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Índice
Capítulo | Página
Capítulo 01 .........................................................................................02
Capítulo 02 .........................................................................................04
Capítulo 03 .........................................................................................06
Capítulo 04 .........................................................................................08
Capítulo 05 .........................................................................................10
Capítulo 06 .........................................................................................13
Capítulo 07 .........................................................................................17
Capítulo 08 .........................................................................................19
Capítulo 09 .........................................................................................21
Capítulo 10 .........................................................................................24
Capítulo 11 .........................................................................................28
Capítulo 12 .........................................................................................32
Capítulo 13 .........................................................................................34
Capítulo 14 .........................................................................................37
Capítulo 15 .........................................................................................40
Capítulo 16 .........................................................................................43
Capítulo 17 .........................................................................................47
Capítulo 18 .........................................................................................49
Capítulo 19 .........................................................................................51
Capítulo 20 .........................................................................................53
Capítulo 21 .........................................................................................55
Capítulo 22 .........................................................................................57
Capítulo 23 .........................................................................................59
Capítulo 24 .........................................................................................62
Sobre a Autora e Agradecimentos......................................................64
2
- Capítulo 01 - Minha história
Me chamo Léia, ainda estou no primeiro ano do ensino médio e
sou do signo de leão o que me faz ser uma pessoa muito orgulhosa e
que naturalmente chama atenção, até quando não quero. Não entenda
por mal, isso é muito ruim. Pois também implica em muitas pessoas
(principalmente garotas) não gostarem de mim, isso também me torna
muito solitária as vezes.
Eu sempre aprendi que você não precisa de ninguém para ser
feliz, que sua felicidade tem que vir de dentro. Mas isso é para
momentos só e ninguém quer passar a vida toda assim, todos
precisamos de alguém.
Moro em uma cidade calma do interior com meu irmão Carlos,
meus pais estão sempre trabalhando, normalmente fora do país, na
verdade meu pai trabalha fora e minha mãe o acompanha, acontece
que também é muito solitário para ele e quando eu e meu irmão
chegamos a uma certa idade, ela decidiu por acompanha-lo e também
conhecer o mundo, não posso reclamar, sempre fizeram de tudo por
nós! Por isso quase sempre somos só nos dois.
Nos damos bem na maioria das vezes, mas ele é meio evasivo,
sempre cuidando da própria vida e não conversamos muito, assim ele
também não é muito protetor, está sempre fechado no próprio mundo.
Ele tem 21 anos e cursa faculdade de Publicidade, justificando as
muitas festas que ele vive frequentando com a justificativa de que está
ganhando público. Carlos é um garoto muito bonito, quase nunca sei o
que se passa em sua mente e nunca o vi com uma namorada.
Minha vida é simples, não tenho muitas amizades, quase sempre
estou na escola ou andando de skate, lá eu fiz alguns amigos e não que
seja o meu talento, mas quando estou em cima de um skate, eu não
sou uma garota cheia de problemas, eu sou o skate e as manobras, sou
o vento que passa no meu rosto e nada existe depois dali.
Minha melhor amiga se chama Elly, ela mora no meu prédio. Ela
é uma irmã para mim! Somos amigas desde muito pequenas, mas a
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gente vem se afastando depois que ela arrumou um namorado virtual,
só fica na frente do computador e no celular. Eles se conheceram por
um acaso, ele gostou da foto dela e adicionou ela, ela se apaixonou por
ele logo de cara e descobriu que ele viria morar na nossa cidade,
começaram a conversar, descobriram coisas em incomum e o inevitável
aconteceu, eles se apaixonaram. Afinal, quem disse que há regras no
amor, não é? Claro que eu apoiei muito, não vou mentir que no início
eu achei lindo, conto de fadas, destino e blá blá blá. Mas é que aí vem
a realidade sabe, e você acha que tudo deveria acontecer com calma.
Mas não é a sua vida. E provavelmente tudo que você está
sentindo pode ser ciúmes e um vazio por não ter o mesmo. Mas eu acho
que é só ciúmes da atenção da minha melhor amiga mesmo, afinal ela
é tudo que eu tenho. A verdade é que essa história vem acontecendo
há uns 3 meses e ele chegou ontem na cidade, amanhã será o primeiro
encontro deles e bom eu só espero do fundo do meu coração que ele
cuide muito bem dela ou irei socar ele.
Eu gosto de esporte e não curto frescuras, faço amizade fácil com
os garotos e eles ficam malucos, pois só quero pregação. Não confio
tanto neles assim e acho que eles curtem o desafio.
Mas não é assim com minhas amigas, sim conheço várias garotas
e até falo com elas. Mas para querer ficar perto de mim é difícil, a
maioria acha que quero roubar seus namorados, não querem minha
amizade por eu não ser "tão feminina" e eu não sou muito de confiar em
qualquer pessoa, por isso a Elly é um anjo para mim, é realmente
alguém que não posso perder, apesar de ter sempre que lidar com as
birras dela, para mim a amizade dela é o mais importante, pois nela eu
sei que posso confiar.
Não espero por um príncipe encantado, espero por um amigo que
esteja disposto a conhecer o mundo comigo, alguém que me entenda,
que saiba aproveitar a vida com a devida seriedade, mas isso é coisa
para o futuro.
4
- Capítulo 02 - Namorando sozinha
Elly era bem diferente de mim, ela era uma morena muito sexy,
os garotos a desejam, mas parece que ela tem dedo podre ou é burrinha
mesmo, confia demais e eles só a magoam, ficavam e largava ela, ela
era diferente de mim. Ela é romântica, acredita sempre no melhor das
pessoas, dava segunda... Terceira... Milésimas chances...
[...] Mas todas pra babacas. Por isso eu vivia protegendo, não deixando
ela namorar, fiquei feliz de ela estar namorando virtualmente, assim ele
estaria em uma distância segura, mas hoje ela iria conhecê-lo
pessoalmente e isso seria um problema ou não, esperava que não.
— Eu não quero ficar de vela Elly!
— Se ele for um maníaco Léia? Help-me!
— Quanto drama, está bem, fica me devendo!
Quando chegamos à sorveteria marcada ele estava lá! Sentado
observando o céu e claro percebi ele admirando também as bundas que
passavam no horizonte. — Que babaca, aquilo ressoava em minha
mente.
O nome dele era Nicolas, ele era loiro, forte, meio alto, olhos
castanhos, um sorriso deslumbrante, não usava roupas da moda, mas
também não era cafona.
Fiquei boquiaberta, voltei a real com a Elly me batendo.
— Léia não seja mal educada! Fale algo.
— Er. Oi. Am...tanto faz, ele não tem calda e chifres, se beijem por
favor!
Elly me olhou sem graça, ele caiu na risada.
— Não me falou sobre sua amiga, nem do senso de humor dela Elly!
5
— Ela não queria acabar o namoro antes de começar!
— Namoro?
O garoto olhou assustado sem saber para quem olhava mesmo,
se para mim ou Elly, fiquei super constrangida e não queria confusão
para o meu lado, pelo menos dessa vez para variar.
— Quer saber? Estou indo, tchau migs, se precisar de ajuda para se
livrar dele avisa que te ligo fingindo um acidente! * falei cochichando e
dei tchau para o Deus grego!
Ele era lindo, mas era área restrita, nosso código de best's era
claro, nada de esquemas e ex-esquemas da outra! Não tive mais
notícias dela o resto do dia, para falar a verdade muito pouco pela
semana, resolvi ir à casa dela!
Como tinha costume fui simplesmente entrando, o que foi uma
droga, peguei os dois transando e ela ficou irada, gritou comigo, me
tratou super mal e eu saí sem olhar para trás! Ele ficou constrangido,
mas ficou lá na dele se enrolando, o que também foi engraçado.
“Como ela podia em uma semana ter dado para ele? ” A pergunta
ressoava em minha mente, sei que não era virgem, mas sabia que ele
não merecia ainda. Eu ainda tinha o pensamento cafona de que sexo
deveria ser com alguém que estivesse na mesma sintonia com você,
que te valorizasse e não era isso que eu sentia vindo dele. Ele me
olhava estranho e não olhava para ela com cara de cachorro sem dono.
Meu pensamento sobre sexo podia até ser careta e antiquado, mas
reflete o que eu também sei sobre ela, que ela estava apaixonada por
ele, mas acredito que ele não.
Alguns dias se passaram e Elly me ligou, me chamou para ir ao
colégio juntas, eu não aceitei. Não até um pedido de desculpas sincero,
eu era orgulhosa, mas não estava fazendo isso por orgulho e sim por
não ser trouxa. Peguei meu skate, coloquei um short jeans curtinho,
uma blusa branca solta, a farda dentro da mochila e passei na pista de
skate antes de ir para escola.
6
- Capítulo 03 - Algo Surge
Há alguns dias eu não ia na pista de skate, a verdade é que com
essa confusão com a Elly eu fiquei meio chateada e decidi me afundar
em casa, na tv e estudar para as provas que se aproximavam. Assim,
quando eu cheguei na pista de skate tive a maior decepção quando
cheguei, o Nicolas estava lá. O Pedro veio logo falar comigo.
O Pedro era um grande amigo, na verdade um grande amigo,
sabia que ele era doido para ficar comigo e ele era um moreno divino,
alto e de olhos verdes, ele tinha braços fortes e uma voz aconchegante,
mas por ele já ter gostado de mim nos limitávamos a amizade. Magoar
pessoas não fazia parte dos meus planos, então se havia envolvimento
emocional era perigo.
—Eae minha gatinha. *Pedro falou me abraçando carinhosamente.
— Oi meu anjo. Beleza?
— Ótimo. Deixa eu te apresentar meu parceiro Nícolas.
— Já conheço a espécie. *fiz cara de nojo.
Nícolas se aproximou.
— Qual é? Estou fedendo não.
— Feder não é tão ruim assim perto de você.
— Qual o seu problema garota?
— Pensa que eu nasci ontem garoto? * falei aumentando a voz e me
aproximando dele continuei...
— Sei que não gosta da Elly, mas já te aviso, você vai se arrepender
se magoar ela. Eu corto seu pinto!
7
Ele colocou as mãos na cabeça por detrás do boné, como se
analisasse a situação.
—Ihh, esquentadinha. Nós só ficamos não temos nada, relaxe. Está
com ciuminho da sua amiga?
— Você é namorado dela! Quer que eu desenhe?
Parti para cima dele, ele me segurou colocando minhas mãos
para trás e me empurrando contra a parede, juntou o corpo ao meu, me
tremi com a sensação, perto o suficiente para sentir seu cheiro, era um
perfume cítrico, combinado perfeitamente com ele que não era nem um
pouco doce. Ele ficou me olhando como se quisesse me beijar, respirou
fundo e olhou bem nos fundos dos meus olhos como se quisesse me
decifrar. Os segundos pareceram parar naquele momento, devo ter
ficado vermelha e ele me olhava sério.
— Olha, não sei o que a Elly te falou. Mas, somos amigos, ficamos
sim, mas em momento nenhum a pedi em namoro. Então vai com
calma, não quero magoar ninguém. E você é marrenta e linda garota!
*falou me soltando aos poucos e sorrindo maliciosamente para mim.
Me perdi alguns segundos olhando como ele era tão mais bonito
assim, de perto.
Ele me soltou e eu fiquei enfurecida. Saí pisando duro e usei o
banheiro para trocar de roupa e fui para escola. O cheiro dele havia
ficado nas minhas mãos. Ele não era só lindo, ele tinha algo diferente,
mas que com toda certeza me dava raiva. Como assim ele tinha a
audácia de falar que não namorava ela? A raiva me consumia aos
poucos e confesso que medo de uma confusão também enchia a minha
mente.
8
- Capítulo 04 - Só não vê quem não quer
Estava em casa vendo filme com o Carlos, quando a campainha toca.
Não estava esperando ninguém, mas era a Elly.
— Oi amiga, posso entrar?
— Pode, entra aí. Já está aqui mesmo. *falei tentando ser grossa
propositalmente.
Ela entrou e ficou alguns segundos observando o Carlos deitado
no sofá. Eu nunca havia entrosado os dois pois ele era muito rebelde,
vivia de farras e como eu disse eu protegia ela, ela já havia me dito que
achava ele bonito e que já tinha reparado na forma que ele olhava para
ela, mas eu tinha medo de perder minha melhor amiga, então sempre
fugia do assunto.
Ele retribuiu o olhar para ela e sorriu.
— Oi linda, nunca mais te vi.
— Oi Carlos. * ela falou sorrindo sem graça.
Fiquei me perguntando de onde surgiu aquele “ oi linda “, mas eu
não era otária, morávamos no mesmo prédio, eles já haviam se
esbarrado por aí.
Resolvi acabar com o clima dele e chamei ela no meu quarto.
Afinal, eu não ia dar corda para eles dois, ela já estava com problemas
suficientes com um garoto, mais um iria só bagunçar mais.
— Léia, quero conversar contigo. Olha, sinto muito por ter te tratado
mal, o Nicolas é um sonho para mim. Nunca namorei um garoto tão
lindo e que me tratasse tão bem.
— Elly, quando ele te pediu em namoro?
— Virtualmente. Já fazem uns 02 meses.
9
— Já pensou que ele pode só ter brincado?
— An? Claro que não, não seja boba garota. Ele é só meu!
— Olha, não foi o que ele me disse.
— Te disse? Onde? Como? Porque estão tão amigos? *Ela me olhava
como se quisesse me matar.
— Não, calma. Foi ontem, na pista de skate. Esbarrei com ele,
totalmente sem querer e discutimos por você, ele me disse que não
eram namorados, só ficavam.
— Você discutiu com ele? Se ele me deixar vai ser culpa sua! Porque
se mete tanto na minha vida?
— Porque sou sua amiga.
— Arggg!
Ela saiu bufando e batendo as portas. Olhei pela brecha da porta,
percebi o Carlos indo atrás dela. Quem sabe ele acalmasse ela, não ia
me meter.
O Carlos era do tipo que não namorava, tinha tido vários lances
já. Era comum garotas lindas dormindo aqui em casa, eu até gostava
pois sempre tinha alguma nova companhia, mas só durava uma vez,
nunca mais as encontrava por aí. Ele era incrivelmente amoroso com
elas, é fácil ser perfeito quando se é temporário, quando se tem aquela
magia, quando não se passa algo difícil juntos, quando se caí na rotina
ou simplesmente quando não há amor e ciúmes atrapalhando nada,
nada para se esperar.
Mas, já conhecia bem ele. E ele não olhava daquele jeito para as
garotas que ele pegava, confesso que era estranho. Esperava estar
enganada, esperava mesmo! Claro que sempre quis alguém que
colocasse juízo nele, mas o que a Elly faria era tirar o que ele já tinha e
vice-versa.
10
- Capítulo 05 - Quando o plano dá certo
Dá para acreditar nisso? Eu devo ser uma completa idiota. Recebi
uma mensagem no whats. Era um número privado, no status tinha
escrito "O mundo gira".
— Oi princesa.
— Quem é?
— Importa?
— Claro que sim. Quem é?
— Um amigo.
— Amigos se identificam. Fala logo garoto.
— Estressadinha.
— Não enche.
Assim ele não falou mais nada, aquilo ficou na minha cabeça. Mas
tinha problemas maiores. Claro que eu estava certa em relação ao
namoro da Elly, mas não ia perder uma amizade por orgulho, ela valia
muito mais para mim.
Então resolvi que conversaria mais uma vez com o Nicolas.
Não foi difícil encontrar ele, mas sim encontrar ele sem ninguém
saber e perceber, descobri que ele era da mesma sala de uma amiga
minha de infância, a Andréia. Bom, não é como se nos falássemos no
recreio, algo assim, mas ela me devia favores, então podia contar com
ela nisso.
Assim, pedi a ela que desse um recado meu a ele, para me
encontrar em uma parte escondida da praça que tem a pista de skate,
expliquei tudo pra Andréia e ela concordou que me ajudaria.
11
O lugar era perfeito, era repleto por plantas com um banco no
meio, era também muito bonito, havia flores e tornava o lugar romântico,
seria lindo, se não fosse o motivo de eu ter escolhido aquele lugar.
Assim, o tempo foi passando e já era de tarde e no horário
combinado ele não estava lá, comecei a ficar zangada, seria bom ele
não ter ido, talvez a Elly estivesse certa e eu não devesse me meter.
Peguei minha mochila e skate, já estava saindo quando ele aparece.
— Oi. Então era verdade...
— Sim, é verdade. Precisamos conversar - não parei para esperar e já
fui falando. Bom, a Elly é minha melhor amiga, você já sabe. Ela está
com raiva de mim porque acha que estou destruindo o namoro de vocês
e antes achei que era porque você é um idiota, provavelmente sim. Mas,
ela é confusa, não enxerga um metro na frente do nariz e eu preciso da
sua ajuda para fazer ela fazer as pazes comigo.
— Está me pedindo um favor?
— Sim, mas não abusa!
— Ok, eu finjo ser namorado dela publicamente, dou um tempo e vejo
no que dá. Mas tenho minhas condições gatinha.
— Qual? E não me chama assim. Não somos íntimos.
— Vai ter que ser minha amiga, deixar de ser tão marrenta. Amigos,
que tal?
— Tá! Mas nada de muito grude, ok?
— Ótimo!
Assim, apertamos as mãos e ele se levantou, fez que ia sair e olhou
para trás dizendo "Você está linda." Corei e ele apenas saiu rindo.
12
Dei um tempo esperando ele sumir de vista e sai, ele não estava
mais na praça. Segui meu caminho para casa e quando cheguei já fui
recebendo ligações da Elly.
— Amigaaa! Ele me pediu em namoro de novo. Você estava certa, ele
tinha só brincado. Desculpa tudo que fiz, sou uma idiota. Obrigada por
cuidar de mim.
— Tudo bem Elly, vê se me ouve mais tá?
— Sempre minha maluca! Desculpa mesmo! Desculpa também ter te
excluído. Vamos combinar algo nesse fim de semana, eu arrumo um
boy para você.
— Qual é Elly, não preciso disso. Mas vamos sim, vai ter uma festa na
casa do Pedro, ele nos convidou, vamos?
— Ok! Te ligo para combinarmos melhor!
13
- Capítulo 06 - Uma mexida faz bem
Eu já disse que nunca fui uma garota muito vaidosa, eu era
abençoada com uma certa beleza sim, mas não era fã de viver de
maquiagem como a maioria das garotas que conhecia, eu tinha
aprendido a aceitar minhas imperfeições como elas eram. Mas hoje eu
tinha uma sensação diferente, uma vontade de estar perfeita, vontade
de sair das sombras e do medo de repararem mais ainda em mim e eu
perder mais amigos ainda. Essa noite eu estaria linda, eu realmente não
iria ligar para ninguém!
E essa noite era um momento certo!
Decidir colocar um vestido sexy colado, azul royal com um decote
médio e as costas um pouco nua, um salto quadrado médio, me
maquiei, deixei meu cabelo bem cacheado.
Essa festa era de aniversário do Pedro, seria em um clube, sabia
que iria bombar.
Desci as escadas, minha família estava na sala vendo filme, já era
umas 22h.
— Ual, que gata! - Carlos falou me olhando de cima a baixo. — Não vai
me convidar não?
— Não é suas festas de 3 dias seguidos não.
— Qual é maninha. – Ele fez bico como que fazendo chantagem
emocional.
— Tudo bem, se veste rápido que eles estão chegando.
De fato, ele foi muito rápido e estava incrivelmente lindo! Dessa vez eu
soltei — Ual.
Meus pais riram e esse foi um daqueles segundos que devíamos
poder congelar na memória, as pessoas que você mais ama no mundo
14
em paz e sorrindo de forma descontraída, todos sem preocupação
alguma.
Não houve espaço para muita conversa pois logo em seguida a
campainha tocou. Era o Nicolas e a Elly. Nicolas disse que ia pedir aos
pais para nos deixarem, afinal éramos menores de idade. Carlos
interrompeu.
— Vocês são menores de idade, eu não. Levo vocês. Vamos!
Não tive como não reparar na Elly observando meu irmão, parecia até
que o Nicolas havia sumido dali.
Elly foi no banco da frente com o Carlos, o que fez Nicolas ir atrás
comigo, mantendo uma boa distância, pois mesmo tão entretida com o
Carlos e soltando risadinhas o tempo todo, ela olhava pelo retrovisor o
Nícolas, como se conferindo se ele permanecia ali, perguntas rodaram
minha mente. Não estava entendendo a Elly.
Nicolas também me observou muito, olhava minhas pernas o que
me dava certos ápices de excitação pelo jeito que ele olhava, era como
se meu corpo entendesse. Era como se ele além de entender quisesse
ele também.
Chegamos e lá já estava lotado. Foi fácil encontrar o Pedro que
estava no palco do DJ. A música eletrônica contaminava as energias,
Elly logo puxou Nicolas. O Carlos eu o perdi de vista desde que
descemos do carro, bom, agora era por minha conta e pra começar eu
ia tomar uns drinks de leve.
O barman era um Deus grego. Puxa, que moreno de olhos
castanhos! Ele estava sem blusa e de gravatinha, bem clichê para um
barman, mas encantava mesmo assim, não aparentava ter mais que 24
e tinha um sorriso desses de comercial.
— Oii, me serve algo leve.
— Aqui não tem nada leve gatinha, nem eu. * Rimos. - Mas, te faço
um coquetel que você vai se apaixonar.
15
— Já estou! Falei babando por ele.
— Oi?
— Nada, relaxa.
Tomei uns 3 enquanto ainda tive uns beijos roubados
discretamente dele e aquele corpo escultural. Depois me bateu um fogo
no corpo que me deu uma vontade louca de dançar, provavelmente
aqueles drinks não eram tão leves assim. Era como se as luzes
atingissem a minha mente! A música contagiava e naquele momento eu
não queria pensar em nada.
Pedro veio dançar comigo e foi muito bom, nós tínhamos uma
intimidade que eu já tinha esquecido.
Ele sabia como me conduzir perfeitamente e quando dei por mim
nos estávamos tão envolvidos que o beijo foi só mais uma
consequência, seu beijo era sexy, inspirador, me senti como se não
houvesse vida depois daquele beijo, suas mãos percorriam meu corpo,
sua boca me beijava e em breves momentos ia ao meu pescoço.
Paramos quando algum idiota bateu tão bruscamente na gente que
nos derrubou no chão.
Não foi difícil reconhecer o idiota, ele se desculpou, mas o Pedro
o empurrou muito sério e o olhou como se quisesse matá-lo, eu também
queria.
— Qual é o problema Nicolas?
— Foi sem querer cara.
