O artigo apresenta um estudo sobre a melancolia centrado em dois textos fundadores: o Problema XXX,1 de Aristóteles e Luto e Melancolia de Freud. Aristóteles interpreta a melancolia como um fenômeno somático determinado pela bílis negra, enquanto Freud vê a melancolia como um acontecimento psíquico. Ambos os textos partem do mesmo pressuposto do Aforismo 23 de Hipócrates sobre a melancolia ser causada por tristeza e medo prolongados. O artigo discute como esses dois
1) Discute a transição da subjetividade moderna para a pós-moderna, representadas pela neurose e borderline respectivamente.
2) Apresenta elementos da subjetividade moderna como repressão e recalque e da pós-moderna como condescendência, onipotência mitigada e cisão.
3) Discutem como esses elementos "produzem" a gradação da neurose e borderline, desde o pólo patológico ao normal.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes é ilustrada pela questão da angústia, que revela o abismo no qual o saber se abisma.
Rehfeld, a. o que diferencia uma abordagem fenomenológico existencial das demaisÉrika Renata
O documento discute as diferenças entre uma abordagem fenomenológico-existencial e outras abordagens na psicoterapia. A principal diferença é o compromisso com uma compreensão ontológica da condição humana, incluindo fragilidade, mortalidade e incerteza. Isso requer aceitar a verdade sobre a existência humana em vez de tentar escapar dela com interpretações puramente ónticas.
Evangelista,p. a interpretação fenomenológica de heidegger da primeira epísto...Érika Renata
O documento discute a interpretação fenomenológica de Heidegger da Primeira Epístola aos Tessalonicenses de São Paulo. Heidegger busca revelar a "experiência de vida fáctica" cristã por meio da fenomenologia. Ele mostra que Paulo aguarda angustiadamente a parusia (segunda vinda de Cristo) sem calcular uma data, preservando seu caráter não-objetivo. A fenomenologia é a única capaz de acessar essa antecipação pré-teórica da parusia.
Rehfeld, a. especificidade de uma psicoterapia fenomenológico existencialÉrika Renata
Este documento resume a especificidade de uma psicoterapia fenomenológico-existencial de acordo com Ari Rehfeld. A abordagem se diferencia por ter um compromisso com uma compreensão ontológica da condição humana, incluindo a mortalidade e finitude. O papel do terapeuta é facilitar a auto-compreensão do paciente de forma a ajudá-lo a lidar com a angústia inerente à condição humana e permitir que ele descubra seu próprio poder de ser.
1) A terapia existencial-humanista surgiu após a Segunda Guerra Mundial como uma alternativa à psicanálise e ao behaviorismo, enfatizando as forças positivas do ser humano e sua experiência subjetiva.
2) A fenomenologia existencial se baseia na fenomenologia de Husserl e enfatiza a liberdade humana e a angústia resultante da falta de sentido e da consciência da morte, de acordo com autores como Kierkegaard, Heidegger e Sartre.
3) Os principais conceitos da
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
Rehfeld, a. a prática clínica fenomenológico existencialÉrika Renata
O documento discute a prática clínica fenomenológico-existencial, definindo o papel do terapeuta como cuidar do ser do paciente, ajudando-o a desvelar suas próprias possibilidades de forma a aliviar o sofrimento. O terapeuta deve criar condições para o desabrochar da alma do paciente, sem impor um sentido, respeitando suas limitações. A terapia tem um caráter libertador, permitindo experimentar novas formas de ser.
1) Discute a transição da subjetividade moderna para a pós-moderna, representadas pela neurose e borderline respectivamente.
2) Apresenta elementos da subjetividade moderna como repressão e recalque e da pós-moderna como condescendência, onipotência mitigada e cisão.
3) Discutem como esses elementos "produzem" a gradação da neurose e borderline, desde o pólo patológico ao normal.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes é ilustrada pela questão da angústia, que revela o abismo no qual o saber se abisma.
Rehfeld, a. o que diferencia uma abordagem fenomenológico existencial das demaisÉrika Renata
O documento discute as diferenças entre uma abordagem fenomenológico-existencial e outras abordagens na psicoterapia. A principal diferença é o compromisso com uma compreensão ontológica da condição humana, incluindo fragilidade, mortalidade e incerteza. Isso requer aceitar a verdade sobre a existência humana em vez de tentar escapar dela com interpretações puramente ónticas.
Evangelista,p. a interpretação fenomenológica de heidegger da primeira epísto...Érika Renata
O documento discute a interpretação fenomenológica de Heidegger da Primeira Epístola aos Tessalonicenses de São Paulo. Heidegger busca revelar a "experiência de vida fáctica" cristã por meio da fenomenologia. Ele mostra que Paulo aguarda angustiadamente a parusia (segunda vinda de Cristo) sem calcular uma data, preservando seu caráter não-objetivo. A fenomenologia é a única capaz de acessar essa antecipação pré-teórica da parusia.
Rehfeld, a. especificidade de uma psicoterapia fenomenológico existencialÉrika Renata
Este documento resume a especificidade de uma psicoterapia fenomenológico-existencial de acordo com Ari Rehfeld. A abordagem se diferencia por ter um compromisso com uma compreensão ontológica da condição humana, incluindo a mortalidade e finitude. O papel do terapeuta é facilitar a auto-compreensão do paciente de forma a ajudá-lo a lidar com a angústia inerente à condição humana e permitir que ele descubra seu próprio poder de ser.
1) A terapia existencial-humanista surgiu após a Segunda Guerra Mundial como uma alternativa à psicanálise e ao behaviorismo, enfatizando as forças positivas do ser humano e sua experiência subjetiva.
2) A fenomenologia existencial se baseia na fenomenologia de Husserl e enfatiza a liberdade humana e a angústia resultante da falta de sentido e da consciência da morte, de acordo com autores como Kierkegaard, Heidegger e Sartre.
3) Os principais conceitos da
O artigo discute três perspectivas a partir das quais a filosofia contemporânea aborda o tema da mística: 1) A filosofia analítica da linguagem de Tugendhat, que vê na mística uma forma de relativizar o ego; 2) A fenomenologia de Sartre, que analisa diferentes caminhos ascéticos que levam ao aniquilamento da singularidade; 3) A semiótica de Barthes, que contrasta uma perspectiva mística negativa com uma positiva baseada no uso de linguagem e imagens.
Rehfeld, a. a prática clínica fenomenológico existencialÉrika Renata
O documento discute a prática clínica fenomenológico-existencial, definindo o papel do terapeuta como cuidar do ser do paciente, ajudando-o a desvelar suas próprias possibilidades de forma a aliviar o sofrimento. O terapeuta deve criar condições para o desabrochar da alma do paciente, sem impor um sentido, respeitando suas limitações. A terapia tem um caráter libertador, permitindo experimentar novas formas de ser.
A transferência é um fenômeno onde os sentimentos do paciente em relação às figuras parentais são transferidos para o terapeuta. O documento discute os tipos de transferência, incluindo positiva, erótica e negativa, e como a transferência e resistência são mecanismos centrais na psicanálise.
O documento discute a fenomenologia e o existencialismo, abordando os seguintes pontos: (1) Edmund Husserl fundou a fenomenologia e influenciou Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre; (2) Heidegger desenvolveu o conceito de "Ser" e influenciou Sartre; (3) Sartre aplicou os princípios fenomenológicos e existencialistas à psicoterapia.
A psicanálise foi influenciada por ideias de Herbart, Fechner e Brentano sobre a dinâmica mental inconsciente. Sua "impureza conceitual" residiu nas origens naturalistas da teoria e na etiologia sexual proposta por Freud, embora ele alegasse desconhecimento dessas influências. Apesar de limites epistemológicos, a psicanálise desenvolveu um entendimento relevante do pensamento inconsciente.
Este documento descreve a história e os conceitos fundamentais da psicanálise. Começa com a colaboração inicial de Breuer e Freud no tratamento de pacientes histéricos usando hipnose, e como Freud desenvolveu técnicas como a associação livre. Também discute conceitos como inconsciente, complexo de Édipo, repressão, transferência e desenvolvimento da libido.
