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58 Téchne 177 | dezembro de 2011
artigo
Envie artigo para: techne@pini.com.br.
O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).
Fotos devem ser encaminhadas
separadamente em JPG
Inspeção rotineira de estruturas
de concreto armado expostas a
atmosferas agressivas
Adriana de Araújo
Mestre, Laboratório de Corrosão e
Proteção do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT) aaraujo@ipt.br
Zehbour Panossian
Doutora, Laboratório de Corrosão e
Proteção do IPT
zep@ipt.br
Ainspeção rotineira é uma atividade
que tem como objetivo avaliar o
estado de conservação de estruturas de
concreto, fornecendo diretrizes para
uma manutenção eficaz e de custo–be-
nefícioadequado.Comambasaspráti-
cas, podem ser cumpridas as funções
para as quais a estrutura foi construída
e, possivelmente, ser estendida a sua
vida útil.
Em geral, a inspeção rotineira li-
mita-se à avaliação da integridade da
estrutura e o seu estado frente a condi-
ções específicas (ambiental e de utili-
zação).Outrospropósitosdaavaliação
seriam (ACI 364.1R, 2007):
n viabilizar mudança de uso ou de as-
pecto da estrutura;
n viabilizar ampliação da estrutura
ou sua adaptação às exigências de nor-
malizações vigentes;
n capacitar a estrutura para suportar
carga adicional ou para resistir a danos
estruturais(acidentesoumáutilização).
A atividade de inspeção de es-
truturas de concreto faz uso de dife-
rentes técnicas, sendo a principal
delas o exame visual detalhado da
estrutura. Com base na intensidade
e gravidade das manifestações pato-
lógicas observadas neste exame,
acrescido do conhecimento da
agressividade ambiental e das ca-
racterísticas e do uso das estruturas,
outras técnicas são aplicadas.
Segundo ACI 228.2R (1998), a
aplicação de outras técnicas associa-
da ao exame visual é importante de-
vido a este se limitar à avaliação da
superfície do concreto. Segundo
Pear­son-Kirk (2008), essa associação
é necessária para serem detectados
prematuramente alguns processos de
deterioração e, também, para ser ga-
rantido um diagnóstico preciso das
causas da deterioração.
Usualmente,oexamevisualéasso-
ciadoaensaiosqueverificamapresen-
ça de agentes agressivos e alterações
químicas no concreto e de detecção de
anomalias não visíveis na sua superfí-
cie, como a corrosão da armadura.
Eventualmente, são realizados ensaios
de determinação de propriedades físi-
cas e mecânicas do concreto, de verifi-
caçãodapresençadecorrentedeinter-
ferência e da condutividade elétrica do
concreto e de avaliação de revestimen-
tos superficiais.
O intervalo entre as inspeções ro-
tineiras pode ser estabelecido no ma-
nual de operação, uso e manutenção
da edificação, após a primeira inspe-
ção da estrutura (denominada inspe-
ção cadastral) ou por entidades nor-
malizadoras ou órgão público regio-
nal. Segundo Nace RP0390 (2006), a
frequência da inspeção depende da
exposição ambiental e da presença de
contaminantes, bem como da locali-
zação geográfica, condições de uso e
idade da estrutura. A frequência da
inspeção também pode ser definida
por normalização ou órgão local.
Segundo CEB Model Code 90
(1993), o intervalo entre as inspeções
rotineiras de estruturas de edificações
de uso residencial e comercial é de
dez anos e, para as de uso industrial, é
de cinco e dez anos. No caso de pon-
tes de ferrovias, autoestrada e rodo-
vias, as inspeções devem ser realiza-
das com intervalos de dois, quatro e
seis anos, respectivamente.
Segundo a ABNT NBR 9452
(1986), pontes e viadutos devem ser
inspecionados em intervalo não supe-
rior a um ano. No caso dessas estrutu-
ras e outras excepcionais (de grande
vulto, de alta complexidade ou com
antecedentes), uma inspeção especial
deve ser feita em prazo não superior a
cinco anos.A norma DNIT 010 (2004)
também cita o mesmo intervalo para
inspeção especial e dois anos para a
inspeção rotineira.
Cita-se que a inspeção especial é
aquela que é feita para avaliar com
mais acuidade certas patologias ou
para monitorar falhas ou danos estru-
turais e, ainda, quando da ocorrência
de eventos inesperados. Normalmen-
59
Principais anomalias e formas de identificação
Anomalia Alteração típica
visível na superfície
do concreto
Desenvolvimento típico Fotografia
Concreto segregado:
concentração heterogênea
de componentes gerada pela
distribuição não uniforme
da parte de finos e pasta
de cimento durante
a concretagem.
Zona de concentração de
agregados e ou de vazios.
Falhas de execução na fôrma, na
especificação ou no projeto.
Ocorre especialmente em região
de juntas, quinas e base de peças
e locais de acesso restrito ou de
alta concentração de armadura.
Concreto segregado em
quinas de viga
Concreto desagregado: perda
da integridade do concreto
por ataque químico,
lixiviação, erosão, cavitação,
atrito ou abrasão.
Desgaste superficial com
exposição de agregados
(miúdos e/ou graúdos)
ou fissuração aleatória
com perda da coesão
do concreto.
Exposição constante à ação
agressiva de soluções ou da água
(pluvial, mar, lençol freático,
industrial ou armazenada) ou do
vento (com partículas em
suspensão).
Concreto desagregado
(erosão) em dolfim
Concreto desagregado: perda
da integridade do concreto de
cobrimento devido a forças
internas ou externas.
Fissuração ao longo da
linha da armadura ou
concreto lascado
ou estufado.
Ocorrência de choque, impacto,
esmagamento ou reações internas
expansivas (corrosão e reação
álcali-agregado).
Armadura exposta: armadura
aparente na superfície ou em
área com anomalias.A
armadura pode estar íntegra
ou corroída.
Concreto desagregado,
segregado, desagregado
ou espessura
de concreto de
cobrimento inadequada.
Ação de agentes agressivos,
erosão, ataque químico externo,
concreto poroso ou falha de
projeto ou execução.
Concreto desagregado e
armadura exposta (com
corrosão avançada) em viga
te, esta inspeção faz uso de equipa-
mentos que possibilitam melhor aces-
so à estrutura do que ocorre em uma
inspeção rotineira e, também, de ins-
trumental de precisão adequados para
investigação aprofundada.
