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Uma publicação
                                                    da Sociedade Brasileira
                                                    Pró-Inovação Tecnológica




                                  ANO II Nº 5 - janeiro/maio 2011




  Nacional por fora,
estrangeiro por dentro
      O esvaziamento tecnológico se
  alastra pela cadeia produtiva brasileira




           Novo ministro do Desenvolvimento,
           Fernando Pimentel, revela como
           pretende incentivar a inovação
editorial
                                                                                                                                                                                                        editorial




                                                                                                                                                                                                                              Foto: Divulgação/Abihpec
                                     Uma publicação
                                     da Sociedade Brasileira
                                     Pró-Inovação Tecnológica
                                                                Possibilidade de recomeço
                                                                    A presidente Dilma Roussef herdou um País
        Sociedade Brasileira                                    estabilizado, em crescimento econômico e com
      Pró-InovaçãoTecnológica                                   melhorias sociais pelo aumento do poder aquisitivo
              Presidente:
                                                                da população. Um quadro propício a gerar uma
        João Carlos Basilio                                     gestão míope. Para nossa boa surpresa, porém, este
          Vice-presidentes:                                     início de governo vem sendo marcado por uma
  Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira,                                postura enérgica contra problemas inegáveis da
   Jorge Lins Freire, Paulo Skaf,                               indústria – que, anteriormente, tinham seu lugar
    Robson Braga de Andrade e
                                                                cativo embaixo do tapete. Barreiras comerciais
       Rodrigo Rocha Loures
            Conselheiros:                                       contra produtos importados foram anunciadas e tomam formas bastante
      Armando Monteiro Neto,                                    inteligentes, como a exigência de selo de qualidade, certificados de segurança e
      Carlos Alexandre Geyer,                                   especificações técnicas.
         Franco Pallamolla,                                         A inovação, que nos interessa mais diretamente, está no rol dos principais itens
       Celso Antônio Barbosa,
        João Carlos Basílio,                                    apontados pelo governo no resgate à competitividade. Mas, até agora, ações concretas
  José Manuel de Aguiar Martins,                                não foram sinalizadas. A reportagem de capa desta edição mostra vários dos problemas
         Luiz Aubert Neto,                                      que precisarão ser combatidos, relacionados à “desindustrialização à brasileira”. A
     Luiz Guedes, Luiz Amaral,                                  matéria detalha como acontece o fenômeno, caracterizado pelo esvaziamento
  Merheg Cachum, Paulo Godoy e
                                                                tecnológico das cadeias produtivas.
          Paulo Okamotto
              Diretoria:                                            O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, adianta em entrevista à
 Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira,                             Pró-Inovação, na página 10, como sua pasta tratará do tema. O que se pode perceber é
    Fabián Yaksic e Joel Weisz                                  uma pré-disposição em continuar os planos do governo anterior: focar a Secretaria de
                                                                Inovação em áreas consideradas estratégicas, manter a gestão da subvenção
            Pró-Inovação é
                                                                econômica exclusivamente no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia e elevar
         a revista bimestral da
          Sociedade Brasileira                                  a inovação nas empresas com ajuda da segunda versão da Política de
       Pró-Inovação Tecnológica                                 Desenvolvimento Produtivo (PDP).
                                                                    Sabemos que a política de inovação pode ser ainda melhor que a proposta pelo
              Expediente                                        governo até então. A Protec, assim como outras entidades, já solicitou audiências
       Coordenação editorial:
                                                                para expor as necessidades da indústria e as possíveis soluções há tempos estudadas.
          Natália Calandrini
                Textos:                                             Se estiverem abertos para o diálogo, os gestores de nosso País poderão começar
          Natália Calandrini                                    dos avanços já conquistados. É o caso da recente Lei 12.349, que permite privilegiar
              Igor Waltz                                        empresas com tecnologia nacional nas licitações públicas. Ótimo incentivo à
             Colaboração:                                       inovação, ainda não é aplicado por falta de vontade política, segundo avaliação do
           Luciana Ferreira
                                                                advogado Denis Borges Barbosa, expressa na reportagem da página 8. O momento
     Projeto e produção editorial:
          Ricardo Meirelles                                     atual favorece um grande processo de transformação, que, se for efetivado, dará
            Diagramação:                                        margem para que qualquer um diga: “Nunca na história deste País se inovou tanto”.
           Jessica S. Gama
              Estagiárias:                                                                                                                                                            João Carlos Basilio
         Fernanda Magnani                                                                                                                                                            Presidente da Protec
           Mayara Almeida
       Comercial e Marketing:
         Alexandre Nicolsky

     Circulação: 3 mil exemplares




                   .
     Protec - Sociedade Brasileira
                                                                                                                           Sumário
      Pró-Inovação Tecnológica                                   Notas............................................................................................................................................   2
Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro                         Fomento – Edital Senai Sesi Inovação ganha mais recursos e foca no mercado............................... 3
          Rio de Janeiro - RJ                                    Capa – O esvaziamento tecnológico da indústria brasileira...................................................................4
            CEP 20020-050
                                                                 Legislação – Compras públicas a serviço do desenvolvimento nacional.........................................8
         Tel.: (21) 3077-0800
         Fax.: (21) 3077- 0812                                   Entrevista – Ministério do Desenvolvimento reafirma compromisso com a inovação..................10
        revista@protec.org.br                                    Espaço Rets................................................................................................................................         12
         www.protec.org.br




                                                                                                                                                                                          www.protec.org.br               1
notas
  notas



  Mais recurso para a microempresa
      Uma série de melhorias que o setor produtivo reivindica já de longa data
  para os editais de inovação ganha corpo com o novo Sebraetec. Reformulado
  no fim de 2010, o programa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
  Pequenas Empresas (Sebrae) traz como novidades a abertura de chamadas ao
  longo do ano – semelhante ao esquema de balcão – e a liberação dos recursos
  diretamente para as empresas. O Sebraetec atende exclusivamente a
  pequenas empresas que faturaram no ano fiscal de 2010 até R$ 2,4 milhões.
      O novo formato do programa se diferencia do anterior por criar linhas de
  subsídio à inovação tecnológica, aumentar os valores a serem
  disponibilizados e dividir os serviços tecnológicos do Sebrae nas categorias
  básico e avançado, o que permite uma melhor distribuição de recursos.
      O Sebraetec terá o valor total de R$ 787 milhões entre 2011 e 2013. Suas
  linhas serão gerenciadas pelas unidades regionais do Sebrae, que já
  começaram a operar os serviços tecnológicos em cada estado. No apoio à
  inovação, as primeiras seleções estaduais de projetos estão previstas para
  acontecer ainda este ano. Uma quarta linha de atuação – a de indicação
  geográfica –, no entanto, só deve ser operacionalizada a partir de 2012.
      Informações: Central de Relacionamento do Sebrae – 0800 570 0800



  Dez anos de Enitec                                                    Dada a largada para o 5º ENIFarMed
      O Encontro Nacional da Inovação Tecnológica                            O 5º Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e
  (Enitec) chega à sua 10ª edição este ano. Tradicional                  Medicamentos (ENIFarMed) já tem data marcada: 29 a
  evento da Protec, com apoio das Entidades                              31 de agosto de 2011. O evento será no Centro de
  Tecnológicas Setoriais (ETS), o Enitec desta vez dará                  Convenções Rebouças, em São Paulo. Os painéis terão
  destaque para a desindustrialização brasileira, que                    maior tempo para os debates, permitindo que os
  demanda soluções urgentes do novo governo. Porém,                      participantes avaliem a política industrial brasileira. No
  as análises da subvenção econômica, do financiamento                   site do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de
  e do apoio tecnológico continuam a fazer parte da                      Fármacos e Medicamentos (IPD-Farma), entidade
  programação. O evento será em São Paulo, nos dias 25                   promotora do evento, está disponível uma enquete para
  e 26 de maio. Acompanhe as novidades sobre o X                         eleição dos temas a serem contemplados no encontro.
  Enitec em www.protec.org.br.                                           Participe da pesquisa em www. ipd-farma.org.br.



  Escalada tributária
       Previsões do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
  (IBPT) indicam que a arrecadação de impostos em 2011 deve
  crescer 11% nominais (sem descontar a inflação), apesar de a
  economia ter projeção de avançar apenas 4,5%. Caso confirmada
  a projeção, o peso da carga tributária chegará a 38,4% do Produto
  Interno Bruto (PIB). Nos últimos dez anos, esse percentual passou
  de 30,03% para 35,04% - um aumento que levou o governo a
  abocanhar R$ 1,85 trilhão, ou seja, praticamente o PIB do México.
  Estudo do Banco Mundial mostra que uma empresa precisa
  trabalhar 13 vezes mais no Brasil para pagar tributos do que se
  estivesse instalada em um país desenvolvido. De acordo com o
  banco, em média 69,2% do faturamento das empresas servem
  apenas pagar impostos. Os números não seriam tão assustadores
  se trouxessem como contrapartida o desenvolvimento
  econômico do País. Porém, a precariedade do incentivo à
  competitividade e à inovação tecnológica permanece.




  2   Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
fomento
                                                                                                                            fomento




Edital Senai Sesi terá mais recursos
para inovação com foco no mercado
B    oa notícia para as empresas que
     aguardam a abertura de chamadas
públicas de apoio à inovação. O Serviço
                                                regional ajuda na melhoria de produtos e
                                                processos ou na criação de novas
                                                metodologias”, conta Amorim.
                                                                                            mada regionalmente, sendo, inclusive, os
                                                                                            profissionais de atendimento às empre-
                                                                                            sas. A lista com os contatos dos represen-
Nacional de Aprendizagem Industrial                                                         tantes está disponível no edital.
(Senai) e o Serviço Social da Indústria         Aperfeiçoamento constante                       Segundo estudo feito em 2010 pela
(Sesi) lançaram no dia 15 de março o                As empresas terão até maio para         Sociedade Brasileira Pró-Inovação
Edital Senai Sesi de Inovação 2011.             negociarem projetos de inovação             Tecnológica (Protec) em 15 estados
Melhor ainda: o orçamento deste ano             tecnológica com as unidades estaduais       brasileiros, 33% das companhias que
aumentou consideravelmente, pulando             das duas instituições, responsáveis por     criaram projeto para o edital Senai Sesi
de R$ 15 milhões em 2010 para R$ 26             apresentar, em parceria, a proposta para    com base em demanda de mercado
milhões. A expectativa é que seja               a comissão avaliadora nacional.             conseguiram obter sucesso comercial
movimentado o total de R$ 50 milhões,               A cada edição, o Senai cria normas ou   com produtos ou processos. O índice
juntando recursos das duas instituições,        procedimentos para o edital, com o          cresce para 57% quando as empresas
bolsas do Conselho Nacional de                                                              apresentam plano de negócios.
Desenvolvimento Científico e                                                                    Como o desenvolvimento dos
Tecnológico (CNPq) e contrapartidas das                                                     projetos é acompanhado pelos técnicos, o




                                                     “
empresas e das unidades estaduais.                                                          Senai e o Sesi constantemente têm
    “O aumento dos recursos em 2011
                                                         O apoio                            insumos para melhorar a chamada a cada
reflete os resultados já obtidos pelo edital.        técnico regional                       ano. Além disso, a comissão avaliadora
O Senai e o Sesi percebem os impactos                                                       fornece feedback sobre seu parecer,
econômicos dos projetos, mesmo com o
                                                    ajuda na melhoria                       informando os motivos da não aprovação,
orçamento limitado, se comparado com o                 de produtos                          quando é o caso. “Acontece de projetos
de outros programas”, conta Alysson
Andrade Amorim, analista de desenvolvi-
mento industrial do Senai Nacional. O
órgão dobrou sua participação, chegando a
                                                     e processos ou
                                                   na criação de novas
                                                                               “            não serem aprovados em um ano, mas no
                                                                                            seguinte eles são aperfeiçoados e
                                                                                            passam”, afirma Amorim.

