a hipertensão arterial acometa 50% das pessoas
com 60 anos ou mais (2), e aproximadamente 22% da população brasileira acima de
vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60% dos
casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de
significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por
ano (3), assim, logo percebe-se a gravidade desta doença silenciosa.
Uma das estratégias para a redução da pressão arterial de repouso é a prática
regular de atividades físicas. Diversos estudos têm comprovado um efeito benéfico do
treinamento físico, tanto aeróbio quanto de força sobre os níveis de pressão arterial (PA)
de repouso. Esses efeitos podem ocorrer como uma adaptação crônica ao treinamento
3. ou como uma redução dos níveis pressóricos depois de uma sessão de exercícios,
denominada hipotensão pós-exercícios (4).
A hipotensão pós-exercícios já foi amplamente relatada após sessões de
exercícios aeróbicos. Mas recentemente, surgiram estudos procurando demonstrar esse
efeito após exercícios resistidos, sendo, entretanto, contraditórios os resultados em
normotensos, parecendo, então, que sujeitos hipertensos são mais suscetíveis à
ocorrência de hipotensão pós-exercícios (5).
O teste de caminhada de seis minutos (TC6) é um teste submáximo consagrado
mundialmente, ocorrendo uma correlação linear entre a distância total percorrida e o
consumo máximo de oxigênio (VO2 máx), obtido no teste. O TC6 apresenta-se como
uma opção de baixo custo e bem tolerado, além de possibilitar ao paciente determinar
a velocidade e a necessidade de realizar pausas, o que é uma vantagem adicional em
idosos (6). Este teste avalia a distância máxima que um participante caminha durante
seis minutos, ao longo de um percurso. Ao sinal indicativo, o participante caminha a
maior distância possível, sem correr, em volta do percurso, quantas vezes ele conseguir,
dentro do limite de tempo de 6 minutos (7).
A análise destas variáveis, busca proporcionar uma associação dos exercícios
aeróbicos com exercícios musculares resistidos, podendo atuar não somente na
hipertensão arterial, mas na capacidade funcional no que se refere à potencialidade para
desempenhar as atividades de vida diária (AVDs).
O presente estudo tem por objetivo geral, verificar através do TC6 o
comportamento do VO2 máx, e avaliar os valores da pressão arterial antes e após o
programa de exercícios resistidos em idosos hipertensos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra
Faziam parte desta amostra indivíduos idosos encaminhados por médicos com
diagnóstico de hipertensão arterial, que participavam de atividade física, na faixa etária
de 60 anos ou mais, de ambos os gêneros. Foram excluídos os voluntários que
apresentaram hipertensão ainda não controlada, e que não apresentavam condições de
realizar o TC6, por alterações ortopédicas ou neurológicas.
Todos os indivíduos foram esclarecidos e orientados quanto à natureza e ao
significado do estudo proposto e assinaram o termo de Consentimento Livre e
4. Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Faculdade Assis Gurgacz, sob Protocolo 143/2010. Este estudo foi realizado no Centro
Escola Bairro Professor Pedro Zanatta, na cidade de Foz do Iguaçu.
Os participantes foram divididos de acordo com o horário que praticavam
atividades físicas, em dois grupos, sendo o G1 o grupo experimental e o G2 controle. O
grupo experimental foi acompanhado por 4 semanas, no período de 27 de outubro a 26
de novembro, três vezes por semana em dias alternados, com duração de 30 minutos
cada atendimento, que ocorria sempre após 30 minutos de atividades físicas com
educador físico.
O grupo controle manteve as atividades físicas com o educador físico durante
uma hora, três vezes por semana.
Avaliação
Através de uma ficha foram coletados os dados dos participantes, tais como,
nome completo, idade, sexo, tempo de pratica de atividade física, a fim de analisar o
perfil dos grupos, além desta avaliação inicial, foi realizado o TC6, antes e após o
período de intervenção.
O TC6 foi realizado da seguinte forma: dois avaliadores devidamente treinados
orientaram cada idoso, a percorrer a maior distância possível em um corredor de 30
metros sinalizado com cone, um avaliador acompanhou o idoso durante o teste, ao
longo de 6 minutos. Durante o teste foi verificada, a freqüência cardíaca (FC), saturação
periférica de oxigênio (SpO2) e escala de Borg no 2º, 4º e no 6º minuto de caminhada e
após o 1º, 3º e 6º minutos de repouso. No TC6 a instrução foi caminhar o mais rápido
possível e o indivíduo determinou a velocidade da caminhada. A PA, FC, SpO2 e escala
de Borg foram mensurados no início do teste (após 5 minutos de repouso sentado) e
logo ao final do teste. Para a coleta de dados referente às variáveis FC, SpO2 foi
utilizado oxímetro de dedo da marca registrada Onyx e para aferir a PA foi utilizado
estetoscópio e esfigmomanômetro marca registrada Premium. Neste trabalho foram
utilizadas as equações de referência propostas por Enright & Sherrill (8,9).
