2. P.02 P.03NO HUB
/ INSIDE THE
HUB
.
NO HUB
/ INSIDE THE
HUB
.
Se considerarmos que a com-
petição Norte-Sul faz parte da
natureza portuguesa, podemos
começar por dizer que se a capital
já contou com dois Tasters da Red
Bull Music Academy, nos últimos
dois anos, o Porto orgulha-se de
apresentar o primeiro Red Bull
Music Academy Hub do mundo!
Separatismos parvos à parte, o
que realmente interessa é que,
de 8 a 12 de Fevereiro de 2011, a
Red Bull Music Academy volta ao
nosso país para uma visita que
deixa sempre marcas positivas na
comunidade musical nacional.
A Red Bull Music Academy é
a plataforma ideal para todos
os que estão constantemente a
reinventar o futuro da música:
um workshop nómada que viaja
pelo mundo desde 1998. Este
espírito de liberdade associado a
gente sedenta de criar, dialogar,
aprender, tem ligado diferentes
áreas e diferentes artistas. Figuras
como Derrick May, Skream,
Steve Reich, Prins Thomas, Roska,
?uestlove ou Mark Ronson de
estilos tão diversificados como
house, dubstep, jazz ou hip-hop,
juntaram-se a artistas de todo o
mundo e a promessas locais de
cidades que receberam a Red Bull
Music Academy, como São Paulo,
Berlim, Nova Iorque, Cidade do
Cabo, Melbourne, Roma, entre
outras.
Depois, há aquilo a que chama-
mos Tasters. A palavra em si, diz
tudo, curtos showcases – reflectin-
do o trabalho contínuo que a Red
Bull Music Academy tem vindo a
desenvolver – para adoçar a boca.
Afortunadamente, Portugal já
recebeu dois em 2008 e 2009.
No Red Bull Music Academy
Porto Hub, 80 participantes
nacionais – músicos, DJs, song-
-writers, compositores e outros
activistas musicais, previamente
seleccionados por elementos da
Academia – vão conversar numa
atmosfera desinibida com algu-
mas das figuras mais importantes
do panorama musical mundial.
Alguns deles pela primeira vez
em Portugal. Os nomes que
integram as lectures são: Dâm-
Funk, Appleblim, A Guy Called
Gerald, Om’Mas Keith, Tozé Brito
e Eurico Cebolo. Em suma, é uma
reunião de companheiros que
fazem a mesma viagem, mas por
rotas diferentes. Uma troca de
experiências incansável.
O Porto Hub da academy funciona
em dois turnos: durante o dia
há showcases, oficinas e sessões
práticas de estúdio; à noite, a
música espalha-se pela cidade,
com live-acts, DJ-sets e concertos.
No programa há também show-
-cases de Reactable, um instru-
mento musical electrónico
interactivo; a Residencial M,
um edifício devoluto da cidade
reanimado por um colectivo de
artistas; o projecto Hit + Run, em
que são impressas ao vivo t-shirts
com trabalhos de ilustradores
portuenses através de serigrafia;
intervenções de artistas nos es-
paços do Porto Hub; uma colabo-
ração com a Dama Aflita,
a galeria da cidade que se destaca
em desenho e ilustração; e ainda
a Oblá FM da rbmaradio.com,
transmitida das 14h às 22h,
em 102.1 FM, que preenche uma
lacuna na paisagem radiofónica
no Porto, pelo menos durante seis
dias.
O Red Bull Music Academy Porto
Hub é o eixo musical e artístico da
cidade.
If we consider that North-South
rivalry is part of Portuguese na-
ture, we can start by pointing out
that, although Lisbon has already
seen two Red Bull Music Academy
Tasters in the last two years,
Oporto will be the city hosting the
first Red Bull Music Academy Hub
of all time!
Childish rivalries aside, what re-
ally matters is that from the 8th to
the 12th of February 2011, the Red
Bull Music Academy will be back
in our country for another visit
that will certainly leave its trace in
the Portuguese music scene.
RBMA is the ideal platform for all
of those who repeatedly reinvent
the future of music: a nomad
workshop that has been travelling
the world ever since 1998. This
free spirit connects people willing
to create, to learn and to dialogue
and has joined different fields and
different artists. Names such as
Derrick May, Skream, Steve Reich,
Prins Thomas, Roska, ?uestlove or
Mark Ronson from such diverse
styles like house, dub step, jazz
or hip-hop, have
joined forces with
artists from all
over the world
and emerging
artists from the
cities that have
already hosted the
Red Bull Music
Academy, as São
Paulo, Berlin, New
York, Cape City,
Melbourne, Rome,
etc.
Then, there’s what
we call Tasters.
The name is pretty
self-explanatory:
these are short
showcases reflecting what the Red
Bull Music Academy has done
so far, just to open our appetite.
Portugal has already seen two of
these, in 2008 and 2009.
Eighty national participants —
musicians, DJs, song writers, com-
posers and other music activists
previously selected by elements
from the academy — will be able
to talk with some of the most
important people in the music
panorama, some of them will
be in Portugal for the first time.
The lectures will rely on the pre-
sence of names like Dâm-Funk,
Appleblim, A Guy Called Gerald,
Om’Mas Keith, Tozé Brito and
Eurico Cebolo This will happen
amidst the friendly and invi-ting
atmosphere of the Red Bull Music
Academy Oporto Hub. In a nut-
shell, it will be a meeting of
old friends who have completed
the same journey, but walked
different paths.
Oporto’s Hub will work in two
shifts: during the day there will be
showcases, workshops and studio
sessions; during the night, the
music will spread through the city
in live-acts, DJ-sets and concerts.
The programming also includes
a Reactable (an interactive music
instrument) performance show-
-case; Residencial M, and old
city building brought back to life
by an artist collective; the Hit +
Run project, where shirts will
be screen-printed by illustrators
from Oporto; artist interventions
in Oporto’s Hub in a partnership
with Dama Aflita, a prominent
gallery when it comes to painting
and illustration. Rbmaradio’s Oblá
FM will also be broadcasting live
at 102.1FM from 2pm to 10pm,
filling, for at least six days, the
huge blank in Oporto’s radio-
phonic landscape.
Red Bull Music Academy Porto
Hub is the core of the city, where
the music meets art.
A Red Bull Music
Academy é a plataforma
ideal para todos os que
estão constantemente
a reinventar o futuro da
música: um workshop
nómada que viaja pelo
mundo desde 1998.
TEXTO / TEXT
Sara Costa
Conceito/Concept
Red Bull Music Academy
Editor/Editor
Nuno Miranda
(Vice Portugal)
Sub-Editor/Sub-Editor
Ricardo Santos
Editor Associado/Associate Editor
Nuno Beirão Vieira
(Vice Portugal)
Texto/Text
André Covas, Hugo Alfredo
Gomes, João Moreira, Nuno
Beirão Vieira, Sara Costa
Fotografia/Photography
Ana Pereira, Arquivo Alex
FX, Arquivo Eurico Cebolo,
Arquivo Red Bull Music
Academy, Nuno Miranda
Ilustração/Illustration
Filipe Mesquita
Revisão/Copy Editor
Nuno Miranda
Tradução/Translation
Margarida Soares
(Vice Portugal)
Design/Design
Pacifica
Diz-se que não se consegue fugir ao
passado. Prova disso foi descobrir que
a Rua Cândido dos Reis era, já na segunda
metade do século XIX, o centro da ani-
mação social e nocturna da cidade, graças
ao Club Portuense, que ainda existe nos
dias de hoje. Depois de um longo período
desértico, o cenário alterou-se e o quar-
teirão é hoje o coração da noite do Porto,
com bares e clubes a nascerem como
cogumelos.
Mas nem só da noite e de bares vive este
bairro. Num passeio diurno, podemos en-
contrar abertos a Meloteca ou Biblioteca
Musical, a Lello, das mais bonitas livrarias
do mundo, entre outras carismáticas
lojas da cidade – sobretudo dedicadas ao
comércio de tecidos.
Três antigos armazéns de tecidos da Rua
Cândido dos Reis – nome de um conspira-
dor e figura importante na Implantação
da República – hoje propriedade do Sindi-
cato dos Bancários do Norte, recebem o
Red Bull Music Academy PORTO HUB.
Um dos armazéns está reservado para a
lecture room, exclusiva aos participantes
e convidados; outro está pensado para
hospedar um alucinante estúdio de
produção musical de forma a satisfazer os
pedidos dos mais exigentes; e por último,
um espaço aberto ao público com lounge,
estúdio de rádio e galeria de arte.
Some people say it’s impossible to run
from our past. To further prove this
theory, we’ve learned that Rua Cândido
dos Reis used to be Oporto’s nightlife
and social activities centre, back in the
second half of the 19th century, thanks
to the Club Portuense, which still exists
nowadays. After a long deserted period
the scene has changed and the block is
nowadays the heart of Oporto’s night
life, with bars and clubs sprouting like
mushrooms.
But there’s more to this neighbourhood
than bars and discos. During daytime we
can visit the Meloteca (the music library),
Lello library (one of the most beautiful li-
braries in the word) and many other cha-
rismatic stores, especially fabric stores.
Red Bull Music Academy Porto Hub will
be set in three old fabric warehouses in
Rua Cândido dos Reis — a conspirer and
important figure of the coup d’etat that
established the Portuguese First Republic
in 1910 — today property of the Sindicato
dos Bancários do Norte. One of the ware-
houses will host the lecture room, open
only to participants and guests; a second
warehouse was conceived to house a
spectacular music studio that will fulfil
every musician’s needs, while the last
warehouse will be open to be public as a
lounge area, radio studio and art gallery.
O QUARTEIRÃO
POR / BY
Sara Costa
O 1º NO MUNDO
THE BLOCK
THE FIRST EVER
FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY
Ana Pereira
3. E U R I C O
C E B O L O
Música com odor a família
Music that smells like family
POR / BY FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY
Nuno Beirão Vieira Nuno Miranda
N
a primeira vez que ouvi falar de Eurico
A. Cebolo estive mais atento a detalhes
da sua história do que propriamente ao
nome: entrei na sua loja com uns ami-
gos músicos, que comentaram sobre o
facto de o dono do estabelecimento escrever livros de
música e romances pornográficos. Rimos um pouco
sobre o assunto, mas nunca mais me lembrei do caso.
Só anos mais tarde, quando decidi aprender a tocar
guitarra, reconheci o seu nome num livro que me
indicaram, A Guitarra Mágica. Os comentários acerca
deste livro e de dezenas de outros que escreveu eram
de que se tratava de um clássico. Tudo que encontrei
no livro – capa, canções, fotografia do compositor
remonta aos anos 70. Tudo lembra as típicas casas
portuguesas de classe média repletas de napperons e
louça inglesa. Mas a razão para se ter tornado um best
seller e ser, ainda, um sucesso, é obviamente outra,
o autor dispõe-se, como o próprio afirmou, “a tornar
tudo simples, às vezes demais” – como se nos
estivesse a mimar, a separar-nos as espinhas no prato.
Há detalhes no livro que trazem reminiscências da
escola primária: rosas desenhadas um pouco por
todo o lado, dedicatórias de amor à música, aos
músicos e versos destacados como “Eu plantei rosas
para vós colherdes. Colhei-as e eu me sentirei feliz”.
Um curioso contraste com o autor de livros eróticos
com deliciosos detalhes pornográficos (um exemplo:
“desabotoou a carcela, tirou o pénis e meteu-lhe na
vagina depois de lhe levantar a cauda”).
Consequentemente, a primeira imagem sobre Eurico
Cebolo que me veio à cabeça, e que justificaria a
estranha relação entre estes dois mundos, foi a de
um ex-músico, provavelmente de uma banda rock
falhada dos anos 60, com um historial de “sex, drugs
and rock’n’roll”, reconvertido agora num orientador
espiritual de artistas aprendizes.
The first time I heard someone talking about Eurico A.
Cebolo, I paid more attention to the details of his story
than to his name. I was visiting his music store with
some friends of mine who are musicians and they
commented on the fact that the owner of the place
wrote music books and erotic novels. We laughed
about it, but I never gave it much thought.
Some years later, when I decided to learn how to
play the guitar, I recognised his name from a book
someone had recommended me, The Magic Guitar.