Psicopatologia I - Aula 3: A constituição da noção de patológico - o paradigm...Alexandre Simoes
O documento descreve uma aula sobre o paradigma psiquiátrico a partir do texto de Paulo Amarante. Apresenta como Claude Bernard estabeleceu as bases para a medicina científica através do positivismo e determinismo, reduzindo a qualidade à quantidade e definindo o patológico como variação do normal. Também mostra como a loucura foi apropriada pelo discurso médico tornando-se doença mental e como surgiu a psiquiatria em meio à reforma dos hospitais.
O documento resume os principais conceitos e teóricos da abordagem existencial-humanista na psicologia. Em três frases: (1) A abordagem surgiu na década de 1940 influenciada pelo existencialismo de Kierkegaard e focada na experiência subjetiva individual. (2) Teóricos como Rogers defenderam uma terapia centrada no cliente e na positividade incondicional, empatia e congruência do terapeuta. (3) Sartre e Heidegger exploraram temas como liberdade, escolha, finitude e ser-para
Este capítulo descreve como a medicina mental e a medicina orgânica desenvolveram conceitos semelhantes de doença, baseados em dois postulados: 1) que a doença é uma essência manifestada por sintomas e 2) que a doença é como uma espécie natural. No entanto, essas abordagens não capturam a unidade psicossomática do ser humano. Novos métodos emergiram para considerar a doença como uma reação global do indivíduo em vez de uma entidade separada.
Giovanetti. psicologia existencial e espiritualidadeÉrika Renata
O documento discute a Psicologia Existencial e como ela pode contribuir para a compreensão da espiritualidade humana. A Psicologia Existencial tem como base o Existencialismo filosófico e enfatiza questões como angústia, liberdade e vivência humana. Ela pode ajudar a entender a espiritualidade não apenas do ponto de vista teológico, mas da experiência subjetiva do ser humano.
Este documento descreve a vida e obra do filósofo Edmund Husserl, fundador da fenomenologia. Apresenta o contexto histórico no qual ele desenvolveu sua filosofia e resume as cinco lições de sua obra "A Ideia da Fenomenologia", onde ele delineia os fundamentos e objetivos desta nova abordagem filosófica.
O Romantismo surgiu na Europa no século XIX como uma reação ao Iluminismo e ao racionalismo, enfatizando o sentimento, a subjetividade e a imaginação. Filósofos românticos como Schelling e Schleiermacher rejeitaram a distinção entre sujeito e objeto e viram a realidade como uma totalidade que inclui Deus, o universo e o homem. O Romantismo influenciou vários filósofos posteriores como Nietzsche, Bergson e a fenomenologia.
Este documento discute os fundamentos da psicoterapia fenomenológico existencial. Apresenta o existencialismo como uma filosofia que enfatiza a liberdade humana e a responsabilidade por nossas escolhas. Também discute a fenomenologia como um método para compreender a subjetividade humana e como cada pessoa experimenta o mundo de forma singular. A psicoterapia fenomenológico existencial utiliza esses princípios para entender os clientes sem pressuposições, focando em suas experiências únicas.
Este documento descreve a história do entendimento dos delirios sistematizados desde a antiguidade até meados do século XIX. Inicialmente, os delirios sistematizados eram confundidos com a melancolia. No século XVII, passaram a ser considerados variedades da melancolia, seja de forma depressiva ou expansiva. No século XIX, Esquirol introduziu o termo "monomania" para descrever delirios parciais, mas este termo acabou sendo usado de forma ampla e confusa.
1) O documento discute a fenomenologia e sua influência na psicologia e terapia.
2) A fenomenologia de Husserl defende que a consciência deve ser estudada em si mesma, não de forma empírica.
3) A psicologia fenomenológica enfatiza a subjetividade e experiência do paciente, diferentemente da abordagem objetiva e experimental.
O documento apresenta uma biografia e resumo do pensamento filosófico de Henri Bergson. Bergson defendia que a vida é o princípio fundamental da realidade e que a consciência capta o tempo de forma diferente da mecânica, através da duração. Ele também rejeitava os determinismos mecanicista e finalista, propondo uma evolução criadora impulsionada pela vida como força criativa.
1) O documento discute a histeria de conversão, resgatando sua importância histórica e indicando sua atualidade na clínica psicanalítica.
2) Ele destaca a noção freudiana de "solicitação somática" como ponto teórico fundamental para compreender o mecanismo de conversão da dor psíquica em sintomas físicos.
3) A história da histeria é revisitada, desde a Grécia Antiga até Charcot, que deu legitimidade científica aos fenômenos histéricos no século
História da Psicopatologia / Significado e evolução dos conceitos de normalid...Caio Maximino
O documento discute a história da psicopatologia desde a antiguidade até a Idade Média, abordando as concepções sobrenatural, biológica e psicológica da loucura. Descreve como Hipócrates e Galeno desenvolveram uma visão biológica baseada nos humores, e como a Igreja passou a atribuir a loucura a demônios durante a Idade Média, levando à perseguição de "bruxas". Também analisa a evolução do tratamento dos doentes mentais nesse período
Fenomenologia e existencialismo_articulando (1)Bianca Curvelo
1) O documento descreve o surgimento dos movimentos fenomenológico e existencialista, explorando seus principais expoentes como Husserl, Brentano e Heidegger.
2) A fenomenologia surgiu da preocupação de Husserl em fundamentar o conhecimento de forma rigorosa, levando-o a desenvolver o método fenomenológico da "redução" e do "retorno às coisas mesmas".
3) O documento também discute a influência de Brentano e Stumpf no pensamento inicial de Husserl e no desen
Este capítulo descreve como a medicina mental e a medicina orgânica desenvolveram conceitos similares de doença, baseados em dois postulados: 1) que a doença é uma essência manifestada por sintomas e 2) que a doença é como uma espécie natural com variantes. Esses conceitos abstratos não capturam a unidade psicossomática do ser humano. Novos métodos emergiram para considerar a doença como reação global do indivíduo em vez de entidade independente.
1) O documento apresenta uma introdução sobre as abordagens tradicionais e recentes da psicopatologia e a relação entre doença mental e orgânica.
2) A primeira parte descreve as abordagens clássicas da medicina mental, que definiam as doenças com base em sintomas e formas de evolução semelhantes à medicina orgânica.
3) A segunda parte discute como novas abordagens rejeitam a noção de doença mental como uma entidade separada, privilegiando as reações globais do indivíduo
1) O documento apresenta um resumo da evolução da medicina mental e sua relação com a medicina orgânica, passando de uma abordagem baseada em entidades patológicas abstratas para uma visão mais holística do indivíduo.
2) Inicialmente, a medicina mental descrevia doenças com base em sintomas e formas de evolução de modo análogo à medicina somática, considerando a doença uma essência manifestada nos sintomas.
3) Posteriormente, passou-se a ver a doença como uma
Um dos princípios que, segundo Freud, regem o funcionamento mental. Forma par com o princípio de prazer, e modifica-o; na medida em que consegue impor-se como princípio regulador, a procura de satisfação já não se efetua pelos caminhos mais curtos, mas faz desvios e adia o seu resultado em função das condições impostas pelo mundo exterior.
O documento discute a visão da psiquiatria brasileira sobre mediunidade entre 1900-1950. Duas correntes emergiram: uma via mediunidade como perigosa à saúde mental e defendia medidas repressivas; a outra teve uma abordagem mais culturalista, não considerando fenômenos mediúnicos como patológicos necessariamente. A psiquiatria passou a reconhecer a obsessão espiritual como doença da alma a partir de 1998.
A transferência é um fenômeno onde os sentimentos do paciente em relação às figuras parentais são transferidos para o terapeuta. O documento discute os tipos de transferência, incluindo positiva, erótica e negativa, e como a transferência e resistência são mecanismos centrais na psicanálise.
O documento discute a fenomenologia e o existencialismo, abordando os seguintes pontos: (1) Edmund Husserl fundou a fenomenologia e influenciou Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre; (2) Heidegger desenvolveu o conceito de "Ser" e influenciou Sartre; (3) Sartre aplicou os princípios fenomenológicos e existencialistas à psicoterapia.
