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Compressores e Limiters
tradução e adaptação por Osmani Jr.
Autor: Scott Lehman - Harmony Central
slehman@harmony-central.com
Compressores e Limiters
Introdução
Como o nome sugere, compressão reduz a extensão dinâmica de um sinal. Ela é usada
extensivamente na gravação de áudio, trabalho de produção, redução de ruído, e per-
formances ao vivo, mas deve ser usada com cuidado. É comum se escutar que compres-
sores fazem sons fortes ficarem mais fracos, e vice-versa, mas isto é na verdade apenas
uma meia-verdade.
Como Funciona
Um compressor é basicamente um dispositivo de ganho variável, onde a quantidade de
ganho usado depende do nível de entrada. Neste caso, o ganho será reduzido quando o
nível de sinal for alto, o que faz trechos mais fortes ficarem mais fracos, reduzindo a ex-
tensão dinâmica. O esquema básico é mostrado na figura 1.
Figura 1: Diagrama de um compressor. Também é possível fazer
a detecção do nível depois do ganho ser aplicado (pós-
compressão, em vez de pré-compressão).
A relação entrada/saída de um compressor é também descrita por um gráfico simples,
como na figura 2. O eixo horizontal corresponde ao nível de sinal de entrada, e o eixo ver-
tical é o nível de saída (ambos medidos em decibéis). Uma linha em 45 graus corre-
sponde ao ganho de um – qualquer nível de entrada é mapeado com o mesmo nível de
saída. O compressor muda a inclinação (faz ficar mais horizontal) da linha quando ultra-
passar para cima de um certo valor chamado threshold (que é normalmente ajustável). A
www.osmanijr.com.br
altura da linha define a extensão dinâmica da saída, e a inclinação é a mesma do ganho
do compressor.
Figura 2: The compressor enfraquece o sinal de entrada apenas
quando este estiver acima do valor do threshold. Acima disto,
uma mudança no nível de entrada produz uma mudança menor
no nível de saída.
O ajuste do compressor é normalmente determinado como uma proporção, como 2:1, que
significa que o nível de entrada tem que aumentar dois decibéis para criar um aumento de
um decibel no nível de saída. Com um ajuste de 4:1, a entrada teria que acrescentar 4 dB
para uma mudança de 1 dB na saída, e assim por diante. O Limiter simplesmente gera
uma forma extrema de compressão onde a relação entrada/saída se torna bastante ‘flat’
(10:1 ou mais). Isso proporciona uma forte limitação no nível de sinal.
Então, olhando a Figura 2, podemos ver que o compressor faz sinais fortes ficarem mais
fracos, mas não faz sinais fracos ficarem mais fortes (ainda que pareça isso). Entretanto,
a maioria dos compressores tem um estágio secundário de ganho para ajustar o nível de
saída de forma que se você liga ele enquanto toca, o ganho extra impede que o nível de
volume do seu instrumento caia. Você pode questionar se este estágio extra de ganho é
ou não é parte de um compressor, mas de qualquer forma, isso é o que faz os sons mais
fracos se tornarem mais fortes.
Ainda não discutimos exatamente como o detector de nível opera num compressor. Ele é
normalmente um tipo de medidor de tempo da entrada (muitas vezes um cálculo em
RMS). Alternativamente, o pico instantâneo de voltagem ou valor de amostra podem ser
usados, em cada caso, e o compressor se torna um forte limiter.
www.osmanijr.com.br
Quando a função de sensibilidade de nível está numa média de tempo curta, o compres-
sor levará um pequeno tempo até que o ganho seja ajustado de acordo com o novo nível
de entrada. A quantidade de tempo que o compressor leva para responder quando o nível
de entrada aumenta acima do threshold é chamada de attack time, e é normalmente bem
curta (abaixo de 100 ms.). Quando o nível de entrada está acima do threshold e então cai
abaixo dele, o compressor levará algum tempo para restaurar o ganho original. Esse é o
release time do compressor, que é geralmente mais longo que o attack time (possivel-
mente acima de um segundo ou dois). A Figura 3 mostra como o attack time e o release
time afetam um sinal de entrada.
Figura 3: O efeito de um compressor sobre um sinal. Apenas a
porção do meio do sinal está acima do threshold do compressor.
Note a queda quando o nível de sinal aumenta (leva algum
tempo para o ganho diminuir), e a atenuação quando o sinal de
entrada retorna ao nível inicial (e o ganho aumenta). O release
time é geralmente mais longo que o attack time.
