SlideShare uma empresa Scribd logo
Segurança à prova
Bruna Bringhentti Dalmagro

O visual de pequenas cidades está mudando. É fácil olhar, desde o centro
da cidade até os bairros e ver novas construções de pequeno, médio ou
grande porte. O certo é, que a segurança no canteiro de obras muitas
vezes é deixada de lado.

        Houve um tempo em que a paisagem da cidade era de casas de madeira. Depois
de algum tempo, casas de material e pequenos edifícios de dois ou três andares.
Observava-se dentre as baixas construções muitos terrenos vazios, chácaras e muito
verde. Outrora, olhar para o céu era mais fácil, apenas visar o olhar para o alto e vê-lo.
Hoje, para fitar o céu precisamos movimentar a cabeça ou andar um pouco mais
driblando a sombra dos edifícios. A paisagem pode ter mudado, mas há algo que
acontece nas construções que não mudou: a (in)segurança.
        Antigamente para levantar uma casa bastavam algumas tábuas e alguns vizinhos
para ajudar nas horas de folga. Evoluindo, tijolos e cimento davam melhor sustentação à
construção, mas nada que houvesse a preocupação, como hoje, de alvarás, impostos,
arquitetos, engenheiro mecânico e hidráulico e operários, muitos operários. Assim como
evoluíram as construções, nos quesitos de materiais e dimensões, a mão de obra
especializada, e pequenos incidentes de outrora, se tornaram grandes preocupações.
        Entre dezenas de trabalhadores da construção civil está Derli Sauzen, 48 anos,
pedreiro e pintor, há 20 anos. Nestes anos de trabalho já sofreu cinco acidentes durante
o trabalho. Ele considera apenas dois como acidentes sérios. Duas intoxicações por tinta
(solução de tinta com solvente) e outra por pó de gesso. Isso aconteceu, pois não
utilizava o Equipamentos de Proteção Individual (EPI). “Quando eu comecei a trabalhar
de servente não tinha as proteções, eu acho. Pisar em pregos, se cortar, coisa de leve, ou
ficar com tosse por causa do cimento, eram coisas que a gente não se preocupava”. Os
outros acidentes, os quais ele não considera tão graves, mas que o Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) considera como acidente, assim como qualquer outra
situação de dano à saúde, foram perfurações com prego, cortes nas mãos e nos pés
através do manuseio de materiais como madeira e tijolos.

TRABALHO INFORMAL
          No trabalho informal os riscos são os mesmos sofridos pelo trabalhador
formalizado. O fato de não assinar a carteira de trabalho ou apenas fazer um contrato
estendido que não cumpre as leis do MTE, pode causar danos ao empregado e ao
empregador. As leis existem, porém não se aplicam à boa parte dos trabalhadores da
construção civil, pois, grande parte trabalha na economia informal. “No Brasil em cada
dez trabalhadores, oito estão na informalidade. A carteira assinada garante os direitos
dos trabalhadores, mas muitos empregadores, construtoras ou empreiteiras, para reduzir
custos na obra, ou terceirizam alguns setores da obra ou contratam operários, por dia ou
semana, para suprir a necessidade daquele momento”, Luana Cavalheiro Pinto,
especialista em Segurança do Trabalho.
          O uso do Equipamento de Segurança Individual (EPI) para o trabalhador
formal quanto para o informal é obrigatório. Luana ressalta que “ao pensar em fugir da
responsabilidade o empregador engana-se, pois pode ser processado por negligencia ou
omissão”. Para prevenção, é preciso oferecer treinamentos aos operários e fortalecer a
consciência da importância do uso dos equipamentos individuais e lembrar que a obra
também precisa contar com redes, sinalização e tapumes de segurança tanto para os
trabalhadores quanto para os cidadãos que passam perto do canteiro de obras




