2. T
t
A gerência de riscos aplicada
a riscos industriais
Antonio Fernando papel ou o papelão, o chips para um De forma simplifica da, os riscos
Navarro computador, e até mesmo a tinta ne- que podem afetar uma instalação in-
·
· Engenheiro Civil
cessária para escrever este artigo, tem dustrial podem ser devidos a:
·
·
Engenheiro de Segurança do Trabalho
Gerente de Riscos do Banco Nacional
Professor da Funenseg
que existir a manipulação de uma in-
finidade de outros produtos, denomi-
nados matéria-prima. O produto final
·
Danos de causa interna
elevação ou redução da pressão
ou acabado de um empreendimento
pode vir a ser a matéria-prima em um
·
positiva ou negativa do processo;
elevação ou redução da tempera-
tura do processo;
outro, como, por exemplo, a celulose,
obtida da casca da madeira, gerando
· reações físico-químicas em para-
I A I~erência o.uadministração de
fiSCOSurgiu como uma neces-
s o papel.
lelo ou descontroladas;
· explosão de misturas em prepa-
sidade premente de reduzir a incidên- O risco industrial difere de qualquer ração;
cia de acidentes, bem como de encon- outro pela existência da manipulação
trar soluções mais adequadas, a um
mínimo de custos, para o aumento da
de produtos. De um modo geral, es-
sa manipulação está associada a rea-
·
· combustão descontrolada;
acidentes envolvendo os maqui-
nismos utilizados no processo.
produção industrial. Vejamos, inícial- ções físico-químicas, pressões, tem-
mente, qual seja a definição para ris-
cos industriais"praticada por nós: Ris-
peraturas, umidades etc.
Durante a manipulação geram-se ·
Danos de causa externa
incêndios;
cos industriais são todos aqueles on-
de, através da manipulação de um ou
mais produtos, consegue-se produzir
produtos com características algumas
vezes bem distintas do produto final,
e em um estado físicotambém bastan-
·
·
· explosões;
desmoronamentos;
desabamentos;
.,.
outros. Em resumo, são atividades de
transformação.
te diferente. Podem ser obtidos sub-
produtos sólidos, liquidos, gasosos, ·
·
·
alagamentos;
inundações;
Uma tecelagem, manipulando al-
godão em caroço, tintas e pigmentos,
colas e outros produtos, transfor-
pastosos, de características ácidas, in-
flamáveis, oxidantes, tóxicas, infec-
tantes, radioativas, corrosivas.
·
·
ventos;
vazamentos de efluentes;
colapso de edificações por falhas
ma-os em tecido. Em vista dessa multiplicidade de construtivas.
Uma fábrica de tintas, através da riscos e situação é que se desenvolveu Não há estatística correta, mas os
manipulação de uma gama de produ- a gerência de riscos. acidentes podem ser decorrentes das
tos, consegue transformá-Ios em go-
mas e lacas, além da própria tinta.
Em princípio, são vários os riscos
que podem afetar instalações indus- ·
seguintes causas:
· falhas construtivas;
Assím sendo, para que haja o pro-
duto final, que pode ser o aço para a
triais. Para cada um deles ~averá sem-
pre a possibilidade de se encontrar um · falhas de materiais;
falta de controle de qualidade;
construção civil,o cimento, o tijoloou
a cerâmica, a gasolina ou o diesel, o
modo de prevenção como também de
controle. ·
· reações descontrola das;
falhas de supervisão e controle;
(ADERNOS DE SEGURO 9
I
I
3. .
·
·
condições naturais adversas;
erros humanos.
De todas essas causas a mais co-
mum é a de erro humano, responden-
do por cerca de 60% dos acidentes na
área industrial. Pela sua importância
convém comentar as suas causas.
Os erros humanos podem ser divi-
·
didos nos seguintes grupos de causas:
cansaço - visual ou físico, devi-
do a jornadas de trabalho longas, plan-
tões mal dimensionados, condições
ambientais desfavoráveis, inadequa-
das condições orgânicas, localização
·
do trabalho à longa distância;
stress - motivado por proble-
mas de relacionamento no trabalho,
inadaptabilidadea chefias e subordi-
nados, longas jornadas de trabalho,
·
inadaptação a função;
desatenção - provocada por
problemas de ordens várias, dentre as
quais citamos: problemas familiares,
fome, ansiedade, condições de saú-
de, trabalhos com rotinas e.,cessivas,
trabalho repetitivo;
· inadaptação física - trabalhos o ruído elevado induz ao erro humano, responsável por 6096 dos acidentes na ilrea industrial
desgastantes demais para o indivíduo.