The many books that he wrote are critically acclaimed
classics. Everything in that book, from the cover, to the
songs and to the author’s mug shot, dates back to the
70s. Everything reminds me of the typical middle class
Portuguese homes, filled with doilies and English
porcelain. This book became a best seller and is still
widely used nowadays because, as the author says, “I
make things easy, sometimes too easy”. Sometimes it
even seem like he’s spoiling us, chewing the food for
us.
Some of the book’s details take us back to school
time: roses drawn pretty much everywhere, love notes
dedicated to music and musicians, little poems like,
“I have planted roses for you. Pick them and I shall
feel happy.” A curious contrast, as this is the same
author who writes erotic books filled with deliciously
perverted details (e.g.: “he unbuttoned his zipper, got
his penis out and stuck it in her vagina, after lifting her
tail”).
Due to this, the first image of Eurico Cebolo that
came to my mind, one that would justify the relation
between these two worlds, was that of an ex-musician
of a failed rock band of the sixties with a history of
sex, drugs and rock and roll, now reconverted into a
spiritual leader of artists.
Um homem sereno
A calm man
Decidi marcar uma entrevista para perceber quem
era este personagem e dirigi-me à sua loja, numa
movimentada rua do Porto. Apesar de ser uma das
maiores discotecas da cidade, não é a típica megastore
que nos faz, olhando para o lustro dos instrumentos,
desejar ser músicos. Esta é claramente uma loja por-
tuguesa, com longo e agonizante corredor, com uma
luz tépida, típica das casas de ferragens e com uma
amontoada organização de instrumentos e material,
que termina quando começa a casa de Cebolo, lá trás,
numa cozinha.
Fui olhando na cara dos funcionários, à procura de
um senhor de idade – a única referência física que
tinha obtido sobre Eurico Cebolo. Descobrimo-nos
num mesmo olhar ao fundo do balcão, e pouco depois
tínhamos tudo acertado para umas futuras conversas.
A primeira visita acabou por ser um aperitivo. Com
tanta informação que vinha das suas histórias pes-
soais, percebi que iríamos ter mais encontros para
poder, à vontade, dissecar a sua vida. E foi o que acon-
teceu. Dias depois voltei. Toquei à campainha. Lá de
dentro, demorando uns longos segundos até chegar à
porta veio, mancando, o homem de idade, alto, magro,
acompanhado por um pastor alemão – também ele é
já velho e manco.
A imagem inicial que tinha construído sobre Cebolo
foi logo à partida posta de parte na primeira entrevis-
ta. Ele não é um homem do rock’n’roll ou de qualquer
outro género musical. Aliás, a música é uma parcela
daquilo que impressiona, quando se o conhece.
Sobressai uma humanidade e uma simplicidade que
nos põem em sentido: se o tom de voz não bastasse,
tudo o que diz relaciona-se sempre com um bem-
estar, que o seu corpo, com as óbvias dificuldades de
locomoção, parece contradizer.
Quis perceber esta possível serenidade e, antes sequer
de terminar a minha frase, enquanto nos sentávamos,
foi-me adiantando: “todos temos coisas boas e más,
mas se temos mais do bom somos bons. Sempre vi a
vida assim.”
I scheduled an interview so I could figure out who was
this man and headed to his store, located on a busy
street in Oporto. Although it’s one of the biggest music
stores in the city, it’s not the typical megastore that
makes you want to become a musician just by looking
at the polished instruments. This is clearly a Portu-
guese store, with a long and agonizing central aisle,
dim lights, piles of instruments and material that only
end where Cebolo’s house begins: in the back, with a
kitchen.
I scrutinized the employees, trying to find and old
man — the only physical reference I had about Eurico
Cebolo. I found him behind a counter and soon later
we had schedule a meeting.
This first visit ended up being just an appetizer. With
all the info I gathered from his personal stories,
I realized that we would have to meet a few more
times if I really wanted to dissect his life. And that’s
what happened. I came back some days later. I rang
the bell. After some long seconds, the tall, slim old
man came to the door, limping, followed by a German
Shepard, also old and limping.
The idea I had of him was immediately put aside
during the first half of the interview. He’s not a rocker.
He doesn’t fit into any specific music style. In fact,
once you get to know him, music is just a tiny portion
of his impressive persona. He exhales an impressive
humanity and simplicity. As if his serene voice tone
wasn’t enough, everything he says carries a feeling
of wellbeing, as much as his tired old body tries to
contradict him.
I wanted to understand why this serenity, but, before
I even finished my sentence, as we sat down, he told
me: “we all have good and bad aspects, but if we are
mostly good, then we are good people. That’s how I’ve
always seen life.”
P.05
UMA VOZ
DO HUB
/ A VOICE
FROM THE
HUB
.
4. P.06 P.07
UMA VOZ
DO HUB
/ A VOICE
FROM THE
HUB
.
UMA VOZ
DO HUB
/ A VOICE
FROM THE
HUB
.
Entre Vampiros e alternadeiras
Among Vampires and harlots
Basta falar uns breves segundos com Eurico Cebolo
para estabelecer uma conexão com o que se sente
quando se lêem alguns dos seus poemas, letras ou
composições musicais, sobretudo dedicados à sua
mãe: fica-se com a impressão que este homem de 72
anos brinca ainda no seu jardim infantil, às vezes de
uma forma inocente, criando à sombra de um amor
que ele crê incondicional. “O meu pai era bastante
mau e batia-nos, mas não tinha culpa de ser assim,
era bêbado. Teve as suas razões para isso. Mas a
minha mãe deu-me todo o amor do mundo, por isso
sou rico. Temos que ver é o lado bom da vida, ser
optimistas.”
Mas há uma linha que divide a meio a sua vida e que
transforma e explica o seu optimismo num acto de
sobrevivência sub-
lime: um acidente de
viação aos 18 anos, que
paralisou parte do seu
corpo, impossibilitou-o
de tocar para o resto
da vida. Ironicamente,
coincidiu com um
regresso a Portugal para
pagar uma promessa
por um diagnóstico
de doença degenera-
tiva que tinha sido um
engano, quando vivia já
em Moçambique.
O nosso país tinha
sido importante na sua
carreira como músico,
pelas influências que
sofreu do pai. “Ele teve
pequenas casas de fado no Porto – até eram mais
tascas. E foi aí que contactei com a música. Apesar de
o meu pai não tocar muito bem, conseguia animar
aquilo. Cheguei a cantar fado umas vezes ainda ga-
roto, e inspiro-me muitas vezes nos sentimentos que
o fado desperta”, conta.
Também a música clássica esteve presente. “Púnha-
mos um vinil na grafonola e passávamos, eu e um
amigo, horas a rir com aquelas vozes finas da ópera
de Bizet, Carmen. Aquilo ficou-me entranhado”,
recorda. Mas foi somente em Moçambique – para
onde emigrou muito cedo – que se afirmou como
músico, autodidacta: “Comprei o primeiro acordeão,
o meu instrumento favorito, e tive quatro aulas de
música. Depois quis aprender por mim. Passados
três meses, já tocava tão bem… tocava 13 horas por
dia de música clássica.”
Cebolo refere-se a estes momentos como façanhas, e
parece-me lógico que se alimenta das suas memórias
para continuar a produzir: há um processo de eterno
retorno à condição de músico como uma forma de
resistência.
Um passo definitivo da sua carreira foi a banda que
formou com mais dois membros, “Os Vampiros”,
e que animavam as boates mais famosas de Louren-
ço Marques: o Pinguim, o Luso, o Aquário e a Cave.
E este é um elemento importante da sua história:
além da independência financeira, parece haver
uma nova recompensa que a música lhe traz, as
alternadeiras. Por detrás de toda a fragilidade física
e postura romântica, há uma versão mais hardcore
de Cebolo (exposta em romances como A Prostituta
Virgem, Casei com a Minha Irmã ou o famoso Falo
Perdido), que é explicada por esta relação com as
senhoras que conhece nas boates, a quem chama de
“grandes mulheres”.
Apaixonavam-se por ele “como um filho, porque
elas não necessitavam de um marido.” E viam-no
como um confidente, por isso ficavam muitas vezes
a dormir em sua casa onde “desabafavam, pela
confiança” que tinham nele. Esta acabou por ser uma
resposta antecipada às minhas frequentes dúvidas
sobre pormenorizados detalhes que encontrei nos
romances e que denunciavam um facto interessante:
mesmo os actos mais perversos que ali se encontram
vestem sempre de cor-de-rosa, de uma aparente e
perturbante inocência, como se essa fosse a forma
de absolvição que encontrava para oferecer às suas
companheiras de vida.
After exchanging a few words with Eurico Cebolo you
understand the feeling you get after reading some
of his poems, lyrics or music compositions, especially
the ones he dedicated to his mother. You get the
impression that this 72-year-old still plays innocently
in his own childhood playground, creating in the
shadow what he believes to be unconditional love.
“My father was mean and he used to beat me up.
But it was not his fault. He was a drunk. He had his
reasons for it. My mother gave me all the love in the
world, that’s why I am rich.
We always have to look at
the bright side of life. We
need to be optimistic.”
But there’s a line that
divides his life in half and
explains his optimism as a
sublime survival
attitude — when he was 18,
he suffered a car accident
that paralysed half of his
body and made him unable
to play music for the rest
of his life. Ironically, this
accident coincided with his
return from Mozambique,
where he was immigrated,
to Portugal. He had come
to honour a promise that
was made when he was
younger and the doctors suspected he had a dege-
nerative disease.
Our country was very important in the choice of
music as a career due to the influences he inherited
from his father. “He used to own small fado houses in
Oporto. Actually, they were more like taverns.
That was my first contact with music. My father
wasn’t a really good player, but he knew how to cheer
up the place. I even sang fado a few times as a kid,
and my music still draws much from the feelings that
fado wakens in me”, says.
Classical music was also a constant in his childhood.
“We’d play a vinyl in an old gramophone, me and
a friend of mine, and we’d spend hours laughing at
the funny voices of Bizet’s opera, Carmen. That stuck
with me”, he recalls. But it was only when he immi-
grated to Mozambique that he became an autodidact
musician: “I bought my first accordion, my favourite
instrument, and I had four lessons. Then I started
learning by myself. After three months I was playing
really well... I played 13 hours of classical music per
day.”
Cebolo talks fondly of these “achievements” as he
calls them. I find it logical that he feeds on his own
memories in order to keep creating: there is an
eternal process of going back to his music as
a way of survival.
The band “The Vampires”, that he created with two
friends, was a big step for his career. They played
in the most famous nightclubs of Lourenço Marques,
like Pinguim, Luso, Aquário and Cave. The band had
a very strong impact in his life. Besides granting him
financial independence, it also granted him
a new reward: the harlots. Behind his fragile build
and his romantic posture, Cebolo hides a darker side
of himself that he transposes into his erotic novels,
such as The Virgin Prostitute, I Married My Sister or
the well-known Lost Phallus. The relation he had
with the ladies he met at brothels, whom he calls
“great women”, might be a way of explaining this
second version of him.
They would love him “like a son, because these
women don’t need husbands.” They saw him as
someone they could confide in. Often, they would
sleep at his place and tell him about their problems.
They felt they could trust him. This ended up being
the answer to the many doubts I had concerning de-
tails in his novels that pointed out to something quite
peculiar: even the most perverted actions are always
concealed in a superficial and shocking innocence,
as if this was the absolution he could offer to these
women.
“Qualquer um aprende”
“Anyone can learn”
Estes romances hardcore, num total de dez, não
estão à venda. Só se podem obter como oferta na
compra de um instrumento, uma estratégia de
sucesso que o ajudou a dar-se a conhecer. Mas não
são eles que fazem de Eurico Cebolo uma figura
ímpar do panorama musical nacional. Foram os
livros mágicos de iniciação musical: 51 manuais
sobre nove instrumentos, traduzidos em Inglês
e Francês, exportados para vários países, que
dissecam todas as possíveis
dificuldades que alguém possa
encontrar na aprendizagem.
“Há que incentivá-los [aos
aprendizes], e se não aprendem
de uma forma, ensina-se doutra.
Qualquer um aprende. Enquanto
professor, nunca tive um aluno
que desistisse”, gaba-se. O ensino
é para este senhor a forma encon-
trada para canalizar a frustração,
que às vezes ainda sente por não
poder tocar: “às vezes dá-me
vontade, quando ouço música,
comovo-me. Lembro-me do que
não consigo fazer, tocar. Mas a
vida é como um rio que vai por
um lugar e depois não pode seguir,
então tem que virar para o outro
lado. Talvez assim tenha sido mais
útil às pessoas. Ensinei e musiquei
muitas outras coisas.”
