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USO DE DROGAS – DEPENDÊN CIA
Histórico

As provas mais antigas do conhecimento do ópio remontam às plaquinhas de escrever dos
Sumerianos, que viveram na baixa Mesopotâmia (hoje o Iraque/Irã) há cerca de 7000 anos.
O conhecimento de suas propriedades medicinais chega depois à Pérsia e ao Egito por intermédio
dos Babilônios. Os gregos e os árabes também empregavam o ópio para fins médicos.
O primeiro caso conhecido de cultivo da papoula, na Índia, data do século XI, no tempo do império
Mongol (século XVI), a produção e o consumo de ópio nesse pais já eram fatos normais.

O relato mais antigo que se tem sobre o álcool consta da passagem da Bíblia , onde Noé ficou nu
perante seus filhos depois de tomar certa quantidade de BEBIDA INEBRIANTE (GÊNESIS
9-20,21).
Na Antigüidade, o álcool ou mais comumente o vinho, era conhecido como a dádiva de todos os
deuses, sendo BACO o deus do Vinho.

500 anos a.C., o povo Cita (habitante do Rio Danúbio/Volga - Europa Oriental), queimava a
maconha (cânhamo) em pedras aquecidas e inalava os vapores dentro de suas barracas ou tendas.

Aproximadamente no ano de 1.500, o CACTUS PEYOTE era utilizado em cerimônias religiosas
(no descobrimento da América).

Na mesma época, os espanhóis utilizavam as drogas alucinógenas como uma forma de auto-castigo,
pois para este povo DROGA significa "DEMÔNIOS". O ópio (morfina/anestésico) incentivado na
guerra civil americana (1776) era utilizado para fornecer alívio à dolorosa vida dos soldados.

Em 1890, iníciou-se a livre comercialização de vinho, elaborado com extratos de coca e xaropes,
com as mesmas composições. Em 1914, deu-se a proibição da livre negociação, com isto iníciou-se
o Mercado Negro-ilícito (O EUA faturou cerca de 100 a 200 bilhões de dólares).
Por volta de 1920, os EUA instauraram a "LEI SECA" - Proibição do comércio de álcool - lei esta
que prorrogou-se por 13 anos.

Durante a 2ª Grande Guerra, receitas de anfetaminas (estimulantes) eram utilizadas para combater a
fadiga.

Barbitúricos/Hipnóticos (Ex: Gardenal) teve seu auge em 1950:"VIVA MELHOR COM A
QUÍMICA" (Lema utilizado pelos laboratórios).

1960, foi o auge do LSD (a era dos ácidos), muitos psiquiatras receitavam impiedosamente o
consumo deste tipo de droga.

Em 1970, a proliferação da cocaína e seus derivados, entre eles o "crack", e mais recentemente
aparecendo o ecstasy, mais popular entre as classes média e alta.
Dependência

As dependências fazem parte da natureza do homem, uma vez que toda a existência humana está
compreendida entre estados de dependência.

Durante a vida, o ser humano cria relações de dependência com objetos, pessoas e situações.
Algumas dessas relações são importantes para o bem-estar, outras causam prejuízo, perda de
autonomia etc.
A dependência cria um vínculo extremo onde a droga é priorizada em detrimento de outras relações.
Na falta da droga, as pessoas, que se acostumaram a consumi-la, são invadidas por sintomas
penosos, é a conseqüência de um desejo sem medida.

"DEPENDÊNCIA" foi o termo recomendado em 1964, pela OMS, para substituir outros com maior
conotação moral como "vício".

A dependência constitui-se a partir de três elementos:

a) a substância psicoativa com características farmacológicas peculiares;
b) o indivíduo com suas características de personalidade e sua singularidade biológica;
c) o contexto sócio-cultural dinâmico e polimorfo, onde se realiza o encontro entre o indivíduo e o
produto.

ALGUNS CONCEITOS:

1- DEPENDENTE
2- DEPENDENCIA FÍSICA
3- DEPENDÊNCIA PSÍQUICA.
4- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
5- TOLERÂNCIA
6- OUTROS CONCEITOS / TERMINOLOGIAS

1- DEPENDENTE

Uma pessoa só deve ser considerada dependente se o seu nível de consumo incorrer em pelo menos
três dos seguintes sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze meses antecedentes ao diagnóstico:

forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
consciência subjetiva de dificuldades na capacidade de controlar a ingestão de drogas, em termos de
início, término ou nível de consumo;
uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena consciência da
efetividade de tal estratégia;
estado fisiológico de abstinência;
evidência de tolerância, necessitando doses crescentes da substância requerida para alcançar os
efeitos originalmente produzidos;
estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a
consumir droga em locais não propícios, a qualquer hora, sem nenhum motivo especial etc.;
negligência progressiva de prazeres e interesses outros em favor do uso de drogas;
persistência no uso de drogas, a despeito de apresentar clara evidência de manifestações danosas;
evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a uma
reinstalação rápida do quadro anterior.

Por ocasião da 9ª Revisão da Classificação Internacional das Doenças, os aspectos psicológicos e
físicos foram unificados sob a definição de DEPENDÊNCIA de drogas. Esta mudança ocorreu,
pois, no passado, julgou-se erradamente que as drogas que induziam à DEPENDÊNCIA FÍSICA - e
conseqüentemente à SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA - seriam aquelas perigosas (foram por isso
chamadas de drogas pesadas ("hard drugs") ao contrário das que induziam apenas DEPENDÊNCIA
PSÍQUICA - as drogas leves ("soft drugs"). +Sabe-se hoje que várias drogas, sem a capacidade de
produzir dependência física, geram intensa compulsão para o uso e sérios problemas orgânicos.
Portanto, soaria estranho classificá-las como drogas "leves". Assim, hoje, aceita-se que uma pessoa
seja DEPENDENTE, sem qualificativo, enfatizando-se que a condição de DEPENDÊNCIA seja
encarada como um quadro clínico, existindo dois tipos de dependência: FÍSICA/PSÍQUICA.

2- DEPENDÊNCIA FÍSICA

Quando a droga é utilizada em quantidade e freqüências elevadas e o organismo se defende
estabelecendo um novo equilíbrio em seu funcionamento, adaptando-se à droga de tal forma que, na
sua falta, funciona mal.

Estado de adaptação do corpo, manifestado por distúrbios físicos quando o uso de uma droga é
interrompido.

Na dependência física, a droga é necessária para que o corpo funcione normalmente.

3- DEPENDÊNCIA PSQUICA.

É a dependência fundamental.