Ás vezes é desejável que se tenha um ataque bem curto ou um realease time que requer
rápida mudança no ganho, que em alguns casos pode ser ouvido como um som ‘respi-
rando’ ou ‘inflando’. Quando o nível de sinal cai abaixo do threshold, o ganho aumenta
(para o ganho de 1). O sinal de entrada é agora mais próximo do nível de ruído no
sistema, o que o torna audível. Um compressor mais sofisticado pode controlar a entrada
mais atentamente e ajustar o ganho quando a entrada atinge o zero momentaneamente
para reduzir o efeito de ‘respirar’.
www.osmanijr.com.br
Sound Set 1: A heavily compressed pinch harmonic played on a
guitar. Without any compression, the pinch harmonic would
seem to decay much more rapidly (because the compressor holds
the volume fairly constant for a while). Once the harmonic falls
below the threshold, noise and the other strings that were ringing
fade in and can be heard - the 'breathing' effect.
Por que usar compressão/limiting?
Para ilustrar uma importante aplicação, é melhor voltarmos ao início do século XX.
Naquela época, os discos eram gravados tendo um cantor ou músico tocando para dentro
de uma corneta, o que impulsionava uma agulha a traçar um sulco num disco máster de
cera (o sistema era totalmente acústico, nada de eletrônica aqui). O som fazia a agulha ir
se mexendo. Mas se você cantasse muito forte, então a agulha podia cruzar para o sulco
vizinho, arruinando o trabalho. Não havia maneira de restringir o nível de áudio no proc-
esso de gravação. A mesma situação acontece com outras formas de gravação, por
questões fisicamente óbvias. Por exemplo, se o nível de sinal for muito alto quando esta-
mos gravando numa fita magnética, haverá distorção. Mas para se fazer uma boa gra-
vação, você quer manter o nível de sinal logo acima do ruído de fundo. Compressores e
Limiters proporcionam proteção contra repentinos sons passageiros que podem resultar
em distorção ou dano ao equipamento.

No estúdio, compressão é uma ferramenta útil quando estamos cortando trilhas e ajus-
tando a mixagem. Por exemplo, numa sessão o cantor pode estar se movendo pra lá e
pra cá do microfone, e uma pequena compressão vai tirar essas variações de volume que
seriam gravadas sem a atuação dele. Uma vez que as trilhas tenham sido gravadas, um
compressor te dá a possibilidade de ajustar o alcance dinâmico da trilha e balancear as
trilhas. Usando um attack time apropriado, a naturalidade do som de um instrumento vai
passar antes da compressão atuar. Em alguns casos, compressão pode até reduzir a ne-
cessidade de equalização.
Um uso popular da compressão é para aumentar o sustain de um instrumento. Isto é tec-
nicamente incorreto já que um compressor não muda o comportamento de um instru-
mento, e somente opera no sinal de áudio. O compressor tentará manter um nível con-
stante de saída amplificando o sinal que recebe para manter aquele nível constante. Por
exemplo, depois que uma corda na guitarra é tocada, a voltagem produzida pelos capta-
dores gradualmente vai morrendo. Uma pequena compressão irá impedir o nível do in-
strumento de mudar radicalmente depois de tocada a corda, o que é percebido como au-
www.osmanijr.com.br
mento de sustain ou um ‘nivelamento’ do instrumento. Um release time mais longo que a
queda do sinal vai preservar o som dele.
Note que há uma desvantagem com o compressor. Você pode querer ter mais sustain que
o possível, porém neste processo, você estará eliminando sua dinâmica ao tocar, não po-
dendo mais acentuar notas e frases efetivamente. O ataque de um instrumento é um fator
muito importante no som do instrumento, e um ‘limiting’ pesado poderá tirar a vida do in-
strumento. E, claro, você poderá usar regulagens extremas num compressor para criar
sons nada usuais para um instrumento!
Posicionamento na cadeia de sinal
Quando usar o compressor com outros efeitos, é melhor posicioná-lo primeiro na cadeia
de sinal, primeiramente por causa do ruído. Quando o compressor está ligado (o que re-
duz o alcance dinâmico do pico de saída) e o nível de saída é aumentado com o ganho
adicional, o ruído será amplificado também junto com o som do instrumento. Outros efei-
tos podem introduzir mais ruído no sistema, então se você colocar o compressor depois
destes efeitos, você acabará amplificando o ruído também. Usando o compressor primeiro
também dará aos outros efeitos um sinal melhor para trabalhar.
Autor:
© 1996 Scott Lehman, slehman@harmony-central.com
All Rights Reserved
This article may not be reproduced in any form without the explicit written consent of the
author. Any comments or corrections to this article are welcome.