Os resultados obtidos nas inspe-
ções devem ser apresentados em re-
latório, além de informações e histó-
rico da estrutura e informações do
meio ambiente (condições climáti-
cas, zonas de exposição, agentes quí-
micos, águas agressivas etc.), dentre
outras relevantes. É fundamental
que no relatório conste um parecer
técnico e recomendações de inter-
venções necessárias para a conserva-
ção da estrutura.
Exame visual do concreto e de outras
partes da edificação
O objetivo principal do exame vi-
sual é a inspeção de toda a superfície
dos elementos de concreto da estrutu-
ra e de outros componentes, como
juntas,aparelhos de apoio,sistemas de
drenagem, guarda-corpos, pavimen-
tação e revestimentos. Durante o
examevisual,sãoregistradas,quantifi-
cadas, dimensionadas e localizadas as
patologias e falhas observadas nos ele-
mentos da estrutura. Sempre que pos-
sível,a causa de seu desenvolvimento e
evolução também deve ser identifica-
da e,ainda,em alguns casos,feitos cro-
quis representativos das condições dos
elementos estruturais. Segundo CEB
Bulletin no
243 (1998) e Nace SP 0390
(2009), são vários os fatores que re-
querem atenção especial durante uma
inspeção visual. Com bases nestes do-
cumentos, citam-se:
n alterações na coloração do concreto
original, identificando a coloração da
mancha, como exemplo: coloração
avermelhada(queindicaacorrosãoda
armadura) e esbranquiçada (que in-
dica a carbonatação do concreto);
n presença de fissuras, identificando
sua abertura,configuração e causa pro-
vável,como exemplo: fissuras resultan-
tes de esforços estruturais e fissuras re-
sultantes da corrosão da armadura;
n deterioração da camada superficial
do concreto, identificando profundi-
Fotoscedidaspelosautores
60 Téchne 177 | dezembro de 2011
a r t igo
Principais anomalias e formas de identificação
Anomalia Alteração típica
visível na superfície
do concreto
Desenvolvimento típico Fotografia
Fissura: fratura provocada por
tensões no concreto, tendo
abertura, profundidade e
configuração variável. Pode
ser ativa ou passiva.
Manchas de
eflorescência, acúmulo
de fuligem ou presença
de produto de
preenchimento
(argamassa ou resina).
Mudança de volume do
concreto, esforços estruturais
e reações químicas.
Fissura (de retração) em
laje de cobertura
Deformação: desvio no
formato original (projeto
ou construído) da estrutura
ou de determinado
elemento estrutural.
Desaprumo, flecha,
embarrigamento,
afunilamento,
ruptura etc.
Falha de projeto, execução ou
excesso de carga. Em geral, ocorre
por desenforma prematura ou
posicionamento incorreto da
fôrma, recalque, acidente ou outra
solicitação extra ao dimensionado.
Deformação (desaprumo)
de pilar
Porosidade superficial:
bolhas de ar aprisionado
durante a concretagem ou na
consolidação do concreto.
Pequenas cavidades
distribuídas
aleatoriamente na
superfície do concreto.
Em geral, tem dimensões
menores do que 15 mm.
Falhas de especificação, projeto
ou execução.
Porosidade superficial
em viga
Mancha de oxidação:
precipitação e acúmulo de
produtos de corrosão do aço
na superfície do concreto.
Coloração superficial do
concreto alterada, tendo-
se mancha vermelha a
marrom acastanhada.
Processo de corrosão estabelecido
na armadura ou de outros
elementos metálicos presentes na
massa do concreto.
Mancha de oxidação e de
eflorescência em área
de fissura
dade afetada e causa provável, como
exemplo: desplacamento por impacto
e desgaste devido à erosão;
n armadura exposta, identificando o
seu estado, como exemplo: com ou
sem corrosão, seção efetiva e presença
de ruptura e descontinuidades;
n presença e falhas nos revestimentos,
empinturaseemimpermeabilizações;
n alterações na configuração de ele-
mentos da estrutura, como exemplo:
flechas, rupturas localizadas e torções;
n presença de umidade, acúmulo de
água e infiltrações, indicando possí-
veis causas e a existência na região de
outras patologias, juntas, sistema de
drenagem etc.
O exame visual é mais preciso
quando a superfície do concreto está
limpa. Algumas vezes, também é ne-
cessário remover o revestimento e ou a
pintura de acabamento.
Os equipamentos mais impor-
tantes para a sua realização são os
seguintes:
n trena ou régua métrica para con-
firmação das dimensões dos ele-
mentos e determinação da exten-
são das anomalias. Régua micro-
métrica para determinação da
abertura de fissuras;
n lanterna e binóculo para o caso
de restrição de acesso a determina-
dos elementos;
n câmera fotográfica digital com fil-
Fotoscedidaspelosautores
61
madora para registro e para facilitar o
exame de áreas de acesso restrito;
n marcador industrial para identifica-
ção dos elementos e, também, das re-
giões selecionadas para realização dos
ensaios complementares.
A tabela apresenta a descrição ge-
nérica das anomalias e falhas mais co-
mumente encontradas nas estruturas
de concreto armado e, sucintamente,
as alterações típicas visíveis na superfí-
Principais anomalias e formas de identificação
Anomalia Alteração típica
visível na superfície
do concreto
Desenvolvimento típico Fotografia
Mancha de eflorescência
(carbonatação): precipitação
e acúmulo de sais na
superfície do concreto.
Coloração superficial do
concreto alterada, tendo-
se manchas
esbranquiçadas e
protuberâncias devido ao
acúmulo de sais.
Reações do dióxido de carbono
com compostos do cimento por
penetração externa. Em concreto
carbonatado ou com lixiviação.
Mancha de oxidação e de
eflorescência em área
de fissura
Mancha de lixiviação: arraste
e acúmulo de componentes
do concreto na superfície
do concreto por infiltração
de água.
Presença de agregados
miúdos e de compostos
da pasta de cimento na
superfície do concreto.
Em geral, a mancha está
associada a
eflorescências e ao
concreto desagregado.
Infiltração da água ou solução no
concreto. Em geral, ocorre em
área de fissuração em lajes, em
juntas ou uniões de peças.
Mancha de lixiviação em
fissura em laje
Mancha de umidade. Coloração superficial do
concreto alterada.
Em geral, a mancha
está associada
ao escorrimento,
eflorescência ou
à fissuração.
Percolação, infiltração,
escorrimento ou condensação de
água. Em geral, ocorre em área de
fissuração, nas juntas, no sistema
de drenagem e, nas fachadas (em
locais de percolação da
água pluvial).
