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Cultura e História
de Portugal
Oo
2
QECR e QuaREPE Níveis B2/C1
Revisão científica
Susete Albino
Susana Carvalho Sousa
Cultura e História de Portugal
No cenário das sociedades globais, os fundamentos da comunicação
intercultural constituem parte integrante das abordagens didáticas ao ensino
e aprendizagem de uma Língua Não Materna. O ensino da Cultura, indisso-
ciável do ensino da Língua, é hoje trabalhado numa base metodológica que,
mais do que compartimentar, visa integrar as duas componentes. É deste
princípio que nasce o projeto Cultura e História de Portugal, orientado para
alunos de Português no estrangeiro e passível de ser adaptado a diferentes
faixas etárias e utilizado em contextos educativos diferenciados.
Cultura e História de Portugal é composto por dois volumes e norteia-se
pelos princípios enunciados no Quadro Europeu Comum de Referência para
as Línguas (QECR), no Quadro de Referência para o Ensino Português no
Estrangeiro (QuaREPE) e nos Programas para o Ensino Português no Estran-
geiro, privilegiando a abordagem interdisciplinar. No enquadramento das
orientações do QuaREPE, o volume 1 destina-se a alunos com um nível de
proficiência linguística inicial/intermédio (A2/B1); o volume 2, para alunos com
um nível de proficiência avançado/independente (B2/C1). Ambos os volumes
estruturam-se em quinze unidades temáticas com uma estrutura homogé-
nea: textos para exploração, ilustrados por imagens reais, complementados
por várias rubricas:
•	 Curiosidades – apontamentos de informação
•	 Saber mais – desenvolvimento de um dos temas textuais
•	 Recorda – sistematização dos tópicos mais relevantes de cada unidade
•	 Propostas de atividades – atividades de exploração centradas no aluno.
O projeto inclui ainda o Livro do Professor, que reúne sugestões metodoló-
gicas dos conteúdos abordados nos manuais e atividades de avaliação.
Tanto as sugestões metodológicas, como as atividades de avaliação se arti-
culam com outras áreas disciplinares, promovendo o cruzamento de saberes
e competências. Considerando o enquadramento do QuaREPE no âmbito da
comunicação intercultural, remetem também, frequentemente, para as expe-
riências culturais dos alunos, com o objetivo de criar uma reflexão sobre o
diálogo entre culturas.
É, pois, com convicção que apresentamos Cultura e História de Portugal
como um recurso didático a ser explorado nos mais diversos contextos do
Ensino Português no Estrangeiro.
4
De monarquia a democracia:
oito séculos de política nacional................................ 6
1. 	Migrações em Portugal: partidas, chegadas
	 e regressos............................................................. 7
2. 	
Liberdade religiosa e diálogos entre crenças....... 8
3. 	Sociedade portuguesa atual: pluralismo,
	 inovação, igualdade............................................... 9
Recorda...................................................................... 10
Unidade 1	 Sociedade
Segredos para o bem-estar do indivíduo: desporto
e saúde...................................................................... 26
1. 	Paixão lusitana: tradição futebolística
	 em Portugal........................................................... 27
2. 	Modalidades olímpicas e paralímpicas:
	 medalhados portugueses.................................... 28
3. 	
Desportos radicais: adrenalina e espírito
	aventureiro............................................................ 29
Recorda..................................................................... 30
Unidade 5	 Desporto
A língua portuguesa no mundo:
legado intercultural..................................................... 11
1. 	Brasil e Angola: eixo atlântico.............................. 12
2. 	Moçambique e Guiné Bissau: dois oceanos,
	 uma língua............................................................. 13
3. 
São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste:
	 ilhas encantadas................................................... 14
Recorda...................................................................... 15
Unidade 2	 Lusofonia
Primeiros passos do cinema nacional: pioneiros e
sonhadores................................................................. 31
1. 	O cinema sob a ditadura: propaganda
	 e alienação do público......................................... 32
2. 	
Do Cinema Novo ao cinema em liberdade:
	 o fim da ditadura.................................................. 33
3.	O Cinema português na atualidade................... 33
Recorda..................................................................... 35
Unidade 6	 Cinema
Música portuguesa: da tradição popular à fusão
da modernidade........................................................ 16
1. 	Fado, canção da saudade e da alma
	portuguesa............................................................. 17
2. 	A música erudita portuguesa............................... 18
3.	A música popular: da canção de intervenção
	 ao tempo presente ............................................... 19
Recorda..................................................................... 20
Unidade 3	 Música
Teatro em Portugal: religião e crítica social............. 36
1.	 Depois de Gil Vicente: o teatro do Renascimento
	 ao Romantismo.................................................... 37
2. 	
Garrett e o Teatro Nacional: ensaio para a
	modernidade ....................................................... 38
3. Teatro contemporâneo em Portugal................... 38
Recorda..................................................................... 40
Unidade 7	 Teatro
Índice
Dança tradicional e dança como expressão social.21
1. 	A dança portuguesa: um projeto adiado........... 22
2. 	
Ballet Gulbenkian e Companhia Nacional
	 Bailado: a Nova Dança Portuguesa.................... 23
3. 	
A dança portuguesa hoje: caminhos de exceção.. 24
Recorda..................................................................... 25
Unidade 4	 Dança
5
Tradição e modernidade: ensaios do design
em Portugal................................................................ 51
1.	 Da ditadura à democracia: percurso do design
	português.............................................................. 52
2.	Design português contemporâneo: identidade
	 e internacionalização........................................... 53
3. 	O design de moda em Portugal.......................... 53
Recorda..................................................................... 55
Unidade 10	 Moda e Design
A arte de bem receber e partilhar: turismo
em Portugal............................................................... 66
1. 	Praia, natureza e aventura: paisagens
	 e experiências....................................................... 67
2. 	
Turismo nas cidades: cultura e entretenimento. 68
3. 	
Revisitar o passado: roteiros históricos e
	 religiosos.............................................................. 69
Recorda..................................................................... 70
Unidade 13	 Turismo
Influências da arquitetura portuguesa.................... 56
1. Evolução da arquitetura portuguesa.................... 57
2. Entre a monarquia e a ditadura: arquitetura
	 nacional no século XX.......................................... 58
3. Por uma arquitetura mais humana:
	 da revolução à atualidade................................... 59
Recorda..................................................................... 60
Unidade 11	 Arquitetura
Artesanato português: das regiões aos centros
urbanos....................................................................... 71
1. 	Artesanato regional: objetos com memória....... 72
2. 	
Artes e ofícios: cestaria, tecelagem e olaria....... 73
3. 	
Delicadeza e sofisticação: rendas, bordados
	 e joalharia............................................................. 74
Recorda..................................................................... 75
Unidade 14	 Artesanato
Cultura à mesa: gastronomia na vida portuguesa..... 76
1. 	Sabores e afetos: culinária e raízes regionais.... 77
2. 	Do Minho ao Algarve: pratos típicos e produtos
	locais..................................................................... 78
3. 	Doçaria, queijos e vinhos na culinária
	portuguesa............................................................ 79
Recorda..................................................................... 80
Unidade 15	 Gastronomia
Unidade 9	 Artes plásticas
A arte portuguesa: influências e primeiros
representantes.......................................................... 46
1. 	Ecletismo na evolução da arte nacional............. 47
2. 	
Vanguarda artística e consciência social na
	 arte do século XX................................................. 48
3. 	Da revolução ao presente: arte nacional,
	 arte plural.............................................................. 49
Recorda..................................................................... 50
Património natural: proteger o que é de todos nós...... 61
1. 	Tesouros aquáticos de Portugal: mar, rios,
	 lagoas e estuários................................................ 62
2. 	
Maravilhas rochosas: grutas, falésias e serras...... 63
3. 	