À medida que a noite avançava,
dei por mim cada vez mais ren-
dido à sua presença. Sentia-o às
vezes como um espelho. A sua
estranha inocência aos 72 anos
pasma. Tentei por variadas manei-
ras furar a sua privacidade, testar
tamanha capacidade de levar
porrada na vida e continuar assim
falando daquele modo, como se
tudo na vida fosse simplesmente
arbitrário e isso fosse razão sufi-
ciente para ser feliz. Acabei num
monólogo e reflectido pela sua
sabedoria.
Tive tempo ainda para ouvir algu-
mas canções, musicadas por
ele e cantadas ali, um mini-
-concerto para mim. Da lista de
mais de mil que já compôs, entre
as quais variadíssimos prémios
de música popular, escolheu três
fados. Defendeu-se em partes das
letras que exigiam mais entoação,
dizendo que há cordas vocais que
já não funcionam. Mas já não era
necessário ouvir qualquer emenda
à sua voz. Da mesma forma que
a sua morna loja esconde a casa
onde vive mais atrás, coberta por
um belo terraço com plantas,
também a sua música é só a
entrada para uma dimensão rara,
um enclave humano dos tempos
modernos.
No fim, à saída do gabinete,
baixou-se e puxou de uma caixa
de ferramentas transparente. Lá dentro maçãs,
lustradas. Lava-as com sabão e põe-nas ali para os
funcionários comerem. Tirou duas e ofereceu-me
uma. Disse-me para sempre as comprar pequenas e
somente nas mercearias. Despedimo-nos sorrindo
e mastigando.
These erotic novels are not for sale. The only way of
acquiring them is by buying an instrument at his
music store: a successful marketing strategy that
has helped him become better known. It weren’t
the novels that made Eurico Cebolo an undisputed
figure of the national music panorama, but rather
his magical music books for beginners. He wrote
51 books covering nine different instruments and
dissecting every imaginable difficulty that a music
student might encounter. These books have been
translated into English and French and sold in
several countries.
“We have to encourage them [the beginners] and if
they don’t learn that way, we’ll teach them another
way. Anyone can learn. While I was teaching, none
of my students ever quit,” he boasts. Teaching is
how he channels the frustration he still sometimes
feels for not being able to play: “sometimes I feel
like playing and I get all emotional when I listen to
music. It reminds me of what I can’t do. I can’t play.
But life is like a river, it keeps going, and if it finds
and obstacle, it changes its course. This way I was
probably more useful. I taught and created music.”
As the night grew darker, I got more and more en-
thralled by his presence. At 72 years old, his strange
innocence is amazing. I tried to break his privacy
through several different ways. I tried to test his ca-
pacity of enduring life’s beatings and still keep talking
like he did, as if everything in life was simply arbitrary
and that was reason enough to be happy. I ended up
in a soliloquy, illuminated by his wisdom.
There was still enough time to listen to some of his
songs in a private mini-concert. He chose three fado
songs from the thousand he wrote, many of which
have won awards. When his voice failed him, he
excused himself, saying that some of his vocal
chords didn’t work anymore. But I didn’t need to
listen to any corrections to his voice. The same way
his music store hides the house he lives in, covered
by a beautiful terrace filled with plants, his voice
is only the gateway to a rare dimension, a human
enclave of the modern age.
When we were leaving his office, he bent down and
pulled a transparent toolbox. Inside was a pile of
shiny apples washed with soap that he kept there for
his employers to eat. He grabbed a couple of them
and gave me one. He told me to always buy the
smaller apples and only in grocery shops. We said
goodbye, smiling and chewing.
“Há que incentivá-los
[aos aprendizes], e se
não aprendem de uma
forma, ensina-se doutra.
Qualquer um aprende.
Enquanto professor,
nunca tive um aluno que
desistisse”
FOTOS DE ARQUIVO GENTILMENTE CEDIDAS POR EURICO CEBOLO
5. OM’MAS
KEITH
P.08 P.09
OUTRAS
VOZES DO
HUB
/ OTHER
VOICES OF
THE HUB
.
OUTRAS
VOZES DO
HUB
/ OTHER
VOICES OF
THE HUB
.
embaixador do boogie
the boogie ambassador
dubstep sem limites
dubstep with no boundaries
o olheiro
the scout
um gajo pioneiro
a pioneer
De seu nome verdadeiro Damon Riddick, mais con-
hecido como o “Embaixador do Boogie Funk” de Los
Angeles, Dâm-Funk (pronuncia-se “Deime Funk”)
tem campanha montada na zona de Culver City, em
Los Angeles. Passou estes últimos anos a cultivar uma
verdadeira renascença musical baseada no boogie,
no modern soul e no electro-funk do início dos anos
80. Como DJ, é um pólo de atracção para os aficiona-
dos destes géneros, que vêm de todos os lados para
assistir às suas festas Funkmosphere. Com a sua
artilharia de sintetizadores e caixas de ritmo vintage,
cria harmonias espaciais que rotula de “modern
funk”. Foi recrutado em 2008 por Chris Manak
(Peanut Butter Wolf) para fazer parte das fileiras
da editora Stones Throw, onde constam ou consta-
ram nomes como Aloe Blacc, Egon, J Dilla, Madlib,
Madvillain e Savath & Savalas. Em 2009, lançou 140
minutos de música coleccionados em cinco LPs (sim,
cinco) aos quais chamou de “Toeachizown”.
Born Damon Riddick, he is better known as LA’s
“Ambassador of Boogie Funk”. Dâm-Funk (pro-
nounced “Dame Funk”) is based on Culver City,
Los Angeles, and has spent these last few years
bringing back the boogie, modern soul and the
electro-funk of the early 80s. As a DJ, he attracts those
who are into these music genres and who come
from all over the place to attend his Funkmosphere
parties. Armed with vintage synthesizers and drum
machines, he creates spatial melodies that he calls
“modern funk”. In 2008, Chris Manak (Peanut Butter
Wolf) invited him to the label Stones Throw, which
includes names like Aloe Blacc, Egon, J Dilla, Madlib,
Madvillain and Savath & Savalas. In 2009, he release
140 minutes of music spread throughout five LPs
(yes, five), which he named “Toeachizown”.
Laurie Osbourne, mais conhecido por Appleblim,
co-fundou em 2005 a Skull Disco com Sam Shack-
leton, na qual editaram uma série de colaborações.
A sua sonoridade passava, sobretudo, por uma
aproximação ao dubstep, explorando sempre os seus
limites. Em 2008, decidiram pôr termo à editora, mas
não às edições. Osbourne criou então, a sua própria
editora, a Apple Pips, com o objectivo de publicar
música electrónica que não se limitasse somente a um
género. A Apple Pips trouxe visibilidade a produtores
como Ramadanman, Komonazmuk, Al Tourettes,
T++, entre outros. Para além da produção, Appleblim
solta as suas linhas de baixo furiosas em várias pistas
de dança, como a do lendário FWD>>, em Londres.
Curiosamente, Osbourne surgiu na música nos inícios
de 1990, como baixista dos The Monsoon Bassoon,
banda indie rock que teve chegou a ter duas músicas
destacadas no New Musical Express como “Singles of
the Week”.
Laurie Osbourne, aka Appleblim, co-founded Skull
Disco in 2005, with Sam Shackleton, and together
they edited a series of collaborations. His sounds
were mainly dubstep, always taking it to the limit.
In 2008, they finished the label, but the editions kept
being issued. Osborne then created his own label,
Apple Pips, to publish electronic music not limited
to a specific genre. This label made visible producers
such as Ramadanman, Komonazmuk, Al Tourettes,
T++ and many others. Besides producing, Appleblim
unleashes his bass furious bass lines on dance floors
like the mythical FWD>> in London. Fun fact:
Osbourne first became know in 1990 as the bassist
of the indie rock band The Monsoon Bassoon and
had two songs featured by New Musical Express as
“Singles of the Week”.
Se não fosse este tipo chamado Gerald Simpson,
dificilmente, a música electrónica britânica seria
aquilo que é hoje. Iniciou-se nas lides musicais com os
The Scratchbeat Masters, a sua crew em Manchester.
Depois ajudou a fundar os 808 State, que acabaria
por deixar, para lançar em nome próprio o clássico
de acid house, “Voodoo Ray”, tocado pela primeira
vez no mítico Hacienda em 1988. Em vez de se
deitar à sombra do sucesso, criou a editora Juice Box
Records. As suas edições são consideradas como
as sementes daquilo que viria a ser o jungle e, mais
tarde, o drum’n’bass. O álbum “Black Secret Technol-
ogy” (1995) foi um dos primeiros álbuns do género.
Mais recentemente, voltou para Berlim para se focar,
novamente, na pista de dança e lançar faixas pela
!K7, Laboratory Instinct e Perlon.
If it wasn’t for this Gerald Simpson guy, British
electronic music would hardly be what it is today.
He gave his first musical steps with The Scratchbeat
Masters, his Manchester crew. Then, he helped
creating the 808 State that he would end up
abandoning in order to release “Voodoo Ray”.
This acid house classic was played for the first time
at the legendary Hacienda, in 1988. After that,
he founded the label Juice Box Records. Their edi-
tions are seen as the seeds of what would become
jungle and, later, drum’n’bass. The album “Black
Secret Technology” (1995) was one of the first of its
genre. Recently, he went to Berlin to once again focus
on the dance floors and release tracks issued by !K7,
Laboratory Instinct and Perlon.
À primeira vista, Om’Mas Keith pode parecer um
novato, conhecido por fazer parte dos Sa-Ra Creative
Partners, que geraram, há uns anos, um grande hype à
sua volta, depois de assinarem pela editora de Kanye
West. Nada disso! Om’Mas já anda nisto há uns bons
anos. Criado no seio da comunidade jazz dos anos 70,
aos três anos de idade, o nova-iorquino já era baterista
e com apenas 15 entrou para a RCA Records como
estagiário. Trabalhou com o falecido Jam-Master Jay
(Run DMC) e com artistas como Lauryn Hill, Kanye,
Dr. Dre, 50 Cent, Erykah Badu, entre outros. Actual-
mente, está a trabalhar no seu álbum a solo para a
editora Plug Research. Para além disso, é um dos
lecturers residentes da Red Bull Music Academy
e procura novos talentos musicais com o intuito de os
ajudar a singrar. Como se tudo isto não bastasse, é juiz
no reality show de P. Diddy para a MTV. Não restam
dúvidas que Om’Mas conhece a arte e o negócio da
música melhor que a palma da sua mão.
At first sight, Om’Mas Keith may seem like a beginner,
but this is not the case. He is known for being in the
Sa-Ra Creative Partners, who were a great hype some
years ago when they signed for Kanye West’s label.
But even before that, he had been dealing with music
for a long time. Born amidst the jazz community of
the 70s, he started playing drums at the age of three.
When he was only 15 he became an intern at RCA
Records. He has worked with the late Jay-Master (Run
DMC) and with artists such as Lauryn Hill, Kanye, Dr.
Dre, 50 Cent, Erykah Badu and many others.
He is currently working on his solo album for the label
Plug Research. Besides this, he’s also one of Red Bull
Music Academy’s resident lecturers and scouts new
music talents. As if it wasn’t enough, he’s a judge in
P. Diddy’s MTV reality show. There are no doubts that
Om’Mas knows music better than the palm of his hands.
António José Correia de Brito, conhecido por todos como
Tozé Brito, nasceu no Porto, em 1951. Desde cedo que o
seu interesse se direccionou para o pop-rock. Ainda jovem,
foi um dos fundadores dos Pop Five Music Incorporated,
grupo para o qual compôs a sua primeira canção. Em 1972,
foi convidado por José Cid para integrar o Quarteto 1111
e, paralelamente, formou com Cid os Green Windows.
Esteve fora durante algum tempo, tendo voltado para
criar os Gemini, editados pela Polygram. Corria o ano de
79, quando iniciou a sua actividade como profissional da
indústria musical, no departamento de A&R da Polygram.