R$ 16 milhões. O objetivo de disponibilizar
                                                      metodologias                               O Portal Protec publica, até maio,
                                                                                              uma série de reportagens sobre os
mais recursos consiste tanto em ampliar o                                                     requisitos, os serviços e os casos de
número de empresas atendidas – que deve                   Alysson Amorim                      sucesso do Edital Senai Sesi Inovação.
chegar a 90 – quanto o aporte por projeto.                                                    Acompanhe em www.protec.org.br.
    Por isso, o teto das propostas passou
de R$ 200 mil para R$ 300 mil, sem valor        objetivo de garantir a
mínimo, o que favorece as micro e               entrada da inovação no
pequenas empresas. No caso de projetos          mercado. Agora, o sistema
apresentados por Senai juntamente com           interno para inscrição de
Sesi, o limite máximo é de R$ 400 mil. A        projetos está adaptado de
contrapartida mínima das empresas e de          forma a ajudar os técnicos
cada unidade regional equivale a 5% do          a avaliar a real viabilidade
valor total do projeto e quanto maior           econômica das propostas.
forem as contrapartidas, maior serão os             Para que as equipes
pontos na avaliação.                            estejam bem preparadas
    A parceria entre unidade regional –         para divulgar o edital e
que presta consultoria e apoio tecnológi-       receber as empresas, foi
                                                                                                                                          Foto: Divulgação/Senai




co durante todo o projeto – e empresa é o       oferecido um workshop
fator de sucesso do Edital Senai Sesi de        nos dias 23 e 24 fevereiro,
Inovação. Os projetos também contam             em Brasília, para os
com a experiência acadêmica dos                 representantes estaduais.
bolsistas do CNPq. “O apoio técnico             Eles coordenam a cha-




                                                                                                                  www.protec.org.br   3
capa
  Capa




  Brasil prospera,
  mas com




      A indústria farmacêutica brasileira               transferência de fábricas do Brasil para    Holanda (desindustrializada em
  facilmente poderia ser eleita símbolo do              outros países até a permanência da          consequência da alta exportação de
  crescimento econômico do País – seu                   produção no País, porém apenas nas fases    petróleo). A doença brasileira está na
  faturamento aumentou 73,5% em cinco                   finais. A consequência é que a indústria    perda de conteúdo tecnológico, efeito
  anos, acompanhados de intensos                        nacional deixa de atuar justamente nas      colateral da enxurrada de dólares vinda
  processos de fusões e aquisições. Ao                  etapas produtivas que mais concentram       de capital especulativo e da venda de
  mesmo tempo, é o setor que melhor                     capacitação tecnológica. Os elos posicio-   commodities agrícolas, atualmente
  exemplifica a tão debatida desindustriali-            nados no meio da cadeira encolhem ou        supervalorizadas no mercado inter-
  zação. Os altos lucros obtidos na ponta               são perdidos e quem está na ponta se        nacional. Pesam, ainda, todos os
  final dessa cadeia produtiva dissimulam               dedica a procedimentos mínimos. Isso é o    entraves à competitividade que
  o que se passa no meio dela: os fabricantes           que o diretor-geral da Sociedade            compõem o custo Brasil, como alta carga
  de princípios ativos nacionais, que                   Brasileira Pró-Inovação Tecnológica         tributária, péssima infraestrutura e
  fornecem insumos para as farmacêuticas,               (Protec), Roberto Nicolsky, chama de        elevados custos de produção.
  estão praticamente extintos, com o                    “esvaziamento tecnológico”.                 .
  mercado sendo abastecido por produtos                     Segundo Nicolsky, o processo dá         A medida da dependência
  importados. E são justamente os princí-               base para a “desindustrialização à              A Protec também criou o conceito de
  pios ativos que acumulam quase toda a                 brasileira”, termo cunhado por ele em       déficit tecnológico para verificar a
  tecnologia dos medicamentos. É o que se               contraposição à “doença holandesa” –        competitividade dos segmentos indus-
  pode chamar de “desindustrialização à                 expressão usada pelos economistas para      triais brasileiros de maior intensidade
  brasileira”, caracterizada pelo esvazia-              quando a alta exportação de commodi-        tecnológica no comércio exterior. Este
  mento tecnológico das cadeias produti-                ties valoriza o câmbio, desestimulando a    indicador - que reflete o grau da depen-
  vas, um conceito que surge a partir do                atividade industrial.                       dência brasileira por tecnologia - inclui o
  recente e peculiar perfil de desenvolvi-                  Como os bons números da produção        saldo comercial dos grupos de alta e de
  mento econômico adotado pelo Brasil.                  e do faturamento do setor no Brasil         média-alta tecnologia e das contas de
      O fenômeno se expressa desde a                    mostram, o caso do País se difere da        serviços tecnológicos, como computação,




  4   Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
Capa


                          royalties e aluguel de equipamentos.
                              Ano após ano, o déficit tecnológico                                                 Indústria brasileira
                                                                                   O gráfico mostra que o déficit tecnológico do País cresce nos momentos de valorização do real
                          da indústria brasileira só faz crescer. A
                          Protec acompanha os números mensal-                            (US$)
                                                                                                                                                                                         (R$)

                          mente e, de acordo com o balanço de
                          2010, o indicador ficou em US$ 84,9
                          bilhões, superando em mais de US$ 20
                          bilhões, ou 33,2%, o resultado de 2008 - o
                          pior registrado até então. O agrava-
                          mento do déficit tecnológico acompanha
                          a trajetória de valorização do real, a
                          partir de 2006.
                              Levantamento realizado pelo Insti-
                          tuto de Estudos para o Desenvolvimento
                          Industrial (Iedi) chegou a conclusões
                          semelhantes às da Protec. O economista-
                          chefe da instituição, Rogério César de
                          Souza, avalia que os setores de alta e de

                                                                                                                                                                             Fonte: SECEX, BCB e OCDE




                               “    Estamos
                                  reduzindo o
                                conteúdo local
                                dos aparelhos
                              eletroeletrônicos e
                              desnacionalizando
                                                                       média-alta intensidade tecnológica têm
                                                                       histórico de saldos negativos, que
                                                                       aumentaram consideravelmente entre
                                                                       2008 e 2010. Ele observa, por exemplo,
                                                                       que o País cada vez mais importa nova
                                                                       tecnologia de TVs LED, sem adquirir
                                                                       capacitação tecnológica. Os setores de
                                                                                                                                  Alta tecnologia em baixa
                                                                                                                                      No setor de eletroeletrônicos, o
                                                                                                                                  déficit comercial persiste ano a ano. Em
                                                                                                                                  2010, ele foi 56% superior ao de 2009,
                                                                                                                                  ficando acima de todas as previsões com
                                                                                                                                  o valor recorde de US$ 27,3 bilhões. O
                                                                                                                                  levantamento da Associação Brasileira

                              o mercado com os
                            produtos estrangeiros
                                                         “             média-baixa tecnologia registraram
                                                                       déficit pela primeira vez em 2010,
                                                                       especialmente em segmentos como
                                                                       têxteis, couro e calçados. Isso fora o déficit
                                                                                                                                  da Indústria Elétrica e Eletrônica
                                                                                                                                  (Abinee) também revela o aumento
                                                                                                                                  significativo da importação de compo-
                                                                                                                                  nentes de alto conteúdo tecnológico, caso
                                  já acabados                          geral da indústria manufatureira.                          dos elétricos, eletrônicos, para telecomu-
                                                                           Ainda mais graves são os casos de                      nicações e para informática, além de
                                 Luiz Cezar Elias Rochel               empresas que transferiram suas fábricas                    semicondutores. Esses itens constituem
                                                                       para outros países ou deixaram de abri-las                 um elo importante da cadeia produtiva,
                                                                                            no País. A Vulcabras                  por serem fornecidos para diferentes
                                                                                            Azaleia decidiu                       indústrias. Além disso, vale destacar a
Foto: Divulgação/Abinee




                                                                                            montar uma indústria                  compra externa de produtos totalmente
                                                                                            de calçados no Oriente,               acabados, como lâmpadas e aparelhos de
                                                                                            de onde pretende                      ar condicionados de janela.
                                                                                            exportar produtos                         O gerente de economia da Abinee,
                                                                                            para a América Latina                 Luiz Cezar Elias Rochel, avalia que o
                                                                                            – inclusive o Brasil. No              setor se desindustrializa. “Estamos
                                                                                            começo do ano, a                      reduzindo o conteúdo local dos apare-
                                                                                            Philips fechou a fábrica              lhos eletroeletrônicos e desnacionali-
                                                                                            de lâmpadas automo-                   zando o mercado com produtos
                                                                                            tivas existente há 43                 importados que já vêm acabados.
                                                                                            anos em Recife. Agora,                Considerando somente os bens finais,
                                                                                            importa de suas                       ano a ano cresce a participação dos
                                                                                            unidades na Ásia e                    importados no consumo aparente, que
                                                                                            Europa. Em nota, a                    foi de 15,9% em 2005 e passou para
                                                                                            empresa justificou a                  21,5% em 2010”, calcula.
                                                                                            decisão pelo alto custo                   Principal polo de eletroeletrônicos do
                                                                                            interno de produção.                  País, a Zona Franca de Manaus tem




                                                                                                                                                                  www.protec.org.br              5
Capa


Foto: Divulgação/Abimo

                                                                      Desnacionalização agrava déficit              empresas investem em P&D, a uma
                                                                          A desindustrialização toma con-           média de 7,5% do faturamento.
                                                                      tornos mais específicos no setor de artigos      “O produto nacional é competitivo
                                                                      e equipamentos para saúde. Apesar do          do ponto de vista tecnológico. Não é a
                                                                      avanço progressivo do déficit comercial,      vanguarda da tecnologia, mas atende a
                                                                      que aumentou 255% entre 2003 (US$ 629         90% da demanda de um hospital. Porém,
                                                                      milhões) e 2009 (US$ 2,23 bilhões), o que     com o câmbio baixo e sem alíquotas de
                                                                      assombra o setor há quatro anos é a           importação, está difícil de competir. Hoje
                                                                      compra de empresas nacionais com              é mais barato um hospital importar do
                                                                      desenvolvimento tecnológico médio por         que comprar no mercado interno. Vamos
                                                                      companhias estrangeiras.                      pedir medidas protecionistas momentâ-
                                                                          De acordo com o perfil operacional        neas ao governo”, adianta Pallamolla.
                                                                      das empresas verificado em 2009 pela          .
                                                                      Associação Brasileira da Indústria de         Produção com máquina estrangeira
                                                                      Artigos e Equipamentos Médicos,                   O setor de máquinas e equipamentos
                                                                      Odontológicos, Hospitalares e de




                   “
                                                                                                                    – considerado de média-alta tecnologia –
                       Não temos                                      Laboratórios (Abimo), 71% do volume de        está entre os que mais sofrem com a
                                                                      produção, em média, ainda são feitos em       desindustrialização. Em 2010, a impor-
                      mecanismos                                      fábricas nacionais, enquanto 12% são          tação respondeu por 35,4% do consumo
                      que induzam                                     artigos importados das matrizes e o           aparente do País, de acordo com estudo
                                                                      restante (17%) vem de montagem ou             da Associação Brasileira da Indústria de
                   as múltis a trazerem            “                  terceirização. O perigo está na tendência     Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
                       pesquisa e                                     de aumento das fusões e aquisições
                    desenvolvimento                                   dentro de um modelo que desprivilegia a
                                                                      inovação local.
                       para o País


