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Tema relacionado ao assunto sobre a África (Proposta
Curricular do Estado), alunos da 5a
série A Disciplina História.
Digitado pela aluna Rabechi Souza no
28.
Ler e Refletir
Éramos todos negros
Até ontem, éramos todos negros. Você dirá: se gorilas e chimpanzés,
nossos parentes mais chegados também são, e se os primeiros hominídeos
nasceram justamente na África negra há 5 milhões de anos, qual a
novidade?
A novidade é que não me refiro a antepassados remotos, do tempo das
cavernas (em que mediamos um metro de altura), mas as populações
europeias e asiáticas com aparência física indistinguível da atual.
Trinta anos atrás, quando as técnicas de manipulação do DNA ainda
não estavam disponíveis, Luca Cavalli-Sforza, um dos grandes
geneticistas do século 20, conduziu um estudo clássico com centenas de
grupos étnicos espalhados pelo mundo.
Com bases nas evidencias genéticas encontradas e nos arquivos
deontológicos, Cavalli-Sforza concluiu que nossos avós decidiram emigrar
da África para a Europa há meros 100 mil anos.
Como os deslocamentos eram feitos com grande sacrifício, só
conseguiram atingir as terras geladas localizadas no norte europeu cerca
de 40 mil anos atrás.
A adaptação a um continente com invernos rigorosos teve seu preço.
Com o faz desde os primórdios da vida na Terra sempre que as condições
ambientais mudam, a foice impiedosa da seleção natural ceifou os mais
frágeis. Quem eram eles?
Filhos e netos de negros africanos, nômades, caçadores, pescadores e
pastores que se alimentavam predominantemente de carne de animal.
Dessas fontes naturais absorviam a vitamina D, elemento essencial para
construir ossos fortes, sistema imunológico eficiente e prevenir
enfermidades que vão do raquitismo à osteoporose; do câncer, à infecções,
ao diabetes e às complicações cardiovasculares.
Há 6.000 anos, quando a agricultura se disseminou pela Europa e fixou
as famílias à terra, a dieta se tornou sobretudo vegetariana.
De um lado, essa mudança radical tornou-as menos dependentes da
imprevisibilidade da caça e da pesca; de outro, ficou mais problemático o
acesso às fontes de vitaminas D.
Para suprir as necessidades de cálcio do esqueleto e garantir a
integridade das demais funções da vitamina D, a seleção natural conferiu
vantagem...
A você que se orgulha da cor da própria pele (seja ela qual for), tenho um
conselho: não seja ridículo.
...evolutiva aos que desenvolveram um mecanismo alternativo para
obter esse micronutriente: a síntese na pele mediada pela absorção das
radiações ultravioletas da luz do sol.
A dificuldade da pele negra de absorver raios ultravioletas e a
necessidade de cobrir o corpo para enfrentar o frio deu origem às forças
seletivas que privilegiavam a sobrevivência das crianças com menor
concentração de melanina na pele.
As previsões de Cavalli-Sforza foram confirmadas por estudos
científicos recentes.
Na universidade Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan Pritchard
realizaram exames de DNA em 52 grupos de habitantes da Ásia, África,
Europa e Américas.
Conseguiram dividi-los em cinco grupos étnicos cujos ancestrais
estiveram isolados por desertos extensos, oceanos ou montanhas
instransponíveis: os africanos da região abaixo do Saara, os asiáticos do
leste, os europeus e asiáticos que vivem a oeste do Himalaia, os habitantes
de Nova Guiné e Melanésia e os indígenas das Américas.
Quando os autores tentaram atribuir identidade genética aos habitantes
do sul da India, entretanto, verificaram que suas características eram
comuns a europeus e asiáticos, achado compatível com a influência desses
povos na região.
Concluíram, então, que só é possível identificar indivíduos com grande
semelhanças genéticas quando descendem de populações isoladas por
barreiras geográficas que impediram a miscigenação.
No ano passado, foi identificado um gene, SLC24A5, provavelmente
responsável pelo aparecimento da pele branca européia.
Num estudo publicado na revista ¨Science¨, o grupo de Keith Cheng
sequenciou esse gene em europeus, asiáticos, africanos e indígenas do
continente americano.
Tomando por base o número e a periodicidade das mutações ocorridas,
os cálculos iniciais sugeriam que as variantes responsáveis pelo
clareamento da pele estabeleceram-se nas populações europeias há apenas
18 mil anos.
No entanto, como as margens de erro nessas estimativas são apreciáveis,
os pesquisadores tomaram a iniciativa de sequenciar outros genes,
localizados em áreas vizinhas do genoma. Esse refinamento técnico
permitiu concluir que a pele branca surgiu na Europa, num período que
vai de 6.000 a 12 mil anos atrás. A você, leitor, que se orgulha da cor
própria (seja qual ela for), tenho apenas um conselho: não seja ridículo.

