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2008

  TFA – Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde




[PAYASSU]
O VERBO DO PAI GRANDE

                                                     1
INDICE



DADOS DA CANDIDATURA

I.     Designação
II.    Descrição sumária do projecto
III.   Site de divulgação


EXPOSIÇÃO DO PROJECTO

I.     Definição do objecto de trabalho
II.    Proposta artística
III.   Notas criativas
IV.    Âmbito do projecto e objectivos socioculturais
V.     Elementos de inovação
VI.    Estratégia de desenvolvimento


EQUIPAS

I.     Responsável artístico
II.    Responsável pela área de gestão
III.   Equipa artística e técnica


PÚBLICOS

I.     Caracterização do público-alvo e meio social
II.    Captação de públicos


INSTALAÇÕES

I.     Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde
II.    Igreja do Convento de Santa Clara




                                                        2
DADOS DA CANDIDATURA




I. Designação

1. Nome do projecto

Payassu – O Verbo do Pai Grande


2. Significado do termo empregue

Payassu significa “pai grande”, na língua tupi-guaraní. Foi o nome dado ao Pe.
António Vieira pelos índios brasileiros no século XVII.



II. Descrição sumária do projecto

A nossa proposta envolve a montagem de um espectáculo performativo
pluridisciplinar. Prevemos uma fusão de recursos multimedia com as técnicas do
Teatro de Formas Animadas e as bases tradicionais do contador de estórias.
O objectivo do projecto é a captação e sensibilização de novos espectadores, através
da utilização de um eficaz recurso de comunicação, artístico e pedagógico.
Como estratégia, iremos recorrer à obra do padre António Vieira, cujo conteúdo será
contextualizado pelo momento histórico em que viveu este autor, mas também
faremos a analogia com a realidade dos dias de hoje, dando ênfase à intemporalidade
dos temas tratados.

Como complemento, poderemos ainda vir a desenvolver actividades pedagógicas,
vocacionadas para a formação de públicos.




                                                                                       3
EXPOSIÇÃO DO PROJECTO

I. Definição do objecto de trabalho

Conceito integrador: teatro / artes plásticas / multimédia.




                                                             Tecnologia Led Screen
                                                             Imagem: FORTH Corporation USA
    Il Retablo della Vergine
    Foto: Igreja San António - Pádua




Justificamos a nossa candidatura na área transdisciplinar pela convergência de
elementos artísticos (cénicos e plásticos), presentes no Teatro de Formas Animadas,
e os recursos científicos próprios do universo da tecnologia multimédia.

O conceito multimédia é normalmente entendido como a combinação, controlada por
computador, de meios de comunicação estáticos (texto, fotografia, gráfico), com
recursos expressivos dinâmicos (vídeo, áudio, animação). A apresentação ou
recuperação da informação faz-se de maneira multissensorial, isto é, mais que um
sentido humano se encontra envolvido no processo. A multimédia permite a utilização
de meios de comunicação que, até há bem pouco tempo, não era possível empregar
de maneira coordenada, tais como:


•             Registo de som (voz humana, música, efeitos especiais)
•             Fotografia (imagem estática)
•             Vídeo (imagens em pleno movimento)
•             Animação (desenhos animados)
•             Textos e gráficos diversos




                                                                                             4
Enfim, o termo multimédia surge para
                                          designar tecnologias com suporte
                                          digital que deverão criar, manipular,
                                          armazenar e apresentar ao público
                                          conteúdos informativos em tempo
                                          real.

                                          No presente projecto, queremos aliar
                                          aos recursos acima mencionados as
                                          técnicas das artes performativas,
                                          nomeadamente        o      vocabulário
                                          específico do teatro (encenação,
                                          interpretação, dramaturgia, etc.) e das
                                          artes plásticas.

Homem multimédia – J. K. Phelps 2007




Para este efeito, daremos especial ênfase à exploração dos elementos da narrativa
oral (contador de estórias, orador, jogral, etc.) e dos recursos das formas animadas
(manipulação da imagem). Neste último caso, a valorização da narrativa visual e
plástica é preponderante para a obtenção de resultados expressivos.

A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas deverá ser conseguida pelo
processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela
sua simples combinação sequencial.

Corroborando a nossa opção pela área transdisciplinar, citamos Michael Parsons,
(uma das personalidades mais importantes da Arte-Educação nos Estados Unidos).
Na conferência Educação Estética e Artística - Abordagens Transdisciplinares,
organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, Parsons defendeu a necessidade de
um maior investimento para a aproximação entre a experiência artística e a novas
tecnologias da informação. Segundo este especialista, deve-se promover a
“consciência da diversidade de objectivos, da influência cultural na aprendizagem, do
poder dos multimédia”.

Este projecto artístico e pedagógico será especialmente concebido para o jovem
público. O seu impacto assenta na qualidade literária do autor, da equipa criativa do
espectáculo e na inovação dos recursos utilizados para a comunicação das ideias,
conceitos e valores.




                                                                                         5
II. Proposta artística

1. Conteúdos dramaturgicos

O autor

                                           O céu estrela o azul e tem grandeza
                                           Este, que teve a fama e a glória tem,
                                           Imperador da língua portuguesa,
                                           Foi-nos um céu também.

                                           No imenso espaço seu de meditar,
                                           Constelado de forma e de visão,
                                           Surge prenúncio claro de luar,
                                           El-Rei D. Sebastião.

                                           Mas não, não é o Luar: é luz e etéreo.
                                           É o dia; e, no céu amplo de desejo,
                                           A madrugada irreal do Quinto Império,
                                           Doira as margens do Tejo.
                                           Fernando Pessoa, in Mensagem
            Litografia de C. Legran 1641


Padre, pregador, payassu, pragmático e apaixonante Vieira

Personagem complexo e contraditório, padre antes de o ser, pregador da alforria dos
índios, mas aceitando a escravatura; servidor da Igreja, mas hostil à Inquisição que o
acusa de tudo e mais alguma coisa: injurioso, escandaloso, ofensivo, herético, e o
prende e o queima em efígie. Consciente da evolução dos tempos, do mercantilismo
urgente, como única via para o progresso material do país. Vieira é pelo diálogo com
os judeus que a Igreja vai garrotando e que, fugidos da pátria, iam fazendo da inóspita
Holanda um país opulento como aquele que nós havíamos sido. Irrequieto e
irreverente na vida e na escrita, ele joga com a ironia e maneja a antítese como
nenhum outro autor barroco. Serve-se delas para propagar a fé cristã, mas fá-lo
contra os cânones vigentes de uma Igreja, para a qual entrou ainda menino e a que
deve obediência. As alegorias que recheiam as suas prédicas são por vezes
habilidosamente confusas na crítica dos homens e na exortação do patriotismo.
Embaixador itinerante, perde na diplomacia e ganha na ingratidão da pátria.
Contraditória personagem, mas e talvez por isso mesmo, apaixonante personagem.

Texto

Vos estis sal terræ. S. Mateus, V, l3.

O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado na cidade de São Luís do
Maranhão, no ano de 1654, na sequência da disputa com os colonos portugueses
radicados no Brasil.

O texto constitui um documento essencial para compreender a surpreendente
imaginação, habilidade oratória e poder satírico do autor. O pe. António Vieira serve-
se alegoricamente de animais marinhos (roncadores, pegadores, voadores e polvos)
para denunciar os defeitos dos homens.
Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão faz de igual modo o
elogio das virtudes humanas e, principalmente, a censura severa dos vícios. O

                                                                                          6
sermão, sabiamente irónico, foi proferido três dias antes do Padre António Vieira
embarcar ocultamente para Portugal, para escapar à ira dos colonos ou, na versão
oficial, tentar obter uma legislação justa para os índios.

Contexto

Intemporalidade do padre barroco.

Porque se celebra este ano o quarto centenário do nascimento do Pe. António Vieira
(1608-1697), a hora é chegada para recordarmos, à nossa maneira (que é o Teatro
de Formas Animadas), um dos sermões do grande autor barroco português. Pensador
intemporal e multifacetado, consciente, já no seu tempo, da urgência de adopção dos
novos ventos vindos da Europa. Um autor apaixonante para ser tratado num teatro
como o nosso, também ele multifacetado, também ele capaz de jogar com os modos
e os módulos trazidos pela evolução dos tempos.

Sub-texto

As três abordagens do Barroco

Subjacente à escolha do Sermão de Santo António aos Peixes, está a concretização
de um projecto iniciado em 2003 pelo TFA. Iremos completar agora a trilogia barroca
começada com António José da Silva e prosseguida com Tirso de Molina. Ao longo
deste ciclo, procurámos abordar o binómio liberdade/castigo, sob três diferentes
ângulos: com a peça Anfitrião, apresentámos uma solução de impunidade, desoladora
para a incapacidade de justiça na sociedade (uma visão profética para o triste fim de
um autor, queimado às mãos do Santo Ofício). Com o texto espanhol O Convidado de
Pedra, a solução chega com o castigo divino, que se impõe e se substitui à (in)justiça
terrena.

Em ambos os casos, vigora a impunidade na Terra.

Agora, com o Pe. António Vieira, abordamos uma terceira via, cuja solução não passa
pela impunidade dos poderosos, nem pelo seu castigo divino. Neste autor, a denúncia
directa deverá levar à sublimação dos males da Humanidade.


2. Técnica, estética e poética

Como base para a nossa proposta, definimos a utilização dos seguintes recursos
expressivos, de carácter performativo, tendo em vista a elaboração do espectáculo:

    O Contador de Estórias
    A Commmedia Dell’Arte
    O Teatro de Sombras

Desenvolveremos a seguir cada um desses elementos em separado, justificando
assim o seu enquadramento neste projecto.




                                                                                         7
O Kamishibai e a arte do Contador de Estórias




                                     Foto: A. Nakamura 1964




Na tradição oral, a narrativa implica a presença simultânea do narrador e audiência. O
narrador expõe a situação, enquanto os ouvintes depreendem a mensagem e criam
imagens mentais pessoais. Nesta experiência, o público torna-se co-criador da arte.

Desconhecemos a forma com que os sermões do Pe. António Vieira foram
pronunciados. Na opinião de alguns investigadores, é provável que o orador
improvisasse total ou parcialmente o seu discurso, que seria posteriormente fixado na
escrita. Da mesma maneira, encontramos na literatura oral uma forma de arte
improvisacional. Por via de regra, o narrador não memoriza um conjunto de textos,
mas aprende uma sequência de elementos que formam um arco narrativo satisfatório
(uma trama) com um início, meio e fim distintos. O narrador visualiza as personagens
e cenários e improvisa então o fraseado. Por conseguinte, nunca duas narrativas de
uma mesma estória oral serão exactamente iguais. Nesta lógica, podemos afirmar
que à obra literária de Vieira está subjacente o homem da palavra livre, o contador, o
encantador espontâneo de plateias.

Nos seus sermões, António Vieira é o arquitecto da ilusão. Utiliza habilidosas
associações, enredos surpreendentes e alegorias quase surrealistas, convencendo o
ouvinte da verdade inquestionável do seu discurso. Citando A. J. Saraiva, a prédica
do padre “tem a aparência da mais rigorosa dedução, mas na realidade segue os
caminhos arbitrários e múltiplos de uma fantasia prodigiosa, que em certos casos
sugere uma densidade poética”.

Temos, na figura de Vieira, o narrador oral, o mestre da acção e o fazedor da ilusão.
Em suma, um actor.

Para tentar reconstituir a estrutura oral do Sermão de Santo António aos Peixes (ou
do que ela poderia ter sido), há que procurar perceber os aspectos multifuncionais da
arte dos contadores de estórias.

Embora existam na Europa diversos exemplos de contadores de estórias, é na
tradição japonesa do kamishibai que encontramos um modelo perfeitamente adaptado
ao conceito teatro-multimédia que nos propomos tratar. Essa forma muito popular de
representação, cujo nome significa literalmente "drama de papel", teve origem nos

                                                                                         8
templos budistas japoneses no século XII. Através dos emaki, pergaminhos que
combinam imagens com texto, os monges transmitiam ensinamentos morais para
audiências maioritariamente analfabetas. A arte sacra europeia seguiu caminhos que
finalmente não divergiam muito doutras culturas.

No kamishibai, o contador de estórias anunciava a sua
chegada batendo com dois blocos de madeira, unidos
por uma corda (hyoshigi). O público, formado por
adultos e crianças, compravam doces e sentavam-se à
volta do cenário. Para uma plateia atenta, o
kamishibaiya contava as estórias, utilizando um
pequeno teatro de madeira, construído de forma a
poder conter ilustrações a utilizar no decorrer da               Foto: Hishiro Kata - 1972

narrativa. O teatrinho tinha por função separar o
mundo da estória do mundo real.