Em 90, ocupou a direcção da BMG Ariola portuguesa, tendo
deixado oito anos mais tarde. Criou uma empresa de A&R
e produção em parceria com a EMI e foi convidado para
presidente da Universal portuguesa. Compôs música para
teatro, televisão e cinema e ouviu as suas canções a serem
interpretadas por gente como as Doce, Adelaide Ferreira,
Vítor Espadinha e Dino Meira. É assessor da administração
da SPA e consultor da administração da RTP.
António José Correia de Brito, aka Tozé Brito, was born in
Oporto, in 1951. He became interested in pop-rock from
a very young age. He was one of the founders of the Pop Five
Music Incorporated, where he composed his first song. In
1972, José Cid invited him to be a part of the Quarteto 1111.
In addition, he founded the band Green Windows also with
José Cid. He lived abroad for a while, coming back in order
to create the band Gemini, edited by Polygram. In 1979 he
began working as music industry professional in Polygram’s
Artists and Repertoire department. In 1990, he became CEO
of the Portuguese BMG Ariola, quitting eight years later.
Then, he created an Artists and Repertoire company with
EMI and was invited to become president of Universal label.
He composed music for theatre, television and cinema and
had his songs interpreted by artists like Doce, Adelaide
Ferreira, Vítor Espadinha and Dino Meira. He currently
works as an administration consultant for both RTP and the
Portuguese Author Society (SPA).
DÂM
—FUNK
APPLEBLIM
A GUY CALLED
GERALD
TOZÉ
BRITO
o homem da indústria
the man of the industry
TEXTO / TEXT
João Moreira
Estará na cidade do Porto para uma lecture
exclusiva a participantes e convidados e actuará
no Plano B, no dia 10 de Fevereiro.
He will be in Oporto for an exclusive lecture
for participants and guests and will perform
at Plano B, on the 10th of February.
Estará na cidade do Porto para uma lecture
exclusiva a participantes e convidados e actuará
no Passos Manuel, no dia 9 de Fevereiro.
He will be in Oporto for an exclusive lecture
for participants and guests and will perform
at Passos Manuel, on the 9th of February.
Estará na cidade do Porto para uma lecture
exclusiva a participantes e convidados.
He will be in Oporto for an exclusive lecture
for participants and guests.
ESTARÁ NA CIDADE DO PORTO PARA UMA
LECTURE EXCLUSIVA A PARTICIPANTES
E CONVIDADOS E ACTUARÁ NO GARE CLUB,
NO DIA 11 DE FEVEREIRO.
HE WILL BE IN OPORTO FOR AN
EXCLUSIVE LECTURE FOR PARTICIPANTS
AND GUESTS AND WILL PERFORM AT GARE
CLUB, ON THE 11TH OF FEBRUARY.
ESTARÁ NA CIDADE DO PORTO PARA UMA LECTURE
EXCLUSIVA A PARTICIPANTES E CONVIDADOS E ACTUARÁ
NO INDÚSTRIA, NO DIA 12 DE FEVEREIRO.
HE WILL BE IN OPORTO FOR AN EXCLUSIVE LECTURE
FOR PARTICIPANTS AND GUESTS AND WILL PERFORM
AT INDÚSTRIA, ON THE 12TH OF FEBRUARY.
ILUSTRAÇÃO / ILLUSTRATION
Filipe Mesquita
6. P.10 P.11
GPS
/ GPS
.
GPS
/ GPS
.
90s dance scene. It was the first to
introduce the concept of guest DJ in
its regular programming.
Radical Foz
Avenida Montevideu
Mário Roque e DJ Jiggy passaram
por lá. Na memória de muitos
persistem os míticos after hours do
Radical Foz. Mário Roque and DJ
Jiggy have played here. Its mythical
after hours are unforgettable.
Rocks
Rua Rei Ramiro, Gaia
A era dourada já lá vai, dirão mui-
tos. Mas o Rocks – casa que ajudou
a criar um movimento clubber no
Grande Porto – ainda existe. Many
might say that the golden era is
long gone, but Rocks, the club that
created the “clubber” movement in
Oporto, is still rocking.
Gare
Rua da Madeira, 182
Junto à Estação de S. Bento, num
edifício quase bicentenário, o Gare
deu uma nova vida a um espaço
que, depois de anos a servir de
armazém, já teve uma discoteca,
um clube de strip, o restaurante
“Traçadinho”. Hoje é uma referência
do circuito clubber. Right beside
S. Bento’s train station, in an
almost bicentennial building, Gare
breathed a new life into a space
that was used as a warehouse, a
disco, a strippers club and a restau-
rant. Nowadays, it’s a cult reference
in the clubber circuit.
Trintaeum
Rua do Passeio Alegre, 564
Quase a fazer 16 anos de vida, o
Trintaeum tem lugar assegurado
na história do clubbing e da música
de dança em Portugal. Gilles
Peterson, Moodyman, Jazzanova e
Carl Craig já lá foram. Heading to
its 16th year of life, Trintaeum is a
definite landmark of the Portuguese
clubbing and music scene. Gilles
Peterson, Moodyman, Jazzanova
and Carl Craig have played here.
Aniki-Bobó
Rua da Fonte Taurina, 36/38
Era um bar, mas também um
local de encontro da comunidade
criativa portuense nos anos 90.
O dono, conhecido como “Becas”,
abriu o Passos Manuel. Used to be a
bar and a meeting spot for Oporto’s
creative people, in the 90s. The
owner, known as “Becas”, has now
opened Passos Manuel.
Armazém do Chá
Rua José Falcão, 180
É um dos sítios obrigatórios para
quem quer ver rock’n’roll a acon-
tecer num palco, mas neste antigo
armazém de chá há espaço para
outros sons, do drum’n’bass ao reg-
gae. It’s one of those places you can’t
avoid if you like to watch rock’n’roll
happening on a stage, but this old
tea warehouse has enough space
to embrace other sounds such as
drum’n’bass or reggae.
Musicarte
Rua da Boavista, 80
Guitarras, bombos, órgãos,
cavaquinhos, violinos. Há tudo isto
e muito mais à venda numa das
maiores lojas de instrumentos do
norte. Guitars, drums, keyboards,
“cavaquinhos” and violins. All of
this and much more for sale in one
of the biggest music stores in the
north of Portugal.
Conservatório de Música do
Porto
Praça Pedro Nunes
Lisboa viu nascer o Conservatório
Nacional em 1835, o Porto teria
que esperar quase um século para
ter o seu. While Lisbon had the Na-
tional Music Conservatory in 1835,
Oporto still had to wait almost a
century to have its own.
Biblioteca Municipal Musical
Rua Cândido dos Reis, 115
Schuman, Mozart e Beethoven,
mas também Metallica e U2. Esta
biblioteca vende livros e instrumen-
tos musicais. Schuman, Mozart and
Beethoven mixed with Metallica
and U2. This library sells not only
books but also music instruments.
Swing
Rua Júlio Dinis, 766
As míticas quartas-feiras à noite.
Where the mythical Wednesday
evenings happened.
C.C. Parque Itália
Rua Júlio Dinis, 764-724
A Bimotor e a Dance Planet, duas
reputadas lojas de material para
DJ, ficam neste centro comercial,
a poucos passos da Rotunda da
Boavista. In this shopping centre
you’ll find two renowned DJ mate-
rial stores, Bimotor and Dance
Planet.
Casa Viva
Praça do Marquês, 167
É uma casa ocupada, mas com a
autorização do dono. É o sítio ideal
para ouvir uma banda punk gritar
contra o sistema. The owner of this
building allowed it to be a squat
house. It’s the perfect place to listen
to a punk band scream against the
system.
Rendezvous
Rua de Cândido dos Reis, 27
Fica num bonito edifício Arte Nova.
Rock e electrónica e uma cave
exígua são condimentos de festa
garantida. Located in the basement
of beautiful Art-Noveau building
where rock and electro are the
perfect ingredients for a guaranteed
party.
Tendinha dos Clérigos
Rua Conde de Vizela, 80
Local clássico para terminar noites
(ou iniciar dias) ao som de glórias
dos anos 80, dos Cure aos Dead
Kennedys. A poucos passos do Hub.
The classic spot to end your night
(or begin your morning) listening to
old glories of the 80s, like the Cure
or the Dead Kennedys. Just a few
steps away from the Hub.
Labirintho
Rua Nossa Senhora de Fátima, 334
Livraria, galeria de arte, café e bar,
o Labirintho funciona das 16h às
04h. Jazz, poesia e petiscos são mo-
tivos de sobra para uma visita.
A bookshop, an art gallery, a café
and a bar, Labirintho is open from
4pm to 4am. Jazz, poetry and deli-
cious snacks are enough reasons to
pay it a visit.
Breyner 85
Rua do Breyner, 85
É um bar, mas também uma
academia de música e dança.
Tem também salas de ensaio, um
estúdio de gravação e um espaço
de exposições. It’s a bar, a music
academy and a dance school.
It also has rehearsing rooms, a
recording studio and a room for art
exhibitions.
Batô
Largo do Castelo, 13, Leça da
Palmeira
É um clássico, o local indicado
para quem quer passar uma noite
a ouvir rock alternativo - desta e
de outras eras. A classic, the perfect
place to spend the night listening
to alternative rock from this and
other ages.
Teatro Sá da Bandeira
Rua Sá da Bandeira, 108
Já lá passaram vultos como
Amália, Vasco Santana, Beatriz
Costa e Raul Solnado, mas já
perdeu o fulgor artístico de outros
tempos. Não raras vezes o teatro
vira uma grande pista de dança,
com noites de drum’n’bass e outros
géneros. Names like Amália, Vasco
Santana, Beatriz Costa and Raul
Solnado have performed on this
stage, but it has lost the artistic glow
of the older days. Often the theatre
becomes a huge dance floor where
drum’n’bass and other styles can
be heard.
Coliseu do Porto
Rua Passos Manuel, 137
Música, bailado, teatro, ópera,
circo, cinema. Cabe tudo no Coliseu
do Porto, a maior e mais nobre sala
de espectáculos do Porto. Concerts,
ballet, theatre, circus, opera, cin-
ema. It all fits in Coliseu do Porto,
the largest and most prestigious
venue in the city.
01 04
05
07
08
09
12
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
13
14
10
11
06
02
03
Plano B
Rua Cândido dos Reis, 30
Um bar-discoteca-espaço de
exposições capaz de numa noite ter
kuduro e hardcore? Não há muitas
como esta. Já passou por lá gente
como The Field, Fuck Buttons e
Felix Kubin. A bar/disco/exhibition
room that can play both kuduro
and hardcore in the same night?
There aren’t many places like this.
It has hosted names like The Field,
Fuck Buttons and Felix Kubin.
Indústria
Avenida do Brasil, 843
Teve direito a uma segunda vida este
ano. Aberta desde 1987, foi uma dis-
coteca sem paralelo, capaz de receber o
Coro do Círculo Portuense de Ópera, Fe-
lix The Housecat e peças de teatro. This
disco earned its right to a second
chance. Open since 1987, there was
no other like it, and it hosted such
different spectacles like Oporto’s
Opera Choir, Felix The Housecat
and many different theatre plays.
Comix
Rua de Cedofeita, 514
“Fónix já não é fixe fazer rimas com
o Comix”, rappam os Mind da Gap
em “Não pára”. No Comix havia
noites de hip-hop, está claro, mas
também de metal e outros géneros.
This bar, famous because of its
hip-hop and metal nights, was even
featured in one of Mind da Gap’s
songs, “Não pára.”
Hard Club
Praça do Infante D. Henrique
O Mercado Ferreira Borges já foi o
Mercado Abastecedor de Frutas do
Porto e casa habitual de feiras do
livro. Hoje acolhe o Hard Club, sala
de espectáculos com programação
ecléctica que esteve nove anos em
Gaia. The Ferreira Borges Market
used to be the Fruit Market and
held plenty of book fairs. Nowa-
days, it’s the location of Hard Club,
the eclectic showroom previously
situated in Gaia.
Porto Rio
Barco Gandufe, Rua do Ouro
São memoráveis as noites de
drum’n’bass do Porto Rio, mas
também por lá passaram nomes
grandes do rock mais primitivo.
Atractivo extra: fica num barco
e é normal sentir-se o balanço
do Douro debaixo dos pés. The
drum’n’bass nights in Porto Rio are
unforgettable. Some of the greatest
primitive rock names also played
here. Bonus: it’s an actual boat
and you can feel the river Douro
smoothly running under your feet.