O verde da paisagem portuguesa: florestas
	 e matas nacionais................................................ 64
Recorda..................................................................... 65
Unidade 12	 Património Natural
Cultura em cantigas e versos: origens da literatura
portuguesa................................................................. 41
1. 	A idade da razão chegou em palavras:
	 de Camões a António Vieira................................ 42
2. 	
Arcadismo, Romantismo e Realismo
	 na literatura portuguesa...................................... 43
3. 	
Escrever o contemporâneo: do século XX
	 à atualidade.......................................................... 44
Recorda..................................................................... 45
Unidade 8	 Literatura
70
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
Unidade 13
Recentemente, tem vindo a desenvol-
ver-se em Portugal um novo tipo de
turismo: o enoturismo. O enoturismo
baseia-se na cultura vínica nacional e
oferece produtos e experiências como
visitas a quintas, provas de vinhos ou
o contacto com a paisagem da vinha
e com os processos de produção do
vinho. Este tipo de turismo é muito
variado, dependendo das caraterísti-
cas de cada região vinícola.
Curiosidades
Glossário
sofisticada: de bom gosto, requin-
tada, aperfeiçoada
hospitaleira: que sabe receber
bem os convidados, afetuosa
infraestruturas: instalações, equi-
pamentos e serviços destinados a
apoiar localmente uma atividade e
uma população
restauração: atividade comercial
de restaurantes
A arte de bem receber e partilhar:
turismo em Portugal
Portugal é um dos principais destinos turísticos mundiais, registando
uma média anual de visitantes superior à população residente no país.
Algumas regiões, como o Algarve e a Madeira, são autênticos fenómenos
de popularidade, com uma indústria de turismo muito sofisticada que sus-
tenta em grande medida as economias locais. Portugal tem para oferecer
aos turistas condições geográficas e climatéricas de excelência, locais de
interesse histórico, uma vida cultural vibrante, paisagens fabulosas, uma
gastronomia rica e variada, bem como uma atmosfera pacífica e hospita-
leira.
Por todo o país, sem esquecer a Madeira e os Açores, são várias as
alternativas: turismo de praia, de natureza, de aventura, turismo cultural,
urbano ou religioso são algumas das modalidades que os viajantes
podem combinar de acordo com as suas preferências.
Sendo o turismo um dos setores mais desenvolvidos no país, as infraes-
truturas hoteleiras e de restauração asseguram o conforto e bem-estar
dos que escolhem Portugal como destino de férias e de descoberta.
Nesta unidade vais conhecer algumas das maiores atrações turísticas que
fazem de Portugal um destino de eleição entre viajantes de todo o mundo.
Algarve: destino turístico de eleição
O Algarve é a região de Portugal com maior concentração de estruturas e servi-
ços relacionados com o turismo. Com perto de 200 km de costa e ladeado por
serras, como a Serra de Monchique e a Serra do Caldeirão, a região algarvia
possuiumpatrimónionaturalqueseprestaadiversostiposdeexperiênciasturísticas.
A maioria dos turistas procura as famosas praias de areais extensos, pon-
tuados por falésias, grutas e enseadas, reconhecidas pela União Europeia e
premiadas com a bandeira azul, símbolo de qualidade e de padrões naturais
elevados. O clima ameno e a temperatura morna das águas do mar atraem
não só os banhistas, mas também os entusiastas de desportos marítimos e
de aventura, como o surf, o windsurf, o kitesurf, o jet ski ou a vela.
Tirando proveito das elevações rochosas e das serras, são cada vez mais populares desportos
radicais como o parapente, o rappel e a escalada. Uma opção mais tranquila são os percursos
pedestres pelas serras ou mesmo pelas dunas da Ria Formosa.
A todas as vantagens naturais do Algarve, acresce uma vida cultural e social diversificada, seja na vida
noturna das esplanadas, discotecas, marinas e casinos, seja nos parques temáticos, eventos culturais e
festas tradicionais.
Saber mais
[1] 
Praia de Lagos, Algarve.
71
Turismo
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Porto
Editora
Os barcos rabelos eram original-
mente utilizados para transportar as
pipas de vinho do Porto das quintas
do Douro para as caves de Vila Nova
de Gaia. Especificamente concebidos
para fazer frente às difíceis condições
de navegação do rio Douro, estes
barcos deixaram de cumprir esta
função em meados da década de
1960 e são hoje utilizados em ativida-
des turísticas e de lazer. No dia de
S. João, realiza-se no rio Douro a Re-
gata Barcos Rabelos.
Curiosidades
Glossário
trunfos: vantagem em relação a
uma pessoa ou uma situação, ter
um argumento poderoso
socalcos: lotes ou porções de ter-
reno plano situados numa encosta
1. 
Praia, natureza e aventura:
paisagens e experiências
Praia, sol e mar são os maiores trunfos do turismo nacional. No Algarve, as
águas mornas aliam-se a extensos areais, criando o cenário natural perfeito
para o descanso e para a prática de desportos náuticos. Este é também um
local privilegiado para a prática do golfe, dispondo de alguns dos melhores
campos de golfe do mundo. Atrações como a Ilha de Tavira e a Ria Formosa, a
Marina de Vilamoura, a Fortaleza de Sagres e o Cabo de São Vicente são
algumas das mais procuradas nesta região. Já a Costa Alentejana é conhecida
pelas suas praias selvagens, escarpas e falésias, às quais se junta o encanto
de planícies a perder de vista e de lagoas límpidas. Porto Covo, Vila Nova de
Milfontes e Zambujeira do Mar são alguns dos destinos mais apreciados na
longa orla litoral do Alentejo. A Ilha da Madeira é também um dos principais
destinos turísticos de praia e desportos náuticos, ainda mais rico pela varie-
dade da Floresta Laurissilva e pela incrível variedade de flores de que dispõe.
Os amantes do turismo de natureza podem disfrutar da experiência român-
tica dos socalcos do Douro ou da Mata do Buçaco, da fascinante paisagem
vulcânica da Ilha do Pico, nos Açores, do verde profundo do Parque Nacional
da Peneda-Gerês ou da beleza agreste da Serra da Estrela e do Parque Natural
de Montesinho. Os Estuários do Tejo e do Sado e as águas oceânicas dos Aço-
res são ideais para observar golfinhos, aves migratórias e até cachalotes.
Os desportos radicais, como o rafting, as escaladas e o rappel, são pro-
gramas que garantem a satisfação dos apaixonados pela adrenalina e
podem ser praticados um pouco por todo o país. Uma paixão nacional, o
surf encontra as condições ideais para a sua prática na Nazaré, na Ericeira,
em Vila do Conde e em Viana do Castelo, localidades que dispõem de
praias ventosas e de mar agitado.
[3] Praia perto do Cabo de S. Vicente, Algarve.
[2] 
Barcos rabelos, rio Douro.
[4] Rafting, rio Paiva.
72
Unidade 13
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Porto
Editora
[6] Ribeira, Porto.
[7] Universidade de Coimbra.
Glossário
teleférico: sistema de transporte
em cabines que liga dois pontos
elevados por meio de cabos aéreos
invicta: pessoa ou coisa que nunca
foi derrotada nem vencida
2. 
Turismo nas cidades: cultura e entretenimento
As cidades portuguesas são destinos turísticos repletos de monumentos
e de história que vale a pena explorar, bem como centros urbanos com
uma vida cultural dinâmica e cosmopolita.
Comecemos por Guimarães, cidade berço da nacionalidade pela mão
de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Além do castelo e do
centro histórico, classificado como Património Cultural Mundial pela
UNESCO, o Monte da Penha é uma atração turística onde se pode andar de
teleférico e apreciar a paisagem.
Na cidade invicta, o Porto, a Torre dos Clérigos, o Palácio de Cristal, com
o seu jardim romântico e a Fundação de Serralves (que inclui não só o
Museu de Arte Contemporânea, mas também uma casa em estilo arte
déco e um parque com jardim da autoria do arquiteto Jacques Gréber) são
locais de destaque, bem como a Ribeira, bairro típico na margem do Douro.
