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de 15 mil caracteres (com espaço).
Fotos devem ser encaminhadas
separadamente em JPG
Aproteção catódica tem como objeti-
vo o controle da corrosão de metais
ou da prevenção de sua ocorrência pre-
matura. Em estruturas metálicas ou de
concreto a proteção catódica é conside-
radaaúnicatécnicaquepodegarantire/
ou estender a sua vida útil. Embora seja
adequada para estruturas de concreto
expostas a condições ambientais adver-
sas, a técnica vem sendo especialmente
aplicada em estruturas atmosféricas ex-
postasaoataquedeíonscloreto.
O ataque por íons cloreto e a corrosão
do aço carbono
O ataque por íons cloretos é consi-
derado uma das causas principais da
corrosão das armaduras; no Brasil a
sua ocorrência está relacionada, essen-
cialmente, à exposição das estruturas
ao ambiente marinho, enquanto no
exterior, tem-se, ainda, a exposição ao
sal de degelo.
A característica do ambiente mari-
nho é a exposição das estruturas à
névoasalinapresentenasuaatmosfera.
Adicionalmente, tem-se a exposição à
variação de maré, as ondas do mar e
seus respingos, o que ocorre em estru-
turasoffshore(nomar),comopontese
píeres.ANBR6118(ABNT,2003)clas-
sifica o ambiente marinho como de
forte agressividade,sendo que,na con-
dição de exposição aos respingos, a
agressividade passa a ser muito forte, o
que representa um risco elevado de de-
terioração das estruturas.
Embora os íons cloreto não alterem
significativamente o pH da água de
poros, estes interagem com o filme pas-
sivantedoaço,danificando-olocalmen-
teeexpondooaçoaomeio(Nace01102,
Proteção catódica de estruturas
de concreto em ambiente marinho
Adriana de Araújo
Mestre, Laboratório de Corrosão e
Proteção do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) aaraujo@ipt.br
Zehbour Panossian
Doutora, Laboratório de Corrosão e
Proteção do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas) zep@ipt.br
2003).Emconsequência,háaformação,
ou seja,nucleação,de pequenas crateras
(pites) no aço, as quais caracterizam o
início de sua corrosão. Esses pites au-
mentam em número e tamanho e aca-
bamgeneralizandoacorrosão.
Na prática,o trecho mais externo da
armaduraéoprimeiroasofrercorrosão.
Nesse caso, estabelece-se uma macrocé-
luladecorrosão.Issopodeserobservado
na figura 1, que apresenta as principais
reações, considerando o aço carbono
embutido em concreto com pH elevado
(meio alcalino), que é a condição mais
provável quando do ataque por cloretos
emestruturasmarinhas.
A proteção das estruturas de concreto
no Brasil
No Brasil, não é usual a aplicação
da técnica de proteção catódica em
ambiente agressivo, no entanto, tem-
se como grande obra de referência o
Cristo Redentor, na cidade do Rio de
Janeiro.Normalmente,no País,é usual
a adoção em obras novas de critérios
rígidos de projeto (como maior espes-
sura de cobrimento e um concreto de
melhor qualidade) e,no caso de estru-
turas deterioradas, técnicas tradicio-
nais de recuperação. No entanto, tais
práticas nem sempre são a garantia da
vida útil requerida, sendo questioná-
vel a sua eficiência em ambientes de
severa agressividade, comum em am-
biente marinho.
Nesse ambiente e outros em que há
preocupação constante com a corro-
são, a estratégia mais adequada seria
adotar, além dos critérios descritos,
técnicas adicionais de proteção contra
a corrosão, como a proteção catódica.
EssavisãovaiaoencontrodaNBR6118
(ABNT, 2003) que recomenda a ado-
ção de medidas de proteção e de con-
servação das estruturas em condições
adversas de exposição.
A técnica de proteção catódica
O princípio da técnica é a redução
do potencial da interface aço/concreto
para valores mais negativos do que seu
potencial natural de corrosão (Ecorr).
Isso é feito pela imposição de uma cor-
rente contínua que pode ser fornecida
por uma fonte externa de alimentação
(proteção por corrente impressa), ou
por um metal de potencial mais negati-
vo (proteção por ânodo de sacrifício).
Classicamente, a proteção catódica
leva o potencial do aço ao domínio de
sua imunidade. Em estruturas de con-
creto, este conceito pode ser aplicado
somente para aquelas em condição
submersa. Em estruturas atmosféricas,
o conceito é diferenciado, sendo este
bastante dependente do estado da ar-
madura (estado ativo ou estado passi-
vo). Para entender tal fato considere o
diagrama de Pourbaix,figura 2.