                             Valorizando fortemente a oralidade, os textos que
                             fazem parte dos Kamishibai são claros e directos,
                             com histórias marcantes e empolgantes. Os
                             desenhos eram bem definidos, para serem vistos a
                             maiores distâncias e impressionarem o público.
 Foto: Hishiro Kata - 1972



Este método de contar estórias manteve-se activo durante vários séculos, mas
possivelmente só se tomou consciência dele nos inícios do século XX. Em Tóquio, no
auge da grande depressão dos anos 20, um número crescente de desempregados
encontrou no kaishibai uma forma de subsistência.

A tradição foi-se perdendo, e desapareceu quase
por completo com a chegada da televisão, nos anos
50. Recentemente, esta prática foi recuperada
pelas bibliotecas e escolas primárias japonesas,
ressurgindo sob a forma de Kamishibai educativo, e
é considerada património cultural japonês.                      Foto: Hishiro Kata - 1972



Embora encontremos na Europa algumas tradições orais análogas ao drama de papel
japonês, como o Toy Theatre inglês (Teatro de Papel) e a Literatura de Cordel, iremos
basear o nosso projecto na analogia desta prática com a arte visual de carácter
religioso, nomeadamente a proposta do altar barroco, subtendido como espaço cénico
para a oralidade do sermão.

É importante frisar a utilização desta tradição oral japonesa como referência e
modelo-base para a nossa proposta, sem todavia recriarmos o kamishibai na sua
forma original. Vamos, isso sim, retirar dele o exemplo da essência de um teatro
integrador de conceitos narrativos e plásticos, que deverão ser transpostos para uma
linguagem cénica e multimédia.




                                                                                             9
Altar barroco portátil
                                            Foto: Museu dos Jesuítas (Itália)



A máscara da Commedia dell’Arte

A Commedia Dell’Arte inscreve-se no universo da tradição oral, embora alguns
autores se tenham inspirado no seus temas para escreverem peças teatrais. A
Comédia Italiana define-se pelo conceito de improvvisa, ou seja, a criação colectiva
dos actores a partir de roteiros sumários, levando em conta as características fixas
das suas personagens e a reacção do público.

As máscaras italianas provêm das comédias atelanas e do teatro popular grego.
Chegaram-nos no Renascimento com uma variada colectânea de tipos, cujas feições
deformadas caricaturizam diversos aspectos da natureza humana: a avareza, a
vaidade, a gula, a soberba, etc. A técnica da meia-máscara latina privilegia a
oralidade e possui uma estética própria, definindo deste modo personagens estáveis
e papéis de interacção. Promovem um vocabulário expressivo marcado por posturas
e códigos de comportamento, factores que inscrevem esta expressão performativa
como uma das raras tradições teatrais da Europa Ocidental que ainda vão
subsistindo.

A partir do estudo das personagens da Commedia dell’Arte, tanto na sua componente
plástica (máscaras) como na sua estrutura cénica, vamos encontrar um modelo
apropriado para o nosso Payassu.




                                             Máscaras de Antonio Fava ® - 1979




Acreditamos igualmente que um registo interpretativo mais farsesco e caricatural,
próprio da Commedia dell’Arte, vai se opor aquilo que seria a recriação, pura e
simples, da estrutura do sermão religioso barroco.



                                                                                       10
Teatro de Sombras & Imagem Manipulada

De entre todas as linguagens do Teatro de Formas Animadas, a técnica das Sombras
é aquela cuja oralidade se revela mais intensa. Na prática, trata-se da animação de
imagens bidimensionais, projectadas em contra-luz numa tela,              a partir da
manipulação de objectos. A pantalha, suporte da narrativa, aproxima o Teatro de
Sombras da linguagem utilizada no altar barroco e no led screen actual (ecrã
multimédia).
As sombras eram utilizadas para a recriação de narrativas épicas ou sagradas. As
representações tradicionais apareciam        frequentemente associadas aos rituais
cíclicos de evocação dos deuses e memória dos heróis, importantes para
sobrevivência da comunidade. Neste campo, podemos destacar as sombras
balinesas, conhecidas por Wayang Kulit. Um dos poucos exemplos de representação
profana de cariz tradicional subsiste ainda na Turquia, com o popular Karagosis.
Fazendo uso das tecnologias de manipulação de imagem em tempo real,
pretendemos animar figuras projectadas, promovendo a sua interacção com o actor,
de uma forma absolutamente orgânica. É a utilização de um conceito situado entre o
teatro de sombras e o cinema de animação, que pode ser designado por “teatro de
imagem manipulada”.




                                    Théâtre d’ombres – Séraphin s.XVIII



III. Notas criativas

Os elementos a seguir representam algumas das ideias surgidas a partir do contacto
inicial dos criadores artísticos com a proposta de produção do espectáculo.

Encenação/interpretação

O sermão contém, para além da sua forma literária, características cénicas que o
aproximam da comunicação teatral. É fundamental, numa primeira abordagem, não
permitir que a predicação se imponha ao registo do teatro. Caso contrário, pouco mais
faríamos do que recriar a homilia barroca.
A conciliação dos elementos teatrais com a linguagem multimédia é também um
factor importante na encenação do espectáculo. Aqui, as formas animadas serão
quase sempre virtuais (luz e imagem). Para a sua manipulação, impõe-se desenvolver
novas aptidões técnicas, cujo resultado deverá ser claro e eficaz.
Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, deverá evitar-se a
ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com
as imagens sugeridas pelo texto, já de si muito rico e profuso.
O registo interpretativo estará mais próximo da farsa e da comédia latina do que de
um teatro de cariz psicológico. A personagem mascarada do padre-narrador vai
acentuar a ironia e o sarcasmo do texto de Vieira, dando ênfase ao universo alegórico
e delirante do autor.


                                                                                        11
Dramaturgia

A adaptação do texto exige uma reconstituição da estrutura oral do sermão,
valorizando os seus múltiplos aspectos: clareza de temas, situação e objectividade.
Por exemplo, a supressão das expressões latinas e a manutenção das redundâncias
mais preciosas do estilo; o destaque das antíteses, do encanto mordaz da ironia.
Por outras palavras, guardar o excelente, sem o sacrifício do essencial.

Cenografia e espaço cénico

Este trabalho sugere a recuperação de técnicas ancestrais das Formas Animadas,
promovendo o seu encontro com as novas tecnologias. É uma proposta intimista e
personalizada, pautada pelo contador de estórias – narrador fantástico que recria um
mundo de ilusão.
Será preciso conciliar o teatro com as artes plásticas e os recursos multimédia
(especialmente a imagem manipulada), esbatendo as fronteiras destas diferentes
linguagens artísticas no espaço de representação.
A pesquisa cenográfica vai pautar-se pelas referências da arte sacra e profana do
século XVII, especialmente a riqueza dos altares barrocos, tomada nos seus
elementos didácticos, decorativos e no seu vocabulário técnico. As imagens sugeridas
no sermão, onde a influência tropical é constante, serão também fundamentais neste
trabalho.
Existindo ainda o factor de portabilidade do cenário, torna-se importante dispor de
elementos facilmente transportáveis, em grande parte accionados pelo próprio actor.
Conseguir-se-á assim, uma maior e mais clara interacção entre os elementos
constituintes do projecto.

Musica e sonoplastia

Enquanto música, um sermão pode transformar-se quer num maná de possibilidades
quer num mar de obstáculos. As novas tecnologias permitem, no entanto, fazer uma
abordagem cheia de recursos, através da simultaniedade de aplicações em tempo
real e de soluções pré-gravadas. Estas últimas poderão ser lançadas em
determinados momentos da acção ou funcionarem de um modo contínuo,
acompanhando o texto nos seus diferentes registos dramáticos/teatrais.
O multiculturalismo, factor de opção nesta montagem, deverá estar presente numa
fusão de sonoridades e referências musicais. De igual modo, haverá que explorar os
antagonismos patentes na vida e na obra do Padre Vieira, a evocação do inferno e do
paraíso, a vida e a morte, o sagrado e o profano.

Criação visual/gráfica

A riqueza da escrita do Padre António Vieira fornece-nos uma infinidade de
caminhos para uma abordagem plástica. É natural que nesta fase prematura do
projecto, sejam ainda indefinidos os contornos de uma tal abordagem. No entanto e
à priori os seguintes elementos inspiradores revestem-se de aspectos
incontornáveis:

   O registo pictórico da época do autor
   A caligrafia e os aspectos estritamente visuais da escrita
   As formas e as cores das criaturas subaquáticas, fixadas nomeadamente nas
    ilustrações de história natural
   O Brasil nas suas diversas representações desde a época colonial.

                                                                                       12
Da confluência destes elementos com os recursos expressivos anteriormente
referidos (O Contador de Estórias, A Commedia Dell’Arte, O Teatro de Sombras) é
previsível que surja uma grande profusão de formas e imagens, obrigando a uma
conscienciosa operação de triagem.

Desenho de luz

Os pressupostos da iluminação para este projecto, por contemplarem vertentes tão
distintas como o teatro de máscaras e a manipulação bi-dimensional de imagens,
constituem por si só um grande desafio para a envolvente visual e plástica. Tudo
isso deverá suportar o imaginário do público no reflexo e na imagem do contador de
estórias.
O desenho de luz terá que englobar os meios de suporte e reforço dos diversos
recursos envolvidos – video, imagem e objectos – mas também adequar-se ao
imagético que o Kamishibai, como base da proposta cénica, nos conduz.
Assim, a iluminação deverá contribuir para que todas as formas e ambientes
revelem uma unidade com a estrutura emergente, assegurando uma relação clara
entre público e espectáculo.
A iluminação, associada à componente itinerante, dará um carácter de
portabilidade ao espectáculo e aplicação, inomeadamente no que se refere à
montagem de todos os sistemas envolvidos.

IV. Âmbito do projecto e objectivos socioculturais

A ideia central do nosso projecto é colaborar na consolidação de hábitos culturais
entre a população, apostando fortemente na formação de espectadores para as artes
performativas. Através de uma abordagem multidisciplinar e dialéctica, tencionamos
também promover, junto destes mesmos espectadores, a consciência da existência
de princípios comuns na cultura dos diferentes países, e contribuir assim para a
consolidação de valores humanistas, comuns a todos os povos.

O projecto apresenta vários níveis de interesse, integrados, mas com estratégias e
objectivos definidos especificamente para cada um deles. O programa de trabalho
desenvolve-se em três círculos de actuação, concêntricos, cujo núcleo é o Sermão de
Santo Antonio aos Peixes. Apresenta como ponto de partida os enquadramentos no
campo local e nacional, e na sequência estabelece metas num âmbito mais alargado
– a cena internacional (Brasil e Itália).

1. Desenvolvimento local: arte e sociedade

Objectivos considerados:

•     Formar futuros espectadores para as artes performativas;
•     Colaborar no desenvolvimento integral dos jovens.

Através desse tipo de intervenção artística na sociedade, poderemos contribuir para
uma melhor formação integral da nossa população juvenil, no que se refere à sua
educação cívica, à consolidação dos seus valores culturais, ao conhecimento e ao
seu interesse pela Arte. Esta estratégia assenta na integração/interacção de todos os
elementos do projecto e na colaboração activa dos parceiros envolvidos, no âmbito
social (escolas e autarquias), no campo artístico e no domínio tecnológico-científico.


                                                                                         13
Pretendemos estimular a formação de públicos, não somente visando a constituição
de futuros espectadores, mas também na persecução de valores formativos para os
jovens, tornando-os melhores cidadãos, mais sensíveis, mais críticos e participativos.

Para a difusão local do projecto, contamos com as parcerias da Câmara Municipal de
Vila do Conde, Juntas de Freguesia e agrupamentos escolares do Concelho.

2. Desenvolvimento nacional: difusão artistica

Objectivos considerados:

   Promoção da descentralização artística;
   Difusão do espectáculo em zonas culturalmente mais carenciadas;
   Colaboração para o desenvolvimento de redes de intercâmbio cultural.

Para a digressão nacional do espectáculo iremos contar com a parceria do Gabinete
de Bens Culturais da Igreja Católica (Secretariado Diocesano de Liturgia). Esta
entidade autónoma, pertencente à Diocese do Porto, faz a gestão do património
edificado, procurando também promover acções que valorizem outros aspectos da
cultura, tais como a literatura, amúsica, as tradições, festas e costumes associados à
religião católica.

Com este apoio, poderemos usufruir de uma rede alternativa de difusão cultural,
organizada a partir de estruturas socio-culturais, ligadas directa ou indirectamente à
Igreja Católica (museus, escolas, paróquias, centro sociais, etc.). Esta colaboração
será fundamental para o espectáculo, pois irá criar um novo espaço para a sua
apresentação, difusão e promoção.
Também faremos a promoção do projecto através dos meios convencionais,
contactando directamente com os teatros distritais, câmaras municipais e redes para
a difusão das artes do espectáculo.

A estrutura do espectáculo vai simplificar a sua apresentação em locais onde
normalmente não é possível levar este tipo de actividades, ou onde elas sofrem uma
perda notória das suas qualidades artísticas e, sobretudo, técnicas. Sendo
completamente autónomo nos seus recursos cénicos e técnicos, o projecto está
vocacionado para apresentação em espaços com um mínimo de recursos: pavilhões
escolares, salões paroquiais, salões de festas, centros sociais, etc.

3. Desenvolvimento internacional: multiculturalismo

Objectivos considerados:

   Divulgação da cultura nacional na cena internacional;
   Consolidação dos elos de ligação com as culturas européia e intercontinental.

Num momento determinante da construção de um futuro multicuturalista, este projecto
visa estabelecer um espírito de cooperação e intercâmbio, respeitando sempre a
identidade de cada povo.

A personalidade do Padre Antonio Vieira está impregnada de um sentido
universalista, resultante de uma vida de deslocações e intervenções internacionais.
Como defensor dos direitos do índios na Amazónia e dos judeus na Europa, como
embaixador de Portugal no estrangeiro, Vieira desempenhou sempre um papel

                                                                                         14
importante na defesa dos direitos humanos, independentemente das limitações
advindas dos poderes religiosos, interesses políticos ou constrangimentos culturais e
linguísticos.

Aproveitando as relações de Vila do Conde com Olinda (Brasil) e Villa del Conte
(Pádua, Itália), pretendemos associar ao nosso projecto uma vertente internacional,
com a apresentação do espectáculo nos dois países aos quais a vida e a obra do
Padre António Vieira se encontra ligada. Depois da sua formação na Bahia, o padre-
ainda muito jovem - ensinou retórica, durante quatro anos, no Colégio dos Jesuítas de
Olinda. Pádua é um cidade que muito deve a Santo Antonio. A Basílica começou a
ser construída poucos meses depois da morte do santo, em Camposanpiero,
convento perto de Villa del Conte, cidade da província de Pádua. António Vieira
recorre ao santo (de seu nome e de sua ordem) por diversas ocasiões, em vários dos
seus sermõs.

Para cumprir tal objectivo, o espectáculo será produzido em duas línguas: português e
italiano. Para a versão italiana do texto, escolhemos a excelente tradução de
Vincenzo Barca, Sermone di Sant'Antonio ai pesci, (ed. Marietti/Milano).

Haverá que ter presente que a União Europeia celebra, em 2008, o ano europeu do
diálogo multicultural, enquanto instrumento para a aproximação entre os povos do
planeta. No quadro da reflexão geral sobre o futuro da União, o presidente Durão
Barroso declarou ser fundamental promover os valores de diversidade cultural,
liberdade, tolerância e respeito pelos direitos humanos, afirmando que “a cultura não
é algo de decorativo ou instrumental, mas sim o fundamento da Europa.”

Considerando que o TFA participa anualmente em diversos festivais (nacionais e
internacionais), e as produções da companhia permanecem em repertório por
grandes períodos de tempo, este projecto constituirá simultaneamente um patamar
para divulgação da cultura portuguesa no estrangeiro, comunicando e interagindo
através de uma linguagem universal inerente à própria definição de arte.

V. Elementos de inovação

                                       …e não há nada que não haja,
                                       nem coisa que se assemelhe.
                                       (provérbio chinês)


De facto, não há nada de novo, mas sempre novas maneiras de fazer as coisas…

Media (meios) é o plural latino de medium, pelo que o termo multimedia pode ser
considerado pleonástico. Sendo também o teatro, por definição, uma arte aglutinadora
de disciplinas (técnicas e artísticas), a integração que faz das novas tecnologias não
é, de maneira nenhuma, um tema novo.

A inovação deste projecto está directamente ligada à investigação e recuperação de
formas tradicionais da narração oral, associando o seu potencial expressivo às mais
recentes tecnologias da informação. Trata--se, concretamente, de um up-grade
performativo de sistemas já há muito implementados.

Esta nossa actual proposta encerra um ciclo de exploração das possibilidades
expressivas do Teatro de Papel (ou Teatro Planista), que a companhia desenvolveu

                                                                                         15
ao longo dos dois últimos espectáculos: Teatro de Papel / Anfitrião e Teatro de Papel /
Convidado de Pedra (este último apoiado pelo IA em 2006, e ainda em cartaz).

É uma preocupação permanente do projecto artístico do TFA a recuperação das
formas de expressão artística tradicionais, conciliando a sua prática com a
experimentação de soluções inovadoras, adaptadas à evolução dos tempos, do
espaço, do público e dos meios disponíveis.

Destacamos a seguir os recursos utilizados no espectáculo:

•     Sistema de vídeo Led streep
•     Operação multimédia interactiva com teatro
•     Som multi-dinâmico
•     Iluminação teatral e sonoplastia
•     Formas animadas (meia-máscara latina + teatro de sombras)
•     Cenografia integrada com suportes multimédia
•     Criação gráfica
•     Narração oral (contador de histórias, orador)
•     Efeitos especiais (recursos do ilusionismo)

Os conteúdos multimédia, associados ao computador e ao sistema de monitorização
de imagem em tempo real, possibilitam a interacção de recursos teatrais e digitais,
numa adequada gestão dos tempos e acções do espectáculo.


VI. Estratégia de desenvolvimento

Actividade principal: Espectáculo PAYASSU

A principal das vertentes deste projecto consiste na montagem de um espectáculo
performativo profissional, cuja estreia acontecerá na cidade de Vila do Conde, sede
do projecto TFA.

Após efectuarmos o estudo e a adaptação dramatúrgica do texto de Antonio Vieira,
far-se-á a sua adaptação, tendo em conta os pressupostos técnicos e estéticos das
linguagens teatral e multimédia. O texto final será então utilizado na montagem do
espectáculo, com o título “Payassu – o verbo do Pai Grande”.

O espectáculo fará a sua estreia e temporada estável no espaço da Igreja do
Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, com apresentações para as escolas e o
público em geral.

Após a este período, teremos o seguinte percurso:

•     Digressão pelas freguesias de Vila do Conde (20 localidades);
•     Digressão na área metropolitana do Porto;
•     Digressão nacional e internacional (Itália e Brasil).

Esta produção terá uma forte componente itinerante. Para tal, o espaço cénico deverá
constituir uma estrutura teatral autónoma, podendo ser montada em locais não
convencionais para a prática de espectáculos performativos.



                                                                                          16
EQUIPA

A maior parte dos criadores e técnicos envolvidos neste projecto são parceiros do
TFA de longa data. A confluência dos seus interesses e a diversidade das suas
linguagens faz com que cada novo projecto seja um exercício revitalizante, de
inesperados resultados criativos.
A integração de uma nova proposta expressiva neste trabalho, a comunicação
multimédia, é também um desafio estimulante para o TFA, oferecendo uma
oportunidade de aprendizagem e renovação para o Teatro de Formas Animadas.

Para a realização do espectáculo performativo a que nos propomos, apresentamos a
seguir o perfil profissional de alguns dos nossos colaboradores:

MarceloLafontana
Encenador/actor

Encenador, actor e professor, especializado na áea do Teatro de Formas Animadas.
Licenciado em Artes Cénicas (São Paulo) e Teatro e Educação (Coimbra).

Na sua formação complementar, trabalhou com grandes nomes da cena internacional,
como Alexandre Vorontsov (Moscovo); André Riot-Sarcey (Ècole Jack Lecoq); Gisele
Barret (França); Jordi Bertran (Barcelona);Jorge Eines (Real Escuela de Arte
Dramática de Madrid); Stephen Mottram (UK); Kuniaki Ida (Japão/Itália); Richard
Bradshaw (Austrália). Através do ISTA – Internacional Scholl of Anthropology Theatre
(Odin Theatre), teve ainda formação com Eugénio Barba, Roberta Carreri, Julia
Varley, Nagel Rasmussen, Ragunath Panigrahi, entre outros.

Iniciou a sua carreira profissional no Brasil em 1986, como actor, marionetista e
professor de teatro. Radicado em Portugal desde 1990, trabalhou com encenadores
de prestígio, como José Caldas e João Paulo Seara Cardoso, tendo colaborado com
estruturas como o Ballet Teatro Contemporâneo do Porto, Teatro Bruto, Quinta
Parede, Marionetas do Porto e Teatro Nacional São João. Contratado pela RTP,
participou em séries e concursos televisivos.
Assume em 1998 a criação e direcção artística do projecto TFA – Teatro de Formas
Animadas de Vila do Conde. Desde então, encenou diversos espectáculos com esta
companhia, dentre os quais destacam-se as duas co-produções com o Teatro
Nacional São João: Teatro de Papel/Anfitrião (2003) e Teatro de Papel/Convidado de
Pedra (2006).

Como docente na área artística, leccionou a disciplina Teatro de Formas Animadas na
Licenciatura em Teatro da ESAP – Escola Superior Artística do Porto, e na
Licenciatura Teatro e Educação, da Escola Superior de Educação de Coimbra.
Colabora regularmente com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade do Porto (departamento de pós-graduação).

José Coutinhas
Dramaturgo

Escritor, jornalista, professor e tradutor poliglota. Professor de língua e cultura
portuguesas na Université Populaire de Mulhouse, França. Colabora com o TFA
desde 2002, na tradução, adaptação e investigação literária dos espectáculos da
companhia. É também dramaturgo colaborador do TNSJ.

                                                                                       17
Autor de livros de poesia, contos e diversas peças de teatro, estas últimas encenadas
em França e em Portugal. A sua peça Der Candidat foi recentemente adaptada em
francês por Louis Perin (prémio Voltaire 2004).

Como jornalista, foi correspondente especial na Suíça de O Comércio do Porto e de A
Capital. Foi colaborador do Le Nouveau Républicain e da revista Autrement, Paris.
Colaborou ainda com a SSR (Rádio Suíça Internacional), Berna.

Foi professor e director do Institut Français, do Porto. Como tradutor, assina a série
policial Fleuve Noir (Brasília Editora), a biografia de Siza Vieira, do italiano; A Arte de
Projectar em Arquitectura, de Neufert, do alemão (Editora Gilli, Barcelona).

Marta Silva
Cenógrafa

Licenciada em Teatro (área de Cenografia) pela ESMAE - Escola Superior de Música
e das Artes do Espectáculo (IPP – Porto).

Realizou diversos cursos de especialização, com prestigiados criadores, como Aline
Didier (Paris). Recebeu a bolsa de Mérito atribuida pelo Instituto Politécnico do Porto,
e o prémio de distinção da Fundação Eng.º António de Almeida – Porto.

Diversos trabalhos de cenografia, realizados em Portugal e no estrangeiro.

Trabalhou com as seguintes companhias (entre outras):

Teatro de Construção em Joane
Quinta Parede
Teatro Nacional São João
A Comuna
Teatro Art’Imagem
TFA - Teatro
HardtMachin Group – Bélgica

Trabalhou com os seguintes criadores (entre outros):

José Caldas
José Leitão
Marcelo Lafontana
Sarah Turton
Benjamim Brittem
Norma Silvestre
José Wallenstein

Professora de cenografia na ESMAE – Porto, e na Universidade de Aveiro.

Luis Silva
Criação visual/gráfica

Curso Superior de Ilustração/Banda Desenhada pelo Institut Supérieur des Beaux-
Arts St. Luc (Liège, Bélgica), finalizado com Grande Distinction.


                                                                                              18
Frequência do 3º Ano do Curso Superior de Design de Comunicação - Arte Gráfica da
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
Exposições de desenho em diversos espaços e galerias: Galeria do Hotel de Ofir
(1995), Monumental Casino da Póvoa (1996), Delaunay – Galeria de Arte (1997),
(Sierre, Suíça), Câmara Municipal de Loulé
Desenvolve actividade para publicidade, colaborando com empresas de
prestígio,como a Mccann-Ericksson, a Publicis, o Atelier João Nunes, a Sino, entre
outros.
Como ilustrador, colaborou com o Diário de Notícias (suplemento de economia), o
Jornal de Notícias, o Jornal de Letras, a Revista Ideias e Negócios e a Revista Visão.
 É autor dos desenhos do filme de animação Os Poderes do Senhor Presidente,
realizado por Abi Feijó, exibido no Museu da Presidência da República.
Desde o ano de 2004 colabora com o TFA - Teatro de Formas, na criação visual dos
espectáculos Teatro de Papel/Anfitrião e Teatro de Papel/Convidado de Pedra,
encenados por Marcelo Lafontana.

É autor de livros para infância, e de ilustrações para exposições diversas.

Rui Damas
Desenhador de iluminação

Concluiu o Curso Técnico-Profissional de Artes Gráficas e Comunicação no Porto, na
Escola Secundária Soares dos Reis.
Na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE), licenciou-se
em Teatro – Luz e Som, ramo de Produção.
Frequência no Curso de Teatro no Dartington College of Arts – Inglaterra

Docente permanente na ESMAE – IPP (cadeira de Pratica Oficinal I e II), Curso de
Teatro, Opção de Design Luz e Som.