O TC6 foi realizado 48 horas antes de iniciar as atividades e 48 horas após a
finalização do período de intervenções em ambos os grupos, para a verificação do VO2
indireto foi utilizada a seguinte fórmula baseada no TC6 (velocidade x 0,1+3,5).
5. Os exercícios realizados pelo grupo G1 foram feitos com uma carga determinada
através do teste de 10 RM, utilizando 50% desta carga. Para a determinação de 10
repetições máximas, foram realizados deslocamentos de um peso por toda a extensão do
movimento articular por 10 vezes, sem que este pudesse realizar a 11º repetição.
Os participantes foram instruídos quanto aos tipos de exercícios realizados e
tiveram acompanhamento durante estas atividades pelos pesquisadores, sendo
orientados a não realizarem manobra de valsalva durante os exercícios, e sim a
respiração diafragmática. Para maior segurança dos pacientes, a PA foi monitorado
antes e após os exercícios.
Protocolo de Atendimento
O protocolo de atendimento foi elaborado baseando-se em exercícios de fácil
execução e nos princípios do método Kabat (10), com movimentos em diagonal, a fim
de favorecer a funcionalidade durante os exercícios. A resistência utilizada foi 50% do
teste de 10 RM.
Todos os exercícios foram realizados em duas séries de 15 repetições, em ambos
os membros. (Figura 01)
1) Exercícios em diagonais de Kabath de membros superiores: paciente ira ter uma
tornozeleira adaptada no punho, saído de uma adução, flexão e rotação interna para
uma abdução, extensão e rotação externa, bilateral (ADLER, BECKERS e BUCK,
1999).
2) Abdução e adução horizontal de membro superior.
3) Extensão de joelhos com uma tornozeleira, com o paciente sentado em uma cadeira
com as costas bem apoiadas realizando extensão de joelho, utilizando toda a
amplitude possível. Retornando até formar um ângulo de 90º nas articulações dos
joelhos.
4) Abdução e adução dos MMII com tornozeleira: paciente em pé, apoiando-se numa
barra de apoio com uma tornozeleira realizando abdução e adução.
5) Extensão do quadril com uma tornozeleira: paciente em pé, apoiando-se numa barra
de apoio com uma tornozeleira, realizando extensão do quadril.
6) Marcha estacionaria 5 minutos, com tornozeleira.
6. Figura 01. Protocolo de atendimento
Análise estatística
Os dados obtidos foram analisados por meio de comparações de seus percentuais
por categoria ou pelo cálculo de suas médias, e desvios-padrões. As variáveis entre os
grupos por meio do teste de Wilcoxon Matched Pairs test. As comparações das
variáveis com distribuição não paramétricas foram feitas por meio do teste Mann-
Whitney test, para descrever a relação entre as variáveis antes e após a intervenção. Os
testes estatísticos foram considerados significantes para um erro alfa de 5% (p < 0,05).
Os cálculos foram realizados no software Statistica® (versão 3.2, 32 – bit for Windows)
(Versão Created July 10 2009).
7. RESULTADOS
Foram acompanhados 29 indivíduos, sendo que destes, 17 participaram do grupo
experimental (G1), e 12 do grupo controle (G2). Os grupos G1 e G2 apresentaram
média de idade de 68±5, 68±4 anos, índice de massa corporal (IMC) de 27±4, 26±2
Kg/m2 e tempo de atividade de 10±11, 12±7 meses, respectivamente (Tabela 01). Os
participantes apresentavam perfil de não tabagistas, tendo 3 participantes do G1 que
haviam tido acidente vascular encefálico a 3 meses. Em relação ao perfil observa-se que
os grupos estudados foram homogêneos, sem diferença estatística entre os grupos
quanto à idade, altura, peso, IMC e tempo de atividade física.
Tabela 01. Perfil dos grupos em médias e desvio padrão
Características G1 (n=17) G2 (n=12)
Idade (anos) 68,5±5 68±4
Sexo, H/M 5/12 4/8
Altura (m) 1,59±0,7 1,58±0,10
Peso (Kg) 69±13 66±6
IMC (Kg/m2) 27±4 26±2,5
Tempo de atividade física (meses) 10±11 12±7
IMC: índice de massa corporal.