Pitch
Rua Passos Manuel, 34-38
Vários DJs de todo o mundo dizem
maravilhas do som do Pitch, que
previu antes de muitos que a baixa
ia ser o coração do Porto noctívago.
Já passaram por lá M.A.N.D.Y.,
Phonique e Kid Loco, entre outros.
Several DJs from all over the world
have said wonders about Pitch’s
sound system quality. Besides, it
was the first club to foresee that
the downtown area would become
the heart of Oporto’s nightlife.
M.A.N.D.Y, Phonique and Kid Loco
have played here.
Maus Hábitos
Rua Passos Manuel, 178
Galeria, sala de concertos, restau-
rante vegetariano, o Maus Hábitos
é um bocadinho de tudo. Desde
2001, ocupa o quarto andar de um
velho prédio da baixa do Porto,
o que faz dele um veterano do
fervilhar da baixa. Gallery, concert
venue, vegetarian restaurant...
Maus Hábitos is a bit of everything.
Open since 2001, this veteran is
located in the fourth flour of an old
building in downtown Porto.
Passos Manuel
Rua Passos Manuel, 137
A sala de cinema, aberta em 1973,
ainda recebe, de vez em quando,
filmes, mas o Passos Manuel que
reabriu em 2004 é diferente da
encarnação anterior. É um clube,
tem uma sala de espectáculos e…
ainda exibe filmes. Não se pode
pedir muito mais. The cinema room
that opened in 1973 still plays some
movies every once in a while, but
the Passos Manuel that reopened
in 2004 is much different from its
previous incarnation. It’s a bar,
a concert venue... and a cinema.
Could you possibly wish for more?
Zona6
Rua do Almada, 448
Vende discos, equipamentos áudio
e acessórios para DJs, mas a Zona6
é, sobretudo, conhecida pelo seu
serviço de gravação de vinis à
unidade. Ideal para produtores,
DJs, músicos e amantes do formato
analógico. A place where you can
buy records, audio equipment
and DJ paraphernalia. It’s mostly
known for recording single vinyl
records. Perfect for producers, DJs,
musicians and those who love the
analogic formats.
Feira da Vandoma
Alameda das Fontainhas
Aos sábados, muitos melómanos
rumam à Alameda das Fontainhas
à procura de pechinchas em vinil.
É preciso paciência, mas o digging
compensa. Every Saturday, many
music enthusiasts head down to
Alameda das Fontainhas in search
of vinyl bargains. It takes some
patience, but in the end it’s well
worth it.
Café Au Lait
Rua Galeria de Paris, 46
É pequeno, pequenino, mas isso só
ajuda a aumentar a temperatura
das suas noites. Muitos dos novos
DJs do Porto passam por lá, mas
também referências da cidade.
It’s a tiny small space, but that only
adds up to the heat of its famous
nights. Many of Oporto’s newest DJs
stop here, as well as other references
in the city’s night scene.
Zoom
Beco de Passos Manuel, 40
É a maior discoteca GLS do
Porto, com música que vai da pop à
house. Oporto’s biggest GLBT disco,
plays a variety of sounds ranging
from pop to house.
Centro Comercial Stop
Rua do Heroísmo, 333
Um centro comercial decrépito
deu lugar a um caso de estudo, um
viveiro de dezenas de bandas de
todos os géneros (as lojas são hoje
salas de ensaios). Um movimento
nascido fora dos gabinetes dos
políticos. A ramshackle shopping
centre that became a study case: a
nursery to dozens of bands compris-
ing all music styles, where old stores
have become rehearsing rooms.
O Meu Mercedes É Maior
Que o Teu
Rua da Lada, 30
A Ribeira perdeu o frenesim de
outros tempos, mas o Mercedes
resiste – e pode agradecer à sua
fiel comunidade de clientes. É
um dos locais fundamentais da
comunidade indie do Porto. The
riverside area (Ribeira) is no longer
as crowded as it used to be, but
Mercedes still lingers on, thanks
to its faithful clients. It’s one of the
most important venues for the indie
community in Oporto.
ESMAE
Rua da Alegria, 503
A Escola Superior de Música e das
Artes do Espectáculo tem cerca de
500 alunos e já formou mais de
meio milhar de diplomados.
The Superior School of Performing
Arts has around 500 new students
every year.
Penha Porto
C.C. Dallas, Avenida da Boavista
Como outros da sua era, ficou con-
hecido pelas matinées de domingo.
Like many others of its age, it
was well known for its Sunday
matinées.
Lá Lá Lá
C.C. Dallas, Avenida da Boavista
Punks, rockabillies, metaleiros e
góticos, tudo rumava ao defunto Lá
Lá Lá para ouvir delícias como os
Cramps. Punks, rockabillies, metal-
heads, gothics, they all used to head
to the now extinct Lá Lá Lá to hear
delightful sounds like the Cramps.
Cais 447
Zona Industrial de Matosinhos
Foi rei da cena de música de
dança nos anos 90. Introduziu o
conceito de DJ convidado na sua
programação regular. King of the
01
03
02
04
15
05
06
07
08
09
11
31
27
24
12
10
13
14
16
17
18
19
20
21
22
23
2526
28
29
30
32
33
34
35
36
37
28
29
30
31
32 35
36
37
33
34
7. P.12 P.13
CONSPIRANDO
/ CONSPIRING
.
CONSPIRANDO
/ CONSPIRING
.
“Os problemas que existem
nunca passam por roubos, nem
desentendimentos entre as bandas.
Há solidariedade entre todos os
músicos dentro desta casa – até
porque para nós esta é que é a
Casa da Música”
RODÍZIO DE MÚSICA
PORTUGUESA
PORTUGUESE MUSIC MASH-UP
A VER SE O BICHO
MORDE
WAITING FOR THE KUDURO FEVER
N
inguém consegue explicar exactamente
quando e como se deu o momento
de viragem na vida do centro comercial
Stop. Terá sido “algures nos anos 90 que
colapsou, com a abertura de outros mais modernos”,
arrisca Guilherme Martins, um dos muitos músicos
que transformaram as antigas lojas do centro com-
ercial da Rua do Heroísmo, no Porto, no seu recanto
criativo. “O primeiro centro comercial a ter escadas
rolantes” tornou-se num espaço obsoleto.”
As lojas deram lugar a salas de ensaio, excepto três
ou quatro, que funcionam como espécie de museu
vivo. As multicores da fachada principal do Stop são a
metáfora perfeita para a diversidade musical que hab-
ita no seu interior. Não é raro numa única travessia
escutarmos os volumes do death-metal, a casa dos 50
a tocar baile, blues marotos, bossa-pop de casamento
e outros estilos profundamente insemináveis. O Centro
Comercial Stop, só por si, é todo um outro estilo.
“Os problemas que existem nunca passam por roubos,
nem desentendimentos entre as bandas. Há solidar-
iedade entre todos os músicos dentro desta casa – até
porque para nós esta é que é a Casa da Música”, diz
Miguel Pardal, dos Red Green and Blues. Não sai da
cabeça de Miguel e de outros inquilinos do Stop a
recente exibição da orquestra StopEstra!, criada por
músicos que ali ensaiam, na outra Casa da Música – a
desenhada por Rem Koolhaas.
O interior do Stop mantém a estética e estrutura da
vida anterior. As salas variam em aspecto, tamanho
e condições, dependendo do investimento e da
disposição dos músicos. As salas vão sendo forradas
a caixas de ovos ou com outros materiais, na tentativa
de obter o melhor isolamento para não chatear muito
os vizinhos. A renda varia consoante as dimensões da
sala e o número de músicos que a ocupa.
Miguel mudou-se de sala recentemente “para uma
mais pequena”. “Mal cabemos todos cá dentro, mas é
temporário”, refere. Nem todas as salas sofrem destes
problemas. É o caso da antiga loja onde ensaia André
Landolt, partilhada “com mais nove músicos, de
vários projectos”: espaço não é problema e há até uma
pequena sala de estar.
Os “inquilinos” destas salas de ensaio começam agora
a receber ordens de despejo pela falta de condições de
algumas lojas e por outros problemas, quase sempre
relacionados com licenciamentos.
A generalidade dos músicos lamenta o desamparo da
autarquia. Dizem que, com toda a espontaneidade,
se criou no Stop a maior concentração de salas de
ensaio do país. Afirmam que, com a obtenção de
licenças por parte de todas as lojas e uma reabilitação
no seu interior, o Stop podia ser um exemplo a seguir
de aproveitamento artístico de espaços degradados.
O valor do Stop está desligado de qualquer estética
musical, de capacidade técnica ou de composição,
dos nomes das bandas, da língua em que cantam, dos
concertos que deram e dos discos que venderam. O
Stop é, tranquilamente, o maior rodízio da música
portuguesa.
No one can really explain when and how Stop
shopping centre stopped being a shopping centre.
It “started collapsing somewhere around the 90s,
when more modern shopping centres started open-
ing”, says Guilherme Martins, one of the many musi-
cians who turned the old shopping centre’s stores into
his own creative space. The first Portuguese shopping
centre to have escalators became obsolete.
Stores were turned into rehearsal rooms, except for
some three or four that are still functioning, like
a li-ving museum. The many colours of Stop’s main
façade are the perfect metaphor for the music
diversity that breeds inside its walls. When you walk
down the corridors don’t be surprised if you listen
to screaming death metal, middle aged men playing
ballroom songs, naughty blues, wedding bossa-pop
and plenty of other styles mixed together. Stop shop-
ping centre is, in itself, a singular musical style.
“We never hear of thefts or bands fighting. There’s
comradeship among every musician inside this
house. For us, this is the real House of Music (Casa
da Música)”, says Miguel Pardal, member of the Red
Green and Blues. Neither Miguel neither the other Stop
residents can forget the concert that the StopEstra!
(the orchestra created by musicians who rehearse at
Stop) recently gave at the actual Casa da Música.
Inside, Stop keeps the aesthetics and structure of its
previous life. The rooms have different looks, size and
general conditions, depending on the investment that
the musicians are be willing to make. The rooms are
lined with cardboard egg boxes or other materials in
attempt to achieve the best isolation possible and not
bother the neighbours. The rental prices vary accord-
ing to the room dimensions and how many musicians
play there.
Miguel just moved to “a smaller room”. “We barely fit
inside, but it’s only temporary.” Not everyone has to
deal with this situation, though. André Landolt, shares
an old store with “nine other musicians, from several
different projects.” For them, space isn’t a concern and
they even have a small living room.
The “tenants” of these rehearsing rooms are now
starting to receive eviction orders due to the lack
of maintenance of some shops and other problems,
almost always related to licensing.
Most of the musicians regret the lack of support from
the city hall. They claim that Stop spontaneously
became the largest concentration of rehearsal rooms
in Portugal. If every shop was licensed and if the space
was rehabilitated, Stop could be the perfect example
of artistic recycling of degraded spaces.
Stop’s value isn’t tied to musical styles, the capacities
and abilities of the musicians, the band names, the
language in which they sing, the concerts they play
and the records they sell. Stop is, without quarrels,
the biggest mash-up of Portuguese music.
Desde “Yah!”, lançado em 2006, que o país se deixou
conquistar pelas batidas rápidas e fortes e os dizeres
assertivos e orelhudos do kuduro. Os Buraka Som
Sistema pegaram num som, cruzaram-no com outras
linguagens electrónicas e o resultado foi a massifi-
cação de um género que, até então, se destinava ape-
nas à comunidade africana lisboeta. Surgiram outros
grupos em Lisboa, como Os N’Gapas, Makongo
e Batida, mas a coisa ficou um bocado pela capital.
A 300 quilómetros a norte da Buraca, também há
expressões, ainda tímidas, deste movimento. Quise-
mos conhecer um pouco mais das manifestações
kuduristas pelo norte do país. Fomos à procura de
André do Poster, vocalista dos The Shine, a primeira
banda de kuduro do Porto. “Faltava um grupo de
kuduro no Norte. Até agora era preciso chamar ban-
das de Lisboa, os Buraka, para haver um concerto do
género com uma banda portuguesa”, diz.
