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EURASIAN INTEGRATION: ELITE
PERSPECTIVES BEFORE AND AFTER THE
UKRAINE CRISIS
Alena Vysotskaya Guedes Vieira
INTRODUÇÃO
Bárbara Mota A79793
dinâmica política em mudança partindo do processo de
integração da Eurásia
• O artigo em análise examina as posições adotadas pelos Estados membros Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia durante os processos de
integração da Eurásia antes e depois do início da crise na Ucrânia.
• A crise da Ucrânia teve um tremenda importância não só como elemento de reestruturação da política região como também enquanto
desafio internacional fundamental.
• Num contexto de liderança russa, o projeto da União Econômica da Eurásia (EEU) tem sido algo prioritário e de extrema importância para
a Rússia enquanto meio de progresso relevante na integração.
• Posto isto foram adotadas:
• tarifas comuns (2010);
• um mercado comum de bens, serviços, capital e
trabalho (2012);
• União Econômica da Eurásia lançada em 2015.
• O artigo aborda comparativamente as mudanças de posição da Bielorrússia e do Cazaquistão em relação ao projeto da
Eurásia após a crise da Ucrânia, sendo que ambos os países estiveram entre os membros fundadores do projeto eurasiano
e possuem um histórico de cooperação e integração mais duradouro com a Rússia, tendo igualmente apoiado as suas
iniciativas.
• De igual forma, ambos distinguem-se dos restantes aliados russos que são frequentemente "involuntários" como é o caso
da Armênia, por exemplo, que ingressou no projeto por pressão direta da Rússia. No caso tanto do Cazaquistão como da
Bielorrússia, sempre se manifestaram como países soberanos insubmissos, incorporando fortes tendências autoritárias,
não permitindo a intervenção de terceiros da sua política interna e externa.
as narrativas eurasianas
das elites políticas dos
respetivos estados
proposições derivadas da
escola "realista
neoclássica" da teoria das
relações internacionais
Duas
perspetivas
analíticas
O foco nas narrativas também ajuda a demonstrar que
a ‘gap’ decorrente de interpretações divergentes do
projeto eurasiano aumentou após a eclosão da crise na
Ucrânia. - aponta para os limites de medidas como o
avanço formal da iniciativa ou o alargamento da EEU à
inclusão de novos membros e observadores.
Bárbara Mota A79793
“Narratives in turn are understood as “frameworks that allow humans to connect apparently uncon- nected
phenomena around some causal transformation” (Miskimmon, Loughlin, and Roselle 2013, 5). They therefore
represent a specific “sequence of events and identities,” and a “communicative tool through which political actors
– usually elites – attempt to give determined meaning to the past, present, and future in order to achieve political
objectives” (Miskimmon, Loughlin, and Roselle 2013, 5).3 Narratives thus can play an important role in both
enabling and constraining specific institutions and practices.”
Bárbara Mota A79793
(Vieira, 2015, p.567)
Evolução das posições da Rússia, Bielorrússia
e Cazaquistão no projeto da Eurásia no
contexto da crise na Ucrânia.
Bielorrússia e Cazaquistão
THE INITIAL CONSTELLATION OF EURASIAN NARRATIVES: COMPATIBILITY OF
PERSPECTIVES
Essa orientação para Moscovo, permitiu que ambos
extraíssem:
• benefícios econômicos significativos incluindo
• vínculos militar-industriais reforçados,
• fortes laços comerciais
• cooperação energética multifacetada
Ambos têm participado voluntariamente na Collective Security Treaty
Organization (CSTO), na Comunidade Econômica da Eurásia e na
Comunidade dos Estados Independentes (CEI)
Desde o início dos anos 90, sua posição em relação à cooperação com a
Rússia, incluindo iniciativas multilaterais, favoreceram o alinhamento
econômico, político e diplomático com Moscovo. Os seus principais
objetivos de cooperação eram preservar a estabilidade e o poder do regime
e aumentar a sua força.
Diferem:
• nas suas aspirações de modernização;
• estrutura de recursos;
• posição geográfica;
• Na participação na Organização Mundial do
Comércio (OMC).
Por parte das elites políticas dos dois países, a
cooperação com a Rússia bem como a sua
política Near Abroad - com o objetivo de
consolidar a influência da Russa na região; -
foram consideradas como algo positivo.
Bárbara Mota A79793
• Objetivos da União Econômica da Eurásia:
• Benefícios econômicos decorrentes da unificação das regulamentações aduaneiras e do acesso ao mercado
russo;
• A ECU [União Aduaneira da Eurásia] cria um mercado o que deve atrair investidores estrangeiros;
• Eliminação de tarifas alfandegárias na Rússia e na Bielorrússia melhora as oportunidades para os produtores
do Cazaquistão, tornando seus produtos mais competitivos em termos de preços benéfico para o transporte
do Cazaquistão óleo e gás;
• A média controlada pelo estado da Bielorrússia também se referiu aos benefícios decorrentes da expansão
dos mercados para os seus produtos para o fornecimento de energia da Rússia;
• A liderança russa vinculou benefícios econômicos tangíveis à participação no projeto;
• Aplicação do chamado "desconto de integração” que visava oferecer um preço significativamente mais baixo
do gás à Bielorrússia em troca de participar da iniciativa eurasiana, numa tentativa de influenciar outros
estados do Near Abroad como a Ucrânia, a Moldávia juntarem-se ao projeto. Esta iniciativa surgiu como um
incentivo de Moscou a seus parceiros eurasianos para acelerar a integração e a modernização.
Bárbara Mota A79793
Duas narrativas:
Narrativa orientada para a eficiência:
• Abordagem de integração técnica, baseada em regras e
pragmática, apoiada por instituições supranacionais.
• Foi especialmente reforçada pela demonstração do
progresso real do projeto da Eurásia:
• rápida evolução de uma união aduaneira, incluindo a
implementação do Código da União Aduaneira;
• O estabelecimento da Comissão Econômica da
Eurásia reforçou a narrativa orientada para a
eficiência;
• Negociações sobre a unificação dos padrões
comerciais.
Narrativa global de conexão:
• Fundamentou-se na adesão da Rússia à OMC, em 2012, e
nas declarações de Putin de que o Espaço Econômico
Comum seria guiado por normas e princípios da OMC;
• Essa postura ajudou a destacar os efeitos da
modernização do projeto eurasiano, assumindo o papel
da iniciativa eurasiana como começo para um posterior
alargamento para o comércio global;
• Ideia da convergência gradual de regulamentos, normas e
regras nos espaços da Eurásia, UE e Ásia-Pacífico;
• Extensão da rede de acordos de Área de Livre Comércio
(ALC) da EEU.
Bárbara Mota A79793
“[...] the Russian leadership preferred to portray the Eurasian project as affording adherents prospective membership
in a powerful bloc of states. Eventually, a self-sustaining Eurasian dynamic would be established, uniting more and
more participants in a powerful economic and political initia- tive – and potentially a security alliance: “a powerful
supranational union, capable of becoming one of the poles of the modern world. (Putin 2011)” (Vieira, 2015, p.569)
Bárbara Mota A79793
• A União Europeia serviu de inspiração e ponto de referência para a EEU, na medida em que as suas instituições
apresentavam um plano para o projeto eurasiano. Embora o projeto da Eurásia pudesse ser visto como uma
tentativa de superação da UE, oferecendo um novo modelo de integração, foi criado com o intuito de promover a
cooperação internacional da Rússia em todas as direções, incluindo com a UE e o Ocidente.
POST-UKRAINE EURASIAN NARRATIVES: AGREEING TO DISAGREE
• Os eventos após a terceira cúpula da Parceria Oriental da UE em Vilnius, em 2013, marcaram uma despedida da Ucrânia como um membro
potencial do projeto da Eurásia pondo também um fim às tentativas russas de convencerem o país a aderir.
• No decurso da campanha da Rússia para atrair a Ucrânia para a iniciativa eurasiana, ocorreu uma reorganização drástica das narrativas.
• A Rússia havia agora atribuído um papel central a duas novas narrativas: “Contrapeso à UE” e “Near Abroad” radicalmente alterada, que
substituiu as narrativas de conexão globais, anteriormente orientadas para a eficiência. A aspiração russa de convencer os membros em
potencial de que a integração eurasiana, passou a ser sustentada por uma conceção rutura de ligações com a União Europeia.
Bárbara Mota A79793
Após esses eventos, as ideias que foram inicialmente
criadas de cooperação internacional, pragmatismo
econômico e eficácia já não podiam ser enquadradas
nas ações da Rússia.
Essa reconstituição das narrativas foram consolidadas após o
inicio da crise na Ucrânia e pela anexação da Crimeia
A Narrativa do Near Abroad envolveu uma campanha
que atribuía pleno direito à Ucrânia a mudar de rumo
A narrativa de conexão global anteriormente central foi
adicionalmente desvalorizada devido à sua reorientação para
um novo posicionamento estratégico da narrativa para longe da
EEU e para a cooperação com a China e a Organização de
Cooperação de Xangai
• O fracasso da Rússia em atrair a Ucrânia para a EEU significou que não tiveram êxito na construção da idealizada Eurásia
e na dinâmica futura com base na narrativa da UE.