                                                                                                                        “
                                                                          “A desindustrialização tem
                                                                      ocorrido de forma indireta, pois não                   Empresas
                                                                      temos mecanismos que induzam as
                            Franco Pallamolla
                                                                      múltis a trazerem pesquisa e desenvol-
                                                                                                                        fecharam unidades
                                                                      vimento para o País. Após a compra de             de princípios ativos
             também aumentado as importações. De                      empresas nacionais, algumas passam                  farmoquímicos,            “
             acordo com o Sindicato de Aparelhos                      apenas a importar. Por outro lado,
             Elétricos, Eletrônicos e Similares do                    muitas continuam fabricando, porém                  que concentram
             Amazonas (Sinaees), cerca de dez                         sem incorporar outras linhas de                     a tecnologia do
             empresas deixaram o polo nos últimos                     produtos, com novos agregados
             três anos, mas continuam abastecendo o                   tecnológicos. Se a aquisição ocorrer
                                                                                                                           medicamento
             mercado com produtos importados de                       somente para se ganhar mercado, além
             outras filiais, principalmente da Ásia.                  de o setor se desnacionalizar, ele                  Nelson Brasil de Oliveira
             Até fabricantes de bens de consumo                       entrará no processo de desindustriali-
             diminuem a produção e passam a                           zação”, analisa Franco Pallamolla,
                                                                                                                                                         Foto: Divulgação/Abifina
             importar toda a linha, ou parte dela,                    presidente da Abimo.
             como acontece com os aparelhos de DVD                        A tendência verificada por
             e de áudio. Foi a fórmula encontrada para                Pallamolla pode derrubar um setor no
             não perderem mercado.                                    Brasil ainda pequeno, porém pujante,
                 Por outro lado, Fabián Yaksic, gerente               tanto econômica quanto tecnologica-
             do Departamento de Tecnologia e Política                 mente. A maioria de suas empresas foi
             Industrial da Abinee, percebe manifestação               constituída por imigrantes e cresceu
             heterogênea na desindustrialização do                    com base em inovações incrementais
             setor. Enquanto há empresas voltando suas                para atender a necessidades familiares.
             atividades para outros nichos de mercado,                O setor evoluiu consideravelmente nos
             algumas de capital nacional mantém a P&D                 últimos 11 anos, ampliando seu
             no Brasil, porém transferem as fábricas para             faturamento 307%, ficando em R$ 7,7
             o exterior. Para Yaksic, o efeito mais grave             bilhões em 2009. O mercado estima
             acontece em uma terceira situação, quando                ainda um crescimento médio, nos
             empresas desativam seus centros de P&D                   próximos três anos, de 23%. De acordo
             no País, que, assim, perde conhecimento.                 com o estudo da Abimo, 53% das




             6      Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
Capa


Ainda segundo dados da entidade, o            aprovação de órgãos reguladores antes de    micos, optando por importá-los em vez de
setor produtivo brasileiro importa 60%        serem comercializados. Segundo Nelson       produzi-los”, diz.
das máquinas que usa, em vez de               Brasil de Oliveira, vice-presidente da          Nesse processo, os elos da cadeia
comprar no País. Como efeito do câmbio        Associação Brasileira das Indústrias de     mais prejudicados são aqueles de maior
aliado ao custo Brasil, as diferenças de      Química Fina e suas Especialidades          tecnologia. “Temos notícias de
valores entre os mercados nacional e          (Abifina), o processo leva de dois a três   empresas que fecharam unidades de
internacional são consideráveis. Apenas       anos, enquanto os importados entram no      princípios ativos, que são a alma do
para se ter uma ideia, o preço por quilo da   País sem qualquer fiscalização sanitária,   medicamento. Eles é que têm maior
válvula tipo gaveta no Brasil é de            por exemplo. “A falta de isonomia reforça   conteúdo tecnológico”, aponta o vice-
US$ 53,30, enquanto o importado da            a desindustrialização na cadeia produtiva   presidente a Abifina. Segundo ele, nos
Alemanha custa US$ 35,08 e o da China,        de fármacos e medicamentos, pois as         anos 90, mais de mil unidades produ-
simbólicos US$ 4,95.                          empresas acabam se preocupando apenas       tivas de farmoquímicos foram fechadas.
    Na área da química fina, os fabricantes   com a aprovação dos produtos destinados     Hoje, existem apenas dois fabricantes
contam com o agravante de precisarem          ao consumidor. Elas abrem mão da dor de     nacionais, além de cerca de 50 que
submeter seus produtos à demorada             cabeça de aprovar os insumos farmoquí-      produzem de forma descontinuada.



    Cadeia produtiva farmacêutica
    Concentração de empresas no Brasil                                                      O Brasil concentra suas ativida-
                                                                                          des no fim da cadeia, ficando,
             Intermediários                                                               assim, dependente do fornecimen-
         de síntese química                                                               to externo. Porém, mesmo entre as
                                                                                          farmacêuticas, a importação de
    Insumos Farmacêuticos                                                                 produtos semi-acabados é alta. Já
              Ativos (IFAs)                                                               no segmento de IFAs, temos poucas
                                                                                          unidades indutriais, apesar de elas
             Medicamentos                                                                 produzirem o item que mais pesa
                                                                                          no custo final dos medicamentos.
                               0          1         2          3          4          5




                Debate

Múltiplas faces da desindustrialização nacional
    Rogério César de Souza, do Iedi,          to da economia, mas não na magnitude em     partir da enorme terceirização promovida
considera que o Brasil passa por uma          que aconteceu. O que está por trás são o    na década de 90. Antes, nas estatísticas,
“desindustrialização relativa”, cuja          câmbio e outras questões. A indústria não   essas empresas eram contabilizadas como
principal característica é a perda de         está com a capacidade estourada; sempre     parte da indústria. Sobre o argumento de o
participação da indústria no Produto          trabalhou com baixa ociosidade. Não         Brasil estar exportando mais para os
Interno Bruto (PIB), hoje em 16%, contra      existe o argumento de que não há            países em desenvolvimento, isso não
os 27% dos anos 80. Para quem considera       condições de atender à demanda”.            significa necessariamente perda de
o movimento tendência natural do                  Porém, na avaliação de Lia              competitividade. Pode ter sido uma opção
desenvolvimento econômico, ele avisa          Hasenclever, professora do Instituto de     deliberada do governo Lula. São hipóteses
que nos países emergentes em que o PIB        Economia da Universidade Federal do Rio     que não permitem uma análise conclusi-
cresceu mais de 5%, a indústria aumen-        de Janeiro (UFRJ), não há evidências        va”, contextualiza Lia. Com olhar
tou sua participação, principalmente na       suficientes que permitam concluir sobre a   pragmático sobre o debate, Souza diz:
Coreia e na China.                            existência de um processo de desin-         “Com desindustrialização ou não, é
    Souza rebate os principais argumentos     dustrialização. “A perda de participação    consenso que o Brasil perde competitivi-
que justificam o aumento das importações.     no PIB pode ser uma mudança estrutural      dade. Basta ver a balança comercial. Então,
“Ele poderia ser explicado pelo crescimen-    em função do aumento dos serviços, a        vamos discutir isso”, defende.




                                                                                                                 www.protec.org.br   7
legislação
   legislação




                          Compras públicas:
                          a batalha continua
   A   Lei 12.349, que estabelece a preferên-
       cia de produtos e serviços com
   tecnologia nacional nas licitações
                                                         questões em aberto, estão os índices de
                                                         nacionalização que deverão ser adotados
                                                         para cada produto ou setor. A lei
                                                                                                      desenvolvimento tecnológico, Barbosa
                                                                                                      acredita que aplicar a Lei 12.349 depende,
                                                                                                      acima de tudo, de vontade política. Seu
   públicas, é um caso em que, depois da                 estabelece, apenas, uma regra geral: a       argumento pressupõe outro modelo de
   bonança, pode vir a tempestade. Ao ser                margem de preferência nacional nas           Estado, que seja de fato competente e
   sancionada em dezembro de 2010, foi                   licitações para preços até 25% superiores.   comprometido com o avanço da sociedade
   amplamente comemorada por ser vista                        Porém, o advogado Denis Borges          e não de grupos políticos. O País estaria,
   como meio de estimular a inovação, além               Barbosa (veja entrevista na pág. ao lado),   neste momento, vivenciando a oportuni-
   de dar igualdade de condições à                       professor da Academia de Propriedade         dade de superar o fantasma da corrupção e
   indústria instalada no País, em relação               Intelectual e Inovação do Instituto          da ineficiência – o grande temor provocado
   aos importados favorecidos pelo                       Nacional da Propriedade Industrial           pela lei é o do favorecimento a empresas.
   câmbio. Passada a euforia inicial, a                  (INPI), afirma que não é necessário              “É preciso muita coragem para
   batalha agora é para que a nova lei saia              esperar pela regulamentação. “É possível     aplicar essa lei. Precisamos superar o
   do papel. Para que isso aconteça, será                agir caso a caso, fixando o que se quer      velho paradigma de que o Estado só
   preciso muita coragem e vontade                       como objeto de desenvolvimento e             existe para o rei. A ousadia por trás da lei
   política de nossos governantes.                       inovação. O governo precisa tomar            é que o Estado é para nós e não para os
       Dirigentes setoriais consultados pela             decisão, definindo áreas e margens para      políticos. Esta é nossa grande questão
   reportagem afirmam que o uso da Lei                   preferência nacional”.                       histórica”, defende o especialista em
   12.349 ficará estagnado enquanto o                         Grande defensor do uso do poder de      propriedade industrial e inovação, com
   governo não regulamentá-la. Entre as                  compra do Estado como incentivo ao           mais de 40 anos de experiência.



   8   Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
legislação



Proteção para a área da defesa                lei poderia ser mais agressiva. Para o Brasil   que dê pesos diferentes às empresas, de
   Um setor altamente sensível à lei das      concorrer com os produtos eletroeletrôni-       acordo com o tamanho da P&D, que
compras públicas é o da defesa, que           cos do sudeste asiático, são necessários pelo   deverá ter comprovação efetiva. Dessa
basicamente atende a dois clientes: os        menos 40% de vantagem, segundo ele.             forma, a lei poderá se tornar um grande
Ministérios da Defesa e da Justiça. Seus      “Não há como competir com menos que             mecanismo de atração de tecnologia”, diz
fabricantes faturam mais de US$ 1 bilhão      isso”. Ele lembra antigos financiamentos        Pallamolla. Em sua opinião, porém, a lei,
por ano, cifra nada desprezível. Porém,       do Banco Nacional de Desenvolvimento            por si só, não dará conta de fomentar a
as aquisições do governo ainda são            Econômico e Social (BNDES) que ofereci-         inovação na indústria. A subvenção
escassas, de acordo com o almirante           am taxas de juros reduzidas para empresas       econômica ainda se faz necessária.
Carlos Afonso Pierantoni, vice-               que comprovassem a nacionalização da