Aqui cabe fazer uma colocação a res- períodos de refeição. Fato bastante no segundo o cansaço visual; ruído
peito do que apuramos como inadap- comum é a do operário correr com. o elevado, provocándo falta de percep-
tação física. Consideramos a escolha seu serviço para não perder o horário ção auditiva; temperaturas extremas,
do biotipo físico contraindicado para do almoço. Não podemos descartar produzindo o desconforto térmico, si-
exercer certo tipo de função. Normal- também as ocorrências em indústrias tuação essa encontrada junto a equi-
mente isso ocorre em funções que exi- de produção sazonal ou de piques de pamentos com grande dispersão de
gem demais da compleição física do
trabalhador;
· brincadeiras - ocorrem devido
·
produção;
falta de motivação - atribuímos
a este item uma série de fatores gera-
calor e em locais confinados para a uti-
lização de computadores. Os proble-
mas de aumento da pressão sangüí-
principalmente à imaturidade do gru- dores, tais como: má remuneração, nea e a tendosinovite são gerados pe-
po e à falta de uma supervisão ade- falta de treinamento, falta de perspec- las condições ambientais adversas; vi-
·
quada à situação;
premeditação - são situações
nas quais o trabalhador, voluntaria-
tiva de crescimento na empresa, ina-
daptação à função, proximidade de
épocas de dispensas coletivas, em pe-
bração geral ou localizada, acabamen-
tos construtivos com cores ou odores
agressivos.
mente, procura o acidente, seja para rínrll)Sque antecedem a negociações Já sabemos, de modo superficial,
beneficiar-se com ele ou prejudicar a sindicais, má situação financeira da quais são os principais danos que po-
·
empresa;
crime - em nosso País são pou-
cas as situações em que há o aciden-
empresa e outras causas mais. A fal-
ta de motivação é um dos fatores que
contribuem para o absentismo, provo-
dem ocorrer em um risco industrial e
quais seus fatos geradores. Entretan-
to, é oportuno comentar-se os refle-
te devido a crime. Geralmente o traba- cador de grandes perdas para as em- xoS'desses acidentes junto à empresa.
lhador procura obter para si ou para presas; Os problemas que podem redundar
outrem, situação mais difícil, um res- · inadaptação aos equipamentos para essas são os seguintes:
sarcimento moral ou pecuniário, com
a ação. Fatores geradores são as de-
ou dispositivos de trabalho - seja de-
vido ao porte físico ou à falta de trei- ·
·
·
interdições legais;
danos materiais ou pessoais;
missões imotivadas, chefias arbitrá-
·
rias ou arrogantes;
namento, equipamento projetado
sem qualquer preocupação com o la- ·
·
perdas de imagem;
multas;
falta de treinamento - os aci-
dentes devidos a esta causa são bas-
tante comuns, em empresas com al-
do ergonômico. A inadaptação tam-
bém pode ser motivada por funções
que provocam grandes desgastes fí-
·
·
ações de ressarcimentos;
perdas de mercado;
baixa de estoque e baixa produ-
to "turn over", ou mesmo a falta de
critérios na seleção de pessoal para ·
sicos ou mentais;
condições ambientais adversas
tividade, se ocorrido acidente envol-
vendo os operários.
·
exercer certas atividades;
pressa - a tendência da ocorrên-
cia de acidentes dessa natureza é
- alguns itens relevantes merecem
ser destacados, como causadores de
condições ambientais adversas: ilumi-
Como se vê, grandes são as impli-
cações para as empresas e, por conse-
qüência, para os mercados consumi-
quanto à mudança de turno de traba- nação excessiva ou deficiente, geran- dores. Dissemos no iníciodeste artigo
lho ou em horários que antecedem a do no primeiro caso o ofuscamento e que um dos objetivos da gerênciade
4. riscos era a de evitar que situações gra- Avaliação de riscos envolvendo consciente, situaç,ões danosas ou não,
vosas atingissem os patrimônios em- edificações ao ver a edificação e o ambiente exter-
presariais, aí incluído o patrimônio Tem muita gente boa que avalia no como uma só condição, o que não
pessoal. As formas de prevenção uma edificação quanto ao risco que está de todo correto.