Trabalhou com prestigiados criadores teatrais, entre os quais destacamos:

João Mota
José Caldas
Jorge Castro Guedes
Rogério de Carvalho
José de Oliveira Barata
José Prata
Marcelo Lafontana
Angelina Réoux
Andrea Gabilondo
João Luiz
José Carretas
Paula Simms
Claire Bynion
Dennis Bernard

Trabalhou com diversas companhias e teatros, tais como:

Teatro da Vilarinha
Arquipel
Teatro Académico Gil Vicente
Teatro do Campo Alegre

                                                                                         19
Companhia de Teatro de Braga
Teatro Nacional São João
TFA – Teatro de Formas Animadas
Teatro Universitário do Porto - TUP
HardtMachin Group - Bélgica
Rivoli Teatro Municipal
Teatro Sá de Miranda
Teatro Helena Sá e Costa
Festival de Teatro de Montemuro
Aud. Nac. Carlos Alberto
Companhia de Teatro Bonifrates
Aud. Nac. Carlos Alberto
Quinta Parede

Eduardo Patriarca
Compositor musical

Curso de Música Silva Monteiro - Porto (piano, composição e história da música),
Cursos de Composição na Escola Superior de Música do Porto e Escola Superior de
Música de Lisboa.

Estudou com os seguintes mestres:

Sofia Matos
Fernando C. Lapa
Joaquim Marques da Silva
Cândido Lima
António Pinho Vargas
Amílcar Vasques Dias
Miguel Ribeiro Pereira
Álvaro Salazar
Luís Filipe Pires
Christopher Bochmann.

Realizou, ainda, masterclasses com:

António Sousa Dias
Wilfred Jenstchz
Gerard Staebler
Philipe Hurel
Emmanuel Nunes
Jorge Peixinho.

Professor de música (composição e história) na Escola de Música da Póvoa do
Varzim, na Academia Pio X de Vila do Conde, na Escola Profissional de Mirandela e
na Academia Santa Cecília de Espinho.

Autor/compositor de diversas obras com suportes digitais, foi o autor indicado pelo
Miso Music para representar Portugal na Unesco, em 2005.
A sua obra tem sido tocada com regularidade em vários locais, em Portugal e no
estrangeiro. Criador da ópera Morte de João Espergueiro e sua Contestação Aturada,
com libreto de Valter Hugo Mãe, executada no Teatro Municipal S. Luiz.


                                                                                      20
Destacamos as composições musicais para Teatro de Papel/Anfitrião e Teatro de
Pape/Convidado de Pedra, encenados por Marcelo Lafontana, em coproduções do
TFA - Teatro de Formas Animadas com o Teatro Nacional São João

Tem sido júri do Concurso Marília Rocha desde a sua primeira edição.


PÚBLICOS

I. Caracterização do público-alvo e meio social

O público-alvo é constituído prioritariamente pelos jovens com idades compreendidas
entre os 12 e os 18 anos. O projecto tem uma forte componente itinerante, sobretudo
no que se refere às apresentações performativas. Atingirá públicos de muitas zonas
do país, em diferentes momentos da sua apresentação, a começar pela zona
metropolitana do Porto, nomeadamente o concelho de Vila do Conde.

Vila do Conde acolhe o projecto do TFA há exactamente 10 anos (1998-2008). A
cidade conta com uma população de cerca de 80000 habitantes residentes,
distribuídos por 30 freguesias (censo 2001), e 8295 estudantes (1º Ciclo – 3835
alunos; 2º e 3º ciclo 4460 alunos). Situada no Norte do país, na periferia da Área
Metropolitana do Porto, cidade com a qual Vila do Conde tem excelentes ligações
rodoviárias, por auto-estradas e vias de acesso rápido, construídas ao longo da última
década. A economia local baseia-se principalmente na indústria, na actividade
piscatória e no turismo. A considerável dimensão da área geográfica, o isolamento de
algumas das suas freguesias e a falta de oferta cultural existente justificam a
existência de um projecto artístico, sobretudo podendo integrar elementos que
contribuam para o desenvolvimento sócio-cultural do grande concelho que é Vila do
Conde.

II. Captação de públicos

Subjacente a esta proposta, surge a necessidade de colmatar as carências existentes
em termos de oferta cultural para a formação de públicos, em Vila do Conde. O
projecto é dirigido ao público em geral, em especial às crianças e jovens em idade
escolar. Para estes últimos, urge criar hábitos culturais indutores de um melhor
desenvolvimento. Esperamos poder dar um contributo válido no sentido da captação e
formação de novos públicos, nomeadamente através de uma intervenção artístico-
pedagógica integrada na comunidade. Para a concretização destes objectivos torna-
se fundamental programar itinerâncias capazes de alcançar os meios mais
carenciados, e em especial com a colaboração das escolas. Referimo-nos
concretamente à população residente nas freguesias do interior do Concelho, com
incidência nas crianças e jovens sem o acompanhamento familiar para acederem a
actividades de ordem cultural.

Conjuntamente com a sua actividade teatral, e na sequência do trabalho
anteriormente desenvolvido, o TFA tem procurado implementar uma estratégia de
programas conducentes à formação de públicos. Orientada no sentido da colaboração
com o meio escolar, esta acção envolve os professores, conselhos pedagógicos,
alunos e encarregados de educação. Esta modalidade de actuação, especialmente
direccionada para as escolas, vem interessando, anualmente, muitos milhares de
alunos. Neste caso, as apresentações são complementadas com sessões de debate
crítico e acções para a desconstrução do objecto teatral, como seminários, cursos de

                                                                                         21
formação e exposições. Integrada nessa mesma estratégia, o TFA tem promovido,
com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde, a edição de cadernos de criação
sobre cada um dos seus espectáculos. Estas publicações oferecem um instrumento
de exploração dos textos seleccionados pela companhia, com base em obras de
grandes autores nacionais e estrangeiros. Os cadernos pressupõem ainda a análise
da criação artística e tecnológica, nos diferentes aspectos e disciplinas envolvidos.

Abordamos aqui um projecto artístico-pedagógico, com resultados extremamente
compensadores no que se refere ao interesse despertado no público jovem. A
intenção é sensibilizá-lo para as artes performativas, para a discussão de temas da
actualidade e para o conhecimento crítico das obras literárias.

Nesta estratégia de formação de públicos, definimos como objectivos específicos:

   Promoção do desenvolvimento pessoal e social das crianças e jovens;
   Divulgação, valorização e desenvolvimento do teatro em geral e do Teatro de
    Formas Animadas em particular;
   Integração social das crianças e jovens, principalmente nos meios económica e
    culturalmente mais desfavorecidos, graças a uma linguagem universal, decorrente
    da arte;
   Complementação dos conhecimentos escolares, interagindo com o conteúdo
    programático das aulas;
   Desenvolvimento da capacidade de participação crítica, em actividades de grupo;
   Contribuição para a educação cívica dos participantes, evidenciando a diferença
    de personalidade e modo de estar em grupo, na interrelação pessoal;
   Aceitando das diferenças, levando os participantes a ouvir e a valorizar a opinião
    de outrem.

Com este projecto, englobando espectáculos de Teatro e acções complementares,
pretendemos chegar a um universo alargado de crianças e jovens, em idade escolar.
Desta forma, atingiremos mais eficazmente a população das freguesias mais
distantes – e por isso mais carentes – da sede do Concelho.




                                 Payassu – Esboço inicial para o espaço cenográfico




                                                                                         22
PARCERIAS

No âmbito do projecto, estabelecemos parcerias com as seguintes entidades:

1. Câmara Municipal de Vila do Conde

Tipo de colaboração – Patrocínio e apoio global ao projecto

- Apoio financeiro (comparticipação no valor da produção)
- Cedência de instalações para produção e apresentação
- Cedência de equipamentos, recursos humanos, transportes, etc.
- Apoio para a promoção e difusão
- Apoio logístico (na organização das actividades)

2. ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo)
    TCAV - CURSO DE TECNOLOGIA DA COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL

Tipo de colaboração – Parceria tecnológica

    - Aconselhamento técnico (equipamentos e procedimentos)
    - Investigação criativa para a linguagem multimédia
    - Desenvolvimento do suporte multimédia

3. Agrupamentos escolares de Vila do Conde

Incluindo as instituições escolares:

   Escola Secundária Afonso Sanches
   Escola Secundária José Régio
   Agrupamento de Escolas Afonso Betote
   Agrupamento de Escolas Júlio Saúl Dias
   Agrupamento de Escolas de Mindelo
   Agrupamento de Escolas da Junqueira
   Agrupamento de Escolas Maria Pais Ribeiro

Tipo de colaboração – Parceria de implementação

- Mobilização de espectadores
- Apoio às actividades complementares, de cariz pedagógico.
- Apoio logístico

4. Gabinete de Bens Culturais da Igreja Católica
   (Secretariado Diocesano de Liturgia).

Tipo de colaboração – Parceria de Difusão

- Cedência de espaços para a apresentação
- Divulgação do evento ao público
- Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos.
- Apoio logístico




                                                                             23
5. FACE
   Centro de Formação da Associação de Escolas de Vila do Conde

Tipo de colaboração – Parceria pedagógica

- Canal de acesso directo aos professores
- Apoio na organização das oficinas pedagógicas
- Mobilização de recursos para as acções complementares.

6. Comune de Villa del Conte – Itália

Tipo de colaboração – Parceria européia para a difusão

Organização das apresentações na Itália

- Cedência de espaços para a apresentação
- Divulgação do evento ao público
- Apoio logístico
- Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos.

7. Prefeitura de Olinda – Brasil

Tipo de colaboração – Parceria internacional para a difusão

Organização das apresentações no Brasil

- Cedência de espaços para a apresentação
- Divulgação do evento ao público
- Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos.
- Apoio logístico

INSTALAÇÕES

Para a realização deste projecto, o TFA - Teatro de Formas Animadas vai dispor de
dois diferentes espaços (para as fases de produção e apresentação), enunciados e
descritos a seguir.

1. Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde




                                        Arquivo de Vila do Conde 2005




                                                                                    24
Neste espaço, sede do TFA - Teatro de Formas Animadas, serão realizados todos os
trabalhos de construção plástica do espectáculo (cenários, figurinos e demais
elementos cénicos), e também onde vai decorrer a maior parte dos ensaios.
A exposição Vieira Multicultural (actividade complementar do projecto) deverá ocupar
o Salão Nobre do edifício.

Descrição das instalações e regime legal de utilização

O regime legal determina a cedência por tempo indeterminado, regulamentada por
protocolo assinado com a autarquia local, aprovado por unanimidade em Assembleia
Municipal.
Ao longo dos últimos 10 anos, a Câmara Municipal tem assim cedido, para uso
exclusivo da companhia, instalações apropriadas ao desenvolvimento dos projectos
artísticos. O espaço atribuído ao TFA comporta uma oficina de construção plástica,
um pequeno auditório (55 lugares), escritório e armazéns. O TFA beneficia também
da utilização de alguns espaços comuns, como o Salão Nobre, o Atelier de Artes
Visuais, no Centro, e, noutros locais da cidade, por exemplo o Auditório Municipal
(250 espectadores).




                                               Oficina TFA 2003


Vocação do espaço

O Centro está vocacionado para apoiar os jovens em várias áreas, numa atitude de
intervenção e prevenção de situações de risco. O equipamento proporciona
actividades em áreas tão diversas como o lazer e ocupação dos tempos livres,
formação profissional e complementar, orientação vocacional e profissional, apoio
psicossocial, no sentido de uma familiarização com as mais recentes tecnologias da
comunicação e informação.
O Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde é o resultado de uma aposta da
Câmara Municipal no sentido de encarar a educação como um processo globalizante
que ultrapassa largamente os limites da escola. A Câmara Municipal dotou este
espaço com estruturas e equipamentos que possibilitam aos jovens uma ocupação
saudável dos tempos livres, desenvolvimento cultural, recreio e convívio, orientação
psicopedagógica, social e profissional, cursos de formação, contribuindo deste modo
para a formação integral dos jovens.

Breve historial do edifício

O imóvel onde o TFA desenvolve as suas actividades é um belo edifício de finais do
século XIX, onde funcionou, até aos anos 30, o casino de Vila do Conde. No decorrer
dos anos 30, instalou-se um colégio de ensino particular - o Colégio de S. José - que

                                                                                        25
aí funcionou até 1988. A Câmara Municipal comprou o imóvel que se apresentava
bastante degradado. A restauração e reabilitação do edifício foi elaborada de forma
a manter a traça original, com duas ampliações que permitiram dotar o imóvel de um
quadro, dispondo de excelentes áreas funcionais.