Elly não estava com uma cara boa e começou a brigar com o Nícolas
tirando toda a atenção que estava entre ele e Pedro.
Interrompi puxando o Pedro para perto de mim, a angústia tomou
conta do meu peito.
16
— Tudo bem, hoje é seu dia Pedro. Voltei a beijá-lo enquanto as
pessoas ao redor esqueciam tudo.
Aquela música eletrônica me enlouquecia, as luzes deixando tudo
como em câmera lenta e a minha mente tão leve que nada importava,
quem precisa de drogas para ficar bem?
17
Capítulo 07 - Quando tudo não passa de
um sonho
O final da minha noite foi simplesmente incrível. Acordei de
manhã no quarto do Pedro e bom, ele não estava lá. Olhei por debaixo
das cobertas e estava vestida, o que significa que não rolou nada tão
sério e fiquei aliviada. A noite foi incrível, mas normalmente pela manhã
você pensa mais nas consequências, a maior ressaca é a da
consciência.
Confesso que eu não lembrava de ter aceitado ir para casa dele,
mas ali naquela cama estava tão gostoso, aquele quarto com ar
masculino, o sol entrando aos poucos pelas venezianas e minha cabeça
não queria pensar afundei no travesseiro dele que tinha o cheiro dele,
* NÃO POSSO ME APAIXONAR -pensei.
A porta rangeu ao se abrir, era ele, veio com uma bandeja e um
sorriso perfeito.
— Nossa, não faz isso comigo, é para mim? Aiiii... Não quero casar
antes dos 30. *falei fazendo drama.
— Não seja boba Léia. E não seja egoísta, é para gente.
Ele se deitou por cima de mim e das cobertas me abraçando, foi
tão único que eu pensei o motivo de nunca ter querido isso de garoto
algum. Ele afastava meus cabelos bagunçados e dava beijos no meu
pescoço, foi aos poucos deitando ao lado.
— Eu quero aproveitar ao máximo, sei que não vai se repetir. *me
encarou sério rapidamente se virando para bandeja que deixou no
criado mudo e colocando próximo a nós.
Meu celular estava tocando, era a minha mãe.
— Filha, você está onde?
— Mãe dormi na casa da Elly.
18
— E porque a Elly dormiu aqui?
— Eu saí mais cedo, os pais dela estavam dormindo, ela ficou para
voltar com o Carlos.
— Ah, deve ser por isso que ela está no quarto com ele. Ok então,
beijo filha.
Ela não esperou a minha surpresa, desligou.
Pedro tirou minha atenção me beijando. Seu beijo era doce, mas com
desejo. Suas mãos percorriam a minha cintura
Depois da incrível manhã com o Pedro ele foi me deixar em casa,
Pedro era mais velho que eu, por isso já dirigia. Ele estava mais frio
quando me deixou em casa, por isso acabei ficando mais na minha, me
deu um beijo na bochecha quando saiu dizendo — Tchau linda.
Quando cheguei em casa a Elly não estava mais. Será que ela e
o Carlos tinham dormido juntos, assim, literalmente falando tinham
transado, de qualquer forma tinham ficado juntos?
Mas ela que jura amar o Nicolas? Blá! Obvio que não. Mas tudo
pode ter acontecido depois do mico que o Nicolas passou ontem. Fui
pro meu quarto, tirei minha roupa de ontem, coloquei uma blusa solta e
um shorts curto e me deitei na cama.
Ouvi alguém batendo na minha janela que tinha acesso do jardim
do prédio. Fui olhar quem era e era quem eu menos esperava, aliás
nunca esperava ninguém aparecer assim na minha janela.
— Nicolas? Que diabos você está fazendo aqui?
19
Capítulo 08 - Intimidade é um perigo
— Só quero conversar. Por favor!
Ele fez uma cara de dó e não resisti. Ele era tão ... lindo!
Ele entrou e sentou no chão escorando na minha cama, olhava
fixamente para o chão e respirava fundo, como se estivesse com
problemas. O clima ficou meio pesado ele olhou fixo para mim e seus
olhos se encheram de lágrimas.
— O que está acontecendo Nicolas?
— Desculpa, estou com problemas em casa, não sabia para onde ir.
— Que tal sua namorada?
— Eu estou tentando fazer as coisas darem certo, tá? Mas, ela não
me compreende. Parece que sou um capricho dela, a roupa nova que
ela não quer tirar.
— Calma* falei sentado ao seu lado no chão.
— Estou com problemas lá em casa. Meus pais mudaram de cidade
assim de repente porque as coisas não estão boas, sou filho único Léia,
meus pais estão querendo se matar o tempo todo e não tenho a quem
recorrer.
— O Pedro é seu amigo.
— Garanto que não é mais.
— Ué, porque diz isso? Por causa da briga de ontem? Vocês superam
isso!
20
— Pior Léia. Ele não entendeu bem meu esbarro ontem em vocês e
hoje ele falou comigo, bom, ele não quer mais nem me ver pintado de
ouro com bolinhas de diamante.
— Nossa! Calma, também não é assim. Vai dar certo! Por enquanto
você pode contar comigo se precisar de algo.
Ele simplesmente me abraçou, só me abraçou como
agradecimento. Senti uma coisa estranha, não levava garotos para meu
quarto e ele não estava lá como "garoto", mas como amigo. Mas,
também não sei se via ele como amigo, essa era uma grande questão
que se formava em minha mente.
Ele me falou sobre a Elly ter sumido ontem, simplesmente sumiu
na hora do esbarro e hoje falou como se nada tivesse acontecido. É
claro que eu não contei nada a ele, ela era minha amiga. Ele também,
mas por ordem de tempo, eu devia mais fidelidade a Elly.
E mesmo fazendo coisa errada eu não queria perder a amizade dela.
Nicolas foi embora pela janela assim como entrou, tomando
cuidado para ninguém vê-lo. Eu sabia que aquilo era errado, mas não
vi maldade nele e ele estava realmente precisando de uma amiga, eu
sabia melhor que ninguém o quanto isso era importante.
De noite dormi cedo, teria aula no outro dia e não queria ter
problemas, acordei de manhã com uma mensagem no whats daquele
mesmo número desconhecido.
" Acordei pensando só em VOCÊ. Há algo em você que me
transborda. Pode ser o seu cheiro, pode ser a sua voz, pode ser o
simples fato de não te ter aqui. beijos gatinha."
Não sei porque, mas aquilo me tocou.
Mandei centenas de mensagens perguntando quem era e a única
resposta foi "Não tente descobrir, não queremos mais feridos. "
Eu ia descobrir, mesmo que em segredo, ah eu ia.
21
- Capitulo 09 - Há amor no caos
Fui para escola e passei na pista de skate, estava deserta, então
fui segui caminho escola. Chegando lá vi a galera reunida em uma
mesa, estava a Elly, o Nicolas, o Pedro e o Caio.
— Bom dia pessoal. *falei sentando
— Bom dia Léia. * falaram em coro e continuaram a conversa, Pedro
dizia..
— Teremos uma viagem para praia no fim do mês, estão dizendo que
será pra uma praia, teremos aulas de mergulho e pra aprendermos
sobre peixes. Mas, vocês já sabem né? Quem nos controla em uma
praia? Eu tenho muitos planos quanto a isso! Precisamos descobrir
qual a praia e nos planejarmos!
A galera se agitou quando Pedro disse isso. Então tocou e fomos
todos pra sala. Éramos todos da mesma sala e minha sala não era
pequena, tinha muita gente, normalmente ficávamos todos longe. Elly
sempre sentava na frente, aliás ela dormia na frente; os meninos
ficavam bem no fundão, acredito que para verem as bundas das
meninas quando levantavam e pra bagunçar melhor mesmo!
Eu ficava do lado esquerdo da sala, do lado da parede e pelo meio da
sala. Ali eu ficava longe das conversas e me concentrava o suficiente,
estava anotando uma tarefa e uma bolinha me acerta, era do Nícolas:
" Gostaria de conversar com você de novo, hoje sem invadir sua
casa, que tal naquele banco da praça?"
Olhei pra ele sorri e assenti com a cabeça, logo me veio
pensamentos "Se a Elly souber ela me mata."
Eu sempre dei muito valor a amizade da Elly, as vezes me
questionava se ela fazia o mesmo. Mas, ela nunca me abandonava,
isso eu tinha que admitir, as vezes as coisas não são como totalmente
como queremos. Mas como tem de ser.
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Passei o intervalo com a Elly, ela estava diferente, não falava
sobre o Nicolas, não falava sobre garoto nenhum e só falava da viagem,
dizia que não iria, tinha umas coisas pra resolver e que só poderia me
contar depois, definitivamente eu não estava entendendo ela, mas teria
que ter paciência se quisesse.
Tinha combinado com o Nicolas depois da escola, então saí e fui
direto pra lá, fiquei mexendo no celular enquanto pensava, ele chegou
colocando a mão nos meus olhos e eu caí de susto, não caí porque ele
me segurou, o que foi meio tenso pra mim, não tínhamos aquele tipo de
intimidade e eu não queria, por vários motivos, era claro que eu sentia
uma atração grande por ele e isso não poderia acontecer.
Ele foi logo sentando ao meu lado e muito próximo até, o que me fez
afastar um pouco para o lado, mas ele não pareceu se importar.
— Vou ser bem claro. * falou um pouco ríspido e continuou — Vou
acabar com a Elly.
— O que? Está louco? Porque?
— Sinto muito, sua amiga é uma maluca. E eu gosto de outra, não
posso ficar com ela.
— Você pelo menos sabe se a garota gosta de você, mané?
— Não, mas eu preciso tentar! E fala sério, eu não sou obrigado a
namorar ninguém a vida toda né Léia? Principalmente alguém que não
amo, na verdade estou até criando um certo nojo dela.
— Não fale assim da minha amiga! *falei me levantando e aumentando
o tom de voz.
— Certo, não falo. Mas já falei o que vai acontecer, então se prepare.
— Puxa, posso pelo menos tentar dar a notícia a ela?
— Pode, mas isso vai piorar as coisas. *é verdade, da última vez ela
achou que eu vocês acabaram por minha causa, deixe comigo. *Ele
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estranhamente me deu um beijo na bochecha e saiu. Confesso que
sorri ao ver ele saindo e coloquei a mão no rosto, me perdendo em
pensamentos.
Não sabia o que aquele garoto tinha que mexia comigo, mas era zona
de perigo e a Elly nunca me perdoaria.
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Capítulo 10 - Viradas do mundo
Fiquei um tempo ali, pensando em nada. Cheguei em casa, nem
10 min e a Elly chega chorando aos berros.
Sinceramente eu não sabia o que fazer, tentei consolar ela,
mesmo sem dizer palavra alguma. Ela só contava várias vezes o que
tinha acontecido, Nicolas apareceu na sua casa e foi direto ao ponto,
que era que ele não queria mais nada com ela, o motivo? Ele gostava
de outra. A Elly encanou nisso, que ia descobrir quem era a garota, que
não ia desistir dele, que agora iria para viagem, depois dizia que não ia
mais, ela chorava e repetia tudo novamente.
Me sentia mal por saber antes dela, mas não havia o que fazer.
Ela deveria seguir em frente, mas continuava repetindo "Vou descobrir
quem é essa vadia..".
Ela dormiu lá em casa, em meio a prantos.
No outro dia nem foi para a escola, ficou lá em casa e mentiu pra
mãe dela. Nicolas também não apareceu no colégio e o resto da manhã
correu normalmente.
Eu estava me sentindo sozinha, no momento sabe, todo mundo
gostava de alguém e eu não. Na verdade, nunca tinha sentido falta
disso, achava coisa de gente vazia. Mas depois daquele dia com o
Pedro as coisas mudaram, eu não ficava mais com um e outro, eu não
estava ficando com ninguém.
Eu não estava fazendo nada habitualmente, a não ser me
preocupar com a vida da Elly e isso estava me enchendo já. Eu não era
mãe dela.
Hoje ela poderia passar a noite chorando, mas eu iria sair para me
divertir. Quando cheguei em casa ela não estava mais lá, achei melhor
assim e resolvi que daria um tempo a ela.
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Como eu já disse, a única amiga mesmo que eu tinha era a Elly,
mas meu irmão me quebrava galhos as vezes, hoje esse seria um
desses dias, bati na porta dele.
— Carlos preciso de você. *Ele me olhou como se tivesse medo de
fazer a próxima pergunta.
— O que você deseja irmã interesseira?
— Estou com uns problemas...*ele me interrompeu.
—Ei ei, não me mete nas suas furadas. *Falou se jogando na sua cama.
— Relaxa maninho, preciso relaxar.. e sei que você manja dessas
coisas, é que não tenho pra onde ir hoje e preciso relaxar.
— E a Elly?
— A Elly não está bem.
— O que aconteceu com ela?
— Desde quando se importa com ela?
—Er.. nunca! É que é sua amiga, enfim. * fez silêncio por alguns
segundos. — Tudo bem, mais tarde vai ter uma festinha na casa de um
amigo, vai ter bebida, gente que usa drogas, mas é tudo pessoal do
bem. Não vou ficar de babá, por isso você terá que ficar atenta. Te darei
uma das chaves do meu carro, caso fique tarde e você não me ache,
pegue o carro e venha para casa. Ok?
— Ótimo! * Falei saindo do quarto.
— Esteja pronta às 10h.
Estava realmente pronta às 10h. Coloquei uma blusa preta curta
com caveirinhas cravejadas com pedras que ia até um pouco antes do
meu umbigo, um short cintura alta de tecido vinho, que deixava minha
roupa mais alinhada e completei com uma sandália baixa dourada. Me
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maquiei com uma make mais para a noite, caprichando na parte dos
olhos. Recebi várias ligações das Elly, deixei mensagem no whats
dela " Amiga, não to podendo falar agora, estou muito cansada vou
dormir."
Claro que eu me sentia mal por mentir para ela, mas uma parte minha
dizia "Que se fod* eu mereço!"
Carlos não falou muita coisa durante o caminho, parecia que sua
mente estava perdida, eu queria conversar, saber como seria a festa
antes de chegar, mas ele não sequer se deu ao trabalho de me ouvir.
Quando chegamos ele rapidamente sumiu no meio da galera que
dançava ao som de uma música eletrônica alta. O que me fez eu me
perguntar se havia sido boa ideia eu ter ido aquela festa na qual não
conhecia ninguém. Era uma casa normal, grande e a maior parte das
pessoas estavam próxima a piscina, algumas já dentro dela, era cedo
e eu imaginava que ela terminaria com quase todos dentro dela se
questionando o porquê do calor.
Resolvi entrar meio perdida no meio daquelas pessoas,
provavelmente todas mais velhas do que eu, mas eu não parecia tão
nova assim, então dava até pra disfarçar. Procurei onde estava as
bebidas e achei uma mesa com alguns coquetéis, peguei algum
aleatoriamente e sentei em um sofá, sentindo a música.
Um garoto sentou ao meu lado, me virei e ele já me beijou, fiquei
tão sem reação e eu devo admitir que aquele beijo foi tão bom que não
me dei sequer ao trabalho de abrir os olhos para ver quem era. Ainda
de olhos fechados e em meio aquele beijo sensual toquei seus cabelos,
eram lisos e curtos, mas grandes o suficiente para poder enfiar meus
dedos entre eles. Ele tinha uma mão com a bebida e a outra na minha
cintura, o beijo foi se acalmando quando pude olhar para ele.
Não o conhecia e ele tinha um sorriso tão encantador que sorri ao
observa-lo. Ele pegou minha mão e a beijou, como em um filme olhou
em meus olhos e me fitou por alguns segundos.
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— Prazer Felipe. Costumo dizer antes, mas como o risco do fora era
grande, grandes medidas são necessárias.
Eu ri com aquelas palavras e aquela magia vinda dele. Felipe
tinha lindos olhos verdes, que rapidamente me lembrava alguém, ele
tinha um ar de cara maduro, mas um jeitinho menino, tinha um cheiro
de menta, talvez por causa do coquetel que bebia. Hesitei, mas falei:
— Prazer, Léia.
— Nossa, estou realmente com uma princesa. *Ele se ajoelhou a
minha frente, claramente a bebida já tinha efeito sobre ele. — É um
prazer conhecê-la princesa Léia, o que faz aqui em meu humilde lar?
— Ôh! Nossa, essa casa é sua?
— Sim, quem te trouxe?
— Um amigo. * Falei rindo enquanto ele sentava ao meu lado, dessa
vez bem mais próximo e colocando uma perna por trás de mim no
sofá.
Observei que algumas garotas me olhavam. Ele olhou rapidamente ao
redor e vendo meu desconforto falou.
— Relaxe, tenho muitas conhecidas aqui e elas não te conhecem. E
sabe, provavelmente você não quer me dizer quem te trouxe, mas
tenho sensação de te conhecer de algum lugar.
— Espero que não.
— Ué? Coisas a esconder?
— Não, é que gosto de novidades.
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- Capítulo 11 - Indecisão não Resolve
Felipe me beijava com vontade, aquilo me deixava doida. Mas eu
sabia que deveria manter os limites. Quando vimos que o clima estava
quente demais ele me puxou para pegar um coquetel, fiquei pensando
se era a forma dele de me "ganhar mais fácil", mas não, ele estava
querendo liberar mais a tensão do clima em que estávamos.
Felipe era claramente mais velho do que eu, deveria ter a idade
do Carlos. Mas, resolvi não pensar nisso, não importava e era apenas
alguns beijos. Passamos a noite conversando, rindo e ele me contou
várias coisas sobre ele e se espantava por eu não ser uma garota fresca
que só falava de maquiagem.
A noite passou voando e quando eu vi que estava ficando tarde
resolvi ir embora, Felipe resolveu me deixar em casa, ele era um
completo cavalheiro e me levou até a porta, pegou meu número e se
despediu beijando minha mão e gritando ao entrar no elevador "Vou te
ligar". Me deitei na cama com uma sensação muito boa. Será que ele
realmente iria me ligar?
Se não, eu iria.
Acordei no outro dia com duas mensagens, uma do desconhecido
e outra do Felipe, dei um grito de alegria, eu realmente havia gostado
de ficar com ele, primeiro olhei a dele.
"Espero que seu dia seja lindo como você, vamos nos encontrar
de novo? Beijos."
Achei meio clichê, mas valeu. Sabe, tem um algo a mais nele,
algo que me ajudaria a tirar o que eu tenho sentido pelo Nicolas
ultimamente, eu poderia ter ficado com o Pedro e até foi muito bom
mesmo, mas o Pedro ainda é meu amigo e eu não quero perder o que
construímos de bom, tenho medo de machucá-lo.
Depois de pensar muito nisso resolvi ler a do meu "admirador
secreto"...
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" Afinal, até onde você iria por alguém que você ama?"
Mas oras! Respondi logo.
“ Quando a gente ama a gente faz valer a pena. E quem ama de verdade
não se esconde, grita para o mundo. ”
Não houve resposta, ele só visualizou. Ele pensa que vai ficar de
segredinho para sempre e ainda ter a cara de pau de falar de amor?
Será que ele acha que me ama?
Passei o dia trocando mensagens com o Felipe e acabei ficando
muito distante do resto da turma, todos notaram, mas ninguém falou
nada ou puxou assunto comigo sobre isso. Felipe era incrível, era
universitário, estudante de Marketing e Administração, não sei como ele
tinha tempo pra festas ou responder minhas mensagens. O tempo
voava e já era de noite, estava sentada na sala vendo filme. O Carlos
pula no sofá rapidamente me assustando.
— Fiquei sabendo do Felipe. Qual é a sua?
— A minha? Não sei nem qual é a dele.
— Ele é um cara legal Léia e ele é meu amigo, não vai vacilar com ele
viu?
— Tá Carlos, relaxa. Nós só ficamos.
— Bom, pois ele está quase chegando aqui.
— Como é que é? *falei quase engasgando com a pipoca quando a
companhia tocou.
Já era o Felipe e enquanto abria a porta Carlos dizia — Chamei ele
para passar o dia aqui e agitarmos. Algum problema?
Eu travei por alguns segundos, quase engasguei confesso, mas
prossegui..
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— Claro que não! *Falei totalmente sem graça pois Felipe me olhava e
claramente minhas bochechas ficavam vermelhas.
— Oi Léia. *Felipe se dirigiu a mim enquanto eu ficava mais sem graça
ainda e sem vergonha nenhuma me deu um abraço, começando a rir
percebendo que eu estava com uma roupa de dormir e suja de pipoca.
— Oi Felipe. *sorri sem jeito. — Desculpa.
— Relaxa.
Ele piscou para mim enquanto subia para o quarto do Carlos.
Fui direto para o meu quarto me enfiar lá, já bastava aquela
situação, eu não precisava de outra. Tomei um banho, vesti um
vestidinho leve e fiquei no meu quarto pensando em nada quando a
porta abre rapidamente e era o Felipe.
— Oi Felipe, perdeu algo? *falo provocando.
— Desculpa, não conheço a casa e entrei no errado. *ele fala ainda da
porta enquanto eu me levanto e aproximando meu corpo do seu e falo:
— O do Carlos é o segundo da Escada.
Ele me encara e eu o puxo pra dentro do meu quarto já beijando,
tranco a porta, é claro. Ele me joga em cima da minha cama me
beijando.
— É difícil resistir a você sabia?
— Pois não resista. *falo beijando e o puxando mais para cima de
mim.
Entrelaço minhas pernas na dele e beijo seu pescoço, ele
percorre suas mãos pelo meu corpo, tocando alguns lugares levemente
e outros com mais desejo, aquele era um momento de desejo, vontade
e liberdade, meu corpo o queria desde aquela noite, não era errado, era
humano.
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Meu corpo suava, ele já sem blusa levantava meu vestido e me
observava completamente como se eu fosse uma obra de arte, eu não
queria ser admirada, eu queria ser provada. Ele foi tirando minha
calcinha e eu já estava molhada completamente naquela situação,
mesmo assim primeiro ele coloca dois dedos dentro de mim, eu gemo
de dor, nunca tinha ido tão longe, ele me analisa ao perceber a
dificuldade de seus dedos entrarem em mim. Ainda me beijando
sussurra no meu ouvido — Você é virgem?
Minha cabeça balança em tom afirmativo, mas mostro que não me
importo e continuo beijando-o. Mas ele para, beija meu pescoço. — É
melhor não.
— Porque? *falo sem jeito me arrumando.
— Tudo no seu tempo gatinha. * Ele pisca já se vestindo e assim sai
do meu quarto me deixando com aquele gosto de QUERO MAIS. E eu
teria mais.