Segurança e fiscalização
          Para regulamentar a obrigatoriedade e fiscalizar a segurança nos canteiros de
obras, no Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho, conta com a lei
complementare Norma Regulamentadora 18 (NR 18). Ela prevê a obrigatoriedade do
uso dos EPIs e segurança nas construções, e ainda, deve haver um técnico de segurança
do trabalho em cada obra, que monitora e orienta os funcionários diariamente.
          Acidentes de trabalho podem ocorrer em qualquer tipo de profissão,
entretanto, alguns trabalhadores estão mais passíveis de sofrerem acidentes. A
UNESCO constatou que entre 13.000 profissões registradas em diversos países, os
trabalhadores da construção civil estão entre as doze classes mais sujeitas a acidentes de
trabalho.
          Empregador e empregado devem se unir para procurar minimizar os riscos,
aumentar a produtividade e finalizar satisfatoriamente a obra, com segurança.

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Concursos públicos seleções abertas
Concursos públicos   seleções abertasConcursos públicos   seleções abertas
Concursos públicos seleções abertas
Consumidor Racional
 
DIZ À LUA SEM(2)
DIZ À LUA SEM(2)DIZ À LUA SEM(2)
DIZ À LUA SEM(2)
Ashera
 
EIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
EIC CEPROMM Banner do blog parte escritaEIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
EIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
wab030
 
Cães da raça peacher
Cães da raça peacherCães da raça peacher
Cães da raça peacher
jaquelineblaya
 
Holocausto norte
Holocausto norteHolocausto norte
Holocausto norte
chuchonce
 
Leonidas pacheco cruzado
Leonidas pacheco cruzadoLeonidas pacheco cruzado
Leonidas pacheco cruzado
lleonidast
 
Cartaz Cultural Outubro de 2010
Cartaz Cultural Outubro de 2010Cartaz Cultural Outubro de 2010
Cartaz Cultural Outubro de 2010
nuno.jose.duarte
 
Convite a alunos docentes e assistentes hist.
Convite a alunos docentes e assistentes hist.Convite a alunos docentes e assistentes hist.
Convite a alunos docentes e assistentes hist.
1000a
 

Destaque (19)

Concursos públicos seleções abertas
Concursos públicos   seleções abertasConcursos públicos   seleções abertas
Concursos públicos seleções abertas
 
DIZ À LUA SEM(2)
DIZ À LUA SEM(2)DIZ À LUA SEM(2)
DIZ À LUA SEM(2)
 
EIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
EIC CEPROMM Banner do blog parte escritaEIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
EIC CEPROMM Banner do blog parte escrita
 
Ata de reunião n° 009 - dia 27 de outubro de 2010
Ata de reunião n° 009 - dia 27 de outubro de 2010Ata de reunião n° 009 - dia 27 de outubro de 2010
Ata de reunião n° 009 - dia 27 de outubro de 2010
 
Cães da raça peacher
Cães da raça peacherCães da raça peacher
Cães da raça peacher
 
Holocausto norte
Holocausto norteHolocausto norte
Holocausto norte
 
Cronograma fv turma 2
Cronograma fv turma 2Cronograma fv turma 2
Cronograma fv turma 2
 
Leonidas pacheco cruzado
Leonidas pacheco cruzadoLeonidas pacheco cruzado
Leonidas pacheco cruzado
 
Cartaz Cultural Outubro de 2010
Cartaz Cultural Outubro de 2010Cartaz Cultural Outubro de 2010
Cartaz Cultural Outubro de 2010
 
Representação e ordenação de números racionais
Representação e ordenação de números racionaisRepresentação e ordenação de números racionais
Representação e ordenação de números racionais
 
informatica
informaticainformatica
informatica
 
Mejores bandas de rock
Mejores bandas de rockMejores bandas de rock
Mejores bandas de rock
 
Nanotecnologia cfl
Nanotecnologia cflNanotecnologia cfl
Nanotecnologia cfl
 
Adivina adivinanza
Adivina adivinanzaAdivina adivinanza
Adivina adivinanza
 
Dos Caras
Dos Caras Dos Caras
Dos Caras
 
Daniel teixeira
Daniel teixeiraDaniel teixeira
Daniel teixeira
 
Súmula jogo 23 palmeiras 1 x 0 fuminense
Súmula jogo 23 palmeiras 1 x 0 fuminenseSúmula jogo 23 palmeiras 1 x 0 fuminense
Súmula jogo 23 palmeiras 1 x 0 fuminense
 
Lenguaje visual
Lenguaje visualLenguaje visual
Lenguaje visual
 
Convite a alunos docentes e assistentes hist.
Convite a alunos docentes e assistentes hist.Convite a alunos docentes e assistentes hist.
Convite a alunos docentes e assistentes hist.
 