O facto de não se formarem grupos a norte do país
poderia ser prenúncio de desinteresse do público,
mas os The Shine estão surpreendidos com
a crescente receptividade que têm tido, tanto pela
afluência aos concertos, como pelo tipo de público
que dança ao som de “Do Gueda” ou “Tá Doce”. “No
início tocávamos em casas africanas para um público
muito pequeno, mas depressa passámos a tocar em
concertos com bandas rock e com malta mais indie,
e tem havido uma grande adesão. É um público
muito diferente do de Lisboa, talvez pelo facto de,
aqui, a comunidade africana ser mais pequena e
não haver uma cena de kuduro em grande escala.”
Os poucos bares que passam este género de música
vão e vêm, devido, em grande parte, à falta de
público, mas alguns começam a tornar-se sítios
de referência para quem se quer pôr de cu duro. O
PinUp, na Rua de Sá da Bandeira, tem passado muito
da vertente mais progressiva do género, juntamente
com house ou tecno; a discoteca Number One, na
Rua do Salgueiral, já é um local obrigatório para a
comunidade africana; e ainda há o Tradición Bar
Esplanada, no Cinema da Batalha, que passa desde
música cubana a africana.
Uma banda, três pistas de dança e meia dúzia de
eventos que raramente fogem do circuito africano
não são matéria suficiente para se poder dizer que
existe uma cena de kuduro no Porto. Não se vêem
cartazes a anunciar festas de kuduro (vêem-se de fes-
tas de kizomba, mas não confundamos os géneros),
não há festas em casas particulares, não há pessoal
a dançar na rua, nas escolas, nada. Mas a verdade é
que toda a gente curte para caraças quando alguma
coisa foge das casas africanas e se associa a alguma
cena com hype. Há pessoas a quererem ouvir e
gingar o rabo com este som, malta que começa a
noite num concerto psychobilly, segue para uma festa
de italo disco e acaba a ouvir dub ou Nirvana numa
tendinha qualquer.
Este é o público dos The Shine no Porto e pode ser
este público, por ser o mais eclético, a dar voz ao
género a norte do país. A ver se o bicho morde.
Ever since the release of “Yah!”, in 2006, the country
has surrendered to the quick strong beats and quirky
lyrics of kuduro. Buraka Som Sistema took a specific
sound, mixed it with different electronic sounds and
gave birth to a genre that, until then, was exclusive
to the African communities in Lisbon. The capital
was also the cradle of bands such as Os N’ Gapas,
Makongo and Batida, but the movement was pretty
much limited to this area.
300 kilometers north from Buraca some yet shy
expressions of this movement are starting to be
heard. We wanted to know more about how kuduro
is breeding in the north of the country, so we talked
to André do Poster, singer of The Shine, Oporto’s first
kuduro band. “The north needed a kuduro band.
Until just recently, if we wanted to have kuduro con-
certs with Portuguese bands we had to get them from
Lisbon, like Buraka, for example” says André.
One could assume that the fact that there were no
kuduro bands in the north could mean a lack of
interest in the genre, but The Shine are surprised with
a growing receptiveness to their style, with all kinds
of people attending to their concerts, dancing to the
sounds of “Do Gueda” or “Tá Doce”. “At first, we used
to play only in African houses, for smaller audiences,
but soon we began playing with the rock bands and
the indie kids. Lots of people seem to enjoy our style.
Our audience in the north is very different from the
one in Lisbon, maybe because the African commu-
nity is so much smaller here and the kuduro scene
isn’t that big either.”
The few bars and discos that play this kind of music
usually don’t last a long time, largely due to a lack of
interest from the public. Despite this fact, a few
places are now becoming landmarks to those who
want to get a hard ass (in case you didn’t know,
kuduro means hard ass, literally). In Rua Sá da
Bandeira, PinUp bar often plays progressive kuduro,
along with some house and techno; Number One dis-
co, in Rua do Salgueiral, is already an usual stop for
the African community. Then there’s the Tradición
Bar Esplanada, in Cinema da Batalha,
that plays Cuban and African music.
With only one band, three dance floors and a couple
of events that are usually exclusive to the African
community, we can’t really say there’s a kuduro
scene in Porto.
There are no posters on the streets announcing
kuduro parties (there are some kizomba parties, but
let’s not mix things here), there are no private house
parties, no one dancing on the streets, in the schools,
nothing. But, truth be told, everyone loves it when
something remotely kuduro-ish manages to escape
from some African home and becomes part of the
hype. People want to shake their butts to the kuduro
sounds, the same people who start their night at a
psychobilly concert, then go to an italo-disco party
and end up listening to Nirvana in some sleazy shack.
This is The Shine’s audience in Oporto, and maybe
this eclectic audience will finally allow kuduro
to become a presence in the north of the country.
Let’s wait and see if it catches on.
Há pessoas a quererem
ouvir e gingar o rabo com
este som...
TEXTO / TEXT ILUSTRAÇÃO / ILLUSTRATION
André Covas Filipe Mesquita
TEXTO / TEXT
Hugo Alfredo Gomes
FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY
Ana Pereira
The Shine actuam no âmbito do Red Bull Music Academy Porto
Hub, no Indústria a 12 de Fevereiro com DâM Funk e DJ Ride.
The Shine will perform for the Red Bull Music Academy’s
Porto Hub, at Indústria on the 12th of February with DâM
Funk and DJ Ride.
Miguel Pardal — Red Green and Blues
8. P.14 P.15
À CONVERSA
/ TALKING TO...
.
RÁDIO RBMA
/ RBMA RADIO
.
Somos todos os maiores do mundo
e trabalhamos ao lado dos mais
famosos. Somos todos as grandes
revelações deste e daquele
género, mas quando chegamos ao
momento de prestar provas somos
“copy-paste” de outros tantos.
A rádio liga-se a mais de 50 países
através da sua Global Network,
associando-se e promovendo,
para além de artistas, bares,
festivais e programas de rádio
(como o nacional Ginga Beat).
LIMPANDO
O PÓ A
ALGUMAS
MEMÓRIAS
DO PORTO
DUSTING OFF
SOME OF
OPORTO’S
MEMORIES
Queríamos alguém que nos falasse
sobre o que tem sido o Porto em
termos de música electrónica: locais,
pessoas, tendências, segredos.
O trajecto de Alex FX chamou-nos a
atenção: nasceu no final dos anos 60;
integrou diversas bandas; a mãe
financiava-lhe a sua tremenda
colecção de 12” e o seu primeiro
emprego foi numa loja de discos.
Tudo isto alimentou o seu apetite por
sonoridades alternativas, no que rapi-
damente se transformou numa forma
de vida. A partir de 90, gravou discos,
viajou para se especializar em termos
profissionais, trabalhou em editoras,
fez remisturas, produção de bandas e
concertos. Mas foi com o drum’n’bass
que se revelou como DJ e produtor.
Falámos com ele sobre tempos
passados.
O Conspirador: Onde é que valia a
pena ouvir música no Porto?
Alex FX: Pá, locais como Amnésia,
Griffon’s, Batô, Lá Lá Lá e Aniki-Bóbó
por ombrearem com qualquer outro
semelhante em Nova Iorque, Londres
ou Berlim. O Meia-Cave e o Comix
vieram mais tarde. O primeiro dedicou-
se inicialmente a uma onda mais indie
e acabou por se tornar na catedral
nortenha do jungle. O segundo sempre
esteve mais associado ao rock de
influências ska mas também teve o
seu “quê” de jungle e hip-hop.
E quanto a rádios?
Havia a Rádio Porto com o Álvaro
Costa e o Joaquim Paulo, em meados
de 80; a Rádio Delírio, onde tive um
programa estritamente dedicado
à música electrónica no final da
década de 80; e uma que fez a dife-
rença nos anos 90 – não estava se-
diada no Porto, mas ficou-me sediada
no coração – a XFM! Lembro-me das
pessoas pedirem discos “tipo XFM”.
E onde se comprava a boa música?
A Salt’Ibérico vendia música,
merchandising, livros, exibição
de filmes… Era vanguardista – nunca
deixou de apoiar as novas bandas
criadas no burgo – e o único local
onde se podiam efectuar apresen-
tações, tertúlias e encontros entre
público e artistas. Também tenho que
referir a Bimotor, pois foi a minha
entrada para o universo da música
de dança, uma vez que, a par da
Twist e da Jojo’s, recebíamos todas
as novidades das capitais do house
e do tecno. Na Tubitek enriqueci e
alarguei os meus horizontes no jazz,
na música erudita e nos restantes
géneros. E na Valentim de Carvalho,
onde trabalhei e foram, por assim
dizer, criadas as editoras NorteSul
e Kami’Khazz, ambas pela visão
impulsionadora do Pedro Tenreiro.
E editoras?
Nas independentes destaco a
Kami’Khazz, NorteSul, Nylon,
Warning Inc, Zona Música, Música
Alternativa e Difference, por per-
mitirem uma liberdade de expressão
musical, e nas majors realço a
Valentim de Carvalho, Universal e
Warner, por apostarem, por vezes,
em algo diferente.
Que concertos no Porto
te marcaram mais?
Orbital no Pavilhão Rosa Mota como
abertura do “Porto 2001”. Under-
world no Rock’s em 96 foi talvez um
dos mais frenéticos e hilariantes
momentos que tive a felicidade de
assistir. E Depeche Mode no Estádio
das Antas em 1993, no qual traba-
lhei como assistente de produção.
Fica a recordação de ter ido com
o Martin Gore, o tour manager e o
fotógrafo Anton Corbijn beber um
copo ao Labirintho.
Há produtores que vêem a música
electrónica só em função da pista
de dança. Qual é a tua visão?
O Peter Gabriel disse há já uns bons
anos que “nos anos 70 eras o que
ouvias, nos 80, o que vestias, nos
90, o que comias e, a partir de 2000,
és aquilo que quiseres dar a ver e
conhecer”, antecipando um pouco
o fenómeno das redes sociais nas
quais todos colocamos os nossos
CVs da maneira mais auto-
-promocional possível; somos todos
os maiores do mundo e trabalhamos
ao lado dos mais famosos. Somos
todos as grandes revelações deste
e daquele género, mas quando
chegamos ao momento de prestar
provas somos “copy-paste” de
outros tantos.
Concordo.
Devo porém sublinhar que existem
claras excepções! Há uma geração
que sabe o que quer e como demons-
trá-lo. Por exemplo, Underdub, um
dos meus álbuns, foi no fundo uma
forma de gritar e dizer “Basta! – Eu
não sou o produto que vocês querem
rotular. Tenho uma identidade e ela
será inabalável, custe o que custar;
sirva para mil ou sirva para um só”.
Afastei-me das pistas de dança.
É normal que as minhas produções
transportem as mais diversas influên-
cias, tão somente porque a minha
visão não está unicamente focada
num local de diversão.
O que dizer aos mais novos?
Todos temos as mesmas ferramentas
– os computadores são meros espe-
lhos da vossa personalidade criativa.
Ser-se grande musicalmente é saber
conciliar o nosso input com outros
distintos, sem pruridos e sem perda
de identidade. Acho que a mensagem
passa melhor com o propósito de se
olhar menos para o umbigo e mais
em redor.
We needed someone who could tell
us how the electronic music scene in
Oporto has evolved: the places, the
people, the trends and the secrets.
Alex FX’s life path caught our
attention: he was born in the late 60s,
played in many bands, his mother
would finance his stunning 12”
collection and his first job was on a
record shop. All this fed his appetite
for alternative sounds, which quickly
became his lifestyle. From the 90s on,
he started recording albums, he tra-
velled abroad to achieve professional
specializations, he worked with
several labels, created remixes,
managed bands and concerts. But it
was only with drum’n’bass that he re-
vealed himself as a DJ and producer.
We talked to him about these times.
The Conspirer: What used to be
the best places to listen to music in
Oporto?
Alex FX: Places like Amnésia, Grif-
fon’s, Batô, Lá Lá Lá and Aniki-Bóbó
were almost as good as any bar in
New York, London or Berlin. Meia-
Cave and Comix only came later.
Meia-Cave at first was more into
indie, but eventually it became the
northern cathedral of jungle. Comix
was linked to rock with ska influ-
ences, but it also played some jungle
and hip-hop.
And what about the radios?
There was Rádio Porto, with Álvaro
Costa and Joaquim Paulo, in the mid
80s; Rádio Delírio, where I had a
show completely dedicated to electro
music in the late 80s and another one
that really made a difference during
the 90s. It wasn’t based in Porto, but
it earned a place in my heart — XFM
radio. I recall people buying records
and asking for “XFM like” music.