Para o pH usual de um concreto ín-
tegro (em torno de 13), o aço mantém-
artigo_catodica.indd 70 4/11/2010 14:55:43
71
se no estado passivo, o que é devido à
comentadapresençadofilmepassivante
que é composto de Fe3O4 e/ou Fe2O3
(identificadosnafigura2).Noentanto,o
estado de imunidade do aço à corrosão
sóégarantidoquandoopotencialdain-
terface aço/concreto é levado a valores
abaixo do seu potencial de equilíbrio
(pontoverdenafigura2).Talestadoestá
abaixo do equilíbrio do hidrogênio
(pontovermelhoinferiornafigura2).
Nessa condição (potencial em
torno de -0,9 VEH, na figura 2), há o fa-
vorecimentodareduçãodohidrogênio
(2H+
+ 2e-
→ H2),além da do oxigênio
(O2 + 2H2O + 4e-
→ 4OH-
) que ocorre
em potenciais característicos do aço
carbono embutido no concreto (Ecorr
na figura 2).Essas reações determinam
a evolução do gás hidrogênio e a gera-
ção de íons hidroxila que aumentam a
alcalinidade do concreto.
Ao longo do tempo da aplicação de
potenciais muito negativos, há um ex-
pressivo aumento da comentada alcali-
nidade,oquepoderesultarnadegrada-
ção do concreto, caso este contenha
agregados reativos. Além disso, é espe-
rado um aumento do avanço da evolu-
ção do gás hidrogênio, o que pode pre-
judicar a aderência aço/concreto e cau-
sar trincamento dos aços de alta resis-
tência usados em concreto protendido.
Não sendo ideal a aplicação de po-
tenciais muito negativos,o conceito que
se aplica em estruturas atmosféricas,di-
fere-sedatécnicaproteçãocatódicaclás-
sica. O conceito que se aplica pode ser
entendidopormeiodacompreensãodo
mecanismo da ocorrência da comenta-
da corrosão por pite. Isto porque, na
proteção catódica, o controle da corro-
são é feito pela repassivação do pite ou
peladiminuiçãodasuaevolução.
Cita-se que a corrosão por pite
ocorre em potenciais característicos,
denominadosdepotenciaisdepite(Ep),
enquanto a repassivação do pite ocorre
Cátodo
O2 + 2H2O + 4e- 4OH-
OH-
OH-
OH-
Cl-
Cl-
Cl-
H+
H+
Ânodo
3Fe + 4H2O Fe3O4 + 8H++ 8e-
2Fe3O4 + H2O 3Fe2O3 + 2H++ 2e-
e-
e-
e-
e-
Barra mais
interna
Barra mais externa
O2
O2
O2 + 2H2O + 4e- 4OH-
Ecorr
Potencial(mVeletrododehidrogênio)
Fe3O4+ 8H++ 8e- 3Fe2 + 4H2O
HFeO2
-
1.600
1.200
800
400
0
-400
-800
-1.200
-1.600
0 2 4 6 8
pH
10 12 14
2H + 2e H2
a
b
Fe2+
Fe2+ 2e- Fe
Fe3O4
Fe2O3
Fe
Domínio da imunidade
Zona D – Risco de perda de aderência concreto/armadura
Eprot
Ep
Zona A – Pites podem começar a se propagar
Zona C – Pites não podem se iniciar nem propagar
Zona D – Risco de danificação por hidrogênio
Zona B – Pites não podem se iniciar, mas
os pites já existentes podem se propagar
141
-59
-259
-459
-659
-859
-1059
-1259
0 0,5 1,0 1,5 2,0
Potencial(mVEcsc)
Teor de cloretos (% massa de cimento)
por aplicação de potenciais mais nega-
tivos,denominados de proteção de pite
(Eprot). Ambos são dependentes de vá-
rios fatores,como o teor de cloretos e o
pHdoconcretonaregiãodaarmadura.
Quanto maior o teor de cloretos, ou
quantomenoropH,maisnegativossão
os valores dos potenciais Ep e Eprot.
A influência do teor de cloretos em
concreto com pH elevado pode ser ob-
servada na figura 3 elaborada por Pe-
deferri (1996).Nessa,são apresentados
limites(divisãoemzonas)quesãouma
referência de valores de potencial de
Figura 1 – Representação da corrosão
no concreto por ataque de íons cloreto
Figura 2 – Diagrama de Pourbaix para o equilíbrio potencial/pH do aço
carbono em água (25o
C, 1Atm)
Figura 3 – Potencial de pite e de proteção em função do teor de cloreto no concreto
alcalino
72 Téchne 164 | novembro de 2010
a r t i go
proteção a serem aplicados, sem ocor-
rer danos à estrutura. Com base nessa
figura pode-se concluir que:
n estruturas novas ou contaminadas
por cloretos, mas sem corrosão: o con-
cretoestáalcalinoeaarmadurapassiva,
sem pites.Nessas condições,a proteção
catódica tem por objetivo manter o po-
tencial abaixo do potencial Ep (zona B
da figura 3). Desse modo, quando a
contaminação do cloreto atingir níveis
críticos, o metal permanecerá passivo
semnucleaçãodepites.Oobjetivoneste
caso é de prevenção da corrosão;
n estrutura com corrosão induzida
por cloretos: o concreto está alcalino e
a armadura despassivada, com pites.
Nessas condições, a proteção tem por
objetivo abaixar o potencial para valo-
res inferiores ao do potencial Eprot.
Assim,os pites formados serão repassi-
vadosenãohaveráformaçãodeoutros.
Em concreto protendido, a armadura
deve ser mantida na zona C da figura 3.
Em concreto armado,o potencial pode
ser mantido nas zonas C e D.Para a di-
minuiçãodataxadecorrosão,aplicam-
se valores para manter a armadura na
parte inferior da zona B.
Na prática, não é necessário o co-
nhecimentodeEp eEprot paraaaplicação
de proteção catódica. Existem critérios
empíricos largamente aceitos, dentre os
quais cita-se o critério de aplicação de
uma corrente de proteção suficiente
para abaixar o potencial real natural da
interface aço/concreto em 100 mV. Esse
valor é válido para estruturas atmosféri-
casemqueháindíciosdecorrosão.
Afigura4elaboradaporRaupache
Bruns (2002) ilustra a aplicação desse
critério, que consiste da aplicação de
uma corrente de proteção em que a ar-
madura assume um valor de potencial
mais negativo, denominado Potencial
on. Com a posterior desativação desta
corrente, temporária, há uma queda
brusca do potencial (IR) que é atribuí-
do à interferência da resistência do
meio (queda ôhmica) no potencial. O
valor do potencial após essa queda é
denominado Potencial off. Em segui-
da, o potencial tende a assumir, assin-
tomaticamente, um valor constante,
denominado Potencial de Corrosão
Natural Final. A diferença entre este
valor e o Potencial off deve ser maior
que 100 mV. Caso isso não ocorra,
maiores valores de corrente devem ser
impostos até a sua obtenção.
Técnica de proteção catódica por
corrente impressa
Na técnica de proteção catódica
por corrente impressa, a corrente de
proteção é fornecida por imposição de
tensõeselétricasgeradasporumafonte
externa de alimentação. Para tanto,
normalmente, é usado um retificador,
sendo o seu polo positivo conectado a
um ânodo e, seu polo negativo, conec-
tado à armadura.O ânodo é um mate-
rial condutivo que tem a função de
distribuir a corrente na estrutura.
Segundo a Nace RP0290 (2007), os
ânodos mais adequados são: revesti-
mento cimentício condutor, pintura
condutora, revestimento metalizado e
outros materiais condutivos na forma
de malhas, fitas de malhas, fios e son-
das. Dentre esses, destacam-se a malha
e a pintura condutiva como sendo os
mais tradicionais no exterior.A malha,
normalmente de titânio revestido com
óxidos de metais nobres, é fixada na
superfície das peças e recoberta com
argamassa cimentícia de baixa resisti-
vidade elétrica. A pintura condutiva,
normalmente uma tinta orgânica per-
meável com adição de partículas de
carbono, é aplicada diretamente sobre
a superfície do concreto.
Na figura 5, constam as principais
reações que podem ocorrer noânodoe
no cátodo (armadura), quando da
aplicação da corrente impressa. Se o
ânodo não participa das reações
(ânodo inerte), como titânio e platina,
a única reação que ocorre é a oxidação
da água. Se o ânodo participa das rea-
ções (ânodo consumível), como o
zinco, a única reação que ocorre é a de
sua oxidação (Zn + 2H2O → Zn(OH)2
+ 2H+
+ 2e-
). Quanto ao cátodo, neste
ocorre a redução do oxigênio e, caso o
aço seja levado ao domínio da imuni-
dade, ocorre também a sua redução
(Fe3O4 + 8H+
+ 8e-
→ 3Fe + 4H2O) e a
do hidrogênio.