Na avaliação inicial, o G1 apresentou resultado do TC6 uma distância percorrida
de 417± 64,07 m e na avaliação final foi de 480±63 m, sendo que a média do predito da
distância foi de 425±58 m e o G2 caminhou 436,5± 57,86 m antes e na avaliação final
caminhou 395±38 m com o predito de 461±66 m, em relação a metragem inicial e final
do G2 observou que teve uma diminuição e um aumento no G1. A diferença pré e pós
do VO2 máx do G1 foi de 1,23±0,08 e do G2 de -0,66±0,94. Havendo uma diferença
significativa estatística entre os grupos.
Em relação à PA, observa-se que o grupo controle apresentava valores inferiores
que o grupo experimental, após o treinamento a PAS do G1 diminuiu enquanto que a do
G2 apresentou um pequeno aumento, já em relação à PAD houve uma diminuição em
ambos os grupos.
Os valores após o treinamento do G1 apresentaram melhora no desempenho do
TC6, aumento do VO2 máx indireto, e diminuição da PAS e PAD, já o grupo controle
demonstrou uma diminuição da distância percorrida, piora do VO2 máx e ainda um
aumento da pressão arterial.
8. Ao relacionar os valores pré e pós-intervenção, observou-se diferença
estatisticamente significativa em relação aos valores do TC6, VO2 máx, PAS e PAD no
G1, quando comparados estas variáreis entre o grupo experimental e o controle também
foi observado significância estatística (Tabela 02).
Tabela 02. Variáveis avaliadas pré e pós intervenção em médias e desvio padrão
Diferença entre Diferença
Pré e Pós G1 entre Pré e
G1 (n=17) G2 (n=12) Pós G2
Pré Pós Pré Pós
TC6 (m) 417,2±64,07 480±63,91* 59,29 + 36,58* 436,5±57,86 395,8±38,33 -47+ 65,42*
VO2 máx
(ml/kg/min) 10,23±0,94 11,35±1,08* -1,23 ± 0,08* 10,58±0,75 10,16± 0,68 0,66± 0, 94
PAS
(mmHg) 143,5±10,26 130±17,49* -14,70 +14,90* 125,8±8,62 127,5±10,10 2,50 +10,10
PAD
(mmHg) 96,5±9,04 81,8±9,84* -15,88 + 14,57* 88,3±8,97 85,8± 8,62 1,66 +9,86
TC6: Teste de caminhada de seis minutos; VO2: consumo de oxigênio; Pré: antes do tratamento; Pós:
depois do tratamento; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; *p < 0,05 quando
comparados pré e pós intra grupo;
Na PAS o G1 apresentou uma média de 143,5±10,26mmhg antes e
depois 130±17,49mmhg, e no G2 125,8±8,62mmhg antes e 127,5± 10,10mmhg depois,
e na PAD G1 teve resultado 96,5±9,04mmhg antes e 81,8±9,84mmhg depois, o G2
antes 88,3±8,97mmhg e depois 85,8± 8,62mmhg apresentando diferenças significantes
estatisticamente entre os grupos pré e pós-intervenções.
DISCUSSÃO
*
Idosos que realizam atividades físicas periodicamente têm melhor independência
funcional e melhor qualidade de vida do que aqueles sedentários, modificações no estilo
de vida têm o potencial de prevenir a hipertensão (11,12).
Neste estudo os voluntários eram praticantes de atividades físicas sendo que
apresentavam média de IMC de 27±4 kg/m2, estando eutróficos, segundo Cervi, (13),
que utiliza valores recomendados para adultos e idosos.
Para avaliar a capacidade funcional destes idosos foi utilizado o TC6 que foi
bem tolerado por eles. Como durante o TC6 não houve intercorrências, nos parâmetros
avaliados antes e pós-teste, apesar de apresentarem variação significativa
estatisticamente, não trouxeram grande variação que pudessem trazer riscos para os
idosos, sendo esse um método de avaliação seguro (14, 15,16).