                                                                                                                                            Foto: Divulgação
presidente executivo da Associação            produção ou do projeto. “Deveríamos
Brasileira das Indústrias de Materiais de     retomar algo semelhante”, defende.
Defesa e Segurança (Abimde). O fato
justifica o baixo investimento em             Saúde em primeiro lugar
inovação, apesar da oferta de produtos            A Lei 12.349 também poderá ter                 Sob o olhar de
de alto valor agregado, como radares.         impacto significativo para a indústria de          Denis Borges
“As empresas de menor porte são               equipamentos para a saúde, em que as               Barbosa, advogado
maioria no setor e, por dependerem do         compras públicas respondem por 50% do
mercado interno, passam por uma               faturamento – levando-se em conta as               .
agonia enorme”, desabafa.                     aquisições de hospitais públicos e                 O senhor considera o poder de
   Segundo Pierantoni, a indústria da         conveniados ao Sistema Único de Saúde              compra do Estado a melhor
defesa teria, hoje, condições de suprir       (SUS). O dado é citado por Franco                  forma de incentivar a inovação?
                                                                                                 Acredito mais nas compras
80% da demanda do País, mas ele estima        Pallamolla, presidente da Associação
                                                                                                 públicas do que em patentes,
que apenas 40% da produção sejam              Brasileira da Indústria de Artigos e
                                                                                                 subvenção e incentivos fiscais. Os
nacionais. As limitações orçamentárias        Equipamentos Médicos, Odontológicos,
                                                                                                 custos de transação são menores.
são o maior inimigo do aumento das            Hospitalares e de Laboratórios (Abimo).
                                                                                                 Além disso, um contrato de até 10
compras públicas. “Se o orçamento for         Ele ressalta que as empresas do
                                                                                                 anos, em bilhões de reais, justifica
pequeno, talvez o governo não gaste os        Complexo Industrial da Saúde, por serem
                                                                                                 qualquer investimento em
25% a mais em produtos e serviços             importantes em agregação de valor, não
                                                                                                 inovação. Qual é o subsídio que
nacionais inovados, já que a lei não é        podem ser vistas pelo governo como
                                                                                                 oferece essa capacidade?
mandatória”, aponta.                          despesa e sim como prioridade.
   Para Fabián Yaksic, gerente do                 “Sem viés protecionista, mas desenvol-
                                                                                                 Como devem ser conduzidos
Departamento de Tecnologia e Política         vimentista, a lei pode ser instrumento             os casos em que o setor não
Industrial da Associação Brasileira da        importante de política industrial. O País          tiver condições de desenvolver
Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a   precisará formular uma regulamentação              integralmente a tecnologia
                                                                                                 para fornecimento imediato?
                                                                                                 O governo poderia permitir que a
                                                                                                 empresa importasse nos
      Protec no centro das contribuições                                                         primeiros anos e fosse aumentan-
                                                                                                 do o índice de nacionalização até
                       A atuação política     foi proposto um novo artigo, que,                  um limite em que não seja mais
                   da Sociedade               recusado, acabou por ser transfor-                 permitida a importação.
                   Brasileira Pró-            mado no inciso IV no artigo 27, com
                   Inovação Tecnológica       apoio do autor da Lei de Inovação, o               A preferência de empresas
                                                                                                 nacionais nas compras
                   (Protec) determinou        deputado federal Ricardo Zarattini.
                                                                                                 públicas é um tabu?
                   as bases jurídicas         O segundo embate foi para o                        Para impedir corrupções, a regra
                   para a formulação da       recurso ser usado. O laboratório                   constitucional da isonomia
                   Lei 12.349, de 2010.       público Farmanguinhos foi uma                      sempre foi interpretada de forma
                   Seis anos antes, a         das poucas instituições a colocá-lo                rigorosa e paranóica. Deixamos
      Protec começou a batalhar pela          em prática até hoje, para a compra                 de fazer o bem com medo de que
      criação de um dispositivo na Lei de     de antirretrovirais. A expectativa da              agentes do Estado e políticos
      Inovação que garantisse a preferên-     Protec é que a nova lei encoraje                   venham a fazer o mal. Se
      cia, nas compras públicas, de           outros órgãos a aplicar o mecanis-                 partirmos do princípio de que
      empresas desenvolvedoras de             mo para favorecer o desenvolvi-                    não temos um governo, a lei não
      tecnologia nacional. Inicialmente       mento tecnológico nacional.                        poderá existir.




                                                                                                                    www.protec.org.br   9
entrevista
    entrevista
                                                                                                                                 Foto: Aluízio Alves/Mdic




                   Fernando Pimentel

                   A inovação proposta pelo Mdic
                   O    governo Dilma Roussef entrou em cena com passo
                       firme, sinalizando disposição em adotar medidas
                   para fortalecer os produtos nacionais frente à invasão de
                                                                               A ordem da presidente Dilma Roussef é reduzir
                                                                               custos. Que áreas ou projetos do Mdic devem
                                                                               sofrer cortes?
                   importados. Mas, além das consideradas bem-vindas           Fernando Pimentel: Espero não ter que cortar orçamen-
                   barreiras comerciais e desonerações à exportação, o setor   to de nenhuma área ou projeto. No Mdic, a ordem é
                   produtivo aguarda ansiosamente por ações mais firmes        investir e trabalhar em ações voltadas para pesquisa,
                   de estímulo à competitividade. Nesta entrevista, o novo     desenvolvimento e inovação (PD&I). Nossos programas
                   ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio           contemplarão todos os setores produtivos com potencial
                   Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, adianta como            exportador ou de gerar efeitos de encadeamento sobre o
                   conduzirá a pasta em temas críticos relacionados à          conjunto da estrutura industrial.
                   inovação, como a subvenção econômica, o apoio às micro      .
                   e pequenas empresas e a Política de Desenvolvimento         Quais são os planos para a Secretaria de Inovação?
                   Produtivo (PDP) 2. Com orçamento de R$ 454,6 milhões,       F. P.: A estratégia da Secretaria de Inovação, criada em
                   Pimentel adianta que, mesmo com possíveis cortes            fevereiro de 2010, é fazer a diferença no aprimoramento
                   anunciados pelo governo, a ordem é investir e trabalhar     de políticas públicas e impulsionar a inovação no
                   em pesquisa, desenvolvimento e inovação.                    sistema brasileiro por meio das seguintes áreas:




    10   Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
entrevista
                                                                                                                        entrevista



nanotecnologia, software e tecnologia da    médias empresas?




                                                                                              “
informação, biotecnologia e biocombus-      F. P.: Por meio do Fórum Permanente de
tíveis. Agregar valor ao produto made in    Microempresas e Empresas de Pequeno                     Caso haja
Brazil é fundamental para aumentarmos       Porte, coordenado pela Secretaria de
nossa competitividade.                      Comércio e Serviços do Mdic. Esse                   reivindicação de
                                            Fórum está estruturado em seis comitês                mudanças no
O Mdic pretende promover melhorias          temáticos: comércio exterior; compras
                                                                                              edital de subvenção
no edital de subvenção econômica
que possam torná-lo mais acessível a
empresas produtivas?
F. P.: Caso haja alguma reivindicação de
mudanças no edital de 2011, ela deverá
                                            governamentais e varejo; desburocrati-
                                            zação e desoneração; investimento e
                                            financiamento; rede de disseminação,
                                            informação e capacitação; e tecnologia e
                                                                                               de 2011, ela deverá
                                                                                              ser feita diretamente
                                                                                                                       “
ser feita diretamente ao Ministério da
                                            inovação. Os comitês são responsáveis                    ao MCT
                                            por articular, elaborar propostas e
Ciência e Tecnologia.
                                            formular políticas públicas. Quanto às
                                            metas, elas serão estabelecidas no
O governo planeja investir diretamen-                                                      dades ser distinta da das empresas
te nas empresas um volume maior de          âmbito da PDP 2.
                                                                                           privadas, não significa que não seja
recursos subvencionados?                                                                   possível uma interação produtiva entre
F. P.: Estamos formulando a PDP 2 e,        Está nos planos de sua gestão
                                            desenvolver tecnologicamente                   elas. Há vários mecanismos de relaciona-
como já adiantei em meu discurso de
                                            fornecedores para aproveitarem as              mento: um deles é a própria adequação
posse, a inovação será um tema transver-    oportunidades criadas pelo pré-sal, as         de currículos, de cursos e de programas
sal, presente em todas as ações do          Olimpíadas e a Copa?                           de forma a atender a algumas especifici-
ministério. Mas é bom lembrar que, nos      F. P.: Claro que sim. Esse processo de         dades do mercado de trabalho. Outra
últimos anos, as operações de crédito       desenvolvimento tecnológico já está em         forma de interação é a possibilidade de
para projetos de inovação realizados pelo   curso. Um exemplo disso é eu ter               transferência de tecnologia produzida na
Banco Nacional de Desenvolvimento           participado da audiência da presidenta         universidade para as empresas privadas.
Econômico e Social (BNDES) cresceram        Dilma Rousseff com o presidente do             No Mdic, o papel da Secretaria de
bastante, passando de R$ 315,6 milhões,     Grupo GE, Jeffrey Immelt, para falar sobre     Inovação (SI) é de articulador e de
                                            a implantação de um centro de pesquisas        formulador de políticas que possibilitem
                                            no Brasil. O centro é parte de um plano de




“
                                                                                           o melhor uso de recursos públicos no
      Os programas                          investimentos do grupo no País que
                                            chegará a US$ 550 milhões nos próximos
                                                                                           atendimento às necessidades do setor
                                                                                           produtivo no que se refere à formação de
  do Mdic contemplarão                      dois anos. Inclusive, a GE já investiu US$ 7   mão de obra qualificada para a inovação
  os setores produtivos                     bilhões na aquisição de três empresas que
                                            fabricam equipamentos para o setor
                                                                                           e de criação de mecanismos que facilitem
                                                                                           a transferência de tecnologia da acade-
      com potencial                         petrolífero, com especial atenção para a       mia às empresas.
    exportador ou de        “               cadeia de exploração do pré-sal.
                                            .                                              Quais são as perspectivas de o go-
   gerar encadeamento                       Alguns países separam a política               verno reduzir a taxa de câmbio e a
                                                                                           carga tributária para o setor produtivo?
       da estrutura                         científica da tecnológica. O senhor
                                            considera o modelo adequado                    F. P.: O governo não pretende intervir no
         industrial                         para o Brasil?                                 câmbio. Quanto à redução da carga
                                            F. P.: Cada país deve adotar um modelo de      tributária, temos um regime chamado
                                            acordo com suas características. Aqui no       drawback, criado para desonerar os
em 2007, para R$ 1,6 bilhão, em 2010.       Brasil, por exemplo, Mdic e MCT traba-         insumos importados a serem utilizados
   Acredito que os desembolsos das          lham em conjunto a política científica e       em produtos destinados à exportação.
agências oficiais devem crescer ainda       tecnológica. A PDP 2, cujo objetivo            Esse regime acaba de ser aprimorado por
mais, em decorrência da prorrogação das     principal é elevar a capacidade de             portaria da Secretaria de Comércio
medidas adotadas no âmbito do               inovação das empresas brasileiras, seguirá     Exterior (Secex), publicada no Diário
Programa de Sustentação do                  trabalhando num esforço convergente com        Oficial de 15 de fevereiro de 2011, e
Investimento (PSI), que melhoraram as       o Plano de Ação de Ciência e Tecnologia e      passou a privilegiar igualmente a matéria-
condições de financiamento das              Inovação (PACTI/MCT).                          prima adquirida no Brasil. Agora, as
empresas que investem em PD&I.              .                                              indústrias poderão comprar insumos
                                            O senhor acredita que a inovação nas           desonerados no mercado interno. A
De que forma o ministério pretende          empresas depende do conhecimento               regulamentação do novo modelo prevê,
incentivar o crescimento e a ino-           gerado nas universidades?                      inclusive, um efeito retroativo, que
vação nas micro, pequenas e                 F. P.: Apesar da dinâmica das universi-        beneficiará operações já realizadas.