Potencial (mV)
Potencial on
CP on CP off
24 h
IR
Potencial
de corrosão
natural final
Potencial off
Tempo
Ecorr
>100mV
Fe2O3 e H+ Fe3O4 e H2O
Redução de óxido férrico
H+ H2
Evolução de hidrogênio
Fonte de
alimentação
O2 e H2O OH-
Redução de oxigênio
H2O e H+
Evolução de oxigênio
OH+ Cl-
CO3
2- SO3
2-
Ca2+ Na2+
K+ ZN2+ H+
Zn Zn (OH)2
Zn [Zn (OH)4]2-
Oxidação de zinco
e-e-
i i
Ânodo
Cátodo
Figura 4 – Curva típica de decaimento
de potencial após o desligamento da
corrente de proteção
Figura 5 – Representação esquemática da técnica de proteção por corrente impressa
artigo_catodica.indd 72 4/11/2010 14:55:46
73
LEIA MAIS
ACI 222.3R – Design and
Construction Practices to Mitigate
Corrosion of Reinforcement in
Concrete Structures.ACI (American
Concrete Institute), 2003.
EN 12696 – Cathodic Protection
of Steel in Concrete. European
Standard, 2000.
Nace 01105 – Sacrificial Cathodic
Protection of Reinforcing
Elements – A state-of-the-art
report. Nace (NationalAssociation of
Corrosion Engineers), 2005.
Nace 01102 – Impressed Current
Cathodic Protection of
Reinforcing Steel in
Atmospherically Exposed
Concrete Structures. Nace, 2002.
Nace RP0209 – A State-of-the-art
Report – Criteria for cathodic
protection of prestressed
concrete structures. Nace, 2007.
NBR 6118 – Projetos de Estruturas
de Concreto – Procedimentos.
ABNT (Associação Brasileira de
NormasTécnicas), 2003.
Cathodic Protection and Cathodic
Prevention. P. Pedeferri.
Construction and Building Materials,
v.10, n.5, 1996.
Effectiveness of a zinc-hydrogel
anode for sacrificial cathodic
protection of reinforced concrete
structures. M. Raupach; M. Bruns.
Ministry of Science andTechnology,
2002 (15th International Corrosion
Congress).
Técnica de proteção catódica por
ânodo de sacrifício (proteção
galvânica)
Na técnica de proteção catódica
por ânodo de sacrifício, a corrente elé-
trica é resultado da diferença natural
de potencial entre dois metais distin-
tos, sendo um deles o aço carbono da
armadura (cátodo) e, o outro, um
metalmenosnobre(ânodo).Dentreos
metais mais adotados como ânodo ci-
tam-se zinco, alumínio ou magnésio e
ligas metálicas desses metais (ACI
222.3R,2003).
Além da diferença de potencial, a
técnica exige que o meio apresente
uma condutividade elétrica constan-
te, para que as reações entre ânodo e
catodo sempre ocorram. No concre-
to, normalmente tais condições só
são verificadas quando este está ex-
Concreto original
Contato
elétrico com
armadura
Material
de reparo
Malha
de zinco
Chapa
de fibra
posto a uma umidificação periódica.
Caso isso não ocorra, a resistividade
será variável, podendo, em períodos
de sua elevação, haver uma queda da
corrente. Isso pode comprometer a
proteção da armadura.
No Brasil, em estruturas deteriora-
das, cita-se o uso de um sistema com-
posto de uma pastilha de zinco puro
envolvidaporumaargamassaconduti-
va. No exterior, além desse sistema,
destaca-se o composto por uma malha
de zinco fixada a uma placa de vidro.A
figura 6 ilustra esse sistema, denomi-
nadojaqueta.Esseéusualnarecompo-
siçãodeestacas,sendoamalhadezinco
(ânodo) conectada a sua armadura.
Quando da aplicação do material ci-
mentício de reparo, a placa de vidro é
utilizada como fôrma de concretagem.
Quanto a estruturas novas (arma-
duras passivadas), destaca-se como
sistema de proteção, a aplicação de
uma fina folha de zinco laminado na
superfície do concreto, conforme
ilustra a figura 7. Em um dos lados da
folha há um adesivo hidrofílico que é
um promotor de retenção de umida-
de no concreto junto a sua interface
com o ânodo. Esse adesivo ainda tem
a função de ser um sumidouro dos
íons de zinco, retardando a precipita-
ção de óxidos insolúveis da sua oxida-
ção (Zn + 2H2O → Zn(OH)2 + 2H+
+
2e-
), os quais podem aumentar a re-
sistividade elétrica do concreto. Se-
gundo a publicação Nace 01105
(2005), há muitos casos bem-sucedi-
dos de instalações desse sistema, po-
dendo ser aplicado em estações de
tratamento, torres de resfriamento,
além de estruturas marinhas.
Outro sistema, tanto para estrutu-
ras novas como deterioradas,é a meta-
lizaçãodasuperfíciedoconcreto,oque
é feito pela aspersão de uma fina cama-
da de zinco puro ou de sua liga com
alumínio e índio.Conforme a publica-
ção Nace 01105 (2005), em alguns
casos, também é adotado um promo-
tor de retenção de umidade, como o
hidrofílico citado.
Agradecimento
André Guilherme Barrios Vieira
(elaboração dos desenhos).
Figura 6 – Representação da técnica de
proteção galvânica por jaqueta
Figura 7 – Representação da técnica de
proteção galvânica por revestimento
zinco-hidrogel
Chapa de zinco
Zn2+
4OH-
4e-
4e-
O2 + H2O
Contato
elétrico
Concreto
hidrogel (sumidouro de Zn2+
)

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Techne 2010 164_proteçao catodica das estruturas em ambiente marinho

  • 1. 70 Téchne 164 | novembro de 2010 artigo Envie artigo para: techne@pini.com.br. O texto não deve ultrapassar o limite de 15 mil caracteres (com espaço). Fotos devem ser encaminhadas separadamente em JPG Aproteção catódica tem como objeti- vo o controle da corrosão de metais ou da prevenção de sua ocorrência pre- matura. Em estruturas metálicas ou de concreto a proteção catódica é conside- radaaúnicatécnicaquepodegarantire/ ou estender a sua vida útil. Embora seja adequada para estruturas de concreto expostas a condições ambientais adver- sas, a técnica vem sendo especialmente aplicada em estruturas atmosféricas ex- postasaoataquedeíonscloreto. O ataque por íons cloreto e a corrosão do aço carbono O ataque por íons cloretos é consi- derado uma das causas principais da corrosão das armaduras; no Brasil a sua ocorrência está relacionada, essen- cialmente, à exposição das estruturas ao ambiente marinho, enquanto no exterior, tem-se, ainda, a exposição ao sal de degelo. A característica do ambiente mari- nho é a exposição das estruturas à névoasalinapresentenasuaatmosfera. Adicionalmente, tem-se a exposição à variação de maré, as ondas do mar e seus respingos, o que ocorre em estru- turasoffshore(nomar),comopontese píeres.ANBR6118(ABNT,2003)clas- sifica o ambiente marinho como de forte agressividade,sendo que,na con- dição de exposição aos respingos, a agressividade passa a ser muito forte, o que representa um risco elevado de de- terioração das estruturas. Embora os íons cloreto não alterem significativamente o pH da água de poros, estes interagem com o filme pas- sivantedoaço,danificando-olocalmen- teeexpondooaçoaomeio(Nace01102, Proteção catódica de estruturas de concreto em ambiente marinho Adriana de Araújo Mestre, Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) aaraujo@ipt.br Zehbour Panossian Doutora, Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) zep@ipt.br 2003).Emconsequência,háaformação, ou seja,nucleação,de pequenas crateras (pites) no aço, as quais caracterizam o início de sua corrosão. Esses pites au- mentam em número e tamanho e aca- bamgeneralizandoacorrosão. Na prática,o trecho mais externo da armaduraéoprimeiroasofrercorrosão. Nesse caso, estabelece-se uma macrocé- luladecorrosão.Issopodeserobservado na figura 1, que apresenta as principais reações, considerando o aço carbono embutido em concreto com pH elevado (meio alcalino), que é a condição mais provável quando do ataque por cloretos emestruturasmarinhas. A proteção das estruturas de concreto no Brasil No Brasil, não é usual a aplicação da técnica de proteção catódica em ambiente agressivo, no entanto, tem- se como grande obra de referência o Cristo Redentor, na cidade do Rio de Janeiro.Normalmente,no País,é usual a adoção em obras novas de critérios rígidos de projeto (como maior espes- sura de cobrimento e um concreto de melhor qualidade) e,no caso de estru- turas deterioradas, técnicas tradicio- nais de recuperação. No entanto, tais práticas nem sempre são a garantia da vida útil requerida, sendo questioná- vel a sua eficiência em ambientes de severa agressividade, comum em am- biente marinho. Nesse ambiente e outros em que há preocupação constante com a corro- são, a estratégia mais adequada seria adotar, além dos critérios descritos, técnicas adicionais de proteção contra a corrosão, como a proteção catódica. EssavisãovaiaoencontrodaNBR6118 (ABNT, 2003) que recomenda a ado- ção de medidas de proteção e de con- servação das estruturas em condições adversas de exposição. A técnica de proteção catódica O princípio da técnica é a redução do potencial da interface aço/concreto para valores mais negativos do que seu potencial natural de corrosão (Ecorr). Isso é feito pela imposição de uma cor- rente contínua que