“[...]the Russian leadership defended the idea that the original motivation behind the initiative remained unchanged. To
support this position, a new sense of urgency was attributed to the formal integration progress and, in particular, to the
planned signing of the EEU agreement in May 2014. A new deadline, 17 April 2014, was set by Moscow to iron out all the
disagreements among the parties related to the founding documents. Parallel to this, enlargement of the EEU became a
new Eurasian priority, with Kyrgyzstan joining Armenia in August 2015 as new adherents to the initiative. Thus, the Russian
leadership sought to affirm the credibility of the EEU as a wave of the future, despite the post-Ukraine contradictions and
ambiguity surrounding the project’s rationale.” (Vieira, 2015, p.570,571)
• Comparativamente à determinação da Rússia de levar adiante o projeto da Eurásia, tanto a Bielorrússia quanto o
Cazaquistão começaram a mostrar uma posição mais cautelosa. Durante as negociações que levaram à assinatura do
acordo da EEU em 2013, a liderança do Cazaquistão assumiu uma posição de rejeição absoluta a qualquer possibilidade
de transgressão da soberania política dos países participantes. Assim, o acordo final sustentava que o projeto eurasiano
representava uma união econômica e não política.
Bárbara Mota A79793
• Ambos os países sustentaram ainda que os planos da Rússia só poderiam ser
implementados se várias divergências bem como as consequentes questões
relativas aos processos de integração fossem resolvidos.
• No entanto, após a assinatura do tratado e o lançamento efetivo da EEU, as
negociações não se tornaram menos complexas. Persistiram várias questões
não resolvidas, nomeadamente relativamente à existência de barreiras não
tarifárias, isenções comerciais, taxas de exportação, e a ausência de uma
instituição encarregada de uma política comum de regulamentos de controle.
As posturas de ambos os países se tornaram
uma relutância absoluta em relação à integração
e, subsequentemente, em 2014 ambos os
Presidentes emitiram declarações sobre a sua
possível retirada da iniciativa eurasiana.
Com todas estas disfunções de funcionamento
efetivo da EEU, o Cazaquistão o e Bielorrússia
demonstraram uma maior hesitação quanto à
aproximação e envolvimento com a união,
refletindo acerca das consequências que o seu
comprometimento com o projeto poderiam causar.
Bárbara Mota A79793
The limits to Bandwagoning for Profit
As reflexões efetuadas da Bielorrússia e do Cazaquistão relativamente ao seu
envolvimento com a EEU:
1
A Anexação da Crimeia pela Rússia – esta ação foi determinante.
Sugeria que a Rússia aparentemente estava disposta a usar a
força militar para impor a sua soberania sobre os restantes
estados. Isso representava uma ameaça à sobrevivência das elites
políticas nesses países, reforçando seus medos existenciais.
2
A ideia de prosperidade económica parecia agora ser menos atrativa, pois esses ganhos económicos poderiam
representar perdas políticas significativas.
3
O Presidente Alyaksandr Lukashenka da Bielorrússia rejeitou a ideia de fazer parte do "'mundo russo' ou mesmo
da própria Rússia", e frisava que a Bielorrússia não perderia sua independência. Ocorrendo também uma
situação semelhante em relação ao Cazaquistão que declarou a sua insatisfação relativamente a declarações
incorretas feitas por alguns políticos russos. O presidente do Cazaquistão declarou que o país poderia deixar a
EEU a qualquer momento, se a soberania do país estivesse ameaçada.
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Todos esses fatores provocaram mudanças políticas na Bielorrússia e no Cazaquistão
Bárbara Mota A79793
Surgiram novas narrativas oficiais da Bielorrússia e do Cazaquistão em
apoio à integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia
• Iniciaram um processo de rutura política e diplomática com Moscovo.
• O presidente da Bielorrússia optou por estabelecer diálogo com a
Ucrânia As elites de ambos os países se recusaram a enviar
observadores para o referendo da Crimeia.
• A liderança do Cazaquistão também se absteve de votar na resolução
das Nações Unidas considerando o referendo inválido.
• As lideranças da Bielorrússia e do Cazaquistão estabeleceram
contatos estreitos com o presidente e com funcionários do governo
ucraniano que estavam a ser julgados pela Rússia como radicais
ultranacionalistas, controlados pelos EUA.
De-alignment in the counterweight to the EU narrative
• Distanciamento do Cazaquistão e da Bielorrússia da nova narrativa eurasiana promovida pelas elites russas relativamente à
narrativa da UE.
• Este último retratou o projeto da Eurásia como um contrapeso político e estratégico ao Acordo de Associação da UE (AA) e
à Área de Livre Comércio Profundo e Abrangente (DCfTA).
• A liderança do Cazaquistão e da Bielorrússia declararam que não tinham problemas fundamentais com a Ucrânia adotando
o acordo e orientando as suas políticas em direção à EU. A adoção do AA e da DCfTA pela Ucrânia e pela Moldávia levantou
apenas questões que unicamente exigiam ajustes no quadro comercial existente.
• As posições eminentes dos dois países ressoaram com uma tendência motivada pelo facto de quanto mais as relações UE-
Rússia se deterioravam, mais eles se dirigiam em aproximação à UE e aos EUA.
• As posições da Bielorrússia e do Cazaquistão podem ter divergido no contrapeso para a narrativa da UE, mas estavam
alinhadas com a narrativa original.
Bárbara Mota A79793
Riding the Eurasian wave of the future: toward bandwagoning for profit
• O desejo da Rússia de construir a “onda do futuro” Eurasiática aumentaram o valor das demonstrações da Bielorrússia e
do Cazaquistão de qualquer orientação pró-Eurásia. Ambos os países tiveram a oportunidade de se beneficiar de
circunstâncias favoráveis ​​e de aumentar suas posições garantindo acordos benéficos com a Rússia.
• Presidente Lukashenka afirmou que se os países parceiros da Eurásia não estivessem prontos para prosseguir com a
integração nomeadamente através de um mercado comum de energia (prioridade para a Bielorrússia ), deveriam
considerar adiar a EEU até 2025. Posteriormente rafificou os documentos da EEU, mas com uma importante cláusula de
reserva, que estipulava que a Rússia levantaria todas as “barreiras, limitações e isenções” no comércio de uma série de
bens, incluindo recursos energéticos
Bárbara Mota A79793
“The Belarusian link between the approval of the EEU and tangible payoffs was therefore bringing the Eurasian project closer
to the practice of trade-offs, in the traditional bandwagoning for profit style. To be sure, the Belarusian re-interpretation of the
Eurasian project went against Moscow’s expectation that the Eurasian partners would unite and deepen integration in the
face of a growing economic crisis, exacerbated by the economic sanctions imposed on Russia by the EU and the US (West)
(Vieira 2015).” (Vieira, 2015, p.574,575)
• Nova oportunidade comercial para o Cazaquistão e a Bielorrússia – situação paradoxal
Bárbara Mota A79793
A Rússia a introduzir
sanções contra a UE
A Bielorrússia estava a aumentar
as suas importações da EU
As divergências entre a Rússia e a Bielorrússia foram
difíceis de serem descartadas diante das proibições
comerciais e da reintrodução dos controles de
fronteira O governo russo insistiu que as
mercadorias da Bielorrússia que se dirigissem ao
Cazaquistão passassem por postos de controle na
fronteira com a Rússia.
o aumento das importações pela Bielorrússia
levantou suspeitas por parte de Moscovo de que
os produtos cujas sanções haviam sido aplicadas
estavam a ser remarcados no território bielorrusso
e posteriormente exportados para a Rússia
Neste sentido a Rússia proibiu a importação de carne e
laticínios da Bielorrússia, provocou restrições ao pais de
importações de macarrão e café russo
• Os líderes bielorrussos argumentaram que o embargo alimentar da Rússia havia sido introduzido de maneira unilateral e
descoordenada. Foram adiados pelo fracasso da Rússia em ajudar a Bielorrússia a impedir uma rápida deterioração de sua
situação econômica. Assim o país responsabilizou Moscovo pela crescente crise na região
• O Cazaquistão também teve queixas, mas optou por apresentá-las de maneira diferente da abordagem da Bielorrússia. As
interações entre Cazaquistão e Rússia também foram marcadas por tensões - sobre as exportações de carne, e sobre as
restrições do Cazaquistão à importação de combustível e petróleo russo mais barato.
Bárbara Mota A79793
Conclusão
Bárbara Mota A79793
• A iniciativa eurasiática surgiu acompanhada por esforços de concretizar uma "onda do futuro”, nas quais as narrativas de
conexão globais e orientadas para a eficiência foram estavam inseridas. Ambas as narrativas corresponderam apenas
parcialmente à abordagem tradicional da Bielorrússia e do Cazaquistão.
• O efeito da Ucrânia no processo de integração da Eurásia foi considerável, sendo necessário proceder ao reajuste das
narrativas principais: uma narrativa de "contrapeso à UE" e de uma narrativa revisionista radicalmente alterada - "Near
Abroad".