                                                                                                               www.protec.org.br   11
espaço rets
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    Regulamento para aprovação
         O grupo de trabalho de Governança finalizou a proposta de regulamento para a
    Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets). Ela será referendada pelos associados
    em maio, no X Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec). O documento define
                                                                                                   Associados da Rets

                                                                                                   Abendi – Associação Brasileira de Ensaios
    e formaliza o que é a Rets, seus objetivos, quem pode se associar, os direitos e deveres dos   Não Destrutivos e Inspeção
    associados, diretrizes para o trabalho sistêmico e normas para o processo eleitoral do
    Conselho Gestor. Desde o IX Enitec, as entidades ligadas à Rets trabalham conjuntamen-         Abifina - Associação Brasileira das
    te, divididas em grupos de trabalho, em ações que possibilitarão planejar as estratégias       Indústrias de Química Fina, Biotecnologia
    da rede. Em breve, será formado um comitê consultivo que orientará as atividades.              e suas Especialidades

                                                                                                   Abimo – Associação Brasileira das
    Tecnologia da saúde                                                                            Indústrias de Artigos e Equipamentos
        A Associação Brasileira da Indústria de                                                    Médicos e Odontológicos
    Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos,
    Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) realizará                                               Abiquim – Associação Brasileira da
                                                                                                   Indústria Química
    seu primeiro Congresso de Inovação em Materiais
    e Equipamentos para Saúde (Cimes). O evento
                                                                                                   ABM – Associação Brasileira de
    acontecerá em São Paulo, nos dias 29 e 30 de
                                                                                                   Metalurgia, Materiais e Mineração
    junho, com apoio da Protec, do Sebrae e da
    Agência Brasileira de Desenvolvimento
                                                                                                   Abraco – Associação Brasileira de
    Industrial (ABDI). O objetivo do Cimes é reunir
                                                                                                   Corrosão
    representantes da indústria e do governo para debater aspectos políticos e técnicos
    referentes ao desenvolvimento tecnológico do setor, além de estimular a formação de            Abravest – Associação Brasileira do
    redes de relacionamento.                                                                       Vestuário

                                                                                                   Abripur – Associação Brasileira da
    Além das fronteiras                                                                            Indústria do Poliuretano
        Com o objetivo de posicionar a indústria de transforma-     .
    ção plástica brasileira como uma das principais exporta-        .                              ABTCP – Associação Brasileira Técnica de
    doras mundiais do setor, a Associação Brasileira da In-         .                              Celulose e Papel
    dústria Química (Abiquim) mantém o programa Export              .
    Plastic. Ações para a internacionalização das empresas, como    .                              CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos
    promoção comercial, inteligência comercial, capacitação e su-   .
                                                                                                   FBTS – Fundação Brasileira de
    porte operacional, são oferecidas em parceria com a da Agência
                                                                                                   Tecnologia da Soldagem
    Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex- .
    Brasil). Entre os dias 13 e 16 de abril, o Export Plastic levou .
                                                                                                   IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia
    associados a Santiago para rodadas de negócios com empre- .
                                                                                                   do Couro, Calçado e Artefatos
    sários chilenos, dentro do Projeto Vendedor no Chile, que teve .
    uma edição anterior, em 2008.
                                                                                                   IPDEletron – Instituto de Gestão de
                                                                                                   Pesquisa e Desenvolvimento para a
                                                                                                   Indústria Elétrica e Eletrônica
    Inovação farmacêutica
        O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos             IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e
    (IPD-Farma) iniciou 2011 debatendo os principais desafios encontrados pelo setor               Desenvolvimento de Fármacos e Produtos
    para o desenvolvimento de novos medicamentos. A entidade firmou parceria com a                 Farmacêuticos
    Protec, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação Farmacêutica
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    estudantes de São Paulo, Recife e Goiânia foram contemplados na ação, que teve apoio
    do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
                                                                                                   ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha

                                                                                                   Itehpec – Instituto de Tecnologia e
                                                                                                   Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria
                                                                                                   e Cosméticos




    12    Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
Inovação no
                           Complexo
                        Industrial da
                              Saúde




   A fórmula que mais combina com você


O 5º Encontro Nacional de
      Inovação em
                                      O         ENIFarMed é o fórum privilegiado
                                                de articulação entre indústria,
                                                governo e academia. O programa,
                                      focado no tema central "CIS: estratégico no
                                      acesso a medicamentos", vai apresentar o
Fármacos e Medicamentos
                                      cenário mundial através de renomados
29, 30 e 31                           profissionais internacionais. O debate vai
                                      envolver a platéia e servirá para embasar
AGOSTO 2011                           estratégias conjuntas para aumentar a
Centro de Convenções                  competitividade do País. Você também poderá
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                                       fortalecer os elos de sua
                                               cadeia produtiva
                                                  O    s bons números da
                                                       produção nacional
                                                  escondem a fragilidade de
                                                  diversos segmentos industriais.
                                                  Fábricas que antes produziam
                                                  passam agora ao patamar de
                                                  montadoras de componentes
                                                  importados e perdem
                                                  tecnologia.
                                                  O X Enitec reunirá
                                                  representantes do governo e do
                                                  setor produtivo para debaterem
                                                  este cenário ameaçador. O
                                                  Encontro também será o fórum
                                                  para o levantamento de
                                                  propostas que possam resgatar
                                                  a competitividade do setor
                                                  produtivo nacional.
                X ENCONTRO
                NACIONAL DA
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       Dias 25 e 26 de maio, Centro de Convenções Indianópolis - ABIMAQ - SP
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FGV/EAESP - Caderno de Inovacao | Vol. 5
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Revista Pró Inovação - Edição 05