pode ser fornecida por uma fonte externa de alimentação (proteção por corrente impressa), ou por um metal de potencial mais negati- vo (proteção por ânodo de sacrifício). Classicamente, a proteção catódica leva o potencial do aço ao domínio de sua imunidade. Em estruturas de con- creto, este conceito pode ser aplicado somente para aquelas em condição submersa. Em estruturas atmosféricas, o conceito é diferenciado, sendo este bastante dependente do estado da ar- madura (estado ativo ou estado passi- vo). Para entender tal fato considere o diagrama de Pourbaix,figura 2. Para o pH usual de um concreto ín- tegro (em torno de 13), o aço mantém- artigo_catodica.indd 70 4/11/2010 14:55:43
  • 2. 71 se no estado passivo, o que é devido à comentadapresençadofilmepassivante que é composto de Fe3O4 e/ou Fe2O3 (identificadosnafigura2).Noentanto,o estado de imunidade do aço à corrosão sóégarantidoquandoopotencialdain- terface aço/concreto é levado a valores abaixo do seu potencial de equilíbrio (pontoverdenafigura2).Talestadoestá abaixo do equilíbrio do hidrogênio (pontovermelhoinferiornafigura2). Nessa condição (potencial em torno de -0,9 VEH, na figura 2), há o fa- vorecimentodareduçãodohidrogênio (2H+ + 2e- → H2),além da do oxigênio (O2 + 2H2O + 4e- → 4OH- ) que ocorre em potenciais característicos do aço carbono embutido no concreto (Ecorr na figura 2).Essas reações determinam a evolução do gás hidrogênio e a gera- ção de íons hidroxila que aumentam a alcalinidade do concreto. Ao longo do tempo da aplicação de potenciais muito negativos, há um ex- pressivo aumento da comentada alcali- nidade,oquepoderesultarnadegrada- ção do concreto, caso este contenha agregados reativos. Além disso, é espe- rado um aumento do avanço da evolu- ção do gás hidrogênio, o que pode pre- judicar a aderência aço/concreto e cau- sar trincamento dos aços de alta resis- tência usados em concreto protendido. Não sendo ideal a aplicação de po- tenciais muito negativos,o conceito que se aplica em estruturas atmosféricas,di- fere-sedatécnicaproteçãocatódicaclás- sica. O conceito que se aplica pode ser entendidopormeiodacompreensãodo mecanismo da ocorrência da comenta- da corrosão por pite. Isto porque, na proteção catódica, o controle da corro- são é feito pela repassivação do pite ou peladiminuiçãodasuaevolução. Cita-se que a corrosão por pite ocorre em potenciais característicos, denominadosdepotenciaisdepite(Ep), enquanto a repassivação do pite ocorre Cátodo O2 + 2H2O + 4e- 4OH- OH- OH- OH- Cl- Cl- Cl- H+ H+ Ânodo 3Fe + 4H2O Fe3O4 + 8H++ 8e- 2Fe3O4 + H2O 3Fe2O3 + 2H++ 2e- e- e- e- e- Barra mais interna Barra mais externa O2 O2 O2 + 2H2O + 4e- 4OH- Ecorr Potencial(mVeletrododehidrogênio) Fe3O4+ 8H++ 8e- 3Fe2 + 4H2O HFeO2 - 1.600 1.200 800 400 0 -400 -800 -1.200 -1.600 0 2 4 6 8 pH 10 12 14 2H + 2e H2 a b Fe2+ Fe2+ 2e- Fe Fe3O4 Fe2O3 Fe Domínio da imunidade Zona D – Risco de perda de aderência concreto/armadura Eprot Ep Zona A – Pites podem começar a se propagar Zona C – Pites não podem se iniciar nem propagar Zona D – Risco de danificação por hidrogênio Zona B – Pites não podem se iniciar, mas os pites já existentes podem se propagar 141 -59 -259 -459 -659 -859 -1059 -1259 0 0,5 1,0 1,5 2,0 Potencial(mVEcsc) Teor de cloretos (% massa de cimento) por aplicação de potenciais mais nega- tivos,denominados de proteção de pite (Eprot). Ambos são dependentes de vá- rios fatores,como o teor de cloretos e o pHdoconcretonaregiãodaarmadura. Quanto maior o teor de cloretos, ou quantomenoropH,maisnegativossão os valores dos potenciais Ep e Eprot. A influência do teor de cloretos em concreto com pH elevado pode ser ob- servada na figura 3 elaborada por Pe- deferri (1996).Nessa,são apresentados limites(divisãoemzonas)quesãouma referência de valores de potencial de Figura 1 – Representação da corrosão no concreto por ataque de íons cloreto Figura 2 – Diagrama de Pourbaix para o equilíbrio potencial/pH do aço carbono em água (25o C, 1Atm) Figura 3 – Potencial de pite e de proteção em função do teor de cloreto no concreto alcalino