9. Na avaliação inicial, o G1 apresentou resultado do TC6 uma distância percorrida
de 417± 64,07 m e na avaliação final foi de 480±63 m sendo que o predito foi 425±58
m observando que no início estava abaixo do predito e no final acima, e o G2 de
436,5± 57,86 e na avaliação final de 395±38 com o predito de 461±66 m, em relação a
metragem inicial e final do G2 observou que teve uma diminuição significativa isto,
podendo estar relacionado, ao não controle de suas presença as atividades pelas
pesquisadoras. Baseado nos resultados encontrados, o teste de caminhada de seis minutos é
um teste reprodutível e sensível ao avaliar a capacidade funcional de sedentários de
diferentes faixas etárias (17).
A distância obtida no TC6 apresenta forte correlação com o VO2 max (18),
sendo este em média do G1 de 10,23±0,94 no início e no final 1,35±1,08 havendo uma
diferença estatística, e do G2 no início foi de 10,58±0,75 e no final de 10,16± 0,68 onde
não teve diferença. Na comparação entre os grupos à diferença foi significativa, G1
1,23±0,08 e no G2 foi 0,66±0,94, sendo valor de p=0,0010.
A inclusão de exercícios resistidos em idosos hipertensos atuou de forma a
complementar a atividade física já realizada. Confirmando o posicionamento oficial, do
American College of Sports Medicine, que ressalta a importância de incluir o
treinamento resistido em um programa de prevenção, tratamento e controle da
hipertensão arterial (HA) (19, 20), ainda a prática regular de atividades físicas é parte
primordial das condutas não medicamentosas de prevenção e tratamento da HÁ (21).
Para a determinação da carga ideal de treinamento, foi utilizado o teste de 10
RM e utilizado a carga de 50 a 60% de 10 RM, indo de encontro com as VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial, que recomendam que os exercícios resistidos
“sejam realizados entre 2 e 3 vezes por semana, por meio de 1 a 3 séries de 8 a 15
repetições (22)”. Sendo seguidas estas recomendações para a realização desta pesquisa.
Os exercícios resistidos de intensidade leve (40% a 60% da carga voluntária
máxima), com um número maior de repetições também parecem ter efeito benéfico na
PA, além dos benefícios comprovados sobre o sistema osteomuscular, podem, portanto,
ser prescritos para o hipertenso desde que estejam associados aos exercícios aeróbios
(23).
A carga utilizada para os exercícios foi de 50% do teste de 10 RM, indo de
encontro a um estudo que demonstrou que a realização de exercícios resistidos a uma
intensidade de 80% da carga voluntaria máxima (CVM) promoveu aumento da PAS e
manutenção da PAD; porém, quando a mesma atividade foi realizada a 50% da CVM, a
10. PAS não se alterou pós exercícios, mas foi seguida de diminuição da PAD pós exercício
(24, 25).
Os resultados obtidos entre os grupos demonstram a diminuição estatisticamente
significativa da PAS (P=0,0021) e PAD (P=0,0247) no grupo experimental maior que
no grupo controle, após a execução do protocolo de exercícios resistidos durante 12
atendimentos. Tais resultados corroboram com os dados encontrados por outro autor
(26), em uma revisão mais recente, com estudos sobre o efeito do exercício (aeróbio e
resistido, principalmente dinâmico) na PA em pacientes hipertensos, sugerindo que o
treinamento resistido (TR), de moderada intensidade, é capaz de reduzir a PA.
Vários estudos e metanálises recentes mostram importante redução nos níveis de
pressão arterial clínica em pacientes hipertensos após um período de treinamento físico,
sendo observada redução pressórica de até 11 mmhg para a pressão sistólica e 8 mmhg
para a pressão diastólica (19,26,27). O exercício resistido tem se inserido
progressivamente em programas de prevenção e reabilitação cardiovascular (28).
Em relação ao grupo controle não foi encontrado a mesma correlação, podendo
estar também associada à falta de controle da freqüência das atividades supervisionadas,
o que ocorreu com o grupo tratado, com o incentivo das pesquisadoras.
Desse modo o treinamento resistido é um exemplo de exercício físico de baixo
custo, que traz efeitos benéficos ao praticante, com resultados fisiológicos que reduzem
os malefícios dos efeitos deletérios advindos com a idade, otimizando a qualidade de
vida (29, 30).
CONCLUSÃO
A prática das atividades físicas associadas aos exercícios resistidos em pacientes
idosos hipertensos promoveu uma diminuição significativamente estatística da pressão
arterial, aumento da distância percorrida associada à melhora do consumo de oxigênio
no teste de caminhada de seis minutos, e demonstrou-se segura para os pacientes
estudados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Miranda, R D et al. Hipertensão arterial no idoso: peculiaridades na fisiopatologia,
no diagnóstico e no tratamento. Rev Bras Hipertensão. [acesso em 20 de abr. 2010].