Mancha de umidade e de
escorrimento (com
acúmulo de fuligem) e
concreto desagregado
(erosão) devido à falha de
drenagem em viga
Mancha de escorrimento. Coloração superficial do
concreto alterada, com
ou sem depósito de
fuligem ou limo. Em
geral, a mancha está
associada à umidade.
Falha na especificação, projeto,
execução, manutenção
e/ou utilização.
Falha de drenagem:
presença de alterações e
anomalias na rede de
drenagem e região.
Manchas de umidade,
escorrimento,
eflorescência, lixiviação,
dentre outras anomalias.
cie do concreto para cada uma delas e,
ainda, as prováveis causas de seu esta-
belecimento e desenvolvimento. Essa
tabela foi elaborada conforme expe­
riência dos autores (Araujo; Panos-
sian, 2010) e a consulta ao manual Sa-
besp (2010) e ACI 201.1R (2008).
A tabela pode ser ampliada ou
apresentada de forma diferenciada
conforme característica e estado de
conservação da estrutura e condições
de exposição. Essas informações
podem ser obtidas em uma inspeção
preliminar da estrutura. Como exem-
plo de alterações na tabela, cita-se a
inclusão de uma sigla para cada uma
das anomalias e falhas, o que facilita o
seu registro em planilhas e em croquis.
Citam-se, também, a inclusão da loca-
lização das anomalias (no apoio, ao
centro, em junta etc.) e sua profundi-
dade ou intensidade (baixa, média e
alta) e, ainda, a divisão de algumas
delas por tipo e configuração.
62 Téchne 177 | dezembro de 2011
a r t igo
Presença de anomalias e análise da
área interna do concreto
Usualmente, durante o exame vi-
sual é investigada a presença de ano-
malias internas na massa do concreto.
Isso é feito percutindo-se o elemento e
observando-se o som produzido. Isso
Principais anomalias e formas de identificação
Anomalia Alteração típica
visível na superfície
do concreto
Desenvolvimento típico Fotografia
Falha na junta: presença de
alterações no material
isolante e anomalias
na adjacência.
Ressecamento,
obstrução, distorção e
outras falhas no material
de vedação. Manchas de
umidade, eflorescência,
lixiviação, fissuração e
outras anomalias
na região.
Falha na especificação, projeto,
execução, manutenção ou
utilização (cargas e
movimentações não previstas).
Manchas de umidade em
laje devido à falha na
junta de dilatação
Falha no reparo: presença de
alterações no material de
reparo e anomalias
na adjacência.
Fissuras, manchas e
concreto desagregado e
segregado no material de
reparo ou no concreto da
região de sua localização.
Fissuração em área de
reparo em estaca
Falha no apoio: presença de
alterações no material do
aparelho de apoio e
anomalias na adjacência.
Deformação, obstrução
deslocamento, corrosão,
fissuração, corrosão ou
esmagamento do
aparelho de apoio.
Concreto desagregado,
fissuração e outras
anomalias na região.
Falha de apoio devido
à fissuração do
material (neoprene)
Falha de proteção superficial:
presença de defeitos
na proteção.
Desplacamento, bolhas,
fissuras, enrugamento e
manchas na pintura.
Perda da eficiência da proteção,
falha de aplicação ou no projeto,
tipo de proteção inadequado.
Decorrente de falhas de projeto ou
de anomalias no concreto.
Desplacamento e
enrugamento da pintura
é possível pela diferenciação entre o
som característico de concreto íntegro
e o som de concreto com áreas de va-
zios, conhecido como “som cavo”. Em
geral, os vazios são devidos à segrega-
ção, fissuração ou delaminação da
massa interna do concreto. Uma
forma rudimentar, mas eficiente de
fazer essa investigação, é bater um
martelo ou talhadeira ao longo da su-
perfície do concreto.
Explica-se que a delaminação re-
presenta o estágio inicial de corro-
são, em que os esforços internos ge-
Fotoscedidaspelosautores
63
rados pelo acúmulo de produtos
(volumosos) de corrosão limitam-se
a provocar a fratura local do concre-
to perimetral à armadura. Com isso,
são criadas zonas de vazios no con-
creto da região.
Sendo identificado “som cavo”, re-
comenda-se uma inspeção mais deta-
lhadadoelementoemanáliseeseumo-
nitoramento periódico. Dentre os pos-
síveis ensaios adicionais que podem ser
feitos no elemento, citam-se a medição
dopotencialeletroquímicodecorrosão
eaanálisevisualdaarmaduraedocon-
creto da região, o que é feito por sua
fratura em área localizada.
Frentes de penetração de agentes
agressivos no concreto
Conforme descrito anteriormen-
te, a deterioração de uma estrutura
pode estar relacionada a diferentes
agentes.No caso da corrosão de arma-
duras, o seu estabelecimento é nota-
damente atribuído à ação de dióxido
de carbono (gás presente na atmosfe-
ra) ou de íons cloreto (presente na at-
mosfera na forma de partículas sóli-
das ou de névoa). Usualmente, a pe-
netração de dióxido de carbono (de-
nominada frente de carbonatação) é
determinada em campo e, a dos íons
cloreto, em laboratório.
O ensaio de carbonatação consiste
na visualização da alteração do pH do
concreto de cobrimento,o que é possí-
vel pela aspersão de um indicador de
pH. Usualmente, utiliza-se uma solu-
ção de fenolftaleína (1 g da fenolftaleí-
na em 50 ml de álcool etílico e diluição
desta mistura em água destilada até
completar 100 ml). Para o ensaio, o
concreto de cobrimento é fraturado e,
após a limpeza da área,feita a aspersão
da solução.Na oportunidade,pode ser
também verificado o estado e o diâ-
metro efetivo da armadura e determi-
nada a espessura efetiva do concreto
de cobrimento.
A norma DIN EN 14630 (2007)
recomenda a aspersão da solução de
fenolftaleína perpendicularmente à
área fraturada, até que o concreto es-
teja saturado (o escorrimento da so-
lução na superfície deve ser evitado).
A frente de carbonatação é o valor
médio da espessura da camada inco-
lor. Quanto da obtenção de valores
significativamente maior dos demais
o mesmo não deve ser incluído no
cálculo do valor médio, embora deva
ser informado.
Andrade (1992) cita que, com o
uso de fenolftaleína, é detectada a
região carbonatada do concreto que é
aquela que não apresenta alteração de
coloração, tendo pH inferior a 8,3. A
região não carbonatada assume cor
entre rosa a vermelho-carmim, de pH
entre 8,3 e 9,5, ou somente vermelho
carmim, de pH superior a 9,5.