Fonte: URL: http://www.harmony-central.com/Effects/Articles/Compression/
Tradução e adaptação:
Osmani Jr.
www.osmanijr.com.br

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  • 1. Compressores e Limiters tradução e adaptação por Osmani Jr. Autor: Scott Lehman - Harmony Central slehman@harmony-central.com Compressores e Limiters Introdução Como o nome sugere, compressão reduz a extensão dinâmica de um sinal. Ela é usada extensivamente na gravação de áudio, trabalho de produção, redução de ruído, e per- formances ao vivo, mas deve ser usada com cuidado. É comum se escutar que compres- sores fazem sons fortes ficarem mais fracos, e vice-versa, mas isto é na verdade apenas uma meia-verdade. Como Funciona Um compressor é basicamente um dispositivo de ganho variável, onde a quantidade de ganho usado depende do nível de entrada. Neste caso, o ganho será reduzido quando o nível de sinal for alto, o que faz trechos mais fortes ficarem mais fracos, reduzindo a ex- tensão dinâmica. O esquema básico é mostrado na figura 1. Figura 1: Diagrama de um compressor. Também é possível fazer a detecção do nível depois do ganho ser aplicado (pós- compressão, em vez de pré-compressão). A relação entrada/saída de um compressor é também descrita por um gráfico simples, como na figura 2. O eixo horizontal corresponde ao nível de sinal de entrada, e o eixo ver- tical é o nível de saída (ambos medidos em decibéis). Uma linha em 45 graus corre- sponde ao ganho de um – qualquer nível de entrada é mapeado com o mesmo nível de saída. O compressor muda a inclinação (faz ficar mais horizontal) da linha quando ultra- passar para cima de um certo valor chamado threshold (que é normalmente ajustável). A www.osmanijr.com.br
  • 2. altura da linha define a extensão dinâmica da saída, e a inclinação é a mesma do ganho do compressor. Figura 2: The compressor enfraquece o sinal de entrada apenas quando este estiver acima do valor do threshold. Acima disto, uma mudança no nível de entrada produz uma mudança menor no nível de saída. O ajuste do compressor é normalmente determinado como uma proporção, como 2:1, que significa que o nível de entrada tem que aumentar dois decibéis para criar um aumento de um decibel no nível de saída. Com um ajuste de 4:1, a entrada teria que acrescentar 4 dB para uma mudança de 1 dB na saída, e assim por diante. O Limiter simplesmente gera uma forma extrema de compressão onde a relação entrada/saída se torna bastante ‘flat’ (10:1 ou mais). Isso proporciona uma forte limitação no nível de sinal. Então, olhando a Figura 2, podemos ver que o compressor faz sinais fortes ficarem mais fracos, mas não faz sinais fracos ficarem mais fortes (ainda que pareça isso). Entretanto, a maioria dos compressores tem um estágio secundário de ganho para ajustar o nível de saída de forma que se você liga ele enquanto toca, o ganho extra impede que o nível de volume do seu instrumento caia. Você pode questionar se este estágio extra de ganho é ou não é parte de um compressor, mas de qualquer forma, isso é o que faz os sons mais fracos se tornarem mais fortes. Ainda não discutimos exatamente como o detector de nível opera num compressor. Ele é normalmente um tipo de medidor de tempo da entrada (muitas vezes um cálculo em RMS). Alternativamente, o pico instantâneo de voltagem ou valor de amostra podem ser usados, em cada caso, e o compressor se torna um forte limiter. www.osmanijr.com.br
  • 3. Quando a função de sensibilidade de nível está numa média de tempo curta, o compres- sor levará um pequeno tempo até que o ganho seja ajustado de acordo com o novo nível de entrada. A quantidade de tempo que o compressor leva para responder quando o nível de entrada aumenta acima do threshold é chamada de attack time, e é normalmente bem curta (abaixo de 100 ms.). Quando o nível de entrada está acima do threshold e então cai abaixo dele, o compressor levará algum tempo para restaurar o ganho original. Esse é o release time do compressor, que é geralmente mais longo que o attack time (possivel- mente acima de um segundo ou dois). A Figura 3 mostra como o attack time e o release time afetam um sinal de entrada. Figura 3: O efeito de um compressor sobre um sinal. Apenas a porção do meio do sinal está acima do threshold do compressor. Note a queda quando o nível de sinal aumenta (leva algum tempo para o ganho diminuir), e a atenuação quando o sinal de entrada retorna ao nível inicial (e o ganho aumenta). O release time é geralmente mais longo que o attack time. Ás vezes é desejável que se tenha um ataque bem curto ou um realease time que requer rápida mudança no ganho, que em alguns casos pode ser ouvido como um som ‘respi- rando’ ou ‘inflando’. Quando o nível de sinal cai abaixo do threshold, o ganho aumenta (para o ganho de 1). O sinal de entrada é agora mais próximo do nível de ruído no sistema, o que o torna audível. Um compressor mais sofisticado pode controlar a entrada mais atentamente e ajustar o ganho quando a entrada atinge o zero momentaneamente para reduzir o efeito de ‘respirar’. www.osmanijr.com.br
