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UNIVERSIDADE ANHANGUERA
CURSO DE PSICOLOGIA
LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT
AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS
OSASCO
2014
LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT
AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS
Monografia apresentada ao curso de
Psicologia, como requisito parcial para
a obtenção do título de xxxxx.
Orientador: Prof. xxxxxx
CIDADE
2014
LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT
AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS
Trabalho de Conclusão de curso apresentada
a universidade Anhanguera de São Paulo,
como exigência do curso de Psicologia.
Apresentada ao curso de Psicologia,
Orientador: Prof. Mestre Plinio Bronzeri.
Aprovado em ____/____/____
____________________________________
Orientador: Prof. Xxxxxxxxxxx
Faculdade xxxxxxxxxxx
____________________________________
Prof. Xxxxxxxxxxx
Faculdade xxxxxxxxxxx
____________________________________
Prof. Xxxxxxxxxxx
Faculdade xxxxxxxxxxx
Dedico este trabalho à meu esposo William
Henry Tetrault pelo suporte atenção e calma
durante esta minha longa jornada
acadêmica, e por seu amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me permitido e ajudado a
cumprir mais esta etapa em minha vida, por ter me dado inspiração e forca
para prosseguir. Aos meus familiares que acreditaram em mim.Aos meus
amigos mais chegados que foram partes essenciais na minha vida
acadêmica: Celeni, Milca Almeida, Vanessa Giselle e Bruna Moreira, amigos
os quais que me fizeram gargalhar nas dificuldades.
Agradeço aos professores que me proporcionaram este aprendizado.
Ao meu orientador, Professor Plinio, que me transmitiu muita calma e
paciência neste trabalho.
RESUMO
TETRAULT, L.P.G.P. AGRESSIVIDADE E RELACOES CONJUGAIS.20014.41 f.
Trabalho de Conclusão de curso (TCC) – Curso de Psicologia,Universidade Anhanguera de
São Paulo,2014.
Este estudo teve o objetivo de discorrer a respeito das bases que compõem os
estudos arraigados à agressividade e relações conjugais, avaliando os fundamentos
que abarcam a temática em toda a sua completude, analisando os processos de
construção das identidades dos indivíduos, bem como os aspectos inerentes a
agressividade em toda a conjuntura e examinando os baldrames que relacionam a
agressividade nas relações conjugais. De tal modo, esta pesquisa, dentro de seu
procedimento metodológico, se embasará nos métodos bibliográficos, onde acredita-
se ser essencial a utilização de fundamentação teórica para construção do trabalho.
Com o resultado da pesquisa foi possível concluir que o comportamento agressivo
do homem ante às relações conjugais pode ser avaliado em conformidade a
distintos fatores, e, o controle e domínio à mulher tornam-se preceitos que abrangem
esse comportamento hostil, e que, por vezes, pode ser designado como violento, e
que deve ser analisado sistematicamente e tratado em termos de manter a
estabilidade emocional nas relações conjugais.
Palavras-chave: agressividade; relações conjugais; identidades.
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 7
1 PROCESSO CONSTRUTIVO DA IDENTIDADE DO HOMEM DIANTE DA SOCIEDADE..........................................9
1.1 BALDRAMES INERENTES AO SISTEMA DE CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES HUMANITÁRIAS...................10
1.2 A DUALIDADE HOMEM X MULHER PERANTE A SOCIEDADE: ASPECTOS COMPORTAMENTAIS HISTÓRICOS
E CONTEMPORÂNEOS DAS RELAÇÕES CONJUGAIS........................................................................................14
2 AGRESSIVIDADE: FUNDAMENTOS BASAIS E CAUSALIDADES DESTA NOS INDIVÍDUOS................................24
2.1 ASPECTOS FUNDAMENTAIS CONCERNENTES À ORIGEM E DEFINIÇÕES DA AGRESSIVIDADE.....................24
2.2 EXPLANAÇÕES ACERCA DAS CAUSALIDADES DA AGRESSIVIDADE NOS INDIVÍDUOS.................................30
3 A AGRESSIVIDADE DO HOMEM NAS RELAÇÕES CONJUGAIS: ASPECTOS INERENTES AOS PRESSUPOSTOS
CAPITAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS ..............................................................................................................33
3.2 EXPLANAÇÕES ACERCA DA AGRESSIVIDADE COMO VIOLÊNCIA: TIPOLOGIAS E CONSEQUÊNCIAS DESTAS
NAS RELAÇÕES CONJUGAIS..........................................................................................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................39
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................... 40
7
INTRODUÇÃO
Inicialmente, discorre-se que a identidade no ser humano pode ser avaliada
como um tipo de ferramenta que reúne as características relativas às pessoas de
maneira individual, sendo observada como o meio no qual o indivíduo tem a
possibilidade de se autodefinir, arraigando-se, ao mesmo tempo, ao comportamento
interno das pessoas antes os processos de mudanças.
Deste modo, avalia-se que o processo de concepção das identidades dos
indivíduos fundamenta-se em uma categoria de organização interna, pautando-se
nas capacidades, crenças, controle, impulsos.
Paralelamente, dentro da construção identitária das pessoas, pode-se
elucidar que as relações estabelecidas entre homens e mulheres cooperaram
efetivamente para a concepção deste processo, visto que estas relações vêm
transformando com o decorrer dos anos, o que abarca modos de agir, comportar e
pensar de ambos.
A agressividade, neste sentido, é designada como um tipo de comportamento
que possui a finalidade de causar um determinado tipo de dano a uma pessoa, e,
nas relações conjugais, a agressividade do homem é ocasionada como um meio de
controle e domínio sobre o cônjuge, no caso, a mulher.
Acredita-se, nesta dimensão, que a agressividade quando cotejada às
relações conjugais parte de padrões de comportamentos visualizados como
impulsivos, que faz com que o ser homem comporte-se e aja de maneira inusitada
diante de um sentimento de comando e exaltação.
Assim sendo, este estudo acadêmico apresenta como escopo basilar
discorrer a respeito das bases que compõem os estudos arraigados à agressividade
e relações conjugais, avaliando os fundamentos que abarcam a temática em toda a
sua completude, analisando os processos de construção das identidades dos
indivíduos, bem como os aspectos inerentes a agressividade em toda a conjuntura e
examinando os baldrames que relacionam a agressividade nas relações conjugais.
De tal modo, esta pesquisa, dentro de seu procedimento metodológico, se
embasará nos métodos bibliográficos, onde acredita-se ser essencial a utilização de
fundamentação teórica para construção do trabalho. Entende-se que o emprego de
fontes primárias e secundárias para embasamento da pesquisa incide em parte
8
primordial para o desenvolvimento da mesma, pois utilizar-se de livros e documentos
sobre o assunto em tese, compõe-se, por si só, em elementos importantes para o
processo de estabelecimento do conteúdo relativo ao trabalho.
A discussão em torno da temática, igualmente, será construída
qualitativamente, por meio de fases que irão investigar os objetivos, cujas pesquisas
bibliográficas e documentais atuarão como mediadoras para a descrição do
contexto.
Dentro desta perspectiva, o capítulo um irá sopesar acerca do processo de
construção das identidades, ponderando sobre a dualidade existente entre homens
e mulheres e o papel do homem na constituição da família, criando, desta forma,
fundamentações para compor o estudo em tese.
Sequencialmente, o capítulo dois possui o intento de analisar a respeito da
agressividade, sopesando sobre suas concepções, características e aspectos
basilares, acrescendo nos teores abordados.
Por fim, o capítulo três aporta com objetivo de traçar análises em alusão à
agressividade do homem nas relações conjugais, elucidando sobre perspectivas
inerentes à agressividade verificada no homem ante às relações conjugais,
apresentando suas singularidades, causas e consequências, justificando,
indubitavelmente, este estudo acadêmico.
9
1 PROCESSO CONSTRUTIVO DA IDENTIDADE DO HOMEM DIANTE DA
SOCIEDADE
Inicialmente, pode-se analisar, segundo a visão de Torres (2008) que a
identidade é compreendida como uma reunião ou conjunto de características
inerentes aos indivíduos, sendo que esta diferencia as pessoas umas das outras,
sua postura perante a sociedade e seu comportamento.
Neste sentido, a identidade atua como um instrumento que acrescenta as
peculiaridades essenciais às pessoas de maneira individual, consistindo em
ordenações referentes ao seu ambiente de convívio social.
Prontamente, elucida-se que as identidades tornam-se importantes para o
estabelecimento de relações interpessoais e, neste sentido, a visão do ser perante a
sociedade apresenta uma função de destaque no processo construtivo daquela,
delineando uma postura diversificada no que se refere ao procedimento de
fabricação de sentidos para as diferentes práticas e referências de caráter pessoal.
No que tange a construção das identidades dos indivíduos, esta é tida como
indubitável, haja vista que contribui para que os mesmos alcancem um
reconhecimento de seu espaço, compreendendo, quem verdadeiramente são, as
afinidades com outras pessoas, bem como suas diferenciações e anseios diante da
realidade que se encontram imersos.
Assim sendo, o presente capítulo possui o desígnio de ponderar acerca do
processo de construção da identidade do homem perante a sociedade, discorrendo
sobre os baldrames inerentes ao sistema de construção das identidades
humanitárias, além de se levantar uma análise a respeito da dualidade homem x
mulher perante a sociedade, através de precedentes históricos e contemporâneos
que fundamentam as relações conjugais, por fim, compreender o papel do homem
na família, de modo a acrescer de maneira basilar as fundamentações deste estudo.
10
1.1 Baldrames inerentes ao sistema de construção das identidades
humanitárias
Carvalho (2012) inicia a análise discorrendo a respeito do quão diferentes
consistem os conceitos referentes à identidade, visto que são debatidos em
segmentos como psicologia, filosofia, sociologia e antropologia, através de
observações associadas aos pressupostos da valorização da individualidade, ou
ainda de expressões focadas no eu, subjetividade e relações sociais.
Neste sentido, a identidade, pode ser entendida como a maneira com a qual o
indivíduo delibera a si mesmo, voltando-se ao mesmo tempo a conjeturas que o
relaciona, como a confiança na continuidade ou perpetuação interna do ser humano
em meio às transformações, ou mesmo como um tipo de organização interna, que
se fundamenta na autoconstrução e dinamismo de impulsos, crenças, capacidades e
história singular. (TORRES, 2008)
Ao mesmo tempo, as deliberações ao redor das compreensões da identidade
direcionam-se para um componente que se encontra aprofundado no discurso que a
pessoa apronta quando sua consciência passa a administrar suas atividades,
memórias e idéias. (CARVALHO, 2012)
Diante do contexto, Moreira (2007) elucubra que, uma vez que as concepções
da identidade sejam invariavelmente avaliadas, observa-se uma espécie de
conformidade no que diz respeito ao eu como uma terminologia habitual à
conceituação de identidade, com alusões em categorias centradas na pessoa, eu,
ego e indivíduo.
Carvalho (2012) discorre que deliberar a terminologia identidade incide como
complexo, e, deste modo, pode ser subdividida em distintos estados de maneira tal
que se entenda adequadamente o abarcamento do termo em questão.
Em contrapartida, Moura (2007) considera que “o conceito de identidade, de
modo geral, se relaciona ao conjunto de compreensões que as pessoas mantêm
sobre quem elas são e sobre o que é significativo para elas” (MOURA, 2007, p. 03)
A identidade, igualmente, pode ser compreendida como um conjunto de
componentes que determinam a maneira com a qual o indivíduo Pensa, age ou se
relaciona com a sociedade. (CARVALHO, 2012)
11
Diante disto, a identidade passa a ser dividida em diversos tipos de
condições, como a identidade pessoal, cultural, social, étnica e nacional.
(CARVALHO, 2012)
No que tange à identidade pessoal, Moura (2007) acena que esta consiste
como o segmento de identidade que possui maior complexidade para ser
apresentada, no entanto, destaca-se em relação às outras possibilidades em razão
de avaliar em elementos categóricos para a caracterização e diferenciação dos
indivíduos.
Sobre a identidade pessoal, Moura (2007) sopesa:
A identidade pessoal parece ser a de mais complexa formação,
dependendo também de outros fatores como características familiares,
criação, costumes locais; e que tem uma ligação estrita com diferentes
períodos da vida, sobretudo a idade. Outros fatores pessoais como
personalidade, traços físicos e intelectuais também exercem um impacto
direto sobre a identidade pessoal. A “auto-identidade” (ou identidade
pessoal) nos separa como indivíduos distintos. A identidade pessoal é
obtida através de um “processo de autodesenvolvimento”, que possibilita a
formulação de um sentido único de nós mesmos e de nossa relação com o
mundo à nossa volta. (MOURA, 2007, p.03)
O autor supracitado adiciona que a identidade pessoal relaciona-se por meio
de uma ligação invariável da pessoa com o mundo exterior, auxiliando, da mesma
maneira, para conceber e estruturar sua noção de si mesmo.
Paralelamente, tem-se a identidade social, ventilada por Moreira (2007) como
uma segmentação instaurada através de grupos de convivência, com amizades e
instâncias prosaicas.
Nesta tipologia de identidade, Moura (2007) pondera que nela verifica-se a
apresentação de uma função basal, especialmente nas etapas da adolescência,
onde é possível verificar diferentes e intensas descobertas, em tendências inflexíveis
de influência de terceiros, visto que ainda não se encontra completamente
construída a identidade pessoal.
Neste ínterim, percebe-se que a identidade social faz referência às
peculiaridades que as pessoas demandam em consequência dos relacionamentos
sociais estabelecidas a partir da convivência com outros indivíduos. (MOREIRA,
2007)
12
Deste modo, pode-se apontar que “a identidade social diz respeito às
características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros” (MOURA, 2007, p.
04)
Imerso nesta conjetura, é apropriado salientar a importância das chamadas
“tribos” na adolescência, exemplificando, nas quais as pessoas buscam por grupos
de convívio, com o objetivo de se aproximar e identificar com o maior número de
pessoas possível, conseguindo informações evidentes a respeito de diferentes
objetos de interesse comum nesta faixa etária. (TORRES, 2008)
Considera-se, segundo Moura (2007), que a identidade social abaliza o modo
com o qual as pessoas são análogas as outras, como, por exemplo, no
compartilhamento de acontecimentos que as contentem, de maneira especial em
grupos que partilham os mesmos atributos.
No que se refere ao segmento designado de identidade cultural, Moura (2007)
elucida que este se encontra conexo a elementos considerados inflexivelmente mais
antigos que a própria sociedade ou ainda a civilização, o que arraigar-se a uma pré-
determinada coletividade apresentar mais que uma identidade cultural.
Esta conjuntura pode vir a acontecer em conseqüência de múltiplos agentes,
como a razão de que algumas culturas apresentam historicamente maiores
acontecimentos do que as nações especificamente ditas, o que as alocam como
ainda mais antigas. (FERNANDES; ZANELLI, 2006)
Além disso, pode-se complementar que uma cultura tem a possibilidade de
ser desenvolvida através de diferentes outras culturas, mesmo em cada família ou
grupos sociais, com tradições desiguais. (MOURA, 2007)
O autor supracitado insere como exemplo deste tipo de distinção a cultura
que se observa em uma família composta por descendentes de índios e uma família
brasileira descendente de negros.
A cultura que é visualizada nestas famílias opõe-se em ampla dimensão, o
que deposita na identidade cultural com uma importância que transpõe as linhas de
descendência, miscigenando-se às tradições regionais, bem como aos biótipos de
época e comportamento, apresentando relevante influência a respeito das pessoas,
com seus costumes, atitudes e postura, bem como quanto a acontecimentos.
(MOREIRA, 2007)
13
Subsequentemente, Moura (2007) arrazoa em referência à identidade étnica,
como consistindo em algo invariável, que irá modificar-se em consonância com as
descendências e particularidades físicas das pessoas.
O autor supracitado elucubra que “mais do que apenas características
genéticas, a identidade étnica depende da cultura familiar, ou até mesmo da
identificação do indivíduo com sua terra, seu povo, ou dos seus descendentes.”
(MOURA, 2007, p. 04)
Moura (2007) exemplifica de acordo com a situação que se segue:
Um exemplo é o caso dos brasileiros com ascendência oriental
(dekasseguis), que saíram do país para buscar trabalho em países
orientais. Se aqui eles são chamados de japoneses, e até “segregados” por
sua aparência física, lá eles acabam sendo hostilizados justamente pelo
motivo contrário. Embora tenham uma identidade étnica japonesa, eles
também têm uma identidade cultural nipo-brasileira, o que os difere dos
japoneses do Japão. Ao mesmo tempo em que parecem ter duas
identidades étnicas, podem sentir-se sem nenhuma, já que essas pessoas
nem sempre são vistas como brasileiras em seu próprio país e nem como
japonesas no Japão. Muitas vezes esses indivíduos acabam sofrendo uma
complexa crise de identidade, que envolve tanto a identidade étnica quanto
a cultural. (MOURA, 2007, p. 05)
O autor acima mencionado, paralelamente, considera acerca da identidade
nacional, esta compreendida como àquela referente ao país de origem ou mesmo
residência por extenso período de tempo, continente, singularidades em termos
geográficos, dentre outros elementos a ser considerados.
Esta tipologia de identidade se distingui da identidade étnica por não
encontrar-se alicerçada de maneira tão viva em características como, por exemplo,
raça e descendência. (MOURA, 2007)
Destarte, insere-se como exemplificação de identidade nacional os
acontecimentos internacionais, como o caso dos campeonatos esportivos mundiais,
em que os sentimentos referentes ao patriotismo afloram nas pessoas de uma
maneira geral, exasperando, deste modo, emoções e sentimentos que se identificam
aos significantes símbolos das nações, como ocorre com as bandeiras nacionais e
os hinos. (TORRES, 2008)
Prontamente, pondera-se que este tipo de manifestação, de acordo com
Moreira (2007), faz com que as pessoas, busquem, pelo patriotismo exacerbado do
14
momento, evidenciar aos adversários este sentimento, e, consequentemente,
intimidando-os na prática de seus esportes.
Assim sendo, salienta-se que a identidade nacional situa-se arraigada junto
às outras segmentações de identidade abordadas anteriormente, notadamente a
identidade cultural, étnica e social, haja vista que “a identidade de um país não
depende somente de um indivíduo, mas sim de um grupo de indivíduos, com suas
diversas identidades.” (MOURA, 2007, p.05)
Neste sentido, e em consonância com as conjeturas explanadas, pode-se
visualizar que o somatório de todos os segmentos de identidade irá estabelecer a
identidade pessoal do ser humano, com o entendimento de que as identidades
pessoal, social, cultural, étnica e nacional congregam-se em prol da construção da
identidade pessoal do indivíduo. (TORRES, 2008)
Percebe-se, ao mesmo tempo, que as diferentes identidades pessoais
poderão vir a ser utilizadas na compreensão de um determinado grupo, que seja
amplo, de convivência social e de compartilhamento de informações, o que
corrobora, decisivamente, no processo de integração de diversas identidades
pessoais, auxiliando na construção da identidade social de todos aqueles que se
encontram envoltos neste processo. (FERNANDES; ZANELLI, 2006)
Deste modo, perante as fundamentações explanadas, aponta-se como
primordial ao contexto analisar a respeito do processo que relaciona a dualidade
homem x mulher perante a sociedade, avaliando as bases e conjeturas das relações
conjugais, complementando assim este estudo acadêmico.
1.2 A dualidade Homem x Mulher perante a sociedade: aspectos
comportamentais históricos e contemporâneos das relações conjugais
Para se encontrar um entendimento acerca do comportamento do ser
humano, é de suma importância explanar acerca da dualidade homem x mulher
através dos tempos como um instrumento de percepção acerca da agressividade e
das relações conjugais, assunto este que será mais bem desenvolvido ao longo da
presente pesquisa acadêmica.
15
Em um primeiro momento, é possível vislumbrar que a história da mulher é
tida como extremamente recente, uma vez que antes de começar a ser vista como
disciplina científica, o lugar da mulher sempre esteve sujeito às representações do
homem.
Assim, segundo Strey, Cabeda; Prehn (2004), a maior parte da história da
humanidade sempre foi centrada no homem, apontado como detentor de poderes
universais, deixando limitada a história da mulher.
Os conhecedores e entusiastas responsáveis pelas formações de conceitos
categorizaram a história de maneira que ambos os sexos ostentassem valores
diferenciados, todavia com o masculino sempre em níveis muito superiores.
(STREY; CABEDA; PREHN, 2004)
Souza (2010) salienta que a figura masculina era a imagem de Deus, o
defensor, o protetor, aquele que trabalha e alimenta a família, ou seja, um indivíduo
infinitamente superior à mulher.
Porém, de acordo com as premissas de Strey, Cabeda; Prehn (2004), apesar
da concepção do vocábulo para os estudiosos, pode ser percebido que a sinergia
entre os seres humanos vem mudando com o tempo.
Em percepções mais remotas, a mulher era considerada como um ser
impossibilitado de desenvolver algum pensamento ou atitude. (STREY; CABEDA;
PREHN, 2004)
Acrescenta-se que para determinados religiosos não era consentido que se
dirigisse o olhar para qualquer mulher, sob pena de exclusão do clero. (STREY;
CABEDA; PREHN, 2004)
De acordo com Strey, Cabeda; Prehn (2004), uma vez a história se
aproximando da era pré-cristã, têm-se as mulheres como seres puramente
subservientes ao trabalho doméstico.
E ainda, as autoras apontam que, a esmagadora maioria masculina era
agradecida por não ter nascido em corpo de mulher, uma vez que estes eram os
únicos que podiam ouvir o chamado de Deus para a fé. (STREY; CABEDA; PREHN,
2004)
Entretanto, Freud COLOQUE O NOME COMPLETO DELE (VIDA E MORTE)
ANOS, segundo as concepções de Strey, Cabeda; Prehn (2004), já afiançava que a
mulher carecia ser considerada um ser pela qual se possibilitava sentir o sopro de
vida pela procriação materna, pois este era um sentimento admitido somente a ela,
16
cabendo ao homem o papel de um mero instrumento para a efetivação deste
sentimento.
Paralelamente, as autoras acima mencionadas lembram que aos homens não
era permitido chorar, desabafar ou mesmo expressar suas emoções, pois, tais
atitudes significariam fragilidade, insegurança e fraqueza, denotando assim, ações
características pejorativas ao sexo masculino.
Simultaneamente, Souza (2010) pondera que, já no período final da
antiguidade, a representação da mulher se afrontava com a imagem da idade média,
sendo colocada por diversas vezes em situação de superioridade à do homem.
E, em determinadas culturas, a mulher era cognominada como um ser
inteiramente capaz de realizar encantamentos e receber préstimos de entidades
superiores, de acordo com suas religiões. E, neste sentido, o homem
invariavelmente seria subjugado pelo medo. (SOUZA, 2010)
O autor supracitado indica que o próprio Messias, sob a ótica do Cristianismo,
revogava considerações à mulher quando superestimava a participação de figuras
femininas em relevantes acontecimentos e afirmava categoricamente que seu lugar
e presença na sociedade nunca poderiam ser desrespeitados, em detrimento ao que
efetivamente aconteceu ao longo dos séculos.
Com o desenvolvimento e ampliação do cristianismo, os religiosos
combateram persistentemente essa concepção mágica e poderosa que as mulheres
contraíram mediante seus supostos poderes de encantamentos e magias junto às
entidades do além. (SOUZA, 2010)
Neste sentido, o autor acima enfatiza que o clero procurava exaltar o caráter
igualitário entre homens e mulheres com o escopo central de aplacar esta imagem
de poder de forças estranhas à fé.
Deste modo, Souza (2010) complementa que o clero batizava as criaturas
como sendo todos seres oriundos de uma mesma divindade, na qual a suposta
superioridade concedida às mulheres seria considerada como inventiva, falsa e que
iria contra todas as ações de ordem divina.
Strey, Cabeda; Prehn (2004) discutem que, de uma forma androcêntrica, a
humanidade se concentrou em designar a mulher como um indivíduo inferior e,
portanto, na tentativa de readquirir o verdadeiro aspecto da mulher na historia, faz-
se necessária certa concepção de novas metáforas que distingam e favoreçam as
particularidades e a pluralidade da figura feminina dentro da sociedade.
17
Contudo, Souza (2010) discorre que a tarefa de afastar as determinações de
que o homem é superior e que a mulher deve ser subjugada por ele não foi e, em
muitas culturas, ainda não é uma tarefa fácil e de tranqüila aceitação.
Assim, se com o passar dos anos o homem era um ser supremo em relação à
mulher, devido a sua capacidade de trabalho e busca pelo sustento enquanto a
mulher era capaz unicamente de procriar e cuidar do homem, atualmente uma nova
dualidade continua a tomar conta das discussões acerca do gênero. (SOUZA, 2010)
Entretanto, antes de se abordar este novo âmbito na diferenciação homem
VERSUS x mulher, é fundamental entender o que significa gênero. Deste modo, é
fundamental citar uma conceituação ampla e explicativa disposta por Soihet (1997):
Gênero tem sido desde 1970 o termo usado para teorizar a questão da
diferença sexual. Foi inicialmente utilizado pelas feministas americanas que
queriam insistir no caráter fundamentalmente social das distinções
baseadas no sexo. A palavra indica uma rejeição ao determinismo
biológico implícito no uso de termos “sexo” ou “diferença sexual”. O gênero
se torna, inclusive, uma maneira de indicar as “construções sociais”, a
criação inteiramente social das ideais sobre os papéis próprios aos homens
e as mulheres. (SOIHET, 1997, p. 279).
Percebe-se, portanto, que a definição exposta pela autora supracitada é
pragmática e, ao mesmo tempo, pertinente à temática do presente trabalho
acadêmico, haja vista que as discussões acerca do gênero surgiram a partir de
embates acerca das diferenciações de sexo.
Neste sentido, a partir do entendimento do conceito de gênero é possível
apontar que a dualidade entre homem x mulher passou a um novo âmbito e que as
discussões acerca do tema tomaram um novo rumo.
Strey, Cabeda; Prehn (2004) discorrem acerca de uma concepção freudiana
que se dá pela concepção de que a figura feminina se encontra atualmente em uma
busca incessante pela igualdade entre os sexos aonde algumas delas chegam a se
personificar em imagens de cunho masculinizado, ou seja, elas partem do princípio
que para se apoderar do lugar dos homens é preciso ter as mesmas atitudes que
ele, sem sopesar que a essência de sua diferença é que iguala os indivíduos.
Ao mesmo tempo, as autoras supracitadas elucidam que os homens, ao ver
que seu espaço tem diminuído drasticamente e as mulheres passaram a mandar ao
18
invés de obedecer – e não somente no mercado de trabalho, mas principalmente
dentro das próprias residências -, continuam a buscar no preconceito advindo da
antiguidade para justificar sua capacidade mediante a possível incompetência e
inutilidade da mulher para realizar qualquer tarefa no mesmo nível que ele.
E, de acordo com Souza (2010), mesmo em seus próprios lares, existe uma
disputa incessante entre os sexos pelo controle da residência como um todo, mas,
principalmente, no que tange à tomada de decisões. (SOUZA, 2010)
Contudo, os homens, principalmente os ocidentais, perceberam que houve
uma quebra do paradigma de superioridade masculina.
E no dias de hoje, é somente a partir de decisões tomadas em conjunto que
as tarefas são divididas, sejam elas de busca pela subsistência ou mesmo as mais
simples atividades domésticas. (SOUZA, 2010)
Strey, Cabeda; Prehn (2004) denotam ainda que, de maneira generalizada, a
globalização econômica mundial trouxe um novo contexto para as relações
conjugais. Segundo elas, pode-se observar ainda que, em muitos casais, houve uma
inversão de papéis.
Aquele que encontrar as melhores oportunidades ou for mais graduado a
nível profissional se torna o principal provedor da família. Mas não o único. (SOUZA,
2010)
As relações conjugais nos tempos atuais são pautadas em trabalho mútuo e
colaborativo, seja a nível financeiro ou a nível doméstico. (STREY; CABEDA;
PREHN, 2004)
Porém, é fundamental citar que as autoras supracitadas afirmam que a
feminilidade é que se estabelece na alternativa para a crise em que o poderio dos
homens se encontra imerso atualmente.
Assim, percebe-se que (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) vislumbram que
nunca haverá uma igualdade entre os sexos e, neste sentido, a discussão será
sempre pautada na diferenciação entre eles.
Deste modo, é essencial explicitar o papel do homem na família, de modo a
levantar os contrastes observados até os dias de hoje para que melhor se
compreenda o processo construtivo da identidade do homem diante da sociedade.
19
1.3 A instituição família e o papel do homem
Inicialmente, com o intuito de alcançar maior completude do presente estudo
acadêmico, é fundamental entender o que é a instituição família e seus objetivos
para, posteriormente, pautar as questões inerentes ao homem neste contexto.
Assim, segundo os preceitos de Cunha; Santos (2006), a família pode ser
determinada como uma instituição de distintos componentes que compartilham
conjunturas afetivas, culturais, econômicas, sociais e históricas, entendida, desta
maneira, como uma unidade social que recebe e emite acontecimentos históricos e
que apresenta uma dinâmica definida e uma comunicação própria.
Ao se avaliar o conjunto família, Cunha; Santos (2006) apontam que:
A família dispõe de um modo de funcionamento impar – o amor – algo que
não se adquire nas prateleiras de qualquer supermercado, mas supõe,
idealmente a gratuidade e a incondicionalidade. Assim, das inúmeras
mudanças, algo permanece, ou seja, a preocupação com os filhos, que são
hoje criados por muitas delas, com muito mais desvelo, amor, carinho e
preocupação com seu bem estar e crescimento harmonioso. [...] a família é
um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos
membros da família, considerando-a, igualmente, como um sistema, que
opera através de padrões transacionais. [...] sendo assim, no interior da
família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser
formados pela geração, sexo, interesse e/ou função, havendo diferentes
níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro, afetam e
influenciam os outros membros. A família, como unidade social, enfrenta
uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo em nível dos
parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais.
(MINUCHIN apud CUNHA; SANTOS, 2006, p.18-19)
De acordo com os autores supracitados, a família propriamente dita lida
diariamente com frequentes influências de caráter econômico, social, cultural e
político, o que ocasiona em modificações nas funções e nos relacionamentos
acarretados em seu âmago, e, ao mesmo tempo, acaba por transformar suas bases
no que dizer respeito à composição familiar.
Em conseqüência de sua potencial capacidade para se adaptar às
imposições estabelecidas pelo ambiente, admite-se que a família tem alcançado
novas formas de sobrevivência, no que tange às agudas crises sociais. (CUNHA;
SANTOS, 2006)
20
Além disso, o autor acima mencionado discorre que a família é entendida
como um elemento basilar na conjuntura do desenvolvimento humano, e, do mesmo
modo, consiste no caminho fundamental para a saúde de seus membros, ainda que
todas as mudanças sociais, culturais e econômicas que alteraram a composição da
família, e que, mesmo assim, ainda se observa transformações significativas nos
relacionamentos intrafamiliares. (CUNHA; SANTOS, 2006)
Paralelamente, ao se ponderar acerca do significado da família, é importante
ressaltar as explanações acerca do gênero, haja vista que este proporciona um
compreendimento renovado e transformador das desigualdades entre homens e
mulheres dentro das intuições de família, ampliando as noções das controvérsias
individuais, destacando as interações sociais que insuflam nas deliberações de
cunho ocupacional e educativo.
Deste modo, conforme abordado anteriormente por Soihet (1997), a
concepção de gênero como organização histórica e cultural alude em considerações
sobre o sistema social de gênero, onde o agrupamento de classificações e conjuntos
simbólicos através dos quais a sociedade transforma homens e mulheres.
Portanto, a família configura-se como uma amalgamação de conformismo às
determinações sociais e como um elemento basilar de resistência contra a
sociedade, resguardando a dominação de mulheres e filhos, mas, protegem
mulheres, idosos e crianças “contra a violência urbana; cria condições para a
dominação masculina, mas garante aos homens um espaço de liberdade contra sua
subordinação no trabalho; conserva tradições, mas é o espaço de elaboração de
projetos para o futuro, é não só núcleo de tensões e de conflitos, mas também o
lugar onde se obtém prazer.” (CHAUÍ apud SIMONATO; OLIVEIRA, 2003, p. 63)
Em uma sociedade qualificada por imutáveis desigualdades, as famílias em
seu completo processo de desenvolvimento alimentam laços de estabilidade e
afetividade de ordem econômica alinhavados, embora se visualize um número
significativo, no transcorrer de toda a história da família, de insuficiência de recursos
assistenciais ou ainda de direitos sociais, além da presença de famílias unidas por
conveniência ou sobrevivência, particularidades estas que, segundo Simonato;
Oliveira (2003) necessitam ser devidamente sopesadas e entendidas de modo tal a
compreender adequadamente as denotações e transformações dos relacionamentos
familiares.
21
Neste sentido, Cunha; Santos (2006) elucubram que na história da família,
distintas modificações têm ocorrido no que tange à sua composição estrutural, em
consonância com as transformações na sociedade em suas diferentes maneiras de
conceber em termos materiais a vivência em sociedade.
Os autores supracitados complementam que a família desempenha uma
função crucial em sua relação com seus elementos, além do relacionamento com o
próprio Estado, sob uma ótica de instituição social determinante ao desenvolvimento
do sistema de integração ou ainda a inserção social de seus componentes.
Percebe-se, portanto, que a família atua com uma posição essencial no que
diz respeito ao processo de construção da identidade dos indivíduos, uma vez que
auxilia de forma determinante no estabelecimento de suas relações sociais e,
indubitavelmente reforça a importância da manutenção de laços afetivos já criados,
apresentando ainda um sincrônico significado orientados para uma constante
aprendizagem e disseminação de concepções que enfoquem a inclusão de
indivíduos sob todas as perspectivas.
Partindo das explanações acima, Fernandes; Zanelli (2006) destacam a
importância em se discutir o papel do homem na família com base no enfoque criado
pelas transformações que os dias de hoje impuseram a ele e as conseqüências
delas não somente para o indivíduo, mas para toda a sua estrutura familiar.
De acordo com os pressupostos dos autores acima mencionados, o senso
comum e a sabedoria popular sempre categorizaram que este mundo pertence ao
homem.
E, conforme abordado anteriormente, as mulheres cedem enquanto os
homens dominam. Enquanto os homens fazem história, as mulheres lhes
asseguram suporte emocional.
Cunha; Santos (2006) salientam que ao homem sempre coube o ambiente
externo a casa, de produzir, de construir, de caçar, enquanto à mulher sempre
coube o ambiente interno da casa, de se responsabilizar em cuidar do homem, de
nutrir de afeto e alimento, de educar.
E a figura feminina sempre educou seus filhos homens a desenvolver
determinados sentimentos e as filhas outros. A demonstração da raiva coube ao
homem por beneficiar a agressividade pertinente ao provedor da família, enquanto a
demonstração de carinho coube a mulher, por beneficiar o cuidado e a nutrição.
(CUNHA; SANTOS, 2006)
22
Ao homem coube o executar, à mulher coube o sentir. O filho homem nem ao
menos aprendeu a distinguir aquilo que sente e poder conversar abertamente sobre
seus sentimentos. (CUNHA; SANTOS, 2006)
Entretanto, com o passar dos anos e a quebra dos antigos paradigmas entre
superioridade masculina, as mulheres alcançaram sua inserção no mercado de
trabalho, a mecanização de processos produtivos prosperou, o capital internacional
foi deslocado dos setores de produção para os de investimentos e especulação
financeira gerando, por conseguinte, uma sociedade sem empregos para todos.
(FERNANDES; ZANELLI, 2006)
Os autores acima mencionados complementam que o trabalho se especificou
e individualizou a tal nível que o próprio homem não entende mais aquilo que
produz.
Os subempregos e o desemprego alcançaram níveis alarmantemente altos, e
com eles cresceu também o colapso do homem que não mais consegue arcar com o
papel que a família espera dele. (FERNANDES; ZANELLI, 2006)
Assim, nos dias atuais tais condições externas fizeram com que as
instituições familiares mudassem. Deste modo, o homem deixou de possuir um
caráter de necessário e/ou essencial e as mulheres passaram a ter mais influência e
peso nas decisões familiares, pois garantem seu próprio sustento e muitas vezes
optam por ter apenas um filho ou até mesmo nenhum. (FERNANDES; ZANELLI,
2006)
Neste sentido, Cunha; Santos (2006) elucidam que tal circunstância acarretou
diversos problemas para o relacionamento homem VERSUS mulher. A despeito das
aparências, esse relacionamento é acometido pela gradual minimização da
importância dos homens, que já não mais possuem vontade ou mesmo condições
de prover a família e, consequentemente, de comandá-la.
Fernandes; Zanelli (2006) sintetizam de forma pragmática que cenário é tão
profundo que só se percebe a ponta de seu iceberg. Contudo, suas conseqüências
invariavelmente influenciarão a nova identidade comportamental do homem de
maneira decisiva.
Destarte, Cunha; Santos (2006) apontam que, precisamente no espaço em
que os homens se comportam de maneira usurpadora e intransigente, humilhando
as mulheres e as crianças, descobre-se constantemente, por trás dessa atitude, sua
23
impotência, um anseio de auto-afirmação ou ainda uma experiência desvirtuada de
compensação perante o demasiado valor da mulher.
Os autores supracitados concluem que, uma vez que o homem não
desenvolveu uma habilidade de se expressar emocionalmente, faltam a eles as
palavras para organizar essa mudança.
Assim, sem expressão e se sentindo completamente ferido, ele faz uso dos
próprios punhos como defesa e se torna violento. (CUNHA; SANTOS, 2006)
Portanto, através das abordagens expostas ao longo do capítulo, é possível
conceber o processo construtivo da identidade do homem diante da sociedade, além
da dualidade entre homem x mulher e o sistema familiar.
Assim sendo, têm-se os baldrames necessários para aprofundar a discussão
da presente pesquisa acadêmica no âmbito da agressividade nas relações
conjugais, de modo a se atingir o nível ideal de completude deste.
24
2 AGRESSIVIDADE: FUNDAMENTOS BASAIS E CAUSALIDADES DESTA NOS
INDIVÍDUOS
A agressividade, freqüentemente, é tida como uma força contraproducente.
De acordo com Kernberg (2006), Freud1
, o Pai da Psicanálise, no ano de 1930 já
considerava a agressividade como inata ao homem. Um contingente de
agressividade é usado como um mecanismo de defesa contra a exploração do ser
humano.
Esta agressividade existe desde os primórdios, adjacente à necessidade de
amor que ele procura do outro. O indivíduo não consegue conservar sua
agressividade dentro de si, pois isto consistiria em um tipo de autodestruição e,
assim sendo, existe a necessidade de exteriorizá-la.
Neste sentido, devido à amplitude do entendimento da agressividade junto ao
homem, o presente capítulo tem por escopo central explanar acerca das origens e
definições da agressividade, traçando um paralelo com aspectos inerentes aos
baldrames fundamentados pela psicologia acerca do assunto para, assim, entender
as causas desta no indivíduo. INDIQUE QUE VOCE ESTARA UTILIZANDO A
PSICANALISE PARA EXPLICAR SEU PONTO DE VISTA
2.1 Aspectos fundamentais concernentes à origem e definições da
agressividade
Winnicott (2003) elucubra que, no que tange às origens da agressividade, ela
tem início antes mesmo do nascimento do bebê e encontra-se nos movimentos
predominantes do feto, pois esses movimentos não são propositais e também não
têm uma implicação de conduta agressiva.
Esses movimentos ajudam a criança a desvendar um universo que não é o
dela e, por conseguinte, principiam o estabelecimento de um relacionamento com o
1
Sigsmund Schlomo Freud ou apenas Sigmund Freud nasceu em Freiberg, Tchecoslováquia, no ano
de1856. Este grande nome da psicanálise foi o responsável pela revolução no estudo da
mente humana e seu legado ressoa até os dias atuais como as principais referências para campos
diversos, como o comportamento humano.
25
mundo exterior. Logo, a agressividade pode estar conectada a uma distinção daquilo
que pertence ao eu do bebê e daquilo que não pertence. (WINNICOTT, 2003)
A agressividade, de acordo com o autor supracitado, carrega em seu âmago
um movimento natural e que, em suas primícias, é apenas um mero um movimento.
Igualmente, o balançar de braços de um bebê no útero materno é unicamente um
movimento que, por casualidade, descobre o ventre como o seu limite, e não um ato
de socar, assim como o movimento de agitar as pernas é simplesmente um
movimento instintivo, e não um ato de chutar, ou seja, não existe intencionalidade
por parte da criança.
Winnicott (2003), afirma que, na essência de cada indivíduo, há o ódio e o
amor e que as crianças já os têm com ampla intensidade. Até mesmo o bebê
convive de forma mais intensa com o ódio e o amor do que os indivíduos adultos.
Segundo o autor,
Parti do pressuposto, o qual tenho consciência de que nem todos
consideram correto, de que todo o bem e o mal encontrados no mundo das
relações humanas serão encontrados no âmago do ser humano. Levo esse
pressuposto mais longe afirmando que no bebê existe amor e ódio com
plena intensidade humana. (WINNICOTT, 2003, p. 164).
Kernberg (2006) analisa os pressupostos de Melanie Klein2
e aponta que, em
suas obras, ela discute a agressividade das crianças projetada diretamente nos pais
e como ela retrocede como inquietude pelo anseio de destruição daquela.
O elemento é apontado como mau pelo motivo da agressividade projetada
nele e não porque o referido elemento prejudica os anseios da criança.
(KERNBERG, 2006).
O autor acima mencionado ainda salienta que ocorre, simultaneamente, um
sentimento amoroso e destrutivo contra sua genitora e este é sentido pela criança
2
A psicoterapeuta Melanie Klein (1882-1960) desenvolveu uma escola de psicanálise na Inglaterra.
Ela foi uma teórica das relações de objeto, autora da teoria do "desenvolvimento psicossexual e
psicopatologia" embasada em eventos intrapsíquicos e interpessoais que supostamente ocorrem
durante o primeiro ano de vida. Melanie Klein concordou com Sigmund Freud que a agressão e a
libido são os dois instintos básicos. Informações baseadas no contexto que se encontra disponível em
<http://www.psiquiatriageral.com.br/psicoterapia/melanie.html>
26
como um estado doloroso capaz de destruir seu próprio corpo, gerando ansiedade
devido à tamanha agressividade projetada por esta.
Winnicott (2003) complementa ao apontar que a coação da agressividade de
cada indivíduo é o fator central das ameaças que a sociedade vive, e não o
comportamento agressivo do ser.
O autor afirma que a agressividade é inata, e que existe a necessidade de
uma individualidade mais interligada ao homem para que, por meio de, por exemplo,
algum tipo de frustração, ocorra o furor e o intento da agressão.
Cabe ressaltar ainda que a mobilidade típica do bebê, como os socos e
chutes intra-uterinos poderiam ser confundidas com um comportamento agressivo,
mas são entendidas como uma maneira de descobrir o espaço, o outro.
(WINNICOTT, 2003).
É a impulsividade e a agressividade que o bebê desenvolve através da
mobilidade que faz com que ele necessite de algo externo a ele. (WINNICOTT,
2003).
Assim, pode-se perceber que, no que tange às origens da agressividade, esta
surge da necessidade de um contato do indivíduo com o exterior, com a
experimentação e o reconhecimento do espaço.
Entretanto, Kernberg (2006) ainda aponta que a origem do termo
agressividade vem do latim e significa movimento para frente, ou seja, não
retroceder e sim progredir à frente ao encontro de seus objetivos.
No que tange as definições, Storr (2012) aponta que a temática sempre foi
elemento de pesquisas, discussões e análises ao longo dos anos, mas que,
atualmente, a preocupação com o entendimento da agressividade aumentou
consideravelmente.
O autor supracitado discorre que é consenso geral que a agressividade é
vista como algo natural e que é encontrada no interior de cada ser humano.
Contudo, o modo com que se a enfrenta está intrinsecamente ligado aos valores,
crenças, leis, dentre outros fatores que são variáveis entre culturas e sociedades.
Existem diversas conceituações para a agressividade. Contudo elas esbarram
em teorias e variantes entre terminologias como comportamento agressivo ou
agressão e que acaba por se tornar um problema na busca pela melhor definição.
(STORR, 2012) INDIQUE NO TEXTO QUE VOCE ESTA UTILIZANDO UMA
ABORDAGEM COMO COGNITIVO COMPORTAMENTAL
27
Na busca em solucionar a problemática em se encontrar uma definição
completa para a agressividade, Storr (2012) identificou através de levantamentos de
informações de diferentes estudiosos, três modelos de teorias:
• Teorias do “Drive” agressivo: nesta, é considerada a agressão como resultado
da frustração;
• Teorias da Aprendizagem: nesta, a agressão é resultado do processo de
aprendizagem social.
• Teorias Instintivas: nesta, a agressão é resultado de um instinto inato e
agressivo.
No que tange ao primeiro modelo de teoria, Storr (2012) discorre que nela, o
indivíduo seria estimulado a se comportar de modo agressivo pela produção do
chamado drive incitado pela frustração em oposição a ser uma energia agressiva
inata.
Assim, a frustração seria uma condição em que existe uma intromissão em
uma resolução direcionada a um elemento que não possibilita que esta o conquiste.
(STORR, 2012)
E, neste sentido, a agressividade seria uma resposta predominante ao
sentimento de frustração. Em toda agressão, a frustração seria sua principal causa.
(STORR, 2012)
Quanto ao modelo de teoria que se refere à aprendizagem social, Storr (2012)
considera Bandura3
como o principal responsável por sua criação. O prisma que
mais assinala esta é o da modelagem determinada como aprendizagem por meio da
observação de modelos.
Estes podem ser apresentados de forma direta, pelo ambiente social geral ou
mesmo pela família, ou de maneira simbólica, através de imagens ou palavras.
(STORR, 2012)
Storr (2012) explica que, segundo os pressupostos de Bandura, para que se
verifique o processo de modelagem, é primordial que o observador direcione sua
3
Albert Bandura, psicólogo cognitivo-social, nascido no Canada à 4 de Dezembro de 1925, docente
em Stamford na California, uma universidade de grande prestigio, chamado também por Havard do
Oeste. Bandura é considerado teórico da aprendizagem social, e seus princípios podem ser aplicados
na modificação de comportamentos agressivos. Informações baseadas no contexto que se encontra
disponível em < http://www.oocities.org/eduriedades/albertbandura.html>.
28
atenção para os aspectos fundamentais do comportamento, que arquive na memória
todo tipo de comportamento do modelo observado, que possua a capacidade de
reproduzir tais comportamentos e que eles possuam implicações favoráveis que
fomente sua imitação.
Neste sentido, o autor supracitado indica que, a exposição aos modelos não
significará que haverá a reprodução, pois o nível de influência dos modelos é
variável nos indivíduos.
Quanto mais importante, interessante for o modelo, maiores as chances de
ele ser imitado e, quanto mais subordinado e de baixa-estima for o observador,
maior este se sentirá inclinado a imitar o modelo. (STORR, 2012)
Nesta teoria, o autor acima mencionado explana que as configurações
particulares da agressividade, sua constância, as circunstâncias em que ele ocorre e
os objetos escolhidos são decididos através da experiência social.
A agressividade não é herdada. O que se propaga são os elementos que
promovem ou influenciam este comportamento, como atividade hormonal, força,
tamanho, etc. (STORR, 2012).
Por fim, para melhor explicitar o modelo de teoria instintiva, Storr (2012)
recorre às premissas oriundas de Freud (ANO VIDA E MORTE), uma vez que ele é
considerado um dos principais defensores desta corrente, ao apontar que os
instintos dos seres humanos se dividem em dois: os de vida, ou seja, aqueles que
inclinam-se a resguardar e empenhar-se em viver, e os de morte, aqueles inclinados
a morte e devastação.
Neste sentido, o comportamento agressivo concebe um
descarregamento do instinto de morte e os aspectos de expressão desta podem ser
alterados e abrandados pela ingerência do instinto de vida. (STORR, 2012)
Este descarregamento é tido como decisivo e irrevogável e seu bloqueio é
considerado como perigoso no sentido que pode acarretar a autodestruição do
indivíduo. (STORR, 2012)
Storr (2012) considera ainda que a presente teoria tende a ocasionar uma
dispensa da responsabilidade social do indivíduo, uma vez que se refere a algo
inexorável e inato.
Paralelamente, Bisker e Ramos (2006) entendem a agressão como uma
atitude intencional geradora de lesões físicas ou mesmo danos para terceiros e
29
apontam que a agressividade pode ser distinguida entre diversos comportamentos
apresentados pelos indivíduos.
Os autores acima mencionados consideram que brincadeiras comuns, como
por exemplo, jogos que contenham empurrões ou puxões, não necessariamente
podem ser avaliados como uma agressão.
Bisker e Ramos (2006) enfatizam que, para que determinado comportamento
seja considerado como tal, depende da intencionalidade do indivíduo de causar
algum tipo de lesão.
Kernberg (2006) sopesa que, um entendimento comum acerca da distinção
entre agressão e agressividade consiste, invariavelmente, na intenção por trás do
comportamento do indivíduo, ou seja, do escopo deste em ocasionar danos à outra
pessoa, seja ele do tipo emocional, físico ou psicológico.
Winnicott (2003) salienta que a agressividade é parte do impulso intrínseco ao
aprendizado e a habilidade criativa e simbólica da criança. Em contrapartida, a
agressão inibe e extingue o processo de pensar.
No que tange a agressividade, ela deve ser considerada um fator de extrema
relevância no desenvolvimento do processo de aprendizagem e pode servir como
um veículo mediatizador, no âmago simbólico, e que não precisa ser evitado.
(WINNICOTT, 2003)
Já a agressão não se encontra em nível simbólico, por se tratar de uma
atitude unicamente agressiva e, neste sentido, não pode ser mediatizada.
(WINNICOTT, 2003)
Assim sendo, no sentido de apontar uma definição sobre a agressividade,
entende-se que a mais utilizada é explana por Kernberg (2006) que a caracteriza
como um encadeamento de comportamentos que tem por escopo ou intuito
acarretar determinado tipo de lesão a uma pessoa.
O autor acima mencionado complementa que tais lesões podem ser físicas,
morais ou psicológicas e que, normalmente, as atitudes agressivas não caracterizam
a real demonstração de raiva, mas sim um apartamento de outros sentimentos como
a insegurança, a angústia ou a ansiedade, por exemplo.
Portanto, através das explanações acerca de agressividade, comportamento
agressivo e agressão, percebe-se que uma conceituação que abarque todo o âmago
da temática é algo que necessita ser ponderado nos diversos níveis pertinentes ao
estudo.
30
2.2 Explanações acerca das causalidades da agressividade nos indivíduos
Winnicott (2003) discorre de forma pragmática que de todos os
comportamentos humanos, a agressividade, particularmente, é disfarçada, ocultada,
escondida e conferida a agentes externos ao indivíduo e, quando é exteriorizada pro
este, identificar suas causalidades se torna uma tarefa de alta complexidade.
Lacan (1998), autor que arrazoa acerca da agressividade na psicanálise,
determina que o fundamento desta são as disposições funestas a todos os
indivíduos. Ele sugere a explicação da agressividade por meio de cinco teses:
• A primeira tese aponta que a agressividade desponta por meio de uma
experiência particular de um indivíduo;
• A segunda tese defende que existe na agressividade uma pressão proposital,
um caráter orientado que concomitantemente causa um esfacelamento das
sensações e sentimentos que assume o indivíduo e explana suas disposições
funestas;
• A terceira tese discute que os cometimentos agressivos devem ser lidados
através do diálogo, ou seja, por via da conversação e não por atitudes diretas,
ou seja, pelas chamadas vias de fato;
• A quarta tese aborda a agressividade como um comportamento análogo ao
narcisismo, ou seja, a agressividade possui dimensão refletida, que se volta à
sua própria imagem;
• A quinta tese assinala a agressividade como pertencente ao indivíduo,
colaborando para o estabelecimento do mal-estar imutável na sociedade.
Percebe-se, assim, que as cinco teses expostas por Lacan (1998)
oportunizam o avanço no campo das discussões acerca da agressividade. O autor
complementa que esta é uma força abalizada por determinado grau de
intencionalidade, por uma disposição de morte geradora de conflito e desequilíbrio.
Subsequentemente, Bisker e Ramos (2006) elucubram que, com o aumento
do comportamento agressivo da população, esta temática passou a ser mais
31
observada e estudada, sendo que novas correntes apontam que fatores ambientais,
biológicos, sociais e psicológicos podem também influenciar este tipo de
comportamento.
Determinados indivíduos exteriorizam sua agressividade devido a
predisposições genéticas ou mesmo dificuldades neurológicas e, em outras
situações, através de comportamentos assimilados. Neste contexto, pode-se
considerar que as causas para a agressividade podem ser múltiplas. (BISKER;
RAMOS, 2006)
Goldberg (2007) elucida que elemento psicológico capital de um indivíduo
agressivo é que este possui total consciência de uma vida que lhe seria suficiente.
Ele age com um caráter firme de revolta por não atingir seus propósitos pessoais.
Sabe, ainda, que com os passar do tempo está mais afastado destes intentos.
Não atingir seus anseios, objetivos ou propósitos pessoais aciona uma reação
imprópria e descontrolada diante a uma mera frustração e, tal costume distancia o
indivíduo da solução decisiva de sua dificuldade comportamental. (GOLDBERG,
2007)
O autor supracitado salienta que um indivíduo reagir diante dos mais
medíocres e pífios acontecimentos novamente são o principal indício da ação
significante do complexo de inferioridade no ser humano.
No que tange aos baldrames salientados por Goldberg (2007), o indivíduo
acometido pelo complexo de inferioridade coexiste desde sua infância com uma
asseveração doentia de que sempre será lembrado ou pretendido para algo especial
por último.
O resultado deste processo é o desenvolvimento de uma identidade e
personalidade retraída e introvertida. Nas circunstâncias sociáveis, o indivíduo não
manifesta nenhum tipo de energia pessoal, o que acarreta fúria e ódio como um
contrabalanceamento psicológico. (GOLDBERG, 2007)
O autor acima mencionado complementa suas explanações afirmando que,
quando acometido por este mal, o indivíduo passa a se sentir anulado mesmo na
presença de outros e, por conseguinte, o ódio acima referido vai invariavelmente
sendo exteriorizado.
Kernberg (2006) observa que, quando a auto-estima está abalada, a
agressividade é exprimida, a transigência é breve mediante a frustração. Deste
modo, a pessoa manifesta uma reação, por não atingir os desígnios almejados.
32
Essa situação, de acordo com os pressupostos do autor acima mencionado,
aumenta os questionamentos sobre os benefícios e malefícios da exteriorização da
agressividade.
Kernberg (2006) sopesa também que a agressividade une-se frequentemente
com outros sentimentos negativos. O principal sentimento é o da inveja, uma vez
que nele existe a possibilidade do extravasamento da raiva e frustração.
A inveja origina uma freqüente necessidade de fuga da conjuntura excruciante
de se comparar e se sentir diminuído, avançando-se para o ataque. (KERNBERG,
2006)
Um dos objetivos capitais da construção da identidade e personalidade do
indivíduo, assunto este abordado no capítulo anterior da presente pesquisa
acadêmica, é exatamente tornar o indivíduo hábil em drenar amplificadamente o seu
lado instintivo e, segundo Kernberg (2006) isso abarca a habilidade progressiva para
distinguir a própria brutalidade e voracidade, que apenas depois podem ser
refreadas e transformadas em atividades sublimadas.
Destarte, Storr (2012) conclui que a agressividade é um comportamento que
sobrepuja as dimensões da mente, uma vez que sua concepção também é
acometida por fatores sociais de longo prazo, como frequentes maus tratos a um
determinado indivíduo, de curto prazo, como uma situação atípica de nervosismo e
mesmo a percepção da auto-estima e do próprio indivíduo.
Assim sendo, Bisker e Ramos (2006) apontam que a agressividade é inata ao
indivíduo, como expressão de defesa. Todo e qualquer ser humano está ciente que
diferentes sentimentos e emoções estão sendo vivenciados e expressados a todo
momento em sua volta e estes são os principais responsáveis pela maior parcela da
infelicidade dos indivíduos, uma vez que abarcam a hostilidade, o mau humor, a
mesquinhez, o egoísmo, entre outros. Deste modo, protegendo-se com a
agressividade, o indivíduo se mantém vivo.
Percebe-se, portanto, que a agressividade é causada por diversos fatores e
expressada de diferentes maneiras, seja contra o outro, contra si mesmo, ou
relacionada às atividades realizadas. Entretanto, é fundamental entender que ela
está intimamente ligada a sentimentos negativos, como a rejeição, e que se
confirmam na vivência do indivíduo a todo tempo.
Neste sentido, o presente estudo acadêmico, em seu capítulo final, irá
abordar a agressividade basicamente do indivíduo homem no contexto das relações
33
conjugais, de maneira tal a elucidar as conseqüências deste comportamento na
coexistência entre homem e mulher, de modo que se alcance a totalidade das
explanações da referida temática trabalhada.
3 A AGRESSIVIDADE DO HOMEM NAS RELAÇÕES CONJUGAIS: ASPECTOS
INERENTES AOS PRESSUPOSTOS CAPITAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Inicialmente pode-se compreender que a agressividade do homem nas
relações conjugais versa em uma das vertentes que abarca a violência doméstica,
temática esta que vem sendo ponderada em diversos âmbitos da sociedade, uma
vez que afeta o controle da vida social das pessoas envolvidas neste tipo de
agressividade. (STORR, 2012)
A agressividade do homem que submerge as relações conjugais pode ser
identificada por meio de características basilares, visto que a agressividade versa
em um tipo de comportamento que efetivamente apresenta o intento de causar
danos físicos e/ou psicológicos dentro das pessoas envolvidas nas relações
conjugais, e, acaba por refletir um intento de assolar as denotadas vítimas.
(BISKER; RAMOS, 2006)
Neste sentido, avalia-se que a agressividade do homem dentro das relações
conjugais passa a ser designada como direta, aberta e, de certa forma, hostil, uma
vez que o agressor homem concretiza os comportamentos agressivos
explicitamente, com o escopo de causar danos aos envolvidos, o que independe de
qualquer vantagem que possa alcançar, sendo estas ações, geralmente, impulsivas
e influenciadas pelas emoções.
Assim sendo, este capítulo apresenta como escopo discorrer a respeito dos
baldrames da agressividade masculina no universo das relações conjugais. E. de tal
modo, discutir-se-á, igualmente, as consequências deste comportamento sob a ótica
dos indivíduos afetados direta e indiretamente, ou seja, tanto o homem quanto a
mulher.
34
3.1 Fundamentos arraigados à agressividade masculina nas relações
conjugais
Discorre-se, em linhas iniciais, que a agressividade do homem nas relações
conjugais consiste naquele tipo de violência caracterizado pelo fato de as vítimas
manterem relações de conjugalidade com seus agressores, e, de tal modo, o
cônjuge é visualizado não somente como o indivíduo que reside com a mulher, mas
igualmente abarca o noivo ou namorado da vítima. (STORR, 2012)
Silveira (2014) menciona que o confinamento de mulheres ao ambiente
limitado ao lar acabou por permitir e legitimar a agressividade dos homens na
dimensão da conjugalidade.
Nesta fundamentação, cabe salientar que a conjugalidade passa a ser
analisada como um plano afetivo estabelecido entre duas pessoas, que, não
especificamente, convivem sob o mesmo teto, mas que é pautado nas classes de
amor e paixão, estas discutidas nas culturas ocidentais como algo relativamente
natural e que dispõe como um sentimento necessário para a ocorrência de uma
união denominada como conjugal. (BISKER; RAMOS, 2006)
Entende-se, em sentido amplo, que a agressividade masculina nas relações
tidas como conjugais incide como um tipo de dominação, sendo a mulher, nesta
dimensão, o indivíduo mais fraco, o que, demonstra que a agressividade parte do
homem como um meio de se controlar sua cônjuge, o que não explica os motivos
pelos quais ocasionam na presença da agressividade. (GOLDBERG, 2007)
Silveira (2014) novamente explana que dentro do processo de surgimento da
agressividade nas relações conjugais tem-se a concepção de uma miscigenação
entre aspectos sociais com a vulnerabilidade psicológica inerente a cada indivíduo,
onde estas operam de modo simultâneo, visto que o perfil psicológico do indivíduo
lida com influências arraigadas à educação recebida e o meio social em que se
vivencia.
A relação de agressividade estabelecida entre o homem em sua relação
conjugal é visualizada como peculiar quando se coteja com outros tipos de relações
de agressividade, já que apresenta singularidades específicas. (GOLDBERG, 2007)
Explicita-se que o casal incide em uma unidade que é formada em termos
culturais, e, logo, cada mulher se relaciona de modo distinto à circunstância de estar
35
sendo oprimida, e, de um mesmo modo, cada homem assinala-se pela condição de
opressor.
Assim, entende-se que, se, em paralelo, a agressividade do homem nas
relações conjugais acontece aleatoriamente, porém, sendo decorrida de um tipo de
organização social de gênero que acaba por beneficiar o ser masculino, por outro
lado, observa-se que as relações humanas são compostas de forma interpessoal, e,
como sendo definidas, encontram-se sujeitas às características pessoais diante dos
contatos sociais. (SILVEIRA, 2014)
A união, atualmente, ordena-se como uma espécie de arranjo, ou seja, um
acordo estabelecido entre o casal, com a possibilidade ou não de constituir uma
família. Deste modo, a conjugalidade versa em uma alternativa adotada por ambos,
homem e mulher, sendo fundamentada nos elementos que compõem os
sentimentos. (GOLDBERG, 2007)
Todavia, nem sempre o casamento pode ser visualizado como uma opção
viável a ser adotada pelas mulheres, uma vez que, de acordo com a percepção de
Silveira (2014), na união ainda impera a assimetria determinada entre os sexos no
que tange às atividades domésticas e às obrigações com a família, o que inclui
filhos.
Avalia-se, nesta fundamentação, que mesmo após a inclusão feminina no
mercado de trabalho, ainda assim a mulher possui a basal responsabilidade de se
atentar ao cuidado pela segurança, saúde e bem estar de seus filhos, como também
a manutenção ordenada do lar. (SILVEIRA, 2014)
Logo, este conceito da maternidade como sendo algo natural e inerente ao
sexo feminino permanece como compreendendo em fundamento das
representações de gênero que impregnam a dimensão social e sexual, o que, de
fato, não se visualiza com a paternidade.
As transformações nas quais as mulheres passaram com o decorrer dos anos
consistiram como distintas, com um aumento no índice de escolaridade e educação
superior, porém, os papeis das mulheres ainda permanecem-se como rígidos no que
se refere à participação destas na renda conjugal, bem como na valorização da
carreira profissional, e, conquanto, examina-se que no ambiente familiar, e, quiçá,
em casal, ainda são verificados valores e posturas ultrapassadas e tradicionais,
sendo predominada uma evidente divisão de funções entre homens e mulheres.
(SILVEIRA, 2014)
36
Destarte, tem-se a análise que a agressividade masculina no meio conjugal
consiste como uma realidade que abarca uma dimensão mundial, sendo visualizada
em todos os grupos sociais, econômicos, religiosos e culturais. (GOLDBERG, 2007)
Neste tipo de agressividade verifica-se não apenas a agressividade física,
mas também, abrange-se a agressividade psicológica que é traduzida por meio de
ameaças proferidas, intimidações e, igualmente, os atos agressivos em meio sexual.
(GOLDBERG, 2007)
A agressividade masculina nas relações conjugais assume proporções
expressivas, e passa a ser analisada de forma efetiva com o escopo de mensurar
este tipo de ato, coibindo as ações agressivas efetivadas pelos homens em suas
relações. (STORR, 2012)
3.2 Explanações acerca da agressividade como violência: tipologias e
consequências destas nas relações conjugais
Entende-se que a agressividade como violência de cunho psicológico
consiste na forma mais intensa e desgastante de manifestação da violência
conjugal, sendo fundamentado nos parâmetros de comportamento relacionados ao
controle, isolamento, ciúme patológico, assédio, abjeção, humilhação e ameaça.
(STORR, 2012)
Silveira (2014) enfatiza que esta incide em um modo de ser dentro da relação,
onde a mulher, vítima da agressividade masculina, passa a ser denotada como uma
espécie de objeto.
A agressividade psicológica pode ser considerada como o meio mais doloroso
de agressividade dentro das relações conjugais, uma vez que a humilhação por
passar por uma agressão física acaba por afetar muito mais a mulher na relação do
que a ação física de agredir. (SILVEIRA, 2014)
Considera-se que todos os tipos de manifestações associadas à
agressividade psicológica como forma de violência acabam por interferir
sistematicamente na autoestima feminina, o que resulta em marcas intensas.
(GOLDBERG, 2007)
37
A agressividade como violência, acaba-se por pautar no fato de o cônjuge
apresentar o escopo de submissão do outro, controlando-o e, consequentemente,
mantendo o poder na relação. (STORR, 2012)
Conquanto as mulheres consistam nas principais vítimas da agressividade
como violência nas relações conjugais, este fato não se limita à ação do homem,
visto que pode-se verificar a situação de mulheres que procuram, opcionalmente,
pela agressividade psicológica como caminho para se atingir seus parceiros,
igualmente como forma de dominar os mesmos.
Observa-se, neste sentido, que todos estes meios de ação podem integrar o
ambiente das relações conjugais, todavia, quando estes tornam-se frequentes e
ocorrem, de forma dominante, a partir de um dos pólos do casal, no caso deste
estudo, o homem, a agressividade acaba por ser caracterizada como violência.
(SILVEIRA, 2014)
Assim, de acordo com a autora, nestas situações não acaba sendo observado
um limite do que tem a possibilidade de ser proferido ou realizado, e, como a relação
conjugal é baseada na intimidade, o caso passa a ser beneficiado por atingir os
pontos fracos da mulher.
Acresce-se que a conjuntura de esta conduta envolver uma maior
proximidade entres os indivíduos, torna a prática ainda mais grave.
Na agressividade como violência percebe-se certa dificuldade em determinar
uma distinção evidente acerca da violência psicológica e a violência física, visto que
o ser masculino, ao agredir uma mulher fisicamente, geralmente não possui o intento
de deixar marcas, mas, sobretudo, em demonstrar uma superioridade na relação
conjugal, ou seja, determinar modos de comportamento, comando e, logo,
dominação. (GOLDBERG, 2007)
A agressividade como violência nas relações conjugais apresenta causas que
se voltam para o estresse masculino, uma possível provocação por parte da mulher,
desrespeito a determinados preceitos religiosos e culturais e o alcoolismo por parte
do homem. Geralmente, os homens justificam os atos de agressividade em suas
relações, procurando, de alguma forma, denegrir a imagem da mulher, em uma
tentativa de minimizar o impacto provocado pelas ações, e voltando a culpa para as
mulheres, que incitaram este tipo de comportamento agressivo. (BISKER; RAMOS,
2006)
38
Os fatores que podem vir a condicionar a agressividade nas relações
conjugais como violência são ponderados por Silveira (2014) como:
Formas de opressão do regime socioeconômico e político a que estão
submetidos homens e mulheres e que enfatizam a posição de
subalternidade da mulher (fatores estruturais); a discriminação sofrida pelo
sexo feminino por parte das instituições sociais tais como a família, a
justiça, a polícia (fatores institucionais); a ideologia machista que rege as
relações entre os gêneros (fatores ideológicos); a educação diferenciada,
que possibilita a incorporação da ideologia machista e a reprodução da
violência (fatores pedagógicos); e as representações individuais que os
membros da família violenta fazem sobre si mesmos (fatores individuais).
(SILVEIRA, 2014, p.124-125)
Em contrapartida, os fatores precipitantes que podem vir a ocasionar na
agressividade nas relações conjugais como uma forma de violência compreende
como circunstâncias ligadas ao álcool, drogas e situações de estresse. (SILVEIRA,
2014)
Destarte, diante dos conteúdos explanados, avalia-se que as relações de
agressividade masculina denotadas como de violência nas relações dadas como
conjugais são visualizadas como sistemas nos quais o homem almeja o domínio
sobre a mulher, inserindo uma inversão da culpa, uma vez que as mulheres não
conseguem expressar os acontecimentos, culpando-se pelos atos emocionalmente,
mesmo quando, racionalmente, entende não ter essa culpa. (GOLDBERG, 2007)
39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se, diante dos preceitos analisados, que a identidade do ser
humano pode ser avaliada como um tipo de agrupamento de características ligadas
a cada pessoa, consistindo em um fator de distinção entre as pessoas, o que abarca
sua postura e padrão de comportamento perante a sociedade de um modo geral.
De um mesmo modo examina-se que a identidade opera como um fator que
complementa as peculiaridades intrínsecas às pessoas individualmente, incidindo,
assim, em uma organização relativa ao ambiente social.
Em paralelo, tem-se a agressividade, como um aspecto arraigado à própria
identidade do ser humano, e que passa a ser ponderada como uma reunião de
comportamentos QUESTÕES AMBIENTAIS, COMO VC COMENTA NO TEXTO que
apresentam o intento de provocar um tipo de lesão a uma pessoa.
As relações conjugais são ponderadas como uma concepção afetiva
determinada entre duas pessoas, que não necessariamente devem conviver sob o
mesmo teto, mas seus fundamentos são justificados pela relação de sentimento
necessário para o acontecimento da união cognominada de conjugal.
Nas relações conjugais, a agressividade do homem descreve-se a partir de
um padrão de comportamento, que, por vezes, associa-se às vertentes que
compõem a violência doméstica em si, visto que afeta o controle da vida social
daqueles envolvidos neste tipo de agressividade, o que faz com que o assunto seja
analisado frequentemente por estudiosos.
A agressividade em cotejo às relações conjugais pode ser fundamentada em
condutas denotadas como impulsivas e que direciona um dos componentes da
relação, no caso, o homem, a se comportar e agir de forma inesperada como um
meio de retorno dominante ao sentimento de raiva.
O comportamento agressivo do homem ante às relações conjugais pode ser
avaliado em conformidade a distintos fatores, e, o controle e domínio à mulher
tornam-se preceitos que abrangem esse comportamento hostil, e que, por vezes,
pode ser designado como violento, e que deve ser analisado sistematicamente e
tratado em termos de manter a estabilidade emocional nas relações conjugais.
REFLITA: SENDO UM COMPORTAMENTO INERENTE AO HOMEM COMO
A PSICOLOGIA PODERIA ESTAR INSERIDA??
40
REFERÊNCIAS
BISKER, Jayme. RAMOS, Maria Beatriz Breves. No Risco da Violência: Reflexões
Psicológicas sobre a Agressividade. Rio de Janeiro, Mauad, 2006.
CARVALHO, Mauro. A construção das identidades no espaço escolar. Revista
Reflexão e Ação. v.20. n1. Santa Cruz do Sul, 2012. Disponível em
<http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/2161/2521>. Acesso em 22
de julho de 2014.
CUNHA; Roseney de Fátima; SANTOS, Vanda Lúcia dos. Intervenção preventiva
com famílias: expectativas e possibilidades. Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Universidad de La Sabana. Instituto de Ensino e Fomento. Ponta Grossa, 2006.
Disponível em < http://www.ief.org.br/edpf/tcc/interv_prevent_fam.pdf >. Acesso em
26 de julho de 2014.
FERNANDES, Karina Ribeiro; ZANELLI, José Carlos. O processo de construçăo e
reconstruçăo das identidades dos indivíduos nas organizaçőes. RAC. v 10. n 1.
2006. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rac/v10n1/a04.pdf>. Acesso em 23 de
julho de 2014.
FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnico-
científicas. 8 edição revista. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: explicitação
das normas da ABNT. 16. ed. Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2012.
GOLDBERG, Jacob Pinheiro. Cultura da Agressividade. 2 ed. São Paulo: Landy,
2007.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
KERNBERG, Otto F.. Agressividade, Narcisismo e Auto-Destrutividade na Relação
Psicoterapêutica. Lisboa: Climepsi, 2006.
LACAN, Jacques. A agressividade em psicanálise. In: Escritos. Rio de Janeiro, Jorge
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http://poars1982.files.wordpress.com/2008/05/lacan.pdf>. Acesso em 24 de agosto
de 2014.
41
MOREIRA, Shirlene Vianna. 166 fl. 2007. Identidade musical em pacientes com
esclerose múltipla: um estudo piloto. Pós-Graduação (Estudo das práticas musicais)
Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte,
2007. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=110008>. Acesso em 22 de julho de 2014.
MOURA, Auro Sanson. Música e construção de identidade. 2007. Disponível em
<http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2007/poster_educacao
_musical/poster_edmus_ASMoura.pdf>. Acesso em 22 de julho de 2014.
SILVEIRA, Clara Maria Holanda. “Prometo te querer até o amor cair doente”:uma
análise das relações de gênero entre casais que vivenciam a violência conjugal.
Dissertação (mestrado). Universidade Estadual do Ceará. Centro de Estudos Sociais
Aplicados. Curso de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade.
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SOIHET, Rachel. História das Mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS,
Ronaldo (orgs.). Domínios da História: ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de
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Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia/a-situacao-da-mulher-na-idade-
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STORR, Anthony. A Agressividade Humana. São Paulo: Benvirá, 2012.
STREY Marlene N.; CABEDA, Sônia T. Lisboa; PREHN, Denise R. Gênero e cultura:
questões contemporâneas. Porto Alegre: Edipucrs, 2004. Disponível em:
<http://books.google.com.br/books?
hl=ptBR&lr=lang_pt&id=W2NJdZYNTqIC&oi=fnd&pg=PA13&dq=defini
%C3%A7%C3%B5es+de+mulher+segundo+Freud&ots=BYtXtY3wLJ&sig=JbqXP_K
FF8AZYSKrCzUPy11xqbU#v=onepage&q=defini%C3%A7%C3%B5es%20de
%20mulher%20segundo%20Freud&f=false>. Acesso em 24 de julho de 2014.
TORRES, Maria Cecilia A. Constituição de identidades musicais. 2008. Disponível
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WINNICOTT, D. W. Da Pediatria à Psicanálise: Obras Escolhidas. 3 ed. Rio de
Janeiro: Imago, 2003.
http://www.psiquiatriageral.com.br/psicoterapia/melanie.html. Acesso em 21 de
agosto de 2014.
42
http://www.oocities.org/eduriedades/albertbandura.html. Acesso em 22 de agosto de
2014.

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  • 1. UNIVERSIDADE ANHANGUERA CURSO DE PSICOLOGIA LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS OSASCO 2014
  • 2. LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS Monografia apresentada ao curso de Psicologia, como requisito parcial para a obtenção do título de xxxxx. Orientador: Prof. xxxxxx CIDADE 2014
  • 3. LUZIA DA PENHA GOMES PANISOLLO TETRAULT AGRESSIVIDADE E RELAÇÕES CONJUGAIS Trabalho de Conclusão de curso apresentada a universidade Anhanguera de São Paulo, como exigência do curso de Psicologia. Apresentada ao curso de Psicologia, Orientador: Prof. Mestre Plinio Bronzeri. Aprovado em ____/____/____ ____________________________________ Orientador: Prof. Xxxxxxxxxxx Faculdade xxxxxxxxxxx ____________________________________ Prof. Xxxxxxxxxxx Faculdade xxxxxxxxxxx ____________________________________ Prof. Xxxxxxxxxxx Faculdade xxxxxxxxxxx
  • 4. Dedico este trabalho à meu esposo William Henry Tetrault pelo suporte atenção e calma durante esta minha longa jornada acadêmica, e por seu amor incondicional.
  • 5. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me permitido e ajudado a cumprir mais esta etapa em minha vida, por ter me dado inspiração e forca para prosseguir. Aos meus familiares que acreditaram em mim.Aos meus amigos mais chegados que foram partes essenciais na minha vida acadêmica: Celeni, Milca Almeida, Vanessa Giselle e Bruna Moreira, amigos os quais que me fizeram gargalhar nas dificuldades. Agradeço aos professores que me proporcionaram este aprendizado. Ao meu orientador, Professor Plinio, que me transmitiu muita calma e paciência neste trabalho.
  • 6. RESUMO TETRAULT, L.P.G.P. AGRESSIVIDADE E RELACOES CONJUGAIS.20014.41 f. Trabalho de Conclusão de curso (TCC) – Curso de Psicologia,Universidade Anhanguera de São Paulo,2014. Este estudo teve o objetivo de discorrer a respeito das bases que compõem os estudos arraigados à agressividade e relações conjugais, avaliando os fundamentos que abarcam a temática em toda a sua completude, analisando os processos de construção das identidades dos indivíduos, bem como os aspectos inerentes a agressividade em toda a conjuntura e examinando os baldrames que relacionam a agressividade nas relações conjugais. De tal modo, esta pesquisa, dentro de seu procedimento metodológico, se embasará nos métodos bibliográficos, onde acredita- se ser essencial a utilização de fundamentação teórica para construção do trabalho. Com o resultado da pesquisa foi possível concluir que o comportamento agressivo do homem ante às relações conjugais pode ser avaliado em conformidade a distintos fatores, e, o controle e domínio à mulher tornam-se preceitos que abrangem esse comportamento hostil, e que, por vezes, pode ser designado como violento, e que deve ser analisado sistematicamente e tratado em termos de manter a estabilidade emocional nas relações conjugais. Palavras-chave: agressividade; relações conjugais; identidades.
  • 7. SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................................................ 6 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 7 1 PROCESSO CONSTRUTIVO DA IDENTIDADE DO HOMEM DIANTE DA SOCIEDADE..........................................9 1.1 BALDRAMES INERENTES AO SISTEMA DE CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES HUMANITÁRIAS...................10 1.2 A DUALIDADE HOMEM X MULHER PERANTE A SOCIEDADE: ASPECTOS COMPORTAMENTAIS HISTÓRICOS E CONTEMPORÂNEOS DAS RELAÇÕES CONJUGAIS........................................................................................14 2 AGRESSIVIDADE: FUNDAMENTOS BASAIS E CAUSALIDADES DESTA NOS INDIVÍDUOS................................24 2.1 ASPECTOS FUNDAMENTAIS CONCERNENTES À ORIGEM E DEFINIÇÕES DA AGRESSIVIDADE.....................24 2.2 EXPLANAÇÕES ACERCA DAS CAUSALIDADES DA AGRESSIVIDADE NOS INDIVÍDUOS.................................30 3 A AGRESSIVIDADE DO HOMEM NAS RELAÇÕES CONJUGAIS: ASPECTOS INERENTES AOS PRESSUPOSTOS CAPITAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS ..............................................................................................................33 3.2 EXPLANAÇÕES ACERCA DA AGRESSIVIDADE COMO VIOLÊNCIA: TIPOLOGIAS E CONSEQUÊNCIAS DESTAS NAS RELAÇÕES CONJUGAIS..........................................................................................................................36 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................................................39 REFERÊNCIAS............................................................................................................................................... 40
  • 8. 7 INTRODUÇÃO Inicialmente, discorre-se que a identidade no ser humano pode ser avaliada como um tipo de ferramenta que reúne as características relativas às pessoas de maneira individual, sendo observada como o meio no qual o indivíduo tem a possibilidade de se autodefinir, arraigando-se, ao mesmo tempo, ao comportamento interno das pessoas antes os processos de mudanças. Deste modo, avalia-se que o processo de concepção das identidades dos indivíduos fundamenta-se em uma categoria de organização interna, pautando-se nas capacidades, crenças, controle, impulsos. Paralelamente, dentro da construção identitária das pessoas, pode-se elucidar que as relações estabelecidas entre homens e mulheres cooperaram efetivamente para a concepção deste processo, visto que estas relações vêm transformando com o decorrer dos anos, o que abarca modos de agir, comportar e pensar de ambos. A agressividade, neste sentido, é designada como um tipo de comportamento que possui a finalidade de causar um determinado tipo de dano a uma pessoa, e, nas relações conjugais, a agressividade do homem é ocasionada como um meio de controle e domínio sobre o cônjuge, no caso, a mulher. Acredita-se, nesta dimensão, que a agressividade quando cotejada às relações conjugais parte de padrões de comportamentos visualizados como impulsivos, que faz com que o ser homem comporte-se e aja de maneira inusitada diante de um sentimento de comando e exaltação. Assim sendo, este estudo acadêmico apresenta como escopo basilar discorrer a respeito das bases que compõem os estudos arraigados à agressividade e relações conjugais, avaliando os fundamentos que abarcam a temática em toda a sua completude, analisando os processos de construção das identidades dos indivíduos, bem como os aspectos inerentes a agressividade em toda a conjuntura e examinando os baldrames que relacionam a agressividade nas relações conjugais. De tal modo, esta pesquisa, dentro de seu procedimento metodológico, se embasará nos métodos bibliográficos, onde acredita-se ser essencial a utilização de fundamentação teórica para construção do trabalho. Entende-se que o emprego de fontes primárias e secundárias para embasamento da pesquisa incide em parte
  • 9. 8 primordial para o desenvolvimento da mesma, pois utilizar-se de livros e documentos sobre o assunto em tese, compõe-se, por si só, em elementos importantes para o processo de estabelecimento do conteúdo relativo ao trabalho. A discussão em torno da temática, igualmente, será construída qualitativamente, por meio de fases que irão investigar os objetivos, cujas pesquisas bibliográficas e documentais atuarão como mediadoras para a descrição do contexto. Dentro desta perspectiva, o capítulo um irá sopesar acerca do processo de construção das identidades, ponderando sobre a dualidade existente entre homens e mulheres e o papel do homem na constituição da família, criando, desta forma, fundamentações para compor o estudo em tese. Sequencialmente, o capítulo dois possui o intento de analisar a respeito da agressividade, sopesando sobre suas concepções, características e aspectos basilares, acrescendo nos teores abordados. Por fim, o capítulo três aporta com objetivo de traçar análises em alusão à agressividade do homem nas relações conjugais, elucidando sobre perspectivas inerentes à agressividade verificada no homem ante às relações conjugais, apresentando suas singularidades, causas e consequências, justificando, indubitavelmente, este estudo acadêmico.
  • 10. 9 1 PROCESSO CONSTRUTIVO DA IDENTIDADE DO HOMEM DIANTE DA SOCIEDADE Inicialmente, pode-se analisar, segundo a visão de Torres (2008) que a identidade é compreendida como uma reunião ou conjunto de características inerentes aos indivíduos, sendo que esta diferencia as pessoas umas das outras, sua postura perante a sociedade e seu comportamento. Neste sentido, a identidade atua como um instrumento que acrescenta as peculiaridades essenciais às pessoas de maneira individual, consistindo em ordenações referentes ao seu ambiente de convívio social. Prontamente, elucida-se que as identidades tornam-se importantes para o estabelecimento de relações interpessoais e, neste sentido, a visão do ser perante a sociedade apresenta uma função de destaque no processo construtivo daquela, delineando uma postura diversificada no que se refere ao procedimento de fabricação de sentidos para as diferentes práticas e referências de caráter pessoal. No que tange a construção das identidades dos indivíduos, esta é tida como indubitável, haja vista que contribui para que os mesmos alcancem um reconhecimento de seu espaço, compreendendo, quem verdadeiramente são, as afinidades com outras pessoas, bem como suas diferenciações e anseios diante da realidade que se encontram imersos. Assim sendo, o presente capítulo possui o desígnio de ponderar acerca do processo de construção da identidade do homem perante a sociedade, discorrendo sobre os baldrames inerentes ao sistema de construção das identidades humanitárias, além de se levantar uma análise a respeito da dualidade homem x mulher perante a sociedade, através de precedentes históricos e contemporâneos que fundamentam as relações conjugais, por fim, compreender o papel do homem na família, de modo a acrescer de maneira basilar as fundamentações deste estudo.
  • 11. 10 1.1 Baldrames inerentes ao sistema de construção das identidades humanitárias Carvalho (2012) inicia a análise discorrendo a respeito do quão diferentes consistem os conceitos referentes à identidade, visto que são debatidos em segmentos como psicologia, filosofia, sociologia e antropologia, através de observações associadas aos pressupostos da valorização da individualidade, ou ainda de expressões focadas no eu, subjetividade e relações sociais. Neste sentido, a identidade, pode ser entendida como a maneira com a qual o indivíduo delibera a si mesmo, voltando-se ao mesmo tempo a conjeturas que o relaciona, como a confiança na continuidade ou perpetuação interna do ser humano em meio às transformações, ou mesmo como um tipo de organização interna, que se fundamenta na autoconstrução e dinamismo de impulsos, crenças, capacidades e história singular. (TORRES, 2008) Ao mesmo tempo, as deliberações ao redor das compreensões da identidade direcionam-se para um componente que se encontra aprofundado no discurso que a pessoa apronta quando sua consciência passa a administrar suas atividades, memórias e idéias. (CARVALHO, 2012) Diante do contexto, Moreira (2007) elucubra que, uma vez que as concepções da identidade sejam invariavelmente avaliadas, observa-se uma espécie de conformidade no que diz respeito ao eu como uma terminologia habitual à conceituação de identidade, com alusões em categorias centradas na pessoa, eu, ego e indivíduo. Carvalho (2012) discorre que deliberar a terminologia identidade incide como complexo, e, deste modo, pode ser subdividida em distintos estados de maneira tal que se entenda adequadamente o abarcamento do termo em questão. Em contrapartida, Moura (2007) considera que “o conceito de identidade, de modo geral, se relaciona ao conjunto de compreensões que as pessoas mantêm sobre quem elas são e sobre o que é significativo para elas” (MOURA, 2007, p. 03) A identidade, igualmente, pode ser compreendida como um conjunto de componentes que determinam a maneira com a qual o indivíduo Pensa, age ou se relaciona com a sociedade. (CARVALHO, 2012)
  • 12. 11 Diante disto, a identidade passa a ser dividida em diversos tipos de condições, como a identidade pessoal, cultural, social, étnica e nacional. (CARVALHO, 2012) No que tange à identidade pessoal, Moura (2007) acena que esta consiste como o segmento de identidade que possui maior complexidade para ser apresentada, no entanto, destaca-se em relação às outras possibilidades em razão de avaliar em elementos categóricos para a caracterização e diferenciação dos indivíduos. Sobre a identidade pessoal, Moura (2007) sopesa: A identidade pessoal parece ser a de mais complexa formação, dependendo também de outros fatores como características familiares, criação, costumes locais; e que tem uma ligação estrita com diferentes períodos da vida, sobretudo a idade. Outros fatores pessoais como personalidade, traços físicos e intelectuais também exercem um impacto direto sobre a identidade pessoal. A “auto-identidade” (ou identidade pessoal) nos separa como indivíduos distintos. A identidade pessoal é obtida através de um “processo de autodesenvolvimento”, que possibilita a formulação de um sentido único de nós mesmos e de nossa relação com o mundo à nossa volta. (MOURA, 2007, p.03) O autor supracitado adiciona que a identidade pessoal relaciona-se por meio de uma ligação invariável da pessoa com o mundo exterior, auxiliando, da mesma maneira, para conceber e estruturar sua noção de si mesmo. Paralelamente, tem-se a identidade social, ventilada por Moreira (2007) como uma segmentação instaurada através de grupos de convivência, com amizades e instâncias prosaicas. Nesta tipologia de identidade, Moura (2007) pondera que nela verifica-se a apresentação de uma função basal, especialmente nas etapas da adolescência, onde é possível verificar diferentes e intensas descobertas, em tendências inflexíveis de influência de terceiros, visto que ainda não se encontra completamente construída a identidade pessoal. Neste ínterim, percebe-se que a identidade social faz referência às peculiaridades que as pessoas demandam em consequência dos relacionamentos sociais estabelecidas a partir da convivência com outros indivíduos. (MOREIRA, 2007)
  • 13. 12 Deste modo, pode-se apontar que “a identidade social diz respeito às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros” (MOURA, 2007, p. 04) Imerso nesta conjetura, é apropriado salientar a importância das chamadas “tribos” na adolescência, exemplificando, nas quais as pessoas buscam por grupos de convívio, com o objetivo de se aproximar e identificar com o maior número de pessoas possível, conseguindo informações evidentes a respeito de diferentes objetos de interesse comum nesta faixa etária. (TORRES, 2008) Considera-se, segundo Moura (2007), que a identidade social abaliza o modo com o qual as pessoas são análogas as outras, como, por exemplo, no compartilhamento de acontecimentos que as contentem, de maneira especial em grupos que partilham os mesmos atributos. No que se refere ao segmento designado de identidade cultural, Moura (2007) elucida que este se encontra conexo a elementos considerados inflexivelmente mais antigos que a própria sociedade ou ainda a civilização, o que arraigar-se a uma pré- determinada coletividade apresentar mais que uma identidade cultural. Esta conjuntura pode vir a acontecer em conseqüência de múltiplos agentes, como a razão de que algumas culturas apresentam historicamente maiores acontecimentos do que as nações especificamente ditas, o que as alocam como ainda mais antigas. (FERNANDES; ZANELLI, 2006) Além disso, pode-se complementar que uma cultura tem a possibilidade de ser desenvolvida através de diferentes outras culturas, mesmo em cada família ou grupos sociais, com tradições desiguais. (MOURA, 2007) O autor supracitado insere como exemplo deste tipo de distinção a cultura que se observa em uma família composta por descendentes de índios e uma família brasileira descendente de negros. A cultura que é visualizada nestas famílias opõe-se em ampla dimensão, o que deposita na identidade cultural com uma importância que transpõe as linhas de descendência, miscigenando-se às tradições regionais, bem como aos biótipos de época e comportamento, apresentando relevante influência a respeito das pessoas, com seus costumes, atitudes e postura, bem como quanto a acontecimentos. (MOREIRA, 2007)
  • 14. 13 Subsequentemente, Moura (2007) arrazoa em referência à identidade étnica, como consistindo em algo invariável, que irá modificar-se em consonância com as descendências e particularidades físicas das pessoas. O autor supracitado elucubra que “mais do que apenas características genéticas, a identidade étnica depende da cultura familiar, ou até mesmo da identificação do indivíduo com sua terra, seu povo, ou dos seus descendentes.” (MOURA, 2007, p. 04) Moura (2007) exemplifica de acordo com a situação que se segue: Um exemplo é o caso dos brasileiros com ascendência oriental (dekasseguis), que saíram do país para buscar trabalho em países orientais. Se aqui eles são chamados de japoneses, e até “segregados” por sua aparência física, lá eles acabam sendo hostilizados justamente pelo motivo contrário. Embora tenham uma identidade étnica japonesa, eles também têm uma identidade cultural nipo-brasileira, o que os difere dos japoneses do Japão. Ao mesmo tempo em que parecem ter duas identidades étnicas, podem sentir-se sem nenhuma, já que essas pessoas nem sempre são vistas como brasileiras em seu próprio país e nem como japonesas no Japão. Muitas vezes esses indivíduos acabam sofrendo uma complexa crise de identidade, que envolve tanto a identidade étnica quanto a cultural. (MOURA, 2007, p. 05) O autor acima mencionado, paralelamente, considera acerca da identidade nacional, esta compreendida como àquela referente ao país de origem ou mesmo residência por extenso período de tempo, continente, singularidades em termos geográficos, dentre outros elementos a ser considerados. Esta tipologia de identidade se distingui da identidade étnica por não encontrar-se alicerçada de maneira tão viva em características como, por exemplo, raça e descendência. (MOURA, 2007) Destarte, insere-se como exemplificação de identidade nacional os acontecimentos internacionais, como o caso dos campeonatos esportivos mundiais, em que os sentimentos referentes ao patriotismo afloram nas pessoas de uma maneira geral, exasperando, deste modo, emoções e sentimentos que se identificam aos significantes símbolos das nações, como ocorre com as bandeiras nacionais e os hinos. (TORRES, 2008) Prontamente, pondera-se que este tipo de manifestação, de acordo com Moreira (2007), faz com que as pessoas, busquem, pelo patriotismo exacerbado do
  • 15. 14 momento, evidenciar aos adversários este sentimento, e, consequentemente, intimidando-os na prática de seus esportes. Assim sendo, salienta-se que a identidade nacional situa-se arraigada junto às outras segmentações de identidade abordadas anteriormente, notadamente a identidade cultural, étnica e social, haja vista que “a identidade de um país não depende somente de um indivíduo, mas sim de um grupo de indivíduos, com suas diversas identidades.” (MOURA, 2007, p.05) Neste sentido, e em consonância com as conjeturas explanadas, pode-se visualizar que o somatório de todos os segmentos de identidade irá estabelecer a identidade pessoal do ser humano, com o entendimento de que as identidades pessoal, social, cultural, étnica e nacional congregam-se em prol da construção da identidade pessoal do indivíduo. (TORRES, 2008) Percebe-se, ao mesmo tempo, que as diferentes identidades pessoais poderão vir a ser utilizadas na compreensão de um determinado grupo, que seja amplo, de convivência social e de compartilhamento de informações, o que corrobora, decisivamente, no processo de integração de diversas identidades pessoais, auxiliando na construção da identidade social de todos aqueles que se encontram envoltos neste processo. (FERNANDES; ZANELLI, 2006) Deste modo, perante as fundamentações explanadas, aponta-se como primordial ao contexto analisar a respeito do processo que relaciona a dualidade homem x mulher perante a sociedade, avaliando as bases e conjeturas das relações conjugais, complementando assim este estudo acadêmico. 1.2 A dualidade Homem x Mulher perante a sociedade: aspectos comportamentais históricos e contemporâneos das relações conjugais Para se encontrar um entendimento acerca do comportamento do ser humano, é de suma importância explanar acerca da dualidade homem x mulher através dos tempos como um instrumento de percepção acerca da agressividade e das relações conjugais, assunto este que será mais bem desenvolvido ao longo da presente pesquisa acadêmica.
  • 16. 15 Em um primeiro momento, é possível vislumbrar que a história da mulher é tida como extremamente recente, uma vez que antes de começar a ser vista como disciplina científica, o lugar da mulher sempre esteve sujeito às representações do homem. Assim, segundo Strey, Cabeda; Prehn (2004), a maior parte da história da humanidade sempre foi centrada no homem, apontado como detentor de poderes universais, deixando limitada a história da mulher. Os conhecedores e entusiastas responsáveis pelas formações de conceitos categorizaram a história de maneira que ambos os sexos ostentassem valores diferenciados, todavia com o masculino sempre em níveis muito superiores. (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) Souza (2010) salienta que a figura masculina era a imagem de Deus, o defensor, o protetor, aquele que trabalha e alimenta a família, ou seja, um indivíduo infinitamente superior à mulher. Porém, de acordo com as premissas de Strey, Cabeda; Prehn (2004), apesar da concepção do vocábulo para os estudiosos, pode ser percebido que a sinergia entre os seres humanos vem mudando com o tempo. Em percepções mais remotas, a mulher era considerada como um ser impossibilitado de desenvolver algum pensamento ou atitude. (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) Acrescenta-se que para determinados religiosos não era consentido que se dirigisse o olhar para qualquer mulher, sob pena de exclusão do clero. (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) De acordo com Strey, Cabeda; Prehn (2004), uma vez a história se aproximando da era pré-cristã, têm-se as mulheres como seres puramente subservientes ao trabalho doméstico. E ainda, as autoras apontam que, a esmagadora maioria masculina era agradecida por não ter nascido em corpo de mulher, uma vez que estes eram os únicos que podiam ouvir o chamado de Deus para a fé. (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) Entretanto, Freud COLOQUE O NOME COMPLETO DELE (VIDA E MORTE) ANOS, segundo as concepções de Strey, Cabeda; Prehn (2004), já afiançava que a mulher carecia ser considerada um ser pela qual se possibilitava sentir o sopro de vida pela procriação materna, pois este era um sentimento admitido somente a ela,
  • 17. 16 cabendo ao homem o papel de um mero instrumento para a efetivação deste sentimento. Paralelamente, as autoras acima mencionadas lembram que aos homens não era permitido chorar, desabafar ou mesmo expressar suas emoções, pois, tais atitudes significariam fragilidade, insegurança e fraqueza, denotando assim, ações características pejorativas ao sexo masculino. Simultaneamente, Souza (2010) pondera que, já no período final da antiguidade, a representação da mulher se afrontava com a imagem da idade média, sendo colocada por diversas vezes em situação de superioridade à do homem. E, em determinadas culturas, a mulher era cognominada como um ser inteiramente capaz de realizar encantamentos e receber préstimos de entidades superiores, de acordo com suas religiões. E, neste sentido, o homem invariavelmente seria subjugado pelo medo. (SOUZA, 2010) O autor supracitado indica que o próprio Messias, sob a ótica do Cristianismo, revogava considerações à mulher quando superestimava a participação de figuras femininas em relevantes acontecimentos e afirmava categoricamente que seu lugar e presença na sociedade nunca poderiam ser desrespeitados, em detrimento ao que efetivamente aconteceu ao longo dos séculos. Com o desenvolvimento e ampliação do cristianismo, os religiosos combateram persistentemente essa concepção mágica e poderosa que as mulheres contraíram mediante seus supostos poderes de encantamentos e magias junto às entidades do além. (SOUZA, 2010) Neste sentido, o autor acima enfatiza que o clero procurava exaltar o caráter igualitário entre homens e mulheres com o escopo central de aplacar esta imagem de poder de forças estranhas à fé. Deste modo, Souza (2010) complementa que o clero batizava as criaturas como sendo todos seres oriundos de uma mesma divindade, na qual a suposta superioridade concedida às mulheres seria considerada como inventiva, falsa e que iria contra todas as ações de ordem divina. Strey, Cabeda; Prehn (2004) discutem que, de uma forma androcêntrica, a humanidade se concentrou em designar a mulher como um indivíduo inferior e, portanto, na tentativa de readquirir o verdadeiro aspecto da mulher na historia, faz- se necessária certa concepção de novas metáforas que distingam e favoreçam as particularidades e a pluralidade da figura feminina dentro da sociedade.
  • 18. 17 Contudo, Souza (2010) discorre que a tarefa de afastar as determinações de que o homem é superior e que a mulher deve ser subjugada por ele não foi e, em muitas culturas, ainda não é uma tarefa fácil e de tranqüila aceitação. Assim, se com o passar dos anos o homem era um ser supremo em relação à mulher, devido a sua capacidade de trabalho e busca pelo sustento enquanto a mulher era capaz unicamente de procriar e cuidar do homem, atualmente uma nova dualidade continua a tomar conta das discussões acerca do gênero. (SOUZA, 2010) Entretanto, antes de se abordar este novo âmbito na diferenciação homem VERSUS x mulher, é fundamental entender o que significa gênero. Deste modo, é fundamental citar uma conceituação ampla e explicativa disposta por Soihet (1997): Gênero tem sido desde 1970 o termo usado para teorizar a questão da diferença sexual. Foi inicialmente utilizado pelas feministas americanas que queriam insistir no caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indica uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos “sexo” ou “diferença sexual”. O gênero se torna, inclusive, uma maneira de indicar as “construções sociais”, a criação inteiramente social das ideais sobre os papéis próprios aos homens e as mulheres. (SOIHET, 1997, p. 279). Percebe-se, portanto, que a definição exposta pela autora supracitada é pragmática e, ao mesmo tempo, pertinente à temática do presente trabalho acadêmico, haja vista que as discussões acerca do gênero surgiram a partir de embates acerca das diferenciações de sexo. Neste sentido, a partir do entendimento do conceito de gênero é possível apontar que a dualidade entre homem x mulher passou a um novo âmbito e que as discussões acerca do tema tomaram um novo rumo. Strey, Cabeda; Prehn (2004) discorrem acerca de uma concepção freudiana que se dá pela concepção de que a figura feminina se encontra atualmente em uma busca incessante pela igualdade entre os sexos aonde algumas delas chegam a se personificar em imagens de cunho masculinizado, ou seja, elas partem do princípio que para se apoderar do lugar dos homens é preciso ter as mesmas atitudes que ele, sem sopesar que a essência de sua diferença é que iguala os indivíduos. Ao mesmo tempo, as autoras supracitadas elucidam que os homens, ao ver que seu espaço tem diminuído drasticamente e as mulheres passaram a mandar ao
  • 19. 18 invés de obedecer – e não somente no mercado de trabalho, mas principalmente dentro das próprias residências -, continuam a buscar no preconceito advindo da antiguidade para justificar sua capacidade mediante a possível incompetência e inutilidade da mulher para realizar qualquer tarefa no mesmo nível que ele. E, de acordo com Souza (2010), mesmo em seus próprios lares, existe uma disputa incessante entre os sexos pelo controle da residência como um todo, mas, principalmente, no que tange à tomada de decisões. (SOUZA, 2010) Contudo, os homens, principalmente os ocidentais, perceberam que houve uma quebra do paradigma de superioridade masculina. E no dias de hoje, é somente a partir de decisões tomadas em conjunto que as tarefas são divididas, sejam elas de busca pela subsistência ou mesmo as mais simples atividades domésticas. (SOUZA, 2010) Strey, Cabeda; Prehn (2004) denotam ainda que, de maneira generalizada, a globalização econômica mundial trouxe um novo contexto para as relações conjugais. Segundo elas, pode-se observar ainda que, em muitos casais, houve uma inversão de papéis. Aquele que encontrar as melhores oportunidades ou for mais graduado a nível profissional se torna o principal provedor da família. Mas não o único. (SOUZA, 2010) As relações conjugais nos tempos atuais são pautadas em trabalho mútuo e colaborativo, seja a nível financeiro ou a nível doméstico. (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) Porém, é fundamental citar que as autoras supracitadas afirmam que a feminilidade é que se estabelece na alternativa para a crise em que o poderio dos homens se encontra imerso atualmente. Assim, percebe-se que (STREY; CABEDA; PREHN, 2004) vislumbram que nunca haverá uma igualdade entre os sexos e, neste sentido, a discussão será sempre pautada na diferenciação entre eles. Deste modo, é essencial explicitar o papel do homem na família, de modo a levantar os contrastes observados até os dias de hoje para que melhor se compreenda o processo construtivo da identidade do homem diante da sociedade.
  • 20. 19 1.3 A instituição família e o papel do homem Inicialmente, com o intuito de alcançar maior completude do presente estudo acadêmico, é fundamental entender o que é a instituição família e seus objetivos para, posteriormente, pautar as questões inerentes ao homem neste contexto. Assim, segundo os preceitos de Cunha; Santos (2006), a família pode ser determinada como uma instituição de distintos componentes que compartilham conjunturas afetivas, culturais, econômicas, sociais e históricas, entendida, desta maneira, como uma unidade social que recebe e emite acontecimentos históricos e que apresenta uma dinâmica definida e uma comunicação própria. Ao se avaliar o conjunto família, Cunha; Santos (2006) apontam que: A família dispõe de um modo de funcionamento impar – o amor – algo que não se adquire nas prateleiras de qualquer supermercado, mas supõe, idealmente a gratuidade e a incondicionalidade. Assim, das inúmeras mudanças, algo permanece, ou seja, a preocupação com os filhos, que são hoje criados por muitas delas, com muito mais desvelo, amor, carinho e preocupação com seu bem estar e crescimento harmonioso. [...] a família é um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da família, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transacionais. [...] sendo assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro, afetam e influenciam os outros membros. A família, como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo em nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais. (MINUCHIN apud CUNHA; SANTOS, 2006, p.18-19) De acordo com os autores supracitados, a família propriamente dita lida diariamente com frequentes influências de caráter econômico, social, cultural e político, o que ocasiona em modificações nas funções e nos relacionamentos acarretados em seu âmago, e, ao mesmo tempo, acaba por transformar suas bases no que dizer respeito à composição familiar. Em conseqüência de sua potencial capacidade para se adaptar às imposições estabelecidas pelo ambiente, admite-se que a família tem alcançado novas formas de sobrevivência, no que tange às agudas crises sociais. (CUNHA; SANTOS, 2006)
  • 21. 20 Além disso, o autor acima mencionado discorre que a família é entendida como um elemento basilar na conjuntura do desenvolvimento humano, e, do mesmo modo, consiste no caminho fundamental para a saúde de seus membros, ainda que todas as mudanças sociais, culturais e econômicas que alteraram a composição da família, e que, mesmo assim, ainda se observa transformações significativas nos relacionamentos intrafamiliares. (CUNHA; SANTOS, 2006) Paralelamente, ao se ponderar acerca do significado da família, é importante ressaltar as explanações acerca do gênero, haja vista que este proporciona um compreendimento renovado e transformador das desigualdades entre homens e mulheres dentro das intuições de família, ampliando as noções das controvérsias individuais, destacando as interações sociais que insuflam nas deliberações de cunho ocupacional e educativo. Deste modo, conforme abordado anteriormente por Soihet (1997), a concepção de gênero como organização histórica e cultural alude em considerações sobre o sistema social de gênero, onde o agrupamento de classificações e conjuntos simbólicos através dos quais a sociedade transforma homens e mulheres. Portanto, a família configura-se como uma amalgamação de conformismo às determinações sociais e como um elemento basilar de resistência contra a sociedade, resguardando a dominação de mulheres e filhos, mas, protegem mulheres, idosos e crianças “contra a violência urbana; cria condições para a dominação masculina, mas garante aos homens um espaço de liberdade contra sua subordinação no trabalho; conserva tradições, mas é o espaço de elaboração de projetos para o futuro, é não só núcleo de tensões e de conflitos, mas também o lugar onde se obtém prazer.” (CHAUÍ apud SIMONATO; OLIVEIRA, 2003, p. 63) Em uma sociedade qualificada por imutáveis desigualdades, as famílias em seu completo processo de desenvolvimento alimentam laços de estabilidade e afetividade de ordem econômica alinhavados, embora se visualize um número significativo, no transcorrer de toda a história da família, de insuficiência de recursos assistenciais ou ainda de direitos sociais, além da presença de famílias unidas por conveniência ou sobrevivência, particularidades estas que, segundo Simonato; Oliveira (2003) necessitam ser devidamente sopesadas e entendidas de modo tal a compreender adequadamente as denotações e transformações dos relacionamentos familiares.
  • 22. 21 Neste sentido, Cunha; Santos (2006) elucubram que na história da família, distintas modificações têm ocorrido no que tange à sua composição estrutural, em consonância com as transformações na sociedade em suas diferentes maneiras de conceber em termos materiais a vivência em sociedade. Os autores supracitados complementam que a família desempenha uma função crucial em sua relação com seus elementos, além do relacionamento com o próprio Estado, sob uma ótica de instituição social determinante ao desenvolvimento do sistema de integração ou ainda a inserção social de seus componentes. Percebe-se, portanto, que a família atua com uma posição essencial no que diz respeito ao processo de construção da identidade dos indivíduos, uma vez que auxilia de forma determinante no estabelecimento de suas relações sociais e, indubitavelmente reforça a importância da manutenção de laços afetivos já criados, apresentando ainda um sincrônico significado orientados para uma constante aprendizagem e disseminação de concepções que enfoquem a inclusão de indivíduos sob todas as perspectivas. Partindo das explanações acima, Fernandes; Zanelli (2006) destacam a importância em se discutir o papel do homem na família com base no enfoque criado pelas transformações que os dias de hoje impuseram a ele e as conseqüências delas não somente para o indivíduo, mas para toda a sua estrutura familiar. De acordo com os pressupostos dos autores acima mencionados, o senso comum e a sabedoria popular sempre categorizaram que este mundo pertence ao homem. E, conforme abordado anteriormente, as mulheres cedem enquanto os homens dominam. Enquanto os homens fazem história, as mulheres lhes asseguram suporte emocional. Cunha; Santos (2006) salientam que ao homem sempre coube o ambiente externo a casa, de produzir, de construir, de caçar, enquanto à mulher sempre coube o ambiente interno da casa, de se responsabilizar em cuidar do homem, de nutrir de afeto e alimento, de educar. E a figura feminina sempre educou seus filhos homens a desenvolver determinados sentimentos e as filhas outros. A demonstração da raiva coube ao homem por beneficiar a agressividade pertinente ao provedor da família, enquanto a demonstração de carinho coube a mulher, por beneficiar o cuidado e a nutrição. (CUNHA; SANTOS, 2006)
  • 23. 22 Ao homem coube o executar, à mulher coube o sentir. O filho homem nem ao menos aprendeu a distinguir aquilo que sente e poder conversar abertamente sobre seus sentimentos. (CUNHA; SANTOS, 2006) Entretanto, com o passar dos anos e a quebra dos antigos paradigmas entre superioridade masculina, as mulheres alcançaram sua inserção no mercado de trabalho, a mecanização de processos produtivos prosperou, o capital internacional foi deslocado dos setores de produção para os de investimentos e especulação financeira gerando, por conseguinte, uma sociedade sem empregos para todos. (FERNANDES; ZANELLI, 2006) Os autores acima mencionados complementam que o trabalho se especificou e individualizou a tal nível que o próprio homem não entende mais aquilo que produz. Os subempregos e o desemprego alcançaram níveis alarmantemente altos, e com eles cresceu também o colapso do homem que não mais consegue arcar com o papel que a família espera dele. (FERNANDES; ZANELLI, 2006) Assim, nos dias atuais tais condições externas fizeram com que as instituições familiares mudassem. Deste modo, o homem deixou de possuir um caráter de necessário e/ou essencial e as mulheres passaram a ter mais influência e peso nas decisões familiares, pois garantem seu próprio sustento e muitas vezes optam por ter apenas um filho ou até mesmo nenhum. (FERNANDES; ZANELLI, 2006) Neste sentido, Cunha; Santos (2006) elucidam que tal circunstância acarretou diversos problemas para o relacionamento homem VERSUS mulher. A despeito das aparências, esse relacionamento é acometido pela gradual minimização da importância dos homens, que já não mais possuem vontade ou mesmo condições de prover a família e, consequentemente, de comandá-la. Fernandes; Zanelli (2006) sintetizam de forma pragmática que cenário é tão profundo que só se percebe a ponta de seu iceberg. Contudo, suas conseqüências invariavelmente influenciarão a nova identidade comportamental do homem de maneira decisiva. Destarte, Cunha; Santos (2006) apontam que, precisamente no espaço em que os homens se comportam de maneira usurpadora e intransigente, humilhando as mulheres e as crianças, descobre-se constantemente, por trás dessa atitude, sua
  • 24. 23 impotência, um anseio de auto-afirmação ou ainda uma experiência desvirtuada de compensação perante o demasiado valor da mulher. Os autores supracitados concluem que, uma vez que o homem não desenvolveu uma habilidade de se expressar emocionalmente, faltam a eles as palavras para organizar essa mudança. Assim, sem expressão e se sentindo completamente ferido, ele faz uso dos próprios punhos como defesa e se torna violento. (CUNHA; SANTOS, 2006) Portanto, através das abordagens expostas ao longo do capítulo, é possível conceber o processo construtivo da identidade do homem diante da sociedade, além da dualidade entre homem x mulher e o sistema familiar. Assim sendo, têm-se os baldrames necessários para aprofundar a discussão da presente pesquisa acadêmica no âmbito da agressividade nas relações conjugais, de modo a se atingir o nível ideal de completude deste.
  • 25. 24 2 AGRESSIVIDADE: FUNDAMENTOS BASAIS E CAUSALIDADES DESTA NOS INDIVÍDUOS A agressividade, freqüentemente, é tida como uma força contraproducente. De acordo com Kernberg (2006), Freud1 , o Pai da Psicanálise, no ano de 1930 já considerava a agressividade como inata ao homem. Um contingente de agressividade é usado como um mecanismo de defesa contra a exploração do ser humano. Esta agressividade existe desde os primórdios, adjacente à necessidade de amor que ele procura do outro. O indivíduo não consegue conservar sua agressividade dentro de si, pois isto consistiria em um tipo de autodestruição e, assim sendo, existe a necessidade de exteriorizá-la. Neste sentido, devido à amplitude do entendimento da agressividade junto ao homem, o presente capítulo tem por escopo central explanar acerca das origens e definições da agressividade, traçando um paralelo com aspectos inerentes aos baldrames fundamentados pela psicologia acerca do assunto para, assim, entender as causas desta no indivíduo. INDIQUE QUE VOCE ESTARA UTILIZANDO A PSICANALISE PARA EXPLICAR SEU PONTO DE VISTA 2.1 Aspectos fundamentais concernentes à origem e definições da agressividade Winnicott (2003) elucubra que, no que tange às origens da agressividade, ela tem início antes mesmo do nascimento do bebê e encontra-se nos movimentos predominantes do feto, pois esses movimentos não são propositais e também não têm uma implicação de conduta agressiva. Esses movimentos ajudam a criança a desvendar um universo que não é o dela e, por conseguinte, principiam o estabelecimento de um relacionamento com o 1 Sigsmund Schlomo Freud ou apenas Sigmund Freud nasceu em Freiberg, Tchecoslováquia, no ano de1856. Este grande nome da psicanálise foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana e seu legado ressoa até os dias atuais como as principais referências para campos diversos, como o comportamento humano.
  • 26. 25 mundo exterior. Logo, a agressividade pode estar conectada a uma distinção daquilo que pertence ao eu do bebê e daquilo que não pertence. (WINNICOTT, 2003) A agressividade, de acordo com o autor supracitado, carrega em seu âmago um movimento natural e que, em suas primícias, é apenas um mero um movimento. Igualmente, o balançar de braços de um bebê no útero materno é unicamente um movimento que, por casualidade, descobre o ventre como o seu limite, e não um ato de socar, assim como o movimento de agitar as pernas é simplesmente um movimento instintivo, e não um ato de chutar, ou seja, não existe intencionalidade por parte da criança. Winnicott (2003), afirma que, na essência de cada indivíduo, há o ódio e o amor e que as crianças já os têm com ampla intensidade. Até mesmo o bebê convive de forma mais intensa com o ódio e o amor do que os indivíduos adultos. Segundo o autor, Parti do pressuposto, o qual tenho consciência de que nem todos consideram correto, de que todo o bem e o mal encontrados no mundo das relações humanas serão encontrados no âmago do ser humano. Levo esse pressuposto mais longe afirmando que no bebê existe amor e ódio com plena intensidade humana. (WINNICOTT, 2003, p. 164). Kernberg (2006) analisa os pressupostos de Melanie Klein2 e aponta que, em suas obras, ela discute a agressividade das crianças projetada diretamente nos pais e como ela retrocede como inquietude pelo anseio de destruição daquela. O elemento é apontado como mau pelo motivo da agressividade projetada nele e não porque o referido elemento prejudica os anseios da criança. (KERNBERG, 2006). O autor acima mencionado ainda salienta que ocorre, simultaneamente, um sentimento amoroso e destrutivo contra sua genitora e este é sentido pela criança 2 A psicoterapeuta Melanie Klein (1882-1960) desenvolveu uma escola de psicanálise na Inglaterra. Ela foi uma teórica das relações de objeto, autora da teoria do "desenvolvimento psicossexual e psicopatologia" embasada em eventos intrapsíquicos e interpessoais que supostamente ocorrem durante o primeiro ano de vida. Melanie Klein concordou com Sigmund Freud que a agressão e a libido são os dois instintos básicos. Informações baseadas no contexto que se encontra disponível em <http://www.psiquiatriageral.com.br/psicoterapia/melanie.html>
  • 27. 26 como um estado doloroso capaz de destruir seu próprio corpo, gerando ansiedade devido à tamanha agressividade projetada por esta. Winnicott (2003) complementa ao apontar que a coação da agressividade de cada indivíduo é o fator central das ameaças que a sociedade vive, e não o comportamento agressivo do ser. O autor afirma que a agressividade é inata, e que existe a necessidade de uma individualidade mais interligada ao homem para que, por meio de, por exemplo, algum tipo de frustração, ocorra o furor e o intento da agressão. Cabe ressaltar ainda que a mobilidade típica do bebê, como os socos e chutes intra-uterinos poderiam ser confundidas com um comportamento agressivo, mas são entendidas como uma maneira de descobrir o espaço, o outro. (WINNICOTT, 2003). É a impulsividade e a agressividade que o bebê desenvolve através da mobilidade que faz com que ele necessite de algo externo a ele. (WINNICOTT, 2003). Assim, pode-se perceber que, no que tange às origens da agressividade, esta surge da necessidade de um contato do indivíduo com o exterior, com a experimentação e o reconhecimento do espaço. Entretanto, Kernberg (2006) ainda aponta que a origem do termo agressividade vem do latim e significa movimento para frente, ou seja, não retroceder e sim progredir à frente ao encontro de seus objetivos. No que tange as definições, Storr (2012) aponta que a temática sempre foi elemento de pesquisas, discussões e análises ao longo dos anos, mas que, atualmente, a preocupação com o entendimento da agressividade aumentou consideravelmente. O autor supracitado discorre que é consenso geral que a agressividade é vista como algo natural e que é encontrada no interior de cada ser humano. Contudo, o modo com que se a enfrenta está intrinsecamente ligado aos valores, crenças, leis, dentre outros fatores que são variáveis entre culturas e sociedades. Existem diversas conceituações para a agressividade. Contudo elas esbarram em teorias e variantes entre terminologias como comportamento agressivo ou agressão e que acaba por se tornar um problema na busca pela melhor definição. (STORR, 2012) INDIQUE NO TEXTO QUE VOCE ESTA UTILIZANDO UMA ABORDAGEM COMO COGNITIVO COMPORTAMENTAL
  • 28. 27 Na busca em solucionar a problemática em se encontrar uma definição completa para a agressividade, Storr (2012) identificou através de levantamentos de informações de diferentes estudiosos, três modelos de teorias: • Teorias do “Drive” agressivo: nesta, é considerada a agressão como resultado da frustração; • Teorias da Aprendizagem: nesta, a agressão é resultado do processo de aprendizagem social. • Teorias Instintivas: nesta, a agressão é resultado de um instinto inato e agressivo. No que tange ao primeiro modelo de teoria, Storr (2012) discorre que nela, o indivíduo seria estimulado a se comportar de modo agressivo pela produção do chamado drive incitado pela frustração em oposição a ser uma energia agressiva inata. Assim, a frustração seria uma condição em que existe uma intromissão em uma resolução direcionada a um elemento que não possibilita que esta o conquiste. (STORR, 2012) E, neste sentido, a agressividade seria uma resposta predominante ao sentimento de frustração. Em toda agressão, a frustração seria sua principal causa. (STORR, 2012) Quanto ao modelo de teoria que se refere à aprendizagem social, Storr (2012) considera Bandura3 como o principal responsável por sua criação. O prisma que mais assinala esta é o da modelagem determinada como aprendizagem por meio da observação de modelos. Estes podem ser apresentados de forma direta, pelo ambiente social geral ou mesmo pela família, ou de maneira simbólica, através de imagens ou palavras. (STORR, 2012) Storr (2012) explica que, segundo os pressupostos de Bandura, para que se verifique o processo de modelagem, é primordial que o observador direcione sua 3 Albert Bandura, psicólogo cognitivo-social, nascido no Canada à 4 de Dezembro de 1925, docente em Stamford na California, uma universidade de grande prestigio, chamado também por Havard do Oeste. Bandura é considerado teórico da aprendizagem social, e seus princípios podem ser aplicados na modificação de comportamentos agressivos. Informações baseadas no contexto que se encontra disponível em < http://www.oocities.org/eduriedades/albertbandura.html>.
  • 29. 28 atenção para os aspectos fundamentais do comportamento, que arquive na memória todo tipo de comportamento do modelo observado, que possua a capacidade de reproduzir tais comportamentos e que eles possuam implicações favoráveis que fomente sua imitação. Neste sentido, o autor supracitado indica que, a exposição aos modelos não significará que haverá a reprodução, pois o nível de influência dos modelos é variável nos indivíduos. Quanto mais importante, interessante for o modelo, maiores as chances de ele ser imitado e, quanto mais subordinado e de baixa-estima for o observador, maior este se sentirá inclinado a imitar o modelo. (STORR, 2012) Nesta teoria, o autor acima mencionado explana que as configurações particulares da agressividade, sua constância, as circunstâncias em que ele ocorre e os objetos escolhidos são decididos através da experiência social. A agressividade não é herdada. O que se propaga são os elementos que promovem ou influenciam este comportamento, como atividade hormonal, força, tamanho, etc. (STORR, 2012). Por fim, para melhor explicitar o modelo de teoria instintiva, Storr (2012) recorre às premissas oriundas de Freud (ANO VIDA E MORTE), uma vez que ele é considerado um dos principais defensores desta corrente, ao apontar que os instintos dos seres humanos se dividem em dois: os de vida, ou seja, aqueles que inclinam-se a resguardar e empenhar-se em viver, e os de morte, aqueles inclinados a morte e devastação. Neste sentido, o comportamento agressivo concebe um descarregamento do instinto de morte e os aspectos de expressão desta podem ser alterados e abrandados pela ingerência do instinto de vida. (STORR, 2012) Este descarregamento é tido como decisivo e irrevogável e seu bloqueio é considerado como perigoso no sentido que pode acarretar a autodestruição do indivíduo. (STORR, 2012) Storr (2012) considera ainda que a presente teoria tende a ocasionar uma dispensa da responsabilidade social do indivíduo, uma vez que se refere a algo inexorável e inato. Paralelamente, Bisker e Ramos (2006) entendem a agressão como uma atitude intencional geradora de lesões físicas ou mesmo danos para terceiros e
  • 30. 29 apontam que a agressividade pode ser distinguida entre diversos comportamentos apresentados pelos indivíduos. Os autores acima mencionados consideram que brincadeiras comuns, como por exemplo, jogos que contenham empurrões ou puxões, não necessariamente podem ser avaliados como uma agressão. Bisker e Ramos (2006) enfatizam que, para que determinado comportamento seja considerado como tal, depende da intencionalidade do indivíduo de causar algum tipo de lesão. Kernberg (2006) sopesa que, um entendimento comum acerca da distinção entre agressão e agressividade consiste, invariavelmente, na intenção por trás do comportamento do indivíduo, ou seja, do escopo deste em ocasionar danos à outra pessoa, seja ele do tipo emocional, físico ou psicológico. Winnicott (2003) salienta que a agressividade é parte do impulso intrínseco ao aprendizado e a habilidade criativa e simbólica da criança. Em contrapartida, a agressão inibe e extingue o processo de pensar. No que tange a agressividade, ela deve ser considerada um fator de extrema relevância no desenvolvimento do processo de aprendizagem e pode servir como um veículo mediatizador, no âmago simbólico, e que não precisa ser evitado. (WINNICOTT, 2003) Já a agressão não se encontra em nível simbólico, por se tratar de uma atitude unicamente agressiva e, neste sentido, não pode ser mediatizada. (WINNICOTT, 2003) Assim sendo, no sentido de apontar uma definição sobre a agressividade, entende-se que a mais utilizada é explana por Kernberg (2006) que a caracteriza como um encadeamento de comportamentos que tem por escopo ou intuito acarretar determinado tipo de lesão a uma pessoa. O autor acima mencionado complementa que tais lesões podem ser físicas, morais ou psicológicas e que, normalmente, as atitudes agressivas não caracterizam a real demonstração de raiva, mas sim um apartamento de outros sentimentos como a insegurança, a angústia ou a ansiedade, por exemplo. Portanto, através das explanações acerca de agressividade, comportamento agressivo e agressão, percebe-se que uma conceituação que abarque todo o âmago da temática é algo que necessita ser ponderado nos diversos níveis pertinentes ao estudo.
  • 31. 30 2.2 Explanações acerca das causalidades da agressividade nos indivíduos Winnicott (2003) discorre de forma pragmática que de todos os comportamentos humanos, a agressividade, particularmente, é disfarçada, ocultada, escondida e conferida a agentes externos ao indivíduo e, quando é exteriorizada pro este, identificar suas causalidades se torna uma tarefa de alta complexidade. Lacan (1998), autor que arrazoa acerca da agressividade na psicanálise, determina que o fundamento desta são as disposições funestas a todos os indivíduos. Ele sugere a explicação da agressividade por meio de cinco teses: • A primeira tese aponta que a agressividade desponta por meio de uma experiência particular de um indivíduo; • A segunda tese defende que existe na agressividade uma pressão proposital, um caráter orientado que concomitantemente causa um esfacelamento das sensações e sentimentos que assume o indivíduo e explana suas disposições funestas; • A terceira tese discute que os cometimentos agressivos devem ser lidados através do diálogo, ou seja, por via da conversação e não por atitudes diretas, ou seja, pelas chamadas vias de fato; • A quarta tese aborda a agressividade como um comportamento análogo ao narcisismo, ou seja, a agressividade possui dimensão refletida, que se volta à sua própria imagem; • A quinta tese assinala a agressividade como pertencente ao indivíduo, colaborando para o estabelecimento do mal-estar imutável na sociedade. Percebe-se, assim, que as cinco teses expostas por Lacan (1998) oportunizam o avanço no campo das discussões acerca da agressividade. O autor complementa que esta é uma força abalizada por determinado grau de intencionalidade, por uma disposição de morte geradora de conflito e desequilíbrio. Subsequentemente, Bisker e Ramos (2006) elucubram que, com o aumento do comportamento agressivo da população, esta temática passou a ser mais
  • 32. 31 observada e estudada, sendo que novas correntes apontam que fatores ambientais, biológicos, sociais e psicológicos podem também influenciar este tipo de comportamento. Determinados indivíduos exteriorizam sua agressividade devido a predisposições genéticas ou mesmo dificuldades neurológicas e, em outras situações, através de comportamentos assimilados. Neste contexto, pode-se considerar que as causas para a agressividade podem ser múltiplas. (BISKER; RAMOS, 2006) Goldberg (2007) elucida que elemento psicológico capital de um indivíduo agressivo é que este possui total consciência de uma vida que lhe seria suficiente. Ele age com um caráter firme de revolta por não atingir seus propósitos pessoais. Sabe, ainda, que com os passar do tempo está mais afastado destes intentos. Não atingir seus anseios, objetivos ou propósitos pessoais aciona uma reação imprópria e descontrolada diante a uma mera frustração e, tal costume distancia o indivíduo da solução decisiva de sua dificuldade comportamental. (GOLDBERG, 2007) O autor supracitado salienta que um indivíduo reagir diante dos mais medíocres e pífios acontecimentos novamente são o principal indício da ação significante do complexo de inferioridade no ser humano. No que tange aos baldrames salientados por Goldberg (2007), o indivíduo acometido pelo complexo de inferioridade coexiste desde sua infância com uma asseveração doentia de que sempre será lembrado ou pretendido para algo especial por último. O resultado deste processo é o desenvolvimento de uma identidade e personalidade retraída e introvertida. Nas circunstâncias sociáveis, o indivíduo não manifesta nenhum tipo de energia pessoal, o que acarreta fúria e ódio como um contrabalanceamento psicológico. (GOLDBERG, 2007) O autor acima mencionado complementa suas explanações afirmando que, quando acometido por este mal, o indivíduo passa a se sentir anulado mesmo na presença de outros e, por conseguinte, o ódio acima referido vai invariavelmente sendo exteriorizado. Kernberg (2006) observa que, quando a auto-estima está abalada, a agressividade é exprimida, a transigência é breve mediante a frustração. Deste modo, a pessoa manifesta uma reação, por não atingir os desígnios almejados.
  • 33. 32 Essa situação, de acordo com os pressupostos do autor acima mencionado, aumenta os questionamentos sobre os benefícios e malefícios da exteriorização da agressividade. Kernberg (2006) sopesa também que a agressividade une-se frequentemente com outros sentimentos negativos. O principal sentimento é o da inveja, uma vez que nele existe a possibilidade do extravasamento da raiva e frustração. A inveja origina uma freqüente necessidade de fuga da conjuntura excruciante de se comparar e se sentir diminuído, avançando-se para o ataque. (KERNBERG, 2006) Um dos objetivos capitais da construção da identidade e personalidade do indivíduo, assunto este abordado no capítulo anterior da presente pesquisa acadêmica, é exatamente tornar o indivíduo hábil em drenar amplificadamente o seu lado instintivo e, segundo Kernberg (2006) isso abarca a habilidade progressiva para distinguir a própria brutalidade e voracidade, que apenas depois podem ser refreadas e transformadas em atividades sublimadas. Destarte, Storr (2012) conclui que a agressividade é um comportamento que sobrepuja as dimensões da mente, uma vez que sua concepção também é acometida por fatores sociais de longo prazo, como frequentes maus tratos a um determinado indivíduo, de curto prazo, como uma situação atípica de nervosismo e mesmo a percepção da auto-estima e do próprio indivíduo. Assim sendo, Bisker e Ramos (2006) apontam que a agressividade é inata ao indivíduo, como expressão de defesa. Todo e qualquer ser humano está ciente que diferentes sentimentos e emoções estão sendo vivenciados e expressados a todo momento em sua volta e estes são os principais responsáveis pela maior parcela da infelicidade dos indivíduos, uma vez que abarcam a hostilidade, o mau humor, a mesquinhez, o egoísmo, entre outros. Deste modo, protegendo-se com a agressividade, o indivíduo se mantém vivo. Percebe-se, portanto, que a agressividade é causada por diversos fatores e expressada de diferentes maneiras, seja contra o outro, contra si mesmo, ou relacionada às atividades realizadas. Entretanto, é fundamental entender que ela está intimamente ligada a sentimentos negativos, como a rejeição, e que se confirmam na vivência do indivíduo a todo tempo. Neste sentido, o presente estudo acadêmico, em seu capítulo final, irá abordar a agressividade basicamente do indivíduo homem no contexto das relações
  • 34. 33 conjugais, de maneira tal a elucidar as conseqüências deste comportamento na coexistência entre homem e mulher, de modo que se alcance a totalidade das explanações da referida temática trabalhada. 3 A AGRESSIVIDADE DO HOMEM NAS RELAÇÕES CONJUGAIS: ASPECTOS INERENTES AOS PRESSUPOSTOS CAPITAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Inicialmente pode-se compreender que a agressividade do homem nas relações conjugais versa em uma das vertentes que abarca a violência doméstica, temática esta que vem sendo ponderada em diversos âmbitos da sociedade, uma vez que afeta o controle da vida social das pessoas envolvidas neste tipo de agressividade. (STORR, 2012) A agressividade do homem que submerge as relações conjugais pode ser identificada por meio de características basilares, visto que a agressividade versa em um tipo de comportamento que efetivamente apresenta o intento de causar danos físicos e/ou psicológicos dentro das pessoas envolvidas nas relações conjugais, e, acaba por refletir um intento de assolar as denotadas vítimas. (BISKER; RAMOS, 2006) Neste sentido, avalia-se que a agressividade do homem dentro das relações conjugais passa a ser designada como direta, aberta e, de certa forma, hostil, uma vez que o agressor homem concretiza os comportamentos agressivos explicitamente, com o escopo de causar danos aos envolvidos, o que independe de qualquer vantagem que possa alcançar, sendo estas ações, geralmente, impulsivas e influenciadas pelas emoções. Assim sendo, este capítulo apresenta como escopo discorrer a respeito dos baldrames da agressividade masculina no universo das relações conjugais. E. de tal modo, discutir-se-á, igualmente, as consequências deste comportamento sob a ótica dos indivíduos afetados direta e indiretamente, ou seja, tanto o homem quanto a mulher.
  • 35. 34 3.1 Fundamentos arraigados à agressividade masculina nas relações conjugais Discorre-se, em linhas iniciais, que a agressividade do homem nas relações conjugais consiste naquele tipo de violência caracterizado pelo fato de as vítimas manterem relações de conjugalidade com seus agressores, e, de tal modo, o cônjuge é visualizado não somente como o indivíduo que reside com a mulher, mas igualmente abarca o noivo ou namorado da vítima. (STORR, 2012) Silveira (2014) menciona que o confinamento de mulheres ao ambiente limitado ao lar acabou por permitir e legitimar a agressividade dos homens na dimensão da conjugalidade. Nesta fundamentação, cabe salientar que a conjugalidade passa a ser analisada como um plano afetivo estabelecido entre duas pessoas, que, não especificamente, convivem sob o mesmo teto, mas que é pautado nas classes de amor e paixão, estas discutidas nas culturas ocidentais como algo relativamente natural e que dispõe como um sentimento necessário para a ocorrência de uma união denominada como conjugal. (BISKER; RAMOS, 2006) Entende-se, em sentido amplo, que a agressividade masculina nas relações tidas como conjugais incide como um tipo de dominação, sendo a mulher, nesta dimensão, o indivíduo mais fraco, o que, demonstra que a agressividade parte do homem como um meio de se controlar sua cônjuge, o que não explica os motivos pelos quais ocasionam na presença da agressividade. (GOLDBERG, 2007) Silveira (2014) novamente explana que dentro do processo de surgimento da agressividade nas relações conjugais tem-se a concepção de uma miscigenação entre aspectos sociais com a vulnerabilidade psicológica inerente a cada indivíduo, onde estas operam de modo simultâneo, visto que o perfil psicológico do indivíduo lida com influências arraigadas à educação recebida e o meio social em que se vivencia. A relação de agressividade estabelecida entre o homem em sua relação conjugal é visualizada como peculiar quando se coteja com outros tipos de relações de agressividade, já que apresenta singularidades específicas. (GOLDBERG, 2007) Explicita-se que o casal incide em uma unidade que é formada em termos culturais, e, logo, cada mulher se relaciona de modo distinto à circunstância de estar
  • 36. 35 sendo oprimida, e, de um mesmo modo, cada homem assinala-se pela condição de opressor. Assim, entende-se que, se, em paralelo, a agressividade do homem nas relações conjugais acontece aleatoriamente, porém, sendo decorrida de um tipo de organização social de gênero que acaba por beneficiar o ser masculino, por outro lado, observa-se que as relações humanas são compostas de forma interpessoal, e, como sendo definidas, encontram-se sujeitas às características pessoais diante dos contatos sociais. (SILVEIRA, 2014) A união, atualmente, ordena-se como uma espécie de arranjo, ou seja, um acordo estabelecido entre o casal, com a possibilidade ou não de constituir uma família. Deste modo, a conjugalidade versa em uma alternativa adotada por ambos, homem e mulher, sendo fundamentada nos elementos que compõem os sentimentos. (GOLDBERG, 2007) Todavia, nem sempre o casamento pode ser visualizado como uma opção viável a ser adotada pelas mulheres, uma vez que, de acordo com a percepção de Silveira (2014), na união ainda impera a assimetria determinada entre os sexos no que tange às atividades domésticas e às obrigações com a família, o que inclui filhos. Avalia-se, nesta fundamentação, que mesmo após a inclusão feminina no mercado de trabalho, ainda assim a mulher possui a basal responsabilidade de se atentar ao cuidado pela segurança, saúde e bem estar de seus filhos, como também a manutenção ordenada do lar. (SILVEIRA, 2014) Logo, este conceito da maternidade como sendo algo natural e inerente ao sexo feminino permanece como compreendendo em fundamento das representações de gênero que impregnam a dimensão social e sexual, o que, de fato, não se visualiza com a paternidade. As transformações nas quais as mulheres passaram com o decorrer dos anos consistiram como distintas, com um aumento no índice de escolaridade e educação superior, porém, os papeis das mulheres ainda permanecem-se como rígidos no que se refere à participação destas na renda conjugal, bem como na valorização da carreira profissional, e, conquanto, examina-se que no ambiente familiar, e, quiçá, em casal, ainda são verificados valores e posturas ultrapassadas e tradicionais, sendo predominada uma evidente divisão de funções entre homens e mulheres. (SILVEIRA, 2014)
  • 37. 36 Destarte, tem-se a análise que a agressividade masculina no meio conjugal consiste como uma realidade que abarca uma dimensão mundial, sendo visualizada em todos os grupos sociais, econômicos, religiosos e culturais. (GOLDBERG, 2007) Neste tipo de agressividade verifica-se não apenas a agressividade física, mas também, abrange-se a agressividade psicológica que é traduzida por meio de ameaças proferidas, intimidações e, igualmente, os atos agressivos em meio sexual. (GOLDBERG, 2007) A agressividade masculina nas relações conjugais assume proporções expressivas, e passa a ser analisada de forma efetiva com o escopo de mensurar este tipo de ato, coibindo as ações agressivas efetivadas pelos homens em suas relações. (STORR, 2012) 3.2 Explanações acerca da agressividade como violência: tipologias e consequências destas nas relações conjugais Entende-se que a agressividade como violência de cunho psicológico consiste na forma mais intensa e desgastante de manifestação da violência conjugal, sendo fundamentado nos parâmetros de comportamento relacionados ao controle, isolamento, ciúme patológico, assédio, abjeção, humilhação e ameaça. (STORR, 2012) Silveira (2014) enfatiza que esta incide em um modo de ser dentro da relação, onde a mulher, vítima da agressividade masculina, passa a ser denotada como uma espécie de objeto. A agressividade psicológica pode ser considerada como o meio mais doloroso de agressividade dentro das relações conjugais, uma vez que a humilhação por passar por uma agressão física acaba por afetar muito mais a mulher na relação do que a ação física de agredir. (SILVEIRA, 2014) Considera-se que todos os tipos de manifestações associadas à agressividade psicológica como forma de violência acabam por interferir sistematicamente na autoestima feminina, o que resulta em marcas intensas. (GOLDBERG, 2007)
  • 38. 37 A agressividade como violência, acaba-se por pautar no fato de o cônjuge apresentar o escopo de submissão do outro, controlando-o e, consequentemente, mantendo o poder na relação. (STORR, 2012) Conquanto as mulheres consistam nas principais vítimas da agressividade como violência nas relações conjugais, este fato não se limita à ação do homem, visto que pode-se verificar a situação de mulheres que procuram, opcionalmente, pela agressividade psicológica como caminho para se atingir seus parceiros, igualmente como forma de dominar os mesmos. Observa-se, neste sentido, que todos estes meios de ação podem integrar o ambiente das relações conjugais, todavia, quando estes tornam-se frequentes e ocorrem, de forma dominante, a partir de um dos pólos do casal, no caso deste estudo, o homem, a agressividade acaba por ser caracterizada como violência. (SILVEIRA, 2014) Assim, de acordo com a autora, nestas situações não acaba sendo observado um limite do que tem a possibilidade de ser proferido ou realizado, e, como a relação conjugal é baseada na intimidade, o caso passa a ser beneficiado por atingir os pontos fracos da mulher. Acresce-se que a conjuntura de esta conduta envolver uma maior proximidade entres os indivíduos, torna a prática ainda mais grave. Na agressividade como violência percebe-se certa dificuldade em determinar uma distinção evidente acerca da violência psicológica e a violência física, visto que o ser masculino, ao agredir uma mulher fisicamente, geralmente não possui o intento de deixar marcas, mas, sobretudo, em demonstrar uma superioridade na relação conjugal, ou seja, determinar modos de comportamento, comando e, logo, dominação. (GOLDBERG, 2007) A agressividade como violência nas relações conjugais apresenta causas que se voltam para o estresse masculino, uma possível provocação por parte da mulher, desrespeito a determinados preceitos religiosos e culturais e o alcoolismo por parte do homem. Geralmente, os homens justificam os atos de agressividade em suas relações, procurando, de alguma forma, denegrir a imagem da mulher, em uma tentativa de minimizar o impacto provocado pelas ações, e voltando a culpa para as mulheres, que incitaram este tipo de comportamento agressivo. (BISKER; RAMOS, 2006)
  • 39. 38 Os fatores que podem vir a condicionar a agressividade nas relações conjugais como violência são ponderados por Silveira (2014) como: Formas de opressão do regime socioeconômico e político a que estão submetidos homens e mulheres e que enfatizam a posição de subalternidade da mulher (fatores estruturais); a discriminação sofrida pelo sexo feminino por parte das instituições sociais tais como a família, a justiça, a polícia (fatores institucionais); a ideologia machista que rege as relações entre os gêneros (fatores ideológicos); a educação diferenciada, que possibilita a incorporação da ideologia machista e a reprodução da violência (fatores pedagógicos); e as representações individuais que os membros da família violenta fazem sobre si mesmos (fatores individuais). (SILVEIRA, 2014, p.124-125) Em contrapartida, os fatores precipitantes que podem vir a ocasionar na agressividade nas relações conjugais como uma forma de violência compreende como circunstâncias ligadas ao álcool, drogas e situações de estresse. (SILVEIRA, 2014) Destarte, diante dos conteúdos explanados, avalia-se que as relações de agressividade masculina denotadas como de violência nas relações dadas como conjugais são visualizadas como sistemas nos quais o homem almeja o domínio sobre a mulher, inserindo uma inversão da culpa, uma vez que as mulheres não conseguem expressar os acontecimentos, culpando-se pelos atos emocionalmente, mesmo quando, racionalmente, entende não ter essa culpa. (GOLDBERG, 2007)
  • 40. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considera-se, diante dos preceitos analisados, que a identidade do ser humano pode ser avaliada como um tipo de agrupamento de características ligadas a cada pessoa, consistindo em um fator de distinção entre as pessoas, o que abarca sua postura e padrão de comportamento perante a sociedade de um modo geral. De um mesmo modo examina-se que a identidade opera como um fator que complementa as peculiaridades intrínsecas às pessoas individualmente, incidindo, assim, em uma organização relativa ao ambiente social. Em paralelo, tem-se a agressividade, como um aspecto arraigado à própria identidade do ser humano, e que passa a ser ponderada como uma reunião de comportamentos QUESTÕES AMBIENTAIS, COMO VC COMENTA NO TEXTO que apresentam o intento de provocar um tipo de lesão a uma pessoa. As relações conjugais são ponderadas como uma concepção afetiva determinada entre duas pessoas, que não necessariamente devem conviver sob o mesmo teto, mas seus fundamentos são justificados pela relação de sentimento necessário para o acontecimento da união cognominada de conjugal. Nas relações conjugais, a agressividade do homem descreve-se a partir de um padrão de comportamento, que, por vezes, associa-se às vertentes que compõem a violência doméstica em si, visto que afeta o controle da vida social daqueles envolvidos neste tipo de agressividade, o que faz com que o assunto seja analisado frequentemente por estudiosos. A agressividade em cotejo às relações conjugais pode ser fundamentada em condutas denotadas como impulsivas e que direciona um dos componentes da relação, no caso, o homem, a se comportar e agir de forma inesperada como um meio de retorno dominante ao sentimento de raiva. O comportamento agressivo do homem ante às relações conjugais pode ser avaliado em conformidade a distintos fatores, e, o controle e domínio à mulher tornam-se preceitos que abrangem esse comportamento hostil, e que, por vezes, pode ser designado como violento, e que deve ser analisado sistematicamente e tratado em termos de manter a estabilidade emocional nas relações conjugais. REFLITA: SENDO UM COMPORTAMENTO INERENTE AO HOMEM COMO A PSICOLOGIA PODERIA ESTAR INSERIDA??
  • 41. 40 REFERÊNCIAS BISKER, Jayme. RAMOS, Maria Beatriz Breves. No Risco da Violência: Reflexões Psicológicas sobre a Agressividade. Rio de Janeiro, Mauad, 2006. CARVALHO, Mauro. A construção das identidades no espaço escolar. Revista Reflexão e Ação. v.20. n1. Santa Cruz do Sul, 2012. Disponível em <http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/2161/2521>. Acesso em 22 de julho de 2014. CUNHA; Roseney de Fátima; SANTOS, Vanda Lúcia dos. Intervenção preventiva com famílias: expectativas e possibilidades. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Universidad de La Sabana. Instituto de Ensino e Fomento. Ponta Grossa, 2006. Disponível em < http://www.ief.org.br/edpf/tcc/interv_prevent_fam.pdf >. Acesso em 26 de julho de 2014. FERNANDES, Karina Ribeiro; ZANELLI, José Carlos. O processo de construçăo e reconstruçăo das identidades dos indivíduos nas organizaçőes. RAC. v 10. n 1. 2006. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rac/v10n1/a04.pdf>. Acesso em 23 de julho de 2014. FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnico- científicas. 8 edição revista. Belo Horizonte: UFMG, 2007. FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: explicitação das normas da ABNT. 16. ed. Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2012. GOLDBERG, Jacob Pinheiro. Cultura da Agressividade. 2 ed. São Paulo: Landy, 2007. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. KERNBERG, Otto F.. Agressividade, Narcisismo e Auto-Destrutividade na Relação Psicoterapêutica. Lisboa: Climepsi, 2006. LACAN, Jacques. A agressividade em psicanálise. In: Escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1998. Disponível em < http://poars1982.files.wordpress.com/2008/05/lacan.pdf>. Acesso em 24 de agosto de 2014.
  • 42. 41 MOREIRA, Shirlene Vianna. 166 fl. 2007. Identidade musical em pacientes com esclerose múltipla: um estudo piloto. Pós-Graduação (Estudo das práticas musicais) Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte, 2007. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do? select_action=&co_obra=110008>. Acesso em 22 de julho de 2014. MOURA, Auro Sanson. Música e construção de identidade. 2007. Disponível em <http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2007/poster_educacao _musical/poster_edmus_ASMoura.pdf>. Acesso em 22 de julho de 2014. SILVEIRA, Clara Maria Holanda. “Prometo te querer até o amor cair doente”:uma análise das relações de gênero entre casais que vivenciam a violência conjugal. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual do Ceará. Centro de Estudos Sociais Aplicados. Curso de Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade. Fortaleza, 2014. Disponível em < http://www.uece.br/politicasuece/dmdocuments/CLARA_MARIA_HOLANDA_SILVEI RA.pdf >. Acesso em 07 de outubro de 2014. SOIHET, Rachel. História das Mulheres. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Domínios da História: ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SOUZA, Ranier. A situação da mulher na idade média. Brasil Escola, 2010. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia/a-situacao-da-mulher-na-idade- media.htm>. Acesso em 24 de julho de 2014. STORR, Anthony. A Agressividade Humana. São Paulo: Benvirá, 2012. STREY Marlene N.; CABEDA, Sônia T. Lisboa; PREHN, Denise R. Gênero e cultura: questões contemporâneas. Porto Alegre: Edipucrs, 2004. Disponível em: <http://books.google.com.br/books? hl=ptBR&lr=lang_pt&id=W2NJdZYNTqIC&oi=fnd&pg=PA13&dq=defini %C3%A7%C3%B5es+de+mulher+segundo+Freud&ots=BYtXtY3wLJ&sig=JbqXP_K FF8AZYSKrCzUPy11xqbU#v=onepage&q=defini%C3%A7%C3%B5es%20de %20mulher%20segundo%20Freud&f=false>. Acesso em 24 de julho de 2014. TORRES, Maria Cecilia A. Constituição de identidades musicais. 2008. Disponível em <http://www.rizoma.ufsc.br/pdfs/108-of4-st4.pdf>. Acesso em 22 de julho de 2014. WINNICOTT, D. W. Da Pediatria à Psicanálise: Obras Escolhidas. 3 ed. Rio de Janeiro: Imago, 2003. http://www.psiquiatriageral.com.br/psicoterapia/melanie.html. Acesso em 21 de agosto de 2014.