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Eramos todos negros

  • 1. Tema relacionado ao assunto sobre a África (Proposta Curricular do Estado), alunos da 5a série A Disciplina História. Digitado pela aluna Rabechi Souza no 28. Ler e Refletir Éramos todos negros Até ontem, éramos todos negros. Você dirá: se gorilas e chimpanzés, nossos parentes mais chegados também são, e se os primeiros hominídeos nasceram justamente na África negra há 5 milhões de anos, qual a novidade? A novidade é que não me refiro a antepassados remotos, do tempo das cavernas (em que mediamos um metro de altura), mas as populações europeias e asiáticas com aparência física indistinguível da atual. Trinta anos atrás, quando as técnicas de manipulação do DNA ainda não estavam disponíveis, Luca Cavalli-Sforza, um dos grandes geneticistas do século 20, conduziu um estudo clássico com centenas de grupos étnicos espalhados pelo mundo. Com bases nas evidencias genéticas encontradas e nos arquivos deontológicos, Cavalli-Sforza concluiu que nossos avós decidiram emigrar da África para a Europa há meros 100 mil anos. Como os deslocamentos eram feitos com grande sacrifício, só conseguiram atingir as terras geladas localizadas no norte europeu cerca de 40 mil anos atrás. A adaptação a um continente com invernos rigorosos teve seu preço. Com o faz desde os primórdios da vida na Terra sempre que as condições ambientais mudam, a foice impiedosa da seleção natural ceifou os mais frágeis. Quem eram eles? Filhos e netos de negros africanos, nômades, caçadores, pescadores e
  • 2. pastores que se alimentavam predominantemente de carne de animal. Dessas fontes naturais absorviam a vitamina D, elemento essencial para construir ossos fortes, sistema imunológico eficiente e prevenir enfermidades que vão do raquitismo à osteoporose; do câncer, à infecções, ao diabetes e às complicações cardiovasculares. Há 6.000 anos, quando a agricultura se disseminou pela Europa e fixou as famílias à terra, a dieta se tornou sobretudo vegetariana. De um lado, essa mudança radical tornou-as menos dependentes da imprevisibilidade da caça e da pesca; de outro, ficou mais problemático o acesso às fontes de vitaminas D. Para suprir as necessidades de cálcio do esqueleto e garantir a integridade das demais funções da vitamina D, a seleção natural conferiu vantagem... A você que se orgulha da cor da própria pele (seja ela qual for), tenho um conselho: não seja ridículo. ...evolutiva aos que desenvolveram um mecanismo alternativo para obter esse micronutriente: a síntese na pele mediada pela absorção das radiações ultravioletas da luz do sol. A dificuldade da pele negra de absorver raios ultravioletas e a necessidade de cobrir o corpo para enfrentar o frio deu origem às forças seletivas que privilegiavam a sobrevivência das crianças com menor concentração de melanina na pele. As previsões de Cavalli-Sforza foram confirmadas por estudos científicos recentes. Na universidade Stanford, Noah Rosemberg e Jonathan Pritchard realizaram exames de DNA em 52 grupos de habitantes da Ásia, África, Europa e Américas.
  • 3. Conseguiram dividi-los em cinco grupos étnicos cujos ancestrais estiveram isolados por desertos extensos, oceanos ou montanhas instransponíveis: os africanos da região abaixo do Saara, os asiáticos do leste, os europeus e asiáticos que vivem a oeste do Himalaia, os habitantes de Nova Guiné e Melanésia e os indígenas das Américas. Quando os autores tentaram atribuir identidade genética aos habitantes do sul da India, entretanto, verificaram que suas características eram comuns a europeus e asiáticos, achado compatível com a influência desses povos na região. Concluíram, então, que só é possível identificar indivíduos com grande semelhanças genéticas quando descendem de populações isoladas por barreiras geográficas que impediram a miscigenação. No ano passado, foi identificado um gene, SLC24A5, provavelmente responsável pelo aparecimento da pele branca européia. Num estudo publicado na revista ¨Science¨, o grupo de Keith Cheng sequenciou esse gene em europeus, asiáticos, africanos e indígenas do continente americano. Tomando por base o número e a periodicidade das mutações ocorridas, os cálculos iniciais sugeriam que as variantes responsáveis pelo clareamento da pele estabeleceram-se nas populações europeias há apenas 18 mil anos. No entanto, como as margens de erro nessas estimativas são apreciáveis, os pesquisadores tomaram a iniciativa de sequenciar outros genes, localizados em áreas vizinhas do genoma. Esse refinamento técnico permitiu concluir que a pele branca surgiu na Europa, num período que vai de 6.000 a 12 mil anos atrás. A você, leitor, que se orgulha da cor própria (seja qual ela for), tenho apenas um conselho: não seja ridículo.