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- Capítulo 12 - Sem chão e sem juízo
Não tive mais tempo de ver Felipe naquele dia, ele me mandou
várias mensagens, mas eu resolvi dar um tempo e resolvi ir atrás da
Elly, agora ela estava bem, claramente maquinando algo, mas bem.
Contei a ela sobre o Felipe e ela me deu todo apoio, mostrei a foto dele
e ela o achou um gato, ele era. Elly não tinha esquecido o Nicolas, mas
passou da fase de sofrimento para parte da vingança.
Confesso que a curiosidade também estava me perseguindo,
afinal, eu sentia algo por ele, algo que deveria morrer comigo, mas não
podia mentir para mim. Resolvi chamar a Elly para tomar um sorvete,
enquanto ela escolhia o sabor eu fui escolher a mesa, sempre
sentávamos lá fora, tomei um susto quando recebi um beijo na
bochecha de alguém por trás da minha cadeira.
— Oi linda.
— Nossa, que susto garoto. *No mesmo momento Elly vinha e eu
fiquei totalmente sem reação.
O semblante de Elly mudou, claramente ela estava com raiva, mas
manteve a calma e chegou até nós rapidamente forçando simpatia.
— Oi Ni. *falou com um tom carinhoso.
— Oi Elly. Er.. bom, estava só passando, foi bom ver vocês, tchau.
Assim ele saiu, totalmente sem jeito. Em seguida Elly me fuzilou com
seu olhar.
— Desde quando são tão amigos Léia? Não era vocês que viviam
brigando.
— Sei lá Elly, garoto estranho. *falei tentando mudar de assunto, mas
ela não engoliu.
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Fizemos muita coisa o resto da tarde e Elly não falou mais no
Nicolas, tomamos sorvete, fomos a praça de skate e eu andei um
pouco, conversamos com os garotos da pista e assim fomos para casa
já exaustas, mas ainda era 8 horas.
Tomei um bom banho no meu quarto e estava ainda de calcinha
e sutiã quando me deparo com Nicolas na minha janela me olhando,
me enrolei rapidamente na toalha não acreditando nisso, tinha que
começar a trancar minha janela.
— Droga garoto, para com isso, deixa de ser tarado.
Ele me olha com uma cara realmente de safado e ri, como se eu
estivesse brincando.
— Você não entende né?
— Que você é doido? Entendo demais *falo sentando ainda enrolada
na minha cama.
— Não, que eu sou louco por você.
— Louco por mim? Como assim, eu te odeio, não percebe?
Quando dei por mim estava assim, tagarelando coisas sem
sentido, nervosa, como se não tivesse controle das minhas palavras e
nem de mim.
Ele se aproxima, não consigo me segurar. Ele me beija
docemente, é como se o mundo acabasse ali.
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- Capítulo 13 - A gente caí e levanta
O tempo parou ali, nossas mãos se cruzam por alguns instantes
até que ele as sobre e toca meu corpo de leve, mas com firmeza e sinto
nossos corpos se aproximarem, não consigo resistir. É mais forte do
que eu, ele me conduz até me encostar no guarda roupa e a sensação
de que vou perder o controle aumenta mais ainda. Sentir sua respiração
e mim enquanto me beija, suas mãos na minha nuca, nossos corpos
totalmente colados, mas não brigavam entre si, tanto desejo e tanto
carinho contidos ali, entre nós.
Eu não conseguia pensar em nada, só sentir aquela paz me
invadir por inteira e aquele desejo por mais, por mais contato, vontade
de me entregar por inteira. Mas, toda essa magia não durou muito. Me
lembrei de Elly e a lembrança me veio como um choque e nossos
corpos se separaram rapidamente.
— Sinto muito. * Ele ficou ali parado como se não entendesse o motivo
de se desculpar. - É que eu te amo mesmo Léia. *disse como se fossem
suas últimas palavras.
— Não posso Nicolas, você sabe, a Elly, ela te ama.
— E você me ama?
— É melhor você ir embora.
Aquelas palavras doeram mais em mim do que nele. É claro que
eu o amava, a quem eu queria enganar? Mas, era impossível. Eu ia
esquecê-lo. Aquilo foi um erro. Ele foi embora, sem olhar pra trás e acho
que bem no fundo eu queria que ele tivesse olhado pra trás, tivesse dito
algo heroico como...
" Vamos lutar pelo nosso amor."
Aí lembro que eu nem sequer disse que o amava.
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Me perdi em pensamentos. Voltei a real com uma mensagem da
Elly, chamando para dar uma volta com um pessoal, menti dizendo que
estava doente. Até que eu estava, mas era do coração.
Já estava quase dormindo quando recebi mensagens do Felipe,
ele não podia me ver porque estava estudando, mesmo assim
conversamos muito tempo. Ele era tão atencioso, seria minha melhor
chance de seguir em frente e não que eu tivesse muito trabalho com
isso, ele ainda não tinha meu coração, mas tinha meu desejo e minha
admiração.
Não se pode ter tudo. Ou pode?
A dor me consumia ainda ao lembrar de Nicolas, doía tanto que
fiz o que menos imaginei, fui na safra de vinhos do meu pai e peguei e
comecei a tomar alguns goles enquanto conversava com Felipe, ele era
incrível, eu não o merecia.
A conversa foi ficando interessante, comecei realmente a dar em
cima dele, não que isso fosse muito estranho depois de praticamente
termos transado, até onde eu lembro? Até o momento em que acordei
com ele na minha cama, abraçado a mim.
"Droga, droga, droga." Era só o que eu pensava.
Fui me levantando e ele não acordou, olhei para o chão e havia 2 copos
e 3 garravas vazias.
"Droga, droga, droga." Era tudo que vinha na minha mente.
Levei uma roupa paro banheiro e tomei um banho, eu estava
com uma cara horrível e minha cabeça doía muito.
Terminei o banho e sentei ao lado de Felipe que já estava
acordado, ele sorria gentilmente para mim. Rapidamente a imagem de
Nicolas veio a minha mente, balancei a cabeça como tentando afastar
aquela lembrança.
— Não lembra de nada né? *Fala sorrindo. — Até onde você lembra?
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— Me lembro de tomar alguns goles de vinho e conversar com você.
— É, estávamos conversando e você estava muito mal, me contou
várias coisas. Me contou na sua dificuldade de ter boas amigas, porque
os garotos sempre estão em cima de você e elas tem raiva. Contou da
Elly que é sua única amiga de verdade e me contou inclusive que
gostava de um garoto, mas que nunca iria ficar com um ex da sua
amiga, porque ela é mais importante para você. Me contou também que
estava apaixonada por mim, que se tivéssemos filhos eles teriam que
ter minha inteligência, porque eu era incrível. *Por fim ele falou pegando
na minha mão.
— Nossa, eu falei mesmo.
— Não se preocupa, não me aproveitei de você. Quando algo
acontecer quero que você lembre bem.
Confesso que me assustei com a maturidade dele, aquele olhar e
sorriso. Isso era o que eu queria para mim.
Mas uma lembrança brusca do Nicolas veio na minha mente,
balancei a cabeça em uma tentativa louca de fazer aquele pensamento
voar, mas é complicado ficar entre a razão e a emoção. Nem sempre a
gente consegue controlar o que sentimos, quem amamos, mas sempre
podemos decidir nossas atitudes e eu esperava estar tomando a melhor
atitude.
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- Capítulo 14 - O mundo não para e você
descansa
Já descobri que falo demais quando bebo. Mas descobri também
que o Felipe era incrível. Qualquer garoto comum teria se aproveitado
de mim, até porque não é como se eu não quisesse, mas o fato dele
saber disso e ter se controlado mostra que é possível sim ter caráter
nas pessoas, não deveríamos achar comum os que não tem. Vivemos
em um mundo em que as mulheres tem que aprender a serem
responsáveis muito cedo, para que nada ruim aconteça com elas, ver
que caráter ainda existe dá a sensação de que ainda há muitas pessoas
boas no mundo e não devemos perder as esperanças.
Felipe se vestiu e foi para casa pois tinha aula, eu também. Mas
a cabeça doía tanto que preferi relaxar com um bom seriado. Elly
passou a aula conversando comigo pelo celular, contei a ela do Felipe,
o quanto ele era perfeito, ela ficou dizendo que eu o amava. Aquilo
martelou na minha cabeça por um tempo, afinal, eu devia amar?
Fiquei com isso na cabeça e dormi. Meus pais viajariam hoje o que
significava almoço em família e choros da minha parte.
Sabia que não veria mais o Felipe hoje, pois ele passaria o resto
da semana tendo provas e sinceramente eu não o queria atrapalhar,
por mais que eu precisasse daquela companhia para me sentir melhor,
eu não podia ser tão egoísta e só pensar em mim.
O almoço com meus pais foi ótimo, saímos à um clube da cidade
e nossos tios também estavam lá, inclusive minha prima Daniele que
nunca aparece. Deixa eu explicar melhor, Daniele é uma garota
mimada, não que ela seja patricinha ou tenha realmente sido
paparicada demais, é que ela é uma chata mesmo. Acha que é o centro
do mundo, que as ideias dela são as melhores, que o penteado é o da
moda e que todo mundo deve não ser sua amiga, mas segui-la se quiser
ser alguém na vida. Por isso, é muito bom que ela more do outro lado
da cidade e que mal nos vejamos.
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Ainda estávamos no clube e resolvi dar um pulo na piscina e
pegar um sol, eu estava mesmo perdida em pensamentos, então não
fazia falta na conversa. Sentei em uma das cadeiras da piscina e
comecei a passar o bronzeador, até que vi quem eu menos esperava
ali, sim o Nicolas.
Às vezes acho ser conspiração do destino, você pensar tanto em
uma pessoa e ela ficar surgindo ali como se assombração. Alguns
dizem que isso é poder do pensamento, nesse caso poderia ser até do
coração, mas ainda sim me enlouquecia por dentro.
Incrivelmente nossos olhos se encontraram no mesmo momento
e eu fiquei tão sem jeito que ficou mais ainda na cara que eu estava
olhando ele, fiquei mais ainda sem graça e só piorou quando ele
resolveu vir na minha direção com aquele sorriso lindo e sentar ao meu
lado.
— Oi. *Ele me olhou sorrindo, mas já ficando um pouco sério. Me
lembro o porquê.
— Pensei que não ia falar mais comigo. *Falei um tanto sem graça.
— Também pensei, acho que não resisti. Culpa sua, sabia?
Fiquei meio sem jeito novamente e resolvi continuar passando o
protetor rezando que dispersasse a tensão que estava sentindo. Queria
abraçá-lo, beijar, sufocar ele com meu corpo.
— Olha, não precisa ser assim também sabia?
— Como assim?
— As coisas vão mudar, eu sinto. E até lá, podemos bancar "os
amigos".
— Mudar? Agora que eu não entendi mesmo. Não me entenda mal Ní.
É que é difícil para mim ser sua amiga.
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E olhar dele ferveu. Ele me encarou tão firme que eu desviei,
fiquei caçando o chão, a parede ou qualquer coisa e quando dei por
mim ele estava sentado na minha cadeira, com a mão na minha cintura
e um olhar de raiva.
Me senti sem ar.
— Difícil para você? Qual é Léia. Até quando você vai bancar a
criança? A Elly não é boba, ela fica com seu irmão e com quem aparecer
e ainda banca a apaixonada por mim e você acredita feito trouxa. Ela
não liga tanto assim para você não, sabia? Se você quer saber ela é
sua amiga sim, mas tanto faz para ela o que acontece com você desde
que ela esteja bem. Se bem que você não deve estar tão mal. Sua
grande amiga falou que você está até namorando um cara mais velho.
Minha garganta secou e ele parou de falar mais continuou com
aquela cara de raiva como se fosse me atacar a qualquer momento.
Não sabia o que falar. E não precisei já que a Daniele chegou mesmo
na hora sentando na cadeira que ele estava.
— Oi, atrapalho os pombinhos? Pensei que só namorava um cara por
vez Léia.
Nicolas tirou o olhar de mim e me deu espaço. Olhou firmemente pra
Daniele e ela não desviou o olhar.
— Não somos namorados e deixe de ser invejosa. Tchau Léia. Pense
bem.
Ele levantou e saiu sem olhar para trás.
Odiava o veneno da Daniele, mas me salvou dessa vez. Assim,
voltamos para mesa e eu fiquei pior do que já estava.
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- Capítulo 15 - Planejando o implanejável
A choradeira no fim do dia aconteceu como previsto, meus pais
passariam mais alguns meses longe de mim e do meu irmão. Todo
adolescente tem aquele sonho de cuidar da sua vida, ser independente,
trazer quantos amigos quiser para casa, comer o que quiser e ninguém
ficar no seu pé. É ótimo quando isso não é tão frequente, porque
confesso, essa dor que dá quando eles vão embora e eu não tenho para
quem fazer birra ou quem me coloque de castigo pelas minhas
malcriações, que fuzile meu namorado com o olhar porque ele está me
beijando demais na sala [...] são esses pequenos detalhes que me
torturam todos os dias.
O que sempre me ajuda é pensar no que eles fariam ou me diriam
se estivessem aqui. Por exemplo, hoje eu não queria mesmo ir para
aula, aqueles professores ou ter que encarar o Nicolas, na verdade não
estou querendo encarar nem a Elly. É como se o peso da minha
consciência dissesse que ela já sabe o que eu fiz, que fiquei com o
garoto que ela ama e isso me corrói por dentro.
Não queria mais estar nessa confusão entre ela e o Nicolas. Eu
quero as coisas como eram e é o que vou fazer. Assim, rumo a escola.
Tentei fazer daquele dia como os meus antigos e monótonos dias,
coloquei uma calça, uma regata branca e a blusa da farda na mochila,
assim eu poderia dar uma passada na pista de skate, algo que há muito
tempo eu não fazia, basicamente desde que ELE apareceu na minha
vida.
Merendei com o Carlos, que estava com um sorriso de bobo
indescritível. Na verdade, muito estranho ele estar acordado tão cedo e
com um livro já na mesa, ele estudava a tarde e madrugava sem dormir,
aquilo era muito estranho, mas só observei. Ele sempre foi um enigma
para mim, já fomos muito unidos quando criança, mas houve uma época
em que ele simplesmente de afastou de mim e começou a se calar mais,
não perguntava mais sobre o meu dia ou sequer ficava no meu pé
quando eu fazia coisa errada, era sempre como se ele estivesse preso
em seu próprio mundo, falávamos somente quando necessário ou em
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ocasiões específicas, poucas vezes mesmo, quase que
esporadicamente. Mas agora era diferente, se não o conhecesse diria
até que estava apaixonado.
E assim eu segui meu caminho, quando cheguei na pista o Pedro
e outros garotos estavam lá, Pedro estava lindo como sempre. Eu fico
feliz por nossa amizade não ter terminado mesmo após ficarmos, acho
que aquilo foi necessário para entender que apesar de tudo sempre
seríamos somente amigos e mais nada. Fiquei olhando para ele alguns
segundos e me perdi em pensamentos quando ele vem até mim.
— Meu anjo, que saudade, você sumiu. O que houve?
— As coisas estão complexas para mim. Meus pais viajaram ontem,
faltei alguns dias também tentando colocar a cabeça no lugar.
Ele me abraçou calmamente e deu um beijo de leve no meu cabelo.
— Entendo. Muita coisa aconteceu comigo também. Tenho uma garota
especial para te apresentar mais tarde.
— Aí que ótimo, está namorando?
— Ainda é cedo para dizer com todas as palavras, mas ela é especial.
— Não sei se você devia me apresentar, posso estragar algo sabe. A
maioria das garotas não querem minha amizade.
— Ei Léia. Para com isso! Tira isso da sua cabeça. Nem todas são
frescas assim. E você é minha amiga, se alguém não reconhece isso,
é alguém que também não vale a pena. Vamos ver no que dá. Sei que
você está com um namorado, que tal um programa mais tarde?
— Hmmm. Obrigada meu anjo. Seria ótimo, vou combinar com o Felipe.
A gente combina melhor pelo whats. Tudo bem?
— Tudo bem, corre para a aula se não você vai chegar atrasada. Eu
vou logo depois de você, tenho justificativa para me atrasar, vai lá.
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E estava mesmo, mas consegui chegar a tempo. Hoje eu
realmente consegui prestar atenção na aula e não me perdi olhando
para ninguém da sala. Troquei algumas mensagens com a Elly, ela
contou que o Nicolas tinha voltado a parar de falar com ela, por isso ela
estava na bad. Convidei ela para sair de noite com a gente, mas ela não
queria segurar vela e estava muito mal por causa do Nicolas. Aquelas
palavras sempre me doíam, mas se não era para ser não perderia meu
tempo e o melhor, não iria fazer o Felipe perder o tempo dele, faria valer
apena.
Hoje eu queria uma noite especial com o Felipe, se teria algo a
mais com ele eu não sabia, mas antes de sairmos a noite preparei meu
quarto com um bom filme para colocar no play, velas perfumadas,
champanhe e taças. Coloquei algumas fotos nossa também e para não
pegar ele de surpresa, resolvi mandar algumas mensagens para ele
dizendo que a nossa noite se estenderia.
Uma parte minha dizia que eu estava querendo ir muito rápido
com ele e dizia para eu não tomar
43
- Capítulo 16- Quando tudo desmorona
Mesmo o Felipe ainda estando atolado com as provas da semana
convenci ele a sair comigo e a turma, claro que prometendo que
teríamos algo de especial. Eu não estava pensando em apenas sexo,
eu estava pensando principalmente em conexão, oficializar mesmo o
nosso namoro e deixar bem claro ao mundo e principalmente entre nós
que seria sério. Isso não se tratava de uma tentativa de esquecer o
Nicolas, ninguém substitui ninguém. Mas eu sabia que não ficaria com
ele e havia muita coisa no Felipe que me envolvia, seu cheiro, seu toque
suave, sua forma de falar, sua inteligência e ele não me tratava como
uma garota indefesa.
Eu sabia que ainda não era amor, que ele não me amava, mas
sinto a nossa conexão e meu maior desejo nesse momento, era
aumenta-la.
Como combinado eu estaria pronta as 20:00, ele iria vir me buscar
e nos encontraríamos com o Pedro e a namorada em um barzinho novo
que tinha aberto na cidade, tinha karaokê, umas comidas legais, então
nos divertiríamos muito! Seguindo o meu plano o Felipe me levaria em
casa, mas ficaríamos lá: nós, as taças, o vinho e a música romântica
pronta para dar play. O resto seria um mistério, poderia acontecer muita
coisa, inclusive somente uns pegas, não dá para prever tudo.
Coloquei um shortinho simples com pedrinhas e uma blusa
dessas que me deixava fofinha, mas também acentuava meu corpo,
valorizando-o. Meu cabelo estava solto, com uma faixa de cor branca
de detalhes pretos que caia suavemente sobre o meu colo, chamando
atenção para ele.
Foi difícil chegarmos ao barzinho, isso porque acabamos ficando
muito no caminho, confesso que o fogo que estávamos era difícil, seria
impossível irmos para minha casa e não rolar muito mais.
Provavelmente era o que eu queria, vamos ser sinceros, mulheres se
entregam sim se elas sentem que o cara vale a pena. O problema é que
44
nem sempre eles valem e acabamos ficando com uma fama ruim, como
se uma situação nos definisse por completo.
O barzinho estava muito lotado. Foi difícil pegarmos uma mesa boa.
Os garotos pediram bebidas alcoólicas leves e aproveitando o
fluxo eu e a Lívia (namorada do Pedro) pedimos também. A conversa
com eles era ótima, mas eu não era tanto de beber e comecei a ficar
enjoada, querendo disfarçar minha situação chamei a Lívia para ir no
banheiro comigo, algo que foi mais complicado do que pareceu, pois no
meio do povo ela não me acompanhou e como eu já estava bem mal
resolvi deixar ela para trás e ir me segurar no banheiro. Passei uns bons
minutos lá e nada. Me sentindo aquelas grávidas que até o cheiro faz
elas enjoarem, meus olhos se enchiam de lágrimas e nada. Vendo que
eu não estava tão ruim quanto pensei me sentei no vaso, depois de todo
esse tempo que parecia uma eternidade ouvi a voz da Lívia.
— Léia, você está aí?
— Estou sim Lívia. Não estava bem, mas já melhorei, saio já.
— Ok, vou te esperar lá fora que o cheiro aqui não está bom.
Logo saí, me recompus e lavei o rosto. Não achei a Lívia lá fora,
mas procurando fiquei rodando o olhar para ver se a achava. Me
deparei com o Nicolas. Não era mais tanta novidade assim, eu o via em
todos os cantos, pode ser porque era justamente o que eu não queria.
Meu primeiro pensamento foi "Que droga, isso é uma praga,
uma maldição, some da minha vida garoto, não estraga meus
planos e meu coração"... Mas claro que eu não ia dizer isso tudo,
então fui o mais fria que pude e sorri amargamente e já fui saindo.
Eu teria saído é claro, se ele não tivesse puxado minha mão.
— Está tudo bem?
Confesso que não estava tudo tão bem assim, eu estava suando frio.
45
— Estou, tchau. * Falei asperamente esperando que ele me deixasse
em paz.
— É sério, sua cara não tá boa.
— É porque eu não quero olhar para você. *Falei puxando minha mão.
Ele segurou minha mão mais forte e eu puxei bruscamente. O
clima ficou tenso e piorou quando o Felipe apareceu colocando as mãos
no meu ombro.
— Está tudo bem meu anjo?
— Está sim. Vamos? *Falei tentando soar o mais natural possível e
imaginando se ele tinha visto a minha cena com o Nicolas.
Infelizmente na hora que eu estava respondendo o olhar dele
mudou de direção ao Nicolas e o que eu pensei que seria um olhar de
marcação foi bem pior.
— E aí parceiro. *Felipe falou isso tirando rapidamente as mãos dos
meus ombros e abraçando a.f.e.t.u.o.s.a.m.e.n.t.e o Nicolas.
Esse é um daqueles momentos que você quer se enterrar e pensa
que isso não pode piorar, mas acredite, isso sempre piora, pois, o Felipe
já estava chamando o Nicolas para sentar com a gente.
Mas, ainda bem que ele não foi um completo idiota e recusou, o
mais estranho foi que o Felipe e eu saímos dali e ele agiu como se nada
tivesse acontecido de estranho, mas ele não me tratava mais como
namorada, ainda me perguntando de onde eu conhecia o Nicolas,
simplifiquei dizendo que da escola. Mesmo assim ele não pegava mais
na minha mão, não me beijava mais.
Pensamentos do tipo “ O que eu fiz para merecer isso? ”
rodeavam minha mente. Quando chegamos na mesa a Lívia explicou
que veio logo para mesa e pediu que o Felipe tentasse me achar.