A psicanálise foi influenciada por ideias de Herbart, Fechner e Brentano sobre a dinâmica mental inconsciente. Sua "impureza conceitual" residiu nas origens naturalistas da teoria e na etiologia sexual proposta por Freud, embora ele alegasse desconhecimento dessas influências. Apesar de limites epistemológicos, a psicanálise desenvolveu um entendimento relevante do pensamento inconsciente.
Este documento descreve a história e os conceitos fundamentais da psicanálise. Começa com a colaboração inicial de Breuer e Freud no tratamento de pacientes histéricos usando hipnose, e como Freud desenvolveu técnicas como a associação livre. Também discute conceitos como inconsciente, complexo de Édipo, repressão, transferência e desenvolvimento da libido.
Psicopatologia I - Aula 3: A constituição da noção de patológico - o paradigm...Alexandre Simoes
O documento descreve uma aula sobre o paradigma psiquiátrico a partir do texto de Paulo Amarante. Apresenta como Claude Bernard estabeleceu as bases para a medicina científica através do positivismo e determinismo, reduzindo a qualidade à quantidade e definindo o patológico como variação do normal. Também mostra como a loucura foi apropriada pelo discurso médico tornando-se doença mental e como surgiu a psiquiatria em meio à reforma dos hospitais.
O documento resume os principais conceitos e teóricos da abordagem existencial-humanista na psicologia. Em três frases: (1) A abordagem surgiu na década de 1940 influenciada pelo existencialismo de Kierkegaard e focada na experiência subjetiva individual. (2) Teóricos como Rogers defenderam uma terapia centrada no cliente e na positividade incondicional, empatia e congruência do terapeuta. (3) Sartre e Heidegger exploraram temas como liberdade, escolha, finitude e ser-para
Este capítulo descreve como a medicina mental e a medicina orgânica desenvolveram conceitos semelhantes de doença, baseados em dois postulados: 1) que a doença é uma essência manifestada por sintomas e 2) que a doença é como uma espécie natural. No entanto, essas abordagens não capturam a unidade psicossomática do ser humano. Novos métodos emergiram para considerar a doença como uma reação global do indivíduo em vez de uma entidade separada.
Giovanetti. psicologia existencial e espiritualidadeÉrika Renata
O documento discute a Psicologia Existencial e como ela pode contribuir para a compreensão da espiritualidade humana. A Psicologia Existencial tem como base o Existencialismo filosófico e enfatiza questões como angústia, liberdade e vivência humana. Ela pode ajudar a entender a espiritualidade não apenas do ponto de vista teológico, mas da experiência subjetiva do ser humano.
Este documento descreve a vida e obra do filósofo Edmund Husserl, fundador da fenomenologia. Apresenta o contexto histórico no qual ele desenvolveu sua filosofia e resume as cinco lições de sua obra "A Ideia da Fenomenologia", onde ele delineia os fundamentos e objetivos desta nova abordagem filosófica.
O Romantismo surgiu na Europa no século XIX como uma reação ao Iluminismo e ao racionalismo, enfatizando o sentimento, a subjetividade e a imaginação. Filósofos românticos como Schelling e Schleiermacher rejeitaram a distinção entre sujeito e objeto e viram a realidade como uma totalidade que inclui Deus, o universo e o homem. O Romantismo influenciou vários filósofos posteriores como Nietzsche, Bergson e a fenomenologia.
Este documento discute os fundamentos da psicoterapia fenomenológico existencial. Apresenta o existencialismo como uma filosofia que enfatiza a liberdade humana e a responsabilidade por nossas escolhas. Também discute a fenomenologia como um método para compreender a subjetividade humana e como cada pessoa experimenta o mundo de forma singular. A psicoterapia fenomenológico existencial utiliza esses princípios para entender os clientes sem pressuposições, focando em suas experiências únicas.
Este documento descreve a história do entendimento dos delirios sistematizados desde a antiguidade até meados do século XIX. Inicialmente, os delirios sistematizados eram confundidos com a melancolia. No século XVII, passaram a ser considerados variedades da melancolia, seja de forma depressiva ou expansiva. No século XIX, Esquirol introduziu o termo "monomania" para descrever delirios parciais, mas este termo acabou sendo usado de forma ampla e confusa.
1) O documento discute a fenomenologia e sua influência na psicologia e terapia.
2) A fenomenologia de Husserl defende que a consciência deve ser estudada em si mesma, não de forma empírica.
3) A psicologia fenomenológica enfatiza a subjetividade e experiência do paciente, diferentemente da abordagem objetiva e experimental.
O documento apresenta uma biografia e resumo do pensamento filosófico de Henri Bergson. Bergson defendia que a vida é o princípio fundamental da realidade e que a consciência capta o tempo de forma diferente da mecânica, através da duração. Ele também rejeitava os determinismos mecanicista e finalista, propondo uma evolução criadora impulsionada pela vida como força criativa.
1) O documento discute a histeria de conversão, resgatando sua importância histórica e indicando sua atualidade na clínica psicanalítica.
2) Ele destaca a noção freudiana de "solicitação somática" como ponto teórico fundamental para compreender o mecanismo de conversão da dor psíquica em sintomas físicos.
3) A história da histeria é revisitada, desde a Grécia Antiga até Charcot, que deu legitimidade científica aos fenômenos histéricos no século
História da Psicopatologia / Significado e evolução dos conceitos de normalid...Caio Maximino
O documento discute a história da psicopatologia desde a antiguidade até a Idade Média, abordando as concepções sobrenatural, biológica e psicológica da loucura. Descreve como Hipócrates e Galeno desenvolveram uma visão biológica baseada nos humores, e como a Igreja passou a atribuir a loucura a demônios durante a Idade Média, levando à perseguição de "bruxas". Também analisa a evolução do tratamento dos doentes mentais nesse período
Fenomenologia e existencialismo_articulando (1)Bianca Curvelo
1) O documento descreve o surgimento dos movimentos fenomenológico e existencialista, explorando seus principais expoentes como Husserl, Brentano e Heidegger.
2) A fenomenologia surgiu da preocupação de Husserl em fundamentar o conhecimento de forma rigorosa, levando-o a desenvolver o método fenomenológico da "redução" e do "retorno às coisas mesmas".
3) O documento também discute a influência de Brentano e Stumpf no pensamento inicial de Husserl e no desen
Este capítulo descreve como a medicina mental e a medicina orgânica desenvolveram conceitos similares de doença, baseados em dois postulados: 1) que a doença é uma essência manifestada por sintomas e 2) que a doença é como uma espécie natural com variantes. Esses conceitos abstratos não capturam a unidade psicossomática do ser humano. Novos métodos emergiram para considerar a doença como reação global do indivíduo em vez de entidade independente.
1) O documento apresenta uma introdução sobre as abordagens tradicionais e recentes da psicopatologia e a relação entre doença mental e orgânica.
2) A primeira parte descreve as abordagens clássicas da medicina mental, que definiam as doenças com base em sintomas e formas de evolução semelhantes à medicina orgânica.
3) A segunda parte discute como novas abordagens rejeitam a noção de doença mental como uma entidade separada, privilegiando as reações globais do indivíduo
1) O documento apresenta um resumo da evolução da medicina mental e sua relação com a medicina orgânica, passando de uma abordagem baseada em entidades patológicas abstratas para uma visão mais holística do indivíduo.
2) Inicialmente, a medicina mental descrevia doenças com base em sintomas e formas de evolução de modo análogo à medicina somática, considerando a doença uma essência manifestada nos sintomas.
3) Posteriormente, passou-se a ver a doença como uma
Um dos princípios que, segundo Freud, regem o funcionamento mental. Forma par com o princípio de prazer, e modifica-o; na medida em que consegue impor-se como princípio regulador, a procura de satisfação já não se efetua pelos caminhos mais curtos, mas faz desvios e adia o seu resultado em função das condições impostas pelo mundo exterior.
O documento discute a visão da psiquiatria brasileira sobre mediunidade entre 1900-1950. Duas correntes emergiram: uma via mediunidade como perigosa à saúde mental e defendia medidas repressivas; a outra teve uma abordagem mais culturalista, não considerando fenômenos mediúnicos como patológicos necessariamente. A psiquiatria passou a reconhecer a obsessão espiritual como doença da alma a partir de 1998.