Semelhante a Segurança do trabalho (9)

Como identificar-se riscos em uma construção civil
Como identificar-se riscos em uma construção civilComo identificar-se riscos em uma construção civil
Como identificar-se riscos em uma construção civil
 
Como identificar-se riscos em uma construção civil?
Como identificar-se riscos em uma construção civil?Como identificar-se riscos em uma construção civil?
Como identificar-se riscos em uma construção civil?
 
Riscos e Acidentes na Construção Civil
Riscos e Acidentes na Construção CivilRiscos e Acidentes na Construção Civil
Riscos e Acidentes na Construção Civil
 
Cartilhnr18
Cartilhnr18Cartilhnr18
Cartilhnr18
 
cartilhnr18.pdf
cartilhnr18.pdfcartilhnr18.pdf
cartilhnr18.pdf
 
Regras basicas-de-seguranca-para-trabalhos-com-corte-e-solda
Regras basicas-de-seguranca-para-trabalhos-com-corte-e-soldaRegras basicas-de-seguranca-para-trabalhos-com-corte-e-solda
Regras basicas-de-seguranca-para-trabalhos-com-corte-e-solda
 
Edição 11
Edição 11Edição 11
Edição 11
 
Prevenção oficina mecânica epi
Prevenção oficina mecânica   epiPrevenção oficina mecânica   epi
Prevenção oficina mecânica epi
 
NR - 18 Construção Civil (Oficial)
NR - 18 Construção Civil (Oficial)NR - 18 Construção Civil (Oficial)
NR - 18 Construção Civil (Oficial)
 

Mais de Bruna Dalmagro (20)

Web tv
Web tvWeb tv
Web tv
 
Higiene bucal
Higiene bucalHigiene bucal
Higiene bucal
 
Pauta nutriçao
Pauta   nutriçaoPauta   nutriçao
Pauta nutriçao
 
Amor
AmorAmor
Amor
 
Palestra sobre comunicaçao
Palestra sobre comunicaçaoPalestra sobre comunicaçao
Palestra sobre comunicaçao
 
Eu, a empresa e a aquipe
Eu, a empresa e a aquipeEu, a empresa e a aquipe
Eu, a empresa e a aquipe
 
Aula 4
Aula 4Aula 4
Aula 4
 
Pop art
Pop artPop art
Pop art
 
Aula 4
Aula 4Aula 4
Aula 4
 
Aula 3
Aula 3Aula 3
Aula 3
 
Simple Past 1
Simple Past 1Simple Past 1
Simple Past 1
 
Simple Past
Simple PastSimple Past
Simple Past
 
Aula 2
Aula 2Aula 2
Aula 2
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aula
Aula Aula
Aula
 
jornalismo literário
jornalismo literáriojornalismo literário
jornalismo literário
 