46
Não devo nem dizer que o fim da minha noite foi super amarga, o
que era um mar de interesse do Felipe virou um deserto, nem sequer
subindo no meu condomínio porque tinha prova.
Dá para acreditar? Ele sabia tudo que eu tinha planejado e agiu
como se nada estivesse acontecendo e eu fosse uma colega qualquer
e tudo mais. Se bem que qualquer um dá uns pegas em uma colega
gatinha, não é?
O pior é dormir com cara de taxo no meio de velas românticas.
Aquele vazio me destruiu. Eu aparentemente não tinha mais
nada. Pelo visto o Felipe entendeu mais do que pareceu e aquele fora
de leve foi um adeus para sempre, a Elly ia descobrir sobre o Nicolas e
eu perderia ela definitivamente e o Nicolas, bom eu nunca o tive mesmo.
E agora eu tinha certeza de que estava surtando, nesse momento
pedi aos céus que apagasse e dormisse, mas tudo ficava martelando
na minha mente.
47
- Capítulo 17- As coisas podem sim piorar
Não preciso nem dizer que não recebi mais ligações ou
mensagens naquela noite do Felipe. Na verdade, não recebi também
na manhã seguinte, sendo assim resolvi que eu mesma tomaria a
iniciativa e ligaria, mas ele me atendeu como uma amiga qualquer e
aceitou após muita insistência se encontrar comigo pela noite para
conversar.
Eles eram amigos, até aí tudo bem. Mas não era motivo para ele acabar
comigo assim sem mais e nem menos.
Fui para escola ainda com a sensação de que as coisas poderiam
sim melhorar, que eu não deveria ficar na pior sem saber o que
aconteceria mesmo. Essa não era eu e eu não iria ficar assim por
ninguém!
Nenhum garoto merecia isso.
Elly não foi para aula hoje, o que me deixou mais só ainda, até
tentei ligar para ela algumas vezes, fora algumas mensagens. Mas não
consegui ter contato com ela.
Estava com aquela sensação de alívio quando bate o sinal para
ir embora, resolvi me mandar logo pra casa, nada de passar na pista de
skate ou em qualquer outro lugar, nada de me meter em encrencas.
Não que isso tenha resolvido algo, pois quando chego em casa lá
está o Nicolas esperando por mim. A minha boca trava, a barriga
congela, aquela vontade de sumir é tudo que eu tenho.
— Oi. * Ele diz simplesmente, como se fosse super natural ele me
esperar ali.
— Oi Nicolas. O que você quer aqui? *Entrei na onda dele, tentando
parecer o mais natural possível.
48
— Vim me desculpar Léia. Desculpa ter falado com você daquele jeito.
Você sabe que eu te am...
Nesse momento a Elly abre a minha porta saindo lá de dentro e
escuta justamente a palavra que não deveria escutar, na verdade nem
eu queria escutar aquilo, ignorar uma vez foi difícil, mais difícil ainda foi
a cara da Elly de ódio.
Pior foi que ela não fez barraco algum, ela passou por ele e
chegou bem perto de mim dizendo de forma ameaçadora " Fique longe
de mim sua cobra traiçoeira, agora sei porque ninguém te quer por
perto."
Aquilo doeu, fiquei sem reação.
Lágrimas caíram do meu rosto e comecei a chorar sem força
alguma para segurar. Tanto que eu lutei e perdi tudo assim em questão
de segundos.
Nicolas tentou me abraçar, disse algo como "vai passar". Eu a
conhecia, não iria passar nem hoje, nem amanhã e nem NUNCA, nem
que eu me ajoelhasse aos pés dela.
49
- Capítulo 18- Por um outro ângulo
Sou um completo idiota. Eu sei disso. Como posso gostar de uma
garota assim e ficar atrás dela quando ela já deixou bem claro que não
dá para ela?
Como posso ter visto ela namorando um dos meus melhores
amigos e ainda ir pedir desculpas porque eu sei que ela gosta dele, mas
ele me ligou para saber a real e eu disse a verdade: sou louco por ela.
E agora sei que ele também não vai ficar com ela, mas eu também não
vou. Ainda mais agora que estraguei tudo entre ela e a única amiga
dela, tudo que ela me pediu desde o início que não fizesse.
Mas não aguentei ver a Elly manipulando ela, será que ela não
via que ela estava saindo da casa dela não porque estava a esperando,
mas porque estava com ele. Se ela tinha o corpo e o coração livre para
amar, porque a amiga não? Eu não era propriedade dela e ela não me
amava como dizia!
Mas não era assim que a Léia via [...]
Eu queria abraçá-la naquele momento, fazer ela entender tudo.
Mas ela me fez ir embora, ela estava em prantos e meu coração
parecia que estava sendo esmagado por aquela angústia.
Como fazer ela entender que eu amo ela? Que os olhos dela me
aqueciam, que a personalidade forte dela ardia dentro de mim, me
trazendo sensações tão desconhecidas, vontade de agarrá-la, de ter ela
nos meus braços. Como fazer ela entender que desde que eu a vi pela
primeira vez não consigo parar de pensar nela, como um
arrependimento bom, desses que não sai da sua cabeça, mas se você
pudesse faria de novo e de novo..
Como fazer ela entender que eu era louco por ela e que a
melhor amiga dela que era uma idiota?
50
Mas eu fui embora, fui porque ela teria que ver com os próprios
olhos. Nem que isso doesse.
Naquele momento eu não podia passar dali, me sentia mal por ter
feito mal a ela. E naquele momento por mais que eu quisesse, eu não
a faria bem algum.
As vezes a gente tem que enxergar com nossos próprios
olhos para ver a luz.
Passou-se uma semana e eu não tive mais notícias da Elly e
nem da Léia. Aquilo estava me consumindo, eu fazia tudo pensando
nela, pensando no abraço dela, no som da risada dela e até quando
ela falava grosso comigo.
O amor é uma loucura, é coisa pra loucos e corajosos.
Eu não era louco.
Então devia ser corajoso.
Pensei em todos os planos possíveis, gravar a Elly com o Carlos,
fazer ela assumir para mim tudo que ela fez. Mas eu não fiz nada e isso
me fez sentir um inútil.
Mas eu não poderia ficar só sofrendo e vendo quem eu amo
sofrer, eu iria atrás dela.
51
- Capítulo 19- Fugir
Cansei de pensar em uma solução, iria embora. Fugir disso tudo,
chega de Elly, de Nicolas e de tudo mais. Chega! Sabia que estava
fugindo, mas porque não? Meus pais tinham dinheiro, poderia estudar
fora e ter uma educação melhor, quem precisa de amigos e amor? Bom,
eu precisava. Mas poderia recomeçar.
Ninguém gosta de mim? São todos invejosos, eu sou linda, faço
de tudo pelos meus amigos...
Eu só queria ser feliz...
Mas quem eu queria enganar? Eu só queria ser aceita. Eu só
queria ter tomado decisões melhores e ter controlado o meu coração.
Afinal, será que isso é possível? Será que há um momento racional em
que escolhemos por quem sentimos aquele frio na barriga?
[...]
Liguei para os meus pais, contei como eu queria estudar fora e
em como isso seria importante para mim, moraria com eles. Carlos não
disse muita coisa, na verdade estava mais calado que o normal, como
perdido em outro mundo. Confesso que me magoou a indiferença dele,
como assim nem ele se importava comigo? Sei que não somos os mais
ligados do mundo, mas nem uma palavra? Quanto mais eu decidia fugir,
mais ainda doía meu coração e mais coragem eu tomava!
Não fui mais para a escola naquela semana. Consegui fazer
minha tia me desmatricular e todo o resto que precisava.
O Felipe? Bom, ele sumiu. Era o que eu merecia por ser tão
trouxa. Tudo que eu recebi dele foram umas mensagens de texto
pedindo desculpas, que não tinha mais como sair comigo. Eu estava
gostando tanto dele e ele não teve sequer coragem de me dar um fora
pessoalmente.
52
Na verdade, tudo que eu recebi foram indignações do Carlos
como se eu tivesse quebrado o coração do seu lindo amigo ~ sinta o
sarcasmo. O Nicolas, ele bateu na minha porta várias vezes, como
fechei a janela do meu quarto ele nunca mais me surpreendeu.
Era o fim, o fim de tudo que batalhei para conquistar, mas também
de todo o meu sofrimento. As minhas malas já estavam arrumadas, as
passagens compradas, tudo iria se resolver, seria uma vida nova! Iria
viajar para a capital primeiro, de lá iria pegar a viagem para fora. Meus
pais estão na Alemanha e é para lá que eu vou.
Não me despedi de ninguém. Despedir de quem?
Na verdade, eu queria me despedir, mas não deveria. A vida é
assim, não controlamos o que acontece e muito menos nosso coração,
amor é pros corajosos ..
Eu estava sentada esperando o avião, seria o último passo para
uma nova vida. Tento por alguns instantes gravar aquele momento em
minha mente, como uma lembrança do momento que decidi ter uma
vida nova, como uma lembrança da minha coragem!
Fechei os olhos por alguns segundos, quando escuto meu nome
sendo chamado, rapidamente meu coração palpita e abro os olhos em
desespero e susto! Era ELE .. o Nícolas.
53
- Capítulo 20 - Última chance | Mudando o
ângulo novamente |
Como dizer que eu passei uma semana correndo atrás da Léia e
sendo ignorado? Como dizer que ela virou as costas para mim
incontáveis vezes e eu não consegui desistir dela?
Como dizer a sensação que eu tive quando estava saindo para
tomar um sorvete com o Felipe, pensando que iria desistir dela e vejo
ela subindo naquele carro com o Carlos e repleta de malas. Eu entendi
tudo, mas não consegui correr o suficiente para eles me verem.
Tentei ligar várias vezes, celulares desligados. Mesmo o do Carlos.
"Que bosta é essa?" Estava nervoso, não sabia o que
fazer... Duas horas depois chega o Carlos, confesso que bateria nele
se ele não me contasse, mas ele contou facilmente o pior. ELA iria
embora. Ela desistiu de nós.
Não pensei duas vezes, comprei umas rosas, que clichê deve
ser. Ir de encontro a alguém que não te quer de jeito nenhum, com um
buquê de rosas, esperando que milagrosamente ela desistisse de ir
embora e ficasse comigo para sempre. Já deve ter um filme disso.
Mas não importa, eu tinha que pelo menos tentar! As lágrimas
escorriam pelo meu rosto, não conseguia controlar, ela me veria como
um menino chorão, mas talvez é o que eu sou nesse momento.
Sorri ao avistá-la, ela parecia tão calma, queria desistir, deixar ela
seguir o caminho dela...
Mas não consegui, meu amor era desesperado, não calmo.
54
Devo ter parecido um idiota completo naquela hora que ela
continuou sentada, me olhando, vi suas lágrimas caírem e as minhas
desabaram novamente.
Me ajoelhei aos seus pés, não conseguia falar nada bonito.. E
nenhuma frase perfeita.
Em meio a soluços algumas frases, tudo que eu conseguia.
"Fica, por favor, a gente vai superar juntos, não tenho muita coisa
para dizer, só fica!"
55
- Capítulo 21- Finalmente juntos
Não consegui ir embora, como não percebi que o amava tanto?
Logo eu que desisti dele pela Elly e ela quem mais saiu magoada.
Mas, naquele momento só consegui ficar com ele..
Ele realmente parecia um menino chorão, mas qual o problema
se ali eu também era uma menina chorona? Uma menina que não
entende como tudo deu tão errado até ali... uma menina que estava tão
desesperada que resolveu desistir de tudo ao invés de lutar pelo que
acreditava.
Não fui para casa, fomos para casa dele, ficamos juntos, nos
beijamos tanto, era tão mágico. Queria aquele momento para sempre.
Queria só ficar ali com ele, sem conversas, só abraços e beijos. Mas
uma hora eu teria que enfrentar a realidade, mas estava decidida, minha
realidade seria com ele.
Conversamos muito, Nicolas queria que eu entendesse que a Elly
era uma garota egoísta. Eu confesso que ali, naquele momento eu
finalmente conseguia ver isso, mas também conseguia ver outra coisa...
[.. ] Que ela sempre esteve comigo em todos os momentos. Por mais
egoísta, mimada ou qualquer coisa que ela fosse eu ainda queria ela do
meu lado, mas eu não iria correr atrás dela como fiz até agora. Correr
atrás de alguém que não admite seus erros é a pior das falhas.
Demorei muito a entender, mas quando a maior das confusões
acontece entre pessoas tão diferentes, significa que as duas precisam
de espaço. Espaço para poder entender tudo que aconteceu até ali, não
adianta pedidos de desculpa ou nenhum drama.
A gente ia acabar se resolvendo e eu já sabia o que fazer!
56
Voltei para casa, Carlos não entendeu nada. Mas acho que ele
estava entendendo bem as coisas demais e preferiu ser sonso, do que
ser forte e encarar a realidade. Eu indo embora a Elly ficaria com o
Carlos de boa e era isso que ele queria, porque ele também gostava
dela e acho que ela também gostava dele, mas sua obsessão pelo
Nicolas nos levou até aqui.
Agora eu também entendia porque ele não fez questão de que eu
ficasse e agiu como se estivesse me apoiando, mesmo vendo o quanto
eu estava sofrendo.
Voltei para casa como se não houvesse nada entre eu e o Nícolas
e armaria uma situação, nela eu iria passar um final de semana fora
para espairecer, deixaria a janela do meu quarto aberta e entraria, com
sorte pegaria os dois juntos.
Nicolas concordou comigo, ele quis ir junto e também
desmascarar os dois, ele estava como eu, ele não queria confusão,
apenas que cada um ficasse com quem ama e fim, sem lenga lenga.
Quem diria que a ideia do Nicolas de entrar no meu quarto fosse ser o
fim disso tudo.
Quer dizer, espero que seja né "o fim" ...
57
- Capítulo 22 - Não é feio amar, é feio fingir
que ama
Como planejado entrei no meu quarto sorrateiramente fui
andando pela casa e Nicolas vinha pouco atrás de mim com muita
cautela. A ideia principal era que eu os flagrasse, não ele.
Foi mais fácil do que pareceu encontrar eles, a porta do quarto do
Carlos estava aberta e eles estavam já peladões pronto pro ato.
— Que bonito em? *Disse sorrindo, pois não consegui ter outra reação.
e continuei ...
— Deve estar doendo muito amar o Nicolas não é Elly?
Os dois me olharam estagnados, a vontade de rir daquilo tudo era
maior ainda...
Dei sinal para o Nicolas não vir para o quarto, não seria tão
interessante pra ele ver os dois pelados, mas nesse nível das coisas,
talvez ele risse como eu. Naquele momento eu tinha muitas alternativas:
eu podia sair, bancar a vítima e esperar um dos dois me explicar tudo
ou a melhor escolha que era ficar ali e exigir que eles parassem de ser
tão ridículos.
Senti raiva naquele momento, queria voar nos cabelos da Elly,
chamar ela de porca, vadia, ridícula... queria odiar ela, queria odiar o
Carlos também por saber de tudo e esconder de tudo, por deixar eu ir
embora como se eu não significasse nada para ninguém.
— Vocês são dois ridículos, se merecem. Pensei que família
significasse alguma coisa pra você Carlos.., assim como pensei que
amizade significasse pra você Elly.
Naquele momento Elly já estava vestida, me ouvia sem reação, mas
ela voltou como num passe de mágica.
— Não! Eu amo o Nicolas e você roubou ele de mim!
58
Aquilo me doeu, era tudo mentira. Como eu não vi? Abaixei a
cabeça como se aceitasse e levantei novamente com um sorriso de
ódio...
— É? Há quanto tempo você dá para o Carlos amando o Nícolas?
— E você Carlos, há quanto tempo sabe de toda essa confusão e não
me contou nada?
— Não eu amo o Nicolas sua vadia, idiota! * nesse momento ela tentou
avançar em mim, mas o Carlos segurou seu braço firme.
— Chega Elly! Deixa de palhaçada... já fomos longe demais.
Carlos se aproximou de mim e como se precisasse de toda a
força do mundo para falar continuou ...
— Eu, eu .. eu amo a Elly, escondi tudo por ela, por achar que ela amava
mesmo o Nicolas, que eu era só mais um, também achava que ela era
só mais uma, que não devia me meter nisso tudo, que era só sexo.. Que
não precisava saber do que acontecia entre vocês e esse garoto aí...
Nesse momento Nicolas já estava ao meu lado segurando minha
mão, meu corpo estremeceu nesse momento, era a hora da verdade.
Elly estava sem palavras e se sentou como se as palavras do
Carlos tirassem suas forças e ela mesma não entendesse mais nada,
ela não era uma criança, devia entender tudo que fez. Mas ela
continuava olhando extasiada para o Nicolas, como se não entendesse
nada. Como se nem eu e nem o Carlos estivéssemos ali quando ele
apareceu .. Mas algo aconteceu, pois ela se debruçou em lágrimas e eu
decidi que era a hora de sairmos dali.
Então eu e o Nicolas fomos para o meu quarto, que eu tranquei.
Carlos só ficou lá abraçando ela.
59
- Capítulo 23- Todo drama merece um fim
Como eu queria guardar toda aquela dor que estava sentindo
dentro de um pote e jogá-lo bem longe, quem sabe no fundo de um
oceano, onde nem os aventureiros pudessem encontrar. Mas não é
simples assim, todos sabemos, as decepções são guardadas sempre
dentro de nós e devemos ser corajosos se quisermos que ela um dia se
vá.
E se por algum acaso não houver essa coragem, ela sempre
ficará lá dentro de nós.
Já havia se passado algumas semanas desde que tudo aquilo
havia acontecido. Carlos ficava trancado naquele quarto, se saia era em
algum lapso da noite e quando passava por mim dentro de casa seus
olhos estavam sempre inchados, me faltava sempre coragem para falar
algo, minha garganta secava e a oportunidade passava, houve
momentos que bati em sua porta, mas ele nunca abria.
Mudei de escola e parece que todos sabiam o que tinha
acontecido, pois ninguém me parava na rua para fazer perguntas,
normalmente só falavam e como eu, eles também fugiam de toda essa
história.
Estava tudo bem entre mim e Nicolas, era o único momento em
que o peso sumia de mim. Pois ele sempre me acalmava mostrando
que nada disso era culpa minha.
Mas era culpa minha essa história ainda não ter tido um fim.
E era dever meu dar a ela seu devido fim, não o fim que eu
gostaria, pois não sou Deus e nem dona da vida de ninguém. Mas assim
como eu tomei as dores que eu não merecia, eu deveria tomar coragem
e acabar com tudo. Não ficar em silêncios eternos, dizem que ele nos
faz sábios, mas também nos deixa paralisados.
60
Meu primeiro passo deveria ser com ela, onde tudo começou.
Bati em sua porta, a mãe dela me atendeu.
— Boa tarde dona Fran. Onde está a Elly? Gostaria de falar com ela.
— Ainda bem que você está aqui meu amor. - Disse ela com toda
doçura de quem não sabia de nada. — Minha Elly só faz chorar e
apodrecer naquele quarto, queria levar ao médico. Mas ela não sai para
absolutamente nada. Não sei o que fazer.
— Não se preocupa, vai dar tudo certo, vou entrar no quarto dela para
falar com ela.
Entrei lá e ela estava deitada na cama, fones de ouvidos e o
quarto todo fechado, até fedia como se não visse sol há dias.
Com seus olhos inchados ela me olhou e sem forças pra falar
nada simplesmente chorou sem som algum. Sentei ao lado da cama
dela e me escorei na parede ao fim dos pés dela.
Tomei coragem para falar, a garganta travou, mas um grito
também saiu dentro de mim e tomei coragem.
— Oi Elly. Primeiro, não vim aqui para drama. Sabe, não vim aqui como
vilã ou heroína. Vim aqui como ser humano. Como pessoa que sofreu
com tudo isso, mas que também não tomou as melhores decisões. Não
sou louca de esquecer todos os nossos anos de amizade e como você
esteve ao meu lado em todos os momentos, assim como estive do seu.
Eu não sei como tudo isso começou, mas é hora de ter um fim, para
poder ter uma continuação, porque não é justo com todos os nossos
anos de amizade passarmos pela rua como se fossemos estranhas, ou
pior inimigas. Algo que eu nunca serei sua. É por isso que hoje eu estou
perdoando você, estou me perdoando também por tudo que fiz e estou
perdoando o Carlos por tudo que ele fez também.
Nesse momento ela já estava sentada, estática olhando para mim
e sem perceber a abracei. Ela me abraçou também e senti mais
lágrimas caindo no meu ombro. Ficamos ali por um momento.
61
Me levantei quebrando aquele momento e olhei bem em seus
olhos, agora mais amavelmente.
— Se recomponha, tome um banho e respire. Tem alguém lá em casa
que está sentindo muito a sua falta, que está podre de fedido que nem
você e só sabe chorar. Vocês são iguaizinhos mesmo, que merda! *Fiz
cara de nojinho e achei graça. E ela riu baixinho.
Abri as janelas do quarto e sai.
Passei o resto da tarde fazendo trabalho, tentando me
concentrar devo dizer. Alguns dias se passaram e não encontrei mais
a Elly, mas acho que ela encontrou o Carlos, pois ele saiu do quarto,
estava parecendo gente. Mas não ficavam mais lá em casa. Eu não os
via juntos nem por ai, mas tudo bem, a parte mais difícil já havia
passado.
62
- Capítulo 24 - Escolhas fazem a diferença,
mas esse não é o fim.
Era sábado, Nicolas estava lá na minha cama e ainda era umas
6:00 da manhã, ele dormia como um anjo. Me levantei e abri a porta do
quarto do Carlos, ele dormia profundamente.
Liguei pra Elly, ela parecia surpresa, mas a chamei para almoçar
todos juntos aqui, iria preparar tudo, mas que ela trouxesse suco de
acerola que eu amava, ela concordou feliz.
Fiz uma lasanha, eu não era nenhuma profissional na cozinha,
mas confesso que isso eu sabia fazer. Por volta das 10 da manhã
acordei o Carlos, disse que teríamos que almoçar todos juntos (não
mencionei a Elly), acordei o Nicolas e fomos todos para cozinha.
A essa altura o Nícolas e o Carlos já estavam bem, só faltava a
Elly, não era justo não estarmos todos juntos normalmente, como
deveria ser. A companhia tocou e disse ao Carlos que era do interesse
dele atender. Ele ficou sem entender, mas foi abrir, curioso
provavelmente.
Era ela com os sucos na mão. Ele se atrapalhou totalmente
tentando ajudá-la com os sucos,
Até parecia aqueles filmes de TV.