• Como resultado de uma nova perceção de uma ameaça à sua independência e soberania nacional, as lideranças da
Bielorrússia e do Cazaquistão reconsideraram a validade de sua abordagem anterior de aumentar a margem de lucro, o
que os levou a uma posição mais restrita em relação ao aprofundamento da integração da Eurásia. . Além disso, suas
posições no AA / DCfTA da UE foram desenvolvidas no contexto de um crescente desalinhamento político e diplomático de
Moscovo.
• A ambiguidade das narrativas da Eurásia da Rússia: apesar de todas as tentativas de atrair a Ucrânia para o
projeto da Eurásia, Moscovo continuou insistir na validade da lógica do projeto eurasiano original.
• Tanto a Bielorrússia quanto o Cazaquistão reconheceram os limites de sua abordagem de lucro para a integração
da EEU. No entanto, houve diferenças nas reações dos dois países. A sua resistência surge de duas preocupações:
evitar a dependência excessiva da Rússia e melhorar a posição de barganha do país em relação a Moscovo.
• No Cazaquistão, o reconhecimento dos limites da margem de lucro desempenhou o papel principal, embora
associado a uma ameaça à sua soberania. Isso acabou por levar a uma possível saída do Cazaquistão da iniciativa
eurasiana.
• Contrariamente a isso, na Bielorrússia, o reconhecimento dos limites para aumentar a margem de lucro coexistia
com a aspiração de melhorar ganhos específicos ao cooperar com a Rússia.
Bárbara Mota A79793
Bibliografia
• VIEIRA, Alena Vysotskaya Guedes; Eurasian integration: elite perspectives before and after the Ukraine crisis; 2015
Licenciatura em Relações Internacionais – 3º ano
Políticas Externas Comparadas – 1º semestre
Resumo de Narrativas
Estratégicas e Identidade de
Grande Potência de Laura
Roselle (2018)
Bárbara Maria Neiva Morim
A83540
06/10/2019
ENQUADRAMENTO TEÓRICO – NARRATIVAS ESTRATÉGICAS E POLÍTICA EXTERNA
“Interpretative social sciences narratives (…)provide means for political actors to construct a shared meaning of past,
present and future of international politics in order to achieve political objectives, especially in terms of influencing
perceptions and (consequently) behaviour of other actors. In order to do this, narratives act as legitimisation tool, i.e.
justification for a polity, a political project, policies or actions.”
Cianciara, A. K. (2017:50)
“…actors pursuing legitimating strategies are not free in their choice of the narrative. Tools of agency, narratives are
also rooted in available discourses – raw material of communication that actors plot into narratives. Thus discourses
– embedded in historical and cultural context – have a structuring effect upon narratives.”(…) “narratives shape
actors’ worldviews and constrain behaviour, but they are also tools that political actors use strategically”
Cianciara, A. K. (2017:50:51)
“Strong narratives are seen as an account of reality, which contributes towards stabilizing the identity established
through sociological processes of identity construction. Narratives and identities are continuously reinterpreted and
realigned against each other in a process of ‘shuttling’ back and forth between ongoing narrative and identity con-
struction processes in an attempt to achieve alignment at a level that produces the most positive ‘story’ and the
highest level of self-esteem possible.”
Flockhart, T. (2011:264)
CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS ESTRATÉGICAS (NE)
Narrativas Políticas (NP)Narrativas de Sistema (NS) Narrativas Identitárias (NI)
Descreve a estrutura do SI incluindo: os
atores, o funcionamento do sistema e
quais os atores que desafiam o SI
vigente. Exemplo:
- Narrativa do sistema entre 1940-1990:
Bipolaridade, constituindo a narrativa
da Guerra Fria (GF).
Narrativas sobre identidade dos atores do
SI, que estão num processo de constante
negociação e contestação- Teoria da
Identidade Social (TIS). Desafiam a
formação de novas narrativas estratégicas
(NE). Influenciam da formação, projeção e
receção das narrativas políticas.
Desenvolvidas estrategicamente pelos
líderes (de acordo com os interesses
políticos de cada Estado), contém guias
políticos que tanto podem apoiar ou
desafiar o Sistema de Narrativas vigente no
SI.
Formação das NE: Relação entre as diferentes
narrativas: NE = NS + NI + NP
Desafio no estudo de NE: Processo de comunicação entre os três tipos de narrativas não é linear em natureza ou limitado no alcance.
Narrativa de Grandes Potências (NGP): descreve a competição entre
grandes potências do SI, a nível ideológico, político, económico e militar.
Identifica as estruturas de alianças competitivas, enaltece a superioridade
do seu Estado em relação aos outros, incentiva o sentimento de
patriotismo e superioridade na população. Ajuda os líderes políticos a
assegurar estabilidade política e social no país aquando a sua estratégia
está orientada para uso de força e/ou aumentar o seu poder doméstico e
internacional. Exemplo: Narrativas estratégicas das grandes potências no
início do século XX (1º GM) e durante a Guerra Fria.
Narrativa Estratégica dos EUA e URSS durante a Guerra
NARRATIVAS ESTRATÉGICAS E IDENTIDADE DE GRANDE POTÊNCIA
Narrativas da Guerra Fria:
Great Power Narratives por
parte da URSS e EUA
19901945
Período de Transição - Construção
da nova ordem mundial (NS):
possível alinhamento de
narrativas estratégicas nacionais
por parte da Rússia e EUA
Não alinhamento entre narrativas por parte da Rússia e EUA:
imposição de Narrativas de Grande Potência, derivada dos
conflitos militares (guerras), vistas como ameaças à segurança
nacional e internacional – Narrativa do Sistema (NS) é a
narrativa da Guerra Fria
19941991 20031999
Glasnost e perestroika, Queda do Muro de Berlim, dissolução da URSS com
as políticas de Gorbatchev - alinhamento do discurso político de
G.W. Bush e Gorbatchev: natureza interdependente do SI,
cooperação entre estados (não agressão) – “ New World Order ”.
• 1º Guerra do Iraque: 1990-1991 -> EUA e Guerra do Golfo
• 1º Guerra da Chechénia: 1994 – 1996 -> Rússia
• 2º Guerra do Iraque: 2003 – 2011 -> EUA
• 2º Guerra da Chechénia: 1999 – 2004 -> Rússia
Narrativa Estratégica dos líderes:
EUA – líder do mundo livre, mantendo a ordem na Guerra do
Golfo e investindo na democratização do SI (2ºguerra do Iraque).
Rússia – marcação da sua posição como potência independente
e forte e ganho de influência e poder no SI, iniciando o conflito
militar na Chechénia por duas vezes.
Em períodos de transição, os líderes políticos podem alterar a sua
narrativa política, e construir uma Narrativa de Sistema nova,
porém, estão constrangidos pelos interesses sociais e políticos,
fenómenos a acontecer no SI e por narrativas competitivas à sua.
A guerra ameaçou e destruiu a construção de uma Narrativa de
Sistema, baseada na cooperação e interdependência, impondo
novamente uma Narrativa de Grande Potência no SI. Nos dois
países, esta narrativa permitiu-lhes assegurar apoio político
nacional para o uso da força e aumento de poder e influência.
ESTUDO DE CASO: EUA E RÚSSIA
Análise da Formação, Projeção e Receção das Narrativas Estratégicas norte-americanas e russas, durante os períodos
referidos anteriormente, através da investigação e estudo de:
• Narrativas políticas e de identidade encontradas em discursos dos líderes políticos -> Formação
➢ 1º e 2º Guerra do Iraque: Presidente G. H. W. Bush (Pai), Presidente G.W. Bush (Filho), respetivamente.
➢ 1º e 2º Guerra da Chechénia: Presidente Yeltson; Presidente Vladmir Putin, respetivamente
• Estrutura e conteúdo (acesso à informação) dos media de cada país -> Projeção
➢ EUA: cobertura da NBC ,em ambas as Guerras, entre Janeiro e Fevereiro de 1991;2003 e 2004;
➢ Rússia: 1º Guerra – ORT e NTV, Dezembro de 1994 e campanha eleitoral para a Duma (1995) e presidencial (1996).
2º Guerra – ORT e NTV, durante a campanha eleitoral para as presidenciais de 2000 e para as da Duma, em 2003
“A leader´s projection of narratives is affected by the structure of media within a country as well as the content of the narratives
themselves”
Roselle, L. (2018: 71)
• Opinião Pública: através de resultados eleitorais (visão global) e grupos de foco (visão individualizada) -> Receção
“It is importante to look at how citizens describe the wars in conversation with others, (…) it allows us to identify how people conceptualize and
describe wars, (…), how they evaluate leaders statements or media coverage”
Roselle, L. (2018: 60)
O Estudo demonstra como o uso de força, por parte dos EUA e Rússia, contribuiu para a construção de Narrativas de Grande Potência
renovadas, que aniquilaram a tentativa de Narrativa de Sistema baseada na cooperação e interesses comuns, após a dissolução da
URSS. Estas narrativas, próprias da Guerra Fria, explicam a anexação da Crimeia em 2014, por parte da Rússia: dois lideres estatais com
ideologias diferentes que tentam impor a sua vontade política, através de proxy wars.
ESTUDO DE CASO: EUA – 1º GUERRA DO IRAQUE (1990-1991)
ReceçãoFormação Projeção
Contexto: Alterações no SI com a
dissolução da URSS, Presidente G.H. W.