Na cidade vizinha, Vila Nova de Gaia, as caves do vinho do Porto são a
maior atração.
Em Coimbra fica a universidade mais antiga de Portugal e uma das mais
antigas da Europa. As tradições académicas, como a Serenata e a Queima
das Fitas, fazem a vida coimbrã, intimamente ligada aos estudantes.
Lisboa combina cosmopolitismo e colorido tradicional e possui uma
oferta cultural e de lazer muito variada. Do Chiado à Baixa, passando por
Alfama e pelo Castelo de S. Jorge, não faltam opções para todos os gostos.
Uma cidade onde o diálogo entre culturas se sente na música, na comida e
na oferta cultural, e que deslumbra pela luz, pela arquitetura e pela
harmonia entre o antigo e o contemporâneo.
[5] Castelo de Guimarães.
[8] Vista sobre Alfama do Panteão Nacional.
73
Turismo
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
3. 
Revisitar o passado: roteiros históricos
e religiosos
O turismo de interesse histórico e religioso é um importante setor em
Portugal, pelo que um roteiro pelos monumentos ajuda a situar e a
compreender diferentes períodos da história nacional.
Em Belém fica o conjunto histórico mais relevante relacionado com os
Descobrimentos Portugueses. A Torre de Belém é um forte cuja construção
terá começado por volta de 1514, como celebração da chegada de Vasco
da Gama à Índia. O Mosteiro dos Jerónimos, iniciado em 1501, é outro
símbolo do Portugal quinhentista, onde estão também os túmulos de Vasco
da Gama e do poeta Luís Vaz de Camões. O Palácio de Belém remonta ao
século XVI e é, desde 1910, a residência oficial do Presidente da República.
A Casa dos Bicos, no coração da zona ribeirinha, destaca-se pela fachada
esculpida em ponta de diamante. Um projeto do Estado Novo, o Padrão
dos Descobrimentos é uma escultura em forma de caravela, com a figura
do Infante D. Henrique à proa e outros heróis.
Em Évora cruzam-se influências de origem romana, árabe ou celta.
O Centro Histórico foi classificado como Património Mundia pela UNESCO e
inclui o Templo de Diana, testemunho da presença romana na região. Perto
de Coimbra, Conímbriga é o maior e mais relevante vestígio de uma povoa-
ção romana em Portugal.
O turismo religioso faz-se em torno dos locais sagrados, sendo que, des-
tes, o Santuário de Fátima é o exemplo mais famoso, recebendo milhões de
peregrinos oriundos de todo o mundo católico. Outros santuários muito visita-
dos são o Bom Jesus do Monte e o Santuário do Sameiro, em Braga, cidade
que, pela forte tradição religiosa, é até conhecida como a cidade dos bispos.
[13] 
Santuário do Bom Jesus do Monte,
Braga.
[9] Torre de Belém, Lisboa.
[10] 
Praça do Giraldo, centro histórico
de Évora.
[11] Conímbriga.
[12] Padrão dos Descobrimentos, Lisboa.
74
Unidade 13
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
1.	 
Considera o setor do turismo no teu país e compara
com o que ficaste a conhecer sobre o turismo em
Portugal. Regista as diferenças ou pontos em comum.
2.	 
Efetua o levantamento das principais atrações turísticas
do teu país e organiza a informação recolhida num
dossiê temático com imagens e descrições dos locais.
3.	 
Se tivesses a possibilidade de fazer turismo em Portugal,
quais seriam os teus destinos de eleição? Prepara o
roteiro da tua viagem imaginada.
4.	 Imagina que um amigo teu queria conhecer o património
histórico e religioso de Portugal. Prepara um roteiro tu-
rístico para o teu amigo.
Propostas de atividades
• 
Portugal é um país com uma indústria de turismo
muito desenvolvida, que abrange circuitos históricos,
religiosos, culturais, urbanos, de natureza e, claro, de
praia e lazer.
• 
As ofertas hoteleira e de restauração complementam
a indústria turística. Por todo o país há uma rede de
infraestruturas destinadas a tornar a estadia no país
maisconfortávelemaisricaemtermosdeexperiências
culturais.
• 
Os portugueses são um povo acostumado a interagir
com outras culturas, pelo que a hospitalidade é
também um fator de sucesso no turismo nacional.
• 
Portugal possui uma vasta oferta de turismo de
natureza, desde praias a paisagens românticas e
desportos radicais.
• 
As cidades portuguesas oferecem uma vida cultural
dinâmica, cosmopolita e repleta de história.
• 
Portugal possui um importante setor de turismo de
interesse histórico e religioso.
Recorda
[15] Peregrinos em Fátima.
[16] Mértola, Alentejo.
[14] 
Praia da Rocha, Portimão, Algarve.
75
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
Unidade 14
[1] Cesteiro, Madeira.
[3] Faiança tradicional portuguesa.
Na Feira Nacional de Artesanato
de Vila do Conde, que se realiza
anualmente há mais de três
décadas, participam mais de
duzentos artesãos de todas as
regiões do país e também muitos
designers que utilizam matérias-
-primas locais.
Curiosidades
Glossário
cestaria: artigos em vime como
cestos, local onde se produzem
cestos
charme: qualidade do que possui
encanto e fascínio, requinte
faiança: louça de barro que pode
ser vidrada ou esmaltada
Artesanato português: das regiões
aos centros urbanos
O artesanato é uma atividade que consiste na produção manual de
objetos utilitários ou decorativos, que se distinguem pela habilidade do
artesão e pela utilização de materiais locais. O artesanato está ligado à
cultura popular e é muito caraterístico dos meios rurais, onde as tradições
continuam a ser transmitidas oralmente de geração em geração. Cada
região tem o seu artesanato típico, de acordo com a vida das comunidades
locais, e no seu conjunto formam o colorido que tanto atrai os turistas, que
procuram sempre um objeto tradicional do país que visitam.
No património do artesanato português, destacam-se os bordados, as
rendas, a tapeçaria, a tecelagem, a joalharia, a cestaria e as cerâmicas
pintadas.
Nas últimas décadas, fruto de um diálogo com o design, o artesanato
urbano tem associado a tradicional produção manual a uma imagem mais
atual e adaptada ao gosto moderno. Há hoje muitos artesãos que gerem
pequenos negócios e fornecem a procura crescente destes produtos de
charme, bem como lojas especializadas em artesanato nacional.
A faiança, a porcelana e a joalharia, áreas tradicionais do artesanato
português de luxo, oferecem produtos marcados pela qualidade de uma
experiência de séculos aliada ao design contemporâneo.
O Artesanato, como outras expressões culturais, evoluiu com a própria
sociedade e é hoje objeto de reinvenções interessantes, como o Artesanato
Urbano.
[2] 
Cartaz da Feira Nacional de
Artesanato de Vila do Conde.
76
Unidade 14
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Porto
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As Máscaras ibéricas estão asso-
ciadas a rituais pagãos que
ainda hoje são levados a cabo
em Portugal, sobretudo na região
de Trás-os-Montes e Beira Alta.
Os caretos são personagens que,
no carnaval, usam estas másca-
ras, juntamente com fatos colori-
dos, para pregar partidas e fazer
tropelias.
Curiosidades
[4] Caretos, Bragança, Trás-os-Montes.
[6] Cestaria, Madeira.
Glossário
garridas: vistosas, vibrantes,
alegres
bilros: pequenos instrumentos de
madeira ou metal usados para
fazer rendas, fusos
minuciosos: detalhados e com
muitos pormenores, feitos com
cuidado e rigor
latoaria: arte e técnica de fazer
objetos de latão
vimes: vara fina e flexível obtida da
planta do vimeiro ou salgueiro,
utilizada para fazer cestos, móveis
e outros objetos
1. 
