Este artigo analisa os quatro arquétipos femininos representados no álbum conceito "Electra Heart" da cantora Marina and the Diamonds: Homewrecker, Primadonna, Su-Barbie-A e Teen Idle. Estes arquétipos desconstroem o sonho americano através de temas como independência, fama e identidade. No final, Marina abandona sua personagem Electra Heart e fala por si mesma, mostrando que é possível reinventar identidades constantemente.
Electra Heart: um retrato do sonho americano por meio dos arquétipos
1. Universidde Católica de Brasília
Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Autora: Danielle Katrine Lima da Costa
Orientadora: Profa. MSc. Liliana Ribeiro
ELECTRA HEART: UM RETRATO DO SONHO AMERICANO POR MEIO
DOS ARQUÉTIPOS DO ÁLBUM DE MARINA AND THE DIAMONDS
RESUMO METODOLOGIA
Um álbum que tem figurado no cenário fonográfico é Electra Heart de Marina and the Os Estudos Culturais neste artigo contribuem, sobretudo, para o entendimento da
Diamonds. Não apenas por suas batidas sombrias em pop eletrônico, mas pelo interessante importância da cultura na Comunicação. E o fato de ser um campo multidisciplinar e
conceito: a desconstrução do Sonho Americano por meio de quatro arquétipos femininos,
INTRODUÇÃO/RESUMO
representados pela personagem que leva o mesmo nome do álbum.
de sua visão acerca da subordinação da sociedade às culturas determinadas pela
escola, igreja ou Estado que permite uma interpretação dos conceitos acima citados.
Este artigo analisa os quatro arquétipos do álbum conceito Electra Heart, da cantora Identidade também é uma constante utilizada. Enquanto a metodologia de Douglas
galesa/grega Marina and the Diamonds, lançado em março de 2012, que conta com elementos Kellner contribui acerca da identidade individual, Zygmunt Bauman e Stuart Hall
da Tragédia Grega e o Sonho Americano. colaboram com suas metodologias de identidade social e cultural, respectivamente.
ÁLBUM-CONCEITO QUEM É MARINA AND THE DIAMONDS
O termo refere-se a um disco temático, ou seja, quando um mesmo tema é tratado no álbum Marina Lambrini Diamandis é uma cantora e
inteiro, incluindo a sequência das faixas e por vezes, até a melodia das músicas. compositora nascida no País de Gales e criada
também na Grécia. Contrário do que muitos
pensam, Marina and the Diamonds é cantora solo, e
não uma banda. Diamonds faz referência ao seu
sobrenome e também aos seus fãs, como se os
mesmos fossem diamantes. No início de 2010,
lançou seu primeiro álbum, The Family Jewels, com
influências do pop, indie e new wave. Em abril de
2012 lançou Electra Heart, com um estilo musical
Woody Guthrie, Frank Sinatra Marty Robbins Beach Boys The Beatles muito diferente do primeiro. Electra tem uma
Dust Bowl Ballads, 1940 In the Wee Small Hours, Gunfighters Ballads and Little Deuce Coupe Sgt. Pepper's Lonely
1955 Trail Songs, 1959 1963 Hearts Club, 1967 sintonia mais dark com fortes influências do pop
eletrônico e candy pop.
SONHO AMERICANO
Consiste basicamente na crença de que os EUA são a terra da TRAGÉDIA GREGA
oportunidade, liberdade, felicidade, prosperidade, onde se obtém “A tragédia é a representação de uma ação nobre e
sucesso. O Sonho surge principalmente após a Segunda Guerra completa, com uma certa extensão, em linguagem
Mundial, época em que os Estados Unidos precisavam continuar poetizada, cujos componentes poéticos se alternam nas
a projetar sua imagem como um povo de sucesso, independente partes da peça, com o concurso de atores e pelo terror
das circunstâncias, como um exemplo mundial de primeiro opera a catarse desse gênero de emoções.“
mundo, e se concretiza após o seu notável desenvolvimento Daisi Malhadas, Tragédia Grega: o mito em cena.
econômico pós-guerra.
“Para ter sucesso, é preciso projetar uma imagem de sucesso o
tempo todo.” Beleza Americana, 1999.
REFERÊNCIAS VISUAIS
INSPIRAÇÕES FEMININAS
Kitsch 70’s Vale das Bonecas Gatinhas e Paris, Texas
Gatões
Britney Spears Madonna Marilyn Monroe
THE ARCHETYPES
Homewrecker Primadonna Su-Barbie-A Teen Idle
Destruidora de lares. Pertence Quer ser a número 1, adorada. Típica dona de casa americana. Ídolo teen. Jovem, cheia de títulos
somente a si mesma. e maquiagem, porém triste.
CONCLUSÕES
O álbum passa por toda uma trajetória, onde várias facetas se encontram num REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
único personagem. Ao fim, Electra tem suas várias identidades reveladas por BAUMAN, Zygmunt. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecchi. São Paulo: Jorge Zahar,
meio de suas trágicas relações amorosas, assim como também utiliza dessas 2005. 112 p.
identidades para ser alguém para cada pessoa. Resumidamente, esta é a BELEZA americana. Direção: Sam Mendes. Estados Unidos. Universal Pictures Brasil, 1999.
alusão ao Sonho Americano feita no álbum. Em todas as composições, é 1 DVD (122 min), color. Título original: American Beauty.
perceptível o tom de ironia banhado a críticas, uma forma que Marina CASSIANA; ARAÚJO et al. Marina and the Diamonds Brasil. Disponível em:
encontrou, por meio de Electra, de expressar-se para o mundo, utilizando sua <http://marinaandthediamonds.com.br/>. Acessos em: 24 out. a 15 nov. 2012.
música como veículo de comunicação. Os arquétipos surgem para identificar DIAMONDS, Marina and the. Canal do Youtube de Marina and the Diamonds. Disponível
tais múltiplas e várias identidades que se relacionam com o Sonho Americano, em:
e também, para mostrar que é possível se reinventar outra e outra vez – criar <http://www.youtube.com/user/Marinaandthediamonds> Acesso: 16 nov. 2012.
outras identidades; o disco é definitivamente desenvolvido por meio de MALHADAS, Daisi. Tragédia Grega: O mito em cena. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
identidades. SMITH, Chris. 101 albums that changed popular music. 1. ed. New York: Oxford University
Quando as cortinas se fecham e as luzes se apagam, não mais existe platéia Press, 2009.
nem aplauso e sim quem cada um é verdadeiramente. Esta referência é feita HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: Dp&a,
para o palco da vida. Especificamente aqui, neste último momento do disco, 2005. 102 p.
Marina abandona Electra Heart, seu personagem e passa – ou volta – a ser JUNG, Carl Gustav. O conceito de inconsciente coletivo: Definição. In: JUNG, Carl Gustav. Os
apenas Marina. arquétipos e o inconsciente coletivo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Cap. 2, p. 53.