Memórias de um Tempo_Parque do Gaúcho de Bagé_ tradicionalismo
1. Um tema recorrente desde os
tempos em que eu exercia o mandato
de vereador
...era a necessidade de se criar um
espaço apropriado para que as entidades
tradicionalistas de Bagé pudessem
realizar seus eventos campeiros e
artísticos. Uma pessoa que sempre esteve
identificada com a causa era o ex-
vereador Pedro Celso Oliveira, meu colega
de Câmara Municipal, grande zagueiro do
alvirrubro bajeense e ex-gerente da Caixa
Econômica Estadual. Na política
estávamos em campos opostos, mas
solidificamos uma grande amizade no
decorrer dos anos, que perdura até hoje.
Pois bem, quando cheguei à
Prefeitura, em 2001, a reivindicação foi
levada a mim. Lembrei-me da área da
antiga Estância da Balança, ali em Santa
Thereza, que fora adquirida na primeira
gestão do Luiz Alberto Vargas na
Prefeitura. Era sonho do Varguinhas e do
Domingos Rodrigues, o Dominguinhos,
instalar ali uma agrovila modelo. Um belo
projeto, mas de difícil execução.
Quando assumimos, os 243 hectares
estavam ocupados por apenas 25 famílias
que detinham, individualmente, 0,5
hectares cada uma. A segunda fase do
projeto, que era a exploração coletiva de
Memórias de um tempo
Um parque para
os gaúchos e para
o povo
parte restante da área, nunca saiu do
papel. Então, tínhamos uma grande e bem
localizada área pertencente ao município
que estava improdutiva. Sem qualquer uso
público ou privado consistente.
Entre os assessores do meu gabinete
estava o nosso "lanceiro negro", o
advogado Luís Alves, que tinha ligações
com o tradicionalismo. Ele passou a
defender a ideia de criarmos o Parque do
Gaúcho. A concepção era instalar naquela
área um espaço em que o homem urbano
e os turistas que nos visitassem
encontrassem uma reprodução da vida no
campo e pudessem compreender como
vivia o gaúcho em nosso Pampa. Que
funcionasse o ano todo, centralizando a
maior parte dos eventos de culto às artes
tradicionalistas. Queríamos que CTGs,
PTGs e outras entidades se apropriassem
do Parque do Gaúcho, dando-lhe vida.
Lançamos, então, um concurso
público para selecionar o melhor projeto
de ocupação do espaço. Nomeamos uma
comissão, formada por representantes do
Executivo e da própria sociedade, liderada
pelo saudoso Atilla Sá Siqueira, figura
ímpar e da maior respeitabilidade no
meio, para fazer a escolha. Em
2. reconhecimento a sua História, acabamos
dando o seu nome à concha acústica.
Acabou vencendo o projeto apresentado
pela equipe do arquiteto Tiago Silva, hoje
presidente da seccional gaúcha do
Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Faltavam os recursos para a execução.
Fomos a Brasília e procuramos, entre
outros, o deputado bajeense Alceu
Collares que, de pronto, se tornou o maior
defensor da ideia e articulou parte dos
recursos que precisávamos. Com
emendas parlamentares dele e do
deputado Clovis Ingelfritz, suplente que
ocupou minha vaga na Câmara Federal
quando de minha renúncia para assumir a
prefeitura, somadas a recursos do
Ministério do Turismo e contrapartidas do
município, conseguimos executar diversas
obras, como a Pista de Lides, o
Acampamento Campeiro, a Concha
Acústica, a Cancha Reta, as baias para
abrigar os cavalos que disputariam as
corridas, as redes hidrossanitária e
elétrica, estação de tratamento de esgoto,
a estrada principal, as pias e
churrasqueiras, entre outros,
Memórias de um tempo
investimentos que totalizaram mais de R$
3 milhões de reais.
O tempo e o vento
O fato de termos criado aquela
estrutura foi determinante para que Bagé
servisse de cenário principal para a
gravação do filme "O Tempo e o Vento". Eu,
por intermédio do Werner Schünemann -
que dirigiu a equipe de TV de três
campanhas eleitorais minhas à Prefeitura
- já tinha algumas relações no mundo
artístico nacional. Tanto que, no desfile de
20 de Setembro de 2008 conseguimos
trazer para descer a av. Sete de Setembro,
devidamente pilchados, montados em
cavalos, além do Werner, o Tiago Lacerda,
o Tarcísio Meira Filho e o Marcos Barreto.
Um momento emocionante.
Também havia, antes, mexido alguns
"pauzinhos", contribuindo para trazer a
gravação de parte da minissérie "A Casa
das Sete Mulheres" para nosso município.
Neste contexto é que fui procurado pelo
diretor da Panda Filmes, Beto Rodrigues,
que atuava na produção do "Tempo e o
Vento" para indicar locais possíveis para a
3. gravação do filme. Não titubeie e falei do
Parque do Gaúcho. Proposta aprovada
pelo Beto e homologada pelo diretor Jaime
Monjardim.
Depois, também me envolvi
intensamente na captação de recursos,
atuação que somada a outras iniciativas,
como o trabalho do prefeito Dudu
Colombo, ajudou na busca de patrocínios,
que viabilizaram este momento importante
da projeção de Bagé no cenário nacional.
A união de esforços, aliada à adequação
do local, fez com que prevalecesse o
Parque do Gaúcho como cenário de parte
importante do filme que, foi apresentado
esta semana na TV aberta, em forma de
minissérie. Motivo de muito orgulho e
Memórias de um tempo
*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé,
em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.
honra para todos os que aqui nasceram e
para nós, que escolhemos Bagé para ser a
"nossa terra".
Papel cumprido
Mesmo faltando a construção de
outros equipamentos previstos no projeto
original, acredito que o Parque do Gaúcho
vem cumprindo com o seu papel. Lá
realizamos, por exemplo, a Festa do
Churrasco. Promovemos algumas festas
campeiras e alguns shows. E tem sido um
local para o convívio dos bajeenses,
especialmente nos finais de semana,
constituindo-se em importante alternativa
de lazer.