Artesanato regional: objetos
com memória
O artesanato nortenho inclui o famoso Galo de
Barcelos, em cerâmica pintada de cores garridas,
os barcos feitos de búzios e as camisolas à poveiro,
da Póvoa de Varzim, as rendas de bilros de Vila do
Conde e os lenços dos namorados do Minho. Em
Trás-os-Montes, destacam-se os bordados minucio-
sos, os teares de linho, a louça de Bisalhães, em
barro preto, as gaitas-de-foles de Miranda do Douro
e as máscaras ibéricas, como as de Ousilhão e
Lazarim.
De Coimbra, importante centro de olaria desde o século XVII, é típica a
faiança decorada em tons de castanho, azul e roxo. A região centro é
também famosa pela tecelagem, como as mantas do Sardoal, a cestaria e
a latoaria. No Ribatejo, a cultura do Campino influencia a prevalência do
artesanato em couro. De Coruche, são também típicos os casacos de seda
bordada dos cavaleiros.
Mais a sul, o Alentejo oferece artesanato em cortiça e mobiliário pintado
com motivos florais. Tanto no Alentejo como no Algarve, a louça de barro
pintado e vidrado faz parte dos objetos mais comuns. Do artesanato
algarvio, destacam-se também as mantas, as passadeiras e os linhos.
O artesanato açoriano utiliza madeira, escamas de peixe, ossos e
dentes de baleia, basalto, barro e folhas de milho. É famosa a cerâmica
colorida da Lagoa e os objetos em osso de baleia, no Pico e no Faial.
No arquipélago da Madeira, os produtos artesanais mais conhecidos
são o bordado da Madeira, que combina motivos florais e figuras geomé-
tricas, as tapeçarias e os vimes e cestaria.
[5] Galos de Barcelos.
77
Artesanato
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
2. 
Artes e ofícios: cestaria, tecelagem e olaria
A cestaria é uma das artes tradicionais que mais se associa ao
quotidiano das regiões onde é produzida, embora hoje esta técnica seja
mais utilizada na produção de objetos decorativos. A função a que os
objetos se destinavam, assim como os materiais disponíveis em cada
região, determinavam as caraterísticas dos cestos. Vime, palha de centeio,
canas e junco são algumas das matérias-primas utilizadas. Por exemplo,
de Penafiel, são tradicionais as cestas de madeira rachada, usadas nas
vindimas, ou os açafates de varas finas pintados, que eram utilizados em
ocasiões festivas.
A tecelagem associa-se frequentemente, no artesanato português, aos
bordados. O linho, por exemplo, era um material muito usado no quotidiano
dos portugueses dos meios rurais, tendo tal uso dado origem a um tipo de
tecido conhecido como bragal. O bragal é um tecido de linho puro, que
ainda hoje é fiado e tecido na zona de Trás-os-Montes. Os desenhos podem
ser formados no linho aquando da tecelagem, mas os mesmos são
também utilizados para produzir bordados em relevo tradicionais das
freguesias de Limões e Cerva.
Portugal tem uma tradição muito criativa na produção de objetos de
barro e de vidro, representada por empresas antigas que têm preservado a
olaria, a faiança e a porcelana nacionais, como por exemplo a Vista Alegre
e a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, que já conta com 125
anos e tem o nome do artista do século XIX que a fundou, Rafael Bordalo
Pinheiro. Esta fábrica está situada nas Caldas da Rainha, no centro do país,
zona que tem uma grande concentração de fábricas e artesãos que
trabalham nessa tradição secular. O artesanato em barro inclui outros
objetos, como presépios, estátuas religiosas, miniaturas decorativas e
louças pintadas com motivos tradicionais.
A tradição de fazer cascatas
marca ainda a festa do São João,
que se realiza anualmente na
cidade do Porto. Estas cascatas
são construções do género dos
presépios, mas com figuras de
santos populares e edifícios da
cidade, como a Torre dos Clérigos
ou a Sé. A esta tradição, associa-
-se a produção das figuras de
barro que integram as constru-
ções e que são ainda feitas por
diversos artesãos.
Curiosidades
[10] Cestos de vindima, Douro.
[9] 
Artigo da Vista Alegre.
[8] 
Oficina de Bordalo Pinheiro,
Caldas da Rainha.
[7] 
Pormenor de cascata de S. João,
Porto.
78
Unidade 14
CEPE-CHPV2
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Porto
Editora
3. 
Delicadeza e sofisticação: rendas,
bordados e joalharia
As rendas e os bordados são artes muito enraizadas em Portugal.
A renda de Bilros, típica das zonas piscatórias, exige um trabalho de rigor e
paciência das rendilheiras, que tecem motivos delicados e de grande beleza.
Em Vila do Conde fica o Museu das Rendas de Bilros. Coloridos e muito
elaborados são os bordados de Viana do Castelo, comuns nos trajes típicos
da região. Igualmente famosas são as colchas bordadas em fio de seda de
Castelo Branco, inspiradas em motivos como corações, pássaros, cravos,
rosas e lírios. Os bordados da Madeira usam-se em toalhas de mesa e
colchas, mas também como detalhes em peças de roupa de linho e cambraia.
A joalharia portuguesa é rica em detalhes e motivos. Após os
Descobrimentos, a Coroa portuguesa passou a trazer das suas possessões
ultramarinas pedras e metais preciosos, como ouro do Brasil, diamantes de
Angola e outros bens valiosos. Estes materiais eram usados pelos ourives
em joias e em peças de arte sacra, como as magníficas custódias
tradicionais.
Uma técnica antiquíssima, a filigrana consiste em manusear ouro e
prata num rendilhado fino. Os principais motivos são crucifixos, cruzes de
Malta, símbolos do mar, da natureza, da religião e do amor, como o famoso
coração de Viana, usado como pendente ou em brincos. A artista plástica
Joana Vasconcelos baseia muitas das suas peças em diversas práticas
artesanais portuguesas, como a filigrana, as rendas e a faiança.
[11] Traje típico de Viana do Castelo.
[12] 
Aplicação de renda em escultura,
Joana Vasconcelos.
Contributo dos Descobrimentos para a ourivesaria portuguesa
Portugal tem uma antiquíssima tradição na joalharia, uma arte que se
desenvolveu a par da história do país. A partir do século XV, com o correr das
grandes viagens dos Descobrimentos, as gemas e pedras preciosas integraram
as rotas dos produtos trazidos das terras a oriente. O século XVIII foi o período
do ouro do Brasil, que veio enriquecer ainda mais a joalharia portuguesa, que
passou a criar peças luxuosas para ostentação de riqueza.
Neste contexto de abundância, a ourivesaria conheceu um impulso
impressionante, levando à valorização da arte dos mestres ourives, que
passaram a gozar de um estatuto social elevado e de enorme fama e prestígio
nos centros da aristocracia europeia.
A técnica extraordinária dos ourives portugueses pode ser admirada em
vários museus e igrejas, onde maravilhosas custódias rivalizam em beleza e riqueza ornamental
com joias e objetos decorativos feitas de metais nobres e pedrarias. Os museus de Guimarães,
Coimbra e Évora e o Museu Nacional de Arte Antiga possuem coleções que traçam o percurso da
arte joalheira em Portugal.
[13] 
Custódia de Belém.
Saber mais
79
Artesanato
CEPE-CHPV2
©
Porto
Editora
Propostas de atividades
• 
O artesanato está muito além da criação de objetos
típicos de um país. Trata-se de uma arte que combina
tradição e hábitos seculares, que fazem parte da
identidade cultural de um povo.
• 
Entre os produtos artesanais mais emblemáticos de
Portugal, contam-se as rendas de Bilros, os bordados
da Madeira, a faiança, a louça de Bisalhães, os
presépios rústicos em barro, as esculturas em osso
dos Açores, e a cestaria. Estes são apenas alguns
exemplos que nascem da criatividade dos artesãos
nacionais.
• 
A joalharia, em especial a técnica da filigrana,
demonstra a excelência dos ourives portugueses.