Sabendo-se que o aço carbono
pode despassivar-se em pH por volta
de11,5(NaceRP0187,2008),hápossi-
bilidade que na região de coloração
vermelho-carmim o aço esteja despas-
sivadooucomcorrosãojáestabelecida
(Nace SP0308,2008).Portanto,embo-
ra o ensaio de carbonatação com solu-
ção de fenolftaleína seja adequado
para investigar a corrosão, recomen-
da-se que os seus resultados sejam
analisados em conjunto com outros
ensaios, especialmente exame visual
da armadura.
Quanto ao ensaio de íons cloreto,
este consiste da determinação do seu
teor em amostras de material pulveru-
lento extraído em diferentes profundi-
dades de concreto ou somente na região
daarmadura.Comisso,podeserinvesti-
gadaapossibilidadedeocorrercorrosão
naarmaduraeasuaintensidade(altaou
baixa),poisquantomaioroperfildepe-
netração de cloreto no concreto, mais
rapidamente será despassivada a
armadurae,quantomaioroteordeíons
na região da armadura, maior poderá
serataxadecorrosão.
A NBR 12655 (2006) estabelece o
valor de 0,15% (em relação à massa do
cimento) para o teor máximo de íons
cloreto (totais) para concreto armado
exposto a ambiente com cloretos. No
entanto, nota-se que na prática o pro-
cesso de corrosão por íons cloreto
pode ocorrer em valores inferiores a
este limite, o que se deve à ação de di-
ferentes variáveis.
Pesquisas mostram que a corrosão
pelo ataque por cloretos é dependente
tantodasuaconcentraçãonaregiãoda
armadura como da sua relação com os
íons hidroxila (OH-
) (ACI 222R,
2010). Quanto maior a concentração
de íons hidroxila no meio, maior é a
concentração de íons cloreto livre ne-
cessária para o estabelecimento da
corrosão. Com isso, é recomendado
que os resultados de teor de íons clore-
to sejam analisados em conjunto com
os obtidos em outros ensaios.
Usualmente o teor de íons cloreto
totais (livre + combinado) é obtido
conforme procedimento de ensaio da
ASTM C 1152 (2004) e o teor de íons
cloreto livre de acordo com a ASTM C
1218 (2008), ambos podendo ser ex-
presso em relação à massa de cimento
ou do concreto.
Em geral, para obtenção do perfil
de penetração são analisadas amostras
de diferentes profundidades do con-
creto de cobrimento da armadura,
cada uma delas com a coleta aproxi-
madamente de 10 g de material pulve-
rulento.
Segundo Moreira e colaboradores
(2002), essa quantidade deve ser obti-
da com a mistura da coleta de material
em pelo menos cinco furos, todos em
uma mesma profundidade. Além
disso, estes autores citam que baixos
teores de cloreto total podem ser obti-
dos na camada superficial do concreto
(até 10 mm de profundidade) o que é
devido à sua lixiviação e arraste pela
água pluvial.
Corrosão da armadura
Um estado ativo de corrosão da
armadura pode ser constatado pela
simples presença de certas anoma-
lias no concreto e pelo exame direto
do estado da armadura, o que é feito
com sua exposição em trecho de
concreto recém-fraturado. A arma-
dura está despassivada quando da
visualização da perda da coloração
característica de sua passivação no
meio (acinzentada) para outras co-
lorações (preta, marrom ou averme-
lhada). No caso de corrosão avança-
da, é possível visualizar o acúmulo
de produtos de corrosão e a delami-
nação do concreto.
Além desses procedimentos, a cor-
rosão pode ser investigada pela reali-
64 Téchne 177 | dezembro de 2011
a r t igo
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Guide for Conducting aVisual
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Maubertec, 2010.
zação de medidas eletroquímicas,
sendo a medição do potencial de cor-
rosãoamaisusual.Estamedidaindica,
aproximadamente, a condição de um
estado ativo de corrosão ou passivação
da armadura. Há aproximadamente
90% de probabilidade de estado ativo
de corrosão quando o valor de poten-
cial obtido é mais negativo do que
-350 mV (em relação ao eletrodo de
cobre/sulfato de cobre,ECSC) (ASTM
C 876, 2009).
O potencial de corrosão pode ser
determinado com uso de um eletro-
do de referência e um voltímetro de
alta impedância. A medida consiste
na determinação da diferença de po-
tencial elétrico entre a barra de aço e
o eletrodo de referência que se colo-
ca em contato com a superfície do
concreto. Em campo, é mais adequa-
do o uso de equipamentos específi-
cos que também determinam resisti-
vidade elétrica do concreto e/ou taxa
de corrosão.
Como o estabelecimento e a evo-
lução da corrosão são dependentes da
resistividade elétrica do meio (além
do acesso de oxigênio à armadura), o
seu conhecimento pode ser impor-
tante para a avaliação do risco de cor-
rosão em estruturas de concreto. Este
risco existe quando o concreto apre-
senta baixa resistividade (valores me-
nores de que 10 Ω.cm), em que há
facilidade de fluxo de íons por meio
da solução aquosa presente nos poros
do concreto.
A taxa de corrosão é a medida ele-
troquímica que indica a velocidade
de corrosão.SegundoAndrade e cola-
boradores (2004), quando a taxa de
corrosão obtida é ≤ 0,1 mA/cm2
, o
nível de corrosão é desprezível, ou
seja, considera-se que a armadura
está em estado passivo. Valores supe-
riores a este indicam um estado ativo
de corrosão, sendo que, o nível de
corrosão é baixo entre valores de
0,1 mA/cm2
a 0,5 mA/cm2
, e modera-
do até 1,0 mA/cm2
e, acima deste, ele-
vado. Com a medida da taxa de cor-
rosão pode ser acompanhada a evolu-
ção do processo corrosivo na arma-
dura e,assim,avaliado o desempenho
da estrutura ao longo dos anos.