Projeto de arte
Projeto de arteProjeto de arte
Projeto de arte
 
Picasso e cubismo
Picasso e cubismoPicasso e cubismo
Picasso e cubismo
 
Faixas decorativas
Faixas decorativasFaixas decorativas
Faixas decorativas
 
Aula inaugural
Aula inauguralAula inaugural
Aula inaugural
 

Segurança do trabalho

  • 1. Segurança à prova Bruna Bringhentti Dalmagro O visual de pequenas cidades está mudando. É fácil olhar, desde o centro da cidade até os bairros e ver novas construções de pequeno, médio ou grande porte. O certo é, que a segurança no canteiro de obras muitas vezes é deixada de lado. Houve um tempo em que a paisagem da cidade era de casas de madeira. Depois de algum tempo, casas de material e pequenos edifícios de dois ou três andares. Observava-se dentre as baixas construções muitos terrenos vazios, chácaras e muito verde. Outrora, olhar para o céu era mais fácil, apenas visar o olhar para o alto e vê-lo. Hoje, para fitar o céu precisamos movimentar a cabeça ou andar um pouco mais driblando a sombra dos edifícios. A paisagem pode ter mudado, mas há algo que acontece nas construções que não mudou: a (in)segurança. Antigamente para levantar uma casa bastavam algumas tábuas e alguns vizinhos para ajudar nas horas de folga. Evoluindo, tijolos e cimento davam melhor sustentação à construção, mas nada que houvesse a preocupação, como hoje, de alvarás, impostos, arquitetos, engenheiro mecânico e hidráulico e operários, muitos operários. Assim como evoluíram as construções, nos quesitos de materiais e dimensões, a mão de obra especializada, e pequenos incidentes de outrora, se tornaram grandes preocupações. Entre dezenas de trabalhadores da construção civil está Derli Sauzen, 48 anos, pedreiro e pintor, há 20 anos. Nestes anos de trabalho já sofreu cinco acidentes durante o trabalho. Ele considera apenas dois como acidentes sérios. Duas intoxicações por tinta (solução de tinta com solvente) e outra por pó de gesso. Isso aconteceu, pois não utilizava o Equipamentos de Proteção Individual (EPI). “Quando eu comecei a trabalhar de servente não tinha as proteções, eu acho. Pisar em pregos, se cortar, coisa de leve, ou ficar com tosse por causa do cimento, eram coisas que a gente não se preocupava”. Os outros acidentes, os quais ele não considera tão graves, mas que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) considera como acidente, assim como qualquer outra situação de dano à saúde, foram perfurações com prego, cortes nas mãos e nos pés através do manuseio de materiais como madeira e tijolos. TRABALHO INFORMAL No trabalho informal os riscos são os mesmos sofridos pelo trabalhador formalizado. O fato de não assinar a carteira de trabalho ou apenas fazer um contrato estendido que não cumpre as leis do MTE, pode causar danos ao empregado e ao empregador. As leis existem, porém não se aplicam à boa parte dos trabalhadores da construção civil, pois, grande parte trabalha na economia informal. “No Brasil em cada dez trabalhadores, oito estão na informalidade. A carteira assinada garante os direitos dos trabalhadores, mas muitos empregadores, construtoras ou empreiteiras, para reduzir custos na obra, ou terceirizam alguns setores da obra ou contratam operários, por dia ou semana, para suprir a necessidade daquele momento”, Luana Cavalheiro Pinto, especialista em Segurança do Trabalho. O uso do Equipamento de Segurança Individual (EPI) para o trabalhador formal quanto para o informal é obrigatório. Luana ressalta que “ao pensar em fugir da responsabilidade o empregador engana-se, pois pode ser processado por negligencia ou omissão”. Para prevenção, é preciso oferecer treinamentos aos operários e fortalecer a
  • 2. consciência da importância do uso dos equipamentos individuais e lembrar que a obra também precisa contar com redes, sinalização e tapumes de segurança tanto para os trabalhadores quanto para os cidadãos que passam perto do canteiro de obras Segurança e fiscalização Para regulamentar a obrigatoriedade e fiscalizar a segurança nos canteiros de obras, no Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho, conta com a lei complementare Norma Regulamentadora 18 (NR 18). Ela prevê a obrigatoriedade do uso dos EPIs e segurança nas construções, e ainda, deve haver um técnico de segurança do trabalho em cada obra, que monitora e orienta os funcionários diariamente. Acidentes de trabalho podem ocorrer em qualquer tipo de profissão, entretanto, alguns trabalhadores estão mais passíveis de sofrerem acidentes. A UNESCO constatou que entre 13.000 profissões registradas em diversos países, os trabalhadores da construção civil estão entre as doze classes mais sujeitas a acidentes de trabalho. Empregador e empregado devem se unir para procurar minimizar os riscos, aumentar a produtividade e finalizar satisfatoriamente a obra, com segurança.