What were the places to buy good
music?
Salt’Ibérico used to sell records,
books and merchandising and it
also had movie screenings. It was a
pioneer and always supported the
new bands in Oporto. Also, it was the
only place where you could attend to
lectures, discussions and meetings
between the public and the artists.
Bimotor can’t go without mention,
since it was how I entered the dance
music universe. Along with Twist
and Jojo’s, that’s how we got all the
novelties from the main cities of the
house and techno scene. At Tubitek I
broadened and enriched my horizons
in jazz, classical musical and other
genres. Then, I worked at Valentim de
Carvalho, where the labels NorteSul
and Kami’Khazz were created thanks
to the visionary attitude of Pedro
Tenreiro.
Were there any independent music
labels?
The best independent labels were
Kami’Khazz, NorteSul, Nylon,
Warning Inc, Zona Música, Música
Alternativa and Difference, since
they allowed the musicians a great
freedom of expression. When it came
to major labels, I think Valentim de
Carvalho, Universal and Warner were
the best. They sometimes opted for
different bands and music.
In terms of concerts, what were the
most relevant concerts you saw in
Porto?
I saw Orbital at Pavilhão Rosa Mota,
when they opened the “Porto 2001”
cerimony. In 96, I saw Underworld
at Rock’s and it was one of the most
frenetic and hilarious moments that
I was lucky enough to live. Then, I saw
Depeche Mode at Estádio das Antas
in 1993. I worked as a production
assistant in that concert. I remember
having a drink with Martin Gore, the
tour manager and the photographer
Anton Corbijn in Labirintho.
Some producers see electro
as something exclusive to the dance
floors. What’s your opinion on that?
Some years ago, Peter Gabriel said:
“in the 70s, you were what you
listened to, in the 80s, you were what
you dressed, in the 90s, you were
what you ate, and, from 2000 on, you
are what you do and show of your-
self”. He sort of predicted the social
networks phenomenon, where we
all show off our CVs in the most self-
promotional way. Nowadays, we’re
all the best and we all work with the
big and famous. We’re all the greatest
revelations of this and that genre,
but when we have to really prove what
we’re worth, we end up being just a
“copy-paste” of so many other artists.
Yes, I agree.
But I must say that there are some
clear exceptions to this. There’s a gen-
eration that knows what they want
and knows how to show it.
For example, “Underdub”, one of my
albums, ended up being a way of say-
ing “That’s enough! I am not
the product that you want to label.
I have my own unswerving identity,
no matter what, whether it fits one
person or a thousand”. I stayed away
from the discos. It’s only natural that
what I do has many different influ-
ences; my life isn’t focused in only
one disco or audience.
Do you have any advice for the
younger?
We all have the same tools. Compu-
ters are simply the mirrors of your
creative personality. To succeed in
music you need to know how to
balance our input with different oth-
ers without losing your own identity.
The message gets across better if you
focus less on yourself and look at
what is around you.
TEXTO / TEXT
FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY
João Moreira
Arquivo, cedido por
Alex FX
TEXTO / TEXT
André Covas
Oblá esta rádio!
Lembram-se de quando o Porto
tinha boas rádios? Eu não, porque
tenho 23 anos e vivo cá há pouco
mais de um ano, mas há quem
guarde boas memórias de uma
Rádio Voxx, XFM ou Rádio
Paralelo. Bons tempos em que
a música era muita e boa, os anún-
cios reduzidos e os locutores não
se esforçavam por ser engraça-
dinhos – limitavam-se a pôr
música e a manter os ouvintes
informados.
Todos aqueles que já nem pen-
sam em ligar o rádio e procurar
uma estação de jeito quando
querem ouvir música podem
soprar o pó das vossas telefonias
e deixá-las a aquecer em 102.1
FM, entre 8 e 12 de Fevereiro, das
14h às 22h. Bem aí a Oblá FM!
A Oblá FM, também disponível
na internet, é uma criação da
RedBullMusicAcademyRadio.com,
a pensar em específico no Hub do
Porto. A programação é um luxo:
entrevistas, DJ-sets e live-acts dos
artistas internacionais e nacio-
nais convidados, mas também de
activistas musicais da cidade e
donos de lojas de discos. Tudo ao
monte, mas organizadinho pela
equipa do Ginga Beat – programa
nacional transmitido na Antena3,
um dos tentáculos da
RedBullMusicAcademyRadio.com.
Contextualizemos: fundada em
2005 como uma spin-off dos
workshops da Red Bull Music
Academy, a RBMARadio (http://
redbullmusicacademyradio.com)
tem vindo a dar passos de gigante
e é hoje ponto de paragem
obrigatória para dezenas de DJs,
radialistas, bloggers e músicos.
A lista de contribuintes não pára
de crescer e inclui desde as lendas
vivas do hip-hop The Roots, aos
heróis da pop dançável Hot Chip.
Diplo, M.I.A., Tony Allen, Skream,
Benga, toda esta gente já fez sets e
programas regulares e exclusivos
para esta estação virtual.
A rádio liga-se a mais de 50 países
através da sua Global Network,
associando-se e promovendo, para
além de artistas, bares, festivais
e programas de rádio (como o
nacional Ginga Beat, transmitido
todos os sábados entre as 10h00 e
as 11h00 na Antena3).
Emissão em regime 24 sobre sete,
nove canais de rádio, entrevistas,
mixtapes, live-acts, concertos,
fotografias e dezenas de artistas
para cada uma das letras do
alfabeto, a RedBullMusicAca-
demyRadio.com deixa qualquer
tipo que tenha uma ligação à
internet completamente agarra-
do ao computador, qual miúdo
sozinho numa loja de gomas a
tentar comer tudo o que lhe caiba
na boca antes que a senhora do
balcão volte e o apanhe.
Sintonizem os vossos ouvidos em
Oblá FM da Red Bull Music Acad-
emy Rádio, em 102.1 FM.
Oblá FM
Do you remember the time when
Oporto used to have decent
radio stations? Well, I certainly
don’t, because I am 23 and I have
only been living here for barely
a year, but some people have
fond memories of Radio Voxx,
XFM, Paralelo Radio and so on.
Good times, when the music
was plentiful and good, when
the commercials were few, when
the announcers weren’t always
cracking boring jokes, but rather
played music straight up and
informed their listeners.
For all of those who don’t even
bother to turn on your radios in
hopes of finding a decent radio
station anymore, you may now
begin to clean the dust off your
old wireless, as they used to call
it, and let it warm up on 102.1
FM, between the 8th and the 12th
of February, from 2pm till 10pm.
Oblá FM is just around the corner!
Also broadcasting online, RB-
MARADIO’S Oblá FM (Portu-
guese slang for “listen up!”),
was created by RedBullMusic-
AcademyRadio.com having in
mind Oporto’s Hub. The program
is luxurious: interviews, DJ sets
and live acts of guest national
and international artists, as well
as participations from the city’s
music personas and record shop
owners. All of this will be orga-
nized by the Ginga Beat crew,
who have their own radio
program on Antena 3 (a national
radio station) and are one of
RedBullMusicAcademyRadio’s
Little Helpers.
You have no idea what I’m talk-
ing about? RBMARadio (http://
redbullmusicacademyradio.com)
was founded in 2005 as a spin-off
of the Red Bull Music Academy’s
workshops and, step by step, it
has become an obligatory stop
for dozens of DJs, radio perso-
nalities, bloggers and musicians.
The list of people who have
collaborated with RBMARadio
keeps growing and growing
and ranges from living hip-hop
legends, like The Roots, to heroes
of electro-pop, like Hot Chip.
Diplo, M.I.A, Tony Allen, Skream,
Benga, all of these have either
participated regularly or exclu-
sively or had their sets played in
this virtual radio station.
The station connects over 50
countries through its Global
Network, promoting and
collaborating with artists, bars,
festivals and radio shows (such
as the Portuguese Ginga Beat, FM
broadcasted from 10am to 11am
every Saturday at Antena3).
With its 24/7 broadcasts, nine
radio channels, interviews, mix-
tapes, live-acts, concerts, photos
and dozens of artists for each
letter of the alphabet, RedBull-
MusicAcademyRadio.com will
leave you completely hooked up
to your computer, just like a kid
alone in a candy shop, trying to
eat everything he can before the
shop lady comes back.
Tune your ears on 102.1FM and
listen to Oblá FM, Red Bull Music
Academy Radio.
De 8 a 12 de Fevereiro - das 14hoo às 22hoo.
From the 8th to the 12th of February - 2pm to 10pm.
9. P.16 P.17
TÓQUIO
2011/
TOKYO
2011
.
TÓQUIO
2011/
TOKYO
2011
.
1954
A empresa TTK (mais
tarde Sony) apresenta
ao mundo o primeiro
rádio de bolso.
TTK (later known as
Sony) introduces the
first pocket radio to the
world.
1969
A Sony inventa a
cassete de vídeo.
Sony invents the
videotape.
1971
Daisuke Inoue inventa
a primeira máquina de
karaoke do mundo.
Daisuke Inoue invents
the first karaoke machine
in the world.
1979
Sony lança o “Walkman”
e põe meio mundo de
auscultadores nos ouvidos.
Sony launches the Walkman
cassette player and half
of the world puts their
earphones on.
1980
A americana 3M, a suíça
Studere e as japonesas
Mitsubishi e Sony
inventam, cada um por
si, o gravador digital
multipistas.
Each on its own, 3M from
the USA, Studere from
Swizterland, Mitsubishi
and Sony from Japan
invent the digital
multitrack recorder.
1982
A Sony lança o CD. É o
início definitivo da era
digital da música.
Sony launches the CD.
And so began the digital
music era.
1983
Lançado o Yamaha DX7,
o primeiro sintetizador
digital vendido em massa.
The Yamaha DX7, first
digital synthesizer to be
sold in large scale, was
launched.
1988
O digital vence:
as vendas de CDs
ultrapassam as de
discos em vinil.
Digital wins! CD sales
surpass vinyl sales.
1996
O primeiro leitor de DVDs é
lançado pela Toshiba.
Toshiba sells the first DVD
player.
2003
A Sony apresenta o leitor
Blu-Ray.
Sony introduces Blu-Ray.
2010
O “Walkman” deixa de ser
produzido.
Sony Walkman cassette
player is no longer in
production.
A Casio lança o teclado
Casiotone. Milhões
de crianças em todo
o mundo (e músicos a
sério) passam a venerar
estas maquinetas.
Casio releases the
Casiotone keyboard. All
over the world, kids and
grown-ups start adoring
these machines.
2011
Tóquio recebe a edição
internacional da Red
Bull Music Academy pela
primeira vez no continente
asiático.
Tokyo hosts the
international edition
of the Red Bull Music
Academy, held for the first
time in Asia.
O que é a Red
Bull Music
Academy ?
What is the
Red Bull Music
Academy ?
Uma opinião depende do primeiro
contacto, da primeira imagem que
criamos.
Não será de estranhar por isso, que
quase todos nós associemos
o Japão à electrónica, aos
computadores, às máquinas
de jogos electrónicos, aos gadgets,
aos electrodomésticos, etc. Quem
não se lembra de andar com um
walkman, filmar com uma câmara
ou ter um relógio digital com
rótulo made in Japan? Os japone-
ses foram, através da tecnologia,
emprestando-nos espaço para
podermos sonhar e expandir.
A música, a partir dos anos 70,
foi um reflexo natural deste
fenómeno, estando cada vez mais
dependente das potencialidades
da tecnologia. Há décadas que
produtores, DJs, músicos usam
a high-tech japonesa, desde
sintetizadores Roland, gravadores
digitais multipistas Sony, a mesas
de mistura Pioneer.
Por muito vanguardismo que
cidades como Nova Iorque ou
Londres tenham, Tóquio está
sempre um passo à frente a nível
tecnológico. Poucos países se lem-
bram de inventar pets autómatos
que choram, ou criar uma indús-
tria de robótica que nos faz olhar
para a sua capital como um parque
temático, como se tivéssemos uma
visão do que está para vir. A Red
Bull Music Academy instala-se
em 2011, em Tóquio, porque este
é um local visionário, tal como a
forma como a Academia encara a
música. Bem-vindos ao futuro.