Bush.
Presidente enfantizou a natureza
interdependente do SI, salientando a
cooperação interestatal. No entanto,
sublinhou o papel dos EUA como líder
mundial e guardador da Paz, nos seus
discursos. Esta narrativa não traduz
exatamente uma narrativa de grande
potência, focando-se no poder da
cooperação.
Tentativa da instauração da nova ordem
global de cooperação, com supervisão
americana em assuntos de paz,
enaltecendo o papel fundamental dos
EUA em assuntos internacionais.
Embora a narrativa política do líder
americano saliente o poder da
cooperação na resolução de conflitos
internacionais, o conteúdo mediático
analisado demonstrou uma projeção
nacionalista e patriótica enaltecendo o
poder dos EUA no mundo. O acesso
jornalístico era reduzido, e as
informações era providas pelo o Exército
diretamente. O poder tecnológico e
militar americano foi publicitado através
da compilação de imagens,
constantemente a ser exibido pela TV.
Conflito de curto-prazo, não permitiu
uma discussão mais profunda da guerra:
Expressões mediáticas:
“ Proud to be an american”, “ Patriotism
as a hot ticket”, “ The flag is
everywhere”.
A projeção foi demarcada por uma
narrativa de grande potência, pelo que a
população teve uma receção positiva,
apoiando a campanha militar, e
promovendo a narrativa que os EUA
eram a superpotência mundial.
Autocolante americano:
https://www.ebay.com/itm/ProSticker-958-One-3-x6-American-Patriotic-Gulf-
War-Veteran-Decal-Sticker-958-/311605310883
ESTUDO DE CASO: EUA – 2º GUERRA DO IRAQUE (2003-2011)
ReceçãoFormação Projeção
Os objetivos limitados da 1º guerra,
tinham sido substituídos por objetivos
mais amplos, como a democratização e
guerra ao terrorismo. Foi inteiramente
baseada na narrativa de sistema de
grandes potências (NGP).
Diferente perspetiva do papel dos EUA
no mundo, depois do 9/11/01.
Narrativa de uso de força, nem que seja
unilateralemente, défice de
cooperação internacional,
interdependência e coligações,
assegurando as suas alianças (NATO),
e/ou agindo unilateralmente. Política de
hard power: “ You have shown the
world the skill and the might of the
American armed forces”. Evidencia o
sucesso das campanhas militares,
mesmo que a violência continue.
Tal como a cobertura dos media na
Guerra do Golfo, a 2º guerra é
caracterizada pelos meios de
comunicação americanos como positiva.
A narrativa política do líder, G.W. Bush,
encontra-se em sintonia com a narrativa
de identidade conferida ao povo
americano. A sua narrativa era
dominante nos media, enfatizada por
elevada exposição de campanhas
militares, através do livre acesso dos
jornalistas a zonas de guerra (
instrumento utilizado por Bush: “Our
people in the field need to tell our
story”).Esta tentativa de manipulação
mediática foi instrumentalizada de
forma a silenciar vozes de contestação,
impedindo a projeção de narrativas
competitivas
A maioria das elites políticas (lobbies) e a
população apoiava a narrativa política de
Bush filho aquando o despoletar do
conflito em 2003, continuando, em 2005,
mesmo com o aparecimento das
primeiras críticas. O estudo dos grupos
de foco sugere que as narrativas de
grande potência influenciam bastante a
população, sendo aceites e apoiadas
pela maioria. A população americana
denotou um certo controlo e invasão das
narrativas de grande potência por parte
da administração Bush, nos media,
porém salientou o status dos EUA como
super potência mundial. Portanto, a
Narrativa Política (NP) de Grande
Potência confirma a Narrativa de
Identidade (NI) americana, formando
uma Narrativa Estratégica semelhante à
da Guerra Fria.
ESTUDO DE CASO: EUA – 1º GUERRA DA CHECHÉNIA (1994-1996)
ReceçãoFormação Projeção
Contexto: dissolução da URSS ( símbolos
nacionais a ser negociados e
reconstruídos), complexa e difícil
reconstrução económica e política.
Diferencia-se do Iraque, uma vez que a
Chechénia encontra-se dentro das
fronteiras russas, conflito intraestatal e
não Intraestatal (como o caso do
Iraque). Processo de construção de
Estado em andamento com contestação
nas narrativas de identidade e de
sistema: Liberais, Pragmáticas, e/ou
Nacionalistas, que designam a posição
da Rússia no SI. A narrativa do
Presidente Yeltsin em 1994 era vista
como pragmática com tendências
nacionalistas, uma vez que o seu foco
era instaurar a ordem do direito: “Rule
of law and the Constitution”, e
aproximar-se do Ocidente.
Estrutura dos media reestruturada em
conformidade com a transformação
política e económica. Porém sem apoios
estatais, a competitividade do meio, fez
com que os meios de comunicação
russos ficassem limitados quase ao canal
televisivo estatal público ORT e NTV
(privado). Poder mediático nos oligarcas
– elites políticas – em enfatizar a
importância de uma Rússia unificada e
os problemas do separatismo. As ações
militares foram projetadas na ORT de
forma a legitimar a narrativa política,
salientando o papel informador e
propagador da narrativa
pragmática/nacionalista de Yeltsin . Os
jornalistas estavam limitados no acesso à
informação, não podendo estabelecer
contacto com os militares russos. NTV
com uma narrativa competitiva e oposta.
População descontente com a dissolução
da URSS. Apoio popular no início da
Guerra. Porém o tempo que demorou a
estabilizar a situação na Chechénia fez
com que a opinião do público se tornar-
se hostil em relação aos esforços de
guerra.
A credibilidade governativa foi
questionada pela exposição de certos
conteúdos de narrativa competitiva da
NTV, causando divisão na opinião pública
e nas elites políticas. Esta divisão de
opinião ilustrou a influência que uma
narrativa de identidade em transição
tem na receção da Narrativa Política.
Maiores criticas surgiram das próprias
forças armadas russas.
Narrativa de Yeltsin:
“Russia as a “normal” country in Europe”
ESTUDO DE CASO: EUA – 2º GUERRA DA CHECHÉNIA (1999-2004)
ReceçãoFormação Projeção
Mudança de narrativa política: Rússia
de Yeltsin como num estado normal
europeu, para foco no status de grande
potência da Federação Russa com
Vladimir Putin chegado a Presidente em
1999. A fase inicial da guerra, ainda com
Yeltsin a presidente, salienta a
legitimação de ação militar usando os
argumentos referidos na 1º guerra,
acrescentando a luta ao Terrorismo.
Putin altera a narrativa política
enfatizando a Rússia como uma normal
grande potência mundial, querendo
que a sua posição no SI seja em
conformidade com a narrativa de
sistema da Guerra Fria. Sugeriu que a
gestão do primeiro conflito foi fraca, e
que a integridade da Federação Russa
era ameaçada pelas tensões e
terrorismo na Chechénia, colocando em
risco a estabilidade nacional.
Vladimir Putin - crítico da cobertura da
NTV à 1º guerra da Chechénia.
Reafirmou o controlo governamental
dos meios de comunicação, através do
controlo e manipulação de informação,
publicações caracterizando os opositores
como terroristas e glorificando as forças
armadas russas; imposição de restrições
ao acesso jornalístico a zonas de guerra.
Projeção forte de uma Narrativa de
Grande Potência, com a eliminação de
propagação de narrativas competitivas,
instrumentalizando o canal público ORT
e restringindo a liberdade dos demais.
Mudança na narrativa de identidade por
parte da população em relação à
Chechénia.
Em 2000. denotou-se uma receção
positiva e encorajadora da população às
campanhas militares russas, explicada
pelo desejo público de estabilidade e
ordem nos vários setores da vida russa:
económico, político e social. Surgiram
assim as narrativas políticas de hard
power e great power de Putin. Através
do estudo de grupos de foco, salienta-se
que a população russa tem preferência
pelo canal público, uma vez que este
representa fielmente a posição política
dos seus líderes.
Líderes e população instrumentalizam o
conceito de Terrorismo (como os EUA) e
as narrativas sobre a posição da Rússia
no SI como grande potência mundial
para legitimar as suas ações militares.
CONCLUSÃO:
“O estudo de caso demonstra que as guerras do Iraque e Chechénia debilitaram e ( continuam a debilitar) a
capacidade dos líderes políticos nos EUA e Rússia em contruir e adotar uma nova narrativa do sistema, no período
pós Guerra Fria. Estas implicações podem limitar e constringir um possível futuro para as Relações Internacionais”
Roselle, L. (2018: 60)
“Um importante resultado da reemergência de Narrativas de Identidade de Grande Potência, durante as segundas
guerras do Iraque e Chechenia, é ameaçar a nova Narrativa de Sistema que enfatiza a cooperação internacional e
interesses comuns. Criou um sistema onde conflitos internacionais envolvem-se num ambiente de grande tensão, e
exponenciou tentativas de ganho de poder e influência durante o inicio do novo milénio e segunda década do
mesmo: Irão, Primavera Árabe, Síria e Ucrânia.”