Custódias de ouro e joias maravilhosas com desenhos
tradicionais, como o coração de Viana, são hoje
símbolos da joalharia portuguesa. Jovens designers e
ourives reinventam antigos motivos e dão às peças um
toque contemporâneo muito atrativo.
Recorda
1.	 
Certamente que no teu país também há muita tradição
de artesanato. Faz um inventário dos produtos mais
famosos e compara-os com os clássicos do artesanato
português.
2.	 
A cestaria é tradicional na cultura artesanal de várias
regiões. Pesquisa os diferentes usos dos cestos nas
atividades rurais e piscatórias do país.
3.	 
Rosa Pomar é uma artesã contemporânea muito
conhecida. Consulta o seu blog e aprende sobre as
técnicas por ela utilizadas: http://aervilhacorderosa.
com/
[15] Borboleta de prata em filigrana.
[14] 
Louça de Bisalhães.

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  • 1. Cultura e História de Portugal Oo 2 QECR e QuaREPE Níveis B2/C1 Revisão científica Susete Albino Susana Carvalho Sousa
  • 2. Cultura e História de Portugal No cenário das sociedades globais, os fundamentos da comunicação intercultural constituem parte integrante das abordagens didáticas ao ensino e aprendizagem de uma Língua Não Materna. O ensino da Cultura, indisso- ciável do ensino da Língua, é hoje trabalhado numa base metodológica que, mais do que compartimentar, visa integrar as duas componentes. É deste princípio que nasce o projeto Cultura e História de Portugal, orientado para alunos de Português no estrangeiro e passível de ser adaptado a diferentes faixas etárias e utilizado em contextos educativos diferenciados. Cultura e História de Portugal é composto por dois volumes e norteia-se pelos princípios enunciados no Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR), no Quadro de Referência para o Ensino Português no Estrangeiro (QuaREPE) e nos Programas para o Ensino Português no Estran- geiro, privilegiando a abordagem interdisciplinar. No enquadramento das orientações do QuaREPE, o volume 1 destina-se a alunos com um nível de proficiência linguística inicial/intermédio (A2/B1); o volume 2, para alunos com um nível de proficiência avançado/independente (B2/C1). Ambos os volumes estruturam-se em quinze unidades temáticas com uma estrutura homogé- nea: textos para exploração, ilustrados por imagens reais, complementados por várias rubricas: • Curiosidades – apontamentos de informação • Saber mais – desenvolvimento de um dos temas textuais • Recorda – sistematização dos tópicos mais relevantes de cada unidade • Propostas de atividades – atividades de exploração centradas no aluno. O projeto inclui ainda o Livro do Professor, que reúne sugestões metodoló- gicas dos conteúdos abordados nos manuais e atividades de avaliação. Tanto as sugestões metodológicas, como as atividades de avaliação se arti- culam com outras áreas disciplinares, promovendo o cruzamento de saberes e competências. Considerando o enquadramento do QuaREPE no âmbito da comunicação intercultural, remetem também, frequentemente, para as expe- riências culturais dos alunos, com o objetivo de criar uma reflexão sobre o diálogo entre culturas. É, pois, com convicção que apresentamos Cultura e História de Portugal como um recurso didático a ser explorado nos mais diversos contextos do Ensino Português no Estrangeiro.
  • 3. 4 De monarquia a democracia: oito séculos de política nacional................................ 6 1. Migrações em Portugal: partidas, chegadas e regressos............................................................. 7 2. Liberdade religiosa e diálogos entre crenças....... 8 3. Sociedade portuguesa atual: pluralismo, inovação, igualdade............................................... 9 Recorda...................................................................... 10 Unidade 1 Sociedade Segredos para o bem-estar do indivíduo: desporto e saúde...................................................................... 26 1. Paixão lusitana: tradição futebolística em Portugal........................................................... 27 2. Modalidades olímpicas e paralímpicas: medalhados portugueses.................................... 28 3. Desportos radicais: adrenalina e espírito aventureiro............................................................ 29 Recorda..................................................................... 30 Unidade 5 Desporto A língua portuguesa no mundo: legado intercultural..................................................... 11 1. Brasil e Angola: eixo atlântico.............................. 12 2. Moçambique e Guiné Bissau: dois oceanos, uma língua............................................................. 13 3. São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste: ilhas encantadas................................................... 14 Recorda...................................................................... 15 Unidade 2 Lusofonia Primeiros passos do cinema nacional: pioneiros e sonhadores................................................................. 31 1. O cinema sob a ditadura: propaganda e alienação do público......................................... 32 2. Do Cinema Novo ao cinema em liberdade: o fim da ditadura.................................................. 33 3. O Cinema português na atualidade................... 33 Recorda..................................................................... 35 Unidade 6 Cinema Música portuguesa: da tradição popular à fusão da modernidade........................................................ 16 1. Fado, canção da saudade e da alma portuguesa............................................................. 17 2. A música erudita portuguesa............................... 18 3. A música popular: da canção de intervenção ao tempo presente ............................................... 19 Recorda..................................................................... 20 Unidade 3 Música Teatro em Portugal: religião e crítica social............. 36 1. Depois de Gil Vicente: o teatro do Renascimento ao Romantismo.................................................... 37 2. Garrett e o Teatro Nacional: ensaio para a modernidade ....................................................... 38 3. Teatro contemporâneo em Portugal................... 38 Recorda..................................................................... 40 Unidade 7 Teatro Índice Dança tradicional e dança como expressão social.21 1. A dança portuguesa: um projeto adiado........... 22 2. Ballet Gulbenkian e Companhia Nacional Bailado: a Nova Dança Portuguesa.................... 23 3. A dança portuguesa hoje: caminhos de exceção.. 24 Recorda..................................................................... 25 Unidade 4 Dança
  • 4. 5 Tradição e modernidade: ensaios do design em Portugal................................................................ 51 1. Da ditadura à democracia: percurso do design português.............................................................. 52 2. Design português contemporâneo: identidade e internacionalização........................................... 53 3. O design de moda em Portugal.......................... 53 Recorda..................................................................... 55 Unidade 10 Moda e Design A arte de bem receber e partilhar: turismo em Portugal............................................................... 66 1. Praia, natureza e aventura: paisagens e experiências....................................................... 67 2. Turismo nas cidades: cultura e entretenimento. 68 3. Revisitar o passado: roteiros históricos e religiosos.............................................................. 69 Recorda..................................................................... 70 Unidade 13 Turismo Influências da arquitetura portuguesa.................... 56 1. Evolução da arquitetura portuguesa.................... 57 2. Entre a monarquia e a ditadura: arquitetura nacional no século XX.......................................... 58 3. Por uma arquitetura mais humana: da revolução à atualidade................................... 59 Recorda..................................................................... 60 Unidade 11 Arquitetura Artesanato português: das regiões aos centros urbanos....................................................................... 71 1. Artesanato regional: objetos com memória....... 72 2. Artes e ofícios: cestaria, tecelagem e olaria....... 73 3. Delicadeza e sofisticação: rendas, bordados e joalharia............................................................. 74 Recorda..................................................................... 75 Unidade 14 Artesanato Cultura à mesa: gastronomia na vida portuguesa..... 76 1. Sabores e afetos: culinária e raízes regionais.... 77 2. Do Minho ao Algarve: pratos típicos e produtos locais..................................................................... 78 3. Doçaria, queijos e vinhos na culinária portuguesa............................................................ 79 Recorda..................................................................... 80 Unidade 15 Gastronomia Unidade 9 Artes plásticas A arte portuguesa: influências e primeiros representantes.......................................................... 