Mas vi a felicidade estampada em seu rosto e ali mesmo, pela
primeira vez eles se beijaram na nossa frente, naturalmente, como tudo
deveria ser. O resto da manhã correu bem, juntos éramos alegres,
vivos. Agora que tudo estava em seu lugar, eu não consegui dormir
direito confesso, eles fizeram muito barulho aquela noite, e eu rindo
comigo pensava que talvez não devesse ter tornado tudo "natural".
Mas eu não sentia falta do drama.
63
Porque a vida da gente só se torna drama quando permitimos, e
só permanece se não tivermos coragem suficiente para tomarmos
escolhas. É de escolhas que vivemos.
E esse não é o fim de uma história, mas talvez o momento em
que tudo realmente tenha começado com os prumos apontados para o
norte.
FIM.
64
Sobre a Autora e Agradecimentos
Mayara é uma amante das palavras, escreve por hobby. Em seu
primeiro livro de temática adolescente ela busca captar o sentimento do
medo, da dúvida, da entrega do coração e todo o drama que isso pode
causar, afinal o amor é sempre uma nova descoberta.
Agradeço a todos que dedicaram um tempo a conhecer Elly e Léia
e a viver com elas a descoberta do amor.
@mayaratextos @mayarakellyb
mayara.kelly2@hotmail.com

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  • 1.
  • 2. 1 Índice Capítulo | Página Capítulo 01 .........................................................................................02 Capítulo 02 .........................................................................................04 Capítulo 03 .........................................................................................06 Capítulo 04 .........................................................................................08 Capítulo 05 .........................................................................................10 Capítulo 06 .........................................................................................13 Capítulo 07 .........................................................................................17 Capítulo 08 .........................................................................................19 Capítulo 09 .........................................................................................21 Capítulo 10 .........................................................................................24 Capítulo 11 .........................................................................................28 Capítulo 12 .........................................................................................32 Capítulo 13 .........................................................................................34 Capítulo 14 .........................................................................................37 Capítulo 15 .........................................................................................40 Capítulo 16 .........................................................................................43 Capítulo 17 .........................................................................................47 Capítulo 18 .........................................................................................49 Capítulo 19 .........................................................................................51 Capítulo 20 .........................................................................................53 Capítulo 21 .........................................................................................55 Capítulo 22 .........................................................................................57 Capítulo 23 .........................................................................................59 Capítulo 24 .........................................................................................62 Sobre a Autora e Agradecimentos......................................................64
  • 3. 2 - Capítulo 01 - Minha história Me chamo Léia, ainda estou no primeiro ano do ensino médio e sou do signo de leão o que me faz ser uma pessoa muito orgulhosa e que naturalmente chama atenção, até quando não quero. Não entenda por mal, isso é muito ruim. Pois também implica em muitas pessoas (principalmente garotas) não gostarem de mim, isso também me torna muito solitária as vezes. Eu sempre aprendi que você não precisa de ninguém para ser feliz, que sua felicidade tem que vir de dentro. Mas isso é para momentos só e ninguém quer passar a vida toda assim, todos precisamos de alguém. Moro em uma cidade calma do interior com meu irmão Carlos, meus pais estão sempre trabalhando, normalmente fora do país, na verdade meu pai trabalha fora e minha mãe o acompanha, acontece que também é muito solitário para ele e quando eu e meu irmão chegamos a uma certa idade, ela decidiu por acompanha-lo e também conhecer o mundo, não posso reclamar, sempre fizeram de tudo por nós! Por isso quase sempre somos só nos dois. Nos damos bem na maioria das vezes, mas ele é meio evasivo, sempre cuidando da própria vida e não conversamos muito, assim ele também não é muito protetor, está sempre fechado no próprio mundo. Ele tem 21 anos e cursa faculdade de Publicidade, justificando as muitas festas que ele vive frequentando com a justificativa de que está ganhando público. Carlos é um garoto muito bonito, quase nunca sei o que se passa em sua mente e nunca o vi com uma namorada. Minha vida é simples, não tenho muitas amizades, quase sempre estou na escola ou andando de skate, lá eu fiz alguns amigos e não que seja o meu talento, mas quando estou em cima de um skate, eu não sou uma garota cheia de problemas, eu sou o skate e as manobras, sou o vento que passa no meu rosto e nada existe depois dali. Minha melhor amiga se chama Elly, ela mora no meu prédio. Ela é uma irmã para mim! Somos amigas desde muito pequenas, mas a
  • 4. 3 gente vem se afastando depois que ela arrumou um namorado virtual, só fica na frente do computador e no celular. Eles se conheceram por um acaso, ele gostou da foto dela e adicionou ela, ela se apaixonou por ele logo de cara e descobriu que ele viria morar na nossa cidade, começaram a conversar, descobriram coisas em incomum e o inevitável aconteceu, eles se apaixonaram. Afinal, quem disse que há regras no amor, não é? Claro que eu apoiei muito, não vou mentir que no início eu achei lindo, conto de fadas, destino e blá blá blá. Mas é que aí vem a realidade sabe, e você acha que tudo deveria acontecer com calma. Mas não é a sua vida. E provavelmente tudo que você está sentindo pode ser ciúmes e um vazio por não ter o mesmo. Mas eu acho que é só ciúmes da atenção da minha melhor amiga mesmo, afinal ela é tudo que eu tenho. A verdade é que essa história vem acontecendo há uns 3 meses e ele chegou ontem na cidade, amanhã será o primeiro encontro deles e bom eu só espero do fundo do meu coração que ele cuide muito bem dela ou irei socar ele. Eu gosto de esporte e não curto frescuras, faço amizade fácil com os garotos e eles ficam malucos, pois só quero pregação. Não confio tanto neles assim e acho que eles curtem o desafio. Mas não é assim com minhas amigas, sim conheço várias garotas e até falo com elas. Mas para querer ficar perto de mim é difícil, a maioria acha que quero roubar seus namorados, não querem minha amizade por eu não ser "tão feminina" e eu não sou muito de confiar em qualquer pessoa, por isso a Elly é um anjo para mim, é realmente alguém que não posso perder, apesar de ter sempre que lidar com as birras dela, para mim a amizade dela é o mais importante, pois nela eu sei que posso confiar. Não espero por um príncipe encantado, espero por um amigo que esteja disposto a conhecer o mundo comigo, alguém que me entenda, que saiba aproveitar a vida com a devida seriedade, mas isso é coisa para o futuro.
  • 5. 4 - Capítulo 02 - Namorando sozinha Elly era bem diferente de mim, ela era uma morena muito sexy, os garotos a desejam, mas parece que ela tem dedo podre ou é burrinha mesmo, confia demais e eles só a magoam, ficavam e largava ela, ela era diferente de mim. Ela é romântica, acredita sempre no melhor das pessoas, dava segunda... Terceira... Milésimas chances... [...] Mas todas pra babacas. Por isso eu vivia protegendo, não deixando ela namorar, fiquei feliz de ela estar namorando virtualmente, assim ele estaria em uma distância segura, mas hoje ela iria conhecê-lo pessoalmente e isso seria um problema ou não, esperava que não. — Eu não quero ficar de vela Elly! — Se ele for um maníaco Léia? Help-me! — Quanto drama, está bem, fica me devendo! Quando chegamos à sorveteria marcada ele estava lá! Sentado observando o céu e claro percebi ele admirando também as bundas que passavam no horizonte. — Que babaca, aquilo ressoava em minha mente. O nome dele era Nicolas, ele era loiro, forte, meio alto, olhos castanhos, um sorriso deslumbrante, não usava roupas da moda, mas também não era cafona. Fiquei boquiaberta, voltei a real com a Elly me batendo. — Léia não seja mal educada! Fale algo. — Er. Oi. Am...tanto faz, ele não tem calda e chifres, se beijem por favor! Elly me olhou sem graça, ele caiu na risada. — Não me falou sobre sua amiga, nem do senso de humor dela Elly!
  • 6. 5 — Ela não queria acabar o namoro antes de começar! — Namoro? O garoto olhou assustado sem saber para quem olhava mesmo, se para mim ou Elly, fiquei super constrangida e não queria confusão para o meu lado, pelo menos dessa vez para variar. — Quer saber? Estou indo, tchau migs, se precisar de ajuda para se livrar dele avisa que te ligo fingindo um acidente! * falei cochichando e dei tchau para o Deus grego! Ele era lindo, mas era área restrita, nosso código de best's era claro, nada de esquemas e ex-esquemas da outra! Não tive mais notícias dela o resto do dia, para falar a verdade muito pouco pela semana, resolvi ir à casa dela! Como tinha costume fui simplesmente entrando, o que foi uma droga, peguei os dois transando e ela ficou irada, gritou comigo, me tratou super mal e eu saí sem olhar para trás! Ele ficou constrangido, mas ficou lá na dele se enrolando, o que também foi engraçado. “Como ela podia em uma semana ter dado para ele? ” A pergunta ressoava em minha mente, sei que não era virgem, mas sabia que ele não merecia ainda. Eu ainda tinha o pensamento cafona de que sexo deveria ser com alguém que estivesse na mesma sintonia com você, que te valorizasse e não era isso que eu sentia vindo dele. Ele me olhava estranho e não olhava para ela com cara de cachorro sem dono. Meu pensamento sobre sexo podia até ser careta e antiquado, mas reflete o que eu também sei sobre ela, que ela estava apaixonada por ele, mas acredito que ele não. Alguns dias se passaram e Elly me ligou, me chamou para ir ao colégio juntas, eu não aceitei. Não até um pedido de desculpas sincero, eu era orgulhosa, mas não estava fazendo isso por orgulho e sim por não ser trouxa. Peguei meu skate, coloquei um short jeans curtinho, uma blusa branca solta, a farda dentro da mochila e passei na pista de skate antes de ir para escola.
  • 7. 6 - Capítulo 03 - Algo Surge Há alguns dias eu não ia na pista de skate, a verdade é que com essa confusão com a Elly eu fiquei meio chateada e decidi me afundar em casa, na tv e estudar para as provas que se aproximavam. Assim, quando eu cheguei na pista de skate tive a maior decepção quando cheguei, o Nicolas estava lá. O Pedro veio logo falar comigo. O Pedro era um grande amigo, na verdade um grande amigo, sabia que ele era doido para ficar comigo e ele era um moreno divino, alto e de olhos verdes, ele tinha braços fortes e uma voz aconchegante, mas por ele já ter gostado de mim nos limitávamos a amizade. Magoar pessoas não fazia parte dos meus planos, então se havia envolvimento emocional era perigo. —Eae minha gatinha. *Pedro falou me abraçando carinhosamente. — Oi meu anjo. Beleza? — Ótimo. Deixa eu te apresentar meu parceiro Nícolas. — Já conheço a espécie. *fiz cara de nojo. Nícolas se aproximou. — Qual é? Estou fedendo não. — Feder não é tão ruim assim perto de você. — Qual o seu problema garota? — Pensa que eu nasci ontem garoto? * falei aumentando a voz e me aproximando dele continuei... — Sei que não gosta da Elly, mas já te aviso, você vai se arrepender se magoar ela. Eu corto seu pinto!
  • 8. 7 Ele colocou as mãos na cabeça por detrás do boné, como se analisasse a situação. —Ihh, esquentadinha. Nós só ficamos não temos nada, relaxe. Está com ciuminho da sua amiga? — Você é namorado dela! Quer que eu desenhe? Parti para cima dele, ele me segurou colocando minhas mãos para trás e me empurrando contra a parede, juntou o corpo ao meu, me tremi com a sensação, perto o suficiente para sentir seu cheiro, era um perfume cítrico, combinado perfeitamente com ele que não era nem um pouco doce. Ele ficou me olhando como se quisesse me beijar, respirou fundo e olhou bem nos fundos dos meus olhos como se quisesse me decifrar. Os segundos pareceram parar naquele momento, devo ter ficado vermelha e ele me olhava sério. — Olha, não sei o que a Elly te falou. Mas, somos amigos, ficamos sim, mas em momento nenhum a pedi em namoro. Então vai com calma, não quero magoar ninguém. E você é marrenta e linda garota! *falou me soltando aos poucos e sorrindo maliciosamente para mim. Me perdi alguns segundos olhando como ele era tão mais bonito assim, de perto. Ele me soltou e eu fiquei enfurecida. Saí pisando duro e usei o banheiro para trocar de roupa e fui para escola. O cheiro dele havia ficado nas minhas mãos. Ele não era só lindo, ele tinha algo diferente, mas que com toda certeza me dava raiva. Como assim ele tinha a audácia de falar que não namorava ela? A raiva me consumia aos poucos e confesso que medo de uma confusão também enchia a minha mente.
  • 9. 8 - Capítulo 04 - Só não vê quem não quer Estava em casa vendo filme com o Carlos, quando a campainha toca. Não estava esperando ninguém, mas era a Elly. — Oi amiga, posso entrar? — Pode, entra aí. Já está aqui mesmo. *falei tentando ser grossa propositalmente. Ela entrou e ficou alguns segundos observando o Carlos deitado no sofá. Eu nunca havia entrosado os dois pois ele era muito rebelde, vivia de farras e como eu disse eu protegia ela, ela já havia me dito que achava ele bonito e que já tinha reparado na forma que ele olhava para ela, mas eu tinha medo de perder minha melhor amiga, então sempre fugia do assunto. Ele retribuiu o olhar para ela e sorriu. — Oi linda, nunca mais te vi. — Oi Carlos. * ela falou sorrindo sem graça. Fiquei me perguntando de onde surgiu aquele “ oi linda “, mas eu não era otária, morávamos no mesmo prédio, eles já haviam se esbarrado por aí. Resolvi acabar com o clima dele e chamei ela no meu quarto. Afinal, eu não ia dar corda para eles dois, ela já estava com problemas suficientes com um garoto, mais um iria só bagunçar mais. — Léia, quero conversar contigo. Olha, sinto muito por ter te tratado mal, o Nicolas é um sonho para mim. Nunca namorei um garoto tão lindo e que me tratasse tão bem. — Elly, quando ele te pediu em namoro? — Virtualmente. Já fazem uns 02 meses.
  • 10. 9 — Já pensou que ele pode só ter brincado? — An? Claro que não, não seja boba garota. Ele é só meu! — Olha, não foi o que ele me disse. — Te disse? Onde? Como? Porque estão tão amigos? *Ela me olhava como se quisesse me matar. — Não, calma. Foi ontem, na pista de skate. Esbarrei com ele, totalmente sem querer e discutimos por você, ele me disse que não eram namorados, só ficavam. — Você discutiu com ele? Se ele me deixar vai ser culpa sua! Porque se mete tanto na minha vida? — Porque sou sua amiga. — Arggg! Ela saiu bufando e batendo as portas. Olhei pela brecha da porta, percebi o Carlos indo atrás dela. Quem sabe ele acalmasse ela, não ia me meter. O Carlos era do tipo que não namorava, tinha tido vários lances já. Era comum garotas lindas dormindo aqui em casa, eu até gostava pois sempre tinha alguma nova companhia, mas só durava uma vez, nunca mais as encontrava por aí. Ele era incrivelmente amoroso com elas, é fácil ser perfeito quando se é temporário, quando se tem aquela magia, quando não se passa algo difícil juntos, quando se caí na rotina ou simplesmente quando não há amor e ciúmes atrapalhando nada, nada para se esperar. Mas, já conhecia bem ele. E ele não olhava daquele jeito para as garotas que ele pegava, confesso que era estranho. Esperava estar enganada, esperava mesmo! Claro que sempre quis alguém que colocasse juízo nele, mas o que a Elly faria era tirar o que ele já tinha e vice-versa.
  • 11. 10 - Capítulo 05 - Quando o plano dá certo Dá para acreditar nisso? Eu devo ser uma completa idiota. Recebi uma mensagem no whats. Era um número privado, no status tinha escrito "O mundo gira". — Oi princesa. — Quem é? — Importa? — Claro que sim. Quem é? — Um amigo. — Amigos se identificam. Fala logo garoto. — Estressadinha. — Não enche. Assim ele não falou mais nada, aquilo ficou na minha cabeça. Mas tinha problemas maiores. Claro que eu estava certa em relação ao namoro da Elly, mas não ia perder uma amizade por orgulho, ela valia muito mais para mim. Então resolvi que conversaria mais uma vez com o Nicolas. Não foi difícil encontrar ele, mas sim encontrar ele sem ninguém saber e perceber, descobri que ele era da mesma sala de uma amiga minha de infância, a Andréia. Bom, não é como se nos falássemos no recreio, algo assim, mas ela me devia favores, então podia contar com ela nisso. Assim, pedi a ela que desse um recado meu a ele, para me encontrar em uma parte escondida da praça que tem a pista de skate, expliquei tudo pra Andréia e ela concordou que me ajudaria.
  • 12. 11 O lugar era perfeito, era repleto por plantas com um banco no meio, era também muito bonito, havia flores e tornava o lugar romântico, seria lindo, se não fosse o motivo de eu ter escolhido aquele lugar. Assim, o tempo foi passando e já era de tarde e no horário combinado ele não estava lá, comecei a ficar zangada, seria bom ele não ter ido, talvez a Elly estivesse certa e eu não devesse me meter. Peguei minha mochila e skate, já estava saindo quando ele aparece. — Oi. Então era verdade... — Sim, é verdade. Precisamos conversar - não parei para esperar e já fui falando. Bom, a Elly é minha melhor amiga, você já sabe. Ela está com raiva de mim porque acha que estou destruindo o namoro de vocês e antes achei que era porque você é um idiota, provavelmente sim. Mas, ela é confusa, não enxerga um metro na frente do nariz e eu preciso da sua ajuda para fazer ela fazer as pazes comigo. — Está me pedindo um favor? — Sim, mas não abusa! — Ok, eu finjo ser namorado dela publicamente, dou um tempo e vejo no que dá. Mas tenho minhas condições gatinha. — Qual? E não me chama assim. Não somos íntimos. — Vai ter que ser minha amiga, deixar de ser tão marrenta. Amigos, que tal? — Tá! Mas nada de muito grude, ok? — Ótimo! Assim, apertamos as mãos e ele se levantou, fez que ia sair e olhou para trás dizendo "Você está linda." Corei e ele apenas saiu rindo.
  • 13. 12 Dei um tempo esperando ele sumir de vista e sai, ele não estava mais na praça. Segui meu caminho para casa e quando cheguei já fui recebendo ligações da Elly. — Amigaaa! Ele me pediu em namoro de novo. Você estava certa, ele tinha só brincado. Desculpa tudo que fiz, sou uma idiota. Obrigada por cuidar de mim. — Tudo bem Elly, vê se me ouve mais tá? — Sempre minha maluca! Desculpa mesmo! Desculpa também ter te excluído. Vamos combinar algo nesse fim de semana, eu arrumo um boy para você. — Qual é Elly, não preciso disso. Mas vamos sim, vai ter uma festa na casa do Pedro, ele nos convidou, vamos? — Ok! Te ligo para combinarmos melhor!
  • 14. 13 - Capítulo 06 - Uma mexida faz bem Eu já disse que nunca fui uma garota muito vaidosa, eu era abençoada com uma certa beleza sim, mas não era fã de viver de maquiagem como a maioria das garotas que conhecia, eu tinha aprendido a aceitar minhas imperfeições como elas eram. Mas hoje eu tinha uma sensação diferente, uma vontade de estar perfeita, vontade de sair das sombras e do medo de repararem mais ainda em mim e eu perder mais amigos ainda. Essa noite eu estaria linda, eu realmente não iria ligar para ninguém! E essa noite era um momento certo! Decidir colocar um vestido sexy colado, azul royal com um decote médio e as costas um pouco nua, um salto quadrado médio, me maquiei, deixei meu cabelo bem cacheado. Essa festa era de aniversário do Pedro, seria em um clube, sabia que iria bombar. Desci as escadas, minha família estava na sala vendo filme, já era umas 22h. — Ual, que gata! - Carlos falou me olhando de cima a baixo. — Não vai me convidar não? — Não é suas festas de 3 dias seguidos não. — Qual é maninha. – Ele fez bico como que fazendo chantagem emocional. — Tudo bem, se veste rápido que eles estão chegando. De fato, ele foi muito rápido e estava incrivelmente lindo! Dessa vez eu soltei — Ual. Meus pais riram e esse foi um daqueles segundos que devíamos poder congelar na memória, as pessoas que você mais ama no mundo
  • 15. 14 em paz e sorrindo de forma descontraída, todos sem preocupação alguma. Não houve espaço para muita conversa pois logo em seguida a campainha tocou. Era o Nicolas e a Elly. Nicolas disse que ia pedir aos pais para nos deixarem, afinal éramos menores de idade. Carlos interrompeu. — Vocês são menores de idade, eu não. Levo vocês. Vamos! Não tive como não reparar na Elly observando meu irmão, parecia até que o Nicolas havia sumido dali. Elly foi no banco da frente com o Carlos, o que fez Nicolas ir atrás comigo, mantendo uma boa distância, pois mesmo tão entretida com o Carlos e soltando risadinhas o tempo todo, ela olhava pelo retrovisor o Nícolas, como se conferindo se ele permanecia ali, perguntas rodaram minha mente. Não estava entendendo a Elly. Nicolas também me observou muito, olhava minhas pernas o que me dava certos ápices de excitação pelo jeito que ele olhava, era como se meu corpo entendesse. Era como se ele além de entender quisesse ele também. Chegamos e lá já estava lotado. Foi fácil encontrar o Pedro que estava no palco do DJ. A música eletrônica contaminava as energias, Elly logo puxou Nicolas. O Carlos eu o perdi de vista desde que descemos do carro, bom, agora era por minha conta e pra começar eu ia tomar uns drinks de leve. O barman era um Deus grego. Puxa, que moreno de olhos castanhos! Ele estava sem blusa e de gravatinha, bem clichê para um barman, mas encantava mesmo assim, não aparentava ter mais que 24 e tinha um sorriso desses de comercial. — Oii, me serve algo leve. — Aqui não tem nada leve gatinha, nem eu. * Rimos. - Mas, te faço um coquetel que você vai se apaixonar.