  • 3. 72 Téchne 164 | novembro de 2010 a r t i go proteção a serem aplicados, sem ocor- rer danos à estrutura. Com base nessa figura pode-se concluir que: n estruturas novas ou contaminadas por cloretos, mas sem corrosão: o con- cretoestáalcalinoeaarmadurapassiva, sem pites.Nessas condições,a proteção catódica tem por objetivo manter o po- tencial abaixo do potencial Ep (zona B da figura 3). Desse modo, quando a contaminação do cloreto atingir níveis críticos, o metal permanecerá passivo semnucleaçãodepites.Oobjetivoneste caso é de prevenção da corrosão; n estrutura com corrosão induzida por cloretos: o concreto está alcalino e a armadura despassivada, com pites. Nessas condições, a proteção tem por objetivo abaixar o potencial para valo- res inferiores ao do potencial Eprot. Assim,os pites formados serão repassi- vadosenãohaveráformaçãodeoutros. Em concreto protendido, a armadura deve ser mantida na zona C da figura 3. Em concreto armado,o potencial pode ser mantido nas zonas C e D.Para a di- minuiçãodataxadecorrosão,aplicam- se valores para manter a armadura na parte inferior da zona B. Na prática, não é necessário o co- nhecimentodeEp eEprot paraaaplicação de proteção catódica. Existem critérios empíricos largamente aceitos, dentre os quais cita-se o critério de aplicação de uma corrente de proteção suficiente para abaixar o potencial real natural da interface aço/concreto em 100 mV. Esse valor é válido para estruturas atmosféri- casemqueháindíciosdecorrosão. Afigura4elaboradaporRaupache Bruns (2002) ilustra a aplicação desse critério, que consiste da aplicação de uma corrente de proteção em que a ar- madura assume um valor de potencial mais negativo, denominado Potencial on. Com a posterior desativação desta corrente, temporária, há uma queda brusca do potencial (IR) que é atribuí- do à interferência da resistência do meio (queda ôhmica) no potencial. O valor do potencial após essa queda é denominado Potencial off. Em segui- da, o potencial tende a assumir, assin- tomaticamente, um valor constante, denominado Potencial de Corrosão Natural Final. A diferença entre este valor e o Potencial off deve ser maior que 100 mV. Caso isso não ocorra, maiores valores de corrente devem ser impostos até a sua obtenção. Técnica de proteção catódica por corrente impressa Na técnica de proteção catódica por corrente impressa, a corrente de proteção é fornecida por imposição de tensõeselétricasgeradasporumafonte externa de alimentação. Para tanto, normalmente, é usado um retificador, sendo o seu polo positivo conectado a um ânodo e, seu polo negativo, conec- tado à armadura.O ânodo é um mate- rial condutivo que tem a função de distribuir a corrente na estrutura. Segundo a Nace RP0290 (2007), os ânodos mais adequados são: revesti- mento cimentício condutor, pintura condutora, revestimento metalizado e outros materiais condutivos na forma de malhas, fitas de malhas, fios e son- das. Dentre esses, destacam-se a malha e a pintura condutiva como sendo os mais tradicionais no exterior.A malha, normalmente de titânio revestido com óxidos de metais nobres, é fixada na superfície das peças e recoberta com argamassa cimentícia de baixa resisti- vidade elétrica. A pintura condutiva, normalmente uma tinta orgânica per- meável com adição de partículas de carbono, é aplicada diretamente sobre a superfície do concreto. Na figura 5, constam as principais reações que podem ocorrer noânodoe no cátodo (armadura), quando da aplicação da corrente impressa. Se o ânodo não participa das reações (ânodo inerte), como titânio e platina, a única reação que ocorre é a oxidação da água. Se o ânodo participa das rea- ções (ânodo consumível), como o zinco, a única reação que ocorre é a de sua oxidação (Zn + 2H2O → Zn(OH)2 + 2H+ + 2e- ). Quanto ao cátodo, neste ocorre a redução do oxigênio e, caso o aço seja levado ao domínio da imuni- dade, ocorre também a sua redução (Fe3O4 + 8H+ + 8e- → 3Fe + 4H2O) e a do hidrogênio. Potencial (mV) Potencial on CP on CP off 24 h IR Potencial de corrosão natural final Potencial off Tempo Ecorr >100mV Fe2O3 e H+ Fe3O4 e H2O Redução de óxido férrico H+ H2 Evolução de hidrogênio Fonte de alimentação O2 e H2O OH- Redução de oxigênio H2O e H+ Evolução de oxigênio OH+ Cl- CO3 2- SO3 2- Ca2+ Na2+ K+ ZN2+ H+ Zn Zn (OH)2 Zn [Zn (OH)4]2- Oxidação de zinco e-e- i i Ânodo Cátodo Figura 4 – Curva típica de decaimento de potencial após o desligamento da corrente de proteção Figura 5 – Representação esquemática da técnica de proteção por corrente impressa artigo_catodica.indd 72 4/11/2010 14:55:46
  • 4. 73 LEIA MAIS ACI 222.3R – Design and Construction Practices to Mitigate Corrosion of Reinforcement in Concrete Structures.ACI (American Concrete Institute), 2003. EN 12696 – Cathodic Protection of Steel in Concrete. European Standard, 2000. Nace 01105 – Sacrificial Cathodic Protection of Reinforcing Elements – A state-of-the-art report. Nace (NationalAssociation of Corrosion Engineers), 2005. Nace 01102 – Impressed Current Cathodic Protection of Reinforcing Steel in Atmospherically Exposed Concrete Structures. Nace, 2002. Nace RP0209 – A State-of-the-art Report – Criteria for cathodic protection of prestressed concrete structures. Nace, 2007. NBR 6118 – Projetos de Estruturas de Concreto – Procedimentos. ABNT (Associação Brasileira de NormasTécnicas), 2003. Cathodic Protection and Cathodic Prevention. P. Pedeferri. Construction and Building Materials, v.10, n.5, 1996. Effectiveness of a zinc-hydrogel anode for sacrificial cathodic protection of reinforced concrete structures. M. Raupach; M. Bruns. Ministry of Science andTechnology, 2002 (15th International Corrosion Congress). Técnica de proteção catódica por ânodo de sacrifício (proteção galvânica) Na técnica de proteção catódica por ânodo de sacrifício, a corrente elé- trica é resultado da diferença natural de potencial entre dois metais distin- tos, sendo um deles o aço carbono da armadura (cátodo) e, o outro, um metalmenosnobre(ânodo).Dentreos metais mais adotados como ânodo ci- tam-se zinco, alumínio ou magnésio e ligas metálicas desses metais (ACI 222.3R,2003). Além da diferença de potencial, a técnica exige que o meio apresente uma condutividade elétrica constan- te, para que as reações entre ânodo e catodo sempre ocorram. No concre- to, normalmente tais condições só são verificadas quando este está ex- Concreto original Contato elétrico com armadura Material de reparo Malha de zinco Chapa de fibra posto a uma umidificação periódica. Caso isso não ocorra, a resistividade será variável, podendo, em períodos de sua elevação, haver uma queda da corrente. Isso pode comprometer a proteção da armadura. No Brasil, em estruturas deteriora- das, cita-se o uso de um sistema com- posto de uma pastilha de zinco puro envolvidaporumaargamassaconduti- va. No exterior, além desse sistema, destaca-se o composto por uma malha de zinco fixada a uma placa de vidro.A figura 6 ilustra esse sistema, denomi- nadojaqueta.Esseéusualnarecompo- siçãodeestacas,sendoamalhadezinco (ânodo) conectada a sua armadura. Quando da aplicação do material ci- mentício de reparo, a placa de vidro é utilizada como fôrma de concretagem. Quanto a estruturas novas (arma- duras passivadas), destaca-se como sistema de proteção, a aplicação de uma fina folha de zinco laminado na superfície do concreto, conforme ilustra a figura 7. Em um dos lados da folha há um adesivo hidrofílico que é um promotor de retenção de umida- de no concreto junto a sua interface com o ânodo. Esse adesivo ainda tem a função de ser um sumidouro dos íons de zinco, retardando a precipita- ção de óxidos insolúveis da sua oxida- ção (Zn + 2H2O → Zn(OH)2 + 2H+ + 2e- ), os quais podem aumentar a re- sistividade elétrica do concreto. Se- gundo a publicação Nace 01105 (2005), há muitos casos bem-sucedi- dos de instalações desse sistema, po- dendo ser aplicado em estações de tratamento, torres de resfriamento, além de estruturas marinhas. Outro sistema, tanto para estrutu- ras novas como deterioradas,é a meta- lizaçãodasuperfíciedoconcreto,oque é feito pela aspersão de uma fina cama- da de zinco puro ou de sua liga com alumínio e índio.Conforme a publica- ção Nace 01105 (2005), em alguns casos, também é adotado um promo- tor de retenção de umidade, como o hidrofílico citado. Agradecimento André Guilherme Barrios Vieira (elaboração dos desenhos). Figura 6 – Representação da técnica de proteção galvânica por jaqueta Figura 7 – Representação da técnica de proteção galvânica por revestimento zinco-hidrogel Chapa de zinco Zn2+ 4OH- 4e- 4e- O2 + H2O Contato elétrico Concreto hidrogel (sumidouro de Zn2+ )