46 1. Ecletismo na evolução da arte nacional............. 47 2. Vanguarda artística e consciência social na arte do século XX................................................. 48 3. Da revolução ao presente: arte nacional, arte plural.............................................................. 49 Recorda..................................................................... 50 Património natural: proteger o que é de todos nós...... 61 1. Tesouros aquáticos de Portugal: mar, rios, lagoas e estuários................................................ 62 2. Maravilhas rochosas: grutas, falésias e serras...... 63 3. O verde da paisagem portuguesa: florestas e matas nacionais................................................ 64 Recorda..................................................................... 65 Unidade 12 Património Natural Cultura em cantigas e versos: origens da literatura portuguesa................................................................. 41 1. A idade da razão chegou em palavras: de Camões a António Vieira................................ 42 2. Arcadismo, Romantismo e Realismo na literatura portuguesa...................................... 43 3. Escrever o contemporâneo: do século XX à atualidade.......................................................... 44 Recorda..................................................................... 45 Unidade 8 Literatura
  • 5. 70 CEPE-CHPV2 © Porto Editora Unidade 13 Recentemente, tem vindo a desenvol- ver-se em Portugal um novo tipo de turismo: o enoturismo. O enoturismo baseia-se na cultura vínica nacional e oferece produtos e experiências como visitas a quintas, provas de vinhos ou o contacto com a paisagem da vinha e com os processos de produção do vinho. Este tipo de turismo é muito variado, dependendo das caraterísti- cas de cada região vinícola. Curiosidades Glossário sofisticada: de bom gosto, requin- tada, aperfeiçoada hospitaleira: que sabe receber bem os convidados, afetuosa infraestruturas: instalações, equi- pamentos e serviços destinados a apoiar localmente uma atividade e uma população restauração: atividade comercial de restaurantes A arte de bem receber e partilhar: turismo em Portugal Portugal é um dos principais destinos turísticos mundiais, registando uma média anual de visitantes superior à população residente no país. Algumas regiões, como o Algarve e a Madeira, são autênticos fenómenos de popularidade, com uma indústria de turismo muito sofisticada que sus- tenta em grande medida as economias locais. Portugal tem para oferecer aos turistas condições geográficas e climatéricas de excelência, locais de interesse histórico, uma vida cultural vibrante, paisagens fabulosas, uma gastronomia rica e variada, bem como uma atmosfera pacífica e hospita- leira. Por todo o país, sem esquecer a Madeira e os Açores, são várias as alternativas: turismo de praia, de natureza, de aventura, turismo cultural, urbano ou religioso são algumas das modalidades que os viajantes podem combinar de acordo com as suas preferências. Sendo o turismo um dos setores mais desenvolvidos no país, as infraes- truturas hoteleiras e de restauração asseguram o conforto e bem-estar dos que escolhem Portugal como destino de férias e de descoberta. Nesta unidade vais conhecer algumas das maiores atrações turísticas que fazem de Portugal um destino de eleição entre viajantes de todo o mundo. Algarve: destino turístico de eleição O Algarve é a região de Portugal com maior concentração de estruturas e servi- ços relacionados com o turismo. Com perto de 200 km de costa e ladeado por serras, como a Serra de Monchique e a Serra do Caldeirão, a região algarvia possuiumpatrimónionaturalqueseprestaadiversostiposdeexperiênciasturísticas. A maioria dos turistas procura as famosas praias de areais extensos, pon- tuados por falésias, grutas e enseadas, reconhecidas pela União Europeia e premiadas com a bandeira azul, símbolo de qualidade e de padrões naturais elevados. O clima ameno e a temperatura morna das águas do mar atraem não só os banhistas, mas também os entusiastas de desportos marítimos e de aventura, como o surf, o windsurf, o kitesurf, o jet ski ou a vela. Tirando proveito das elevações rochosas e das serras, são cada vez mais populares desportos radicais como o parapente, o rappel e a escalada. Uma opção mais tranquila são os percursos pedestres pelas serras ou mesmo pelas dunas da Ria Formosa. A todas as vantagens naturais do Algarve, acresce uma vida cultural e social diversificada, seja na vida noturna das esplanadas, discotecas, marinas e casinos, seja nos parques temáticos, eventos culturais e festas tradicionais. Saber mais [1] Praia de Lagos, Algarve.
  • 6. 71 Turismo CEPE-CHPV2 © Porto Editora Os barcos rabelos eram original- mente utilizados para transportar as pipas de vinho do Porto das quintas do Douro para as caves de Vila Nova de Gaia. Especificamente concebidos para fazer frente às difíceis condições de navegação do rio Douro, estes barcos deixaram de cumprir esta função em meados da década de 1960 e são hoje utilizados em ativida- des turísticas e de lazer. No dia de S. João, realiza-se no rio Douro a Re- gata Barcos Rabelos. Curiosidades Glossário trunfos: vantagem em relação a uma pessoa ou uma situação, ter um argumento poderoso socalcos: lotes ou porções de ter- reno plano situados numa encosta 1. Praia, natureza e aventura: paisagens e experiências Praia, sol e mar são os maiores trunfos do turismo nacional. No Algarve, as águas mornas aliam-se a extensos areais, criando o cenário natural perfeito para o descanso e para a prática de desportos náuticos. Este é também um local privilegiado para a prática do golfe, dispondo de alguns dos melhores campos de golfe do mundo. Atrações como a Ilha de Tavira e a Ria Formosa, a Marina de Vilamoura, a Fortaleza de Sagres e o Cabo de São Vicente são algumas das mais procuradas nesta região. Já a Costa Alentejana é conhecida pelas suas praias selvagens, escarpas e falésias, às quais se junta o encanto de planícies a perder de vista e de lagoas límpidas. Porto Covo, Vila Nova de Milfontes e Zambujeira do Mar são alguns dos destinos mais apreciados na longa orla litoral do Alentejo. A Ilha da Madeira é também um dos principais destinos turísticos de praia e desportos náuticos, ainda mais rico pela varie- dade da Floresta Laurissilva e pela incrível variedade de flores de que dispõe. Os amantes do turismo de natureza podem disfrutar da experiência român- tica dos socalcos do Douro ou da Mata do Buçaco, da fascinante paisagem vulcânica da Ilha do Pico, nos Açores, do verde profundo do Parque Nacional da Peneda-Gerês ou da beleza agreste da Serra da Estrela e do Parque Natural de Montesinho. Os Estuários do Tejo e do Sado e as águas oceânicas dos Aço- res são ideais para observar golfinhos, aves migratórias e até cachalotes. Os desportos radicais, como o rafting, as escaladas e o rappel, são pro- gramas que garantem a satisfação dos apaixonados pela adrenalina e podem ser praticados um pouco por todo o país. Uma paixão nacional, o surf encontra as condições ideais para a sua prática na Nazaré, na Ericeira, em Vila do Conde e em Viana do Castelo, localidades que dispõem de praias ventosas e de mar agitado. [3] Praia perto do Cabo de S. Vicente, Algarve. [2] Barcos rabelos, rio Douro. [4] Rafting, rio Paiva.
  • 7. 72 Unidade 13 CEPE-CHPV2 © Porto Editora [6] Ribeira, Porto. [7] Universidade de Coimbra. Glossário teleférico: sistema de transporte em cabines que liga dois pontos elevados por meio de cabos aéreos invicta: pessoa ou coisa que nunca foi derrotada nem vencida 2. Turismo nas cidades: cultura e entretenimento As cidades portuguesas são destinos turísticos repletos de monumentos e de história que vale a pena explorar, bem como centros urbanos com uma vida cultural dinâmica e cosmopolita. Comecemos por Guimarães, cidade berço da nacionalidade pela mão de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Além do castelo e do centro histórico, classificado como Património Cultural Mundial pela UNESCO, o Monte da Penha é uma atração turística onde se pode andar de teleférico e apreciar a paisagem. Na cidade invicta, o Porto, a Torre dos Clérigos, o Palácio de Cristal, com o seu jardim romântico e a Fundação de Serralves (que inclui não só o Museu de Arte Contemporânea, mas também uma casa em estilo arte déco e um parque com jardim da autoria do arquiteto Jacques Gréber) são locais de destaque, bem como a Ribeira, bairro típico na margem do Douro. Na cidade vizinha, Vila Nova de Gaia, as caves do vinho do Porto são a maior atração. Em Coimbra fica a universidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa. As tradições académicas, como a Serenata e a Queima das Fitas, fazem a vida coimbrã, intimamente ligada aos estudantes. Lisboa combina cosmopolitismo e colorido tradicional e possui uma oferta cultural e de lazer muito variada. Do Chiado à Baixa, passando por Alfama e pelo Castelo de S. Jorge, não faltam opções para todos os gostos. Uma cidade onde o diálogo entre culturas se sente na música, na comida e na oferta cultural, e que deslumbra pela luz, pela arquitetura e pela harmonia entre o antigo e o contemporâneo. [5] Castelo de Guimarães. [8] Vista sobre Alfama do Panteão Nacional.