  • 1. Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica ANO II Nº 5 - janeiro/maio 2011 Nacional por fora, estrangeiro por dentro O esvaziamento tecnológico se alastra pela cadeia produtiva brasileira Novo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, revela como pretende incentivar a inovação
  • 2.
  • 3. editorial editorial Foto: Divulgação/Abihpec Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica Possibilidade de recomeço A presidente Dilma Roussef herdou um País Sociedade Brasileira estabilizado, em crescimento econômico e com Pró-InovaçãoTecnológica melhorias sociais pelo aumento do poder aquisitivo Presidente: da população. Um quadro propício a gerar uma João Carlos Basilio gestão míope. Para nossa boa surpresa, porém, este Vice-presidentes: início de governo vem sendo marcado por uma Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, postura enérgica contra problemas inegáveis da Jorge Lins Freire, Paulo Skaf, indústria – que, anteriormente, tinham seu lugar Robson Braga de Andrade e cativo embaixo do tapete. Barreiras comerciais Rodrigo Rocha Loures Conselheiros: contra produtos importados foram anunciadas e tomam formas bastante Armando Monteiro Neto, inteligentes, como a exigência de selo de qualidade, certificados de segurança e Carlos Alexandre Geyer, especificações técnicas. Franco Pallamolla, A inovação, que nos interessa mais diretamente, está no rol dos principais itens Celso Antônio Barbosa, João Carlos Basílio, apontados pelo governo no resgate à competitividade. Mas, até agora, ações concretas José Manuel de Aguiar Martins, não foram sinalizadas. A reportagem de capa desta edição mostra vários dos problemas Luiz Aubert Neto, que precisarão ser combatidos, relacionados à “desindustrialização à brasileira”. A Luiz Guedes, Luiz Amaral, matéria detalha como acontece o fenômeno, caracterizado pelo esvaziamento Merheg Cachum, Paulo Godoy e tecnológico das cadeias produtivas. Paulo Okamotto Diretoria: O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, adianta em entrevista à Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira, Pró-Inovação, na página 10, como sua pasta tratará do tema. O que se pode perceber é Fabián Yaksic e Joel Weisz uma pré-disposição em continuar os planos do governo anterior: focar a Secretaria de Inovação em áreas consideradas estratégicas, manter a gestão da subvenção Pró-Inovação é econômica exclusivamente no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia e elevar a revista bimestral da Sociedade Brasileira a inovação nas empresas com ajuda da segunda versão da Política de Pró-Inovação Tecnológica Desenvolvimento Produtivo (PDP). Sabemos que a política de inovação pode ser ainda melhor que a proposta pelo Expediente governo até então. A Protec, assim como outras entidades, já solicitou audiências Coordenação editorial: para expor as necessidades da indústria e as possíveis soluções há tempos estudadas. Natália Calandrini Textos: Se estiverem abertos para o diálogo, os gestores de nosso País poderão começar Natália Calandrini dos avanços já conquistados. É o caso da recente Lei 12.349, que permite privilegiar Igor Waltz empresas com tecnologia nacional nas licitações públicas. Ótimo incentivo à Colaboração: inovação, ainda não é aplicado por falta de vontade política, segundo avaliação do Luciana Ferreira advogado Denis Borges Barbosa, expressa na reportagem da página 8. O momento Projeto e produção editorial: Ricardo Meirelles atual favorece um grande processo de transformação, que, se for efetivado, dará Diagramação: margem para que qualquer um diga: “Nunca na história deste País se inovou tanto”. Jessica S. Gama Estagiárias: João Carlos Basilio Fernanda Magnani Presidente da Protec Mayara Almeida Comercial e Marketing: Alexandre Nicolsky Circulação: 3 mil exemplares . Protec - Sociedade Brasileira Sumário Pró-Inovação Tecnológica Notas............................................................................................................................................ 2 Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro Fomento – Edital Senai Sesi Inovação ganha mais recursos e foca no mercado............................... 3 Rio de Janeiro - RJ Capa – O esvaziamento tecnológico da indústria brasileira...................................................................4 CEP 20020-050 Legislação – Compras públicas a serviço do desenvolvimento nacional.........................................8 Tel.: (21) 3077-0800 Fax.: (21) 3077- 0812 Entrevista – Ministério do Desenvolvimento reafirma compromisso com a inovação..................10 revista@protec.org.br Espaço Rets................................................................................................................................ 12 www.protec.org.br www.protec.org.br 1
  • 4. notas notas Mais recurso para a microempresa Uma série de melhorias que o setor produtivo reivindica já de longa data para os editais de inovação ganha corpo com o novo Sebraetec. Reformulado no fim de 2010, o programa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) traz como novidades a abertura de chamadas ao longo do ano – semelhante ao esquema de balcão – e a liberação dos recursos diretamente para as empresas. O Sebraetec atende exclusivamente a pequenas empresas que faturaram no ano fiscal de 2010 até R$ 2,4 milhões. O novo formato do programa se diferencia do anterior por criar linhas de subsídio à inovação tecnológica, aumentar os valores a serem disponibilizados e dividir os serviços tecnológicos do Sebrae nas categorias básico e avançado, o que permite uma melhor distribuição de recursos. O Sebraetec terá o valor total de R$ 787 milhões entre 2011 e 2013. Suas linhas serão gerenciadas pelas unidades regionais do Sebrae, que já começaram a operar os serviços tecnológicos em cada estado. No apoio à inovação, as primeiras seleções estaduais de projetos estão previstas para acontecer ainda este ano. Uma quarta linha de atuação – a de indicação geográfica –, no entanto, só deve ser operacionalizada a partir de 2012. Informações: Central de Relacionamento do Sebrae – 0800 570 0800 Dez anos de Enitec Dada a largada para o 5º ENIFarMed O Encontro Nacional da Inovação Tecnológica O 5º Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e (Enitec) chega à sua 10ª edição este ano. Tradicional Medicamentos (ENIFarMed) já tem data marcada: 29 a evento da Protec, com apoio das Entidades 31 de agosto de 2011. O evento será no Centro de Tecnológicas Setoriais (ETS), o Enitec desta vez dará Convenções Rebouças, em São Paulo. Os painéis terão destaque para a desindustrialização brasileira, que maior tempo para os debates, permitindo que os demanda soluções urgentes do novo governo. Porém, participantes avaliem a política industrial brasileira. No as análises da subvenção econômica, do financiamento site do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de e do apoio tecnológico continuam a fazer parte da Fármacos e Medicamentos (IPD-Farma), entidade programação. O evento será em São Paulo, nos dias 25 promotora do evento, está disponível uma enquete para e 26 de maio. Acompanhe as novidades sobre o X eleição dos temas a serem contemplados no encontro. Enitec em www.protec.org.br. Participe da pesquisa em www. ipd-farma.org.br. Escalada tributária Previsões do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) indicam que a arrecadação de impostos em 2011 deve crescer 11% nominais (sem descontar a inflação), apesar de a economia ter projeção de avançar apenas 4,5%. Caso confirmada a projeção, o peso da carga tributária chegará a 38,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos dez anos, esse percentual passou de 30,03% para 35,04% - um aumento que levou o governo a abocanhar R$ 1,85 trilhão, ou seja, praticamente o PIB do México. Estudo do Banco Mundial mostra que uma empresa precisa trabalhar 13 vezes mais no Brasil para pagar tributos do que se estivesse instalada em um país desenvolvido. De acordo com o banco, em média 69,2% do faturamento das empresas servem apenas pagar impostos. Os números não seriam tão assustadores se trouxessem como contrapartida o desenvolvimento econômico do País. Porém, a precariedade do incentivo à competitividade e à inovação tecnológica permanece. 2 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 5. fomento fomento Edital Senai Sesi terá mais recursos para inovação com foco no mercado B oa notícia para as empresas que aguardam a abertura de chamadas públicas de apoio à inovação. O Serviço regional ajuda na melhoria de produtos e processos ou na criação de novas metodologias”, conta Amorim. mada regionalmente, sendo, inclusive, os profissionais de atendimento às empre- sas. A lista com os contatos dos represen- Nacional de Aprendizagem Industrial tantes está disponível no edital. (Senai) e o Serviço Social da Indústria Aperfeiçoamento constante Segundo estudo feito em 2010 pela (Sesi) lançaram no dia 15 de março o As empresas terão até maio para Sociedade Brasileira Pró-Inovação Edital Senai Sesi de Inovação 2011. negociarem projetos de inovação Tecnológica (Protec) em 15 estados Melhor ainda: o orçamento deste ano tecnológica com as unidades estaduais brasileiros, 33% das companhias que aumentou consideravelmente, pulando das duas instituições, responsáveis por criaram projeto para o edital Senai Sesi de R$ 15 milhões em 2010 para R$ 26 apresentar, em parceria, a proposta para com base em demanda de mercado milhões. A expectativa é que seja a comissão avaliadora nacional. conseguiram obter sucesso comercial movimentado o total de R$ 50 milhões, A cada edição, o Senai cria normas ou com produtos ou processos. O índice juntando recursos das duas instituições, procedimentos para o edital, com o cresce para 57% quando as empresas bolsas do Conselho Nacional de apresentam plano de negócios. Desenvolvimento Científico e Como o desenvolvimento dos Tecnológico (CNPq) e contrapartidas das projetos é acompanhado pelos técnicos, o “ empresas e das unidades estaduais. Senai e o Sesi constantemente têm “O aumento dos recursos em 2011 O apoio insumos para melhorar a chamada a cada reflete os resultados já obtidos pelo edital. técnico regional ano. Além disso, a comissão avaliadora O Senai e o Sesi percebem os impactos fornece feedback sobre seu parecer, econômicos dos projetos, mesmo com o ajuda na melhoria informando os motivos da não aprovação, orçamento limitado, se comparado com o de produtos quando é o caso. “Acontece de projetos de outros programas”, conta Alysson Andrade Amorim, analista de desenvolvi- mento industrial do Senai Nacional. O órgão dobrou sua participação, chegando a e processos ou na criação de novas “ não serem aprovados em um ano, mas no seguinte eles são aperfeiçoados e passam”, afirma Amorim. R$ 16 milhões. O objetivo de disponibilizar metodologias O Portal Protec publica, até maio, uma série de reportagens sobre os mais recursos consiste tanto em ampliar o requisitos, os serviços e os casos de número de empresas atendidas – que deve Alysson Amorim sucesso do Edital Senai Sesi Inovação. chegar a 90 – quanto o aporte por projeto. Acompanhe em www.protec.org.br. Por isso, o teto das propostas passou de R$ 200 mil para R$ 300 mil, sem valor objetivo de garantir a mínimo, o que favorece as micro e entrada da inovação no pequenas empresas. No caso de projetos mercado. Agora, o sistema apresentados por Senai juntamente com interno para inscrição de Sesi, o limite máximo é de R$ 400 mil. A projetos está adaptado de contrapartida mínima das empresas e de forma a ajudar os técnicos cada unidade regional equivale a 5% do a avaliar a real viabilidade valor total do projeto e quanto maior econômica das propostas. forem as contrapartidas, maior serão os Para que as equipes pontos na avaliação. estejam bem preparadas A parceria entre unidade regional – para divulgar o edital e que presta consultoria e apoio tecnológi- receber as empresas, foi Foto: Divulgação/Senai co durante todo o projeto – e empresa é o oferecido um workshop fator de sucesso do Edital Senai Sesi de nos dias 23 e 24 fevereiro, Inovação. Os projetos também contam em Brasília, para os com a experiência acadêmica dos representantes estaduais. bolsistas do CNPq. “O apoio técnico Eles coordenam a cha- www.protec.org.br 3
  • 6. capa Capa Brasil prospera, mas com A indústria farmacêutica brasileira transferência de fábricas do Brasil para Holanda (desindustrializada em facilmente poderia ser eleita símbolo do outros países até a permanência da consequência da alta exportação de crescimento econômico do País – seu produção no País, porém apenas nas fases petróleo). A doença brasileira está na faturamento aumentou 73,5% em cinco finais. A consequência é que a indústria perda de conteúdo tecnológico, efeito anos, acompanhados de intensos nacional deixa de atuar justamente nas colateral da enxurrada de dólares vinda processos de fusões e aquisições. Ao etapas produtivas que mais concentram de capital especulativo e da venda de mesmo tempo, é o setor que melhor capacitação tecnológica. Os elos posicio- commodities agrícolas, atualmente exemplifica a tão debatida desindustriali- nados no meio da cadeira encolhem ou supervalorizadas no mercado inter- zação. Os altos lucros obtidos na ponta são perdidos e quem está na ponta se nacional. Pesam, ainda, todos os final dessa cadeia produtiva dissimulam dedica a procedimentos mínimos. Isso é o entraves à competitividade que o que se passa no meio dela: os fabricantes que o diretor-geral da Sociedade compõem o custo Brasil, como alta carga de princípios ativos nacionais, que Brasileira Pró-Inovação Tecnológica tributária, péssima infraestrutura e fornecem insumos para as farmacêuticas, (Protec), Roberto Nicolsky, chama de elevados custos de produção. estão praticamente extintos, com o “esvaziamento tecnológico”. . mercado sendo abastecido por produtos Segundo Nicolsky, o processo dá A medida da dependência importados. E são justamente os princí- base para a “desindustrialização à A Protec também criou o conceito de pios ativos que acumulam quase toda a brasileira”, termo cunhado por ele em déficit tecnológico para verificar a tecnologia dos medicamentos. É o que se contraposição à “doença holandesa” – competitividade dos segmentos indus- pode chamar de “desindustrialização à expressão usada pelos economistas para triais brasileiros de maior intensidade brasileira”, caracterizada pelo esvazia- quando a alta exportação de commodi- tecnológica no comércio exterior. Este mento tecnológico das cadeias produti- ties valoriza o câmbio, desestimulando a indicador - que reflete o grau da depen- vas, um conceito que surge a partir do atividade industrial. dência brasileira por tecnologia - inclui o recente e peculiar perfil de desenvolvi- Como os bons números da produção saldo comercial dos grupos de alta e de mento econômico adotado pelo Brasil. e do faturamento do setor no Brasil média-alta tecnologia e das contas de O fenômeno se expressa desde a mostram, o caso do País se difere da serviços tecnológicos, como computação, 4 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 7. Capa royalties e aluguel de equipamentos. Ano após ano, o déficit tecnológico Indústria brasileira O gráfico mostra que o déficit tecnológico do País cresce nos momentos de valorização do real da indústria brasileira só faz crescer. A Protec acompanha os