abrangem: seguros, produção, pes- ela está sujeita, observando suas ca- O avaliador mais meticuloso deve
soas, instalações, patrimônio. racterísticas construtivas e o ambien- avaliar os riscos de per si e atribuir a
Vejamos a seguir o "modus facien- te natural ao seu redor. eles a sua parcela ou participação em
di" da prevenção, aplicada a riscos in- Assim sendo, uma edificação com sinistros e, só a partir daí, avaliaro con-
dustriais, passando, porém, a alguns estrutura integral de concreto armado, junto. Agindo dessa forma, terá me-
critéios de identifica cão de riscos. Ê em um terreno natural plano, jamais lhores condições de sugerir medidas
importante saber-se, antes de 'ini- vaisofrer danos consideráveis. Porou- preventivas, melhor indicadas. Quan-
ciar-se um processo de prevenção, tro lado, a mesma edificação sobre um do dizemos melhor indicadas quere-
quais itens são relevantes numa ava- ::Iterro,ou próxima à borda de um ta- mos nos referir àquelas onde o fator
liação de riscos e quais os acidentes lude, pode vir a sofrer danos periódi- custo x benefício foi observado.
que podem ser esperados com maior cos consideráveis. Élógico que o bom São os seguintes os itens, que a
freqüência: senso do inspetor determina, em seu nosso ver, merecem uma observação
mais detalhada:
. idade das edificações - cada
edificação tem uma vida útil, especí-
fica não só pela qualidade dos mate-
riais de construção nela empregada,
como também pela sua utilização. Di-
zer que uma edific.ação de alvenaria
tem uma vida útil de 30 anos, se de al-
venaria de produtos cerãmicos, e de 60
anos, se de alvenaria de blocos de can-
taria (blocos de pedra) é um pouco di-
fícil, para não dizer que foi "chute". A
idade é fator preponderante quando
avaliada em conjunto com outros ele-
mentos. Até mesmb as condições cli-
máticas circundantes têm importân-
cia. Uma ~dificação de alvenaria em
cantaria, em climaseco e frio, pode ter
sua vida útilprolongada para 100anos,
o mesmo não ocorrendo em climas
úmidos e quentes.
A idade deve ser pesqu isada por-ser
importante saber-se a época da cons-
trução e, por conseguinte, os materiais
empregados e as técnicas construti-
vas utilizadas.
. vida útil - parâmetro sujeito a
bastante discussão, pelos motivos que
apresentamos anteriormente.
O processo de determinação da vi-
da útil em função do tipo de constru-
ção, através de tabelas, tem muito de
empirismo. Mesmo porque duvida-
mos que alguém tenha pesquisado
uma série significativa de edificações
.,. e avaliado sua vida útil. Existem cas-
telos na Europacom 800 anos, em per-
feitas condições de utilização. Acon-
selhamos sempre que este item só seja
avaliado após obter-se todos os de-
.
mais parâmetros mensuradores.
estado de conservação - quem
já não teve a oportunidade de ver nas
ruas carros com 30 ou mais anos de
idade, com a aparência de saídos de
fábrica, e outros com um ano, dois ou
Na avaliação de riscos, a poluição é ponto relevante. Monumentos são ameaçados três verdadeiros cacarecos? O princi-
pelo monóxido de carbono e enxofre pal fator para que isso ocorresse cha-
CADERNOS DE SEGURO 11
I
I
5. Sistemas de detecção e combate a inc{}ndios incluem-se nas proteções ativas que cont{}m ou extinguem o dano
ma-se conservação. O mesmo se su- construção adequados à utilização da no de materiais e pessoas.
cede com as edificações. Quanto me- mesma. Isso quer dizer que, se traba- · proteções ativas e passivas - a
lhor conservadas maior será o seu lharmos com produtos ácidos ou gra- nosso ver, para cada nova atividade
tempo de utilização, ou de aproveita- xas, deveremos dispor de superfícies desenvolvida deverão existir sistemas
mento. resistentes ao ataque dos produtos. de proteção ativa ou passiva, existen-
· condições de manutenção - Se ao invés des~es produtos tivermos tes desde a fase do anteprojeto. Infe-
apesar da palavra conservação pare- materiais explosivos, o principal é que lizmente, em nosso País, costuma-se
cer ser sinônimo de manutenção, en- os materiais utilizados tenham eleva- premiar quem age corretamente, ou
tendemos que a manutenção é a pe- da inércia e resistência a impactos. somente no estrito cumprimento da
riodicidade da conservação. Em um Além dos itens acima, os quais de- lei.
caso conservamos ou preservamos o verão ser analisados em conjunto, Toda atividade empresarial, mesmo
bem e, em outro, mantemos o mesmo existem outros também importantes, de pequeno porte, é obrigada por lei
em perfeitas condições. discriminados a seguir: a contar, com pelo menos, um siste-
· condições ambientais agressivas · adequadas proteções contra da- ma prímário de extintores de incêndio.
