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Apresentação do projeto UAW-United at work
Lisboa, 2 de dezembro de 2013
Museu da Eletricidade
Maria do Carmo Marques Pinto
Diretora do Empreendedorismo e Economia Social
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Presidente do Conselho Operacional do BIS

Maria João, 29 anos, arquiteta a recibos verdes num dos
ateliers estrela dos loucos anos do cimento armado.
Dispensada, recém-regressada ao quarto de solteira,
desalojada a irmã mais nova, os créditos assumidos pelos
pais, trigésima quinta vez que lhe é dito que, apesar do
portfolio, da boa vontade, das línguas que fala e do preço
de saldo a que está disposta a vender o que sabe,
lamentam não poder, neste momento contratá-la, a crise,
o mercado, ou a falta dele, a incerteza.

1
Jorge, 52 anos, após 25 anos de escalada profissional,
finalmente diretor de marketing estratégico dos novos
projetos de um conglomerado automóvel europeu de
renome, salário luxuoso, carro topo de gama,
complemento de representação, cartão de crédito, bónus,
seguro de doença e de vida. Acolhido por um amigo
caridoso, à procura de qualquer emprego, três filhos que
trocaram a escola internacional pela pública, várias faturas
mensais de um divórcio generoso por pagar, a dispensa
vazia, reduzido a 3 cigarros diários, não sabe mesmo se irá
sobreviver.

João, Francisco e Ana, entre os 23 e os 25 anos, nos
últimos anos do curso de gestão, após um começo
involuntário, na esteira de um negócio social cujo êxito
assentava numa generosa rede bem instalada de amigos
dos pais. Agora esses generosos amigos escondem-se, já
não é tão fácil conseguir apoios, a energia esgota-se,
interrogam-se em círculo vicioso, tudo o que fizemos e
conseguimos para nada? Tem que haver um caminho!
2
Amélia, 58 anos, quadro superior de uma instituição
bancária em fusão, os filhos colocados, despiu-se do
emprego, lançou-se na onda das pré-reformas, apanhou-a
e estava pronta a cavalgá-la para realizar o sonho da vida.
Até encolhia os ombros sorridente às recomendações,
advertências, e premonições agoirentas, sabia o que
queria mas o marido, agora, está em vias de ser despedido,
os filhos emigraram para onde há trabalho ou emprego, o
dinheiro do capital que tinha começa a ir para o dia-a-dia e
ela sente que falta algo, alguém que a ajude a dar o passo,
senão…Anda à procura.

Andam todos à procura. O Portugal com formação, com
experiência, com vidas por começar ou com vidas de êxito
interrompidas, anda à procura dessa famosa oportunidade
que a crise abre, à força de encerrar as que estavam
abertas.

3
A oportunidade, no entanto, está dentro deles. Nós apenas
podemos ajudar – e estamos empenhados em fazê-lo – a
pensar, organizar, testar, corrigir, aconselhar, abrir portas,
investir.
Todos falam dessas famosas oportunidades. E as
oportunidades parecem um caleidoscópio de conceitos
vagos, retóricos, redondos, discursados com ênfase,
tecidos de malhas administrativas nas quais as pontas de
acesso e saída são difíceis de encontrar, há prémios para
tudo, galas, TED-talks, concursos, certificados mas tudo
fica aquém daquilo que a Amélia, o João, o Francisco e a
Ana, a Maria João e o Jorge precisam, querem, imaginam,
sonham e estão dispostos a fazer.