  • 8. 73 Turismo CEPE-CHPV2 © Porto Editora 3. Revisitar o passado: roteiros históricos e religiosos O turismo de interesse histórico e religioso é um importante setor em Portugal, pelo que um roteiro pelos monumentos ajuda a situar e a compreender diferentes períodos da história nacional. Em Belém fica o conjunto histórico mais relevante relacionado com os Descobrimentos Portugueses. A Torre de Belém é um forte cuja construção terá começado por volta de 1514, como celebração da chegada de Vasco da Gama à Índia. O Mosteiro dos Jerónimos, iniciado em 1501, é outro símbolo do Portugal quinhentista, onde estão também os túmulos de Vasco da Gama e do poeta Luís Vaz de Camões. O Palácio de Belém remonta ao século XVI e é, desde 1910, a residência oficial do Presidente da República. A Casa dos Bicos, no coração da zona ribeirinha, destaca-se pela fachada esculpida em ponta de diamante. Um projeto do Estado Novo, o Padrão dos Descobrimentos é uma escultura em forma de caravela, com a figura do Infante D. Henrique à proa e outros heróis. Em Évora cruzam-se influências de origem romana, árabe ou celta. O Centro Histórico foi classificado como Património Mundia pela UNESCO e inclui o Templo de Diana, testemunho da presença romana na região. Perto de Coimbra, Conímbriga é o maior e mais relevante vestígio de uma povoa- ção romana em Portugal. O turismo religioso faz-se em torno dos locais sagrados, sendo que, des- tes, o Santuário de Fátima é o exemplo mais famoso, recebendo milhões de peregrinos oriundos de todo o mundo católico. Outros santuários muito visita- dos são o Bom Jesus do Monte e o Santuário do Sameiro, em Braga, cidade que, pela forte tradição religiosa, é até conhecida como a cidade dos bispos. [13] Santuário do Bom Jesus do Monte, Braga. [9] Torre de Belém, Lisboa. [10] Praça do Giraldo, centro histórico de Évora. [11] Conímbriga. [12] Padrão dos Descobrimentos, Lisboa.
  • 9. 74 Unidade 13 CEPE-CHPV2 © Porto Editora 1. Considera o setor do turismo no teu país e compara com o que ficaste a conhecer sobre o turismo em Portugal. Regista as diferenças ou pontos em comum. 2. Efetua o levantamento das principais atrações turísticas do teu país e organiza a informação recolhida num dossiê temático com imagens e descrições dos locais. 3. Se tivesses a possibilidade de fazer turismo em Portugal, quais seriam os teus destinos de eleição? Prepara o roteiro da tua viagem imaginada. 4. Imagina que um amigo teu queria conhecer o património histórico e religioso de Portugal. Prepara um roteiro tu- rístico para o teu amigo. Propostas de atividades • Portugal é um país com uma indústria de turismo muito desenvolvida, que abrange circuitos históricos, religiosos, culturais, urbanos, de natureza e, claro, de praia e lazer. • As ofertas hoteleira e de restauração complementam a indústria turística. Por todo o país há uma rede de infraestruturas destinadas a tornar a estadia no país maisconfortávelemaisricaemtermosdeexperiências culturais. • Os portugueses são um povo acostumado a interagir com outras culturas, pelo que a hospitalidade é também um fator de sucesso no turismo nacional. • Portugal possui uma vasta oferta de turismo de natureza, desde praias a paisagens românticas e desportos radicais. • As cidades portuguesas oferecem uma vida cultural dinâmica, cosmopolita e repleta de história. • Portugal possui um importante setor de turismo de interesse histórico e religioso. Recorda [15] Peregrinos em Fátima. [16] Mértola, Alentejo. [14] Praia da Rocha, Portimão, Algarve.
  • 10. 75 CEPE-CHPV2 © Porto Editora Unidade 14 [1] Cesteiro, Madeira. [3] Faiança tradicional portuguesa. Na Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, que se realiza anualmente há mais de três décadas, participam mais de duzentos artesãos de todas as regiões do país e também muitos designers que utilizam matérias- -primas locais. Curiosidades Glossário cestaria: artigos em vime como cestos, local onde se produzem cestos charme: qualidade do que possui encanto e fascínio, requinte faiança: louça de barro que pode ser vidrada ou esmaltada Artesanato português: das regiões aos centros urbanos O artesanato é uma atividade que consiste na produção manual de objetos utilitários ou decorativos, que se distinguem pela habilidade do artesão e pela utilização de materiais locais. O artesanato está ligado à cultura popular e é muito caraterístico dos meios rurais, onde as tradições continuam a ser transmitidas oralmente de geração em geração. Cada região tem o seu artesanato típico, de acordo com a vida das comunidades locais, e no seu conjunto formam o colorido que tanto atrai os turistas, que procuram sempre um objeto tradicional do país que visitam. No património do artesanato português, destacam-se os bordados, as rendas, a tapeçaria, a tecelagem, a joalharia, a cestaria e as cerâmicas pintadas. Nas últimas décadas, fruto de um diálogo com o design, o artesanato urbano tem associado a tradicional produção manual a uma imagem mais atual e adaptada ao gosto moderno. Há hoje muitos artesãos que gerem pequenos negócios e fornecem a procura crescente destes produtos de charme, bem como lojas especializadas em artesanato nacional. A faiança, a porcelana e a joalharia, áreas tradicionais do artesanato português de luxo, oferecem produtos marcados pela qualidade de uma experiência de séculos aliada ao design contemporâneo. O Artesanato, como outras expressões culturais, evoluiu com a própria sociedade e é hoje objeto de reinvenções interessantes, como o Artesanato Urbano. [2] Cartaz da Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde.
  • 11. 76 Unidade 14 CEPE-CHPV2 © Porto Editora As Máscaras ibéricas estão asso- ciadas a rituais pagãos que ainda hoje são levados a cabo em Portugal, sobretudo na região de Trás-os-Montes e Beira Alta. Os caretos são personagens que, no carnaval, usam estas másca- ras, juntamente com fatos colori- dos, para pregar partidas e fazer tropelias. Curiosidades [4] Caretos, Bragança, Trás-os-Montes. [6] Cestaria, Madeira. Glossário garridas: vistosas, vibrantes, alegres bilros: pequenos instrumentos de madeira ou metal usados para fazer rendas, fusos minuciosos: detalhados e com muitos pormenores, feitos com cuidado e rigor latoaria: arte e técnica de fazer objetos de latão vimes: vara fina e flexível obtida da planta do vimeiro ou salgueiro, utilizada para fazer cestos, móveis e outros objetos 1. Artesanato regional: objetos com memória O artesanato nortenho inclui o famoso Galo de Barcelos, em cerâmica pintada de cores garridas, os barcos feitos de búzios e as camisolas à poveiro, da Póvoa de Varzim, as rendas de bilros de Vila do Conde e os lenços dos namorados do Minho. Em Trás-os-Montes, destacam-se os bordados minucio- sos, os teares de linho, a louça de Bisalhães, em barro preto, as gaitas-de-foles de Miranda do Douro e as máscaras ibéricas, como as de Ousilhão e Lazarim. De Coimbra, importante centro de olaria desde o século XVII, é típica a faiança decorada em tons de castanho, azul e roxo. A região centro é também famosa pela tecelagem, como as mantas do Sardoal, a cestaria e a latoaria. No Ribatejo, a cultura do Campino influencia a prevalência do artesanato em couro. De Coruche, são também típicos os casacos de seda bordada dos cavaleiros. Mais a sul, o Alentejo oferece artesanato em cortiça e mobiliário pintado com motivos florais. Tanto no Alentejo como no Algarve, a louça de barro pintado e vidrado faz parte dos objetos mais comuns. Do artesanato algarvio, destacam-se também as mantas, as passadeiras e os linhos. O artesanato açoriano utiliza madeira, escamas de peixe, ossos e dentes de baleia, basalto, barro e folhas de milho. É famosa a cerâmica colorida da Lagoa e os objetos em osso de baleia, no Pico e no Faial. No arquipélago da Madeira, os produtos artesanais mais conhecidos são o bordado da Madeira, que combina motivos florais e figuras geomé- tricas, as tapeçarias e os vimes e cestaria. [5] Galos de Barcelos.