A dependência psíquica se instala quando a pessoa é dominada por um impulso forte, quase
incontrolável de se administrar a droga à qual se habituou, experimentando um mal-estar intenso
("fissura"), na ausência da mesma.

Condição na qual uma droga produz um sentimento de satisfação e um impulso psicológico,
exigindo uso periódico ou contínuo da droga para produzir prazer ou evitar desconforto.

Apego ao estado onde as dificuldades do usuário são momentaneamente apagadas pelos efeitos da
droga, que acaba por preencher a necessidade de "soluções" imediatas.

Os psicotrópicos causam uma mudança no psiquismo, da qual as pessoas passam a depender. Em
geral, estes efeitos são prazerosos.

4- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de drogas em usuários dependentes.

Caracteriza-se por sensações de mal-estar e diferentes graus de sofrimento mental e físico,
particulares para cada tipo de droga.

Manifestação de um desajuste metabólico no organismo provocado pela suspensão do uso de
algumas substâncias.

Quadro clínico que revela a falta que determinada substância está fazendo ao metabolismo
orgânico.

Algumas síndromes de abstinência podem ser tão graves ao ponto de colocar em risco a vida da
pessoa, como é o caso da abstinência ao álcool e à heroína.

5- TOLERÂNCIA

Quando o organismo reage à presença de um produto químico, através de um processo de adaptação
biológica.
No caso da presença contínua de uma determinada substância, o organismo se acostuma a ela e a
incorpora em seu funcionamento. Assim, ele responde cada vez com menor intensidade aos efeitos
da droga consumida, necessitando aumentar a dosagem para obter os mesmos efeitos.

O aumento de doses muito mais elevadas do que as iniciais eleva o risco de uma morte súbita por
overdose. Isto ocorre, por exemplo, quando se administra um produto mais "puro", isto é, menos
adulterado que habitualmente.

6- OUTROS CONCEITOS / TERMINOLOGIAS

A- MANEIRAS DE USO
B- TIPOS DE USUÁRIOS
C- ABUSO
D- ADICTO
E- ESCALADA
F- OVERDOSE
G- INTOXICAÇÃO
H- SINERGISMO
 I- ENTORPECENTE
J- NARCÓTICO
K- MEDICAMENTO

A- MANEIRAS DE USO USO

Vínculo frágil com a substância que permite a manutenção de outras relações. É possível usar
moderadamente certas substâncias sem abusar delas. Assim, no caso dos MEDICAMENTOS, o uso
correto tem a ver com a dosagem adequada, além da indicação de um remédio apropriado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Órgão das Nações Unidas com sede em
Genebra, o uso de drogas deve ser classificado em:

USO NA VIDA: quando a pessoa fez uso de qualquer droga pelo menos uma vez na vida,
USO NO ANO: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos uma vez nos últimos doze meses,
USO NO MÊS OU RECENTE: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos uma vez nos últimos
trinta dias, USO FREQÜENTE: quando a pessoa utilizou drogas seis ou mais vezes nos últimos
trinta dias.

Quanto ao padrão de uso de drogas, a OMS define os seguintes tipos:
USO DE RISCO: padrão de uso ocasional, repetido e persistente, que implica em alto risco de
danos futuros à saúde física ou mental do usuário, mas que ainda não resultou em significantes
efeitos mórbidos orgânicos ou psicológicos,
USO PREJUDICIAL: padrão de uso que já cause dano à saúde, físico e/ou mental.

USO INVOLUNTÁRIO

Relacionado à poluição química ou ambiental, onde certos produtos tóxicos podem ser absorvidos
pela respiração, pela pele, por irradiação ou ingestão. Ex.: sapateiro que aspira cola acidentalmente,
fumante passivo. Estas situações não são consideradas como uso de drogas - embora prejudiciais à
saúde.

USO RITUAL
O uso ritual de substâncias psicotrópicas é aquele onde o consumo, geralmente de alucinógenos, é
realizado dentro de um controle coletivo codificado em normas simbólicas, semelhante ao ato
cerimonial. Esse controle coletivo pode se dar tanto dentro de culturas indígenas e camponesas,
quanto no contexto mais próximo das grandes metrópoles.

No primeiro caso, indígena e camponês, o uso ritual geralmente está associado a uma experiência
místico-religiosa em que os indivíduos desenvolvem regras de contato com as entidades divinas nas
quais acreditam. Temos o exemplo do xamanismo, muito comum em povos nativos da América
Latina, onde um membro da tribo, tido como portador de capacidades especiais, ingere altas doses
de tabaco mascado e através disso atua como interlocutor humano diante da autoridade
transcendental ou divina. Aqui o controle é feito basicamente pelos enquadramentos simbólicos que
são dados aos efeitos de alucinação provocados pela substância; todas as imagens evocadas pelo
xama são interpretadas em função dos mitos, da realidade e dos anseios daquela tribo.

De modo semelhante, o culto do Santo Daime também é uma prática ritual - onde o chá de
ayahuasca é empregado por um grupo, orientado por um "mestre", para ter acesso a uma
experiência mística.

Assim, nesses dois momentos, o USO RITUAL utiliza o psicotrópico (especificamente o
alucinógeno) como um meio de alcançar uma suposta transcendência na qual a coletividade está
inclusa como beneficiária.

No segundo caso, do contexto urbano, o uso ritual já assume algumas diferenciações. Nele, a
substância (alucinógena, mas também estimulante e depressora) na maioria das vezes não é vista
como um veículo para transcendência mística. O consumo não deixa de ocorrer dentro de uma
prática grupal, organizada e controlada por um sistema simbólico, mas os objetivos são definidos
por questões mais circunscritas aos indivíduos isoladamente. Assim, o que se tem é um RITUAL
DO USO, no qual podem ser inseridos o compartilhar de seringas e a alternância de um mesmo
cigarro de maconha no interior dos grupos.

A forma de se fumar, aspirar ou aplicar a substância, os gestos e olhares são elementos que
compõem o ritual do uso controlado. Numa perspectiva formal, ambos os rituais têm em comum o
controle coletivo e codificado, diferenciado-se no que tange às aspirações definidas pelas realidades
especificas. De qualquer maneira, existe nuances que não permitem uma visão fixa e fechada das
diversas modalidades rituais. O que se procurou fazer aqui foi um breve mosaico desse tema tão
amplo e complexo.

USO VOLUNTÁRIO

Todo o uso que ocorre pela própria vontade do usuário. Ex.: cheirar cola de sapateiro, fumar
cigarros.