- consideramos a avaliação das con- nos - são todos os tipos de proteção O Corpo de Bombeiros, através de le-
dições ambientais agressivas como empregadas para evitar que um aci- gislações estaduais, e o Ministério do
um dos fatores mais expressivos, em dente destrua completamente a edifi- Trabalho, por meio de uma legislação
termos de avaliação de riscos. Dentro eação. Por exemplo, telhados móveis, federal, regulamentam completamen-
deste tópico pode-se ter o clima e as que em caso de explosão liberam com- te o assunto. Pois bem, o mercado se-
condições fisicas do terreno. A conju- pletamente os gases formados. Estru- gurador brasileiro, aJém de passar por
gação de chuvas em terren'o calcário turas especiais resistentes a deforma- cima dessas exigências legais, porque
ções etc.
pode ser fatal para a construção. Tam-
bém aqui deve-se associarfatores, co-
mo forma de melhor estudá-Ias. Além
· layout interno e do conjunto de
edi,ficações - em nível de segurança
faz exigências bem inferiores ao deter-
minado em lei, ainda concede descon-
tos nas taxas de seguros. Em outras
desses pontos, a atmosfera do local interna recomenda-se que sejam pro- palavras, premia-se quem descumpre
também pode ser altamente prejudi- jetados arranjos dos equipament<3s e a lei. Bem, este não é bem o nosso as-
cial. Os grandes monumentos arquite- de áreas de atividade, de modo que sunto, aqui neste artigo.
tônicos do mundo estão sendo gra- um acidente ocorrido em um local não As proteções ditas ativas são aque-
dualmente destruidos pela poluição venha a se alastrar com facilidade pa- las que atuam diretamente, contendo
atmosférica, principalmente devido ao ra os outros. De um modo geral com- ou extinguindo o dano. Podem ser in-
monóxido de carbono e ao enxofre. partimenta-se áreas utilizando-se pa- terpretados como proteção ativa os
· qualidade dos materiais de cons- redes corta-fogo. Entretanto, nem sistemas de detecção e combate a in-
trução utilizados - é óbvio que se qui- sempre isso é possível, não só devido cêndios (extintores, mangotinhos, ca-
sermos ter uma edificação que perdu- à exigüidade de espaço físico, como nalizações preventivas, hidrantes, de-
re, deveremos empregar materiais de também por dificultar o trânsito inter- tectares, moto-bombas, sprinklers,
12 FlJNOOG
6. sistemas de gases etc.). enfoque dado. São eles: mos também uma série de pontos a.
As proteções passivas são aquelas · idade da instalação; serem observados individualmente, e
incorporadas à edificação, com o ob- · vida útil atribuída e a real; em conjunto, para os equipamentos.
jetivo de torná-Ia mais resistente aos · estado de conservação; São eles:
efeitos do sinistro. São exemplos de · condições de manutenção; · idade;
proteção passiva: revestimentos de · regime de trabalho; · vida útil estimada e a real, em fun-
colunas metálicas, diques de conten- · dimensionamento de projeto pa- ção da utilização;
ção, aplicação de produtos especiais ra folgas e sobrecargas; · estado de conservação aparente
retardantes à ação do fogo etc. · condições ambientais agressivas; e real;
· resistência estrutural contra da- · produto agressivo dominante, · condições de manutenção pre-
nos de causa externa -'- são todos os disperso na atmosfera; ventiva;
sistemas ou dispositivos adicionados · características da instalação; · regime de trabalho em condições
- às edificações, capazes de prolongar · formas de proteção contra da- normais e em regime forçado;
a sua vida útil face a impactos ou es- nos; · formas de operação;
forços solicitantes adicionais de cau- · qualidade dos materiais empre- · condições ambientais agressivas;
sa externa ou interna. gados; · tipos de insttllação;
... Os danos de maior possibilidade de · traçado da instalação. · produtividade real e projetada;
ocorrência, afetando edificações, são: Os danos mais comuns que podem . qualidade dos materiais empre-
· incêndios; afetar uma instalação são: gados;
· alagamentos; · acidentes eletromecânicos; . caracteristicas.dos projetos de
· desmoronamentos; · rompimentos; instalação e de montagem.
· destelhamentos; · danos por superutilização; Também, aqui,_os acidentes mais
· explosão; · explosões; comuns podem ser atribuídos a:
. acidentes elétricos;
· desabamento; · impactos mecânicos; · acidentes mecânicos;
· impacto de veículos. · choques térmicos;
. fadiga de material; · explosão;
Avaliação de riscos envolvendo . desnivelamento; · implosão;
instalações · incêndio. · impactos mecânicos;
De um modo superficial a sistemá- . desintegração por força centrífu-
tica adotada para identificação de Avaliação de riscos em ga. .
itens é praticamente a mesma dos equipamentos Agora que já conseguimos identifi-
itens anteriores, diferindo apenas do A exemplo dos itens anteriores, te- car, pelo menos de modo superficial,
r
11 A
I'
I
I
..
A manutençãopreventiva é ponto a ser considerado na avaliação de riscos em equipamentos
CADERNOS DE SEGURO 13
7. ...
--
-:!'-
quais os riscosque podem afetar um zação plena de todas elase vendas ga- respondente a três meses de venda.
empreendimento industrial, já temos rantidas para os próximos seis meses · da apuração dos prejuízos - va-
condições de sugerir medidas preven- de 130% do total da capacidade ins- .Ior segurado = valor dos prejuízos =
tivas, de modo que consigamos evitar, talada. valor indenizado. Pelas suas caracte-
ou reduzir, a incidência de sinistros, ou · do sinistro - sinistro ocorrido em rísticas de produção o segurado havia
eventos danosos. Pelo que dissemos um componente eletromecânico, ex- contratado, além da cobertura para o
anteriormente, as formas de preven- tendendo-se a toda a máquina, com equipamento, um seguro de lucros
ção são, basicamente: seguros, manu- perda total. A produção da máquina cessantes, com um período indenitá-
tenção de segurança e adoção de sis- correspondente a três horas, que es- rio de três meses, supostamente ne-
temas de segurança. tava ao lado da mesma, foi totalmen- cessário para a reposição do equipa-
O seguro, em princípio, não previ- te danificada. mento sinistrado.
ne nenhum risco. Simplesmente repõe · dos valores segurados - o valor · da verificação da produção -
um patrimônio afetado por um even- segurado correspondia ao valor de no- produção de uma ~áquina = 100m/h
to, podendo ser essa reposição total vo do bem. x 10 h/dia x 22 dias/mês = 22
ou parcial. A reposição é dita total · dos estoques - o segurado, co- km/mês; produção de 5 máquinas =
quando o empresário tem o seu bem mo estava com um pique de vendas, 22 km/mês x 5 = 110km/mês; capa-
de volta, após ser sinistrado, em con- inclusive acima da sua capacidade de cidade de vendas = 110 km/mês x
dições de funcionamento pleno, des- produção, havia feito um estoque cor- 30% = 143 km/mês.
pendendo para isso unicamente o cus-
to do seguro. Reposição parcial é Meses Vendas Ikm) Produção Ikm) Estoque + produção Déficit
aquela na qual o empresário, além de
despender com o pagamento do se- - - - 429 -
guro, ainda terá que gastar mais di- 1? 143 110 396 33
nheiro, se quiser ter a reposição plena. 2? 143 110 363 66
3? 143 110 330 99
Éuma grande baleia afirmar-se que 4? 143 110 297 132
o seguro bem feito, ou bem contrata- 5? 143 110 264 165
6? 143 110 231 198
do, repõe totalmente o bem sinistrado. 7? 143 110 198 231
A começar que os prejuízos tie perda 8? 143 110 165 264
de mercado não são indenizados, a 9? 143 110 132 297
10? 143 110 99 330
perd~ de produção até a reposição não 11? 143 110 66 363
é computada. Para melhor exemplifi- 12? 143 110 33 396
car verificaremos o seguinte exemplo:
· do bem segurado - máquina de Pela mudança legislativa ocorrida ção, veremos como ficaria o quadro de
trefilação importada, com cinco anos no País,a seguradora, em vista de não vendas e de produção, partindo-se do
de idade, rendimento de produção de poder obter dólares para a importação princípio que os valores vendidos per-
100metros de fios por hora, com pos- do maquinário, substituiu-o por um si- manecerão os mesmos.