2. Igreja do Convento de Santa Clara




                                   Arquivo de Vila do Conde 2005




Descrição das instalações e regime legal de utilização

A Igreja de Santa Clara, espaço previsto (ainda em negociações) para a estreia e
temporada inicial do espectáculo, está classificada como monumento nacional, e a
sua gestão compete actualmente à Câmara Municipal de Vila do Conde. É um templo
do século XIV, pertencente ao Convento de Santa Clara, edifício de estrutura gótica,
com alguns acréscimos renascentistas. A sua planta, em forma de cruz latina, possui
uma única nave, transepto e abside. Os tectos da nave e do transepto estão
revestidos de belos caixotões dos fins do século XVII, cuja talha barroca é
considerada das mais belas do país. A capela-mor apresenta um arco profusamente
decorado e abóbada polinervada. Os fundadores, infante D. Afonso Sanches, filho
bastardo de D. Dinis, e sua mulher D. Teresa Martins, repousam na capela construída
no século XVI. Os túmulos, em pedra de ançã, contam-se entre as mais belas obras
de escultura em estilo manuelino.

A igreja encontra-se actualmente encerrada ao público, e não se realizam ali cultos
religiosos. O TFA tem utilizado o local, por cedência da Câmara Municipal de Vila do
Conde, para a apresentação de alguns dos espectáculos da sua programação anual,
como foi o caso dos “Bonecos do Santo Aleixo”, em Dezembro de 2007.

Acreditamos que a Igreja de Santa Clara de Vila do Conde constituirá um cenário
ideal para a realização do nosso espectáculo.