Considerações acerca do transtorno afetivo bipolarCasa
1. O documento discute o transtorno afetivo bipolar, desde suas origens históricas até considerações atuais. 2. Inicialmente, Freud e outros psicanalistas tiveram dificuldades em lidar com o transtorno, mas o documento descreve seu desenvolvimento na psiquiatria desde os séculos XIX e XX. 3. Atualmente, a psiquiatria reconhece quatro formas de transtorno bipolar e considera fatores genéticos e ambientais em sua etiologia, embora a psicanálise também enfatize aspectos subjetivos
A epífise e os centros de energia vital (sef)Ricardo Akerman
O documento discute o papel da epífise no corpo humano, descrevendo-a como a "glândula da vida mental" que preside os fenômenos nervosos da emotividade. Explica que a epífise segrega "hormônios psíquicos" que influenciam as energias geradoras e mantém ascendência sobre o sistema endocrínico, ligada à mente através de princípios eletromagnéticos. Também discute o papel dos centros vitais no corpo espiritual e sua relação com o
Resumo elaborado por Carlos Jorge Burke para o livro "ENSAIO SOBRE CONTRADIÇÃO. Civilização e Natureza: aquecimento global - síntese final?
Solicitação do arquivo no blog www.cburke.com.br
O documento discute a psicossomática psicanalítica, apresentando os conceitos de Groddeck sobre o inconsciente manifestando-se no corpo através de doenças, e a abordagem de tratamento focada em tornar os sintomas psicossomáticos pensáveis através da fala do paciente sobre suas experiências e história de vida.
O documento discute a inter-relação entre psicanálise e filosofia à luz de uma interpretação da modernidade como um projeto de encobrimento da finitude humana. A psicanálise e a filosofia podem se encontrar nessa tensão em relação à razão, uma vez que ambas se movem entre os parâmetros da angústia e do saber. A tensão entre esses saberes ilustra como eles reconhecem seu enraizamento na finitude humana apesar dos esforços de racionalização.
Este documento discute a melancolia e a depressão do ponto de vista psicanalítico. Apresenta uma revisão histórica do conceito de melancolia desde a Antiguidade até os dias atuais, quando passou a ser substituída pelo termo depressão. Discute as contribuições de Freud para diferenciar melancolia e depressão, vendo a primeira como uma psiconeurose narcísica. Argumenta que o modelo narcísico-melancólico é mais adequado para compreender os transtornos contemporâneos, em um contexto de ênfase no indiv
Necessidade e desejo um dialogo entre freud e marx ricardo jardim ...Marcos Silvabh
O documento discute as teorias de Freud e Marx sobre necessidade e desejo. Apesar de abordarem o tema a partir de perspectivas diferentes, as teorias de ambos podem se complementar. Freud diferencia necessidades biológicas e desejo sexual, enquanto Marx não faz essa distinção. A teoria freudiana do desejo pode enriquecer a teoria marxista da necessidade ao reconhecer o papel do imaginário e simbólico na satisfação humana.
1) O documento descreve a biografia e as principais teorias de Sigmund Freud, fundador da psicanálise.
2) Freud desenvolveu teorias sobre a estrutura da mente humana, incluindo o inconsciente, ego e superego. Ele também estudou os estágios de desenvolvimento psicossexual e a importância da sexualidade infantil.
3) A psicanálise busca entender os comportamentos e processos mentais através da interpretação de sonhos, atos falhos e outros fenômenos para resolver conflitos internos e promover o
Hinoshita, alice ciência e espiritualidade - as noções de ciência no espiri...Karine Rodrigues
1) O documento analisa as noções de ciência presentes no Espiritismo Kardecista e na Apometria, uma nova técnica de cura espiritual criada na década de 1960.
2) Allan Kardec codificou o Espiritismo no século 19 como uma doutrina científica baseada em observação e experimentação dos fenômenos espirituais.
3) A Apometria introduz novas técnicas como o desdobramento dos corpos espirituais para tratamento no "mundo invisível", incorporando também elementos da Umbanda
Este documento discute o sofrimento psíquico de homossexuais em uma perspectiva histórica e literária. Aborda como a homossexualidade foi vista ao longo da história, do pecado à doença, e como o romance "Bom Crioulo" de 1895 desafiou as normas da época retratando uma relação homossexual. O objetivo é mostrar que homossexuais, assim como qualquer pessoa, enfrentam problemas, dúvidas e sofrimentos independentemente de sua orientação sexual.
1) O documento discute conceitos tradicionais de doença, saúde e cura, propondo uma perspectiva existencial.
2) Ele argumenta que doença não é um fato isolado, mas revela aspectos da estrutura do ser humano.
3) A psicoterapia existencial visa ajudar o outro a encontrar novos sentidos para sua existência através do encontro terapêutico.
O documento resume a vida e obra de Sigmund Freud, fundador da psicanálise. Apresenta sua biografia, destacando seus estudos com Charcot em Paris e o desenvolvimento inicial da psicanálise em parceria com Josef Breuer. Detalha também suas principais teorias, como a estrutura da mente humana dividida em Instâncias (Eu, Id e Superego), a sexualidade infantil e o complexo de Édipo, a importância do inconsciente e dos mecanismos de defesa.
2020-2 - [1] - História e Desenvolvimento da Psicologia.pptxFabioGomes141583
Este documento fornece um resumo da história e desenvolvimento da psicologia como ciência ao longo dos séculos. Aborda os principais pensadores gregos que iniciaram o estudo da mente humana, como Platão e Aristóteles. Também discute o desenvolvimento da psicologia como ciência a partir do século XIX na Alemanha, com figuras como Wundt e as primeiras escolas da psicologia como funcionalismo e estruturalismo. Por fim, apresenta termos básicos da psicologia como psicanálise e psicoterapia.
Semelhante a Melancolia em aristóteles e freud (20)
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A música 'Espalhe Amor', interpretada pela cantora Anavitória é uma celebração do amor e de sua capacidade de transformar e conectar as pessoas. A letra sugere uma reflexão sobre como o amor, quando verdadeiramente compartilhado, pode ultrapassar barreiras alcançando outros corações e provocando mudanças positivas.
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1. 38
Cadernos Espinosanos XVII
39
nenhuma causa que faça sua imaginação flutuar. A esse respeito, veja-se o escólio da
proposição 44 desta parte. Portanto, por mais que se suponha que um homem adere ao
falso, jamais diremos, contudo, estar ele certo. Pois por certeza inteligimos algo positivo
(veja-se a prop.43 desta parte com seu esc.) e não privação de dúvida. E por privação de
certeza inteligimos a falsidade”. [...]. (Espinosa 4, II, P49).
MELANCOLIA E CONTEMPORANEIDADE
Luciana Chauí-Berlinck*
Resumo: Neste artigo temos por objetivo acompanhar dois momentos na formulação do
conceito de melancolia, tomando um texto atribuído a Aristóteles e um outro, de Freud.
Discutimos a emergência da Melancolia/Depressão como uma patologia característica
da sociedade contemporânea, ou seja, como sintoma de uma sociedade marcada pelos
ideais narcísicos, tais como Freud os descreveu e interpretou em Luto e melancolia e
em Introdução ao narcisismo. Às interpretações freudianas acrescentamos as análises
de Christopher Lasch e de David Harvey. Fazemos a articulação entre o processo de
socialização patológico e a sociedade contemporânea por que esta é narcisista na sua
forma intrínseca, isto é, na maneira como produz e opera apenas com a imagem enquanto
imagem, elaborada e transmitida não só para substituir o real, mas para oferecer uma
ilusão de satisfação e assim bloquear os processos psíquicos e sociais de simbolização,
sem os quais o desejo não pode ser transfigurado e realizado.
Palavras-chave: melancolia, Aristóteles, Freud, narcisismo, pós-modernidade
Neste artigo acompanhamos dois momentos na formulação do conceito de
melancolia, tomando um texto atribuído a Aristóteles (Problema XXX,1) e um outro, de
Freud (Luto e melancolia). Dois textos que empregam a mesma palavra, porém designam
com ela fenômenos de sentido diferente. Não podemos dizer, contudo, que de um
pensador a outro houve progresso contínuo dos conhecimentos, sendo mais pertinente
observar a mudança do quadro teórico e clínico em que ela é nomeada e representada.