números mensal- (US$) (R$) mente e, de acordo com o balanço de 2010, o indicador ficou em US$ 84,9 bilhões, superando em mais de US$ 20 bilhões, ou 33,2%, o resultado de 2008 - o pior registrado até então. O agrava- mento do déficit tecnológico acompanha a trajetória de valorização do real, a partir de 2006. Levantamento realizado pelo Insti- tuto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) chegou a conclusões semelhantes às da Protec. O economista- chefe da instituição, Rogério César de Souza, avalia que os setores de alta e de Fonte: SECEX, BCB e OCDE “ Estamos reduzindo o conteúdo local dos aparelhos eletroeletrônicos e desnacionalizando média-alta intensidade tecnológica têm histórico de saldos negativos, que aumentaram consideravelmente entre 2008 e 2010. Ele observa, por exemplo, que o País cada vez mais importa nova tecnologia de TVs LED, sem adquirir capacitação tecnológica. Os setores de Alta tecnologia em baixa No setor de eletroeletrônicos, o déficit comercial persiste ano a ano. Em 2010, ele foi 56% superior ao de 2009, ficando acima de todas as previsões com o valor recorde de US$ 27,3 bilhões. O levantamento da Associação Brasileira o mercado com os produtos estrangeiros “ média-baixa tecnologia registraram déficit pela primeira vez em 2010, especialmente em segmentos como têxteis, couro e calçados. Isso fora o déficit da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) também revela o aumento significativo da importação de compo- nentes de alto conteúdo tecnológico, caso já acabados geral da indústria manufatureira. dos elétricos, eletrônicos, para telecomu- Ainda mais graves são os casos de nicações e para informática, além de Luiz Cezar Elias Rochel empresas que transferiram suas fábricas semicondutores. Esses itens constituem para outros países ou deixaram de abri-las um elo importante da cadeia produtiva, no País. A Vulcabras por serem fornecidos para diferentes Azaleia decidiu indústrias. Além disso, vale destacar a Foto: Divulgação/Abinee montar uma indústria compra externa de produtos totalmente de calçados no Oriente, acabados, como lâmpadas e aparelhos de de onde pretende ar condicionados de janela. exportar produtos O gerente de economia da Abinee, para a América Latina Luiz Cezar Elias Rochel, avalia que o – inclusive o Brasil. No setor se desindustrializa. “Estamos começo do ano, a reduzindo o conteúdo local dos apare- Philips fechou a fábrica lhos eletroeletrônicos e desnacionali- de lâmpadas automo- zando o mercado com produtos tivas existente há 43 importados que já vêm acabados. anos em Recife. Agora, Considerando somente os bens finais, importa de suas ano a ano cresce a participação dos unidades na Ásia e importados no consumo aparente, que Europa. Em nota, a foi de 15,9% em 2005 e passou para empresa justificou a 21,5% em 2010”, calcula. decisão pelo alto custo Principal polo de eletroeletrônicos do interno de produção. País, a Zona Franca de Manaus tem www.protec.org.br 5
  • 8. Capa Foto: Divulgação/Abimo Desnacionalização agrava déficit empresas investem em P&D, a uma A desindustrialização toma con- média de 7,5% do faturamento. tornos mais específicos no setor de artigos “O produto nacional é competitivo e equipamentos para saúde. Apesar do do ponto de vista tecnológico. Não é a avanço progressivo do déficit comercial, vanguarda da tecnologia, mas atende a que aumentou 255% entre 2003 (US$ 629 90% da demanda de um hospital. Porém, milhões) e 2009 (US$ 2,23 bilhões), o que com o câmbio baixo e sem alíquotas de assombra o setor há quatro anos é a importação, está difícil de competir. Hoje compra de empresas nacionais com é mais barato um hospital importar do desenvolvimento tecnológico médio por que comprar no mercado interno. Vamos companhias estrangeiras. pedir medidas protecionistas momentâ- De acordo com o perfil operacional neas ao governo”, adianta Pallamolla. das empresas verificado em 2009 pela . Associação Brasileira da Indústria de Produção com máquina estrangeira Artigos e Equipamentos Médicos, O setor de máquinas e equipamentos Odontológicos, Hospitalares e de “ – considerado de média-alta tecnologia – Não temos Laboratórios (Abimo), 71% do volume de está entre os que mais sofrem com a produção, em média, ainda são feitos em desindustrialização. Em 2010, a impor- mecanismos fábricas nacionais, enquanto 12% são tação respondeu por 35,4% do consumo que induzam artigos importados das matrizes e o aparente do País, de acordo com estudo restante (17%) vem de montagem ou da Associação Brasileira da Indústria de as múltis a trazerem “ terceirização. O perigo está na tendência Máquinas e Equipamentos (Abimaq). pesquisa e de aumento das fusões e aquisições desenvolvimento dentro de um modelo que desprivilegia a inovação local. para o País “ “A desindustrialização tem ocorrido de forma indireta, pois não Empresas temos mecanismos que induzam as Franco Pallamolla múltis a trazerem pesquisa e desenvol- fecharam unidades vimento para o País. Após a compra de de princípios ativos também aumentado as importações. De empresas nacionais, algumas passam farmoquímicos, “ acordo com o Sindicato de Aparelhos apenas a importar. Por outro lado, Elétricos, Eletrônicos e Similares do muitas continuam fabricando, porém que concentram Amazonas (Sinaees), cerca de dez sem incorporar outras linhas de a tecnologia do empresas deixaram o polo nos últimos produtos, com novos agregados três anos, mas continuam abastecendo o tecnológicos. Se a aquisição ocorrer medicamento mercado com produtos importados de somente para se ganhar mercado, além outras filiais, principalmente da Ásia. de o setor se desnacionalizar, ele Nelson Brasil de Oliveira Até fabricantes de bens de consumo entrará no processo de desindustriali- diminuem a produção e passam a zação”, analisa Franco Pallamolla, Foto: Divulgação/Abifina importar toda a linha, ou parte dela, presidente da Abimo. como acontece com os aparelhos de DVD A tendência verificada por e de áudio. Foi a fórmula encontrada para Pallamolla pode derrubar um setor no não perderem mercado. Brasil ainda pequeno, porém pujante, Por outro lado, Fabián Yaksic, gerente tanto econômica quanto tecnologica- do Departamento de Tecnologia e Política mente. A maioria de suas empresas foi Industrial da Abinee, percebe manifestação constituída por imigrantes e cresceu heterogênea na desindustrialização do com base em inovações incrementais setor. Enquanto há empresas voltando suas para atender a necessidades familiares. atividades para outros nichos de mercado, O setor evoluiu consideravelmente nos algumas de capital nacional mantém a P&D últimos 11 anos, ampliando seu no Brasil, porém transferem as fábricas para faturamento 307%, ficando em R$ 7,7 o exterior. Para Yaksic, o efeito mais grave bilhões em 2009. O mercado estima acontece em uma terceira situação, quando ainda um crescimento médio, nos empresas desativam seus centros de P&D próximos três anos, de 23%. De acordo no País, que, assim, perde conhecimento. com o estudo da Abimo, 53% das 6 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 9. Capa Ainda segundo dados da entidade, o aprovação de órgãos reguladores antes de micos, optando por importá-los em vez de setor produtivo brasileiro importa 60% serem comercializados. Segundo Nelson produzi-los”, diz. das máquinas que usa, em vez de Brasil de Oliveira, vice-presidente da Nesse processo, os elos da cadeia comprar no País. Como efeito do câmbio Associação Brasileira das Indústrias de mais prejudicados são aqueles de maior aliado ao custo Brasil, as diferenças de Química Fina e suas Especialidades tecnologia. “Temos notícias de valores entre os mercados nacional e (Abifina), o processo leva de dois a três empresas que fecharam unidades de internacional são consideráveis. Apenas anos, enquanto os importados entram no princípios ativos, que são a alma do para se ter uma ideia, o preço por quilo da País sem qualquer fiscalização sanitária, medicamento. Eles é que têm maior válvula tipo gaveta no Brasil é de por exemplo. “A falta de isonomia reforça conteúdo tecnológico”, aponta o vice- US$ 53,30, enquanto o importado da a desindustrialização na cadeia produtiva presidente a Abifina. Segundo ele, nos Alemanha custa US$ 35,08 e o da China, de fármacos e medicamentos, pois as anos 90, mais de mil unidades produ- simbólicos US$ 4,95. empresas acabam se preocupando apenas tivas de farmoquímicos foram fechadas. Na área da química fina, os fabricantes com a aprovação dos produtos destinados Hoje, existem apenas dois fabricantes contam com o agravante de precisarem ao consumidor. Elas abrem mão da dor de nacionais, além de cerca de 50 que submeter seus produtos à demorada cabeça de aprovar os insumos farmoquí- produzem de forma descontinuada. Cadeia produtiva farmacêutica Concentração de empresas no Brasil O Brasil concentra suas ativida- des no fim da cadeia, ficando, Intermediários assim, dependente do fornecimen- de síntese química to externo. Porém, mesmo entre as farmacêuticas, a importação de Insumos Farmacêuticos produtos semi-acabados é alta. Já Ativos (IFAs) no segmento de IFAs, temos poucas unidades indutriais, apesar de elas Medicamentos produzirem o item que mais pesa no custo final dos medicamentos. 0 1 2 3 4 5 Debate Múltiplas faces da desindustrialização nacional Rogério César de Souza, do Iedi, to da economia, mas não na magnitude em partir da enorme terceirização promovida considera que o Brasil passa por uma que aconteceu. O que está por trás são o na década de 90. Antes, nas estatísticas, “desindustrialização relativa”, cuja câmbio e outras questões. A indústria não essas empresas eram contabilizadas como principal característica é a perda de está com a capacidade estourada; sempre parte da indústria. Sobre o argumento de o participação da indústria no Produto trabalhou com baixa ociosidade. Não Brasil estar exportando mais para os Interno Bruto (PIB), hoje em 16%, contra existe o argumento de que não há países em desenvolvimento, isso não os 27% dos anos 80. Para quem considera condições de atender à demanda”. significa necessariamente perda de o movimento tendência natural do Porém, na avaliação de Lia competitividade. Pode ter sido uma opção desenvolvimento econômico, ele avisa Hasenclever, professora do Instituto de deliberada do governo Lula. São hipóteses que nos países emergentes em que o PIB Economia da Universidade Federal do Rio que não permitem uma análise conclusi- cresceu mais de 5%, a indústria aumen- de Janeiro (UFRJ), não há evidências va”, contextualiza Lia. Com olhar tou sua participação, principalmente na suficientes que permitam concluir sobre a pragmático sobre o debate, Souza diz: Coreia e na China. existência de um processo de desin- “Com desindustrialização ou não, é Souza rebate os principais argumentos dustrialização. “A perda de participação consenso que o Brasil perde competitivi- que justificam o aumento das importações. no PIB pode ser uma mudança estrutural dade. Basta ver a balança comercial. Então, “Ele poderia ser explicado pelo crescimen- em função do aumento dos serviços, a vamos discutir isso”, defende. www.protec.org.br 7
  • 10. legislação legislação Compras públicas: a batalha continua A Lei 12.349, que estabelece a preferên- cia de produtos e serviços com tecnologia nacional nas licitações questões em aberto, estão os índices de nacionalização que deverão ser adotados para cada produto ou setor. A lei desenvolvimento tecnológico, Barbosa acredita que aplicar a Lei 12.349 depende, acima de tudo, de vontade política. Seu públicas, é um caso em que, depois da estabelece, apenas, uma regra geral: a argumento pressupõe outro modelo de bonança, pode vir a tempestade. Ao ser margem de preferência nacional nas Estado, que seja de fato competente e sancionada em dezembro de 2010, foi licitações para preços até 25% superiores. comprometido com o avanço da sociedade amplamente comemorada por ser vista Porém, o advogado Denis Borges e não de grupos políticos. O País estaria, como meio de estimular a inovação, além Barbosa (veja entrevista na pág. ao lado), neste momento, vivenciando a oportuni- de dar igualdade de condições à professor da Academia de Propriedade dade de superar o fantasma da corrupção e indústria instalada no País, em relação Intelectual e Inovação do Instituto da ineficiência – o grande temor provocado aos importados favorecidos pelo Nacional da Propriedade Industrial pela lei é o do favorecimento a empresas. câmbio. Passada a euforia inicial, a (INPI), afirma que não é necessário “É preciso muita coragem para batalha agora é para que a nova lei saia esperar pela regulamentação. “É possível aplicar essa lei. Precisamos superar o do papel. Para que isso aconteça, será agir caso a caso, fixando o que se quer velho paradigma de que o Estado só preciso muita coragem e vontade como objeto de desenvolvimento e existe para o rei. A ousadia por trás da lei política de nossos governantes. inovação. O governo precisa tomar é que o Estado é para nós e não para os Dirigentes setoriais consultados pela decisão, definindo áreas e margens para políticos. Esta é nossa grande questão reportagem afirmam que o uso da Lei preferência nacional”. histórica”, defende o especialista em 12.349 ficará estagnado enquanto o Grande defensor do uso do poder de propriedade industrial e inovação, com governo não regulamentá-la. Entre as compra do Estado como incentivo ao mais de 40 anos de experiência. 