Eles interrogam-se, interrogamo-nos todos, andamos
todos à procura, neste país, não são só eles, quantos de
nós, nesta sala, não fomos já tertulianos de oportunidades,
de caminhos, participantes ou organizadores de iniciativas
deste vocábulo que já começa a soar a gasto e estafado do
4
empreendedorismo, que não sai dos salões, não desce à
rua, não vai ao encontro das expetativas da Maria João ou
não disponibiliza os instrumentos de que a Amélia precisa
e não obriga o João, o Francisco e a Ana a descerem à
terra, à realidade e não sabem aproveitar as valências do
Jorge, capital humano do melhor, abandonado à caridade.
Queremos que existam mais empresas, temos uma
imperiosa necessidade de mais e melhores empresas,
sabemos todos que sem elas o país não gera riqueza e
trabalho suficientes para deixar de viver ao sabor das
recomendações frias, implacáveis e indiferentes de quem
nos tutela.
Sabemos que o que fizemos até hoje, entre todos, não nos
dá
as
respostas.
Nenhum
Programa
de
empreendedorismo, nenhum Concurso de Ideias, nenhum
Prémio, nenhum esquema de apoio teve o êxito que
justificasse o investimento que neles foi feito, o tempo que
neles foi gasto, as expetativas que foram criadas, os
milhares de linhas que foram anunciadas, as histórias que
foram noticiadas.
5
Não estão, nesta sala todos os Portugueses, mas os
Portugueses que estão, sabem bem que, em consciência,
todos somos responsáveis pelo caleidoscópio retórico que
organizámos em torno do conceito brilhante mas
insuficiente do empreendedorismo, que agora temos
vestido e que ao olharmos no espelho nos parece gasto e
estafado.

A Maria João, a Amélia, o Jorge, o Francisco, a Ana e o João
não vão encontrar um emprego. Quando amanhecem,
todos os dias, sabem que essa solução, a cada dia que
passa, se torna cada vez mais e mais uma hipótese remota.
O seu sonho, em mãos alheias, está agora apenas nas suas
mãos.

Mãos que vamos precisar. Capital que o país inteiro
precisa. É nele que temos que investir. Mas não da forma
inconsequente como investimos até hoje. A crise, se para
algo serve, é para acordar as consciências e obrigar-nos a
6
olhar, de forma responsável, para as faturas que oneram o
nosso modelo de desenvolvimento.
 Que as faturas que vamos ter que pagar, entre todos,
sejam para que a Maria João, a Amélia, o Jorge, o
Francisco, o João e a Ana construam um sonho real,
uma empresa sustentável que possa alimentar, dia
após dia, os seus sonhos e os sonhos de outros, e
entrem como números reais para as expetativas de
riqueza que anualmente são projetadas no orçamento
do Estado e da Segurança Social.
 Que o percurso de investimento que vamos ter que
fazer para que essas empresas se constituam,
ultrapassem o limiar da sustentabilidade, sobrevivam
e cresçam, possa ser traçado, seguido, monitorizado e
recuperado para ser de novo investido e assim
sucessivamente.
 Que o apoio que irá ser dado, não seja um apoio
inconsequente e para alimentar quadros estatísticos
que ninguém controla, ninguém aprofunda, contesta
ou rende contas. A Maria João poderá precisar de uma
7
quantia importante para desenvolver a sua empresa
mas se nos limitarmos apenas a facilitar-lhe uma
quantia em dinheiro e não a ajudarmos a ser
empresária, a não passar do sonho à realidade, essa
quantia …terá servido para quê?
Temos que inovar, temos que pensar diferente, temos que
deitar um novo olhar sobre os cenários de sempre, temos
que saber construir, operacionalizar a criatividade e dar
pernas e pés ao sonho que todos, eles, eu, vós, nós, temos
dentro de nós e que está nas pontas dos nossos dedos,
pronto a ser tocado…

Filme
(Crt. + clique – ir para a ligação)

http://youtu.be/bHeMnSbTNX0

8
Exmo Senhor Provedor,
Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Exmos Senhores Deputados
Exmos Srs. Membros da Mesa da Santa Casa,
Senhoras e Senhores
Amigas e amigos

Este brevíssimo filme que apresentámos vale como
símbolo da proposta que temos para fazer à Maria João, ao
Jorge, à Amélia, ao Francisco, ao João e à Ana,
personagens de ficção de uma realidade que é, porém,
vivida quotidianamente pelos talentos que se poderiam
complementar mas que estamos a deixar que se nos
escorreguem entre os dedos.
Nos bastidores do filme existe um projeto que há meses
que está a ser concebido e trabalhado por uma Equipa
pequena que lhe dedicou o entusiasmo, o talento, o
conhecimento e a experiência que tinha e à qual rendo
9
publicamente a justa homenagem, dela destacando o
Gustavo Freitas, a Ana Polido, o Ricardo Medeiros e o Rui
Ventura. Foram horas e dias, com os parceiros a construir
as ferramentas e o enquadramento que hoje colocamos ao
serviço de todas as Maria Joãos e Amélias e Franciscos e
Jorges de Portugal.
Planeámos,
discutimos,
organizámos,
tecemos,
construímos, a partir da Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa, um eco-sistema que está concebido até à sua mais
profunda estrutura molecular, para fabricar em série
empresas sociais inovadoras e sustentáveis, capazes de
transformar os sonhos destes candidatos a empresários
em realidade e ao mesmo tempo criar um novo modelo de
resposta social às necessidades, oportunidades e desafios
culturais, sociais e económicos aos quais o nosso país se
enfrenta.