Essa mudança, aliás, pode ser vista muito antes da retomada contemporânea do tema.
Assim, por exemplo, o campo de referência aristotélico (ou grego) é, de um lado, uma
certa concepção médica, na qual a melancolia é um tipo natural de temperamento, e,
de outro, uma certa concepção ética da virtude (a idéia de areté) ou da excelência de
caráter e de conduta , que coloca o melancólico como alguém excepcional; no entanto,
na Idade Média, o campo de referência é religioso, uma vez que a formação sócio-
cultural medieval tem na religião seu quadro teórico e prático para a interpretação da
* Psicanalista, mestre em filosofia pela USP, professora de psicologia da Unimarco.
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realidade e da conduta humana, e a palavra melancolia torna-se sinônimo de uma outra,
acedia1
, designando um acontecimento de ordem religiosa – a desesperança de salvação,
que torna a alma indolente e desleixada, lançando-a na inércia – uma atitude pervertida e
pecaminosa, um vício espiritual (pois é ausência de uma das virtudes cardeais, qual seja,
a esperança). Assim também, quando a psiquiatria contemporânea deixa de empregar
o vocábulo melancolia e passa à palavra depressão, seu horizonte teórico visa marcar
a ruptura com a tradição médica (a antiga medicina dos temperamentos, dos humores
e dos vapores), recusar a perspectiva aristotélica (tendendo a conservar a condenação
medieval, ainda que por motivos completamente diferentes e sem a referência religiosa)
e oferecer uma etiologia em que a depressão é definida como desordem mental ou afetiva
de tipo neuroquímico cuja terapia deve ser de tipo psicofarmacológico. Todavia, o que é
instigante no texto de Freud, é o fato de que este se distancia da perspectiva psiquiátrica
porque busca uma compreensão da melancolia – é significativo, aliás, que ele empregue a
palavra antiga – como acontecimento psicogênico sem referência a fatores anatômicos e
fisiológicos e sem localizá-la em alguma parte do cérebro ou do sistema nervoso.
As mudanças conceituais parecem indicar rupturas teóricas e, no entanto,
é impossível negar certa continuidade na caracterização geral da melancolia. Basta,
para tanto, observarmos o Aforismo 23 dos Aforismos do Corpus Hippocraticus para
percebermos a continuidade. O aforismo hipocrático diz:
“Quando tristeza e medo perduram por longo tempo, tal estado é
melancólico”.
Esse aforismo define a melancolia como efeito da tristeza e do medo, portanto,
de emoções, e a determina pelo tempo de duração da perturbação – caracterizando-a como
um estado –, e reaparecerá no texto aristotélico como uma indicação de que a melancolia
é uma doença que pode atingir o corpo ou a alma: quando afeta o corpo, manifesta-se com
a epilepsia, as úlceras e os vômitos; mas quando afeta a alma, perturba o entendimento
e é uma doença da inteligência. Da mesma maneira é a duração prolongada, persistente,
que leva também atualmente, ao diagnóstico da depressão e esta é caracterizada não só
como perturbação afetiva do humor ou pela tristeza que afeta os sentimentos cotidianos,
mas também envolvendo o entendimento, isto é, o pensamento e o julgamento. Como
observamos, tanto a compreensão aristotélica quanto a atual têm por pressuposto o
aforismo hipocrático.
Apresentamos um estudo sobre a melancolia centrado em apenas dois textos,
o de Aristóteles e o de Freud, porque se trata de dois textos fundadores e porque o texto
freudiano, tendo o mesmo pressuposto que o aristotélico – o Aforismo 23 dos Aforismos
hipocráticos – é o primeiro a realizar a principal ruptura teórica com a interpretação
aristotélica.
Tanto o Problema XXX,1 como Luto e Melancolia fundam tradições
interpretativas da melancolia, instituem campos de pensamento nos quais e a partir dos
quais ela pode ser conhecida e compreendida., por isso são textos fundadores.
No texto aristotélico a melancolia é um fenômeno inteiramente somático que
determina a vida psíquica; mas, no texto freudiano, ela é um acontecimento inteiramente
psíquico, que determina aspectos da vida corporal e por essa razão são textos em
ruptura.
Aristóteles inicia o texto do Problema XXX, 1 com a pergunta que introduz
a questão da excepcionalidade: “Porque todos os homens considerados excepcionais
são melancólicos?”. É a partir desta questão que o filósofo dará uma interpretação da
melancolia. Tomando como exemplo homens geniais em várias áreas como política,
artes, etc, constata que estes mesmos homens apresentam doenças causadas pela bílis
negra, portanto, melancólicos.
Depois de introduzir a questão da excepcionalidade dos melancólicos e
exemplificá-la, Aristóteles afirma que em todos os casos tudo depende da natureza do
indivíduo e que é preciso descobrir a causa dessa natureza.
Vistoque,paraAristóteles,conheceréconhecerpelacausa,otextoimediatamente
afirma que é preciso descobrir a causa da natureza melancólica e conhecer seu eidos, sua
essência.
AdescobertadacausanãoésimplesnemdiretaeéporessemotivoqueAristóteles
afirma que cabe começar com “um exemplo”. O filósofo utilizará um recurso epistêmico,
o conhecimento por analogia, para entender a ação da bílis negra. O procedimento por
analogia consiste em tomar alguma coisa visível e conhecida diretamente para, por
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seu intermédio, conhecer uma outra, invisível e à qual não se tem acesso direto. Esse
procedimento era comum entre os médicos antigos e nós o iremos reencontrar em Freud,
quando este, para entender a melancolia, recorrerá ao luto como analogia.
Aristóteles, para esta explicação, utiliza o vinho como via de comparação,
dizendo que, dependendo da quantidade ingerida, essa bebida provoca vários caracteres
em um mesmo homem, enquanto que a melancolia produz caracteres distintos para cada
homem que seja dessa natureza. Assim, o vinho transforma a pessoa em excepcional por
algum tempo, enquanto a melancolia mantém esse efeito para sempre.
Indo em busca da causa da natureza melancólica, o autor do Problema XXX,1
passa a descrever a “mistura da bílis negra” (melaina cholè). Essa mistura, dizAristóteles,
existente na natureza é a mistura do quente e do frio. A bílis negra é de natureza fria,
mas pode apresentar estados distintos (do muito frio ao muito quente) e as modificações
da mistura são originárias da alimentação diária. Dependendo do estado da mistura
encontramos caracteres diversos (do torpor à mania).Aristóteles observa que, em algumas
pessoas, a origem dos males encontra-se numa mistura (krásis) da bílis negra que pode
acontecer no corpo, enquanto que em outras, a origem dos males é uma inclinação
natural para as doenças características da bílis negra. Em outras palavras, em alguns
melancólicos, a doença decorre da relação da bílis negra com os demais constituintes
do corpo, enquanto que em outros, ela provém da natureza da própria bílis negra. Mas
Aristóteles conclui que, tanto em um caso como no outro, a origem dos males está na
natureza do indivíduo. A melancolia, definindo um tipo de caráter ou de temperamento
natural, constitui a natureza de alguém, e, portanto, sendo por natureza não pode ser
considerada por acidente, isto é, algo que acontece apenas pela ação inesperada de causas
externas.
Sendo a bílis negra inconstante, os melancólicos são inconstantes e é pela “boa
mistura” da inconstância que os melancólicos são seres de exceção. Devemos entender
excepcional, no sentido de abundante, excessivo, que ultrapassa a medida ou o limite.
Deste sentido primeiro advém um outro, o de “extraordinário, o que se distingue” (Thamer
17, p.30) e, uma das características da bílis negra (melaina cholè) é ser em excesso. É
da natureza da bílis negra ir de um extremo ao outro, isto é, ser excessiva, excepcional.
O autor chegará a importante conclusão que: “os melancólicos são seres de exceção por
natureza e não por doença”, ou seja, os melancólicos são excepcionais por sua natureza
e não por doença.