                                                                                       26

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projecto payassu

  • 1. 2008 TFA – Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde [PAYASSU] O VERBO DO PAI GRANDE 1
  • 2. INDICE DADOS DA CANDIDATURA I. Designação II. Descrição sumária do projecto III. Site de divulgação EXPOSIÇÃO DO PROJECTO I. Definição do objecto de trabalho II. Proposta artística III. Notas criativas IV. Âmbito do projecto e objectivos socioculturais V. Elementos de inovação VI. Estratégia de desenvolvimento EQUIPAS I. Responsável artístico II. Responsável pela área de gestão III. Equipa artística e técnica PÚBLICOS I. Caracterização do público-alvo e meio social II. Captação de públicos INSTALAÇÕES I. Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde II. Igreja do Convento de Santa Clara 2
  • 3. DADOS DA CANDIDATURA I. Designação 1. Nome do projecto Payassu – O Verbo do Pai Grande 2. Significado do termo empregue Payassu significa “pai grande”, na língua tupi-guaraní. Foi o nome dado ao Pe. António Vieira pelos índios brasileiros no século XVII. II. Descrição sumária do projecto A nossa proposta envolve a montagem de um espectáculo performativo pluridisciplinar. Prevemos uma fusão de recursos multimedia com as técnicas do Teatro de Formas Animadas e as bases tradicionais do contador de estórias. O objectivo do projecto é a captação e sensibilização de novos espectadores, através da utilização de um eficaz recurso de comunicação, artístico e pedagógico. Como estratégia, iremos recorrer à obra do padre António Vieira, cujo conteúdo será contextualizado pelo momento histórico em que viveu este autor, mas também faremos a analogia com a realidade dos dias de hoje, dando ênfase à intemporalidade dos temas tratados. Como complemento, poderemos ainda vir a desenvolver actividades pedagógicas, vocacionadas para a formação de públicos. 3
  • 4. EXPOSIÇÃO DO PROJECTO I. Definição do objecto de trabalho Conceito integrador: teatro / artes plásticas / multimédia. Tecnologia Led Screen Imagem: FORTH Corporation USA Il Retablo della Vergine Foto: Igreja San António - Pádua Justificamos a nossa candidatura na área transdisciplinar pela convergência de elementos artísticos (cénicos e plásticos), presentes no Teatro de Formas Animadas, e os recursos científicos próprios do universo da tecnologia multimédia. O conceito multimédia é normalmente entendido como a combinação, controlada por computador, de meios de comunicação estáticos (texto, fotografia, gráfico), com recursos expressivos dinâmicos (vídeo, áudio, animação). A apresentação ou recuperação da informação faz-se de maneira multissensorial, isto é, mais que um sentido humano se encontra envolvido no processo. A multimédia permite a utilização de meios de comunicação que, até há bem pouco tempo, não era possível empregar de maneira coordenada, tais como: • Registo de som (voz humana, música, efeitos especiais) • Fotografia (imagem estática) • Vídeo (imagens em pleno movimento) • Animação (desenhos animados) • Textos e gráficos diversos 4
  • 5. Enfim, o termo multimédia surge para designar tecnologias com suporte digital que deverão criar, manipular, armazenar e apresentar ao público conteúdos informativos em tempo real. No presente projecto, queremos aliar aos recursos acima mencionados as técnicas das artes performativas, nomeadamente o vocabulário específico do teatro (encenação, interpretação, dramaturgia, etc.) e das artes plásticas. Homem multimédia – J. K. Phelps 2007 Para este efeito, daremos especial ênfase à exploração dos elementos da narrativa oral (contador de estórias, orador, jogral, etc.) e dos recursos das formas animadas (manipulação da imagem). Neste último caso, a valorização da narrativa visual e plástica é preponderante para a obtenção de resultados expressivos. A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas deverá ser conseguida pelo processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela sua simples combinação sequencial. Corroborando a nossa opção pela área transdisciplinar, citamos Michael Parsons, (uma das personalidades mais importantes da Arte-Educação nos Estados Unidos). Na conferência Educação Estética e Artística - Abordagens Transdisciplinares, organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, Parsons defendeu a necessidade de um maior investimento para a aproximação entre a experiência artística e a novas tecnologias da informação. Segundo este especialista, deve-se promover a “consciência da diversidade de objectivos, da influência cultural na aprendizagem, do poder dos multimédia”. Este projecto artístico e pedagógico será especialmente concebido para o jovem público. O seu impacto assenta na qualidade literária do autor, da equipa criativa do espectáculo e na inovação dos recursos utilizados para a comunicação das ideias, conceitos e valores. 5
  • 6. II. Proposta artística 1. Conteúdos dramaturgicos O autor O céu estrela o azul e tem grandeza Este, que teve a fama e a glória tem, Imperador da língua portuguesa, Foi-nos um céu também. No imenso espaço seu de meditar, Constelado de forma e de visão, Surge prenúncio claro de luar, El-Rei D. Sebastião. Mas não, não é o Luar: é luz e etéreo. É o dia; e, no céu amplo de desejo, A madrugada irreal do Quinto Império, Doira as margens do Tejo. Fernando Pessoa, in Mensagem Litografia de C. Legran 1641 Padre, pregador, payassu, pragmático e apaixonante Vieira Personagem complexo e contraditório, padre antes de o ser, pregador da alforria dos índios, mas aceitando a escravatura; servidor da Igreja, mas hostil à Inquisição que o acusa de tudo e mais alguma coisa: injurioso, escandaloso, ofensivo, herético, e o prende e o queima em efígie. Consciente da evolução dos tempos, do mercantilismo urgente, como única via para o progresso material do país. Vieira é pelo diálogo com os judeus que a Igreja vai garrotando e que, fugidos da pátria, iam fazendo da inóspita Holanda um país opulento como aquele que nós havíamos sido. Irrequieto e irreverente na vida e na escrita, ele joga com a ironia e maneja a antítese como nenhum outro autor barroco. Serve-se delas para propagar a fé cristã, mas fá-lo contra os cânones vigentes de uma Igreja, para a qual entrou ainda menino e a que deve obediência. As alegorias que recheiam as suas prédicas são por vezes habilidosamente confusas na crítica dos homens e na exortação do patriotismo. Embaixador itinerante, perde na diplomacia e ganha na ingratidão da pátria. Contraditória personagem, mas e talvez por isso mesmo, apaixonante personagem. Texto Vos estis sal terræ. S. Mateus, V, l3. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado na cidade de São Luís do Maranhão, no ano de 1654, na sequência da disputa com os colonos portugueses radicados no Brasil. O texto constitui um documento essencial para compreender a surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do autor. O pe. António Vieira serve- se alegoricamente de animais marinhos (roncadores, pegadores, voadores e polvos) para denunciar os defeitos dos homens. Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão faz de igual modo o elogio das virtudes humanas e, principalmente, a censura severa dos vícios. O 6
  • 7. sermão, sabiamente irónico, foi proferido três dias antes do Padre António Vieira embarcar ocultamente para Portugal, para escapar à ira dos colonos ou, na versão oficial, tentar obter uma legislação justa para os índios. Contexto Intemporalidade do padre barroco. Porque se celebra este ano o quarto centenário do nascimento do Pe. António Vieira (1608-1697), a hora é chegada para recordarmos, à nossa maneira (que é o Teatro de Formas Animadas), um dos sermões do grande autor barroco português. Pensador intemporal e multifacetado, consciente, já no seu tempo, da urgência de adopção dos novos ventos vindos da Europa. Um autor apaixonante para ser tratado num teatro como o nosso, também ele multifacetado, também ele capaz de jogar com os modos e os módulos trazidos pela evolução dos tempos. Sub-texto As três abordagens do Barroco Subjacente à escolha do Sermão de Santo António aos Peixes, está a concretização de um projecto iniciado em 2003 pelo TFA. Iremos completar agora a trilogia barroca começada com António José da Silva e prosseguida com Tirso de Molina. Ao longo deste ciclo, procurámos abordar o binómio liberdade/castigo, sob três diferentes ângulos: com a peça Anfitrião, apresentámos uma solução de impunidade, desoladora para a incapacidade de justiça na sociedade (uma visão profética para o triste fim de um autor, queimado às mãos do Santo Ofício). Com o texto espanhol O Convidado de Pedra, a solução chega com o castigo divino, que se impõe e se substitui à (in)justiça terrena. Em ambos os casos, vigora a impunidade na Terra. Agora, com o Pe. António Vieira, abordamos uma terceira via, cuja solução não passa pela impunidade dos poderosos, nem pelo seu castigo divino. Neste autor, a denúncia directa deverá levar à sublimação dos males da Humanidade. 2. Técnica, estética e poética Como base para a nossa proposta, definimos a utilização dos seguintes recursos expressivos, de carácter performativo, tendo em vista a elaboração do espectáculo:  O Contador de Estórias  A Commmedia Dell’Arte  O Teatro de Sombras Desenvolveremos a seguir cada um desses elementos em separado, justificando assim o seu enquadramento neste projecto. 7
  • 8. O Kamishibai e a arte do Contador de Estórias Foto: A. Nakamura 1964 Na tradição oral, a narrativa implica a presença simultânea do narrador e audiência. O narrador expõe a situação, enquanto os ouvintes depreendem a mensagem e criam imagens mentais pessoais. Nesta experiência, o público torna-se co-criador da arte. Desconhecemos a forma com que os sermões do Pe. António Vieira foram pronunciados. Na opinião de alguns investigadores, é provável que o orador improvisasse total ou parcialmente o seu discurso, que seria posteriormente fixado na escrita. Da mesma maneira, encontramos na literatura oral uma forma de arte improvisacional. Por via de regra, o narrador não memoriza um conjunto de textos, mas aprende uma sequência de elementos que formam um arco narrativo satisfatório (uma trama) com um início, meio e fim distintos. O narrador visualiza as personagens e cenários e improvisa então o fraseado. Por conseguinte, nunca duas narrativas de uma mesma estória oral serão exactamente iguais. Nesta lógica, podemos afirmar que à obra literária de Vieira está subjacente o homem da palavra livre, o contador, o encantador espontâneo de plateias. Nos seus sermões, António Vieira é o arquitecto da ilusão. Utiliza habilidosas associações, enredos surpreendentes e alegorias quase surrealistas, convencendo o ouvinte da verdade inquestionável do seu discurso. Citando A. J. Saraiva, a prédica do padre “tem a aparência da mais rigorosa dedução, mas na realidade segue os caminhos arbitrários e múltiplos de uma fantasia prodigiosa, que em certos casos sugere uma densidade poética”. Temos, na figura de Vieira, o narrador oral, o mestre da acção e o fazedor da ilusão. Em suma, um actor. Para tentar reconstituir a estrutura oral do Sermão de Santo António aos Peixes (ou do que ela poderia ter sido), há que procurar perceber os aspectos multifuncionais da arte dos contadores de estórias. Embora existam na Europa diversos exemplos de contadores de estórias, é na tradição japonesa do kamishibai que encontramos um modelo perfeitamente adaptado ao conceito teatro-multimédia que nos propomos tratar. Essa forma muito popular de representação, cujo nome significa literalmente "drama de papel", teve origem nos 8
  • 9. templos budistas japoneses no século XII. Através dos emaki, pergaminhos que combinam imagens com texto, os monges transmitiam ensinamentos morais para audiências maioritariamente analfabetas. A arte sacra europeia seguiu caminhos que finalmente não divergiam muito doutras culturas. No kamishibai, o contador de estórias anunciava a sua chegada batendo com dois blocos de madeira, unidos por uma corda (hyoshigi). O público, formado por adultos e crianças, compravam doces e sentavam-se à volta do cenário. Para uma plateia atenta, o kamishibaiya contava as estórias, utilizando um pequeno teatro de madeira, construído de forma a poder conter ilustrações a utilizar no decorrer da Foto: Hishiro Kata - 1972 narrativa. O teatrinho tinha por função separar o mundo da estória do mundo real. Valorizando fortemente a oralidade, os textos que fazem parte dos Kamishibai são claros e directos, com histórias marcantes e empolgantes. Os desenhos eram bem definidos, para serem vistos a maiores distâncias e impressionarem o público. Foto: Hishiro Kata - 1972 Este método de contar estórias manteve-se activo durante vários séculos, mas possivelmente só se tomou consciência dele nos inícios do século XX. Em Tóquio, no auge da grande depressão dos anos 20, um número crescente de desempregados encontrou no kaishibai uma forma de subsistência. A tradição foi-se perdendo, e desapareceu quase por completo com a chegada da televisão, nos anos 50. Recentemente, esta prática foi recuperada pelas bibliotecas e escolas primárias japonesas, ressurgindo sob a forma de Kamishibai educativo, e é considerada património cultural japonês. Foto: Hishiro Kata - 1972 Embora encontremos na Europa algumas tradições orais análogas ao drama de papel japonês, como o Toy Theatre inglês (Teatro de Papel) e a Literatura de Cordel, iremos basear o nosso projecto na analogia desta prática com a arte visual de carácter religioso, nomeadamente a proposta do altar barroco, subtendido como espaço cénico para a oralidade do sermão. É importante frisar a utilização desta tradição oral japonesa como referência e modelo-base para a nossa proposta, sem todavia recriarmos o kamishibai na sua forma original. Vamos, isso sim, retirar dele o exemplo da essência de um teatro integrador de conceitos narrativos e plásticos, que deverão ser transpostos para uma linguagem cénica e multimédia. 9
  • 10. Altar barroco portátil Foto: Museu dos Jesuítas (Itália) A máscara da Commedia dell’Arte A Commedia Dell’Arte inscreve-se no universo da tradição oral, embora alguns autores se tenham inspirado no seus temas para escreverem peças teatrais. A Comédia Italiana define-se pelo conceito de improvvisa, ou seja, a criação colectiva dos actores a partir de roteiros sumários, levando em conta as características fixas das suas personagens e a reacção do público. As máscaras italianas provêm das comédias atelanas e do teatro popular grego. Chegaram-nos no Renascimento com uma variada colectânea de tipos, cujas feições deformadas caricaturizam diversos aspectos da natureza humana: a avareza, a vaidade, a gula, a soberba, etc. A técnica da meia-máscara latina privilegia a oralidade e possui uma estética própria, definindo deste modo personagens estáveis e papéis de interacção. Promovem um vocabulário expressivo marcado por posturas e códigos de comportamento, factores que inscrevem esta expressão performativa como uma das raras tradições teatrais da Europa Ocidental que ainda vão subsistindo. A partir do estudo das personagens da Commedia dell’Arte, tanto na sua componente plástica (máscaras) como na sua estrutura cénica, vamos encontrar um modelo apropriado para o nosso Payassu. Máscaras de Antonio Fava ® - 1979 Acreditamos igualmente que um registo interpretativo mais farsesco e caricatural, próprio da Commedia dell’Arte, vai se opor aquilo que seria a recriação, pura e simples, da estrutura do sermão religioso barroco. 10
  • 11. Teatro de Sombras & Imagem Manipulada De entre todas as linguagens do Teatro de Formas Animadas, a técnica das Sombras é aquela cuja oralidade se revela mais intensa. Na prática, trata-se da animação de imagens bidimensionais, projectadas em contra-luz numa tela, a partir da manipulação de objectos. A pantalha, suporte da narrativa, aproxima o Teatro de Sombras da linguagem utilizada no altar barroco e no led screen actual (ecrã multimédia). As sombras eram utilizadas para a recriação de narrativas épicas ou sagradas. As representações tradicionais apareciam frequentemente associadas aos rituais cíclicos de evocação dos deuses e memória dos heróis, importantes para sobrevivência da comunidade. Neste campo, podemos destacar as sombras balinesas, conhecidas por Wayang Kulit. Um dos poucos exemplos de representação profana de cariz tradicional subsiste ainda na Turquia, com o popular Karagosis. Fazendo uso das tecnologias de manipulação de imagem em tempo real, pretendemos animar figuras projectadas, promovendo a sua interacção com o actor, de uma forma absolutamente orgânica. É a utilização de um conceito situado entre o teatro de sombras e o cinema de animação, que pode ser designado por “teatro de imagem manipulada”. Théâtre d’ombres – Séraphin s.XVIII III. Notas criativas Os elementos a seguir representam algumas das ideias surgidas a partir do contacto inicial dos criadores artísticos com a proposta de produção do espectáculo. Encenação/interpretação O sermão contém, para além da sua forma literária, características cénicas que o aproximam da comunicação teatral. É fundamental, numa primeira abordagem, não permitir que a predicação se imponha ao registo do teatro. Caso contrário, pouco mais faríamos do que recriar a homilia barroca. A conciliação dos elementos teatrais com a linguagem multimédia é também um factor importante na encenação do espectáculo. Aqui, as formas animadas serão quase sempre virtuais (luz e imagem). Para a sua manipulação, impõe-se desenvolver novas aptidões técnicas, cujo resultado deverá ser claro e eficaz. Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, deverá evitar-se a ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo texto, já de si muito rico e profuso. O registo interpretativo estará mais próximo da farsa e da comédia latina do que de um teatro de cariz psicológico. A personagem mascarada do padre-narrador vai acentuar a ironia e o sarcasmo do texto de Vieira, dando ênfase ao universo alegórico e delirante do autor. 11