Atenção, produtores, vocalistas,
DJs e instrumentistas, estão
convidados a candidatarem-
-se entre 1 de Fevereiro e 4 de
Abril de 2011. O formulário de
candidatura estará disponível
para download em RedBull-
MusicAcademy.com, entre essas
datas. Os seleccionados irão
participar num de dois períodos
entre 23 de Outubro e 25 de No-
vembro de 2011. Estejam atentos
ao blogue, Twitter e Facebook da
Red Bull Music Academy.
Opinions originate from first
contacts, from the first images we
create.
That’s why we always see Japan
as the country of electronics,
computers, videogames, gadgets,
electric appliances, etc. Everyone
remembers walking around with
a Walkman, filming with a video
camera or having a digital clock
with the label “made in Japan”.
Through technology, the Japanese
gave us room to dream and create.
Ever since the 70s, music became
a natural reflex of this phenom-
enon, becoming more and more
dependent on technological
enhancements. Producers, DJs and
musicians, all of them have been
using Japanese high-tech for de-
cades, from Roland synthesizers,
to Sony multitrack digital recorders
and Pioneer mixers.
As much as cities like New York or
London might be in the vanguard,
Tokyo will always be a step ahead.
Few countries are imaginative
enough to invent robotic pets
that laugh and cry, or to create
a domotic industry capable of
making their capital look like an
amusement park, as if we were
looking into the future. In 2011,
Red Bull Music Academy will sttle
in Tokyo, a place as visionary as
the way they perceive music.
Welcome to the future.
Attention: interested produ-
cers, vocalists, DJs, and instru-
mentalists, are invited to apply
between February 1st and April
4th, 2011. The application form
will be available to download
at RedBullMusicAcademy.com
between those dates. Successful
applicants will take part in one of
two fortnight-long terms between
October 23rd
and November 25th
,
2011. Keep an eye on the blog,
Twitter and Facebook for further
details to be announced soon.
TÓQUIO2011
TOKYO2011
Em 1998, a Red Bull Music
Academy decidiu pôr em prática
a ideia que tinha sobre o caminho
a seguir pela música. Considerava
que só uma plataforma móvel, que
andasse por esse planeta fora,
lhe daria a chance de receber
o maior e mais variado número
de artistas e culturas, tornando esta
iniciativa em algo de nível global.
Por isso, anda, há 12 anos, com o
quartel-general às costas, a per-
correr cidades como São Paulo,
Berlim, Barcelona, Londres,
Melbourne, entre muitas outras.
Quando anualmente se instala
numa metrópole musical, junta du-
rante um mês os mais experientes
músicos, produtores, DJs, song-
writers, legendas que marcaram e
marcam a cena musical, e outros
mais jovens, mas não menos
importantes, para que haja um
turbilhão de ideias. Os workshops
e lectures, que a Red Bull Music
Academy organiza, funcionam
num estilo diferente, mais informal,
como um grupo de amigos que se
senta para ter uma discussão refres-
cante e inspiradora.
Nomes como Kieran Hebden, Pepe
Bradock, Erlend Oye, Bob Power,
Just Blaze, Superpitcher ou Mark
Ronson, são só alguns dos que se
têm sentado nos sofás da Red Bull
Music Academy.
A estadia da Academia nesses
locais serve também para intervir
na cidade, percebendo quais as
potencialidades do local e tentando
expandi-las. Mas este é um pro-
cesso interactivo, a Red Bull Music
Academy também aprende com as
cidades, com os participantes.
Para celebrar a inspiração que reina
deste casamento, a Red Bull Music
Academy convida DJs para
actuarem nos clubes do evento.
A música, seja na produção,
na escrita, ou numa pista de
dança é o oxigénio da Red Bull
Music Academy.
In 1998, the Red Bull Music
Academy decided to put in action
their idea about what path the
music should follow. They believed
that only a mobile platform that
could move across the planet would
give them the chance of receiving
the largest and most hete-rogene-
ous amount of artists and cultures,
turning this initiative into some-
thing global. This is why its head-
quarters have been traveling around
for 12 years, visiting cities like São
Paulo, Berlin, Barcelona, London,
Melbourne and many others.
When it lands in a music
metropolis, it gathers the most
experienced musicians, producers,
DJs, songwriters, legends of music,
and young minds for a whole
month and lets them brainstorm
together. The workshop and
lectures put together by the Red
Bull Music Academy function in
a different, more informal way,
like a group of friends sitting
together and having an inspiring
and refreshing discussion. Names
like Kieran Hebden, Pepe Bradock,
Erlend Oye, Bob Power, Just Blaze,
Superpitcher or Mark Ronson
have sitted on Red Bull Music
Academy’s couches.
The academy is directly involved
with the cities it visits, trying to
understand their potential and
figuring out a way to make the best
of it. This is an interactive process,
as the academy also learns from the
cities and the participants.
In order to celebrate the inspiration
that was born from this coalition,
the Red Bull Music Academy invited
DJs to play at the event’s clubs.
Music, whether it’s production,
writing, or on the dance floor,
is like oxygen for the Red Bull
Music Academy.
TEXTO / TEXT
Nuno Beirão Vieira
TÓQUIO: UMA NAVE
ESPACIAL NA TERRA
TOKYO
A SPACESHIP
ON EARTH
Algumas invenções japonesas que mudaram o mundo e a música:
A few Japanese inventions that changed music and the world:
10. P.18 P.19
ARTE
NO HUB
/ ART IN
THE HUB
.
ARTE
NO HUB
/ ART IN
THE HUB
.
Como se a música não
bastasse…
As if the music wasn’t
enough...
A relação entre a música e as outras formas de arte
é tão antiga que nem vale a pena pormo-nos aqui
a deambular sobre Richard Hamilton, Jamie Reid,
Peter Saville e outros gigantes. A Red Bull Music
Academy sabe isto e, durante o PORTO HUB, para
além das lectures e da música, haverá arte, muita arte.
Vinte e dois, designers, ilustradores e pintores vão
intervir em vários locais – interiores e exteriores – do
evento musical.
The relation between music and other expressions
of the arts dates so far back that it’s almost unneces-
sary to digress about Richard Hamilton, Jamie Reid,
Peter Saville and other important names. Red Bull
Music Academy is aware of this relation and that is
why the PORTO HUB, besides the lectures and the
music, will also feature art. A lot of art.
Twenty-two artists, designers, illustrators and paint-
ers will intervene in several locations — inside and
outside — of the music event.
Hub.Who?
Mónica Santos vai criar uma peça-logótipo da Red
Bull Music Academy especificamente para o evento.
Luís Dourado irá intervir no estúdio de som com
trabalhos de grande formato. Rita Gomes terá três in-
tervenções: autocolantes no sofá da sala de lectures,
uma instalação a partir de jornais na sala Work_Sta-
tion e ainda um grande tapete que ligará visual-
mente, no exterior, os dois espaços do evento.
Phillippe Santos, João Bento Soares e Maria Helena
vão pintar, a partir das suas ilustrações, os gradea-
mentos de protecção dos espaços do Red Bull Music
Academy PORTO HUB. Mário Vitória apresentará
algumas pinturas na sala estúdio do hostel, espaço
exclusivo a participantes.
Mónica Santos will create a logo-piece of Red Bull
Music Academy specifically for this event. Luís
Dourado will intervene in the sound studio,
with large format works. Rita Gomes will participate
with three interventions: stickers in the lecture room
couch, an installation made from newspapers in
the Work_Station room and a carpet outside that
will visually connect two event spaces.
Phillippe Santos, João Bento Soares and Maria
Helena will be painting the safety railings of the Red
Bull Music Academy PORTO HUB spaces, based on
their illustrations and Mário Vitória will be exhibiting
some paintings at the hostel studio room, exclusive
access to participants.
Uma residencial
improvável
An unlikely residence
A arte no Hub não se fica por aqui. A Red Bull Music
Academy desafiou artistas de rua, arquitectos, músi-
cos, artistas vídeo e outros criativos para, durante
um curto período de tempo, ocuparem um imóvel
vazio, no centro histórico da cidade do Porto.
O projecto, baptizado “Residencial M (música)”,
é um projecto de residências artísticas efémero,
informal e de experimentação. As portas desta
residencial diferente estarão abertas ao público,
das 14h00 às 20h00 de 8 a 12 de Fevereiro, para que
todos possam observar ao vivo o processo criativo
dos artistas na Praça da Batalha, 01.
But the art of the Hub doesn’t stop here. Red Bull
Music Academy has challenged street artists, ar-
chitects, musicians, video artists and other creative
minds to occupy an empty builiding in Oporto’s
historial center, for a short period of time.
Baptized “Residential M(usic)”, this will act as an
ephemeral, informal and experimental artistic resi-
dency project. The doors of this peculiar residence
will be open to the public at Praça da Batalha, 01
between 2pm and 8pm, from February 8 to 12, so that
everyone can witness the artists’ creative process.
Artistas / Artists
Inês d’Orey / Ana Luandina / ±MAISMENOS± /
Miguel Tavares / Ivo Teixeira / Inês Gama / Crere /
Skrei / Blob / Shooters produções
Serigrafia ao vivo
Live screen-printing
Oker e os ilustradores Ivar Küng e Filipe Mesquita são
alguns dos artistas portuenses que vão colaborar com
o projecto Hit + Run, outra presença no Hub.
Criado em 2005 pelos artistas Brandy Flower
e Mike Crivello, o Hit + Run foi das experiências em
pequenas festas de serigrafia nas suas casas até às
participações em eventos independentes dentro
da comunidade criativa de Los Angeles. A crew Hit +
Run viaja agora pelo mundo todo com o seu estúdio
de serigrafia.
No Red Bull Music Academy PORTO HUB, vão criar
uma edição limitada de 300 t-shirts únicas. Nas duas
sessões de serigrafia ao vivo (10 de Fevereiro, no
Plano B, e dia 12, no Indústria), os convidados terão
à sua disposição várias opções de design que podem
combinar e dispor como quiserem.
O projecto Hit + Run já imprimiu trabalhos de mais
de 300 artistas, entre os quais Kofie, Cody Hudson,
Shepard Fairey, Maya Hayuk, Mear e Kozyndan.
Oker and the illustrators Ivar Küng and Filipe Mes-
quita are some of the local artists that will collaborate
with the project Hit + Run, also present in the Hub.
HIT+RUN was created in 2005 by artists Brandy
Flower and Mike Crivello: from the contagious
enthusiasm they witnessed at small silk screening
parties in their homes, they ended up appearing
at independent events within the Los Angeles
creative community. Nowadays, they travel across
the globe with their mobile screen-printing studio.
At the Red Bull Music Academy PORTO HUB, they’ll
be creating a limited edition series of 300 unique
t-shirts. Guests will be able to select their own
combination and placement of designs that will be
available for two exclusive live printing sessions on
the 10th at Plano B and on The 12th of February at
Indústria club.
HIT+RUN have printed works from over 300 artists
including notable contributors such as Kofie, Cody
Hudson, Shepard Fairey, Maya Hayuk, Mear and
Kozyndan.
Damas Aflitas
Damsels in Distress
O Red Bull Music Academy PORTO HUB irá ter
uma colaboração com a galeria Dama Aflita
– que se destaca por ser a única na cidade dedicada
exclusivamente à ilustração e ao desenho, e que é
gerida por ilustradores activos, os mesmos que têm
levado a cultura visual do Porto além-fronteiras.
O espaço do Hub irá receber uma selecção de trabal-
hos do projecto Pandora Complexa. A Dama Aflita,
tal como a Red Bull Music Academy, harmoniza
o que localmente se produz com fenómenos globais
contemporâneos, pelo que esta simbiose se reveste
de todo o sentido.
Red Bull Music Academy PORTO HUB will work in
collaboration with the gallery Dama Aflita – the only
gallery in Oporto that hosts exclusively illustration
works and is managed by active illustrators who have
taken Oporto’s visual culture abroad.
The Hub will showcase a selection of pieces created
by the Pandora Complexa project. As well as Red Bull
Music Academy, Dama Aflita harmonizes what is
locally produced with global contemporary pheno-
mena, making this a relevant partnership.
Um obrigado sincero a todas
as empresas e entidades que
acreditaram no Red Bull Music
Academy – Porto Hub 2011.
A sincere and warm thank you to
all the businesses and organizations
that believed in the Red Bull Music
Academy – Oporto Hub 2011.
Pandora Complexa
Filipe Mesquita
Luís Dourado