Roselle, L. (2018: 79)
BIBLIOGRAFIA: A83540 - DIAPOSITIVOS
Flockhart, T (2011). "‘Me Tarzan – You Jane’: The EU And NATO And The Reversal Of Roles". Perspectives On European
Politics And Society .12:3. PP263-282, DOI: 10.1080/15705854.2011.596306
Roselle, L. (2018). “ Strategic Narratives and Power Identity”. Forging the world: Strategic Narratives and International
Relations. University of Michigan Press. pp 56-79. ISBN: 0472037048, 9780472037049

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Resumo de Narrativas Estratégicas e Identidade de Grande Potência de Laura Roselle (2018)

  • 1. EURASIAN INTEGRATION: ELITE PERSPECTIVES BEFORE AND AFTER THE UKRAINE CRISIS Alena Vysotskaya Guedes Vieira
  • 2. INTRODUÇÃO Bárbara Mota A79793 dinâmica política em mudança partindo do processo de integração da Eurásia • O artigo em análise examina as posições adotadas pelos Estados membros Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia durante os processos de integração da Eurásia antes e depois do início da crise na Ucrânia. • A crise da Ucrânia teve um tremenda importância não só como elemento de reestruturação da política região como também enquanto desafio internacional fundamental. • Num contexto de liderança russa, o projeto da União Econômica da Eurásia (EEU) tem sido algo prioritário e de extrema importância para a Rússia enquanto meio de progresso relevante na integração. • Posto isto foram adotadas: • tarifas comuns (2010); • um mercado comum de bens, serviços, capital e trabalho (2012); • União Econômica da Eurásia lançada em 2015.
  • 3. • O artigo aborda comparativamente as mudanças de posição da Bielorrússia e do Cazaquistão em relação ao projeto da Eurásia após a crise da Ucrânia, sendo que ambos os países estiveram entre os membros fundadores do projeto eurasiano e possuem um histórico de cooperação e integração mais duradouro com a Rússia, tendo igualmente apoiado as suas iniciativas. • De igual forma, ambos distinguem-se dos restantes aliados russos que são frequentemente "involuntários" como é o caso da Armênia, por exemplo, que ingressou no projeto por pressão direta da Rússia. No caso tanto do Cazaquistão como da Bielorrússia, sempre se manifestaram como países soberanos insubmissos, incorporando fortes tendências autoritárias, não permitindo a intervenção de terceiros da sua política interna e externa. as narrativas eurasianas das elites políticas dos respetivos estados proposições derivadas da escola "realista neoclássica" da teoria das relações internacionais Duas perspetivas analíticas O foco nas narrativas também ajuda a demonstrar que a ‘gap’ decorrente de interpretações divergentes do projeto eurasiano aumentou após a eclosão da crise na Ucrânia. - aponta para os limites de medidas como o avanço formal da iniciativa ou o alargamento da EEU à inclusão de novos membros e observadores. Bárbara Mota A79793
  • 4. “Narratives in turn are understood as “frameworks that allow humans to connect apparently uncon- nected phenomena around some causal transformation” (Miskimmon, Loughlin, and Roselle 2013, 5). They therefore represent a specific “sequence of events and identities,” and a “communicative tool through which political actors – usually elites – attempt to give determined meaning to the past, present, and future in order to achieve political objectives” (Miskimmon, Loughlin, and Roselle 2013, 5).3 Narratives thus can play an important role in both enabling and constraining specific institutions and practices.” Bárbara Mota A79793 (Vieira, 2015, p.567) Evolução das posições da Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão no projeto da Eurásia no contexto da crise na Ucrânia.
  • 5. Bielorrússia e Cazaquistão THE INITIAL CONSTELLATION OF EURASIAN NARRATIVES: COMPATIBILITY OF PERSPECTIVES Essa orientação para Moscovo, permitiu que ambos extraíssem: • benefícios econômicos significativos incluindo • vínculos militar-industriais reforçados, • fortes laços comerciais • cooperação energética multifacetada Ambos têm participado voluntariamente na Collective Security Treaty Organization (CSTO), na Comunidade Econômica da Eurásia e na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) Desde o início dos anos 90, sua posição em relação à cooperação com a Rússia, incluindo iniciativas multilaterais, favoreceram o alinhamento econômico, político e diplomático com Moscovo. Os seus principais objetivos de cooperação eram preservar a estabilidade e o poder do regime e aumentar a sua força. Diferem: • nas suas aspirações de modernização; • estrutura de recursos; • posição geográfica; • Na participação na Organização Mundial do Comércio (OMC). Por parte das elites políticas dos dois países, a cooperação com a Rússia bem como a sua política Near Abroad - com o objetivo de consolidar a influência da Russa na região; - foram consideradas como algo positivo. Bárbara Mota A79793
  • 6. • Objetivos da União Econômica da Eurásia: • Benefícios econômicos decorrentes da unificação das regulamentações aduaneiras e do acesso ao mercado russo; • A ECU [União Aduaneira da Eurásia] cria um mercado o que deve atrair investidores estrangeiros; • Eliminação de tarifas alfandegárias na Rússia e na Bielorrússia melhora as oportunidades para os produtores do Cazaquistão, tornando seus produtos mais competitivos em termos de preços benéfico para o transporte do Cazaquistão óleo e gás; • A média controlada pelo estado da Bielorrússia também se referiu aos benefícios decorrentes da expansão dos mercados para os seus produtos para o fornecimento de energia da Rússia; • A liderança russa vinculou benefícios econômicos tangíveis à participação no projeto; • Aplicação do chamado "desconto de integração” que visava oferecer um preço significativamente mais baixo do gás à Bielorrússia em troca de participar da iniciativa eurasiana, numa tentativa de influenciar outros estados do Near Abroad como a Ucrânia, a Moldávia juntarem-se ao projeto. Esta iniciativa surgiu como um incentivo de Moscou a seus parceiros eurasianos para acelerar a integração e a modernização. Bárbara Mota A79793
  • 7. Duas narrativas: Narrativa orientada para a eficiência: • Abordagem de integração técnica, baseada em regras e pragmática, apoiada por instituições supranacionais. • Foi especialmente reforçada pela demonstração do progresso real do projeto da Eurásia: • rápida evolução de uma união aduaneira, incluindo a implementação do Código da União Aduaneira; • O estabelecimento da Comissão Econômica da Eurásia reforçou a narrativa orientada para a eficiência; • Negociações sobre a unificação dos padrões comerciais. Narrativa global de conexão: • Fundamentou-se na adesão da Rússia à OMC, em 2012, e nas declarações de Putin de que o Espaço Econômico Comum seria guiado por normas e princípios da OMC; • Essa postura ajudou a destacar os efeitos da modernização do projeto eurasiano, assumindo o papel da iniciativa eurasiana como começo para um posterior alargamento para o comércio global; • Ideia da convergência gradual de regulamentos, normas e regras nos espaços da Eurásia, UE e Ásia-Pacífico; • Extensão da rede de acordos de Área de Livre Comércio (ALC) da EEU. Bárbara Mota A79793
  • 8. “[...] the Russian leadership preferred to portray the Eurasian project as affording adherents prospective membership in a powerful bloc of states. Eventually, a self-sustaining Eurasian dynamic would be established, uniting more and more participants in a powerful economic and political initia- tive – and potentially a security alliance: “a powerful supranational union, capable of becoming one of the poles of the modern world. (Putin 2011)” (Vieira, 2015, p.569) Bárbara Mota A79793 • A União Europeia serviu de inspiração e ponto de referência para a EEU, na medida em que as suas instituições apresentavam um plano para o projeto eurasiano. Embora o projeto da Eurásia pudesse ser visto como uma tentativa de superação da UE, oferecendo um novo modelo de integração, foi criado com o intuito de promover a cooperação internacional da Rússia em todas as direções, incluindo com a UE e o Ocidente.