Disponível em: http://www.acemfc.org.br/modelo1/down/hipertensao_arterial.pdf
11. 2. Alves, LC, Leite IC, Machado CJ. Perfis de saúde dos idosos no Brasil: análise da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2003 utilizando o método Grade of
Membership Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(3): 535-546, mar, 2008.
3. Zaitune, MPA et al.Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e
práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 22(2): 285-294, fev, 2006.
4. Amadei, J. L e Silva KJ. Idosos hipertensos e atendimento em rede pública de saúde,
kaloré, Paraná, 2008. Iniciação Científica CESUMAR Jul./Dez. 2009, v. 11, n. 2, p.
129-137.
5. Janning, P. R, et al. Influência da ordem de execução de exercícios resistidos na
hipotensão pós-exercício em idosos hipertensos. Rev Bras Med Esporte [online].
[acesso em 18 de abr. 2010]. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-869220090006000
lang=pt
6. Araujo, C.O, et al. Diferentes padronizações do teste da caminhada de seis minutos
como método para mensuração da capacidade de exercício de idosos com e sem
cardiopatia clinicamente evidente. Arq. Bras. Cardiol. [online]. [Acesso em 18 de abr.
2010]. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066782X200600030000&lan
g=pt
7. Pedrosa, A. R. and Holanda G. Correlação entre os testes da caminhada, marcha
estacionária e TUG em hipertensas idosas. Rev. bras. fisioter. [online]. [Acesso em 18
de abr.2010]. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413355520090003000lang=
pt
8. Enright PL, Sherrill DL. Reference equations for the six-minute walk in healthy
adults. Am J Respir Crit Care Med 1998; 158:1384-1387.
9. Justo, M. R.; Santos, M. G. F. Comparação da distancia percorrida por idosos
saudavel no TC6 com as distancias previstas pelas equações de referencia. Iniciação
cientifica . vol. XII. 14 ano 2009.
10. Adler, S. S, Beckers D. e Buck M. PNF Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva:
Padrões de Membros Superiores. São Paulo: Editora Manole, 1999.
11- Pedrinelli, A. Leme, E.L.G. Nobre, L.S. O efeito da atividade física no aparelho
locomotor do idoso Acesso em: 03 dec. 2010. Disponível
em:http://www.scielo.br/pdf/rbort/v44n2/a02v44n2.pdf
12- Conceição, T. V. Gomes, F. A. Tauil, P. L. Rosa, T. T.Valores de Pressão
Arterial e suas Associações com Fatores de Risco Cardiovasculares em Servidores da
Universidade de Brasília Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília - Brasília,
DF Acesso em: 03 dec. 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/abc/v86n1/a05v86n1.pdf
12. 13. Cervi, A. ; Franceschini, S. P. Castro, S. L. C. Análise Crítica do USO do Índice de
massa corporal Idosos parágrafo. Rev. Nutr. [online].. 2005, vol.18, n.6, pp 765-775
doi.: ISSN 1415-5273 10.1590/S1415-52732005000600007.
14. Pires SR, Oliveira AC, Parreira VF E Britto RR. Teste de caminhada de seis
minutos em diferentes faixas etárias e índices de massa corporal disponível em:v.I
S1S1N n 1. 820,9 -29020467 147 Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 2, p. 147-
151, mar./abr. 2007 .
15. Oliveira MTO, Guimarães GV, Barretto ACP. Teste de 6 Minutos em Insuficiência
Cardíaca. Arq Bras Cardiol.1996;67(6):373-4.
16-, R. M. Manfroi, W. M. Barbisan, J. N. Teste de caminhada de seis minutos na
avaliação pré-operatória da cirurgia de revascularização do miocárdio Nery Rev 50
HCPA 2007;27(1)
17- Pires, S. R. Oliveira, A. C;, Parreira, V. F. e BRITTO, R. R. Teste de Caminhada de
SEIS in Minutos Diferentes Faixas etárias e índices de massa corporal. Rev. bras. .
Fisioter online]. [2007, vol.11, n.2, p. 147-151 doi. ISSN: 1413-3555. 10.1590/S1413-
35552007000200010. Acesso em 02 dez.2010. Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141335552007000200010&script=sci_arttext
&tlng=es
18- Reboredo, M. M. et al. Correlação Entre a Distância Obtida no Teste de
Caminhada de Seis Minutos e o Pico de Consumo de Oxigênio em Pacientes Portadores
de Doença Renal Crônica em Hemodiálise J Bras Nefrol Volume 29 - nº 2 - Junho de
2007.