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Techne 2011 177_inspeção rotineira de estruturas de concreto

  • 1. 58 Téchne 177 | dezembro de 2011 artigo Envie artigo para: techne@pini.com.br. O texto não deve ultrapassar o limite de 15 mil caracteres (com espaço). Fotos devem ser encaminhadas separadamente em JPG Inspeção rotineira de estruturas de concreto armado expostas a atmosferas agressivas Adriana de Araújo Mestre, Laboratório de Corrosão e Proteção do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) aaraujo@ipt.br Zehbour Panossian Doutora, Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT zep@ipt.br Ainspeção rotineira é uma atividade que tem como objetivo avaliar o estado de conservação de estruturas de concreto, fornecendo diretrizes para uma manutenção eficaz e de custo–be- nefícioadequado.Comambasaspráti- cas, podem ser cumpridas as funções para as quais a estrutura foi construída e, possivelmente, ser estendida a sua vida útil. Em geral, a inspeção rotineira li- mita-se à avaliação da integridade da estrutura e o seu estado frente a condi- ções específicas (ambiental e de utili- zação).Outrospropósitosdaavaliação seriam (ACI 364.1R, 2007): n viabilizar mudança de uso ou de as- pecto da estrutura; n viabilizar ampliação da estrutura ou sua adaptação às exigências de nor- malizações vigentes; n capacitar a estrutura para suportar carga adicional ou para resistir a danos estruturais(acidentesoumáutilização). A atividade de inspeção de es- truturas de concreto faz uso de dife- rentes técnicas, sendo a principal delas o exame visual detalhado da estrutura. Com base na intensidade e gravidade das manifestações pato- lógicas observadas neste exame, acrescido do conhecimento da agressividade ambiental e das ca- racterísticas e do uso das estruturas, outras técnicas são aplicadas. Segundo ACI 228.2R (1998), a aplicação de outras técnicas associa- da ao exame visual é importante de- vido a este se limitar à avaliação da superfície do concreto. Segundo Pear­son-Kirk (2008), essa associação é necessária para serem detectados prematuramente alguns processos de deterioração e, também, para ser ga- rantido um diagnóstico preciso das causas da deterioração. Usualmente,oexamevisualéasso- ciadoaensaiosqueverificamapresen- ça de agentes agressivos e alterações químicas no concreto e de detecção de anomalias não visíveis na sua superfí- cie, como a corrosão da armadura. Eventualmente, são realizados ensaios de determinação de propriedades físi- cas e mecânicas do concreto, de verifi- caçãodapresençadecorrentedeinter- ferência e da condutividade elétrica do concreto e de avaliação de revestimen- tos superficiais. O intervalo entre as inspeções ro- tineiras pode ser estabelecido no ma- nual de operação, uso e manutenção da edificação, após a primeira inspe- ção da estrutura (denominada inspe- ção cadastral) ou por entidades nor- malizadoras ou órgão público regio- nal. Segundo Nace RP0390 (2006), a frequência da inspeção depende da exposição ambiental e da presença de contaminantes, bem como da locali- zação geográfica, condições de uso e idade da estrutura. A frequência da inspeção também pode ser definida por normalização ou órgão local. Segundo CEB Model Code 90 (1993), o intervalo entre as inspeções rotineiras de estruturas de edificações de uso residencial e comercial é de dez anos e, para as de uso industrial, é de cinco e dez anos. No caso de pon- tes de ferrovias, autoestrada e rodo- vias, as inspeções devem ser realiza- das com intervalos de dois, quatro e seis anos, respectivamente. Segundo a ABNT NBR 9452 (1986), pontes e viadutos devem ser inspecionados em intervalo não supe- rior a um ano. No caso dessas estrutu- ras e outras excepcionais (de grande vulto, de alta complexidade ou com antecedentes), uma inspeção especial deve ser feita em prazo não superior a cinco anos.A norma DNIT 010 (2004) também cita o mesmo intervalo para inspeção especial e dois anos para a inspeção rotineira. Cita-se que a inspeção especial é aquela que é feita para avaliar com mais acuidade certas patologias ou para monitorar falhas ou danos estru- turais e, ainda, quando da ocorrência de eventos inesperados. Normalmen-
  • 2. 59 Principais anomalias e formas de identificação Anomalia Alteração típica visível na superfície do concreto Desenvolvimento típico Fotografia Concreto segregado: concentração heterogênea de componentes gerada pela distribuição não uniforme da parte de finos e pasta de cimento durante a concretagem. Zona de concentração de agregados e ou de vazios. Falhas de execução na fôrma, na especificação ou no projeto. Ocorre especialmente em região de juntas, quinas e base de peças e locais de acesso restrito ou de alta concentração de armadura. Concreto segregado em quinas de viga Concreto desagregado: perda da integridade do concreto por ataque químico, lixiviação, erosão, cavitação, atrito ou abrasão. Desgaste superficial com exposição de agregados (miúdos e/ou graúdos) ou fissuração aleatória com perda da coesão do concreto. Exposição constante à ação agressiva de soluções ou da água (pluvial, mar, lençol freático, industrial ou armazenada) ou do vento (com partículas em suspensão). Concreto desagregado (erosão) em dolfim Concreto desagregado: perda da integridade do concreto de cobrimento devido a forças internas ou externas. Fissuração ao longo da linha da armadura ou concreto lascado ou estufado. Ocorrência de choque, impacto, esmagamento ou reações internas expansivas (corrosão e reação álcali-agregado). Armadura exposta: armadura aparente na superfície ou em área com anomalias.A armadura pode estar íntegra ou corroída. Concreto desagregado, segregado, desagregado ou espessura de concreto de cobrimento inadequada. Ação de agentes agressivos, erosão, ataque químico externo, concreto poroso ou falha de projeto ou execução. Concreto desagregado e armadura exposta (com corrosão avançada) em viga te, esta inspeção faz uso de equipa- mentos que possibilitam melhor aces- so à estrutura do que ocorre em uma inspeção rotineira e, também, de ins- trumental de precisão adequados para investigação aprofundada. Os resultados obtidos nas inspe- ções devem ser apresentados em re- latório, além de informações e histó- rico da estrutura e informações do meio ambiente (condições climáti- cas, zonas de exposição, agentes quí- micos, águas agressivas etc.), dentre outras relevantes. É fundamental que no relatório conste um parecer técnico e recomendações de inter- venções necessárias para a conserva- ção da estrutura. Exame visual do concreto e de outras partes da edificação O objetivo principal do exame vi- sual é a inspeção de toda a superfície dos elementos de concreto da estrutu- ra e de outros componentes, como juntas,aparelhos de apoio,sistemas de drenagem, guarda-corpos, pavimen- tação e revestimentos. Durante o examevisual,sãoregistradas,quantifi- cadas, dimensionadas e localizadas as patologias e falhas observadas nos ele- mentos da estrutura. Sempre que pos- sível,a causa de seu desenvolvimento e evolução também deve ser identifica- da e,ainda,em alguns casos,feitos cro- quis representativos das condições dos elementos estruturais. Segundo CEB Bulletin no 243 (1998) e Nace SP 0390 (2009), são vários os fatores que re- querem atenção especial durante uma inspeção visual. Com bases nestes do- cumentos, citam-se: n alterações na coloração do concreto original, identificando a coloração da mancha, como exemplo: coloração avermelhada(queindicaacorrosãoda armadura) e esbranquiçada (que in- dica a carbonatação do concreto); n presença de fissuras, identificando sua abertura,configuração e causa pro- vável,como exemplo: fissuras resultan- tes de esforços estruturais e fissuras re- sultantes da corrosão da armadura; n deterioração da camada superficial do concreto, identificando profundi- Fotoscedidaspelosautores