  • 9. POST-UKRAINE EURASIAN NARRATIVES: AGREEING TO DISAGREE • Os eventos após a terceira cúpula da Parceria Oriental da UE em Vilnius, em 2013, marcaram uma despedida da Ucrânia como um membro potencial do projeto da Eurásia pondo também um fim às tentativas russas de convencerem o país a aderir. • No decurso da campanha da Rússia para atrair a Ucrânia para a iniciativa eurasiana, ocorreu uma reorganização drástica das narrativas. • A Rússia havia agora atribuído um papel central a duas novas narrativas: “Contrapeso à UE” e “Near Abroad” radicalmente alterada, que substituiu as narrativas de conexão globais, anteriormente orientadas para a eficiência. A aspiração russa de convencer os membros em potencial de que a integração eurasiana, passou a ser sustentada por uma conceção rutura de ligações com a União Europeia. Bárbara Mota A79793 Após esses eventos, as ideias que foram inicialmente criadas de cooperação internacional, pragmatismo econômico e eficácia já não podiam ser enquadradas nas ações da Rússia. Essa reconstituição das narrativas foram consolidadas após o inicio da crise na Ucrânia e pela anexação da Crimeia A Narrativa do Near Abroad envolveu uma campanha que atribuía pleno direito à Ucrânia a mudar de rumo A narrativa de conexão global anteriormente central foi adicionalmente desvalorizada devido à sua reorientação para um novo posicionamento estratégico da narrativa para longe da EEU e para a cooperação com a China e a Organização de Cooperação de Xangai
  • 10. • O fracasso da Rússia em atrair a Ucrânia para a EEU significou que não tiveram êxito na construção da idealizada Eurásia e na dinâmica futura com base na narrativa da UE. “[...]the Russian leadership defended the idea that the original motivation behind the initiative remained unchanged. To support this position, a new sense of urgency was attributed to the formal integration progress and, in particular, to the planned signing of the EEU agreement in May 2014. A new deadline, 17 April 2014, was set by Moscow to iron out all the disagreements among the parties related to the founding documents. Parallel to this, enlargement of the EEU became a new Eurasian priority, with Kyrgyzstan joining Armenia in August 2015 as new adherents to the initiative. Thus, the Russian leadership sought to affirm the credibility of the EEU as a wave of the future, despite the post-Ukraine contradictions and ambiguity surrounding the project’s rationale.” (Vieira, 2015, p.570,571) • Comparativamente à determinação da Rússia de levar adiante o projeto da Eurásia, tanto a Bielorrússia quanto o Cazaquistão começaram a mostrar uma posição mais cautelosa. Durante as negociações que levaram à assinatura do acordo da EEU em 2013, a liderança do Cazaquistão assumiu uma posição de rejeição absoluta a qualquer possibilidade de transgressão da soberania política dos países participantes. Assim, o acordo final sustentava que o projeto eurasiano representava uma união econômica e não política. Bárbara Mota A79793
  • 11. • Ambos os países sustentaram ainda que os planos da Rússia só poderiam ser implementados se várias divergências bem como as consequentes questões relativas aos processos de integração fossem resolvidos. • No entanto, após a assinatura do tratado e o lançamento efetivo da EEU, as negociações não se tornaram menos complexas. Persistiram várias questões não resolvidas, nomeadamente relativamente à existência de barreiras não tarifárias, isenções comerciais, taxas de exportação, e a ausência de uma instituição encarregada de uma política comum de regulamentos de controle. As posturas de ambos os países se tornaram uma relutância absoluta em relação à integração e, subsequentemente, em 2014 ambos os Presidentes emitiram declarações sobre a sua possível retirada da iniciativa eurasiana. Com todas estas disfunções de funcionamento efetivo da EEU, o Cazaquistão o e Bielorrússia demonstraram uma maior hesitação quanto à aproximação e envolvimento com a união, refletindo acerca das consequências que o seu comprometimento com o projeto poderiam causar. Bárbara Mota A79793
  • 12. The limits to Bandwagoning for Profit As reflexões efetuadas da Bielorrússia e do Cazaquistão relativamente ao seu envolvimento com a EEU: 1 A Anexação da Crimeia pela Rússia – esta ação foi determinante. Sugeria que a Rússia aparentemente estava disposta a usar a força militar para impor a sua soberania sobre os restantes estados. Isso representava uma ameaça à sobrevivência das elites políticas nesses países, reforçando seus medos existenciais. 2 A ideia de prosperidade económica parecia agora ser menos atrativa, pois esses ganhos económicos poderiam representar perdas políticas significativas. 3 O Presidente Alyaksandr Lukashenka da Bielorrússia rejeitou a ideia de fazer parte do "'mundo russo' ou mesmo da própria Rússia", e frisava que a Bielorrússia não perderia sua independência. Ocorrendo também uma situação semelhante em relação ao Cazaquistão que declarou a sua insatisfação relativamente a declarações incorretas feitas por alguns políticos russos. O presidente do Cazaquistão declarou que o país poderia deixar a EEU a qualquer momento, se a soberania do país estivesse ameaçada. Bárbara Mota A79793
  • 13. Todos esses fatores provocaram mudanças políticas na Bielorrússia e no Cazaquistão Bárbara Mota A79793 Surgiram novas narrativas oficiais da Bielorrússia e do Cazaquistão em apoio à integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia • Iniciaram um processo de rutura política e diplomática com Moscovo. • O presidente da Bielorrússia optou por estabelecer diálogo com a Ucrânia As elites de ambos os países se recusaram a enviar observadores para o referendo da Crimeia. • A liderança do Cazaquistão também se absteve de votar na resolução das Nações Unidas considerando o referendo inválido. • As lideranças da Bielorrússia e do Cazaquistão estabeleceram contatos estreitos com o presidente e com funcionários do governo ucraniano que estavam a ser julgados pela Rússia como radicais ultranacionalistas, controlados pelos EUA.
  • 14. De-alignment in the counterweight to the EU narrative • Distanciamento do Cazaquistão e da Bielorrússia da nova narrativa eurasiana promovida pelas elites russas relativamente à narrativa da UE. • Este último retratou o projeto da Eurásia como um contrapeso político e estratégico ao Acordo de Associação da UE (AA) e à Área de Livre Comércio Profundo e Abrangente (DCfTA). • A liderança do Cazaquistão e da Bielorrússia declararam que não tinham problemas fundamentais com a Ucrânia adotando o acordo e orientando as suas políticas em direção à EU. A adoção do AA e da DCfTA pela Ucrânia e pela Moldávia levantou apenas questões que unicamente exigiam ajustes no quadro comercial existente. • As posições eminentes dos dois países ressoaram com uma tendência motivada pelo facto de quanto mais as relações UE- Rússia se deterioravam, mais eles se dirigiam em aproximação à UE e aos EUA. • As posições da Bielorrússia e do Cazaquistão podem ter divergido no contrapeso para a narrativa da UE, mas estavam alinhadas com a narrativa original. Bárbara Mota A79793
  • 15. Riding the Eurasian wave of the future: toward bandwagoning for profit • O desejo da Rússia de construir a “onda do futuro” Eurasiática aumentaram o valor das demonstrações da Bielorrússia e do Cazaquistão de qualquer orientação pró-Eurásia. Ambos os países tiveram a oportunidade de se beneficiar de circunstâncias favoráveis ​​e de aumentar suas posições garantindo acordos benéficos com a Rússia. • Presidente Lukashenka afirmou que se os países parceiros da Eurásia não estivessem prontos para prosseguir com a integração nomeadamente através de um mercado comum de energia (prioridade para a Bielorrússia ), deveriam considerar adiar a EEU até 2025. Posteriormente rafificou os documentos da EEU, mas com uma importante cláusula de reserva, que estipulava que a Rússia levantaria todas as “barreiras, limitações e isenções” no comércio de uma série de bens, incluindo recursos energéticos Bárbara Mota A79793 “The Belarusian link between the approval of the EEU and tangible payoffs was therefore bringing the Eurasian project closer to the practice of trade-offs, in the traditional bandwagoning for profit style. To be sure, the Belarusian re-interpretation of the Eurasian project went against Moscow’s expectation that the Eurasian partners would unite and deepen integration in the face of a growing economic crisis, exacerbated by the economic sanctions imposed on Russia by the EU and the US (West) (Vieira 2015).” (Vieira, 2015, p.574,575)
  • 16. • Nova oportunidade comercial para o Cazaquistão e a Bielorrússia – situação paradoxal Bárbara Mota A79793 A Rússia a introduzir sanções contra a UE A Bielorrússia estava a aumentar as suas importações da EU As divergências entre a Rússia e a Bielorrússia foram difíceis de serem descartadas diante das proibições comerciais e da reintrodução dos controles de fronteira O governo russo insistiu que as mercadorias da Bielorrússia que se dirigissem ao Cazaquistão passassem por postos de controle na fronteira com a Rússia. o aumento das importações pela Bielorrússia levantou suspeitas por parte de Moscovo de que os produtos cujas sanções haviam sido aplicadas estavam a ser remarcados no território bielorrusso e posteriormente exportados para a Rússia Neste sentido a Rússia proibiu a importação de carne e laticínios da Bielorrússia, provocou restrições ao pais de importações de macarrão e café russo
  • 17. • Os líderes bielorrussos argumentaram que o embargo alimentar da Rússia havia sido introduzido de maneira unilateral e descoordenada. Foram adiados pelo fracasso da Rússia em ajudar a Bielorrússia a impedir uma rápida deterioração de sua situação econômica. Assim o país responsabilizou Moscovo pela crescente crise na região • O Cazaquistão também teve queixas, mas optou por apresentá-las de maneira diferente da abordagem da Bielorrússia. As interações entre Cazaquistão e Rússia também foram marcadas por tensões - sobre as exportações de carne, e sobre as restrições do Cazaquistão à importação de combustível e petróleo russo mais barato. Bárbara Mota A79793
  • 18. Conclusão Bárbara Mota A79793 • A iniciativa eurasiática surgiu acompanhada por esforços de concretizar uma "onda do futuro”, nas quais as narrativas de conexão globais e orientadas para a eficiência foram estavam inseridas. Ambas as narrativas corresponderam apenas parcialmente à abordagem tradicional da Bielorrússia e do Cazaquistão. • O efeito da Ucrânia no processo de integração da Eurásia foi considerável, sendo necessário proceder ao reajuste das narrativas principais: uma narrativa de "contrapeso à UE" e de uma narrativa revisionista radicalmente alterada - "Near Abroad". • Como resultado de uma nova perceção de uma ameaça à sua independência e soberania nacional, as lideranças da Bielorrússia e do Cazaquistão reconsideraram a validade de sua abordagem anterior de aumentar a margem de lucro, o que os levou a uma posição mais restrita em relação ao aprofundamento da integração da Eurásia. . Além disso, suas posições no AA / DCfTA da UE foram desenvolvidas no contexto de um crescente desalinhamento político e diplomático de Moscovo.