Voltar ao item 6

B- TIPOS DE USUÁRIOS

USUÁRIO

A OMS recomenda a seguinte classificação para as pessoas que utilizam substâncias psicoativas:

NÃO USUÁRIO: nunca utilizou,
USUÁRIO LEVE: utilizou drogas, mas no ultimo mês o consumo não foi diário ou semanal,

USUÁRIO MODERADO: utilizou drogas semanalmente, mas não diariamente no ultimo mês,

USUÁRIO PESADO: utilizou drogas diariamente no ultimo mês. Segundo considerações de saúde
pública, sociais e educacionais, uma publicação da UNESCO distingue entre quatro tipos de
usuários:

USUÁRIO EXPERIMENTAL ou EXPERIMENTADOR: limita-se a experimentar uma ou várias
drogas, por diversos motivos, como curiosidade, desejo de novas experiências, pressão de grupo etc.
Na grande maioria dos casos, o contato com drogas não passa das primeiras experiências.

USUÁRIO OCASIONAL: utiliza um ou vários produtos, de vez em quando, se o ambiente for
favorável e a droga disponível. Não há dependência, nem ruptura das relações afetivas e sociais.

USUÁRIO HABITUAL ou "FUNCIONAL": faz uso freqüente de drogas. Em suas relações já se
observam sinais de rupturas. Mesmo assim, ainda "funciona" socialmente, embora de forma
precária e correndo riscos de dependência.

USUÁRIO DEPENDENTE ou "DISFUNCIONAL" (toxicômano, drogadito, farmacodependente):
vive pela droga e para a droga, quase exclusivamente. Como conseqüência, rompe os seus vínculos
sociais, o que provoca isolamento e marginalização, acompanhados eventualmente de decadência
física e moral.

COMPORTAMENTOS E SINTOMAS FÍSICOS DE USUÁRIOS DE DROGAS:

Estaremos descrevendo abaixo algumas características que podem apontar a possibilidade do jovem
estar usando drogas: encontro de objetos estranhos ao ambiente (papel de seda, seringas, colírios,
cachimbos, lâminas de barbear, cola, esmaltes, resíduos de pó branco e erva). Comportamentos
suspeitos como esconder objetos pessoais, troca do dia pela noite, rejeição dos antigos amigos,
mudanças na forma de se vestir, adquire o hábito da mentira, inventa desculpas para não realizar
tarefas, usa colírios e/ou óculos escuros em ambientes fechados, rouba dinheiro ou objetos da casa.

Existem também alguns sintomas físicos que podem indicar o uso de drogas, ou seja, calafrios no
verão, suores no inverno, falta de coordenação motora, pupilas dilatadas ou contraídas, reações
retardadas, palidez, perda ou aumento de peso, coriza constante, tonturas, taquicardia, vertigens,
secura na boca, entre outros.

É importante destacar que a observação de alguns destes sintomas não deve causar pânico nos
familiares, mas sim a iniciativa de procurar ajuda profissional, nos grupos de ajuda mútua, ou se
necessário, com internações em Comunidades Terapêuticas.

Nas últimas páginas desta apostila, você encontrará alguns endereços úteis onde poderá obter ajuda
profissional.

C- ABUSO

Vínculo forte com a substância que interfere nas outras relações. Inclui a idéia de uso em excesso, a
noção de descomedimento.

Todo abuso é um USO INDEVIDO. Nem sempre o USO INDEVIDO é um abuso. Por exemplo:
um MEDICAMENTO tomado erroneamente, a automédicação, mesmo sem excesso, e uma dose
moderada e até esporádica de álcool, mas durante um tratamento com o qual não seja compatível,
constituem USO INDEVIDO.

Todo o uso de drogas ilícitas ou ilegais, de acordo com a lei, corresponde a um abuso passível de
sanção legal, uma vez que tais usos são proibidos.

Alguns autores denominam de categoria especial de abuso às substâncias desviadas do seu uso
habitual, em particular inalantes ou solventes, além da automédicação.

D- ADICTO

Define-se como uma pessoa francamente propensa a uma determinada prática - uma crença, uma
atividade, um trabalho - ou partidária de determinados princípios.

A OMS não classifica o usuário dependente como adicto uma vez que considera-se que o abuso de
drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e freqüência de uso.

E- ESCALADA

Envolvimento progressivo com drogas.

ESCALADA QUALITATIVA: passagem de um consumo de drogas "leves" para o uso de drogas
"pesadas".
ESCALADA QUANTITATIVA: passagem de um consumo ocasional a um consumo intenso,
contínuo ou crônico.

É mais comum o usuário entrar em uma escalada quantitativa - única droga de forma mais
freqüente.

Pode passar a misturar várias drogas, à procura de efeitos permanentes ou mais fortes.

A grande maioria dos usuários não entra em escalada.

A escalada não é um processo inevitável.

F- OVERDOSE (SUPER DOSE OU DOSE EXCESSIVA)

É um termo de língua inglesa utilizado cientificamente para denominar a exposição do organismo a
altas doses de uma substância química, seja ela um MEDICAMENTO, uma droga de abuso ou
outra substância química qualquer.

Vulgarmente esse termo é utilizado para denominar a exposição aguda a doses excessivas de uma
droga de abuso, ocorrendo ou não a INTOXICAÇÃO, isto é, havendo ou não sinais e sintomas
clínicos, que debilitam o organismo, provocando a falência de órgãos vitais, como coração e
pulmões.

G- INTOXICAÇÃO

Manifestação clínica do efeito nocivo produzido em um organismo vivo como resultado da
interação de uma substância química com esse organismo.
INTOXICAÇÃO AGUDA

Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo resultante da interação de uma
substância química com um organismo vivo, e que se apresenta de forma súbita, alguns minutos ou
algumas horas após a exposição ao agente químico, a qual é geralmente única e dentro de 24 horas.

INTOXICAÇÃO CRÔNICA

Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo resultante da interação de uma
substância química com um organismo vivo e que se apresenta após exposições repetidas, por um
tempo prolongado (superior a três meses).

H- SINERGISMO

É a soma ou potencialização dos efeitos de certas drogas semelhantes ou diferentes, como por
exemplo a ingestão de barbitúricos e/ou álcool.

I- ENTORPECENTE

Em farmacologia, designa os psicotrópicos que têm por principal função embotar ou insensibilizar.
Trata-se principalmente dos OPIÁCEOS, designados também de

NARCÓTICOS.

Aquilo que traz torpor, sono.

Segundo Giuseppe Di Gennaro, o termo entorpecente ou ESTUPEFACIENTE acentuaria o aspecto
do efeito provocado pela substância.

Termo muito utilizado pelas convenções internacionais que tratam da questão das drogas com
conotação generalizada, designando todos os psicotrópicos cuja distribuição e consumo devem ser
regulamentados, levando-se em conta sua presumida toxicidade.

Na opinião popular, refere-se à droga em geral.

J- NARCÓTICO

Da raiz grega "narco", de "narkosis" (entorpecimento), significa sonho, estupor, torpor.

É uma categoria de drogas que provoca sono ou estupor e inclui os opiáceos naturais, semi-
sintéticos ou sintéticos.

K- MEDICAMENTO

Toda substância ou associação de substâncias contida em um produto farmacêutico empregado para
modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se
administra.

Todo MEDICAMENTO é uma droga. CICLO DAS DROGAS
"TUDO O QUE EXISTE, SERVE PARA CUMPRIR UMA DETERMINADA FINALIDADE",
quer dizer: o perfume somente existe porque existem pessoas que gostam e sentem-se bem quando
estão perfumadas...

Assim também acontece com as drogas, que possuem várias finalidades, quer sejam para curar
doenças, para fins industriais, ou ainda aquelas que causam entorpecimento (os psicotrópicos).

Seja qual for a finalidade, as drogas obedecem um ciclo tipicamente econômico, que é:

PRODUÇÃO - DISTRIBUIÇÃO - CONSUMO

A produção e a comercialização das drogas existe para servir a uma necessidade de mercado, ou
seja, para os laboratórios farmacêuticos (MEDICAMENTOS), para a fabricação de produtos para a
indústria (solventes), para a indústria de calçados (cola de sapateiro), existindo ainda as várias
indústrias de cigarros e bebidas alcóolicas, para consumo da população.

Da mesma forma, existe também a produção das drogas comumente chamadas ilícitas como a
cocaína, a maconha, o "crack", a heroína, o LSD, etc., que infelizmente possuem consumidores
específicos (chamados dependentes químicos), além de um mercado que não pára de crescer, apesar
da preocupação e esforço das autoridades ligadas à questão.

PALAVRA DROGAS

Todo mundo já tem uma idéia do significado da palavra droga. Em linguagem comum, de todo dia
("Ah que droga" ou " logo agora droga" ou ainda, "esta droga não vale nada!") droga tem um
significado de coisa ruim, sem qualidade. Já em linguagem médica, droga é quase sinônimo de
medicamento. O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa folha
seca , isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais.
Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer substância que é capaz de modificar a
função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
A palavra psicotrópico é composta de duas outras: psico e trópico. Psico é fácil de se entender, pois
é uma palavra grega que significa nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim o
que cada um é). Mas trópico não é como alguns podem pensar, referente a trópicos, clima tropical...
A palavra trópico aqui relaciona-se com o termo tropismo que significa ter atração por. Então
psicotrópico significa atração pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o
nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas vezes, de agir. Mas estas
alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido e direção. Obviamente elas
dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida.


O Sistema Nervoso Central (SNC), contido na caixa craniana, tem como principal órgão o cérebro.
Dependendo da ação no cérebro, as drogas psicotrópicas são divididas em três grandes
grupos.
Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a atividade do nosso cérebro, ou seja,
deprimem o funcionamento do mesmo, o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de
droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas
de

Depressoras da Atividade do Sistema Nervoso Central

Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por aumentar a atividade do
nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que se utiliza dessas
drogas fique "ligada", "elétrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação

Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central
Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem modificando
qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata portanto, de mudanças quantitativas
como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade. O cérebro
passa a funcionar fora do seu normal e a atividade cerebral fica perturbada. Por essa razão este
terceiro grupo de drogas recebe o nome de

Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central
.
As principais drogas psicotrópicas que são usadas de maneira abusiva, estão relacionadas a seguir
de acordo com a classificação mencionada acima:

Depressores da Atividade do SNC
-
Calmantes e Sedativos
 ( son
feros ou hipnóticos) - drogas que causam sono: barbitúricos, alguns benzodiazepínicos

Tranqüilizantes ou Ansiolíticos
- acalmam; inibem a ansiedade: benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam, etc

Solventes ou Inalantes
: colas, tintas, removedores, etc

Opiáceos ou Narcóticos
- aliviam a dor e dão sonolência. Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina, etc.

Xaropes
 - com codeína ou ziprepol
Estimulantes da Atividade do SNC
-

Tabaco

Cocaína, crack e merla

Anfetaminas
Perturbadores da Atividade do SNC
De origem vegetal:

Maconha (THC)

Cogumelos ( psilocibina) e P

lantas Alucinógenas ( mescalina)

Anti-colinérgicos ( lírio, trombeteira, zabumba ou saia branca)

De origem sintética:
LSD-25 ( "ácido")

xtase ( ecstasy)
- Anti-colinérgicos - Medicamentos ( Artane, Bentyl)
Outras Drogas de Abuso



       O QUE SÃO DROGAS

Podemos definir uso como qualquer consumo de substâncias (experimental, esporádico ou
episódico), abuso ou uso nocivo como sendo um consumo de substâncias que já está associado a
algum prejuízo (quer em termos biológicos, psicológicos ou sociais) e, por fim, dependência como
o consumo sem controle, geralmente associado a problemas sérios para o usuário. Isso nos dá uma
idéia de continuum, com uma evolução progressiva entre esses níveis de consumo: os indivíduos
passariam inicialmente por uma fase de uso, alguns deles evoluiriam posteriormente para o estágio
de abuso e, finalmente, alguns destes últimos tornar-se-iam dependentes. As classificações atuais de
distúrbios provocados por drogas psicotrópicas fornecem critérios para diagnóstico que são gerais,
ou seja, independem da substância consumida para se caracterizar abuso/uso nocivo ou
dependência. Nem todo uso de drogas é devido à dependência e a maior parte das pessoas que
apresentam uso disfuncional de alguma droga não é dependente. Estudos recentes têm mostrado que
a condição de uso nocivo de uma droga nem sempre progride para a dependência.
A síndrome de dependência, segundo a Classificação Internacional de Doenças, CID-10
(Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10), é descrita por um conjunto
de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma
classe de substâncias alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que
outros comportamentos que antes tinham valor. Um diagnóstico de dependência deve usualmente
ser feito somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido experienciados ou exibidos
em algum momento durante o ano anterior:
Um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;
Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término
ou níveis de consumo;
Um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi reduzido,
evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância ou o uso da mesma
substância (ou uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de
abstinência;
Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas
para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas;
Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância
psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou para se
recuperar de seus efeitos;
Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de conseqüências manifestamente
nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor
depressivos conseqüentes a períodos de consumo excessivo da substância ou comprometimento do
funcionamento cognitivo relacionado à droga.
O dependente, portanto, é alguém que desenvolve um comportamento que em grande parte não
consegue controlar. Mas não há uma fórmula para se saber quem, entre os usuários de drogas, vai se
tornar dependente. O terreno é de possibilidades, de riscos, de situações relativas...

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Histórico do uso de drogas e conceitos sobre dependência

  • 1. USO DE DROGAS – DEPENDÊN CIA Histórico As provas mais antigas do conhecimento do ópio remontam às plaquinhas de escrever dos Sumerianos, que viveram na baixa Mesopotâmia (hoje o Iraque/Irã) há cerca de 7000 anos. O conhecimento de suas propriedades medicinais chega depois à Pérsia e ao Egito por intermédio dos Babilônios. Os gregos e os árabes também empregavam o ópio para fins médicos. O primeiro caso conhecido de cultivo da papoula, na Índia, data do século XI, no tempo do império Mongol (século XVI), a produção e o consumo de ópio nesse pais já eram fatos normais. O relato mais antigo que se tem sobre o álcool consta da passagem da Bíblia , onde Noé ficou nu perante seus filhos depois de tomar certa quantidade de BEBIDA INEBRIANTE (GÊNESIS 9-20,21). Na Antigüidade, o álcool ou mais comumente o vinho, era conhecido como a dádiva de todos os deuses, sendo BACO o deus do Vinho. 500 anos a.C., o povo Cita (habitante do Rio Danúbio/Volga - Europa Oriental), queimava a maconha (cânhamo) em pedras aquecidas e inalava os vapores dentro de suas barracas ou tendas. Aproximadamente no ano de 1.500, o CACTUS PEYOTE era utilizado em cerimônias religiosas (no descobrimento da América). Na mesma época, os espanhóis utilizavam as drogas alucinógenas como uma forma de auto-castigo, pois para este povo DROGA significa "DEMÔNIOS". O ópio (morfina/anestésico) incentivado na guerra civil americana (1776) era utilizado para fornecer alívio à dolorosa vida dos soldados. Em 1890, iníciou-se a livre comercialização de vinho, elaborado com extratos de coca e xaropes, com as mesmas composições. Em 1914, deu-se a proibição da livre negociação, com isto iníciou-se o Mercado Negro-ilícito (O EUA faturou cerca de 100 a 200 bilhões de dólares). Por volta de 1920, os EUA instauraram a "LEI SECA" - Proibição do comércio de álcool - lei esta que prorrogou-se por 13 anos. Durante a 2ª Grande Guerra, receitas de anfetaminas (estimulantes) eram utilizadas para combater a fadiga. Barbitúricos/Hipnóticos (Ex: Gardenal) teve seu auge em 1950:"VIVA MELHOR COM A QUÍMICA" (Lema utilizado pelos laboratórios). 1960, foi o auge do LSD (a era dos ácidos), muitos psiquiatras receitavam impiedosamente o consumo deste tipo de droga. Em 1970, a proliferação da cocaína e seus derivados, entre eles o "crack", e mais recentemente aparecendo o ecstasy, mais popular entre as classes média e alta. Dependência As dependências fazem parte da natureza do homem, uma vez que toda a existência humana está compreendida entre estados de dependência. Durante a vida, o ser humano cria relações de dependência com objetos, pessoas e situações. Algumas dessas relações são importantes para o bem-estar, outras causam prejuízo, perda de autonomia etc.
  • 2. A dependência cria um vínculo extremo onde a droga é priorizada em detrimento de outras relações. Na falta da droga, as pessoas, que se acostumaram a consumi-la, são invadidas por sintomas penosos, é a conseqüência de um desejo sem medida. "DEPENDÊNCIA" foi o termo recomendado em 1964, pela OMS, para substituir outros com maior conotação moral como "vício". A dependência constitui-se a partir de três elementos: a) a substância psicoativa com características farmacológicas peculiares; b) o indivíduo com suas características de personalidade e sua singularidade biológica; c) o contexto sócio-cultural dinâmico e polimorfo, onde se realiza o encontro entre o indivíduo e o produto. ALGUNS CONCEITOS: 1- DEPENDENTE 2- DEPENDENCIA FÍSICA 3- DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. 4- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA 5- TOLERÂNCIA 6- OUTROS CONCEITOS / TERMINOLOGIAS 1- DEPENDENTE Uma pessoa só deve ser considerada dependente se o seu nível de consumo incorrer em pelo menos três dos seguintes sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze meses antecedentes ao diagnóstico: forte desejo ou compulsão de consumir drogas; consciência subjetiva de dificuldades na capacidade de controlar a ingestão de drogas, em termos de início, término ou nível de consumo; uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena consciência da efetividade de tal estratégia; estado fisiológico de abstinência; evidência de tolerância, necessitando doses crescentes da substância requerida para alcançar os efeitos originalmente produzidos; estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a consumir droga em locais não propícios, a qualquer hora, sem nenhum motivo especial etc.; negligência progressiva de prazeres e interesses outros em favor do uso de drogas; persistência no uso de drogas, a despeito de apresentar clara evidência de manifestações danosas; evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a uma reinstalação rápida do quadro anterior. Por ocasião da 9ª Revisão da Classificação Internacional das Doenças, os aspectos psicológicos e físicos foram unificados sob a definição de DEPENDÊNCIA de drogas. Esta mudança ocorreu, pois, no passado, julgou-se erradamente que as drogas que induziam à DEPENDÊNCIA FÍSICA - e conseqüentemente à SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA - seriam aquelas perigosas (foram por isso chamadas de drogas pesadas ("hard drugs") ao contrário das que induziam apenas DEPENDÊNCIA PSÍQUICA - as drogas leves ("soft drugs"). +Sabe-se hoje que várias drogas, sem a capacidade de produzir dependência física, geram intensa compulsão para o uso e sérios problemas orgânicos.
  • 3. Portanto, soaria estranho classificá-las como drogas "leves". Assim, hoje, aceita-se que uma pessoa seja DEPENDENTE, sem qualificativo, enfatizando-se que a condição de DEPENDÊNCIA seja encarada como um quadro clínico, existindo dois tipos de dependência: FÍSICA/PSÍQUICA. 2- DEPENDÊNCIA FÍSICA Quando a droga é utilizada em quantidade e freqüências elevadas e o organismo se defende estabelecendo um novo equilíbrio em seu funcionamento, adaptando-se à droga de tal forma que, na sua falta, funciona mal. Estado de adaptação do corpo, manifestado por distúrbios físicos quando o uso de uma droga é interrompido. Na dependência física, a droga é necessária para que o corpo funcione normalmente. 3- DEPENDÊNCIA PSQUICA. É a dependência fundamental. A dependência psíquica se instala quando a pessoa é dominada por um impulso forte, quase incontrolável de se administrar a droga à qual se habituou, experimentando um mal-estar intenso ("fissura"), na ausência da mesma. Condição na qual uma droga produz um sentimento de satisfação e um impulso psicológico, exigindo uso periódico ou contínuo da droga para produzir prazer ou evitar desconforto. Apego ao estado onde as dificuldades do usuário são momentaneamente apagadas pelos efeitos da droga, que acaba por preencher a necessidade de "soluções" imediatas. Os psicotrópicos causam uma mudança no psiquismo, da qual as pessoas passam a depender. Em geral, estes efeitos são prazerosos. 4- SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de drogas em usuários dependentes. Caracteriza-se por sensações de mal-estar e diferentes graus de sofrimento mental e físico, particulares para cada tipo de droga. Manifestação de um desajuste metabólico no organismo provocado pela suspensão do uso de algumas substâncias. Quadro clínico que revela a falta que determinada substância está fazendo ao metabolismo orgânico. Algumas síndromes de abstinência podem ser tão graves ao ponto de colocar em risco a vida da pessoa, como é o caso da abstinência ao álcool e à heroína. 5- TOLERÂNCIA Quando o organismo reage à presença de um produto químico, através de um processo de adaptação biológica.
  • 4. No caso da presença contínua de uma determinada substância, o organismo se acostuma a ela e a incorpora em seu funcionamento. Assim, ele responde cada vez com menor intensidade aos efeitos da droga consumida, necessitando aumentar a dosagem para obter os mesmos efeitos. O aumento de doses muito mais elevadas do que as iniciais eleva o risco de uma morte súbita por overdose. Isto ocorre, por exemplo, quando se administra um produto mais "puro", isto é, menos adulterado que habitualmente. 6- OUTROS CONCEITOS / TERMINOLOGIAS A- MANEIRAS DE USO B- TIPOS DE USUÁRIOS C- ABUSO D- ADICTO E- ESCALADA F- OVERDOSE G- INTOXICAÇÃO H- SINERGISMO I- ENTORPECENTE J- NARCÓTICO K- MEDICAMENTO A- MANEIRAS DE USO USO Vínculo frágil com a substância que permite a manutenção de outras relações. É possível usar moderadamente certas substâncias sem abusar delas. Assim, no caso dos MEDICAMENTOS, o uso correto tem a ver com a dosagem adequada, além da indicação de um remédio apropriado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Órgão das Nações Unidas com sede em Genebra, o uso de drogas deve ser classificado em: USO NA VIDA: quando a pessoa fez uso de qualquer droga pelo menos uma vez na vida, USO NO ANO: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos uma vez nos últimos doze meses, USO NO MÊS OU RECENTE: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos uma vez nos últimos trinta dias, USO FREQÜENTE: quando a pessoa utilizou drogas seis ou mais vezes nos últimos trinta dias. Quanto ao padrão de uso de drogas, a OMS define os seguintes tipos: USO DE RISCO: padrão de uso ocasional, repetido e persistente, que implica em alto risco de danos futuros à saúde física ou mental do usuário, mas que ainda não resultou em significantes efeitos mórbidos orgânicos ou psicológicos, USO PREJUDICIAL: padrão de uso que já cause dano à saúde, físico e/ou mental. USO INVOLUNTÁRIO Relacionado à poluição química ou ambiental, onde certos produtos tóxicos podem ser absorvidos pela respiração, pela pele, por irradiação ou ingestão. Ex.: sapateiro que aspira cola acidentalmente, fumante passivo. Estas situações não são consideradas como uso de drogas - embora prejudiciais à saúde. USO RITUAL
  • 5. O uso ritual de substâncias psicotrópicas é aquele onde o consumo, geralmente de alucinógenos, é realizado dentro de um controle coletivo codificado em normas simbólicas, semelhante ao ato cerimonial. Esse controle coletivo pode se dar tanto dentro de culturas indígenas e camponesas, quanto no contexto mais próximo das grandes metrópoles. No primeiro caso, indígena e camponês, o uso ritual geralmente está associado a uma experiência místico-religiosa em que os indivíduos desenvolvem regras de contato com as entidades divinas nas quais acreditam. Temos o exemplo do xamanismo, muito comum em povos nativos da América Latina, onde um membro da tribo, tido como portador de capacidades especiais, ingere altas doses de tabaco mascado e através disso atua como interlocutor humano diante da autoridade transcendental ou divina. Aqui o controle é feito basicamente pelos enquadramentos simbólicos que são dados aos efeitos de alucinação provocados pela substância; todas as imagens evocadas pelo xama são interpretadas em função dos mitos, da realidade e dos anseios daquela tribo. De modo semelhante, o culto do Santo Daime também é uma prática ritual - onde o chá de ayahuasca é empregado por um grupo, orientado por um "mestre", para ter acesso a uma experiência mística. Assim, nesses dois momentos, o USO RITUAL utiliza o psicotrópico (especificamente o alucinógeno) como um meio de alcançar uma suposta transcendência na qual a coletividade está inclusa como beneficiária. No segundo caso, do contexto urbano, o uso ritual já assume algumas diferenciações. Nele, a substância (alucinógena, mas também estimulante e depressora) na maioria das vezes não é vista como um veículo para transcendência mística. O consumo não deixa de ocorrer dentro de uma prática grupal, organizada e controlada por um sistema simbólico, mas os objetivos são definidos por questões mais circunscritas aos indivíduos isoladamente. Assim, o que se tem é um RITUAL DO USO, no qual podem ser inseridos o compartilhar de seringas e a alternância de um mesmo cigarro de maconha no interior dos grupos. A forma de se fumar, aspirar ou aplicar a substância, os gestos e olhares são elementos que compõem o ritual do uso controlado. Numa perspectiva formal, ambos os rituais têm em comum o controle coletivo e codificado, diferenciado-se no que tange às aspirações definidas pelas realidades especificas. De qualquer maneira, existe nuances que não permitem uma visão fixa e fechada das diversas modalidades rituais. O que se procurou fazer aqui foi um breve mosaico desse tema tão amplo e complexo. USO VOLUNTÁRIO Todo o uso que ocorre pela própria vontade do usuário. Ex.: cheirar cola de sapateiro, fumar cigarros. Voltar ao item 6 B- TIPOS DE USUÁRIOS USUÁRIO A OMS recomenda a seguinte classificação para as pessoas que utilizam substâncias psicoativas: NÃO USUÁRIO: nunca utilizou,