  • 3. 60 Téchne 177 | dezembro de 2011 a r t igo Principais anomalias e formas de identificação Anomalia Alteração típica visível na superfície do concreto Desenvolvimento típico Fotografia Fissura: fratura provocada por tensões no concreto, tendo abertura, profundidade e configuração variável. Pode ser ativa ou passiva. Manchas de eflorescência, acúmulo de fuligem ou presença de produto de preenchimento (argamassa ou resina). Mudança de volume do concreto, esforços estruturais e reações químicas. Fissura (de retração) em laje de cobertura Deformação: desvio no formato original (projeto ou construído) da estrutura ou de determinado elemento estrutural. Desaprumo, flecha, embarrigamento, afunilamento, ruptura etc. Falha de projeto, execução ou excesso de carga. Em geral, ocorre por desenforma prematura ou posicionamento incorreto da fôrma, recalque, acidente ou outra solicitação extra ao dimensionado. Deformação (desaprumo) de pilar Porosidade superficial: bolhas de ar aprisionado durante a concretagem ou na consolidação do concreto. Pequenas cavidades distribuídas aleatoriamente na superfície do concreto. Em geral, tem dimensões menores do que 15 mm. Falhas de especificação, projeto ou execução. Porosidade superficial em viga Mancha de oxidação: precipitação e acúmulo de produtos de corrosão do aço na superfície do concreto. Coloração superficial do concreto alterada, tendo- se mancha vermelha a marrom acastanhada. Processo de corrosão estabelecido na armadura ou de outros elementos metálicos presentes na massa do concreto. Mancha de oxidação e de eflorescência em área de fissura dade afetada e causa provável, como exemplo: desplacamento por impacto e desgaste devido à erosão; n armadura exposta, identificando o seu estado, como exemplo: com ou sem corrosão, seção efetiva e presença de ruptura e descontinuidades; n presença e falhas nos revestimentos, empinturaseemimpermeabilizações; n alterações na configuração de ele- mentos da estrutura, como exemplo: flechas, rupturas localizadas e torções; n presença de umidade, acúmulo de água e infiltrações, indicando possí- veis causas e a existência na região de outras patologias, juntas, sistema de drenagem etc. O exame visual é mais preciso quando a superfície do concreto está limpa. Algumas vezes, também é ne- cessário remover o revestimento e ou a pintura de acabamento. Os equipamentos mais impor- tantes para a sua realização são os seguintes: n trena ou régua métrica para con- firmação das dimensões dos ele- mentos e determinação da exten- são das anomalias. Régua micro- métrica para determinação da abertura de fissuras; n lanterna e binóculo para o caso de restrição de acesso a determina- dos elementos; n câmera fotográfica digital com fil- Fotoscedidaspelosautores
  • 4. 61 madora para registro e para facilitar o exame de áreas de acesso restrito; n marcador industrial para identifica- ção dos elementos e, também, das re- giões selecionadas para realização dos ensaios complementares. A tabela apresenta a descrição ge- nérica das anomalias e falhas mais co- mumente encontradas nas estruturas de concreto armado e, sucintamente, as alterações típicas visíveis na superfí- Principais anomalias e formas de identificação Anomalia Alteração típica visível na superfície do concreto Desenvolvimento típico Fotografia Mancha de eflorescência (carbonatação): precipitação e acúmulo de sais na superfície do concreto. Coloração superficial do concreto alterada, tendo- se manchas esbranquiçadas e protuberâncias devido ao acúmulo de sais. Reações do dióxido de carbono com compostos do cimento por penetração externa. Em concreto carbonatado ou com lixiviação. Mancha de oxidação e de eflorescência em área de fissura Mancha de lixiviação: arraste e acúmulo de componentes do concreto na superfície do concreto por infiltração de água. Presença de agregados miúdos e de compostos da pasta de cimento na superfície do concreto. Em geral, a mancha está associada a eflorescências e ao concreto desagregado. Infiltração da água ou solução no concreto. Em geral, ocorre em área de fissuração em lajes, em juntas ou uniões de peças. Mancha de lixiviação em fissura em laje Mancha de umidade. Coloração superficial do concreto alterada. Em geral, a mancha está associada ao escorrimento, eflorescência ou à fissuração. Percolação, infiltração, escorrimento ou condensação de água. Em geral, ocorre em área de fissuração, nas juntas, no sistema de drenagem e, nas fachadas (em locais de percolação da água pluvial). Mancha de umidade e de escorrimento (com acúmulo de fuligem) e concreto desagregado (erosão) devido à falha de drenagem em viga Mancha de escorrimento. Coloração superficial do concreto alterada, com ou sem depósito de fuligem ou limo. Em geral, a mancha está associada à umidade. Falha na especificação, projeto, execução, manutenção e/ou utilização. Falha de drenagem: presença de alterações e anomalias na rede de drenagem e região. Manchas de umidade, escorrimento, eflorescência, lixiviação, dentre outras anomalias. cie do concreto para cada uma delas e, ainda, as prováveis causas de seu esta- belecimento e desenvolvimento. Essa tabela foi elaborada conforme expe­ riência dos autores (Araujo; Panos- sian, 2010) e a consulta ao manual Sa- besp (2010) e ACI 201.1R (2008). A tabela pode ser ampliada ou apresentada de forma diferenciada conforme característica e estado de conservação da estrutura e condições de exposição. Essas informações podem ser obtidas em uma inspeção preliminar da estrutura. Como exem- plo de alterações na tabela, cita-se a inclusão de uma sigla para cada uma das anomalias e falhas, o que facilita o seu registro em planilhas e em croquis. Citam-se, também, a inclusão da loca- lização das anomalias (no apoio, ao centro, em junta etc.) e sua profundi- dade ou intensidade (baixa, média e alta) e, ainda, a divisão de algumas delas por tipo e configuração.