  • 19. • A ambiguidade das narrativas da Eurásia da Rússia: apesar de todas as tentativas de atrair a Ucrânia para o projeto da Eurásia, Moscovo continuou insistir na validade da lógica do projeto eurasiano original. • Tanto a Bielorrússia quanto o Cazaquistão reconheceram os limites de sua abordagem de lucro para a integração da EEU. No entanto, houve diferenças nas reações dos dois países. A sua resistência surge de duas preocupações: evitar a dependência excessiva da Rússia e melhorar a posição de barganha do país em relação a Moscovo. • No Cazaquistão, o reconhecimento dos limites da margem de lucro desempenhou o papel principal, embora associado a uma ameaça à sua soberania. Isso acabou por levar a uma possível saída do Cazaquistão da iniciativa eurasiana. • Contrariamente a isso, na Bielorrússia, o reconhecimento dos limites para aumentar a margem de lucro coexistia com a aspiração de melhorar ganhos específicos ao cooperar com a Rússia. Bárbara Mota A79793
  • 20. Bibliografia • VIEIRA, Alena Vysotskaya Guedes; Eurasian integration: elite perspectives before and after the Ukraine crisis; 2015
  • 21. Licenciatura em Relações Internacionais – 3º ano Políticas Externas Comparadas – 1º semestre Resumo de Narrativas Estratégicas e Identidade de Grande Potência de Laura Roselle (2018) Bárbara Maria Neiva Morim A83540 06/10/2019
  • 22. ENQUADRAMENTO TEÓRICO – NARRATIVAS ESTRATÉGICAS E POLÍTICA EXTERNA “Interpretative social sciences narratives (…)provide means for political actors to construct a shared meaning of past, present and future of international politics in order to achieve political objectives, especially in terms of influencing perceptions and (consequently) behaviour of other actors. In order to do this, narratives act as legitimisation tool, i.e. justification for a polity, a political project, policies or actions.” Cianciara, A. K. (2017:50) “…actors pursuing legitimating strategies are not free in their choice of the narrative. Tools of agency, narratives are also rooted in available discourses – raw material of communication that actors plot into narratives. Thus discourses – embedded in historical and cultural context – have a structuring effect upon narratives.”(…) “narratives shape actors’ worldviews and constrain behaviour, but they are also tools that political actors use strategically” Cianciara, A. K. (2017:50:51) “Strong narratives are seen as an account of reality, which contributes towards stabilizing the identity established through sociological processes of identity construction. Narratives and identities are continuously reinterpreted and realigned against each other in a process of ‘shuttling’ back and forth between ongoing narrative and identity con- struction processes in an attempt to achieve alignment at a level that produces the most positive ‘story’ and the highest level of self-esteem possible.” Flockhart, T. (2011:264)
  • 23. CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS ESTRATÉGICAS (NE) Narrativas Políticas (NP)Narrativas de Sistema (NS) Narrativas Identitárias (NI) Descreve a estrutura do SI incluindo: os atores, o funcionamento do sistema e quais os atores que desafiam o SI vigente. Exemplo: - Narrativa do sistema entre 1940-1990: Bipolaridade, constituindo a narrativa da Guerra Fria (GF). Narrativas sobre identidade dos atores do SI, que estão num processo de constante negociação e contestação- Teoria da Identidade Social (TIS). Desafiam a formação de novas narrativas estratégicas (NE). Influenciam da formação, projeção e receção das narrativas políticas. Desenvolvidas estrategicamente pelos líderes (de acordo com os interesses políticos de cada Estado), contém guias políticos que tanto podem apoiar ou desafiar o Sistema de Narrativas vigente no SI. Formação das NE: Relação entre as diferentes narrativas: NE = NS + NI + NP Desafio no estudo de NE: Processo de comunicação entre os três tipos de narrativas não é linear em natureza ou limitado no alcance. Narrativa de Grandes Potências (NGP): descreve a competição entre grandes potências do SI, a nível ideológico, político, económico e militar. Identifica as estruturas de alianças competitivas, enaltece a superioridade do seu Estado em relação aos outros, incentiva o sentimento de patriotismo e superioridade na população. Ajuda os líderes políticos a assegurar estabilidade política e social no país aquando a sua estratégia está orientada para uso de força e/ou aumentar o seu poder doméstico e internacional. Exemplo: Narrativas estratégicas das grandes potências no início do século XX (1º GM) e durante a Guerra Fria. Narrativa Estratégica dos EUA e URSS durante a Guerra
  • 24. NARRATIVAS ESTRATÉGICAS E IDENTIDADE DE GRANDE POTÊNCIA Narrativas da Guerra Fria: Great Power Narratives por parte da URSS e EUA 19901945 Período de Transição - Construção da nova ordem mundial (NS): possível alinhamento de narrativas estratégicas nacionais por parte da Rússia e EUA Não alinhamento entre narrativas por parte da Rússia e EUA: imposição de Narrativas de Grande Potência, derivada dos conflitos militares (guerras), vistas como ameaças à segurança nacional e internacional – Narrativa do Sistema (NS) é a narrativa da Guerra Fria 19941991 20031999 Glasnost e perestroika, Queda do Muro de Berlim, dissolução da URSS com as políticas de Gorbatchev - alinhamento do discurso político de G.W. Bush e Gorbatchev: natureza interdependente do SI, cooperação entre estados (não agressão) – “ New World Order ”. • 1º Guerra do Iraque: 1990-1991 -> EUA e Guerra do Golfo • 1º Guerra da Chechénia: 1994 – 1996 -> Rússia • 2º Guerra do Iraque: 2003 – 2011 -> EUA • 2º Guerra da Chechénia: 1999 – 2004 -> Rússia Narrativa Estratégica dos líderes: EUA – líder do mundo livre, mantendo a ordem na Guerra do Golfo e investindo na democratização do SI (2ºguerra do Iraque). Rússia – marcação da sua posição como potência independente e forte e ganho de influência e poder no SI, iniciando o conflito militar na Chechénia por duas vezes. Em períodos de transição, os líderes políticos podem alterar a sua narrativa política, e construir uma Narrativa de Sistema nova, porém, estão constrangidos pelos interesses sociais e políticos, fenómenos a acontecer no SI e por narrativas competitivas à sua. A guerra ameaçou e destruiu a construção de uma Narrativa de Sistema, baseada na cooperação e interdependência, impondo novamente uma Narrativa de Grande Potência no SI. Nos dois países, esta narrativa permitiu-lhes assegurar apoio político nacional para o uso da força e aumento de poder e influência.
  • 25. ESTUDO DE CASO: EUA E RÚSSIA Análise da Formação, Projeção e Receção das Narrativas Estratégicas norte-americanas e russas, durante os períodos referidos anteriormente, através da investigação e estudo de: • Narrativas políticas e de identidade encontradas em discursos dos líderes políticos -> Formação ➢ 1º e 2º Guerra do Iraque: Presidente G. H. W. Bush (Pai), Presidente G.W. Bush (Filho), respetivamente. ➢ 1º e 2º Guerra da Chechénia: Presidente Yeltson; Presidente Vladmir Putin, respetivamente • Estrutura e conteúdo (acesso à informação) dos media de cada país -> Projeção ➢ EUA: cobertura da NBC ,em ambas as Guerras, entre Janeiro e Fevereiro de 1991;2003 e 2004; ➢ Rússia: 1º Guerra – ORT e NTV, Dezembro de 1994 e campanha eleitoral para a Duma (1995) e presidencial (1996). 2º Guerra – ORT e NTV, durante a campanha eleitoral para as presidenciais de 2000 e para as da Duma, em 2003 “A leader´s projection of narratives is affected by the structure of media within a country as well as the content of the narratives themselves” Roselle, L. (2018: 71) • Opinião Pública: através de resultados eleitorais (visão global) e grupos de foco (visão individualizada) -> Receção “It is importante to look at how citizens describe the wars in conversation with others, (…) it allows us to identify how people conceptualize and describe wars, (…), how they evaluate leaders statements or media coverage” Roselle, L. (2018: 60) O Estudo demonstra como o uso de força, por parte dos EUA e Rússia, contribuiu para a construção de Narrativas de Grande Potência renovadas, que aniquilaram a tentativa de Narrativa de Sistema baseada na cooperação e interesses comuns, após a dissolução da URSS. Estas narrativas, próprias da Guerra Fria, explicam a anexação da Crimeia em 2014, por parte da Rússia: dois lideres estatais com ideologias diferentes que tentam impor a sua vontade política, através de proxy wars.