  • 12. 77 Artesanato CEPE-CHPV2 © Porto Editora 2. Artes e ofícios: cestaria, tecelagem e olaria A cestaria é uma das artes tradicionais que mais se associa ao quotidiano das regiões onde é produzida, embora hoje esta técnica seja mais utilizada na produção de objetos decorativos. A função a que os objetos se destinavam, assim como os materiais disponíveis em cada região, determinavam as caraterísticas dos cestos. Vime, palha de centeio, canas e junco são algumas das matérias-primas utilizadas. Por exemplo, de Penafiel, são tradicionais as cestas de madeira rachada, usadas nas vindimas, ou os açafates de varas finas pintados, que eram utilizados em ocasiões festivas. A tecelagem associa-se frequentemente, no artesanato português, aos bordados. O linho, por exemplo, era um material muito usado no quotidiano dos portugueses dos meios rurais, tendo tal uso dado origem a um tipo de tecido conhecido como bragal. O bragal é um tecido de linho puro, que ainda hoje é fiado e tecido na zona de Trás-os-Montes. Os desenhos podem ser formados no linho aquando da tecelagem, mas os mesmos são também utilizados para produzir bordados em relevo tradicionais das freguesias de Limões e Cerva. Portugal tem uma tradição muito criativa na produção de objetos de barro e de vidro, representada por empresas antigas que têm preservado a olaria, a faiança e a porcelana nacionais, como por exemplo a Vista Alegre e a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, que já conta com 125 anos e tem o nome do artista do século XIX que a fundou, Rafael Bordalo Pinheiro. Esta fábrica está situada nas Caldas da Rainha, no centro do país, zona que tem uma grande concentração de fábricas e artesãos que trabalham nessa tradição secular. O artesanato em barro inclui outros objetos, como presépios, estátuas religiosas, miniaturas decorativas e louças pintadas com motivos tradicionais. A tradição de fazer cascatas marca ainda a festa do São João, que se realiza anualmente na cidade do Porto. Estas cascatas são construções do género dos presépios, mas com figuras de santos populares e edifícios da cidade, como a Torre dos Clérigos ou a Sé. A esta tradição, associa- -se a produção das figuras de barro que integram as constru- ções e que são ainda feitas por diversos artesãos. Curiosidades [10] Cestos de vindima, Douro. [9] Artigo da Vista Alegre. [8] Oficina de Bordalo Pinheiro, Caldas da Rainha. [7] Pormenor de cascata de S. João, Porto.
  • 13. 78 Unidade 14 CEPE-CHPV2 © Porto Editora 3. Delicadeza e sofisticação: rendas, bordados e joalharia As rendas e os bordados são artes muito enraizadas em Portugal. A renda de Bilros, típica das zonas piscatórias, exige um trabalho de rigor e paciência das rendilheiras, que tecem motivos delicados e de grande beleza. Em Vila do Conde fica o Museu das Rendas de Bilros. Coloridos e muito elaborados são os bordados de Viana do Castelo, comuns nos trajes típicos da região. Igualmente famosas são as colchas bordadas em fio de seda de Castelo Branco, inspiradas em motivos como corações, pássaros, cravos, rosas e lírios. Os bordados da Madeira usam-se em toalhas de mesa e colchas, mas também como detalhes em peças de roupa de linho e cambraia. A joalharia portuguesa é rica em detalhes e motivos. Após os Descobrimentos, a Coroa portuguesa passou a trazer das suas possessões ultramarinas pedras e metais preciosos, como ouro do Brasil, diamantes de Angola e outros bens valiosos. Estes materiais eram usados pelos ourives em joias e em peças de arte sacra, como as magníficas custódias tradicionais. Uma técnica antiquíssima, a filigrana consiste em manusear ouro e prata num rendilhado fino. Os principais motivos são crucifixos, cruzes de Malta, símbolos do mar, da natureza, da religião e do amor, como o famoso coração de Viana, usado como pendente ou em brincos. A artista plástica Joana Vasconcelos baseia muitas das suas peças em diversas práticas artesanais portuguesas, como a filigrana, as rendas e a faiança. [11] Traje típico de Viana do Castelo. [12] Aplicação de renda em escultura, Joana Vasconcelos. Contributo dos Descobrimentos para a ourivesaria portuguesa Portugal tem uma antiquíssima tradição na joalharia, uma arte que se desenvolveu a par da história do país. A partir do século XV, com o correr das grandes viagens dos Descobrimentos, as gemas e pedras preciosas integraram as rotas dos produtos trazidos das terras a oriente. O século XVIII foi o período do ouro do Brasil, que veio enriquecer ainda mais a joalharia portuguesa, que passou a criar peças luxuosas para ostentação de riqueza. Neste contexto de abundância, a ourivesaria conheceu um impulso impressionante, levando à valorização da arte dos mestres ourives, que passaram a gozar de um estatuto social elevado e de enorme fama e prestígio nos centros da aristocracia europeia. A técnica extraordinária dos ourives portugueses pode ser admirada em vários museus e igrejas, onde maravilhosas custódias rivalizam em beleza e riqueza ornamental com joias e objetos decorativos feitas de metais nobres e pedrarias. Os museus de Guimarães, Coimbra e Évora e o Museu Nacional de Arte Antiga possuem coleções que traçam o percurso da arte joalheira em Portugal. [13] Custódia de Belém. Saber mais
  • 14. 79 Artesanato CEPE-CHPV2 © Porto Editora Propostas de atividades • O artesanato está muito além da criação de objetos típicos de um país. Trata-se de uma arte que combina tradição e hábitos seculares, que fazem parte da identidade cultural de um povo. • Entre os produtos artesanais mais emblemáticos de Portugal, contam-se as rendas de Bilros, os bordados da Madeira, a faiança, a louça de Bisalhães, os presépios rústicos em barro, as esculturas em osso dos Açores, e a cestaria. Estes são apenas alguns exemplos que nascem da criatividade dos artesãos nacionais. • A joalharia, em especial a técnica da filigrana, demonstra a excelência dos ourives portugueses. Custódias de ouro e joias maravilhosas com desenhos tradicionais, como o coração de Viana, são hoje símbolos da joalharia portuguesa. Jovens designers e ourives reinventam antigos motivos e dão às peças um toque contemporâneo muito atrativo. Recorda 1. Certamente que no teu país também há muita tradição de artesanato. Faz um inventário dos produtos mais famosos e compara-os com os clássicos do artesanato português. 2. A cestaria é tradicional na cultura artesanal de várias regiões. Pesquisa os diferentes usos dos cestos nas atividades rurais e piscatórias do país. 3. Rosa Pomar é uma artesã contemporânea muito conhecida. Consulta o seu blog e aprende sobre as técnicas por ela utilizadas: http://aervilhacorderosa. com/ [15] Borboleta de prata em filigrana. [14] Louça de Bisalhães.