  • 16. 15 — Já estou! Falei babando por ele. — Oi? — Nada, relaxa. Tomei uns 3 enquanto ainda tive uns beijos roubados discretamente dele e aquele corpo escultural. Depois me bateu um fogo no corpo que me deu uma vontade louca de dançar, provavelmente aqueles drinks não eram tão leves assim. Era como se as luzes atingissem a minha mente! A música contagiava e naquele momento eu não queria pensar em nada. Pedro veio dançar comigo e foi muito bom, nós tínhamos uma intimidade que eu já tinha esquecido. Ele sabia como me conduzir perfeitamente e quando dei por mim nos estávamos tão envolvidos que o beijo foi só mais uma consequência, seu beijo era sexy, inspirador, me senti como se não houvesse vida depois daquele beijo, suas mãos percorriam meu corpo, sua boca me beijava e em breves momentos ia ao meu pescoço. Paramos quando algum idiota bateu tão bruscamente na gente que nos derrubou no chão. Não foi difícil reconhecer o idiota, ele se desculpou, mas o Pedro o empurrou muito sério e o olhou como se quisesse matá-lo, eu também queria. — Qual é o problema Nicolas? — Foi sem querer cara. Elly não estava com uma cara boa e começou a brigar com o Nícolas tirando toda a atenção que estava entre ele e Pedro. Interrompi puxando o Pedro para perto de mim, a angústia tomou conta do meu peito.
  • 17. 16 — Tudo bem, hoje é seu dia Pedro. Voltei a beijá-lo enquanto as pessoas ao redor esqueciam tudo. Aquela música eletrônica me enlouquecia, as luzes deixando tudo como em câmera lenta e a minha mente tão leve que nada importava, quem precisa de drogas para ficar bem?
  • 18. 17 Capítulo 07 - Quando tudo não passa de um sonho O final da minha noite foi simplesmente incrível. Acordei de manhã no quarto do Pedro e bom, ele não estava lá. Olhei por debaixo das cobertas e estava vestida, o que significa que não rolou nada tão sério e fiquei aliviada. A noite foi incrível, mas normalmente pela manhã você pensa mais nas consequências, a maior ressaca é a da consciência. Confesso que eu não lembrava de ter aceitado ir para casa dele, mas ali naquela cama estava tão gostoso, aquele quarto com ar masculino, o sol entrando aos poucos pelas venezianas e minha cabeça não queria pensar afundei no travesseiro dele que tinha o cheiro dele, * NÃO POSSO ME APAIXONAR -pensei. A porta rangeu ao se abrir, era ele, veio com uma bandeja e um sorriso perfeito. — Nossa, não faz isso comigo, é para mim? Aiiii... Não quero casar antes dos 30. *falei fazendo drama. — Não seja boba Léia. E não seja egoísta, é para gente. Ele se deitou por cima de mim e das cobertas me abraçando, foi tão único que eu pensei o motivo de nunca ter querido isso de garoto algum. Ele afastava meus cabelos bagunçados e dava beijos no meu pescoço, foi aos poucos deitando ao lado. — Eu quero aproveitar ao máximo, sei que não vai se repetir. *me encarou sério rapidamente se virando para bandeja que deixou no criado mudo e colocando próximo a nós. Meu celular estava tocando, era a minha mãe. — Filha, você está onde? — Mãe dormi na casa da Elly.
  • 19. 18 — E porque a Elly dormiu aqui? — Eu saí mais cedo, os pais dela estavam dormindo, ela ficou para voltar com o Carlos. — Ah, deve ser por isso que ela está no quarto com ele. Ok então, beijo filha. Ela não esperou a minha surpresa, desligou. Pedro tirou minha atenção me beijando. Seu beijo era doce, mas com desejo. Suas mãos percorriam a minha cintura Depois da incrível manhã com o Pedro ele foi me deixar em casa, Pedro era mais velho que eu, por isso já dirigia. Ele estava mais frio quando me deixou em casa, por isso acabei ficando mais na minha, me deu um beijo na bochecha quando saiu dizendo — Tchau linda. Quando cheguei em casa a Elly não estava mais. Será que ela e o Carlos tinham dormido juntos, assim, literalmente falando tinham transado, de qualquer forma tinham ficado juntos? Mas ela que jura amar o Nicolas? Blá! Obvio que não. Mas tudo pode ter acontecido depois do mico que o Nicolas passou ontem. Fui pro meu quarto, tirei minha roupa de ontem, coloquei uma blusa solta e um shorts curto e me deitei na cama. Ouvi alguém batendo na minha janela que tinha acesso do jardim do prédio. Fui olhar quem era e era quem eu menos esperava, aliás nunca esperava ninguém aparecer assim na minha janela. — Nicolas? Que diabos você está fazendo aqui?
  • 20. 19 Capítulo 08 - Intimidade é um perigo — Só quero conversar. Por favor! Ele fez uma cara de dó e não resisti. Ele era tão ... lindo! Ele entrou e sentou no chão escorando na minha cama, olhava fixamente para o chão e respirava fundo, como se estivesse com problemas. O clima ficou meio pesado ele olhou fixo para mim e seus olhos se encheram de lágrimas. — O que está acontecendo Nicolas? — Desculpa, estou com problemas em casa, não sabia para onde ir. — Que tal sua namorada? — Eu estou tentando fazer as coisas darem certo, tá? Mas, ela não me compreende. Parece que sou um capricho dela, a roupa nova que ela não quer tirar. — Calma* falei sentado ao seu lado no chão. — Estou com problemas lá em casa. Meus pais mudaram de cidade assim de repente porque as coisas não estão boas, sou filho único Léia, meus pais estão querendo se matar o tempo todo e não tenho a quem recorrer. — O Pedro é seu amigo. — Garanto que não é mais. — Ué, porque diz isso? Por causa da briga de ontem? Vocês superam isso!
  • 21. 20 — Pior Léia. Ele não entendeu bem meu esbarro ontem em vocês e hoje ele falou comigo, bom, ele não quer mais nem me ver pintado de ouro com bolinhas de diamante. — Nossa! Calma, também não é assim. Vai dar certo! Por enquanto você pode contar comigo se precisar de algo. Ele simplesmente me abraçou, só me abraçou como agradecimento. Senti uma coisa estranha, não levava garotos para meu quarto e ele não estava lá como "garoto", mas como amigo. Mas, também não sei se via ele como amigo, essa era uma grande questão que se formava em minha mente. Ele me falou sobre a Elly ter sumido ontem, simplesmente sumiu na hora do esbarro e hoje falou como se nada tivesse acontecido. É claro que eu não contei nada a ele, ela era minha amiga. Ele também, mas por ordem de tempo, eu devia mais fidelidade a Elly. E mesmo fazendo coisa errada eu não queria perder a amizade dela. Nicolas foi embora pela janela assim como entrou, tomando cuidado para ninguém vê-lo. Eu sabia que aquilo era errado, mas não vi maldade nele e ele estava realmente precisando de uma amiga, eu sabia melhor que ninguém o quanto isso era importante. De noite dormi cedo, teria aula no outro dia e não queria ter problemas, acordei de manhã com uma mensagem no whats daquele mesmo número desconhecido. " Acordei pensando só em VOCÊ. Há algo em você que me transborda. Pode ser o seu cheiro, pode ser a sua voz, pode ser o simples fato de não te ter aqui. beijos gatinha." Não sei porque, mas aquilo me tocou. Mandei centenas de mensagens perguntando quem era e a única resposta foi "Não tente descobrir, não queremos mais feridos. " Eu ia descobrir, mesmo que em segredo, ah eu ia.
  • 22. 21 - Capitulo 09 - Há amor no caos Fui para escola e passei na pista de skate, estava deserta, então fui segui caminho escola. Chegando lá vi a galera reunida em uma mesa, estava a Elly, o Nicolas, o Pedro e o Caio. — Bom dia pessoal. *falei sentando — Bom dia Léia. * falaram em coro e continuaram a conversa, Pedro dizia.. — Teremos uma viagem para praia no fim do mês, estão dizendo que será pra uma praia, teremos aulas de mergulho e pra aprendermos sobre peixes. Mas, vocês já sabem né? Quem nos controla em uma praia? Eu tenho muitos planos quanto a isso! Precisamos descobrir qual a praia e nos planejarmos! A galera se agitou quando Pedro disse isso. Então tocou e fomos todos pra sala. Éramos todos da mesma sala e minha sala não era pequena, tinha muita gente, normalmente ficávamos todos longe. Elly sempre sentava na frente, aliás ela dormia na frente; os meninos ficavam bem no fundão, acredito que para verem as bundas das meninas quando levantavam e pra bagunçar melhor mesmo! Eu ficava do lado esquerdo da sala, do lado da parede e pelo meio da sala. Ali eu ficava longe das conversas e me concentrava o suficiente, estava anotando uma tarefa e uma bolinha me acerta, era do Nícolas: " Gostaria de conversar com você de novo, hoje sem invadir sua casa, que tal naquele banco da praça?" Olhei pra ele sorri e assenti com a cabeça, logo me veio pensamentos "Se a Elly souber ela me mata." Eu sempre dei muito valor a amizade da Elly, as vezes me questionava se ela fazia o mesmo. Mas, ela nunca me abandonava, isso eu tinha que admitir, as vezes as coisas não são como totalmente como queremos. Mas como tem de ser.
  • 23. 22 Passei o intervalo com a Elly, ela estava diferente, não falava sobre o Nicolas, não falava sobre garoto nenhum e só falava da viagem, dizia que não iria, tinha umas coisas pra resolver e que só poderia me contar depois, definitivamente eu não estava entendendo ela, mas teria que ter paciência se quisesse. Tinha combinado com o Nicolas depois da escola, então saí e fui direto pra lá, fiquei mexendo no celular enquanto pensava, ele chegou colocando a mão nos meus olhos e eu caí de susto, não caí porque ele me segurou, o que foi meio tenso pra mim, não tínhamos aquele tipo de intimidade e eu não queria, por vários motivos, era claro que eu sentia uma atração grande por ele e isso não poderia acontecer. Ele foi logo sentando ao meu lado e muito próximo até, o que me fez afastar um pouco para o lado, mas ele não pareceu se importar. — Vou ser bem claro. * falou um pouco ríspido e continuou — Vou acabar com a Elly. — O que? Está louco? Porque? — Sinto muito, sua amiga é uma maluca. E eu gosto de outra, não posso ficar com ela. — Você pelo menos sabe se a garota gosta de você, mané? — Não, mas eu preciso tentar! E fala sério, eu não sou obrigado a namorar ninguém a vida toda né Léia? Principalmente alguém que não amo, na verdade estou até criando um certo nojo dela. — Não fale assim da minha amiga! *falei me levantando e aumentando o tom de voz. — Certo, não falo. Mas já falei o que vai acontecer, então se prepare. — Puxa, posso pelo menos tentar dar a notícia a ela? — Pode, mas isso vai piorar as coisas. *é verdade, da última vez ela achou que eu vocês acabaram por minha causa, deixe comigo. *Ele
  • 24. 23 estranhamente me deu um beijo na bochecha e saiu. Confesso que sorri ao ver ele saindo e coloquei a mão no rosto, me perdendo em pensamentos. Não sabia o que aquele garoto tinha que mexia comigo, mas era zona de perigo e a Elly nunca me perdoaria.
  • 25. 24 Capítulo 10 - Viradas do mundo Fiquei um tempo ali, pensando em nada. Cheguei em casa, nem 10 min e a Elly chega chorando aos berros. Sinceramente eu não sabia o que fazer, tentei consolar ela, mesmo sem dizer palavra alguma. Ela só contava várias vezes o que tinha acontecido, Nicolas apareceu na sua casa e foi direto ao ponto, que era que ele não queria mais nada com ela, o motivo? Ele gostava de outra. A Elly encanou nisso, que ia descobrir quem era a garota, que não ia desistir dele, que agora iria para viagem, depois dizia que não ia mais, ela chorava e repetia tudo novamente. Me sentia mal por saber antes dela, mas não havia o que fazer. Ela deveria seguir em frente, mas continuava repetindo "Vou descobrir quem é essa vadia..". Ela dormiu lá em casa, em meio a prantos. No outro dia nem foi para a escola, ficou lá em casa e mentiu pra mãe dela. Nicolas também não apareceu no colégio e o resto da manhã correu normalmente. Eu estava me sentindo sozinha, no momento sabe, todo mundo gostava de alguém e eu não. Na verdade, nunca tinha sentido falta disso, achava coisa de gente vazia. Mas depois daquele dia com o Pedro as coisas mudaram, eu não ficava mais com um e outro, eu não estava ficando com ninguém. Eu não estava fazendo nada habitualmente, a não ser me preocupar com a vida da Elly e isso estava me enchendo já. Eu não era mãe dela. Hoje ela poderia passar a noite chorando, mas eu iria sair para me divertir. Quando cheguei em casa ela não estava mais lá, achei melhor assim e resolvi que daria um tempo a ela.
  • 26. 25 Como eu já disse, a única amiga mesmo que eu tinha era a Elly, mas meu irmão me quebrava galhos as vezes, hoje esse seria um desses dias, bati na porta dele. — Carlos preciso de você. *Ele me olhou como se tivesse medo de fazer a próxima pergunta. — O que você deseja irmã interesseira? — Estou com uns problemas...*ele me interrompeu. —Ei ei, não me mete nas suas furadas. *Falou se jogando na sua cama. — Relaxa maninho, preciso relaxar.. e sei que você manja dessas coisas, é que não tenho pra onde ir hoje e preciso relaxar. — E a Elly? — A Elly não está bem. — O que aconteceu com ela? — Desde quando se importa com ela? —Er.. nunca! É que é sua amiga, enfim. * fez silêncio por alguns segundos. — Tudo bem, mais tarde vai ter uma festinha na casa de um amigo, vai ter bebida, gente que usa drogas, mas é tudo pessoal do bem. Não vou ficar de babá, por isso você terá que ficar atenta. Te darei uma das chaves do meu carro, caso fique tarde e você não me ache, pegue o carro e venha para casa. Ok? — Ótimo! * Falei saindo do quarto. — Esteja pronta às 10h. Estava realmente pronta às 10h. Coloquei uma blusa preta curta com caveirinhas cravejadas com pedras que ia até um pouco antes do meu umbigo, um short cintura alta de tecido vinho, que deixava minha roupa mais alinhada e completei com uma sandália baixa dourada. Me
  • 27. 26 maquiei com uma make mais para a noite, caprichando na parte dos olhos. Recebi várias ligações das Elly, deixei mensagem no whats dela " Amiga, não to podendo falar agora, estou muito cansada vou dormir." Claro que eu me sentia mal por mentir para ela, mas uma parte minha dizia "Que se fod* eu mereço!" Carlos não falou muita coisa durante o caminho, parecia que sua mente estava perdida, eu queria conversar, saber como seria a festa antes de chegar, mas ele não sequer se deu ao trabalho de me ouvir. Quando chegamos ele rapidamente sumiu no meio da galera que dançava ao som de uma música eletrônica alta. O que me fez eu me perguntar se havia sido boa ideia eu ter ido aquela festa na qual não conhecia ninguém. Era uma casa normal, grande e a maior parte das pessoas estavam próxima a piscina, algumas já dentro dela, era cedo e eu imaginava que ela terminaria com quase todos dentro dela se questionando o porquê do calor. Resolvi entrar meio perdida no meio daquelas pessoas, provavelmente todas mais velhas do que eu, mas eu não parecia tão nova assim, então dava até pra disfarçar. Procurei onde estava as bebidas e achei uma mesa com alguns coquetéis, peguei algum aleatoriamente e sentei em um sofá, sentindo a música. Um garoto sentou ao meu lado, me virei e ele já me beijou, fiquei tão sem reação e eu devo admitir que aquele beijo foi tão bom que não me dei sequer ao trabalho de abrir os olhos para ver quem era. Ainda de olhos fechados e em meio aquele beijo sensual toquei seus cabelos, eram lisos e curtos, mas grandes o suficiente para poder enfiar meus dedos entre eles. Ele tinha uma mão com a bebida e a outra na minha cintura, o beijo foi se acalmando quando pude olhar para ele. Não o conhecia e ele tinha um sorriso tão encantador que sorri ao observa-lo. Ele pegou minha mão e a beijou, como em um filme olhou em meus olhos e me fitou por alguns segundos.
  • 28. 27 — Prazer Felipe. Costumo dizer antes, mas como o risco do fora era grande, grandes medidas são necessárias. Eu ri com aquelas palavras e aquela magia vinda dele. Felipe tinha lindos olhos verdes, que rapidamente me lembrava alguém, ele tinha um ar de cara maduro, mas um jeitinho menino, tinha um cheiro de menta, talvez por causa do coquetel que bebia. Hesitei, mas falei: — Prazer, Léia. — Nossa, estou realmente com uma princesa. *Ele se ajoelhou a minha frente, claramente a bebida já tinha efeito sobre ele. — É um prazer conhecê-la princesa Léia, o que faz aqui em meu humilde lar? — Ôh! Nossa, essa casa é sua? — Sim, quem te trouxe? — Um amigo. * Falei rindo enquanto ele sentava ao meu lado, dessa vez bem mais próximo e colocando uma perna por trás de mim no sofá. Observei que algumas garotas me olhavam. Ele olhou rapidamente ao redor e vendo meu desconforto falou. — Relaxe, tenho muitas conhecidas aqui e elas não te conhecem. E sabe, provavelmente você não quer me dizer quem te trouxe, mas tenho sensação de te conhecer de algum lugar. — Espero que não. — Ué? Coisas a esconder? — Não, é que gosto de novidades.
  • 29. 28 - Capítulo 11 - Indecisão não Resolve Felipe me beijava com vontade, aquilo me deixava doida. Mas eu sabia que deveria manter os limites. Quando vimos que o clima estava quente demais ele me puxou para pegar um coquetel, fiquei pensando se era a forma dele de me "ganhar mais fácil", mas não, ele estava querendo liberar mais a tensão do clima em que estávamos. Felipe era claramente mais velho do que eu, deveria ter a idade do Carlos. Mas, resolvi não pensar nisso, não importava e era apenas alguns beijos. Passamos a noite conversando, rindo e ele me contou várias coisas sobre ele e se espantava por eu não ser uma garota fresca que só falava de maquiagem. A noite passou voando e quando eu vi que estava ficando tarde resolvi ir embora, Felipe resolveu me deixar em casa, ele era um completo cavalheiro e me levou até a porta, pegou meu número e se despediu beijando minha mão e gritando ao entrar no elevador "Vou te ligar". Me deitei na cama com uma sensação muito boa. Será que ele realmente iria me ligar? Se não, eu iria. Acordei no outro dia com duas mensagens, uma do desconhecido e outra do Felipe, dei um grito de alegria, eu realmente havia gostado de ficar com ele, primeiro olhei a dele. "Espero que seu dia seja lindo como você, vamos nos encontrar de novo? Beijos." Achei meio clichê, mas valeu. Sabe, tem um algo a mais nele, algo que me ajudaria a tirar o que eu tenho sentido pelo Nicolas ultimamente, eu poderia ter ficado com o Pedro e até foi muito bom mesmo, mas o Pedro ainda é meu amigo e eu não quero perder o que construímos de bom, tenho medo de machucá-lo. Depois de pensar muito nisso resolvi ler a do meu "admirador secreto"...
  • 30. 29 " Afinal, até onde você iria por alguém que você ama?" Mas oras! Respondi logo. “ Quando a gente ama a gente faz valer a pena. E quem ama de verdade não se esconde, grita para o mundo. ” Não houve resposta, ele só visualizou. Ele pensa que vai ficar de segredinho para sempre e ainda ter a cara de pau de falar de amor? Será que ele acha que me ama? Passei o dia trocando mensagens com o Felipe e acabei ficando muito distante do resto da turma, todos notaram, mas ninguém falou nada ou puxou assunto comigo sobre isso. Felipe era incrível, era universitário, estudante de Marketing e Administração, não sei como ele tinha tempo pra festas ou responder minhas mensagens. O tempo voava e já era de noite, estava sentada na sala vendo filme. O Carlos pula no sofá rapidamente me assustando. — Fiquei sabendo do Felipe. Qual é a sua? — A minha? Não sei nem qual é a dele. — Ele é um cara legal Léia e ele é meu amigo, não vai vacilar com ele viu? — Tá Carlos, relaxa. Nós só ficamos. — Bom, pois ele está quase chegando aqui. — Como é que é? *falei quase engasgando com a pipoca quando a companhia tocou. Já era o Felipe e enquanto abria a porta Carlos dizia — Chamei ele para passar o dia aqui e agitarmos. Algum problema? Eu travei por alguns segundos, quase engasguei confesso, mas prossegui..
  • 31. 30 — Claro que não! *Falei totalmente sem graça pois Felipe me olhava e claramente minhas bochechas ficavam vermelhas. — Oi Léia. *Felipe se dirigiu a mim enquanto eu ficava mais sem graça ainda e sem vergonha nenhuma me deu um abraço, começando a rir percebendo que eu estava com uma roupa de dormir e suja de pipoca. — Oi Felipe. *sorri sem jeito. — Desculpa. — Relaxa. Ele piscou para mim enquanto subia para o quarto do Carlos. Fui direto para o meu quarto me enfiar lá, já bastava aquela situação, eu não precisava de outra. Tomei um banho, vesti um vestidinho leve e fiquei no meu quarto pensando em nada quando a porta abre rapidamente e era o Felipe. — Oi Felipe, perdeu algo? *falo provocando. — Desculpa, não conheço a casa e entrei no errado. *ele fala ainda da porta enquanto eu me levanto e aproximando meu corpo do seu e falo: — O do Carlos é o segundo da Escada. Ele me encara e eu o puxo pra dentro do meu quarto já beijando, tranco a porta, é claro. Ele me joga em cima da minha cama me beijando. — É difícil resistir a você sabia? — Pois não resista. *falo beijando e o puxando mais para cima de mim. Entrelaço minhas pernas na dele e beijo seu pescoço, ele percorre suas mãos pelo meu corpo, tocando alguns lugares levemente e outros com mais desejo, aquele era um momento de desejo, vontade e liberdade, meu corpo o queria desde aquela noite, não era errado, era humano.
  • 32. 31 Meu corpo suava, ele já sem blusa levantava meu vestido e me observava completamente como se eu fosse uma obra de arte, eu não queria ser admirada, eu queria ser provada. Ele foi tirando minha calcinha e eu já estava molhada completamente naquela situação, mesmo assim primeiro ele coloca dois dedos dentro de mim, eu gemo de dor, nunca tinha ido tão longe, ele me analisa ao perceber a dificuldade de seus dedos entrarem em mim. Ainda me beijando sussurra no meu ouvido — Você é virgem? Minha cabeça balança em tom afirmativo, mas mostro que não me importo e continuo beijando-o. Mas ele para, beija meu pescoço. — É melhor não. — Porque? *falo sem jeito me arrumando. — Tudo no seu tempo gatinha. * Ele pisca já se vestindo e assim sai do meu quarto me deixando com aquele gosto de QUERO MAIS. E eu teria mais.