  • 12. Dramaturgia A adaptação do texto exige uma reconstituição da estrutura oral do sermão, valorizando os seus múltiplos aspectos: clareza de temas, situação e objectividade. Por exemplo, a supressão das expressões latinas e a manutenção das redundâncias mais preciosas do estilo; o destaque das antíteses, do encanto mordaz da ironia. Por outras palavras, guardar o excelente, sem o sacrifício do essencial. Cenografia e espaço cénico Este trabalho sugere a recuperação de técnicas ancestrais das Formas Animadas, promovendo o seu encontro com as novas tecnologias. É uma proposta intimista e personalizada, pautada pelo contador de estórias – narrador fantástico que recria um mundo de ilusão. Será preciso conciliar o teatro com as artes plásticas e os recursos multimédia (especialmente a imagem manipulada), esbatendo as fronteiras destas diferentes linguagens artísticas no espaço de representação. A pesquisa cenográfica vai pautar-se pelas referências da arte sacra e profana do século XVII, especialmente a riqueza dos altares barrocos, tomada nos seus elementos didácticos, decorativos e no seu vocabulário técnico. As imagens sugeridas no sermão, onde a influência tropical é constante, serão também fundamentais neste trabalho. Existindo ainda o factor de portabilidade do cenário, torna-se importante dispor de elementos facilmente transportáveis, em grande parte accionados pelo próprio actor. Conseguir-se-á assim, uma maior e mais clara interacção entre os elementos constituintes do projecto. Musica e sonoplastia Enquanto música, um sermão pode transformar-se quer num maná de possibilidades quer num mar de obstáculos. As novas tecnologias permitem, no entanto, fazer uma abordagem cheia de recursos, através da simultaniedade de aplicações em tempo real e de soluções pré-gravadas. Estas últimas poderão ser lançadas em determinados momentos da acção ou funcionarem de um modo contínuo, acompanhando o texto nos seus diferentes registos dramáticos/teatrais. O multiculturalismo, factor de opção nesta montagem, deverá estar presente numa fusão de sonoridades e referências musicais. De igual modo, haverá que explorar os antagonismos patentes na vida e na obra do Padre Vieira, a evocação do inferno e do paraíso, a vida e a morte, o sagrado e o profano. Criação visual/gráfica A riqueza da escrita do Padre António Vieira fornece-nos uma infinidade de caminhos para uma abordagem plástica. É natural que nesta fase prematura do projecto, sejam ainda indefinidos os contornos de uma tal abordagem. No entanto e à priori os seguintes elementos inspiradores revestem-se de aspectos incontornáveis:  O registo pictórico da época do autor  A caligrafia e os aspectos estritamente visuais da escrita  As formas e as cores das criaturas subaquáticas, fixadas nomeadamente nas ilustrações de história natural  O Brasil nas suas diversas representações desde a época colonial. 12
  • 13. Da confluência destes elementos com os recursos expressivos anteriormente referidos (O Contador de Estórias, A Commedia Dell’Arte, O Teatro de Sombras) é previsível que surja uma grande profusão de formas e imagens, obrigando a uma conscienciosa operação de triagem. Desenho de luz Os pressupostos da iluminação para este projecto, por contemplarem vertentes tão distintas como o teatro de máscaras e a manipulação bi-dimensional de imagens, constituem por si só um grande desafio para a envolvente visual e plástica. Tudo isso deverá suportar o imaginário do público no reflexo e na imagem do contador de estórias. O desenho de luz terá que englobar os meios de suporte e reforço dos diversos recursos envolvidos – video, imagem e objectos – mas também adequar-se ao imagético que o Kamishibai, como base da proposta cénica, nos conduz. Assim, a iluminação deverá contribuir para que todas as formas e ambientes revelem uma unidade com a estrutura emergente, assegurando uma relação clara entre público e espectáculo. A iluminação, associada à componente itinerante, dará um carácter de portabilidade ao espectáculo e aplicação, inomeadamente no que se refere à montagem de todos os sistemas envolvidos. IV. Âmbito do projecto e objectivos socioculturais A ideia central do nosso projecto é colaborar na consolidação de hábitos culturais entre a população, apostando fortemente na formação de espectadores para as artes performativas. Através de uma abordagem multidisciplinar e dialéctica, tencionamos também promover, junto destes mesmos espectadores, a consciência da existência de princípios comuns na cultura dos diferentes países, e contribuir assim para a consolidação de valores humanistas, comuns a todos os povos. O projecto apresenta vários níveis de interesse, integrados, mas com estratégias e objectivos definidos especificamente para cada um deles. O programa de trabalho desenvolve-se em três círculos de actuação, concêntricos, cujo núcleo é o Sermão de Santo Antonio aos Peixes. Apresenta como ponto de partida os enquadramentos no campo local e nacional, e na sequência estabelece metas num âmbito mais alargado – a cena internacional (Brasil e Itália). 1. Desenvolvimento local: arte e sociedade Objectivos considerados: • Formar futuros espectadores para as artes performativas; • Colaborar no desenvolvimento integral dos jovens. Através desse tipo de intervenção artística na sociedade, poderemos contribuir para uma melhor formação integral da nossa população juvenil, no que se refere à sua educação cívica, à consolidação dos seus valores culturais, ao conhecimento e ao seu interesse pela Arte. Esta estratégia assenta na integração/interacção de todos os elementos do projecto e na colaboração activa dos parceiros envolvidos, no âmbito social (escolas e autarquias), no campo artístico e no domínio tecnológico-científico. 13
  • 14. Pretendemos estimular a formação de públicos, não somente visando a constituição de futuros espectadores, mas também na persecução de valores formativos para os jovens, tornando-os melhores cidadãos, mais sensíveis, mais críticos e participativos. Para a difusão local do projecto, contamos com as parcerias da Câmara Municipal de Vila do Conde, Juntas de Freguesia e agrupamentos escolares do Concelho. 2. Desenvolvimento nacional: difusão artistica Objectivos considerados:  Promoção da descentralização artística;  Difusão do espectáculo em zonas culturalmente mais carenciadas;  Colaboração para o desenvolvimento de redes de intercâmbio cultural. Para a digressão nacional do espectáculo iremos contar com a parceria do Gabinete de Bens Culturais da Igreja Católica (Secretariado Diocesano de Liturgia). Esta entidade autónoma, pertencente à Diocese do Porto, faz a gestão do património edificado, procurando também promover acções que valorizem outros aspectos da cultura, tais como a literatura, amúsica, as tradições, festas e costumes associados à religião católica. Com este apoio, poderemos usufruir de uma rede alternativa de difusão cultural, organizada a partir de estruturas socio-culturais, ligadas directa ou indirectamente à Igreja Católica (museus, escolas, paróquias, centro sociais, etc.). Esta colaboração será fundamental para o espectáculo, pois irá criar um novo espaço para a sua apresentação, difusão e promoção. Também faremos a promoção do projecto através dos meios convencionais, contactando directamente com os teatros distritais, câmaras municipais e redes para a difusão das artes do espectáculo. A estrutura do espectáculo vai simplificar a sua apresentação em locais onde normalmente não é possível levar este tipo de actividades, ou onde elas sofrem uma perda notória das suas qualidades artísticas e, sobretudo, técnicas. Sendo completamente autónomo nos seus recursos cénicos e técnicos, o projecto está vocacionado para apresentação em espaços com um mínimo de recursos: pavilhões escolares, salões paroquiais, salões de festas, centros sociais, etc. 3. Desenvolvimento internacional: multiculturalismo Objectivos considerados:  Divulgação da cultura nacional na cena internacional;  Consolidação dos elos de ligação com as culturas européia e intercontinental. Num momento determinante da construção de um futuro multicuturalista, este projecto visa estabelecer um espírito de cooperação e intercâmbio, respeitando sempre a identidade de cada povo. A personalidade do Padre Antonio Vieira está impregnada de um sentido universalista, resultante de uma vida de deslocações e intervenções internacionais. Como defensor dos direitos do índios na Amazónia e dos judeus na Europa, como embaixador de Portugal no estrangeiro, Vieira desempenhou sempre um papel 14
  • 15. importante na defesa dos direitos humanos, independentemente das limitações advindas dos poderes religiosos, interesses políticos ou constrangimentos culturais e linguísticos. Aproveitando as relações de Vila do Conde com Olinda (Brasil) e Villa del Conte (Pádua, Itália), pretendemos associar ao nosso projecto uma vertente internacional, com a apresentação do espectáculo nos dois países aos quais a vida e a obra do Padre António Vieira se encontra ligada. Depois da sua formação na Bahia, o padre- ainda muito jovem - ensinou retórica, durante quatro anos, no Colégio dos Jesuítas de Olinda. Pádua é um cidade que muito deve a Santo Antonio. A Basílica começou a ser construída poucos meses depois da morte do santo, em Camposanpiero, convento perto de Villa del Conte, cidade da província de Pádua. António Vieira recorre ao santo (de seu nome e de sua ordem) por diversas ocasiões, em vários dos seus sermõs. Para cumprir tal objectivo, o espectáculo será produzido em duas línguas: português e italiano. Para a versão italiana do texto, escolhemos a excelente tradução de Vincenzo Barca, Sermone di Sant'Antonio ai pesci, (ed. Marietti/Milano). Haverá que ter presente que a União Europeia celebra, em 2008, o ano europeu do diálogo multicultural, enquanto instrumento para a aproximação entre os povos do planeta. No quadro da reflexão geral sobre o futuro da União, o presidente Durão Barroso declarou ser fundamental promover os valores de diversidade cultural, liberdade, tolerância e respeito pelos direitos humanos, afirmando que “a cultura não é algo de decorativo ou instrumental, mas sim o fundamento da Europa.” Considerando que o TFA participa anualmente em diversos festivais (nacionais e internacionais), e as produções da companhia permanecem em repertório por grandes períodos de tempo, este projecto constituirá simultaneamente um patamar para divulgação da cultura portuguesa no estrangeiro, comunicando e interagindo através de uma linguagem universal inerente à própria definição de arte. V. Elementos de inovação …e não há nada que não haja, nem coisa que se assemelhe. (provérbio chinês) De facto, não há nada de novo, mas sempre novas maneiras de fazer as coisas… Media (meios) é o plural latino de medium, pelo que o termo multimedia pode ser considerado pleonástico. Sendo também o teatro, por definição, uma arte aglutinadora de disciplinas (técnicas e artísticas), a integração que faz das novas tecnologias não é, de maneira nenhuma, um tema novo. A inovação deste projecto está directamente ligada à investigação e recuperação de formas tradicionais da narração oral, associando o seu potencial expressivo às mais recentes tecnologias da informação. Trata--se, concretamente, de um up-grade performativo de sistemas já há muito implementados. Esta nossa actual proposta encerra um ciclo de exploração das possibilidades expressivas do Teatro de Papel (ou Teatro Planista), que a companhia desenvolveu 15
  • 16. ao longo dos dois últimos espectáculos: Teatro de Papel / Anfitrião e Teatro de Papel / Convidado de Pedra (este último apoiado pelo IA em 2006, e ainda em cartaz). É uma preocupação permanente do projecto artístico do TFA a recuperação das formas de expressão artística tradicionais, conciliando a sua prática com a experimentação de soluções inovadoras, adaptadas à evolução dos tempos, do espaço, do público e dos meios disponíveis. Destacamos a seguir os recursos utilizados no espectáculo: • Sistema de vídeo Led streep • Operação multimédia interactiva com teatro • Som multi-dinâmico • Iluminação teatral e sonoplastia • Formas animadas (meia-máscara latina + teatro de sombras) • Cenografia integrada com suportes multimédia • Criação gráfica • Narração oral (contador de histórias, orador) • Efeitos especiais (recursos do ilusionismo) Os conteúdos multimédia, associados ao computador e ao sistema de monitorização de imagem em tempo real, possibilitam a interacção de recursos teatrais e digitais, numa adequada gestão dos tempos e acções do espectáculo. VI. Estratégia de desenvolvimento Actividade principal: Espectáculo PAYASSU A principal das vertentes deste projecto consiste na montagem de um espectáculo performativo profissional, cuja estreia acontecerá na cidade de Vila do Conde, sede do projecto TFA. Após efectuarmos o estudo e a adaptação dramatúrgica do texto de Antonio Vieira, far-se-á a sua adaptação, tendo em conta os pressupostos técnicos e estéticos das linguagens teatral e multimédia. O texto final será então utilizado na montagem do espectáculo, com o título “Payassu – o verbo do Pai Grande”. O espectáculo fará a sua estreia e temporada estável no espaço da Igreja do Convento de Santa Clara, em Vila do Conde, com apresentações para as escolas e o público em geral. Após a este período, teremos o seguinte percurso: • Digressão pelas freguesias de Vila do Conde (20 localidades); • Digressão na área metropolitana do Porto; • Digressão nacional e internacional (Itália e Brasil). Esta produção terá uma forte componente itinerante. Para tal, o espaço cénico deverá constituir uma estrutura teatral autónoma, podendo ser montada em locais não convencionais para a prática de espectáculos performativos. 16
  • 17. EQUIPA A maior parte dos criadores e técnicos envolvidos neste projecto são parceiros do TFA de longa data. A confluência dos seus interesses e a diversidade das suas linguagens faz com que cada novo projecto seja um exercício revitalizante, de inesperados resultados criativos. A integração de uma nova proposta expressiva neste trabalho, a comunicação multimédia, é também um desafio estimulante para o TFA, oferecendo uma oportunidade de aprendizagem e renovação para o Teatro de Formas Animadas. Para a realização do espectáculo performativo a que nos propomos, apresentamos a seguir o perfil profissional de alguns dos nossos colaboradores: MarceloLafontana Encenador/actor Encenador, actor e professor, especializado na áea do Teatro de Formas Animadas. Licenciado em Artes Cénicas (São Paulo) e Teatro e Educação (Coimbra). Na sua formação complementar, trabalhou com grandes nomes da cena internacional, como Alexandre Vorontsov (Moscovo); André Riot-Sarcey (Ècole Jack Lecoq); Gisele Barret (França); Jordi Bertran (Barcelona);Jorge Eines (Real Escuela de Arte Dramática de Madrid); Stephen Mottram (UK); Kuniaki Ida (Japão/Itália); Richard Bradshaw (Austrália). Através do ISTA – Internacional Scholl of Anthropology Theatre (Odin Theatre), teve ainda formação com Eugénio Barba, Roberta Carreri, Julia Varley, Nagel Rasmussen, Ragunath Panigrahi, entre outros. Iniciou a sua carreira profissional no Brasil em 1986, como actor, marionetista e professor de teatro. Radicado em Portugal desde 1990, trabalhou com encenadores de prestígio, como José Caldas e João Paulo Seara Cardoso, tendo colaborado com estruturas como o Ballet Teatro Contemporâneo do Porto, Teatro Bruto, Quinta Parede, Marionetas do Porto e Teatro Nacional São João. Contratado pela RTP, participou em séries e concursos televisivos. Assume em 1998 a criação e direcção artística do projecto TFA – Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde. Desde então, encenou diversos espectáculos com esta companhia, dentre os quais destacam-se as duas co-produções com o Teatro Nacional São João: Teatro de Papel/Anfitrião (2003) e Teatro de Papel/Convidado de Pedra (2006). Como docente na área artística, leccionou a disciplina Teatro de Formas Animadas na Licenciatura em Teatro da ESAP – Escola Superior Artística do Porto, e na Licenciatura Teatro e Educação, da Escola Superior de Educação de Coimbra. Colabora regularmente com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (departamento de pós-graduação). José Coutinhas Dramaturgo Escritor, jornalista, professor e tradutor poliglota. Professor de língua e cultura portuguesas na Université Populaire de Mulhouse, França. Colabora com o TFA desde 2002, na tradução, adaptação e investigação literária dos espectáculos da companhia. É também dramaturgo colaborador do TNSJ. 17