19. Monteiro, M. F. e Sobral Filho, D. C. Exercício físico e o controle da pressão
arterial Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 6 – Nov/Dez, 2004
20. Pescatello LS, Franklin BA, R Fagard, Farquhar WB, Kelley GA, Ray CA;
Exercício e hipertensão. Colégio Americano de Medicina Esportiva Med Sci Sports
Exerc. 2004 Mar; 36 (3) :533-53.
21. Medina, F.L. Lobo, F.S. Souza, D. R. Kanegusuku, H. Moraes, C.L. Atividade
física: impacto sobre a pressão arterial Physical activity: impact on blood pressure
Forjaz Rev Bras Hipertens vol.17(2):103-106, 2010. [Acesso em 28 nov. 2010].
Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/17-2/10-atividade.pdf
22. Póvoa, T. I. R.; Efeitos do treinamento aeróbio e resistido sobre a qualidade de vida
e capacidade funcional em mulheres hipertensas. Goiânia, 2010. [acesso em 28 nov.
2010] Disponivel em:
http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1433
23. Barroso, W. K. S et AL; Influência da atividade física programada na pressão
arterial de idosos hipertensos sob tratamento não-farmacológico. Rev Assoc Med Bras
13. 2008; 54(4): 328-333. Acesso em 02 dez.2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v54n4/17.pdf
24. Krinski1, K. et. al.: Efeitos cardiovasculares agudos do exercício resistido em idosas
hipertensas DOI: 10.4025/actascihealthsci.v30i2.428. [Acesso em 28 nov. 2010].
Disponível em: http://www.thefreelibrary.com/Efeitos+cardiovasculares+agudos+do+
exercicio+resistido+em+idosas...-a0197599313
25. Alvar, Ph.D.; Tammy K. Evetoch, Ph.D., FACSM; Terry J. Housh, Ph.D., FACSM
(Chair); W. Ben Kibler, M.D., FACSM; William J. Kraemer, Ph.D., FACSM; and N.
Travis Triplett, P.N; Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults
POSITION STAND This pronouncement was written for the American College of
Sports Medicine by Nicholas A. Ratamess, Ph.D.; Brent A.. [Acesso em 28 nov. 2010].
Disponível em: http://journals.lww.com/acsmmsse/Fulltext/2009/ 03000/Progression_
Model_ in_Resistance_Training_for.26.aspx
26. Luria M. L. Scher1, Fernando Nobre, Nereida K. C. Lima; O papel do exercício
físico na pressão arterial em idosos. Rev Bras Hipertens vol.15(4):228-231, 2008.
[Acesso em 28 nov. 2010]. Disponível em:
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/15-4/14-espaco-jovem-pesquisador%20.pdf
27- Laterza, M. C. Urbana, M. Rondon, P.B. Negrão, C. E. Efeitos do Exercício Físico
Aeróbio na Hipertensão Arterial. Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia
do Exercício, Instituto do Coração (InCor), Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil. Escola de Educação Física e Esportes
da Universidade de São Paulo, Brasil. Instituto do Coração (InCor) – Unidade de
Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício - HCFMUSP [Acesso em 28 nov.
2010]. Disponível em:http://www.ufjf.br/caminhada/files/2009/02/laterza-mc-
cardiol.pdf
28- Umpierre, D. Stein, R. Efeitos hemodinâmicos e vasculares do treinamento
resistido: implicações na doença cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol. vol.89 no.4 São
Paulo Oct. 2007 doi: 10.1590/S0066-782X2007001600008 [acesso em 28 nov. 2010].
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-
782X2007001600008&script=sci_arttext&tlng=target=_blank
29. Ternes,M Zabot, A. F. Treinamento resistido para idosos saudáveis.SC.2004.
[acesso em 28 nov. 2010]. Disponível em: http://www.fisio-
tb.unisul.br/Tccs/04b/mayra/artigomayraternes.pdf
30. Dias, R. M. R. Gurjão, A. L. D, Marucci, M. F. M.; Benefícios do treinamento com
pesos para aptidão física de idosos Strength training benefits on the physical fitness of
elderly individuals. [Acesso em 28 nov. 2010]. Disponível em:
http://actafisiatrica.org.br/v1%5Ccontrole/secure/Arquivos/AnexosArtigos/92CC22753
2D17E56E07902B254DFAD10/editoracao_vl_13_n_02_90-95.pdf