  • 26. ESTUDO DE CASO: EUA – 1º GUERRA DO IRAQUE (1990-1991) ReceçãoFormação Projeção Contexto: Alterações no SI com a dissolução da URSS, Presidente G.H. W. Bush. Presidente enfantizou a natureza interdependente do SI, salientando a cooperação interestatal. No entanto, sublinhou o papel dos EUA como líder mundial e guardador da Paz, nos seus discursos. Esta narrativa não traduz exatamente uma narrativa de grande potência, focando-se no poder da cooperação. Tentativa da instauração da nova ordem global de cooperação, com supervisão americana em assuntos de paz, enaltecendo o papel fundamental dos EUA em assuntos internacionais. Embora a narrativa política do líder americano saliente o poder da cooperação na resolução de conflitos internacionais, o conteúdo mediático analisado demonstrou uma projeção nacionalista e patriótica enaltecendo o poder dos EUA no mundo. O acesso jornalístico era reduzido, e as informações era providas pelo o Exército diretamente. O poder tecnológico e militar americano foi publicitado através da compilação de imagens, constantemente a ser exibido pela TV. Conflito de curto-prazo, não permitiu uma discussão mais profunda da guerra: Expressões mediáticas: “ Proud to be an american”, “ Patriotism as a hot ticket”, “ The flag is everywhere”. A projeção foi demarcada por uma narrativa de grande potência, pelo que a população teve uma receção positiva, apoiando a campanha militar, e promovendo a narrativa que os EUA eram a superpotência mundial. Autocolante americano: https://www.ebay.com/itm/ProSticker-958-One-3-x6-American-Patriotic-Gulf- War-Veteran-Decal-Sticker-958-/311605310883
  • 27. ESTUDO DE CASO: EUA – 2º GUERRA DO IRAQUE (2003-2011) ReceçãoFormação Projeção Os objetivos limitados da 1º guerra, tinham sido substituídos por objetivos mais amplos, como a democratização e guerra ao terrorismo. Foi inteiramente baseada na narrativa de sistema de grandes potências (NGP). Diferente perspetiva do papel dos EUA no mundo, depois do 9/11/01. Narrativa de uso de força, nem que seja unilateralemente, défice de cooperação internacional, interdependência e coligações, assegurando as suas alianças (NATO), e/ou agindo unilateralmente. Política de hard power: “ You have shown the world the skill and the might of the American armed forces”. Evidencia o sucesso das campanhas militares, mesmo que a violência continue. Tal como a cobertura dos media na Guerra do Golfo, a 2º guerra é caracterizada pelos meios de comunicação americanos como positiva. A narrativa política do líder, G.W. Bush, encontra-se em sintonia com a narrativa de identidade conferida ao povo americano. A sua narrativa era dominante nos media, enfatizada por elevada exposição de campanhas militares, através do livre acesso dos jornalistas a zonas de guerra ( instrumento utilizado por Bush: “Our people in the field need to tell our story”).Esta tentativa de manipulação mediática foi instrumentalizada de forma a silenciar vozes de contestação, impedindo a projeção de narrativas competitivas A maioria das elites políticas (lobbies) e a população apoiava a narrativa política de Bush filho aquando o despoletar do conflito em 2003, continuando, em 2005, mesmo com o aparecimento das primeiras críticas. O estudo dos grupos de foco sugere que as narrativas de grande potência influenciam bastante a população, sendo aceites e apoiadas pela maioria. A população americana denotou um certo controlo e invasão das narrativas de grande potência por parte da administração Bush, nos media, porém salientou o status dos EUA como super potência mundial. Portanto, a Narrativa Política (NP) de Grande Potência confirma a Narrativa de Identidade (NI) americana, formando uma Narrativa Estratégica semelhante à da Guerra Fria.
  • 28. ESTUDO DE CASO: EUA – 1º GUERRA DA CHECHÉNIA (1994-1996) ReceçãoFormação Projeção Contexto: dissolução da URSS ( símbolos nacionais a ser negociados e reconstruídos), complexa e difícil reconstrução económica e política. Diferencia-se do Iraque, uma vez que a Chechénia encontra-se dentro das fronteiras russas, conflito intraestatal e não Intraestatal (como o caso do Iraque). Processo de construção de Estado em andamento com contestação nas narrativas de identidade e de sistema: Liberais, Pragmáticas, e/ou Nacionalistas, que designam a posição da Rússia no SI. A narrativa do Presidente Yeltsin em 1994 era vista como pragmática com tendências nacionalistas, uma vez que o seu foco era instaurar a ordem do direito: “Rule of law and the Constitution”, e aproximar-se do Ocidente. Estrutura dos media reestruturada em conformidade com a transformação política e económica. Porém sem apoios estatais, a competitividade do meio, fez com que os meios de comunicação russos ficassem limitados quase ao canal televisivo estatal público ORT e NTV (privado). Poder mediático nos oligarcas – elites políticas – em enfatizar a importância de uma Rússia unificada e os problemas do separatismo. As ações militares foram projetadas na ORT de forma a legitimar a narrativa política, salientando o papel informador e propagador da narrativa pragmática/nacionalista de Yeltsin . Os jornalistas estavam limitados no acesso à informação, não podendo estabelecer contacto com os militares russos. NTV com uma narrativa competitiva e oposta. População descontente com a dissolução da URSS. Apoio popular no início da Guerra. Porém o tempo que demorou a estabilizar a situação na Chechénia fez com que a opinião do público se tornar- se hostil em relação aos esforços de guerra. A credibilidade governativa foi questionada pela exposição de certos conteúdos de narrativa competitiva da NTV, causando divisão na opinião pública e nas elites políticas. Esta divisão de opinião ilustrou a influência que uma narrativa de identidade em transição tem na receção da Narrativa Política. Maiores criticas surgiram das próprias forças armadas russas. Narrativa de Yeltsin: “Russia as a “normal” country in Europe”
  • 29. ESTUDO DE CASO: EUA – 2º GUERRA DA CHECHÉNIA (1999-2004) ReceçãoFormação Projeção Mudança de narrativa política: Rússia de Yeltsin como num estado normal europeu, para foco no status de grande potência da Federação Russa com Vladimir Putin chegado a Presidente em 1999. A fase inicial da guerra, ainda com Yeltsin a presidente, salienta a legitimação de ação militar usando os argumentos referidos na 1º guerra, acrescentando a luta ao Terrorismo. Putin altera a narrativa política enfatizando a Rússia como uma normal grande potência mundial, querendo que a sua posição no SI seja em conformidade com a narrativa de sistema da Guerra Fria. Sugeriu que a gestão do primeiro conflito foi fraca, e que a integridade da Federação Russa era ameaçada pelas tensões e terrorismo na Chechénia, colocando em risco a estabilidade nacional. Vladimir Putin - crítico da cobertura da NTV à 1º guerra da Chechénia. Reafirmou o controlo governamental dos meios de comunicação, através do controlo e manipulação de informação, publicações caracterizando os opositores como terroristas e glorificando as forças armadas russas; imposição de restrições ao acesso jornalístico a zonas de guerra. Projeção forte de uma Narrativa de Grande Potência, com a eliminação de propagação de narrativas competitivas, instrumentalizando o canal público ORT e restringindo a liberdade dos demais. Mudança na narrativa de identidade por parte da população em relação à Chechénia. Em 2000. denotou-se uma receção positiva e encorajadora da população às campanhas militares russas, explicada pelo desejo público de estabilidade e ordem nos vários setores da vida russa: económico, político e social. Surgiram assim as narrativas políticas de hard power e great power de Putin. Através do estudo de grupos de foco, salienta-se que a população russa tem preferência pelo canal público, uma vez que este representa fielmente a posição política dos seus líderes. Líderes e população instrumentalizam o conceito de Terrorismo (como os EUA) e as narrativas sobre a posição da Rússia no SI como grande potência mundial para legitimar as suas ações militares.
  • 30. CONCLUSÃO: “O estudo de caso demonstra que as guerras do Iraque e Chechénia debilitaram e ( continuam a debilitar) a capacidade dos líderes políticos nos EUA e Rússia em contruir e adotar uma nova narrativa do sistema, no período pós Guerra Fria. Estas implicações podem limitar e constringir um possível futuro para as Relações Internacionais” Roselle, L. (2018: 60) “Um importante resultado da reemergência de Narrativas de Identidade de Grande Potência, durante as segundas guerras do Iraque e Chechenia, é ameaçar a nova Narrativa de Sistema que enfatiza a cooperação internacional e interesses comuns. Criou um sistema onde conflitos internacionais envolvem-se num ambiente de grande tensão, e exponenciou tentativas de ganho de poder e influência durante o inicio do novo milénio e segunda década do mesmo: Irão, Primavera Árabe, Síria e Ucrânia.” Roselle, L. (2018: 79)
  • 31. BIBLIOGRAFIA: A83540 - DIAPOSITIVOS Flockhart, T (2011). "‘Me Tarzan – You Jane’: The EU And NATO And The Reversal Of Roles". Perspectives On European Politics And Society .12:3. PP263-282, DOI: 10.1080/15705854.2011.596306 Roselle, L. (2018). “ Strategic Narratives and Power Identity”. Forging the world: Strategic Narratives and International Relations. University of Michigan Press. pp 56-79. ISBN: 0472037048, 9780472037049