O autor do Problema XXX,1 se interessa pela constância dessa mistura
inconstante ou em mostrar a existência peculiar de uma constância da inconstância, pois
é exatamente isso que lhe permite afirmar que há uma saúde do melancólico e, portanto,
que este não é necessariamente um doente. Para chegar a essa conclusão, o autor começa
colocando uma questão: existe ou não uma norma nessa substância composta e instável,
a bílis negra? Ou seja: há uma saúde da bílis negra, uma bílis negra saudável? Há um
equilíbrio, uma norma nessa mistura instável?
A resposta é afirmativa. Para o autor do Problema XXX, 1, a norma ou a saúde
do melancólico é o equilíbrio do quente e do frio. Aristóteles fala de eukrasía (a boa
krásis, a boa mistura) de um humor que é por natureza instável, daquilo que é por essência
uma mistura inconstante, e, portanto, a-normal ou sem norma. E não se pode explicar esta
boa mistura ou eukrasía a não ser pelo resfriamento do quente ou o aquecimento do frio,
quer dizer, um certo equilíbrio frágil entre o quente o frio.
Se há uma saúde da bílis negra, há também doenças causadas por ela. Ao
examiná-las, Aristóteles no Problema XXX,1 nos encaminha rumo à sua tese central:
estar doente da bílis negra não é forçosamente ser melancólico, do mesmo modo que um
melancólico não é melancólico porque estaria necessariamente doente da bílis negra.
O que o texto aristotélico enfatiza continuamente é que a melancolia não é
sinônimo de doenças da bílis negra, ou seja, que apesar de existirem doenças causadas
pela bílis negra, o melancólico não o é por doença e sim por natureza, ainda que seja certo
que sua natureza melancólica o predisponha a contrair com mais facilidade as doenças
da bílis negra. O importante é compreender que as doenças da bílis negra são devidas a
um excesso ocasional e, portanto, enquanto doenças, pertencem à ordem do acidente ou
do fortuito.
Se o melancólico o é por natureza e se a melancolia não se refere somente
às doenças da bílis negra, podemos dizer com segurança que o melancólico não é
necessariamente um doente. Existe uma saúde da melancolia, um equilíbrio, uma boa
mistura da inconstância.
No entanto, há um aspecto interessante do Problema XXX,1 no tocante à idéia
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de loucura inspirada ou de inspiração, sobretudo se a articularmos à de imitação. De
fato, ao tomar a mistura da bílis negra como phýsis do melancólico, o autor nos leva a
compreender que, pela natureza e operação próprias da bílis negra, o outro está no interior
do próprio melancólico. O outro que o melancólico busca imitar (simulando, emulando
ou identificando-se) encontra-se nele mesmo por força do humor que o constitui, ou
seja, a inconstância e variação da bílis negra, seu súbito aquecimento ou resfriamento,
multiplicam os caracteres do e no melancólico, que sempre está a se tornar um outro
(como veremos em Luto e melancolia, para Freud esse outro que se encontra no interior
no melancólico é ele mesmo como objeto perdido).
Dessa maneira, o autor do Problema XXX,1 pode responder à pergunta com que
abria o texto: por que todos os homens de exceção são melancólicos? Todos os homens
excepcionais são melancólicos porque é da natureza da bílis negra ir de um extremo a
outro, isto é, ser excessiva, excepcional.
Podemos, assim, sublinhar a tese central do Problema XXX,1: a melancolia,
ainda que possa tornar-se doentia, não é, em si mesma, doença, pois é por natureza e não
por acidente.
A tradição deixa, portanto, duas posições antagônicas acerca da melancolia: a
do Problema XXX, 1 (retomada por Ficino e Agrippa), segundo a qual a melancolia não é
uma doença, ainda que existam doenças próprias à bílis negra e às quais os naturalmente
melancólicos estão mais predispostos do que os outros; e a de Galeno (mantida até o
século XIX pela medicina, mesmo quando esta abandonou a perspectiva humoral),
segundo a qual a melancolia é exclusivamente uma patologia.
O texto aristotélico nos diz da excepcionalidade, o de Freud, de uma patologia.
Em ambos os textos, encontramos a referência ao “outro”. Enquanto o “outro” em
Aristóteles é a inconstância da bílis negra, em Freud é uma sombra que se instala no ego
por identificação. Em Freud o “outro” é o próprio ego, o que nos leva direto ao conceito
de narcisismo, forjado por este mesmo autor.
É a partir dessa idéia que, tomando como referência a compreensão da melancolia
(ou depressão2
) na perspectiva psicanalítica, discutiremos a emergência desse fenômeno
como patologia característica da sociedade contemporânea.
Partimos do pressuposto de que a configuração da subjetividade e da patologia
de uma época está articulada intrinsecamente pelos modos de relação historicamente
determinados. Seria impossível pensar a excepcionalidade do melancólico, como faz
Aristóteles, a partir da nossa sociedade, pois como veremos o melancólico hoje é o
comum. Tomamos a melancolia (depressão) como sintoma de uma contemporaneidade
marcada pelos ideais narcísicos, tais como Freud os descreveu e interpretou em Luto e
melancolia e em Introdução ao narcisismo.
Às interpretações freudianas acrescentamos as análises da sociedade
contemporânea feitas por Christopher Lasch em A cultura do narcisismo e por David
Harvey em A condição pós-moderna3
. Fazemos a articulação entre o processo de
socialização patológico e a sociedade contemporânea por que esta é narcisista na sua
forma intrínseca, isto é, na maneira como produz e opera apenas com a imagem enquanto
imagem, elaborada e transmitida não só para substituir o real, mas para oferecer um suposto
gozo imediato e com isso bloquear os processos psíquicos e sociais de simbolização, sem
os quais o desejo não pode ser transfigurado e realizado. Paralisia do desejo no narcisismo,
impossibilidade de simbolização e ausência de pensamento, a sociedade contemporânea
nos faz permanecer na imediação persuasiva e exclusiva da imagem e só é capaz de
propor e provocar atos sem mediação e que, por serem atos que não conseguem efetivar-
se, sua impossibilidade se exprime sob a forma da Melancolia/Depressão.
“A depressão se tornou um fenômeno tão freqüente no mundo
moderno a ponto de ser considerada por alguns autores como
reação normal dos tempos atuais, desde que não interfira
nas nossas atividades cotidianas. (...). Alguns terapeutas já a
identificaram como o mal do século, devido a sua alta incidência
no atendimento psiquiátrico.” (João 14, p.1)
“Desde sua introdução, em 1987, Prozac foi usado por mais de
seis milhões de norte-americanos e por mais de dez milhões de
pessoas no restante do mundo”. (Girgis 9)
Essas duas citações indicam que a depressão, isto é, aquilo que a tradição
médica e a psicanálise chamam de melancolia, pode ser considerada a doença mental
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contemporânea. Do ponto de vista estatístico, alguns estudos recentes indicam que, na
maioria dos países, uma a cada vinte pessoas é diagnosticada como “significativamente
depressiva”, número que não inclui aqueles que experimentam uma leve depressão
crônica ou passam por uma crise aguda de depressão, pois, neste caso, uma a cada seis
pessoas é diagnosticada, pelo menos uma vez na vida, como depressiva. Além disso, as
estatísticas indicam que a “depressão significativa” começa, agora, a aparecer de maneira
mais intensa entre os adolescentes, os adultos jovens e as mulheres.
Assim, ao concordarmos com Freud em considerar a melancolia uma neurose
narcísica4
e se considerarmos os dados estatísticos, fomos levados a supor que a sociedade
contemporânea possui características que estimulam o aparecimento de patologias
narcísicas5
, particularmente a melancolia, suposição reforçada se, com Christopher Lasch
(Larsch 16), considerarmos que a cultura ocidental contemporânea é narcisista.
Vivemos numa sociedade voltada para a vida privada, para as relações pessoais
tanto sob a forma da competição entre os indivíduos quanto sob a forma da valorização
da intimidade, dos interesses e demandas íntimos, ainda que essa “intimidade” seja
produzida pela sociedade de consumo, que inventa imagens com as quais os indivíduos
passam a identificar-se. Como conseqüência, a libido volta-se para o próprio ego, ou seja,
os investimentos eróticos do indivíduo estão voltados para ele mesmo. O nome desse
fenômeno é narcisismo.