  • 33. 32 - Capítulo 12 - Sem chão e sem juízo Não tive mais tempo de ver Felipe naquele dia, ele me mandou várias mensagens, mas eu resolvi dar um tempo e resolvi ir atrás da Elly, agora ela estava bem, claramente maquinando algo, mas bem. Contei a ela sobre o Felipe e ela me deu todo apoio, mostrei a foto dele e ela o achou um gato, ele era. Elly não tinha esquecido o Nicolas, mas passou da fase de sofrimento para parte da vingança. Confesso que a curiosidade também estava me perseguindo, afinal, eu sentia algo por ele, algo que deveria morrer comigo, mas não podia mentir para mim. Resolvi chamar a Elly para tomar um sorvete, enquanto ela escolhia o sabor eu fui escolher a mesa, sempre sentávamos lá fora, tomei um susto quando recebi um beijo na bochecha de alguém por trás da minha cadeira. — Oi linda. — Nossa, que susto garoto. *No mesmo momento Elly vinha e eu fiquei totalmente sem reação. O semblante de Elly mudou, claramente ela estava com raiva, mas manteve a calma e chegou até nós rapidamente forçando simpatia. — Oi Ni. *falou com um tom carinhoso. — Oi Elly. Er.. bom, estava só passando, foi bom ver vocês, tchau. Assim ele saiu, totalmente sem jeito. Em seguida Elly me fuzilou com seu olhar. — Desde quando são tão amigos Léia? Não era vocês que viviam brigando. — Sei lá Elly, garoto estranho. *falei tentando mudar de assunto, mas ela não engoliu.
  • 34. 33 Fizemos muita coisa o resto da tarde e Elly não falou mais no Nicolas, tomamos sorvete, fomos a praça de skate e eu andei um pouco, conversamos com os garotos da pista e assim fomos para casa já exaustas, mas ainda era 8 horas. Tomei um bom banho no meu quarto e estava ainda de calcinha e sutiã quando me deparo com Nicolas na minha janela me olhando, me enrolei rapidamente na toalha não acreditando nisso, tinha que começar a trancar minha janela. — Droga garoto, para com isso, deixa de ser tarado. Ele me olha com uma cara realmente de safado e ri, como se eu estivesse brincando. — Você não entende né? — Que você é doido? Entendo demais *falo sentando ainda enrolada na minha cama. — Não, que eu sou louco por você. — Louco por mim? Como assim, eu te odeio, não percebe? Quando dei por mim estava assim, tagarelando coisas sem sentido, nervosa, como se não tivesse controle das minhas palavras e nem de mim. Ele se aproxima, não consigo me segurar. Ele me beija docemente, é como se o mundo acabasse ali.
  • 35. 34 - Capítulo 13 - A gente caí e levanta O tempo parou ali, nossas mãos se cruzam por alguns instantes até que ele as sobre e toca meu corpo de leve, mas com firmeza e sinto nossos corpos se aproximarem, não consigo resistir. É mais forte do que eu, ele me conduz até me encostar no guarda roupa e a sensação de que vou perder o controle aumenta mais ainda. Sentir sua respiração e mim enquanto me beija, suas mãos na minha nuca, nossos corpos totalmente colados, mas não brigavam entre si, tanto desejo e tanto carinho contidos ali, entre nós. Eu não conseguia pensar em nada, só sentir aquela paz me invadir por inteira e aquele desejo por mais, por mais contato, vontade de me entregar por inteira. Mas, toda essa magia não durou muito. Me lembrei de Elly e a lembrança me veio como um choque e nossos corpos se separaram rapidamente. — Sinto muito. * Ele ficou ali parado como se não entendesse o motivo de se desculpar. - É que eu te amo mesmo Léia. *disse como se fossem suas últimas palavras. — Não posso Nicolas, você sabe, a Elly, ela te ama. — E você me ama? — É melhor você ir embora. Aquelas palavras doeram mais em mim do que nele. É claro que eu o amava, a quem eu queria enganar? Mas, era impossível. Eu ia esquecê-lo. Aquilo foi um erro. Ele foi embora, sem olhar pra trás e acho que bem no fundo eu queria que ele tivesse olhado pra trás, tivesse dito algo heroico como... " Vamos lutar pelo nosso amor." Aí lembro que eu nem sequer disse que o amava.
  • 36. 35 Me perdi em pensamentos. Voltei a real com uma mensagem da Elly, chamando para dar uma volta com um pessoal, menti dizendo que estava doente. Até que eu estava, mas era do coração. Já estava quase dormindo quando recebi mensagens do Felipe, ele não podia me ver porque estava estudando, mesmo assim conversamos muito tempo. Ele era tão atencioso, seria minha melhor chance de seguir em frente e não que eu tivesse muito trabalho com isso, ele ainda não tinha meu coração, mas tinha meu desejo e minha admiração. Não se pode ter tudo. Ou pode? A dor me consumia ainda ao lembrar de Nicolas, doía tanto que fiz o que menos imaginei, fui na safra de vinhos do meu pai e peguei e comecei a tomar alguns goles enquanto conversava com Felipe, ele era incrível, eu não o merecia. A conversa foi ficando interessante, comecei realmente a dar em cima dele, não que isso fosse muito estranho depois de praticamente termos transado, até onde eu lembro? Até o momento em que acordei com ele na minha cama, abraçado a mim. "Droga, droga, droga." Era só o que eu pensava. Fui me levantando e ele não acordou, olhei para o chão e havia 2 copos e 3 garravas vazias. "Droga, droga, droga." Era tudo que vinha na minha mente. Levei uma roupa paro banheiro e tomei um banho, eu estava com uma cara horrível e minha cabeça doía muito. Terminei o banho e sentei ao lado de Felipe que já estava acordado, ele sorria gentilmente para mim. Rapidamente a imagem de Nicolas veio a minha mente, balancei a cabeça como tentando afastar aquela lembrança. — Não lembra de nada né? *Fala sorrindo. — Até onde você lembra?
  • 37. 36 — Me lembro de tomar alguns goles de vinho e conversar com você. — É, estávamos conversando e você estava muito mal, me contou várias coisas. Me contou na sua dificuldade de ter boas amigas, porque os garotos sempre estão em cima de você e elas tem raiva. Contou da Elly que é sua única amiga de verdade e me contou inclusive que gostava de um garoto, mas que nunca iria ficar com um ex da sua amiga, porque ela é mais importante para você. Me contou também que estava apaixonada por mim, que se tivéssemos filhos eles teriam que ter minha inteligência, porque eu era incrível. *Por fim ele falou pegando na minha mão. — Nossa, eu falei mesmo. — Não se preocupa, não me aproveitei de você. Quando algo acontecer quero que você lembre bem. Confesso que me assustei com a maturidade dele, aquele olhar e sorriso. Isso era o que eu queria para mim. Mas uma lembrança brusca do Nicolas veio na minha mente, balancei a cabeça em uma tentativa louca de fazer aquele pensamento voar, mas é complicado ficar entre a razão e a emoção. Nem sempre a gente consegue controlar o que sentimos, quem amamos, mas sempre podemos decidir nossas atitudes e eu esperava estar tomando a melhor atitude.
  • 38. 37 - Capítulo 14 - O mundo não para e você descansa Já descobri que falo demais quando bebo. Mas descobri também que o Felipe era incrível. Qualquer garoto comum teria se aproveitado de mim, até porque não é como se eu não quisesse, mas o fato dele saber disso e ter se controlado mostra que é possível sim ter caráter nas pessoas, não deveríamos achar comum os que não tem. Vivemos em um mundo em que as mulheres tem que aprender a serem responsáveis muito cedo, para que nada ruim aconteça com elas, ver que caráter ainda existe dá a sensação de que ainda há muitas pessoas boas no mundo e não devemos perder as esperanças. Felipe se vestiu e foi para casa pois tinha aula, eu também. Mas a cabeça doía tanto que preferi relaxar com um bom seriado. Elly passou a aula conversando comigo pelo celular, contei a ela do Felipe, o quanto ele era perfeito, ela ficou dizendo que eu o amava. Aquilo martelou na minha cabeça por um tempo, afinal, eu devia amar? Fiquei com isso na cabeça e dormi. Meus pais viajariam hoje o que significava almoço em família e choros da minha parte. Sabia que não veria mais o Felipe hoje, pois ele passaria o resto da semana tendo provas e sinceramente eu não o queria atrapalhar, por mais que eu precisasse daquela companhia para me sentir melhor, eu não podia ser tão egoísta e só pensar em mim. O almoço com meus pais foi ótimo, saímos à um clube da cidade e nossos tios também estavam lá, inclusive minha prima Daniele que nunca aparece. Deixa eu explicar melhor, Daniele é uma garota mimada, não que ela seja patricinha ou tenha realmente sido paparicada demais, é que ela é uma chata mesmo. Acha que é o centro do mundo, que as ideias dela são as melhores, que o penteado é o da moda e que todo mundo deve não ser sua amiga, mas segui-la se quiser ser alguém na vida. Por isso, é muito bom que ela more do outro lado da cidade e que mal nos vejamos.
  • 39. 38 Ainda estávamos no clube e resolvi dar um pulo na piscina e pegar um sol, eu estava mesmo perdida em pensamentos, então não fazia falta na conversa. Sentei em uma das cadeiras da piscina e comecei a passar o bronzeador, até que vi quem eu menos esperava ali, sim o Nicolas. Às vezes acho ser conspiração do destino, você pensar tanto em uma pessoa e ela ficar surgindo ali como se assombração. Alguns dizem que isso é poder do pensamento, nesse caso poderia ser até do coração, mas ainda sim me enlouquecia por dentro. Incrivelmente nossos olhos se encontraram no mesmo momento e eu fiquei tão sem jeito que ficou mais ainda na cara que eu estava olhando ele, fiquei mais ainda sem graça e só piorou quando ele resolveu vir na minha direção com aquele sorriso lindo e sentar ao meu lado. — Oi. *Ele me olhou sorrindo, mas já ficando um pouco sério. Me lembro o porquê. — Pensei que não ia falar mais comigo. *Falei um tanto sem graça. — Também pensei, acho que não resisti. Culpa sua, sabia? Fiquei meio sem jeito novamente e resolvi continuar passando o protetor rezando que dispersasse a tensão que estava sentindo. Queria abraçá-lo, beijar, sufocar ele com meu corpo. — Olha, não precisa ser assim também sabia? — Como assim? — As coisas vão mudar, eu sinto. E até lá, podemos bancar "os amigos". — Mudar? Agora que eu não entendi mesmo. Não me entenda mal Ní. É que é difícil para mim ser sua amiga.
  • 40. 39 E olhar dele ferveu. Ele me encarou tão firme que eu desviei, fiquei caçando o chão, a parede ou qualquer coisa e quando dei por mim ele estava sentado na minha cadeira, com a mão na minha cintura e um olhar de raiva. Me senti sem ar. — Difícil para você? Qual é Léia. Até quando você vai bancar a criança? A Elly não é boba, ela fica com seu irmão e com quem aparecer e ainda banca a apaixonada por mim e você acredita feito trouxa. Ela não liga tanto assim para você não, sabia? Se você quer saber ela é sua amiga sim, mas tanto faz para ela o que acontece com você desde que ela esteja bem. Se bem que você não deve estar tão mal. Sua grande amiga falou que você está até namorando um cara mais velho. Minha garganta secou e ele parou de falar mais continuou com aquela cara de raiva como se fosse me atacar a qualquer momento. Não sabia o que falar. E não precisei já que a Daniele chegou mesmo na hora sentando na cadeira que ele estava. — Oi, atrapalho os pombinhos? Pensei que só namorava um cara por vez Léia. Nicolas tirou o olhar de mim e me deu espaço. Olhou firmemente pra Daniele e ela não desviou o olhar. — Não somos namorados e deixe de ser invejosa. Tchau Léia. Pense bem. Ele levantou e saiu sem olhar para trás. Odiava o veneno da Daniele, mas me salvou dessa vez. Assim, voltamos para mesa e eu fiquei pior do que já estava.
  • 41. 40 - Capítulo 15 - Planejando o implanejável A choradeira no fim do dia aconteceu como previsto, meus pais passariam mais alguns meses longe de mim e do meu irmão. Todo adolescente tem aquele sonho de cuidar da sua vida, ser independente, trazer quantos amigos quiser para casa, comer o que quiser e ninguém ficar no seu pé. É ótimo quando isso não é tão frequente, porque confesso, essa dor que dá quando eles vão embora e eu não tenho para quem fazer birra ou quem me coloque de castigo pelas minhas malcriações, que fuzile meu namorado com o olhar porque ele está me beijando demais na sala [...] são esses pequenos detalhes que me torturam todos os dias. O que sempre me ajuda é pensar no que eles fariam ou me diriam se estivessem aqui. Por exemplo, hoje eu não queria mesmo ir para aula, aqueles professores ou ter que encarar o Nicolas, na verdade não estou querendo encarar nem a Elly. É como se o peso da minha consciência dissesse que ela já sabe o que eu fiz, que fiquei com o garoto que ela ama e isso me corrói por dentro. Não queria mais estar nessa confusão entre ela e o Nicolas. Eu quero as coisas como eram e é o que vou fazer. Assim, rumo a escola. Tentei fazer daquele dia como os meus antigos e monótonos dias, coloquei uma calça, uma regata branca e a blusa da farda na mochila, assim eu poderia dar uma passada na pista de skate, algo que há muito tempo eu não fazia, basicamente desde que ELE apareceu na minha vida. Merendei com o Carlos, que estava com um sorriso de bobo indescritível. Na verdade, muito estranho ele estar acordado tão cedo e com um livro já na mesa, ele estudava a tarde e madrugava sem dormir, aquilo era muito estranho, mas só observei. Ele sempre foi um enigma para mim, já fomos muito unidos quando criança, mas houve uma época em que ele simplesmente de afastou de mim e começou a se calar mais, não perguntava mais sobre o meu dia ou sequer ficava no meu pé quando eu fazia coisa errada, era sempre como se ele estivesse preso em seu próprio mundo, falávamos somente quando necessário ou em
  • 42. 41 ocasiões específicas, poucas vezes mesmo, quase que esporadicamente. Mas agora era diferente, se não o conhecesse diria até que estava apaixonado. E assim eu segui meu caminho, quando cheguei na pista o Pedro e outros garotos estavam lá, Pedro estava lindo como sempre. Eu fico feliz por nossa amizade não ter terminado mesmo após ficarmos, acho que aquilo foi necessário para entender que apesar de tudo sempre seríamos somente amigos e mais nada. Fiquei olhando para ele alguns segundos e me perdi em pensamentos quando ele vem até mim. — Meu anjo, que saudade, você sumiu. O que houve? — As coisas estão complexas para mim. Meus pais viajaram ontem, faltei alguns dias também tentando colocar a cabeça no lugar. Ele me abraçou calmamente e deu um beijo de leve no meu cabelo. — Entendo. Muita coisa aconteceu comigo também. Tenho uma garota especial para te apresentar mais tarde. — Aí que ótimo, está namorando? — Ainda é cedo para dizer com todas as palavras, mas ela é especial. — Não sei se você devia me apresentar, posso estragar algo sabe. A maioria das garotas não querem minha amizade. — Ei Léia. Para com isso! Tira isso da sua cabeça. Nem todas são frescas assim. E você é minha amiga, se alguém não reconhece isso, é alguém que também não vale a pena. Vamos ver no que dá. Sei que você está com um namorado, que tal um programa mais tarde? — Hmmm. Obrigada meu anjo. Seria ótimo, vou combinar com o Felipe. A gente combina melhor pelo whats. Tudo bem? — Tudo bem, corre para a aula se não você vai chegar atrasada. Eu vou logo depois de você, tenho justificativa para me atrasar, vai lá.
  • 43. 42 E estava mesmo, mas consegui chegar a tempo. Hoje eu realmente consegui prestar atenção na aula e não me perdi olhando para ninguém da sala. Troquei algumas mensagens com a Elly, ela contou que o Nicolas tinha voltado a parar de falar com ela, por isso ela estava na bad. Convidei ela para sair de noite com a gente, mas ela não queria segurar vela e estava muito mal por causa do Nicolas. Aquelas palavras sempre me doíam, mas se não era para ser não perderia meu tempo e o melhor, não iria fazer o Felipe perder o tempo dele, faria valer apena. Hoje eu queria uma noite especial com o Felipe, se teria algo a mais com ele eu não sabia, mas antes de sairmos a noite preparei meu quarto com um bom filme para colocar no play, velas perfumadas, champanhe e taças. Coloquei algumas fotos nossa também e para não pegar ele de surpresa, resolvi mandar algumas mensagens para ele dizendo que a nossa noite se estenderia. Uma parte minha dizia que eu estava querendo ir muito rápido com ele e dizia para eu não tomar
  • 44. 43 - Capítulo 16- Quando tudo desmorona Mesmo o Felipe ainda estando atolado com as provas da semana convenci ele a sair comigo e a turma, claro que prometendo que teríamos algo de especial. Eu não estava pensando em apenas sexo, eu estava pensando principalmente em conexão, oficializar mesmo o nosso namoro e deixar bem claro ao mundo e principalmente entre nós que seria sério. Isso não se tratava de uma tentativa de esquecer o Nicolas, ninguém substitui ninguém. Mas eu sabia que não ficaria com ele e havia muita coisa no Felipe que me envolvia, seu cheiro, seu toque suave, sua forma de falar, sua inteligência e ele não me tratava como uma garota indefesa. Eu sabia que ainda não era amor, que ele não me amava, mas sinto a nossa conexão e meu maior desejo nesse momento, era aumenta-la. Como combinado eu estaria pronta as 20:00, ele iria vir me buscar e nos encontraríamos com o Pedro e a namorada em um barzinho novo que tinha aberto na cidade, tinha karaokê, umas comidas legais, então nos divertiríamos muito! Seguindo o meu plano o Felipe me levaria em casa, mas ficaríamos lá: nós, as taças, o vinho e a música romântica pronta para dar play. O resto seria um mistério, poderia acontecer muita coisa, inclusive somente uns pegas, não dá para prever tudo. Coloquei um shortinho simples com pedrinhas e uma blusa dessas que me deixava fofinha, mas também acentuava meu corpo, valorizando-o. Meu cabelo estava solto, com uma faixa de cor branca de detalhes pretos que caia suavemente sobre o meu colo, chamando atenção para ele. Foi difícil chegarmos ao barzinho, isso porque acabamos ficando muito no caminho, confesso que o fogo que estávamos era difícil, seria impossível irmos para minha casa e não rolar muito mais. Provavelmente era o que eu queria, vamos ser sinceros, mulheres se entregam sim se elas sentem que o cara vale a pena. O problema é que
  • 45. 44 nem sempre eles valem e acabamos ficando com uma fama ruim, como se uma situação nos definisse por completo. O barzinho estava muito lotado. Foi difícil pegarmos uma mesa boa. Os garotos pediram bebidas alcoólicas leves e aproveitando o fluxo eu e a Lívia (namorada do Pedro) pedimos também. A conversa com eles era ótima, mas eu não era tanto de beber e comecei a ficar enjoada, querendo disfarçar minha situação chamei a Lívia para ir no banheiro comigo, algo que foi mais complicado do que pareceu, pois no meio do povo ela não me acompanhou e como eu já estava bem mal resolvi deixar ela para trás e ir me segurar no banheiro. Passei uns bons minutos lá e nada. Me sentindo aquelas grávidas que até o cheiro faz elas enjoarem, meus olhos se enchiam de lágrimas e nada. Vendo que eu não estava tão ruim quanto pensei me sentei no vaso, depois de todo esse tempo que parecia uma eternidade ouvi a voz da Lívia. — Léia, você está aí? — Estou sim Lívia. Não estava bem, mas já melhorei, saio já. — Ok, vou te esperar lá fora que o cheiro aqui não está bom. Logo saí, me recompus e lavei o rosto. Não achei a Lívia lá fora, mas procurando fiquei rodando o olhar para ver se a achava. Me deparei com o Nicolas. Não era mais tanta novidade assim, eu o via em todos os cantos, pode ser porque era justamente o que eu não queria. Meu primeiro pensamento foi "Que droga, isso é uma praga, uma maldição, some da minha vida garoto, não estraga meus planos e meu coração"... Mas claro que eu não ia dizer isso tudo, então fui o mais fria que pude e sorri amargamente e já fui saindo. Eu teria saído é claro, se ele não tivesse puxado minha mão. — Está tudo bem? Confesso que não estava tudo tão bem assim, eu estava suando frio.
  • 46. 45 — Estou, tchau. * Falei asperamente esperando que ele me deixasse em paz. — É sério, sua cara não tá boa. — É porque eu não quero olhar para você. *Falei puxando minha mão. Ele segurou minha mão mais forte e eu puxei bruscamente. O clima ficou tenso e piorou quando o Felipe apareceu colocando as mãos no meu ombro. — Está tudo bem meu anjo? — Está sim. Vamos? *Falei tentando soar o mais natural possível e imaginando se ele tinha visto a minha cena com o Nicolas. Infelizmente na hora que eu estava respondendo o olhar dele mudou de direção ao Nicolas e o que eu pensei que seria um olhar de marcação foi bem pior. — E aí parceiro. *Felipe falou isso tirando rapidamente as mãos dos meus ombros e abraçando a.f.e.t.u.o.s.a.m.e.n.t.e o Nicolas. Esse é um daqueles momentos que você quer se enterrar e pensa que isso não pode piorar, mas acredite, isso sempre piora, pois, o Felipe já estava chamando o Nicolas para sentar com a gente. Mas, ainda bem que ele não foi um completo idiota e recusou, o mais estranho foi que o Felipe e eu saímos dali e ele agiu como se nada tivesse acontecido de estranho, mas ele não me tratava mais como namorada, ainda me perguntando de onde eu conhecia o Nicolas, simplifiquei dizendo que da escola. Mesmo assim ele não pegava mais na minha mão, não me beijava mais. Pensamentos do tipo “ O que eu fiz para merecer isso? ” rodeavam minha mente. Quando chegamos na mesa a Lívia explicou que veio logo para mesa e pediu que o Felipe tentasse me achar.
  • 47. 46 Não devo nem dizer que o fim da minha noite foi super amarga, o que era um mar de interesse do Felipe virou um deserto, nem sequer subindo no meu condomínio porque tinha prova. Dá para acreditar? Ele sabia tudo que eu tinha planejado e agiu como se nada estivesse acontecendo e eu fosse uma colega qualquer e tudo mais. Se bem que qualquer um dá uns pegas em uma colega gatinha, não é? O pior é dormir com cara de taxo no meio de velas românticas. Aquele vazio me destruiu. Eu aparentemente não tinha mais nada. Pelo visto o Felipe entendeu mais do que pareceu e aquele fora de leve foi um adeus para sempre, a Elly ia descobrir sobre o Nicolas e eu perderia ela definitivamente e o Nicolas, bom eu nunca o tive mesmo. E agora eu tinha certeza de que estava surtando, nesse momento pedi aos céus que apagasse e dormisse, mas tudo ficava martelando na minha mente.