  • 5. 62 Téchne 177 | dezembro de 2011 a r t igo Presença de anomalias e análise da área interna do concreto Usualmente, durante o exame vi- sual é investigada a presença de ano- malias internas na massa do concreto. Isso é feito percutindo-se o elemento e observando-se o som produzido. Isso Principais anomalias e formas de identificação Anomalia Alteração típica visível na superfície do concreto Desenvolvimento típico Fotografia Falha na junta: presença de alterações no material isolante e anomalias na adjacência. Ressecamento, obstrução, distorção e outras falhas no material de vedação. Manchas de umidade, eflorescência, lixiviação, fissuração e outras anomalias na região. Falha na especificação, projeto, execução, manutenção ou utilização (cargas e movimentações não previstas). Manchas de umidade em laje devido à falha na junta de dilatação Falha no reparo: presença de alterações no material de reparo e anomalias na adjacência. Fissuras, manchas e concreto desagregado e segregado no material de reparo ou no concreto da região de sua localização. Fissuração em área de reparo em estaca Falha no apoio: presença de alterações no material do aparelho de apoio e anomalias na adjacência. Deformação, obstrução deslocamento, corrosão, fissuração, corrosão ou esmagamento do aparelho de apoio. Concreto desagregado, fissuração e outras anomalias na região. Falha de apoio devido à fissuração do material (neoprene) Falha de proteção superficial: presença de defeitos na proteção. Desplacamento, bolhas, fissuras, enrugamento e manchas na pintura. Perda da eficiência da proteção, falha de aplicação ou no projeto, tipo de proteção inadequado. Decorrente de falhas de projeto ou de anomalias no concreto. Desplacamento e enrugamento da pintura é possível pela diferenciação entre o som característico de concreto íntegro e o som de concreto com áreas de va- zios, conhecido como “som cavo”. Em geral, os vazios são devidos à segrega- ção, fissuração ou delaminação da massa interna do concreto. Uma forma rudimentar, mas eficiente de fazer essa investigação, é bater um martelo ou talhadeira ao longo da su- perfície do concreto. Explica-se que a delaminação re- presenta o estágio inicial de corro- são, em que os esforços internos ge- Fotoscedidaspelosautores
  • 6. 63 rados pelo acúmulo de produtos (volumosos) de corrosão limitam-se a provocar a fratura local do concre- to perimetral à armadura. Com isso, são criadas zonas de vazios no con- creto da região. Sendo identificado “som cavo”, re- comenda-se uma inspeção mais deta- lhadadoelementoemanáliseeseumo- nitoramento periódico. Dentre os pos- síveis ensaios adicionais que podem ser feitos no elemento, citam-se a medição dopotencialeletroquímicodecorrosão eaanálisevisualdaarmaduraedocon- creto da região, o que é feito por sua fratura em área localizada. Frentes de penetração de agentes agressivos no concreto Conforme descrito anteriormen- te, a deterioração de uma estrutura pode estar relacionada a diferentes agentes.No caso da corrosão de arma- duras, o seu estabelecimento é nota- damente atribuído à ação de dióxido de carbono (gás presente na atmosfe- ra) ou de íons cloreto (presente na at- mosfera na forma de partículas sóli- das ou de névoa). Usualmente, a pe- netração de dióxido de carbono (de- nominada frente de carbonatação) é determinada em campo e, a dos íons cloreto, em laboratório. O ensaio de carbonatação consiste na visualização da alteração do pH do concreto de cobrimento,o que é possí- vel pela aspersão de um indicador de pH. Usualmente, utiliza-se uma solu- ção de fenolftaleína (1 g da fenolftaleí- na em 50 ml de álcool etílico e diluição desta mistura em água destilada até completar 100 ml). Para o ensaio, o concreto de cobrimento é fraturado e, após a limpeza da área,feita a aspersão da solução.Na oportunidade,pode ser também verificado o estado e o diâ- metro efetivo da armadura e determi- nada a espessura efetiva do concreto de cobrimento. A norma DIN EN 14630 (2007) recomenda a aspersão da solução de fenolftaleína perpendicularmente à área fraturada, até que o concreto es- teja saturado (o escorrimento da so- lução na superfície deve ser evitado). A frente de carbonatação é o valor médio da espessura da camada inco- lor. Quanto da obtenção de valores significativamente maior dos demais o mesmo não deve ser incluído no cálculo do valor médio, embora deva ser informado. Andrade (1992) cita que, com o uso de fenolftaleína, é detectada a região carbonatada do concreto que é aquela que não apresenta alteração de coloração, tendo pH inferior a 8,3. A região não carbonatada assume cor entre rosa a vermelho-carmim, de pH entre 8,3 e 9,5, ou somente vermelho carmim, de pH superior a 9,5. Sabendo-se que o aço carbono pode despassivar-se em pH por volta de11,5(NaceRP0187,2008),hápossi- bilidade que na região de coloração vermelho-carmim o aço esteja despas- sivadooucomcorrosãojáestabelecida (Nace SP0308,2008).Portanto,embo- ra o ensaio de carbonatação com solu- ção de fenolftaleína seja adequado para investigar a corrosão, recomen- da-se que os seus resultados sejam analisados em conjunto com outros ensaios, especialmente exame visual da armadura. Quanto ao ensaio de íons cloreto, este consiste da determinação do seu teor em amostras de material pulveru- lento extraído em diferentes profundi- dades de concreto ou somente na região daarmadura.Comisso,podeserinvesti- gadaapossibilidadedeocorrercorrosão naarmaduraeasuaintensidade(altaou baixa),poisquantomaioroperfildepe- netração de cloreto no concreto, mais rapidamente será despassivada a armadurae,quantomaioroteordeíons na região da armadura, maior poderá serataxadecorrosão. A NBR 12655 (2006) estabelece o valor de 0,15% (em relação à massa do cimento) para o teor máximo de íons cloreto (totais) para concreto armado exposto a ambiente com cloretos. No entanto, nota-se que na prática o pro- cesso de corrosão por íons cloreto pode ocorrer em valores inferiores a este limite, o que se deve à ação de di- ferentes variáveis. Pesquisas mostram que a corrosão pelo ataque por cloretos é dependente tantodasuaconcentraçãonaregiãoda armadura como da sua relação com os íons hidroxila (OH- ) (ACI 222R, 2010). Quanto maior a concentração de íons hidroxila no meio, maior é a concentração de íons cloreto livre ne- cessária para o estabelecimento da corrosão. Com isso, é recomendado que os resultados de teor de íons clore- to sejam analisados em conjunto com os obtidos em outros ensaios. Usualmente o teor de íons cloreto totais (livre + combinado) é obtido conforme procedimento de ensaio da ASTM C 1152 (2004) e o teor de íons cloreto livre de acordo com a ASTM C 1218 (2008), ambos podendo ser ex- presso em relação à massa de cimento ou do concreto. Em geral, para obtenção do perfil de penetração são analisadas amostras de diferentes profundidades do con- creto de cobrimento da armadura, cada uma delas com a coleta aproxi- madamente de 10 g de material pulve- rulento. Segundo Moreira e colaboradores (2002), essa quantidade deve ser obti- da com a mistura da coleta de material em pelo menos cinco furos, todos em uma mesma profundidade. Além disso, estes autores citam que baixos teores de cloreto total podem ser obti- dos na camada superficial do concreto (até 10 mm de profundidade) o que é devido à sua lixiviação e arraste pela água pluvial. Corrosão da armadura Um estado ativo de corrosão da armadura pode ser constatado pela simples presença de certas anoma- lias no concreto e pelo exame direto do estado da armadura, o que é feito com sua exposição em trecho de concreto recém-fraturado. A arma- dura está despassivada quando da visualização da perda da coloração característica de sua passivação no meio (acinzentada) para outras co- lorações (preta, marrom ou averme- lhada). No caso de corrosão avança- da, é possível visualizar o acúmulo de produtos de corrosão e a delami- nação do concreto. Além desses procedimentos, a cor- rosão pode ser investigada pela reali-
  • 7. 64 Téchne 177 | dezembro de 2011 a r t igo Leia mais Guide for Conducting aVisual Inspection of Concrete in Service. American Concrete Institute.ACI 201.1R: Michigan, 2008. ACI 222R: Protection of Metals in Concrete Against Corrosion. Michigan, 2010. ACI 228.2R: Nondestructive test Methods for Evaluation of Concrete in Structures. Michigan, 2004. ACI 364.1R: Guide for Evaluation of Concrete Structures Before Rehabilitation. Michigan, 2007. ASTM C 876: Standard Method for Half-cell Potentials of Uncoated Reinforcing Steel in Concrete. American Society forTesting & Materials. Philadelphia, 2009. ASTM C 1152: Standard Method for Acid-soluble in Mortar and Concrete.Annual Book ofASTM Standards. Philadelphia, 2004. ASTM C 1218: Standard Method for Water-soluble in Mortar and Concrete.Annual Book ofASTM Standards. Philadelphia, 2008. Manual para Diagnóstico de Obras Deterioradas por Corrosão de Armaduras. C.Andrade. São Paulo: PINI, 1992. Test Methods for on-site Corrosion Rate Measurement of Steel Reinforcement in Concrete in ConcretebymeansofthePolarization Resistance Method. C.Andrade et al. Materiaux and Structures Materiaux et Constructions, v.37, nov., 2004. Durabilidade de Estruturas de Concreto em Ambiente Marinho: Estudo de Caso In: 30th Brazilian Corrosion Congress; 3th International Corrosion Meeting – Intercorr. Anais... Fortaleza, 2010. Adriana deAraújo; Zehbour Panossian. NBR 9452:Vistorias de Pontes e Viadutos de Concreto. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Rio de Janeiro, 1986. NBR 12.655: Concreto de Cimento Portland – Preparo, Controle e Recebimento. Rio de Janeiro, 2006. CEP-FIB Model Code 90. Comite Euro- Internacional du Béton. London:Thomas Telford, 1993. CEB Bulletin no 243: Strategies for Testing andAssessment of Concrete StructuresAffected by Reinforcement Corrosion. London, 1998. DNIT 010 – Inspeções em Pontes e Viadutos de Concreto Armado e Protendido. Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes. Rio de Janeiro, 2004. DIN EN 14630 – Products and Systems for the Protection and Repair of Concrete, Structures –Test Methods – Determination of Carbonation Depth in Hardened Concrete by the Phenolphthalein Method. Deutsches Institut fur Normung. Berlin, 2007. Avaliação de Método de Extração de Material Pulverizado para Dosagem de Cloreto em Concreto Endurecido. B.P. e Moreira et al. In: 44o Congresso Brasileiro do Concreto – Ibracon.Anais... Belo Horizonte, 2002. Nace RP0187 – Design Considerations for Corrosion Control of Reinforcing Steel in Concrete. Houston, 2008. Nace International. Nace RP0390 – Maintenance and Rehabilitation Considerations for Corrosion Control of Atmospherically Exposed Existing Steel-Reinforced Concrete Structures. Houston, 2009. Nace SP0308 – Inspection Methods for Corrosion Evaluation of Conventionally Reinforced Concrete Structures. Houston, 2008. The Benefits of Bridge Condition Monitoring. Pearson-Kirk. Brigbe Engeneering 161 Issue BE3, 2008. Manual de Procedimento para Classificação das Estruturas. Sabesp. Maubertec, 2010. zação de medidas eletroquímicas, sendo a medição do potencial de cor- rosãoamaisusual.Estamedidaindica, aproximadamente, a condição de um estado ativo de corrosão ou passivação da armadura. Há aproximadamente 90% de probabilidade de estado ativo de corrosão quando o valor de poten- cial obtido é mais negativo do que -350 mV (em relação ao eletrodo de cobre/sulfato de cobre,ECSC) (ASTM C 876, 2009). O potencial de corrosão pode ser determinado com uso de um eletro- do de referência e um voltímetro de alta impedância. A medida consiste na determinação da diferença de po- tencial elétrico entre a barra de aço e o eletrodo de referência que se colo- ca em contato com a superfície do concreto. Em campo, é mais adequa- do o uso de equipamentos específi- cos que também determinam resisti- vidade elétrica do concreto e/ou taxa de corrosão. Como o estabelecimento e a evo- lução da corrosão são dependentes da resistividade elétrica do meio (além do acesso de oxigênio à armadura), o seu conhecimento pode ser impor- tante para a avaliação do risco de cor- rosão em estruturas de concreto. Este risco existe quando o concreto apre- senta baixa resistividade (valores me- nores de que 10 Ω.cm), em que há facilidade de fluxo de íons por meio da solução aquosa presente nos poros do concreto. A taxa de corrosão é a medida ele- troquímica que indica a velocidade de corrosão.SegundoAndrade e cola- boradores (2004), quando a taxa de corrosão obtida é ≤ 0,1 mA/cm2 , o nível de corrosão é desprezível, ou seja, considera-se que a armadura está em estado passivo. Valores supe- riores a este indicam um estado ativo de corrosão, sendo que, o nível de corrosão é baixo entre valores de 0,1 mA/cm2 a 0,5 mA/cm2 , e modera- do até 1,0 mA/cm2 e, acima deste, ele- vado. Com a medida da taxa de cor- rosão pode ser acompanhada a evolu- ção do processo corrosivo na arma- dura e,assim,avaliado o desempenho da estrutura ao longo dos anos.