Ora,comodizFreud,nonarcisismo,oegosecomportacomoobjetodeseupróprio
amor e esse amor se caracteriza pela idealização de si ou a superestima de si, a vivência
prazerosa de sentir-se especial, perfeito, sem defeitos. A procura da vida feliz reduzida
à idéia de bem-estar, de satisfação prazerosa e de plenitude, supostamente asseguradas
pela identificação, por meio do consumo, com imagens de perfeição, beleza, sucesso,
juventude, saúde, etc., caracteriza a sociedade contemporânea e pode ser comparada à
procura narcisista de retorno à vida intra-uterina, ou à relação simbiótica com a mãe, num
período em que o outro e o mundo não existiam para o indivíduo como separados dele;
à época da onipotência, na qual o outro e o mundo faziam parte indiferenciada do eu, ou
seja, a volta à situação na qual era superestimado e na qual todas as suas necessidades
eram prontamente atendidas (quando não havia o sentimento de falta).
Assim, falamos de uma sociedade narcisista por comparação com o
desenvolvimento libidinal do indivíduo. Acreditamos que essa estrutura social facilita o
aparecimento das patologias narcísicas, em especial a melancolia.
A melancolia é uma neurose narcísica, portanto, na qual há prejuízo no
estabelecimentodevínculoslibidinaiscomosobjetos.Emboraaescolhalibidinaldeobjetos
só ocorra na puberdade, sofrerá influência de todo o desenvolvimento libidinal infantil
até o Complexo de Édipo e envolve o processo de constituição do ego. Esta constituição
ocorre pela identificação com a imagem do outro e a construção da representação que o
sujeito faz de si integra elementos valorativos, de maneira que a constituição do ego é
inseparável de valorações que constituem o chamado ego ideal. Em outras palavras, para
compreendermos uma neurose narcísica (como a melancolia), precisamos considerar,
primeiro, o aspecto não neurótico do narcisismo enquanto momento do processo de
constituição normal dos indivíduos para, em seguida, captarmos como algo normal se
torna patológico.
No caso da melancolia, a escolha de objeto se dá com uma base narcisista.
Essa eleição com base narcisista é aquela na qual ocorre a identificação narcisista com
o objeto, ou seja, eleje-se o objeto a partir da imagem e semelhança do próprio ego ou
transforma-o num ideal e este se converte em um substitutivo do investimento erótico,
havendo uma forte fixação no objeto, assim, pela identificação narcisista com o objeto é ao
narcisismo que o investimento libidinal retorna, não direcionando-se ao objeto externo.
Desta forma o narcisismo infantil (quando o sujeito era seu próprio ideal), é
substituído pela identificação com o ideal projetado no objeto, definindo o que é o ego ideal
e levando à busca de um personagem possuidor dos atributos de máxima valorização.
O indivíduo, na melancolia, está preso à imagem do objeto. Ora, em Luto e
Melancolia Freud nos diz que essa imagem é a de um objeto perdido e que esse objeto
perdido é o próprio ego. Portanto, a perda melancólica é narcísica.
O vínculo da libido ao objeto se efetua por meio de lembranças e expectativas.
Na melancolia, devido a uma falha em elaborar uma perda afetiva significativa no início
da estruturação do aparelho psíquico ocorre um “buraco na esfera psíquica” e esse lugar
vazio mostra a impossibilidade do indivíduo de se orientar a partir dos traços mnêmicos
de seus próprios desejos. Não devemos esquecer que Freud escreveu nos Três ensaios
sobre a teoria da sexualidade que “encontrar o objeto é no fundo reencontrá-lo”, assim
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há um objeto que já fora investido e que, uma vez perdido, fica guardado em nossa
lembrança e passamos a procurar reencontrá-lo com a expectativa de voltarmos ao
sentimento de completude. Freud nos explica em Os instintos e suas vicissitudes que
nossa vida subjetiva transcorre sob a forma de oposições (como prazer-desprazer, sujeito-
objeto) e que essas são determinadas pelo desejo, ou seja, suas operações são simbólicas
e imaginárias. O desejo, desta forma, permite a reconstituição do objeto desejado por
meio de representações e, assim, o sofrimento causado pela falta é fundamental para a
constituição do sujeito que, submetido à falta, recria psiquicamente o objeto perdido ou
ausente para poder orientar-se no real. Isso nos remete à questão do tempo humano, ou a
percepção da existência como algo que escoa e perdura na duração. Memória e projeto,
passado e futuro.
Nossos estudos nos levaram a pensar na maneira pela qual esses processos
ocorrem na sociedade contemporânea.
Partindo da idéia de que o narcisismo encontra-se desde sua origem no campo
da significação, das valorizações, há que pressupor uma ordem simbólica exterior ao
indivíduo, a ordem da cultura, na qual ele está inserido, o que, portanto, significa que
a representação valorativa de si é constituída na intersubjetividade, cabendo, portanto,
averiguar quais os valores da sociedade contemporânea que fazem parte desse jogo
simbólico.
Para que a simbolização ocorra, ou seja, para que possamos lidar com o ausente
e presentificá-lo na linguagem, no trabalho e na história, como diz Merleau-Ponty, é
necessário que a relação com a ausência seja dada pela relação com o outro sob a forma
do tempo. O tempo é articulado à origem e ao porvir, ao passado e ao futuro.
Hoje, a mudança que ocorre quanto a experiência do espaço e do tempo é
singular. Por um lado observamos a fragmentação e dispersão espacial e temporal e
por outro a compressão do tempo e do espaço (efeitos das tecnologias eletrônicas e de
informação). Isto quer dizer que pela compressão do espaço não há mais distância, todos
os acontecimentos ocorrem aqui e também, pela compressão do tempo, não há mais
passado ou futuro, uma vez que tudo acontece agora. Pela fragmentação e dispersão
reduzimos o espaço e o tempo a imagens planas, sem profundidade temporal, que se
movimentam de forma veloz e fugaz; o espaço é indiferenciado e o tempo é o instante.
Estas imagens planas e superficiais nos são incessantemente apresentadas pelas telas de
televisão, computador ou cinema como evidências e, desta maneira, não somos mais
capazes de distinguir entre a aparência e o sentido, ou seja, entre o virtual e o real. Uma
vez que tudo é volátil e efêmero, descartável e durando o tempo passageiro da moda, o
sentido de continuidade não faz mais parte de nossa experiência, pois tudo consome-se no
presente do instante fugaz que desaparece não deixando marcas.
De fato, a sociedade pós-moderna desvaloriza culturalmente o passado e o
futuro, por uma busca da satisfação imediata dos desejos. Essa sociedade, que alimenta o
gosto pelo efêmero, abandonou a temporalidade humana. É marcada pelo descartável.
E é justamente o trabalho sobre a ausência (a perda) que o melancólico não
consegue realizar, não conseguindo remeter-se às situações prazerosas por ter sofrido
sucessivos desapontamentos amorosos, que feriram gravemente o narcisismo infantil,
marcam o indivíduo com o sentimento de haver sido totalmente abandonado. Para
que o vínculo da libido com o objeto seja abandonado gradualmente é preciso que as
lembranças e expectativas em relação ao objeto sejam evocadas e investidas fortemente.
O melancólico, no entanto, mimetiza o outro e o mantém sempre dentro de si, negando a
ausência e, portanto, o tempo em sua duração. Nesse aspecto, a relação do melancólico
com o tempo é exatamente a mesma que a da sociedade contemporânea, desvalorizadora
do passado.
A questão do melancólico é não conseguir lidar com uma perda, a perda
inconsciente de si mesmo, a perda da auto-estima. Com a mudança rápida dos valores
na sociedade do efêmero, mal o sujeito identificou-se com certo objeto, este já tornou-se
ultrapassado e, assim, a perda do objeto torna-se perda do próprio ego. Ora, na sociedade
do efêmero o próprio sujeito é efêmero. O que nos leva à questão da impossibilidade de
corresponder ao ego ideal, pois, pela fugacidade, o sujeito cai na desvalorização, isto
é, torna-se impossível para ele corresponder à representação de si com seus elementos
valorativos.