sibilidade de intercambiar a saída de milar nacional, o qual, pelas suas ca- Produção de 4 máquinas = 4 x 22
fios, desde o diâmetro de 1 mm até 10 racterísticas técnicas, tem uma produ- km/mês = 88 km/mês; produção da
mm. ção 40% inferior, além de propiciar 5? máquina = 22 km/mês x 0,60 x
Essa máquina representa 1/5 da uma perda de 10% da produção, pelo 0,90 = 12 km/mês.
produção total da empresa, com utili- diâmetro diferente do fio. Nessa situa-
14 rUNf]ffG
,l
8. sua atividade, que só encarecem o
Meses Vendas (km) Produção (km) Estoque + produção Déficit custo final do seguro. Isso para não fa-
lardos pacotes de seguros, interessan-
tes somente para as seguradoras, nos
- + - 429 quais são comerc1alizadas coberturas
1? 143 100 386 43
2? 143 100 343 86 para riscos remotíssimos, e nos quais
3? 143 100 300 129 não pode atribuir as importâncias que
4? 143 100 257 172 deseja para cada cobertura.
5? 143 100 214 215
6? 143 100 171 258 Em resÜmo, por mais que o contra-
7? 143 100 128 301 to de seguro seja bem feito, sempre
8? 143 100 85 344
9? 143 100 42 387 existirão despesas não cobertas.
10? 143 100 ( 1) 430 Cabe ao gerente de riscos buscar
11? 143 100 ( 44) 473 coberturas mais adequadas, a um mí-
12? 143 100 ( 87) 516
nimo de custos. Para tanto, deverá ter
um perfeito controle de todos os sinis-
tros ocorridos, apurando todos os cus-
.. Caso a máquina seja reposta no pe- ocorresse: perda de mercado, ou per- tos deles decorrentes, e a partir daí for-
da de clientes. Para manter a sua clien- mar uma série histórica necessária a
ríodo máximo de três meses, estipula-
do no contrato de seguro de lucros tela original, sua alternativa foi a de re- qualquer pleito junto à seguradora ou
por o seu estoque através de compras ao IRB.
cessantes, perante a seguradora o se-
gurado não teve uma perda de lucro, de terceiros cada vez maiores. Descartando-se o lado comercial,
já que o seu estoque foi suficiente pa- Todas essas perdas não são indeni- hoje de bastante influência, e o aspec-
ra manter suas vendas por esse perío- záveis pelo seguro. to legal ou contratual, a aceitação de
do. Entretanto, a partir do sétimo mês Nosso País,atrelado a tarifas de se- um ~isco deve-se dar em função da
o segurado passou a contar com defi- guros únicas, fica cada vez mais pro- análise de uma série de parâmetros,
ciência em suas vendas. Essa mesma blemático para o segurado contratar o tais como:
deficiência, provocada por uma repo- seguro que realmente precisa. · ocupação do risco;
sição de equipamento inadequado, o Quando isso ocorre, vem recheado · sinistralidade conhecida;
famoso similar nacional, fez com que de "coberturas" totalmente inócuas à .. expectativa de sinistros futuros;
· características físicas do risco;
· existência de meios e sistemas de
·
detecção e combate a incêndios;
dano máximo provável e perda
·
máxima esperada;
condições externas agressivas;
· importâncias seguradas;
·· garantias pretendidas;
garantias adicionais acessórias;
· risco dominante;
·· franquias solicitadas;
prazode cobertura.
Com base nesses parâmetros é de-
terminada a taxa de risco puro e os
seus carregamentos. A partir daí são
entabuladas pela seguradora algumas
considerações para aceitação do risco,
com base nos parâmetros:
. condições e prazos para coloca-
ção dos excessos de cobertura;
· taxas praticadas internacional-
mente;
· importâncias resseguradas;
· prazos para pagamento;
Como se vê, é longa a série de exi-
gências feitas pelo mercado segura-
dor, mesmo porque a aceitação do ris-
co não é imediata e nem depende da
exclusiva vontade da seguradora.
A título de ilustração, os caminhos
percorridos para a aceitação de um ris-
co obedecem às seguintes fases, to-
talmente ou não em função dos capi-
tais segurados:
CADERNOS SEGURO 16
DE
9. r---- --~--- --- -- --- - - --.~-- -,
I
I
I
I
I
/
/-
I "
I ",'"
I ",'
,~/
L________ ---------- ~
. fase 1 - aceitação do risco por responsabilidade, negociadas através construções mais seguras; modifica-
parte da seguradora, ou por um pool de contratos avulsos com o exterior. ção de equipamentos e processos;
de seguradoras, com a retenção de Apresentamos uma situação críti- modificação e alteração do processo
responsabilidades equivalente ao so- ca, na qual são acionadas todas as fa- de utilizaçãode matérias-primas e pro-
dutos intermediários.
·
matório dos limitestécnicos do grupo;
fase 2 - o excedente
dade retentiva do pool é negociado e
da capaci-
ses de aceitação de riscos. Periodica~
mente, em função da políticade reten-
ção de riscos, praticada pelo país pa-
Basicamente, no primeiro caso,
empregamos métodos ou sistemas de
repassado para o IRB,sob a denomi- ra evitar a evasão de divisas, são feitas prevenção de riscos, os quais, aciona-
nação de resseguro; alterações nos mecanismos de aceita- dos, previnem ou reduzem a extensão
. fase 3 - após o IRB esgotar sua ção de riscos, inclusive com a amplia- dos danos. No segundo caso, após co-
rapacidade retentiva repassa o exce- ção de faixas retentivas, em função do nhecermos todo o processo e levan-
Jnte às seguradoras, capacitadas a dano máximo provável. tarmos os seus pontos vulneráveis, ou
operar no ramo, proporcionalmente pontos críticos, alteramos ou corrigi-
aos seus ativos líquidos, em uma ope- mos as falhas, podendo, para isso, ter
ração chamada de retrocessão, ou 1? ou não ocorrido algum sinistro.
excedente país; Em um próximo artigo falaremos
. fase 4 - todos os excedentes de com maior profundidade sobre as for-
responsabilidade ainda existentes são mas de proteção de riscos, aplicada a
repassados através de contratos com riscos industriais. Este assunto faz par-
os resseguradores no exterior,em ope- te de uma série de artigos por nós pre-
rações cumulativas, denominadas de parada sobre o tema Segurança Indus-
1?, 2? e 3? excedentes; trial, brevemente publicada.
· fase 5 - caso ainda exi~tam res- A seguir apresentamos em quadros
ponsabilidades a serem repassadas, algurls conceitos sobre a segurança na
são carreadas para uma operação de- armazenagem de materiais, enfocan-
nominada de 2? excedente país, no
qual o IRBparticipa com uma parcela
do:
. armazenagem em tambores me-
de retenção e o conjunto de segurado-
·
ras nacionais com o restante;
fase 6 - as responsabilidades ex-
.
tálicos verticais;
tálicos
armazenagem em tambores me-
horizontais; "
cedentes e não agasalhadas são re- . armazenagem em cilindrosde ga-
passadas para o Excedente Único de
Riscos Extraordinários, onde o IRB e
todo o mercado participam;
No tocante à'prevenção de riscos,
existem várias formas de praticá-Ios:
ses;
.embalagens diversas - sacarias
depositadas;
. fase 7 - o restante dos riscos não . medidas preventivas - manu- . armazenamento de fardos de ce-
assumidos são negociados com o Go- tenção corretiva e preditiva; controle lulose;
verno Federal, através da compra de tí-
.
tulos;
fase 8 "-.essa última fase com-
de pontos críticos; instalação de equi-
pamentos de prevenção e controle de
perdas; treinamento de pessoal.
.
. armazenamento em prateleiras;
estoques a granel sólido;
. fardos em fibras;
preende a colocação das pontas de . medidas corretivas - novas . caixotaria de materiais.
16 FIINE]HC
10. Segurança na Armazenagem de Materiais
ArmazenageDt.~:Q1 Tambores
Metálicos na Borizontal
.,. ·
Deverão ser 'verificados, por ocasião da inspeção, os seguintes itens:
·resiStência dos suportes
·
·
estabilidade dos tambores
aterramento elétrico (caso de depósito de inflamáveis com manipulação)
·drenagem da área devido a vazamentos
possibilidade de impacto por veiculos e equipamentos
Armazenagem. em Tambores
Met.áJicoS Verticais
~
tambores
metálicos
·
Deverão ser verificado por ocasião da inspeção, os seguintes itens:
· altura máxima de empilhamento
·
·
resistência trsica dos pallets
estabilidade das pilhas de tambores
·
·
drenagem da área devido a vazamentos
possibilidade de impactos. por veiculos e equipamentos
~allets
· capacidade de resistência do piso .
incompatibilidade entre produtos armazenados
Cilindros com/Gases
I,n AA
.r ,, t (r .;
,
I
·
Deverão ser verificado por ocasião da inspeção, os seguintes itens:
·incompatibilidade dos gases armazenados
·
·
quantidade de garrafas estocadas
prevenção ao risco de incêndio e explosão
·
·
prevenção aos danos provocados por impactos mecânicos
i(Jentificação dos cilindros cheios de vazios
amarração das garrafas
- - - ./
CADERNOSDE SEGURO 17
I
11. Segurança na Armazenagem de Materiais
_' u_. _~~. Embalagens Diversas
Sacarias Estocadas
altura máxima
que depende
da resistência ·
·
Deverão ser verificado por ocasião da inspeção. os seguintes itens:
tempo máximo de armazenamento do produto
do material
de embalagem ·
.
rotatividade do estoque
estabilidade das pilhas de sacos
.