  • 6. USUÁRIO LEVE: utilizou drogas, mas no ultimo mês o consumo não foi diário ou semanal, USUÁRIO MODERADO: utilizou drogas semanalmente, mas não diariamente no ultimo mês, USUÁRIO PESADO: utilizou drogas diariamente no ultimo mês. Segundo considerações de saúde pública, sociais e educacionais, uma publicação da UNESCO distingue entre quatro tipos de usuários: USUÁRIO EXPERIMENTAL ou EXPERIMENTADOR: limita-se a experimentar uma ou várias drogas, por diversos motivos, como curiosidade, desejo de novas experiências, pressão de grupo etc. Na grande maioria dos casos, o contato com drogas não passa das primeiras experiências. USUÁRIO OCASIONAL: utiliza um ou vários produtos, de vez em quando, se o ambiente for favorável e a droga disponível. Não há dependência, nem ruptura das relações afetivas e sociais. USUÁRIO HABITUAL ou "FUNCIONAL": faz uso freqüente de drogas. Em suas relações já se observam sinais de rupturas. Mesmo assim, ainda "funciona" socialmente, embora de forma precária e correndo riscos de dependência. USUÁRIO DEPENDENTE ou "DISFUNCIONAL" (toxicômano, drogadito, farmacodependente): vive pela droga e para a droga, quase exclusivamente. Como conseqüência, rompe os seus vínculos sociais, o que provoca isolamento e marginalização, acompanhados eventualmente de decadência física e moral. COMPORTAMENTOS E SINTOMAS FÍSICOS DE USUÁRIOS DE DROGAS: Estaremos descrevendo abaixo algumas características que podem apontar a possibilidade do jovem estar usando drogas: encontro de objetos estranhos ao ambiente (papel de seda, seringas, colírios, cachimbos, lâminas de barbear, cola, esmaltes, resíduos de pó branco e erva). Comportamentos suspeitos como esconder objetos pessoais, troca do dia pela noite, rejeição dos antigos amigos, mudanças na forma de se vestir, adquire o hábito da mentira, inventa desculpas para não realizar tarefas, usa colírios e/ou óculos escuros em ambientes fechados, rouba dinheiro ou objetos da casa. Existem também alguns sintomas físicos que podem indicar o uso de drogas, ou seja, calafrios no verão, suores no inverno, falta de coordenação motora, pupilas dilatadas ou contraídas, reações retardadas, palidez, perda ou aumento de peso, coriza constante, tonturas, taquicardia, vertigens, secura na boca, entre outros. É importante destacar que a observação de alguns destes sintomas não deve causar pânico nos familiares, mas sim a iniciativa de procurar ajuda profissional, nos grupos de ajuda mútua, ou se necessário, com internações em Comunidades Terapêuticas. Nas últimas páginas desta apostila, você encontrará alguns endereços úteis onde poderá obter ajuda profissional. C- ABUSO Vínculo forte com a substância que interfere nas outras relações. Inclui a idéia de uso em excesso, a noção de descomedimento. Todo abuso é um USO INDEVIDO. Nem sempre o USO INDEVIDO é um abuso. Por exemplo: um MEDICAMENTO tomado erroneamente, a automédicação, mesmo sem excesso, e uma dose
  • 7. moderada e até esporádica de álcool, mas durante um tratamento com o qual não seja compatível, constituem USO INDEVIDO. Todo o uso de drogas ilícitas ou ilegais, de acordo com a lei, corresponde a um abuso passível de sanção legal, uma vez que tais usos são proibidos. Alguns autores denominam de categoria especial de abuso às substâncias desviadas do seu uso habitual, em particular inalantes ou solventes, além da automédicação. D- ADICTO Define-se como uma pessoa francamente propensa a uma determinada prática - uma crença, uma atividade, um trabalho - ou partidária de determinados princípios. A OMS não classifica o usuário dependente como adicto uma vez que considera-se que o abuso de drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e freqüência de uso. E- ESCALADA Envolvimento progressivo com drogas. ESCALADA QUALITATIVA: passagem de um consumo de drogas "leves" para o uso de drogas "pesadas". ESCALADA QUANTITATIVA: passagem de um consumo ocasional a um consumo intenso, contínuo ou crônico. É mais comum o usuário entrar em uma escalada quantitativa - única droga de forma mais freqüente. Pode passar a misturar várias drogas, à procura de efeitos permanentes ou mais fortes. A grande maioria dos usuários não entra em escalada. A escalada não é um processo inevitável. F- OVERDOSE (SUPER DOSE OU DOSE EXCESSIVA) É um termo de língua inglesa utilizado cientificamente para denominar a exposição do organismo a altas doses de uma substância química, seja ela um MEDICAMENTO, uma droga de abuso ou outra substância química qualquer. Vulgarmente esse termo é utilizado para denominar a exposição aguda a doses excessivas de uma droga de abuso, ocorrendo ou não a INTOXICAÇÃO, isto é, havendo ou não sinais e sintomas clínicos, que debilitam o organismo, provocando a falência de órgãos vitais, como coração e pulmões. G- INTOXICAÇÃO Manifestação clínica do efeito nocivo produzido em um organismo vivo como resultado da interação de uma substância química com esse organismo.
  • 8. INTOXICAÇÃO AGUDA Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo, e que se apresenta de forma súbita, alguns minutos ou algumas horas após a exposição ao agente químico, a qual é geralmente única e dentro de 24 horas. INTOXICAÇÃO CRÔNICA Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo e que se apresenta após exposições repetidas, por um tempo prolongado (superior a três meses). H- SINERGISMO É a soma ou potencialização dos efeitos de certas drogas semelhantes ou diferentes, como por exemplo a ingestão de barbitúricos e/ou álcool. I- ENTORPECENTE Em farmacologia, designa os psicotrópicos que têm por principal função embotar ou insensibilizar. Trata-se principalmente dos OPIÁCEOS, designados também de NARCÓTICOS. Aquilo que traz torpor, sono. Segundo Giuseppe Di Gennaro, o termo entorpecente ou ESTUPEFACIENTE acentuaria o aspecto do efeito provocado pela substância. Termo muito utilizado pelas convenções internacionais que tratam da questão das drogas com conotação generalizada, designando todos os psicotrópicos cuja distribuição e consumo devem ser regulamentados, levando-se em conta sua presumida toxicidade. Na opinião popular, refere-se à droga em geral. J- NARCÓTICO Da raiz grega "narco", de "narkosis" (entorpecimento), significa sonho, estupor, torpor. É uma categoria de drogas que provoca sono ou estupor e inclui os opiáceos naturais, semi- sintéticos ou sintéticos. K- MEDICAMENTO Toda substância ou associação de substâncias contida em um produto farmacêutico empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra. Todo MEDICAMENTO é uma droga. CICLO DAS DROGAS