Como vimos, o ego se constitui pela identificação com a imagem do outro que
irá, então, definir que é o ego ideal, tendo como modelos personagens possuidores dos
atributos de máxima valorização como heróis, santos, atores de teatro, cinema, televisão,
etc.
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Contudo, preso como está à imagem do objeto, sem poder elaborar suas perdas,
vê-se com um “buraco na esfera psíquica”.
Sem laços temporais e afetivos que o orientem, torna-se inseguro e por
isso inclinado a acatar o discurso da autoridade, que preenche o vazio, o discurso dos
especialistas, que determinam o que o sujeito deve pensar, querer, sentir, oferecendo valor
e sentido para a vida. Tendo suas necessidades definidas por especialistas não admira que
estas não possam ser jamais satisfeitas.
Ora, os especialistas simplesmente reproduzem, sob a forma de ciência e de
saber, aquilo que o mercado de consumo propõe como definição do desejo e dos meios
de sua satisfação. Desta forma, as imagens criadas pela publicidade e pela propaganda
são eficazes, pois “inventam os desejos”, sendo signos do que a sociedade deve valorizar
nos indivíduos (no caso contemporâneo, o sucesso, definido por critérios de competição,
juventude, saúde e cuidados extremos com a “beleza” corporal).
A sociedade pós-moderna é uma sociedade de imagens e assim, as imagens
do outro nos são oferecidas em profusão, massivamente, ininterruptamente. As imagens
parecem preencher todo o tempo e todo o espaço real e imaginário, elas parecem ser tudo
e todo o real, não há falta, não há lacuna, não há ausência, não há distância – isto é, não
há tudo aquilo que é preciso para haver simbolização, e por isso a necessidade de recorrer
às imagens criadas pela tecnologia, imagens do mundo externo que criem uma ilusão de
realidade, é uma ultra realidade que se nos impõe. O sujeito, portanto, não simboliza,
aceita como sua essa realidade “mais que real”, acreditando ver nela seu próprio reflexo
(tem a ilusão de onipotência).
E assim, a distância entre o indivíduo e a imagem desejada e desejável que
parece refleti-lo como um espelho, por sua irrealidade é totalmente inalcançável. Por
isso, identificando-se com a imagem, sente-se distante de si e experimenta uma perda
contínua.
Abusca da satisfação imediata dos desejos, num universo de compressão espacial
e temporal, de perda dos referenciais históricos e sócio-econômicos que ofereciam aos
indivíduos identidade de origem, de classe ou de grupo, a insegurança quanto ao presente
e ao futuro, a competição, a invenção de simulacros hiper-reais ou virtuais para desejos
de sucesso e celebridade, juventude e beleza, corpo perfeito (segundo os padrões ditados
pela moda) e saúde perene, caracterizam tanto o narcisista quanto a sociedade narcisista.
E o sentimento de não corresponder a essa imagem engrandecida e perfeita de si,
o sentimento da distância entre a onipotência e a falta, o sentimento inconsciente de uma
perda irremediável e o impulso canibalista contra o outro que parece concretizar essas
imagens, tudo isso não é senão o efeito necessário do narcisismo, isto é, a melancolia (ou
a depressão).
Melancholy and Contemporaneity
Abstract: Our aim in this paper is to follow two moments of the formulation of the concept
of melancholy, considering one text imputed to Aristotle and another one from Freud. We
discuss the emergence of melancholy/ depression as a pathology that is characteristic of
the comporary society, i.e., a sympton of a society that is characterized by narcissistic
ideals, as Freud described and interpreted them in the Mourning and Melancholy and in
the On Narcissism: an introduction. We also add the analyses from Christopher Lasch
and David Harvey to the Freud’s interpretation. To the patologic process of socialization
we link the contemporary society, because it is intrinsically narcissistic, namely in the
manner of producing and operating the image as image, elaborated and transmited not
only to replace the reality, but also to offer an ilusion of satisfaction and in this way block
the psychic and social process of symbolization, without which the desire can not be
transfigurated and fulfiled.
Keywords: melancholy, Aristotle, Freud, narcissism, post-modernity
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médico es también filósofo, sobre las escuelas, a los que se inician. Madrid,
Editorial Coloquio, 1987.
9. GIRGIS, M.. Just how smart is Prozac? St. Louis, Warren H. Green, Inc., 1995.
10. HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo, Edições Loyola, 1992.
11. HIPPOCRATES. Maximes et pensées. Paris, Éditions André Silvaire,1964.
12. _____________. Corpus Hippocraticus, I-V, edição G.P.Gould, The Loeb Classical.
Harvard University Press, Cambridge, 1995.
13. ______________. Tratados hipocráticos. Madri, Alianza Editorial, 1996.
14. JOÃO, Mauro Ivan. Depressão: síndrome da dependência psicológica. São Paulo,
Epu, 1987.
15. LAPLANCHE, J. e Pontalis, J.-B. Vocabulário da psicanálise. 4a
. edição. São Paulo,
Martins Fontes, 2001.
16. LASCH, C. A cultura do narcisismo. Rio de Janeiro, Imago Editora, 1983.
17. THAMER, E, Problema XXX,1 Notas, in A dor de existir. Rio de Janeiro, Kalimeros,
1997.
NOTAS:
1 - Em português, acedia é traduzida por: tristeza, indolência, preguiça, negligência,
desleixo,langor, abatimento.
2 - Não faremos distinção entre melancolia e depressão, uma vez que não há discrimina-
ção destes termos na obra de Freud.
3 - Para este tema ver também Chauí-Berlinck, L. Melancolia:rastros de dor e perda. São
Paulo, Editora Humanitas/ AAT, 2008.
4 - Segundo o dicionário de Psicanálise de Laplanche e Pontalis, neurose narcísica é
uma expressão que “encontramos nos escritos de Freud para designar uma doença mental
caracterizada pela retirada da libido sobre o ego. Opõe-se assim às neuroses de transfe-
rência” (Laplanche 15, p. 312).
5 - Para maior esclarecimento ver: Chauí-Berlinck, L. Melancolia:rastros de dor e perda.
São Paulo, Editora Humanitas/ AAT, 2008.
Espinosa e a tradição melancólica
Marcos F. de Paula*
Resumo: Desde o Problema XXX, atribuído aAristóteles, uma longa tradição de filósofos,
artistas e escritores vê a melancolia como afeto positivo ligado ao “homem de gênio” e
à criação intelectual em geral. Do ponto de vista da teoria dos afetos de Espinosa, o
problema da melancolia coloca um outro: como é possível que de uma tristeza profunda
possa nascer a atividade intectual, artística, literária? Toda atividade é uma produção, uma
alegria, aumento da potência de agir e pensar: como ela poderia nascer da melancolia?
Nossa hipótese é que o problema se explica pela “alegria eufórica”, a outra face da
melancolia, que nasce como reação do desejo contra a própria tristeza. Por ser alegria,
afasta a tristeza profunda; mas por ser eufórica, mantém o “melancólico” preso à sua
própria doença. Assim, a reação não cura o “doente” de seu “mal”, o mantém num círculo
interminável de euforia e estado melancólico.
Palavras-chave: melancolia, criação, alegria, euforia, desejo.
La mélancolie n’est que de la ferveur retombée
André Gide1
I. O problema da melancolia
Há uma antiga e longa tradição de filósofos, artistas, escritores, poetas e músicos,
que vê na melancolia, enquanto afeto de tristeza, um fator positivo capaz de impulsionar
as produções artísticas, filosóficas, científicas, literárias e até mesmo as grandes ações
políticas. Nós conhecemos a pergunta de Aristóteles (ou do Pseudo-Aristóteles2
) no
ProblemaXXX:porqueafinaltodososqueforamhomensdeexceção,figurasexcepcionais,
seja em filosofia, artes, poesia ou política, foram também menifestamente melancólicos? O
Filósofo cita vários exemplos, como Heráclito, Lisandro, Ajax, Belerofonte, Empédocles,
Platão e Sócrates “e muitos outros entre as pessoas ilustres (Aristóteles 1, 953a10-27,
p.84-85), como de resto o próprioAristóteles será citado na posteridade como um exemplo
de grande gênio melancólico.
* Doutorando em Filosofia na USP e bolsista da Fapesp.