8 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 11. legislação Proteção para a área da defesa lei poderia ser mais agressiva. Para o Brasil que dê pesos diferentes às empresas, de Um setor altamente sensível à lei das concorrer com os produtos eletroeletrôni- acordo com o tamanho da P&D, que compras públicas é o da defesa, que cos do sudeste asiático, são necessários pelo deverá ter comprovação efetiva. Dessa basicamente atende a dois clientes: os menos 40% de vantagem, segundo ele. forma, a lei poderá se tornar um grande Ministérios da Defesa e da Justiça. Seus “Não há como competir com menos que mecanismo de atração de tecnologia”, diz fabricantes faturam mais de US$ 1 bilhão isso”. Ele lembra antigos financiamentos Pallamolla. Em sua opinião, porém, a lei, por ano, cifra nada desprezível. Porém, do Banco Nacional de Desenvolvimento por si só, não dará conta de fomentar a as aquisições do governo ainda são Econômico e Social (BNDES) que ofereci- inovação na indústria. A subvenção escassas, de acordo com o almirante am taxas de juros reduzidas para empresas econômica ainda se faz necessária. Carlos Afonso Pierantoni, vice- que comprovassem a nacionalização da Foto: Divulgação presidente executivo da Associação produção ou do projeto. “Deveríamos Brasileira das Indústrias de Materiais de retomar algo semelhante”, defende. Defesa e Segurança (Abimde). O fato justifica o baixo investimento em Saúde em primeiro lugar inovação, apesar da oferta de produtos A Lei 12.349 também poderá ter Sob o olhar de de alto valor agregado, como radares. impacto significativo para a indústria de Denis Borges “As empresas de menor porte são equipamentos para a saúde, em que as Barbosa, advogado maioria no setor e, por dependerem do compras públicas respondem por 50% do mercado interno, passam por uma faturamento – levando-se em conta as . agonia enorme”, desabafa. aquisições de hospitais públicos e O senhor considera o poder de Segundo Pierantoni, a indústria da conveniados ao Sistema Único de Saúde compra do Estado a melhor defesa teria, hoje, condições de suprir (SUS). O dado é citado por Franco forma de incentivar a inovação? Acredito mais nas compras 80% da demanda do País, mas ele estima Pallamolla, presidente da Associação públicas do que em patentes, que apenas 40% da produção sejam Brasileira da Indústria de Artigos e subvenção e incentivos fiscais. Os nacionais. As limitações orçamentárias Equipamentos Médicos, Odontológicos, custos de transação são menores. são o maior inimigo do aumento das Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). Além disso, um contrato de até 10 compras públicas. “Se o orçamento for Ele ressalta que as empresas do anos, em bilhões de reais, justifica pequeno, talvez o governo não gaste os Complexo Industrial da Saúde, por serem qualquer investimento em 25% a mais em produtos e serviços importantes em agregação de valor, não inovação. Qual é o subsídio que nacionais inovados, já que a lei não é podem ser vistas pelo governo como oferece essa capacidade? mandatória”, aponta. despesa e sim como prioridade. Para Fabián Yaksic, gerente do “Sem viés protecionista, mas desenvol- Como devem ser conduzidos Departamento de Tecnologia e Política vimentista, a lei pode ser instrumento os casos em que o setor não Industrial da Associação Brasileira da importante de política industrial. O País tiver condições de desenvolver Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a precisará formular uma regulamentação integralmente a tecnologia para fornecimento imediato? O governo poderia permitir que a empresa importasse nos Protec no centro das contribuições primeiros anos e fosse aumentan- do o índice de nacionalização até A atuação política foi proposto um novo artigo, que, um limite em que não seja mais da Sociedade recusado, acabou por ser transfor- permitida a importação. Brasileira Pró- mado no inciso IV no artigo 27, com Inovação Tecnológica apoio do autor da Lei de Inovação, o A preferência de empresas nacionais nas compras (Protec) determinou deputado federal Ricardo Zarattini. públicas é um tabu? as bases jurídicas O segundo embate foi para o Para impedir corrupções, a regra para a formulação da recurso ser usado. O laboratório constitucional da isonomia Lei 12.349, de 2010. público Farmanguinhos foi uma sempre foi interpretada de forma Seis anos antes, a das poucas instituições a colocá-lo rigorosa e paranóica. Deixamos Protec começou a batalhar pela em prática até hoje, para a compra de fazer o bem com medo de que criação de um dispositivo na Lei de de antirretrovirais. A expectativa da agentes do Estado e políticos Inovação que garantisse a preferên- Protec é que a nova lei encoraje venham a fazer o mal. Se cia, nas compras públicas, de outros órgãos a aplicar o mecanis- partirmos do princípio de que empresas desenvolvedoras de mo para favorecer o desenvolvi- não temos um governo, a lei não tecnologia nacional. Inicialmente mento tecnológico nacional. poderá existir. www.protec.org.br 9
  • 12. entrevista entrevista Foto: Aluízio Alves/Mdic Fernando Pimentel A inovação proposta pelo Mdic O governo Dilma Roussef entrou em cena com passo firme, sinalizando disposição em adotar medidas para fortalecer os produtos nacionais frente à invasão de A ordem da presidente Dilma Roussef é reduzir custos. Que áreas ou projetos do Mdic devem sofrer cortes? importados. Mas, além das consideradas bem-vindas Fernando Pimentel: Espero não ter que cortar orçamen- barreiras comerciais e desonerações à exportação, o setor to de nenhuma área ou projeto. No Mdic, a ordem é produtivo aguarda ansiosamente por ações mais firmes investir e trabalhar em ações voltadas para pesquisa, de estímulo à competitividade. Nesta entrevista, o novo desenvolvimento e inovação (PD&I). Nossos programas ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio contemplarão todos os setores produtivos com potencial Exterior (Mdic), Fernando Pimentel, adianta como exportador ou de gerar efeitos de encadeamento sobre o conduzirá a pasta em temas críticos relacionados à conjunto da estrutura industrial. inovação, como a subvenção econômica, o apoio às micro . e pequenas empresas e a Política de Desenvolvimento Quais são os planos para a Secretaria de Inovação? Produtivo (PDP) 2. Com orçamento de R$ 454,6 milhões, F. P.: A estratégia da Secretaria de Inovação, criada em Pimentel adianta que, mesmo com possíveis cortes fevereiro de 2010, é fazer a diferença no aprimoramento anunciados pelo governo, a ordem é investir e trabalhar de políticas públicas e impulsionar a inovação no em pesquisa, desenvolvimento e inovação. sistema brasileiro por meio das seguintes áreas: 10 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 13. entrevista entrevista nanotecnologia, software e tecnologia da médias empresas? “ informação, biotecnologia e biocombus- F. P.: Por meio do Fórum Permanente de tíveis. Agregar valor ao produto made in Microempresas e Empresas de Pequeno Caso haja Brazil é fundamental para aumentarmos Porte, coordenado pela Secretaria de nossa competitividade. Comércio e Serviços do Mdic. Esse reivindicação de Fórum está estruturado em seis comitês mudanças no O Mdic pretende promover melhorias temáticos: comércio exterior; compras edital de subvenção no edital de subvenção econômica que possam torná-lo mais acessível a empresas produtivas? F. P.: Caso haja alguma reivindicação de mudanças no edital de 2011, ela deverá governamentais e varejo; desburocrati- zação e desoneração; investimento e financiamento; rede de disseminação, informação e capacitação; e tecnologia e de 2011, ela deverá ser feita diretamente “ ser feita diretamente ao Ministério da inovação. Os comitês são responsáveis ao MCT por articular, elaborar propostas e Ciência e Tecnologia. formular políticas públicas. Quanto às metas, elas serão estabelecidas no O governo planeja investir diretamen- dades ser distinta da das empresas te nas empresas um volume maior de âmbito da PDP 2. privadas, não significa que não seja recursos subvencionados? possível uma interação produtiva entre F. P.: Estamos formulando a PDP 2 e, Está nos planos de sua gestão desenvolver tecnologicamente elas. Há vários mecanismos de relaciona- como já adiantei em meu discurso de fornecedores para aproveitarem as mento: um deles é a própria adequação posse, a inovação será um tema transver- oportunidades criadas pelo pré-sal, as de currículos, de cursos e de programas sal, presente em todas as ações do Olimpíadas e a Copa? de forma a atender a algumas especifici- ministério. Mas é bom lembrar que, nos F. P.: Claro que sim. Esse processo de dades do mercado de trabalho. Outra últimos anos, as operações de crédito desenvolvimento tecnológico já está em forma de interação é a possibilidade de para projetos de inovação realizados pelo curso. Um exemplo disso é eu ter transferência de tecnologia produzida na Banco Nacional de Desenvolvimento participado da audiência da presidenta universidade para as empresas privadas. Econômico e Social (BNDES) cresceram Dilma Rousseff com o presidente do No Mdic, o papel da Secretaria de bastante, passando de R$ 315,6 milhões, Grupo GE, Jeffrey Immelt, para falar sobre Inovação (SI) é de articulador e de a implantação de um centro de pesquisas formulador de políticas que possibilitem no Brasil. O centro é parte de um plano de “ o melhor uso de recursos públicos no Os programas investimentos do grupo no País que chegará a US$ 550 milhões nos próximos atendimento às necessidades do setor produtivo no que se refere à formação de do Mdic contemplarão dois anos. Inclusive, a GE já investiu US$ 7 mão de obra qualificada para a inovação os setores produtivos bilhões na aquisição de três empresas que fabricam equipamentos para o setor e de criação de mecanismos que facilitem a transferência de tecnologia da acade- com potencial petrolífero, com especial atenção para a mia às empresas. exportador ou de “ cadeia de exploração do pré-sal. . Quais são as perspectivas de o go- gerar encadeamento Alguns países separam a política verno reduzir a taxa de câmbio e a carga tributária para o setor produtivo? da estrutura científica da tecnológica. O senhor considera o modelo adequado F. P.: O governo não pretende intervir no industrial para o Brasil? câmbio. Quanto à redução da carga F. P.: Cada país deve adotar um modelo de tributária, temos um regime chamado acordo com suas características. Aqui no drawback, criado para desonerar os em 2007, para R$ 1,6 bilhão, em 2010. Brasil, por exemplo, Mdic e MCT traba- insumos importados a serem utilizados Acredito que os desembolsos das lham em conjunto a política científica e em produtos destinados à exportação. agências oficiais devem crescer ainda tecnológica. A PDP 2, cujo objetivo Esse regime acaba de ser aprimorado por mais, em decorrência da prorrogação das principal é elevar a capacidade de portaria da Secretaria de Comércio medidas adotadas no âmbito do inovação das empresas brasileiras, seguirá Exterior (Secex), publicada no Diário Programa de Sustentação do trabalhando num esforço convergente com Oficial de 15 de fevereiro de 2011, e Investimento (PSI), que melhoraram as o Plano de Ação de Ciência e Tecnologia e passou a privilegiar igualmente a matéria- condições de financiamento das Inovação (PACTI/MCT). prima adquirida no Brasil. Agora, as empresas que investem em PD&I. . indústrias poderão comprar insumos O senhor acredita que a inovação nas desonerados no mercado interno. A De que forma o ministério pretende empresas depende do conhecimento regulamentação do novo modelo prevê, incentivar o crescimento e a ino- gerado nas universidades? inclusive, um efeito retroativo, que vação nas micro, pequenas e F. P.: Apesar da dinâmica das universi- beneficiará operações já realizadas. www.protec.org.br 11
  • 14. espaço rets espaço rets Regulamento para aprovação O grupo de trabalho de Governança finalizou a proposta de regulamento para a Rede de Entidades Tecnológicas Setoriais (Rets). Ela será referendada pelos associados em maio, no X Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec). O documento define Associados da Rets Abendi – Associação Brasileira de Ensaios e formaliza o que é a Rets, seus objetivos, quem pode se associar, os direitos e deveres dos Não Destrutivos e Inspeção associados, diretrizes para o trabalho sistêmico e normas para o processo eleitoral do Conselho Gestor. Desde o IX Enitec, as entidades ligadas à Rets trabalham conjuntamen- Abifina - Associação Brasileira das te, divididas em grupos de trabalho, em ações que possibilitarão planejar as estratégias Indústrias de Química Fina, Biotecnologia da rede. Em breve, será formado um comitê consultivo que orientará as atividades. e suas Especialidades Abimo – Associação Brasileira das Tecnologia da saúde Indústrias de Artigos e Equipamentos A Associação Brasileira da Indústria de Médicos e Odontológicos Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) realizará Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química seu primeiro Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde (Cimes). O evento ABM – Associação Brasileira de acontecerá em São Paulo, nos dias 29 e 30 de Metalurgia, Materiais e Mineração junho, com apoio da Protec, do Sebrae e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Abraco – Associação Brasileira de Industrial (ABDI). O objetivo do Cimes é reunir Corrosão representantes da indústria e do governo para debater aspectos políticos e técnicos referentes ao desenvolvimento tecnológico do setor, além de estimular a formação de Abravest – Associação Brasileira do redes de relacionamento. Vestuário Abripur – Associação Brasileira da Além das fronteiras Indústria do Poliuretano Com o objetivo de posicionar a indústria de transforma- . ção plástica brasileira como uma das principais exporta- . ABTCP – Associação Brasileira Técnica de doras mundiais do setor, a Associação Brasileira da In- . Celulose e Papel dústria Química (Abiquim) mantém o programa Export . Plastic. Ações para a internacionalização das empresas, como . CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos promoção comercial, inteligência comercial, capacitação e su- . FBTS – Fundação Brasileira de porte operacional, são oferecidas em parceria com a da Agência Tecnologia da Soldagem Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex- . Brasil). Entre os dias 13 e 16 de abril, o Export Plastic levou . IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia associados a Santiago para rodadas de negócios com empre- . do Couro, Calçado e Artefatos sários chilenos, dentro do Projeto Vendedor no Chile, que teve . uma edição anterior, em 2008. IPDEletron – Instituto de Gestão de Pesquisa e Desenvolvimento para a Indústria Elétrica e Eletrônica Inovação farmacêutica O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e (IPD-Farma) iniciou 2011 debatendo os principais desafios encontrados pelo setor Desenvolvimento de Fármacos e Produtos para o desenvolvimento de novos medicamentos. A entidade firmou parceria com a Farmacêuticos Protec, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inovação Farmacêutica IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e (INCT-IF) e a Axonal Consultoria Tecnológica para promover, entre janeiro e março, Desenvolvimento Tecnológico da os Seminários de Inovação Farmacêutica. Executivos, pesquisadores, técnicos e Indústria de Máquinas e Equipamentos estudantes de São Paulo, Recife e Goiânia foram contemplados na ação, que teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha Itehpec – Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria e Cosméticos 12 Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 5 - janeiro/maio 2011
  • 15. Inovação no Complexo Industrial da Saúde A fórmula que mais combina com você O 5º Encontro Nacional de Inovação em O ENIFarMed é o fórum privilegiado de articulação entre indústria, governo e academia. O programa, focado no tema central "CIS: estratégico no acesso a medicamentos", vai apresentar o Fármacos e Medicamentos cenário mundial através de renomados 29, 30 e 31 profissionais internacionais. O debate vai envolver a platéia e servirá para embasar AGOSTO 2011 estratégias conjuntas para aumentar a Centro de Convenções competitividade do País. Você também poderá Rebouças contribuir! Fundação Faculdade de Medicina da USP, São Paul - SP AGENDE-SE! Saiba mais em www.ipd-farma.org.br e participe! Realização Correalização Patrocínio Apoio
  • 16. O Brasil precisa fortalecer os elos de sua cadeia produtiva O s bons números da produção nacional escondem a fragilidade de diversos segmentos industriais. Fábricas que antes produziam passam agora ao patamar de montadoras de componentes importados e perdem tecnologia. O X Enitec reunirá representantes do governo e do setor produtivo para debaterem este cenário ameaçador. O Encontro também será o fórum para o levantamento de propostas que possam resgatar a competitividade do setor produtivo nacional. X ENCONTRO NACIONAL DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA enitec Déficit Tecnológico e Risco de Desindustrialização Dias 25 e 26 de maio, Centro de Convenções Indianópolis - ABIMAQ - SP Informações: (21) 3077-0800, enitec@protec.org.br Realização Patrocinadores Copatrocinadores INFORMÁTICA Apoio Apoio Institucional