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O RELÓGIO
                                     DO SENHOR
                                       TÚLIO
                                              António Torrado
                                               escreveu e
                                      Cristina Malaquias ilustrou




   Ao senhor Túlio sempre lhe fizera espécie como é que
os relógios trabalhavam incansavelmente e nunca
paravam.
   – Dá-se-lhes corda e eles andam – explicavam ao senhor
Túlio, que tinha um relógio dos antigos, muito anterior aos
relógios de pilhas.
   Mas o senhor Túlio não acreditava. Devia haver outro
mistério.
   Um dia, o relógio dele parou, por mais corda que lhe
desse. Quando o senhor Túlio foi levá-lo a arranjar à
oficina de relojoaria, ficou maravilhado a olhar para o
maquinismo do seu querido relógio, que o relojoeiro
destapara.
   – Tantas rodinhas. Nunca pensei – admirou-se ele.

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Mas mais espantado ficou quando o relojoeiro, com um
pinça, tirou uma formiga já morta, que tinha encrencado o
mecanismo.
  – Pronto. O desarranjo estava aqui – explicou o
relojoeiro, voltando a fechar a tampa do relógio.
  O senhor Túlio estranhou:
  – E não põe lá uma formiga nova?
  – Para quê?
  – Para fazer as vezes da que morreu. Como é que o
relógio pode trabalhar sem maquinista?
  E se o senhor Túlio tivesse razão e fosse mesmo à conta
das formigas que os relógios conseguem trabalhar? É uma
ideia como outra qualquer e bastante divertida. Até dava
outra história.

   FIM




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  • 1. O RELÓGIO DO SENHOR TÚLIO António Torrado escreveu e Cristina Malaquias ilustrou Ao senhor Túlio sempre lhe fizera espécie como é que os relógios trabalhavam incansavelmente e nunca paravam. – Dá-se-lhes corda e eles andam – explicavam ao senhor Túlio, que tinha um relógio dos antigos, muito anterior aos relógios de pilhas. Mas o senhor Túlio não acreditava. Devia haver outro mistério. Um dia, o relógio dele parou, por mais corda que lhe desse. Quando o senhor Túlio foi levá-lo a arranjar à oficina de relojoaria, ficou maravilhado a olhar para o maquinismo do seu querido relógio, que o relojoeiro destapara. – Tantas rodinhas. Nunca pensei – admirou-se ele. 1 © APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros
  • 2. Mas mais espantado ficou quando o relojoeiro, com um pinça, tirou uma formiga já morta, que tinha encrencado o mecanismo. – Pronto. O desarranjo estava aqui – explicou o relojoeiro, voltando a fechar a tampa do relógio. O senhor Túlio estranhou: – E não põe lá uma formiga nova? – Para quê? – Para fazer as vezes da que morreu. Como é que o relógio pode trabalhar sem maquinista? E se o senhor Túlio tivesse razão e fosse mesmo à conta das formigas que os relógios conseguem trabalhar? É uma ideia como outra qualquer e bastante divertida. Até dava outra história. FIM 2 © APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros