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HILDALENE
PINHEIRO
LITERATURA 09 ROMANTISMO NO
BRASIL POESIA
15/06/2020
2
TEMPO DE AULA: 45min
DISCIPLINA: LITERATURA
CONTEÚDO: ROMANTISMO NO BRASIL – PROSA
EXPLANAÇÃO DO CONTEÚDO: AULA EXPOSITIVA E SLIDES
NA AULA
ANTERIOR
3
POESIA
ROMÂNTICA
BRASILEIRA
1ª GERAÇÃO
2ª GERAÇÃO: ULTRA-ROMÂNTICA/ MAL-DO-
SÉCULO/BYRONIANA
• Deu-se a parir de 1853 com a publicação de
LIRA DOS VINTE ANOS, de Álvares de Azevedo.
• Marcada pelo pessimismo doentio, a
angústia diante da vida, a solidão, ironia e a
iminência da morte (morbidez), influenciados
pela poesia de Lord Byron, esses poetas
oscilavam entre a ingenuidade e o satanismo.
Ariel e Caliban.
• Participaram desse movimento, além de
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu,
Fagundes Varella e Junqueira Freire.
4
Álvares de Azevedo
Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um
poeta, escritor e contista, da Segunda
Geração Romântica brasileira. Suas poesias
retratam o seu mundo interior. É conhecido
como "o poeta da dúvida".
Faz parte dos poetas que deixaram em
segundo plano, os temas nacionalistas e
indianistas, usados na Primeira Geração
Romântica, e mergulharam fundo em seu
mundo interior.
É Patrono da cadeira n.º 2, da Academia
Brasileira de Letras.
5
6
IDEIAS ÍNTIMAS
Ossian o bardo é triste como a sombra/ Que seus cantos povoa. O Lamartine/ É
monótono e belo como a noite,/ Como a lua no mar e o som das ondas/ Mas pranteia
uma eterna monodia,/ Tem na lira do gênio uma só corda,/ Fibra de amor e Deus que um
sopro agita:/Se desmaia de amor a Deus se volta,/ Se pranteia por Deus de amor suspira./
Basta de Shakespeare. / Vem tu agora,/ Fantástico alemão, poeta ardente/ Que ilumina o
clarão das gotas pálidas/ Do nobre Johannisberg! Nos teus romances/ Meu coração
deleita-se. . . Contudo/ Parece-me que vou perdendo o gosto,/ Vou ficando blasé, passeio
os dias/ Pelo meu corredor, sem companheiro,/ Sem ler, nem poetar. Vivo fumando./
Minha casa não tem menores névoas/ Que as deste céu d'inverno. . . Solitário/ Passo as
noites aqui e os dias longos;/ Dei-me agora ao charuto em corpo e alma;/ Debalde ali de
um canto um beijo implora,/ Como a beleza que o Sultão despreza,/ Meu cachimbo
alemão abandonado!/ Não passeio a cavalo e não namoro;/ Odeio o lansquenê. . . Palavra
d'honra:/ Se assim me continuam por dois meses/ Os diabos azuis nos frouxos membros,/
Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso.
ÁLVARES DE AZEVEDO
6
SONETO
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era a mais bela! Seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Álvares de Azevedo
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
7
9
3ª GERAÇÃO: CONDOREIRA/HUGOANA/POESIA SOCIAL
Deu-se a partir de 1871, com a publicação de
ESPUMAS FLUTUANTES, de Castro Alves, que foi um
divisor de águas entre a poesia extremamente
romântica, da 2ª geração, e poemas voltados mais
para o contexto social e político do período, como a
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA e a REPÚBLICA.
Os principais nomes dessa geração são CASTRO
ALVES, o Poeta dos Escravos, Sousândrade e Tobias
Barreto.
Os temas amorosos, também tratados por esses
poetas, eram menos idealizados e as mulheres mais
carnais.
Essa geração representa uma transição para o
Realismo.
10
Antônio Frederico de Castro Alves
Castro Alves (1847-1871) nasceu em
Curralinho, atual Castro Alves, Bahia, em 14
de março de 1847. Filho de Antônio José
Alves, médico e também professor, e de
Clélia Brasília da Silva Castro, filha de
coronel. Faleceu em Salvador, no dia 6 de
julho de 1871, vitimado pela tuberculose,
com apenas 24 anos de idade.
Foi um poeta brasileiro, representante da
Terceira Geração Romântica no Brasil. O
Poeta dos Escravos expressou em suas
poesias a indignação aos graves problemas
sociais de seu tempo.
É patrono da cadeira nº 7 da Academia
Brasileira de Letras. 11
Características da Obra de Castro Alves
Castro Alves é a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma
poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu
as grandes causas da liberdade e da justiça.
Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade,
dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o
aproximava do Realismo. Sua poesia era como um grito
explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O
Poeta dos Escravos”.
Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, que aborda o
tema do inconformismo e da abolição da escravatura, através
da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como
nos poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra Os
Escravos (1883), que ficou inacabada.
12
13
Boa-noite
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!
É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo...
14
15
IV
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
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  • 1. HILDALENE PINHEIRO LITERATURA 09 ROMANTISMO NO BRASIL POESIA 15/06/2020
  • 2. 2 TEMPO DE AULA: 45min DISCIPLINA: LITERATURA CONTEÚDO: ROMANTISMO NO BRASIL – PROSA EXPLANAÇÃO DO CONTEÚDO: AULA EXPOSITIVA E SLIDES
  • 4. 2ª GERAÇÃO: ULTRA-ROMÂNTICA/ MAL-DO- SÉCULO/BYRONIANA • Deu-se a parir de 1853 com a publicação de LIRA DOS VINTE ANOS, de Álvares de Azevedo. • Marcada pelo pessimismo doentio, a angústia diante da vida, a solidão, ironia e a iminência da morte (morbidez), influenciados pela poesia de Lord Byron, esses poetas oscilavam entre a ingenuidade e o satanismo. Ariel e Caliban. • Participaram desse movimento, além de Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varella e Junqueira Freire. 4
  • 5. Álvares de Azevedo Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um poeta, escritor e contista, da Segunda Geração Romântica brasileira. Suas poesias retratam o seu mundo interior. É conhecido como "o poeta da dúvida". Faz parte dos poetas que deixaram em segundo plano, os temas nacionalistas e indianistas, usados na Primeira Geração Romântica, e mergulharam fundo em seu mundo interior. É Patrono da cadeira n.º 2, da Academia Brasileira de Letras. 5
  • 6. 6 IDEIAS ÍNTIMAS Ossian o bardo é triste como a sombra/ Que seus cantos povoa. O Lamartine/ É monótono e belo como a noite,/ Como a lua no mar e o som das ondas/ Mas pranteia uma eterna monodia,/ Tem na lira do gênio uma só corda,/ Fibra de amor e Deus que um sopro agita:/Se desmaia de amor a Deus se volta,/ Se pranteia por Deus de amor suspira./ Basta de Shakespeare. / Vem tu agora,/ Fantástico alemão, poeta ardente/ Que ilumina o clarão das gotas pálidas/ Do nobre Johannisberg! Nos teus romances/ Meu coração deleita-se. . . Contudo/ Parece-me que vou perdendo o gosto,/ Vou ficando blasé, passeio os dias/ Pelo meu corredor, sem companheiro,/ Sem ler, nem poetar. Vivo fumando./ Minha casa não tem menores névoas/ Que as deste céu d'inverno. . . Solitário/ Passo as noites aqui e os dias longos;/ Dei-me agora ao charuto em corpo e alma;/ Debalde ali de um canto um beijo implora,/ Como a beleza que o Sultão despreza,/ Meu cachimbo alemão abandonado!/ Não passeio a cavalo e não namoro;/ Odeio o lansquenê. . . Palavra d'honra:/ Se assim me continuam por dois meses/ Os diabos azuis nos frouxos membros,/ Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso. ÁLVARES DE AZEVEDO 6
  • 7. SONETO Pálida à luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia! Era a virgem do mar, na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d'alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia! Era a mais bela! Seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti - as noites eu velei chorando, Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo! Álvares de Azevedo SE EU MORRESSE AMANHÃ Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que amanhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! Que sol! que céu azul! que doce n'alva Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã! Mas essa dor da vida que devora A ânsia de glória, o doloroso afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã! 7
  • 8.
  • 9. 9
  • 10. 3ª GERAÇÃO: CONDOREIRA/HUGOANA/POESIA SOCIAL Deu-se a partir de 1871, com a publicação de ESPUMAS FLUTUANTES, de Castro Alves, que foi um divisor de águas entre a poesia extremamente romântica, da 2ª geração, e poemas voltados mais para o contexto social e político do período, como a ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA e a REPÚBLICA. Os principais nomes dessa geração são CASTRO ALVES, o Poeta dos Escravos, Sousândrade e Tobias Barreto. Os temas amorosos, também tratados por esses poetas, eram menos idealizados e as mulheres mais carnais. Essa geração representa uma transição para o Realismo. 10
  • 11. Antônio Frederico de Castro Alves Castro Alves (1847-1871) nasceu em Curralinho, atual Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Filho de Antônio José Alves, médico e também professor, e de Clélia Brasília da Silva Castro, filha de coronel. Faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos de idade. Foi um poeta brasileiro, representante da Terceira Geração Romântica no Brasil. O Poeta dos Escravos expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. É patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras. 11
  • 12. Características da Obra de Castro Alves Castro Alves é a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça. Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo. Sua poesia era como um grito explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O Poeta dos Escravos”. Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, que aborda o tema do inconformismo e da abolição da escravatura, através da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como nos poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra Os Escravos (1883), que ficou inacabada. 12
  • 13. 13
  • 14. Boa-noite Boa noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio... Boa noite, Maria! É tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. Boa noite!... E tu dizes – Boa noite. Mas não digas assim por entre beijos... Mas não me digas descobrindo o peito, – Mar de amor onde vagam meus desejos. Julieta do céu! Ouve.. a calhandra já rumoreja o canto da matina. Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira... ...Quem cantou foi teu hálito, divina! É noite ainda! Brilha na cambraia – Desmanchado o roupão, a espádua nua – o globo de teu peito entre os arminhos Como entre as névoas se balouça a lua... Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos Treme tua alma, como a lira ao vento, Das teclas de teu seio que harmonias, Que escalas de suspiros, bebo atento! Ai! Canta a cavatina do delírio, Ri, suspira, soluça, anseia e chora... Marion! Marion!... É noite ainda. Que importa os raios de uma nova aurora?!... Como um negro e sombrio firmamento, Sobre mim desenrola teu cabelo... E deixa-me dormir balbuciando: – Boa noite! –, formosa Consuelo... 14
  • 15. 15 IV Era um sonho dantesco… o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros… estalar de açoite… Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar… Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!