.
nãô absorção de umidade pelo produto
ventilação (arejamento) interno das pilhas
--
pallet
·
.
resistência do material de embalagem
identiflcação dos produtos
proteção contra incêndio
Estoques a Granel Sólido
·
Deverão ser l1erificado por ocasião dà inspeção. os seguintes itens:
·dispersão de material particulado
·
.
altura máxima de empilharnento
estabilidade da pilha
prevenção do risco de fogo e explosão (armazenamento de substâncias
·
minereis e orgAnicas)
·aeração interna
·drenagem do piso
çondições ambienteis agressivas
Arm.azenA.1'nento em Prateleiras
·
Deverão ser verificado por ocasião da inspeção. os seguintes itens:
·altura máxima das prateleiras
·
·
distanciamento entra prateleiras e divisões internas
estabilidade das prateleiras
·
·
existência de mercadorias acima das prateleiras
existência de mercadorias cuja largura excede à das prateleiras
prevenção do risco de fogo
18 FUNENlG
'.
12. Segurança na Armazenagem de Materiais
Caixa com .Materiais
..resistência verificado por ocasião
Deverão ser
· das embalagens
da inspeção, os seguintes itens:
·
·
altura máxima de ampilhamento
estabilidade das pilhas de caixas
·
·
possibilidade de danos por água ou umidade
drenagem da área para escoamento das águas
identificação correta do conteúdo
Fardos de Fibras
·
Deverão ser verificado por ocasião da inspeção, os seguintes
·altura máxima de empilhamento
itens:
·
·
estabilidade da pilha
resistência do pallet
·
·
proteção dos fardos para o armazenamento ao ar livre
proteção das mercadorias contra a umidade
risco de incêndio
r-
I
_ .---
fardo
I
T
'-
pallet
I 1
/ '(// ,'''' ././W/
20 FUNMG
I
13. Sugestão para armázenamento filme plástico
----
de recobrimento
de fardos de celulose ao ar livre fardo de
celulose
tábua de !
fixação ~.
L
~
fardo de
celulose
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madeira
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toras de
I
4 0.3% Imlnimol
galeria de caimento do
águas pluviais terreno
.
CornTrato. O seguro sem mistério.
Até agora o pequeno e médio das opções paralelas. E é bem mais
empresário andava investigando os econômico do que fazer vários se'
mistérios do mercado segurador. guros ~eparadamente.
Ele procurava um seguro que Ofereça ComTrato. O seguro
atendesse às necessidades espe' que o pequeno e médio empre,
cíficasda sua empresa:um seguro sário estava procurando de lupa
simples, objetivo e totalmente des, na mão.
burocratizado.
Finalmente a Generali acabou
com o mistério criando ComTrato -
~ GENE~
um seguro compreensivo, que dis~
pensa vistoriase avaliações. uma
N
única apólice você ofereceao
~
o grande seguro da pequena e média empresa.
cliente 18diferentes tipos
de coberturas, além
"
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CADERNOS
DESEGURO 21
14. Fatores a serem observados na instalaçãode
uma indústria
·
· layout dos prédios
layout dos equipamentos e maquinismos
·
·
·
orientação dos ventos dominantes
declividade do terreno
·
·
insolação
distância entre edificações
· existência de áreas internas
comunicações entre áreas de fabricação
Situações perigosas
no armazentamento
de produtos no ttansporte de cargas
·
·
substância armazenada
·
. tipo de equipamentos
·
mistura de produtos
·
altura de armazenamento
·
·
capacidade dos equipamentos
içamento
·
circulações internas
proteção contra incêndio
movimentação
no manuseio de
no manuseio de gases
líquiqos inflamáveis
·
·
transporte ·
·transporte
·
estocagem
·
manipulação
proteção contra incêndio
·
·
estocagem
manipulação
proteção contra incêndio
22 rUNENE