  • 48. 47 - Capítulo 17- As coisas podem sim piorar Não preciso nem dizer que não recebi mais ligações ou mensagens naquela noite do Felipe. Na verdade, não recebi também na manhã seguinte, sendo assim resolvi que eu mesma tomaria a iniciativa e ligaria, mas ele me atendeu como uma amiga qualquer e aceitou após muita insistência se encontrar comigo pela noite para conversar. Eles eram amigos, até aí tudo bem. Mas não era motivo para ele acabar comigo assim sem mais e nem menos. Fui para escola ainda com a sensação de que as coisas poderiam sim melhorar, que eu não deveria ficar na pior sem saber o que aconteceria mesmo. Essa não era eu e eu não iria ficar assim por ninguém! Nenhum garoto merecia isso. Elly não foi para aula hoje, o que me deixou mais só ainda, até tentei ligar para ela algumas vezes, fora algumas mensagens. Mas não consegui ter contato com ela. Estava com aquela sensação de alívio quando bate o sinal para ir embora, resolvi me mandar logo pra casa, nada de passar na pista de skate ou em qualquer outro lugar, nada de me meter em encrencas. Não que isso tenha resolvido algo, pois quando chego em casa lá está o Nicolas esperando por mim. A minha boca trava, a barriga congela, aquela vontade de sumir é tudo que eu tenho. — Oi. * Ele diz simplesmente, como se fosse super natural ele me esperar ali. — Oi Nicolas. O que você quer aqui? *Entrei na onda dele, tentando parecer o mais natural possível.
  • 49. 48 — Vim me desculpar Léia. Desculpa ter falado com você daquele jeito. Você sabe que eu te am... Nesse momento a Elly abre a minha porta saindo lá de dentro e escuta justamente a palavra que não deveria escutar, na verdade nem eu queria escutar aquilo, ignorar uma vez foi difícil, mais difícil ainda foi a cara da Elly de ódio. Pior foi que ela não fez barraco algum, ela passou por ele e chegou bem perto de mim dizendo de forma ameaçadora " Fique longe de mim sua cobra traiçoeira, agora sei porque ninguém te quer por perto." Aquilo doeu, fiquei sem reação. Lágrimas caíram do meu rosto e comecei a chorar sem força alguma para segurar. Tanto que eu lutei e perdi tudo assim em questão de segundos. Nicolas tentou me abraçar, disse algo como "vai passar". Eu a conhecia, não iria passar nem hoje, nem amanhã e nem NUNCA, nem que eu me ajoelhasse aos pés dela.
  • 50. 49 - Capítulo 18- Por um outro ângulo Sou um completo idiota. Eu sei disso. Como posso gostar de uma garota assim e ficar atrás dela quando ela já deixou bem claro que não dá para ela? Como posso ter visto ela namorando um dos meus melhores amigos e ainda ir pedir desculpas porque eu sei que ela gosta dele, mas ele me ligou para saber a real e eu disse a verdade: sou louco por ela. E agora sei que ele também não vai ficar com ela, mas eu também não vou. Ainda mais agora que estraguei tudo entre ela e a única amiga dela, tudo que ela me pediu desde o início que não fizesse. Mas não aguentei ver a Elly manipulando ela, será que ela não via que ela estava saindo da casa dela não porque estava a esperando, mas porque estava com ele. Se ela tinha o corpo e o coração livre para amar, porque a amiga não? Eu não era propriedade dela e ela não me amava como dizia! Mas não era assim que a Léia via [...] Eu queria abraçá-la naquele momento, fazer ela entender tudo. Mas ela me fez ir embora, ela estava em prantos e meu coração parecia que estava sendo esmagado por aquela angústia. Como fazer ela entender que eu amo ela? Que os olhos dela me aqueciam, que a personalidade forte dela ardia dentro de mim, me trazendo sensações tão desconhecidas, vontade de agarrá-la, de ter ela nos meus braços. Como fazer ela entender que desde que eu a vi pela primeira vez não consigo parar de pensar nela, como um arrependimento bom, desses que não sai da sua cabeça, mas se você pudesse faria de novo e de novo.. Como fazer ela entender que eu era louco por ela e que a melhor amiga dela que era uma idiota?
  • 51. 50 Mas eu fui embora, fui porque ela teria que ver com os próprios olhos. Nem que isso doesse. Naquele momento eu não podia passar dali, me sentia mal por ter feito mal a ela. E naquele momento por mais que eu quisesse, eu não a faria bem algum. As vezes a gente tem que enxergar com nossos próprios olhos para ver a luz. Passou-se uma semana e eu não tive mais notícias da Elly e nem da Léia. Aquilo estava me consumindo, eu fazia tudo pensando nela, pensando no abraço dela, no som da risada dela e até quando ela falava grosso comigo. O amor é uma loucura, é coisa pra loucos e corajosos. Eu não era louco. Então devia ser corajoso. Pensei em todos os planos possíveis, gravar a Elly com o Carlos, fazer ela assumir para mim tudo que ela fez. Mas eu não fiz nada e isso me fez sentir um inútil. Mas eu não poderia ficar só sofrendo e vendo quem eu amo sofrer, eu iria atrás dela.
  • 52. 51 - Capítulo 19- Fugir Cansei de pensar em uma solução, iria embora. Fugir disso tudo, chega de Elly, de Nicolas e de tudo mais. Chega! Sabia que estava fugindo, mas porque não? Meus pais tinham dinheiro, poderia estudar fora e ter uma educação melhor, quem precisa de amigos e amor? Bom, eu precisava. Mas poderia recomeçar. Ninguém gosta de mim? São todos invejosos, eu sou linda, faço de tudo pelos meus amigos... Eu só queria ser feliz... Mas quem eu queria enganar? Eu só queria ser aceita. Eu só queria ter tomado decisões melhores e ter controlado o meu coração. Afinal, será que isso é possível? Será que há um momento racional em que escolhemos por quem sentimos aquele frio na barriga? [...] Liguei para os meus pais, contei como eu queria estudar fora e em como isso seria importante para mim, moraria com eles. Carlos não disse muita coisa, na verdade estava mais calado que o normal, como perdido em outro mundo. Confesso que me magoou a indiferença dele, como assim nem ele se importava comigo? Sei que não somos os mais ligados do mundo, mas nem uma palavra? Quanto mais eu decidia fugir, mais ainda doía meu coração e mais coragem eu tomava! Não fui mais para a escola naquela semana. Consegui fazer minha tia me desmatricular e todo o resto que precisava. O Felipe? Bom, ele sumiu. Era o que eu merecia por ser tão trouxa. Tudo que eu recebi dele foram umas mensagens de texto pedindo desculpas, que não tinha mais como sair comigo. Eu estava gostando tanto dele e ele não teve sequer coragem de me dar um fora pessoalmente.
  • 53. 52 Na verdade, tudo que eu recebi foram indignações do Carlos como se eu tivesse quebrado o coração do seu lindo amigo ~ sinta o sarcasmo. O Nicolas, ele bateu na minha porta várias vezes, como fechei a janela do meu quarto ele nunca mais me surpreendeu. Era o fim, o fim de tudo que batalhei para conquistar, mas também de todo o meu sofrimento. As minhas malas já estavam arrumadas, as passagens compradas, tudo iria se resolver, seria uma vida nova! Iria viajar para a capital primeiro, de lá iria pegar a viagem para fora. Meus pais estão na Alemanha e é para lá que eu vou. Não me despedi de ninguém. Despedir de quem? Na verdade, eu queria me despedir, mas não deveria. A vida é assim, não controlamos o que acontece e muito menos nosso coração, amor é pros corajosos .. Eu estava sentada esperando o avião, seria o último passo para uma nova vida. Tento por alguns instantes gravar aquele momento em minha mente, como uma lembrança do momento que decidi ter uma vida nova, como uma lembrança da minha coragem! Fechei os olhos por alguns segundos, quando escuto meu nome sendo chamado, rapidamente meu coração palpita e abro os olhos em desespero e susto! Era ELE .. o Nícolas.
  • 54. 53 - Capítulo 20 - Última chance | Mudando o ângulo novamente | Como dizer que eu passei uma semana correndo atrás da Léia e sendo ignorado? Como dizer que ela virou as costas para mim incontáveis vezes e eu não consegui desistir dela? Como dizer a sensação que eu tive quando estava saindo para tomar um sorvete com o Felipe, pensando que iria desistir dela e vejo ela subindo naquele carro com o Carlos e repleta de malas. Eu entendi tudo, mas não consegui correr o suficiente para eles me verem. Tentei ligar várias vezes, celulares desligados. Mesmo o do Carlos. "Que bosta é essa?" Estava nervoso, não sabia o que fazer... Duas horas depois chega o Carlos, confesso que bateria nele se ele não me contasse, mas ele contou facilmente o pior. ELA iria embora. Ela desistiu de nós. Não pensei duas vezes, comprei umas rosas, que clichê deve ser. Ir de encontro a alguém que não te quer de jeito nenhum, com um buquê de rosas, esperando que milagrosamente ela desistisse de ir embora e ficasse comigo para sempre. Já deve ter um filme disso. Mas não importa, eu tinha que pelo menos tentar! As lágrimas escorriam pelo meu rosto, não conseguia controlar, ela me veria como um menino chorão, mas talvez é o que eu sou nesse momento. Sorri ao avistá-la, ela parecia tão calma, queria desistir, deixar ela seguir o caminho dela... Mas não consegui, meu amor era desesperado, não calmo.
  • 55. 54 Devo ter parecido um idiota completo naquela hora que ela continuou sentada, me olhando, vi suas lágrimas caírem e as minhas desabaram novamente. Me ajoelhei aos seus pés, não conseguia falar nada bonito.. E nenhuma frase perfeita. Em meio a soluços algumas frases, tudo que eu conseguia. "Fica, por favor, a gente vai superar juntos, não tenho muita coisa para dizer, só fica!"
  • 56. 55 - Capítulo 21- Finalmente juntos Não consegui ir embora, como não percebi que o amava tanto? Logo eu que desisti dele pela Elly e ela quem mais saiu magoada. Mas, naquele momento só consegui ficar com ele.. Ele realmente parecia um menino chorão, mas qual o problema se ali eu também era uma menina chorona? Uma menina que não entende como tudo deu tão errado até ali... uma menina que estava tão desesperada que resolveu desistir de tudo ao invés de lutar pelo que acreditava. Não fui para casa, fomos para casa dele, ficamos juntos, nos beijamos tanto, era tão mágico. Queria aquele momento para sempre. Queria só ficar ali com ele, sem conversas, só abraços e beijos. Mas uma hora eu teria que enfrentar a realidade, mas estava decidida, minha realidade seria com ele. Conversamos muito, Nicolas queria que eu entendesse que a Elly era uma garota egoísta. Eu confesso que ali, naquele momento eu finalmente conseguia ver isso, mas também conseguia ver outra coisa... [.. ] Que ela sempre esteve comigo em todos os momentos. Por mais egoísta, mimada ou qualquer coisa que ela fosse eu ainda queria ela do meu lado, mas eu não iria correr atrás dela como fiz até agora. Correr atrás de alguém que não admite seus erros é a pior das falhas. Demorei muito a entender, mas quando a maior das confusões acontece entre pessoas tão diferentes, significa que as duas precisam de espaço. Espaço para poder entender tudo que aconteceu até ali, não adianta pedidos de desculpa ou nenhum drama. A gente ia acabar se resolvendo e eu já sabia o que fazer!
  • 57. 56 Voltei para casa, Carlos não entendeu nada. Mas acho que ele estava entendendo bem as coisas demais e preferiu ser sonso, do que ser forte e encarar a realidade. Eu indo embora a Elly ficaria com o Carlos de boa e era isso que ele queria, porque ele também gostava dela e acho que ela também gostava dele, mas sua obsessão pelo Nicolas nos levou até aqui. Agora eu também entendia porque ele não fez questão de que eu ficasse e agiu como se estivesse me apoiando, mesmo vendo o quanto eu estava sofrendo. Voltei para casa como se não houvesse nada entre eu e o Nícolas e armaria uma situação, nela eu iria passar um final de semana fora para espairecer, deixaria a janela do meu quarto aberta e entraria, com sorte pegaria os dois juntos. Nicolas concordou comigo, ele quis ir junto e também desmascarar os dois, ele estava como eu, ele não queria confusão, apenas que cada um ficasse com quem ama e fim, sem lenga lenga. Quem diria que a ideia do Nicolas de entrar no meu quarto fosse ser o fim disso tudo. Quer dizer, espero que seja né "o fim" ...
  • 58. 57 - Capítulo 22 - Não é feio amar, é feio fingir que ama Como planejado entrei no meu quarto sorrateiramente fui andando pela casa e Nicolas vinha pouco atrás de mim com muita cautela. A ideia principal era que eu os flagrasse, não ele. Foi mais fácil do que pareceu encontrar eles, a porta do quarto do Carlos estava aberta e eles estavam já peladões pronto pro ato. — Que bonito em? *Disse sorrindo, pois não consegui ter outra reação. e continuei ... — Deve estar doendo muito amar o Nicolas não é Elly? Os dois me olharam estagnados, a vontade de rir daquilo tudo era maior ainda... Dei sinal para o Nicolas não vir para o quarto, não seria tão interessante pra ele ver os dois pelados, mas nesse nível das coisas, talvez ele risse como eu. Naquele momento eu tinha muitas alternativas: eu podia sair, bancar a vítima e esperar um dos dois me explicar tudo ou a melhor escolha que era ficar ali e exigir que eles parassem de ser tão ridículos. Senti raiva naquele momento, queria voar nos cabelos da Elly, chamar ela de porca, vadia, ridícula... queria odiar ela, queria odiar o Carlos também por saber de tudo e esconder de tudo, por deixar eu ir embora como se eu não significasse nada para ninguém. — Vocês são dois ridículos, se merecem. Pensei que família significasse alguma coisa pra você Carlos.., assim como pensei que amizade significasse pra você Elly. Naquele momento Elly já estava vestida, me ouvia sem reação, mas ela voltou como num passe de mágica. — Não! Eu amo o Nicolas e você roubou ele de mim!
  • 59. 58 Aquilo me doeu, era tudo mentira. Como eu não vi? Abaixei a cabeça como se aceitasse e levantei novamente com um sorriso de ódio... — É? Há quanto tempo você dá para o Carlos amando o Nícolas? — E você Carlos, há quanto tempo sabe de toda essa confusão e não me contou nada? — Não eu amo o Nicolas sua vadia, idiota! * nesse momento ela tentou avançar em mim, mas o Carlos segurou seu braço firme. — Chega Elly! Deixa de palhaçada... já fomos longe demais. Carlos se aproximou de mim e como se precisasse de toda a força do mundo para falar continuou ... — Eu, eu .. eu amo a Elly, escondi tudo por ela, por achar que ela amava mesmo o Nicolas, que eu era só mais um, também achava que ela era só mais uma, que não devia me meter nisso tudo, que era só sexo.. Que não precisava saber do que acontecia entre vocês e esse garoto aí... Nesse momento Nicolas já estava ao meu lado segurando minha mão, meu corpo estremeceu nesse momento, era a hora da verdade. Elly estava sem palavras e se sentou como se as palavras do Carlos tirassem suas forças e ela mesma não entendesse mais nada, ela não era uma criança, devia entender tudo que fez. Mas ela continuava olhando extasiada para o Nicolas, como se não entendesse nada. Como se nem eu e nem o Carlos estivéssemos ali quando ele apareceu .. Mas algo aconteceu, pois ela se debruçou em lágrimas e eu decidi que era a hora de sairmos dali. Então eu e o Nicolas fomos para o meu quarto, que eu tranquei. Carlos só ficou lá abraçando ela.
  • 60. 59 - Capítulo 23- Todo drama merece um fim Como eu queria guardar toda aquela dor que estava sentindo dentro de um pote e jogá-lo bem longe, quem sabe no fundo de um oceano, onde nem os aventureiros pudessem encontrar. Mas não é simples assim, todos sabemos, as decepções são guardadas sempre dentro de nós e devemos ser corajosos se quisermos que ela um dia se vá. E se por algum acaso não houver essa coragem, ela sempre ficará lá dentro de nós. Já havia se passado algumas semanas desde que tudo aquilo havia acontecido. Carlos ficava trancado naquele quarto, se saia era em algum lapso da noite e quando passava por mim dentro de casa seus olhos estavam sempre inchados, me faltava sempre coragem para falar algo, minha garganta secava e a oportunidade passava, houve momentos que bati em sua porta, mas ele nunca abria. Mudei de escola e parece que todos sabiam o que tinha acontecido, pois ninguém me parava na rua para fazer perguntas, normalmente só falavam e como eu, eles também fugiam de toda essa história. Estava tudo bem entre mim e Nicolas, era o único momento em que o peso sumia de mim. Pois ele sempre me acalmava mostrando que nada disso era culpa minha. Mas era culpa minha essa história ainda não ter tido um fim. E era dever meu dar a ela seu devido fim, não o fim que eu gostaria, pois não sou Deus e nem dona da vida de ninguém. Mas assim como eu tomei as dores que eu não merecia, eu deveria tomar coragem e acabar com tudo. Não ficar em silêncios eternos, dizem que ele nos faz sábios, mas também nos deixa paralisados.
  • 61. 60 Meu primeiro passo deveria ser com ela, onde tudo começou. Bati em sua porta, a mãe dela me atendeu. — Boa tarde dona Fran. Onde está a Elly? Gostaria de falar com ela. — Ainda bem que você está aqui meu amor. - Disse ela com toda doçura de quem não sabia de nada. — Minha Elly só faz chorar e apodrecer naquele quarto, queria levar ao médico. Mas ela não sai para absolutamente nada. Não sei o que fazer. — Não se preocupa, vai dar tudo certo, vou entrar no quarto dela para falar com ela. Entrei lá e ela estava deitada na cama, fones de ouvidos e o quarto todo fechado, até fedia como se não visse sol há dias. Com seus olhos inchados ela me olhou e sem forças pra falar nada simplesmente chorou sem som algum. Sentei ao lado da cama dela e me escorei na parede ao fim dos pés dela. Tomei coragem para falar, a garganta travou, mas um grito também saiu dentro de mim e tomei coragem. — Oi Elly. Primeiro, não vim aqui para drama. Sabe, não vim aqui como vilã ou heroína. Vim aqui como ser humano. Como pessoa que sofreu com tudo isso, mas que também não tomou as melhores decisões. Não sou louca de esquecer todos os nossos anos de amizade e como você esteve ao meu lado em todos os momentos, assim como estive do seu. Eu não sei como tudo isso começou, mas é hora de ter um fim, para poder ter uma continuação, porque não é justo com todos os nossos anos de amizade passarmos pela rua como se fossemos estranhas, ou pior inimigas. Algo que eu nunca serei sua. É por isso que hoje eu estou perdoando você, estou me perdoando também por tudo que fiz e estou perdoando o Carlos por tudo que ele fez também. Nesse momento ela já estava sentada, estática olhando para mim e sem perceber a abracei. Ela me abraçou também e senti mais lágrimas caindo no meu ombro. Ficamos ali por um momento.
  • 62. 61 Me levantei quebrando aquele momento e olhei bem em seus olhos, agora mais amavelmente. — Se recomponha, tome um banho e respire. Tem alguém lá em casa que está sentindo muito a sua falta, que está podre de fedido que nem você e só sabe chorar. Vocês são iguaizinhos mesmo, que merda! *Fiz cara de nojinho e achei graça. E ela riu baixinho. Abri as janelas do quarto e sai. Passei o resto da tarde fazendo trabalho, tentando me concentrar devo dizer. Alguns dias se passaram e não encontrei mais a Elly, mas acho que ela encontrou o Carlos, pois ele saiu do quarto, estava parecendo gente. Mas não ficavam mais lá em casa. Eu não os via juntos nem por ai, mas tudo bem, a parte mais difícil já havia passado.
  • 63. 62 - Capítulo 24 - Escolhas fazem a diferença, mas esse não é o fim. Era sábado, Nicolas estava lá na minha cama e ainda era umas 6:00 da manhã, ele dormia como um anjo. Me levantei e abri a porta do quarto do Carlos, ele dormia profundamente. Liguei pra Elly, ela parecia surpresa, mas a chamei para almoçar todos juntos aqui, iria preparar tudo, mas que ela trouxesse suco de acerola que eu amava, ela concordou feliz. Fiz uma lasanha, eu não era nenhuma profissional na cozinha, mas confesso que isso eu sabia fazer. Por volta das 10 da manhã acordei o Carlos, disse que teríamos que almoçar todos juntos (não mencionei a Elly), acordei o Nicolas e fomos todos para cozinha. A essa altura o Nícolas e o Carlos já estavam bem, só faltava a Elly, não era justo não estarmos todos juntos normalmente, como deveria ser. A companhia tocou e disse ao Carlos que era do interesse dele atender. Ele ficou sem entender, mas foi abrir, curioso provavelmente. Era ela com os sucos na mão. Ele se atrapalhou totalmente tentando ajudá-la com os sucos, Até parecia aqueles filmes de TV. Mas vi a felicidade estampada em seu rosto e ali mesmo, pela primeira vez eles se beijaram na nossa frente, naturalmente, como tudo deveria ser. O resto da manhã correu bem, juntos éramos alegres, vivos. Agora que tudo estava em seu lugar, eu não consegui dormir direito confesso, eles fizeram muito barulho aquela noite, e eu rindo comigo pensava que talvez não devesse ter tornado tudo "natural". Mas eu não sentia falta do drama.
  • 64. 63 Porque a vida da gente só se torna drama quando permitimos, e só permanece se não tivermos coragem suficiente para tomarmos escolhas. É de escolhas que vivemos. E esse não é o fim de uma história, mas talvez o momento em que tudo realmente tenha começado com os prumos apontados para o norte. FIM.
  • 65. 64 Sobre a Autora e Agradecimentos Mayara é uma amante das palavras, escreve por hobby. Em seu primeiro livro de temática adolescente ela busca captar o sentimento do medo, da dúvida, da entrega do coração e todo o drama que isso pode causar, afinal o amor é sempre uma nova descoberta. Agradeço a todos que dedicaram um tempo a conhecer Elly e Léia e a viver com elas a descoberta do amor. @mayaratextos @mayarakellyb mayara.kelly2@hotmail.com