  • 9. "TUDO O QUE EXISTE, SERVE PARA CUMPRIR UMA DETERMINADA FINALIDADE", quer dizer: o perfume somente existe porque existem pessoas que gostam e sentem-se bem quando estão perfumadas... Assim também acontece com as drogas, que possuem várias finalidades, quer sejam para curar doenças, para fins industriais, ou ainda aquelas que causam entorpecimento (os psicotrópicos). Seja qual for a finalidade, as drogas obedecem um ciclo tipicamente econômico, que é: PRODUÇÃO - DISTRIBUIÇÃO - CONSUMO A produção e a comercialização das drogas existe para servir a uma necessidade de mercado, ou seja, para os laboratórios farmacêuticos (MEDICAMENTOS), para a fabricação de produtos para a indústria (solventes), para a indústria de calçados (cola de sapateiro), existindo ainda as várias indústrias de cigarros e bebidas alcóolicas, para consumo da população. Da mesma forma, existe também a produção das drogas comumente chamadas ilícitas como a cocaína, a maconha, o "crack", a heroína, o LSD, etc., que infelizmente possuem consumidores específicos (chamados dependentes químicos), além de um mercado que não pára de crescer, apesar da preocupação e esforço das autoridades ligadas à questão. PALAVRA DROGAS Todo mundo já tem uma idéia do significado da palavra droga. Em linguagem comum, de todo dia ("Ah que droga" ou " logo agora droga" ou ainda, "esta droga não vale nada!") droga tem um significado de coisa ruim, sem qualidade. Já em linguagem médica, droga é quase sinônimo de medicamento. O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca , isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais. Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. A palavra psicotrópico é composta de duas outras: psico e trópico. Psico é fácil de se entender, pois é uma palavra grega que significa nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim o que cada um é). Mas trópico não é como alguns podem pensar, referente a trópicos, clima tropical... A palavra trópico aqui relaciona-se com o termo tropismo que significa ter atração por. Então psicotrópico significa atração pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas vezes, de agir. Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido e direção. Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida. O Sistema Nervoso Central (SNC), contido na caixa craniana, tem como principal órgão o cérebro. Dependendo da ação no cérebro, as drogas psicotrópicas são divididas em três grandes grupos. Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a atividade do nosso cérebro, ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo, o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Atividade do Sistema Nervoso Central Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por aumentar a atividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que se utiliza dessas
  • 10. drogas fique "ligada", "elétrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata portanto, de mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade. O cérebro passa a funcionar fora do seu normal e a atividade cerebral fica perturbada. Por essa razão este terceiro grupo de drogas recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central . As principais drogas psicotrópicas que são usadas de maneira abusiva, estão relacionadas a seguir de acordo com a classificação mencionada acima: Depressores da Atividade do SNC - Calmantes e Sedativos ( son feros ou hipnóticos) - drogas que causam sono: barbitúricos, alguns benzodiazepínicos Tranqüilizantes ou Ansiolíticos - acalmam; inibem a ansiedade: benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam, etc Solventes ou Inalantes : colas, tintas, removedores, etc Opiáceos ou Narcóticos - aliviam a dor e dão sonolência. Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina, etc. Xaropes - com codeína ou ziprepol Estimulantes da Atividade do SNC - Tabaco Cocaína, crack e merla Anfetaminas Perturbadores da Atividade do SNC De origem vegetal: Maconha (THC) Cogumelos ( psilocibina) e P lantas Alucinógenas ( mescalina) Anti-colinérgicos ( lírio, trombeteira, zabumba ou saia branca) De origem sintética:
  • 11. LSD-25 ( "ácido") xtase ( ecstasy) - Anti-colinérgicos - Medicamentos ( Artane, Bentyl) Outras Drogas de Abuso O QUE SÃO DROGAS Podemos definir uso como qualquer consumo de substâncias (experimental, esporádico ou episódico), abuso ou uso nocivo como sendo um consumo de substâncias que já está associado a algum prejuízo (quer em termos biológicos, psicológicos ou sociais) e, por fim, dependência como o consumo sem controle, geralmente associado a problemas sérios para o usuário. Isso nos dá uma idéia de continuum, com uma evolução progressiva entre esses níveis de consumo: os indivíduos passariam inicialmente por uma fase de uso, alguns deles evoluiriam posteriormente para o estágio de abuso e, finalmente, alguns destes últimos tornar-se-iam dependentes. As classificações atuais de distúrbios provocados por drogas psicotrópicas fornecem critérios para diagnóstico que são gerais, ou seja, independem da substância consumida para se caracterizar abuso/uso nocivo ou dependência. Nem todo uso de drogas é devido à dependência e a maior parte das pessoas que apresentam uso disfuncional de alguma droga não é dependente. Estudos recentes têm mostrado que a condição de uso nocivo de uma droga nem sempre progride para a dependência. A síndrome de dependência, segundo a Classificação Internacional de Doenças, CID-10 (Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10), é descrita por um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância ou uma classe de substâncias alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que outros comportamentos que antes tinham valor. Um diagnóstico de dependência deve usualmente ser feito somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido experienciados ou exibidos em algum momento durante o ano anterior: Um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância; Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo; Um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância ou o uso da mesma substância (ou uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência; Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas; Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância psicoativa, aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou para se recuperar de seus efeitos; Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de conseqüências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos conseqüentes a períodos de consumo excessivo da substância ou comprometimento do funcionamento cognitivo relacionado à droga. O dependente, portanto, é alguém que desenvolve um comportamento que em grande parte não consegue controlar. Mas não há uma fórmula para se saber quem, entre os usuários de drogas, vai se tornar dependente. O terreno é de possibilidades, de riscos, de situações relativas...