  • 4. Sound Set 1: A heavily compressed pinch harmonic played on a guitar. Without any compression, the pinch harmonic would seem to decay much more rapidly (because the compressor holds the volume fairly constant for a while). Once the harmonic falls below the threshold, noise and the other strings that were ringing fade in and can be heard - the 'breathing' effect. Por que usar compressão/limiting? Para ilustrar uma importante aplicação, é melhor voltarmos ao início do século XX. Naquela época, os discos eram gravados tendo um cantor ou músico tocando para dentro de uma corneta, o que impulsionava uma agulha a traçar um sulco num disco máster de cera (o sistema era totalmente acústico, nada de eletrônica aqui). O som fazia a agulha ir se mexendo. Mas se você cantasse muito forte, então a agulha podia cruzar para o sulco vizinho, arruinando o trabalho. Não havia maneira de restringir o nível de áudio no proc- esso de gravação. A mesma situação acontece com outras formas de gravação, por questões fisicamente óbvias. Por exemplo, se o nível de sinal for muito alto quando esta- mos gravando numa fita magnética, haverá distorção. Mas para se fazer uma boa gra- vação, você quer manter o nível de sinal logo acima do ruído de fundo. Compressores e Limiters proporcionam proteção contra repentinos sons passageiros que podem resultar em distorção ou dano ao equipamento. No estúdio, compressão é uma ferramenta útil quando estamos cortando trilhas e ajus- tando a mixagem. Por exemplo, numa sessão o cantor pode estar se movendo pra lá e pra cá do microfone, e uma pequena compressão vai tirar essas variações de volume que seriam gravadas sem a atuação dele. Uma vez que as trilhas tenham sido gravadas, um compressor te dá a possibilidade de ajustar o alcance dinâmico da trilha e balancear as trilhas. Usando um attack time apropriado, a naturalidade do som de um instrumento vai passar antes da compressão atuar. Em alguns casos, compressão pode até reduzir a ne- cessidade de equalização. Um uso popular da compressão é para aumentar o sustain de um instrumento. Isto é tec- nicamente incorreto já que um compressor não muda o comportamento de um instru- mento, e somente opera no sinal de áudio. O compressor tentará manter um nível con- stante de saída amplificando o sinal que recebe para manter aquele nível constante. Por exemplo, depois que uma corda na guitarra é tocada, a voltagem produzida pelos capta- dores gradualmente vai morrendo. Uma pequena compressão irá impedir o nível do in- strumento de mudar radicalmente depois de tocada a corda, o que é percebido como au- www.osmanijr.com.br
  • 5. mento de sustain ou um ‘nivelamento’ do instrumento. Um release time mais longo que a queda do sinal vai preservar o som dele. Note que há uma desvantagem com o compressor. Você pode querer ter mais sustain que o possível, porém neste processo, você estará eliminando sua dinâmica ao tocar, não po- dendo mais acentuar notas e frases efetivamente. O ataque de um instrumento é um fator muito importante no som do instrumento, e um ‘limiting’ pesado poderá tirar a vida do in- strumento. E, claro, você poderá usar regulagens extremas num compressor para criar sons nada usuais para um instrumento! Posicionamento na cadeia de sinal Quando usar o compressor com outros efeitos, é melhor posicioná-lo primeiro na cadeia de sinal, primeiramente por causa do ruído. Quando o compressor está ligado (o que re- duz o alcance dinâmico do pico de saída) e o nível de saída é aumentado com o ganho adicional, o ruído será amplificado também junto com o som do instrumento. Outros efei- tos podem introduzir mais ruído no sistema, então se você colocar o compressor depois destes efeitos, você acabará amplificando o ruído também. Usando o compressor primeiro também dará aos outros efeitos um sinal melhor para trabalhar. Autor: © 1996 Scott Lehman, slehman@harmony-central.com All Rights Reserved This article may not be reproduced in any form without the explicit written consent of the author. Any comments or corrections to this article are welcome. Fonte: URL: http://www.harmony-central.com/Effects/Articles/Compression/ Tradução e adaptação: Osmani Jr. www.osmanijr.com.br