  • 18. Autor de livros de poesia, contos e diversas peças de teatro, estas últimas encenadas em França e em Portugal. A sua peça Der Candidat foi recentemente adaptada em francês por Louis Perin (prémio Voltaire 2004). Como jornalista, foi correspondente especial na Suíça de O Comércio do Porto e de A Capital. Foi colaborador do Le Nouveau Républicain e da revista Autrement, Paris. Colaborou ainda com a SSR (Rádio Suíça Internacional), Berna. Foi professor e director do Institut Français, do Porto. Como tradutor, assina a série policial Fleuve Noir (Brasília Editora), a biografia de Siza Vieira, do italiano; A Arte de Projectar em Arquitectura, de Neufert, do alemão (Editora Gilli, Barcelona). Marta Silva Cenógrafa Licenciada em Teatro (área de Cenografia) pela ESMAE - Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (IPP – Porto). Realizou diversos cursos de especialização, com prestigiados criadores, como Aline Didier (Paris). Recebeu a bolsa de Mérito atribuida pelo Instituto Politécnico do Porto, e o prémio de distinção da Fundação Eng.º António de Almeida – Porto. Diversos trabalhos de cenografia, realizados em Portugal e no estrangeiro. Trabalhou com as seguintes companhias (entre outras): Teatro de Construção em Joane Quinta Parede Teatro Nacional São João A Comuna Teatro Art’Imagem TFA - Teatro HardtMachin Group – Bélgica Trabalhou com os seguintes criadores (entre outros): José Caldas José Leitão Marcelo Lafontana Sarah Turton Benjamim Brittem Norma Silvestre José Wallenstein Professora de cenografia na ESMAE – Porto, e na Universidade de Aveiro. Luis Silva Criação visual/gráfica Curso Superior de Ilustração/Banda Desenhada pelo Institut Supérieur des Beaux- Arts St. Luc (Liège, Bélgica), finalizado com Grande Distinction. 18
  • 19. Frequência do 3º Ano do Curso Superior de Design de Comunicação - Arte Gráfica da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Exposições de desenho em diversos espaços e galerias: Galeria do Hotel de Ofir (1995), Monumental Casino da Póvoa (1996), Delaunay – Galeria de Arte (1997), (Sierre, Suíça), Câmara Municipal de Loulé Desenvolve actividade para publicidade, colaborando com empresas de prestígio,como a Mccann-Ericksson, a Publicis, o Atelier João Nunes, a Sino, entre outros. Como ilustrador, colaborou com o Diário de Notícias (suplemento de economia), o Jornal de Notícias, o Jornal de Letras, a Revista Ideias e Negócios e a Revista Visão. É autor dos desenhos do filme de animação Os Poderes do Senhor Presidente, realizado por Abi Feijó, exibido no Museu da Presidência da República. Desde o ano de 2004 colabora com o TFA - Teatro de Formas, na criação visual dos espectáculos Teatro de Papel/Anfitrião e Teatro de Papel/Convidado de Pedra, encenados por Marcelo Lafontana. É autor de livros para infância, e de ilustrações para exposições diversas. Rui Damas Desenhador de iluminação Concluiu o Curso Técnico-Profissional de Artes Gráficas e Comunicação no Porto, na Escola Secundária Soares dos Reis. Na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE), licenciou-se em Teatro – Luz e Som, ramo de Produção. Frequência no Curso de Teatro no Dartington College of Arts – Inglaterra Docente permanente na ESMAE – IPP (cadeira de Pratica Oficinal I e II), Curso de Teatro, Opção de Design Luz e Som. Trabalhou com prestigiados criadores teatrais, entre os quais destacamos: João Mota José Caldas Jorge Castro Guedes Rogério de Carvalho José de Oliveira Barata José Prata Marcelo Lafontana Angelina Réoux Andrea Gabilondo João Luiz José Carretas Paula Simms Claire Bynion Dennis Bernard Trabalhou com diversas companhias e teatros, tais como: Teatro da Vilarinha Arquipel Teatro Académico Gil Vicente Teatro do Campo Alegre 19
  • 20. Companhia de Teatro de Braga Teatro Nacional São João TFA – Teatro de Formas Animadas Teatro Universitário do Porto - TUP HardtMachin Group - Bélgica Rivoli Teatro Municipal Teatro Sá de Miranda Teatro Helena Sá e Costa Festival de Teatro de Montemuro Aud. Nac. Carlos Alberto Companhia de Teatro Bonifrates Aud. Nac. Carlos Alberto Quinta Parede Eduardo Patriarca Compositor musical Curso de Música Silva Monteiro - Porto (piano, composição e história da música), Cursos de Composição na Escola Superior de Música do Porto e Escola Superior de Música de Lisboa. Estudou com os seguintes mestres: Sofia Matos Fernando C. Lapa Joaquim Marques da Silva Cândido Lima António Pinho Vargas Amílcar Vasques Dias Miguel Ribeiro Pereira Álvaro Salazar Luís Filipe Pires Christopher Bochmann. Realizou, ainda, masterclasses com: António Sousa Dias Wilfred Jenstchz Gerard Staebler Philipe Hurel Emmanuel Nunes Jorge Peixinho. Professor de música (composição e história) na Escola de Música da Póvoa do Varzim, na Academia Pio X de Vila do Conde, na Escola Profissional de Mirandela e na Academia Santa Cecília de Espinho. Autor/compositor de diversas obras com suportes digitais, foi o autor indicado pelo Miso Music para representar Portugal na Unesco, em 2005. A sua obra tem sido tocada com regularidade em vários locais, em Portugal e no estrangeiro. Criador da ópera Morte de João Espergueiro e sua Contestação Aturada, com libreto de Valter Hugo Mãe, executada no Teatro Municipal S. Luiz. 20
  • 21. Destacamos as composições musicais para Teatro de Papel/Anfitrião e Teatro de Pape/Convidado de Pedra, encenados por Marcelo Lafontana, em coproduções do TFA - Teatro de Formas Animadas com o Teatro Nacional São João Tem sido júri do Concurso Marília Rocha desde a sua primeira edição. PÚBLICOS I. Caracterização do público-alvo e meio social O público-alvo é constituído prioritariamente pelos jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. O projecto tem uma forte componente itinerante, sobretudo no que se refere às apresentações performativas. Atingirá públicos de muitas zonas do país, em diferentes momentos da sua apresentação, a começar pela zona metropolitana do Porto, nomeadamente o concelho de Vila do Conde. Vila do Conde acolhe o projecto do TFA há exactamente 10 anos (1998-2008). A cidade conta com uma população de cerca de 80000 habitantes residentes, distribuídos por 30 freguesias (censo 2001), e 8295 estudantes (1º Ciclo – 3835 alunos; 2º e 3º ciclo 4460 alunos). Situada no Norte do país, na periferia da Área Metropolitana do Porto, cidade com a qual Vila do Conde tem excelentes ligações rodoviárias, por auto-estradas e vias de acesso rápido, construídas ao longo da última década. A economia local baseia-se principalmente na indústria, na actividade piscatória e no turismo. A considerável dimensão da área geográfica, o isolamento de algumas das suas freguesias e a falta de oferta cultural existente justificam a existência de um projecto artístico, sobretudo podendo integrar elementos que contribuam para o desenvolvimento sócio-cultural do grande concelho que é Vila do Conde. II. Captação de públicos Subjacente a esta proposta, surge a necessidade de colmatar as carências existentes em termos de oferta cultural para a formação de públicos, em Vila do Conde. O projecto é dirigido ao público em geral, em especial às crianças e jovens em idade escolar. Para estes últimos, urge criar hábitos culturais indutores de um melhor desenvolvimento. Esperamos poder dar um contributo válido no sentido da captação e formação de novos públicos, nomeadamente através de uma intervenção artístico- pedagógica integrada na comunidade. Para a concretização destes objectivos torna- se fundamental programar itinerâncias capazes de alcançar os meios mais carenciados, e em especial com a colaboração das escolas. Referimo-nos concretamente à população residente nas freguesias do interior do Concelho, com incidência nas crianças e jovens sem o acompanhamento familiar para acederem a actividades de ordem cultural. Conjuntamente com a sua actividade teatral, e na sequência do trabalho anteriormente desenvolvido, o TFA tem procurado implementar uma estratégia de programas conducentes à formação de públicos. Orientada no sentido da colaboração com o meio escolar, esta acção envolve os professores, conselhos pedagógicos, alunos e encarregados de educação. Esta modalidade de actuação, especialmente direccionada para as escolas, vem interessando, anualmente, muitos milhares de alunos. Neste caso, as apresentações são complementadas com sessões de debate crítico e acções para a desconstrução do objecto teatral, como seminários, cursos de 21
  • 22. formação e exposições. Integrada nessa mesma estratégia, o TFA tem promovido, com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde, a edição de cadernos de criação sobre cada um dos seus espectáculos. Estas publicações oferecem um instrumento de exploração dos textos seleccionados pela companhia, com base em obras de grandes autores nacionais e estrangeiros. Os cadernos pressupõem ainda a análise da criação artística e tecnológica, nos diferentes aspectos e disciplinas envolvidos. Abordamos aqui um projecto artístico-pedagógico, com resultados extremamente compensadores no que se refere ao interesse despertado no público jovem. A intenção é sensibilizá-lo para as artes performativas, para a discussão de temas da actualidade e para o conhecimento crítico das obras literárias. Nesta estratégia de formação de públicos, definimos como objectivos específicos:  Promoção do desenvolvimento pessoal e social das crianças e jovens;  Divulgação, valorização e desenvolvimento do teatro em geral e do Teatro de Formas Animadas em particular;  Integração social das crianças e jovens, principalmente nos meios económica e culturalmente mais desfavorecidos, graças a uma linguagem universal, decorrente da arte;  Complementação dos conhecimentos escolares, interagindo com o conteúdo programático das aulas;  Desenvolvimento da capacidade de participação crítica, em actividades de grupo;  Contribuição para a educação cívica dos participantes, evidenciando a diferença de personalidade e modo de estar em grupo, na interrelação pessoal;  Aceitando das diferenças, levando os participantes a ouvir e a valorizar a opinião de outrem. Com este projecto, englobando espectáculos de Teatro e acções complementares, pretendemos chegar a um universo alargado de crianças e jovens, em idade escolar. Desta forma, atingiremos mais eficazmente a população das freguesias mais distantes – e por isso mais carentes – da sede do Concelho. Payassu – Esboço inicial para o espaço cenográfico 22
  • 23. PARCERIAS No âmbito do projecto, estabelecemos parcerias com as seguintes entidades: 1. Câmara Municipal de Vila do Conde Tipo de colaboração – Patrocínio e apoio global ao projecto - Apoio financeiro (comparticipação no valor da produção) - Cedência de instalações para produção e apresentação - Cedência de equipamentos, recursos humanos, transportes, etc. - Apoio para a promoção e difusão - Apoio logístico (na organização das actividades) 2. ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo) TCAV - CURSO DE TECNOLOGIA DA COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL Tipo de colaboração – Parceria tecnológica - Aconselhamento técnico (equipamentos e procedimentos) - Investigação criativa para a linguagem multimédia - Desenvolvimento do suporte multimédia 3. Agrupamentos escolares de Vila do Conde Incluindo as instituições escolares:  Escola Secundária Afonso Sanches  Escola Secundária José Régio  Agrupamento de Escolas Afonso Betote  Agrupamento de Escolas Júlio Saúl Dias  Agrupamento de Escolas de Mindelo  Agrupamento de Escolas da Junqueira  Agrupamento de Escolas Maria Pais Ribeiro Tipo de colaboração – Parceria de implementação - Mobilização de espectadores - Apoio às actividades complementares, de cariz pedagógico. - Apoio logístico 4. Gabinete de Bens Culturais da Igreja Católica (Secretariado Diocesano de Liturgia). Tipo de colaboração – Parceria de Difusão - Cedência de espaços para a apresentação - Divulgação do evento ao público - Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos. - Apoio logístico 23
  • 24. 5. FACE Centro de Formação da Associação de Escolas de Vila do Conde Tipo de colaboração – Parceria pedagógica - Canal de acesso directo aos professores - Apoio na organização das oficinas pedagógicas - Mobilização de recursos para as acções complementares. 6. Comune de Villa del Conte – Itália Tipo de colaboração – Parceria européia para a difusão Organização das apresentações na Itália - Cedência de espaços para a apresentação - Divulgação do evento ao público - Apoio logístico - Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos. 7. Prefeitura de Olinda – Brasil Tipo de colaboração – Parceria internacional para a difusão Organização das apresentações no Brasil - Cedência de espaços para a apresentação - Divulgação do evento ao público - Mobilização de recursos para a realização dos espectáculos. - Apoio logístico INSTALAÇÕES Para a realização deste projecto, o TFA - Teatro de Formas Animadas vai dispor de dois diferentes espaços (para as fases de produção e apresentação), enunciados e descritos a seguir. 1. Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde Arquivo de Vila do Conde 2005 24
  • 25. Neste espaço, sede do TFA - Teatro de Formas Animadas, serão realizados todos os trabalhos de construção plástica do espectáculo (cenários, figurinos e demais elementos cénicos), e também onde vai decorrer a maior parte dos ensaios. A exposição Vieira Multicultural (actividade complementar do projecto) deverá ocupar o Salão Nobre do edifício. Descrição das instalações e regime legal de utilização O regime legal determina a cedência por tempo indeterminado, regulamentada por protocolo assinado com a autarquia local, aprovado por unanimidade em Assembleia Municipal. Ao longo dos últimos 10 anos, a Câmara Municipal tem assim cedido, para uso exclusivo da companhia, instalações apropriadas ao desenvolvimento dos projectos artísticos. O espaço atribuído ao TFA comporta uma oficina de construção plástica, um pequeno auditório (55 lugares), escritório e armazéns. O TFA beneficia também da utilização de alguns espaços comuns, como o Salão Nobre, o Atelier de Artes Visuais, no Centro, e, noutros locais da cidade, por exemplo o Auditório Municipal (250 espectadores). Oficina TFA 2003 Vocação do espaço O Centro está vocacionado para apoiar os jovens em várias áreas, numa atitude de intervenção e prevenção de situações de risco. O equipamento proporciona actividades em áreas tão diversas como o lazer e ocupação dos tempos livres, formação profissional e complementar, orientação vocacional e profissional, apoio psicossocial, no sentido de uma familiarização com as mais recentes tecnologias da comunicação e informação. O Centro Municipal de Juventude de Vila do Conde é o resultado de uma aposta da Câmara Municipal no sentido de encarar a educação como um processo globalizante que ultrapassa largamente os limites da escola. A Câmara Municipal dotou este espaço com estruturas e equipamentos que possibilitam aos jovens uma ocupação saudável dos tempos livres, desenvolvimento cultural, recreio e convívio, orientação psicopedagógica, social e profissional, cursos de formação, contribuindo deste modo para a formação integral dos jovens. Breve historial do edifício O imóvel onde o TFA desenvolve as suas actividades é um belo edifício de finais do século XIX, onde funcionou, até aos anos 30, o casino de Vila do Conde. No decorrer dos anos 30, instalou-se um colégio de ensino particular - o Colégio de S. José - que 25
  • 26. aí funcionou até 1988. A Câmara Municipal comprou o imóvel que se apresentava bastante degradado. A restauração e reabilitação do edifício foi elaborada de forma a manter a traça original, com duas ampliações que permitiram dotar o imóvel de um quadro, dispondo de excelentes áreas funcionais. 2. Igreja do Convento de Santa Clara Arquivo de Vila do Conde 2005 Descrição das instalações e regime legal de utilização A Igreja de Santa Clara, espaço previsto (ainda em negociações) para a estreia e temporada inicial do espectáculo, está classificada como monumento nacional, e a sua gestão compete actualmente à Câmara Municipal de Vila do Conde. É um templo do século XIV, pertencente ao Convento de Santa Clara, edifício de estrutura gótica, com alguns acréscimos renascentistas. A sua planta, em forma de cruz latina, possui uma única nave, transepto e abside. Os tectos da nave e do transepto estão revestidos de belos caixotões dos fins do século XVII, cuja talha barroca é considerada das mais belas do país. A capela-mor apresenta um arco profusamente decorado e abóbada polinervada. Os fundadores, infante D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis, e sua mulher D. Teresa Martins, repousam na capela construída no século XVI. Os túmulos, em pedra de ançã, contam-se entre as mais belas obras de escultura em estilo manuelino. A igreja encontra-se actualmente encerrada ao público, e não se realizam ali cultos religiosos. O TFA tem utilizado o local, por cedência da Câmara Municipal de Vila do Conde, para a apresentação de alguns dos espectáculos da sua programação anual, como foi o caso dos “Bonecos do Santo Aleixo”, em Dezembro de 2007. Acreditamos que a Igreja de Santa Clara de Vila do Conde constituirá um cenário ideal para a realização do nosso espectáculo. 26