Para isso, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa criou o
Banco de Inovação Social, uma plataforma agregadora de
parceiros institucionais, empresariais, do terceiro setor e
10
da academia. Alargada há pouco ao Porto, com epicentro
na sua Santa Casa da Misericórdia, e que reúne um núcleo
duro invejável de autarquias, Universidades, Fundações e
empresas.

As atribuições legais, as infraestruturas logísticas, o
conhecimento, a experiência, as redes de contactos, a
capacidade de atuação, de difusão, a influência
institucional, o prestígio, o capital humano, a autoridade
moral de que dispomos, em conjunto, todos os parceiros
do Banco de Inovação Social, são ativos cujo valor é
incalculável e que nunca poderá ser fielmente traduzido
em Euros.

São eles que formam o capital do Banco de Inovação Social
e é com estes ativos que estamos já a dar os primeiros
passos no investimento que estamos a fazer para
alcançarmos esse objetivo que serve o país:

11
A criação de empresas capazes de transformar as
necessidades, os problemas e desafios societais com que
Portugal se enfrenta em oportunidades capazes de gerar
riqueza e criação de emprego sustentáveis e criar impacto
e valor social na Comunidade.

O eco-sistema cobre todos os aspetos necessários à
promoção da inovação social e das soluções que vão
transformar a criatividade, o talento e o conhecimento em
novos serviços, novos produtos, novas respostas.

Em primeiro lugar através do Programa de
Empreendedorismo Social cujo objetivo é precisamente o
de capacitar e investir não já na Maria João, o Francisco, o
Manuel ou a Ana fictícios mas sim na Maria de Fátima
Moreira da Costa, no Steve Bird, no João Oliveira, no
Henrique Passão, na Gabriela Postolache, na Ana Catarina
Simões, na Inês Vieira, na Rita Batista, no João Carlos
Rocha, entre outros, todos eles aprendizes de empresários
12
e membros da Comunidade Empresarial BIS, a plataforma
que desenvolvemos para acolher estes projetos na fase
piloto.
Estes empresários apresentaram no dia 26 os seus pedidos
de apoio, agora compete-nos a nós, parceiros do BIS, de
investir, no sentido lato, nestes projetos, com os ativos
que temos para que as empresas que projetaram, atinjam
o ponto de sustentabilidade.

Criámos um Programa de promoção de uma cultura de
inovação social. Programa este que, em prol das gerações
futuras, vai investir na educação de inovadores sociais,
pessoas que aprendam a encontrar respostas para os
desafios e as necessidades com que se enfrentam na sua
Comunidade escolar, no seu bairro, na sua cidade, no país.
É um investimento a longo prazo, sistemático, paulatino,
paciente, perseverante mas compensador. Porque é
necessário que aprendamos que não existe um alguém
todo-poderoso, uma entidade, o Estado, cuja obrigação é
13
resolver a nossa vida, os nossos problemas, as nossas
necessidades.

Estamos neste momento, e de forma pioneira, a criar o
primeiro Fundo de Investimento Social do país. Não há
precedente, não há legislação, não há ainda competência
específica, não há experiência. Fomos a Londres, junto das
entidades que há já mais de dez anos que criaram as
condições e os instrumentos para investir nas iniciativas
socialmente inovadoras, para conhecer e aprender.
Apresentámo-nos a uma linha de financiamento da União
Europeia para poder desenvolver a criação deste Fundo da
forma mais profissional possível e com a qualidade e
impacto que deve ter.
Este Fundo, uma vez constituído legalmente, quer
apresentar-se ao Estado como o parceiro idóneo para
aplicar os fundos sociais a que Portugal tem direito como
membro da União Europeia. E quer que todos os
Portugueses, cidadãos e empresas, encontrem nele o
14
veículo de expressão mais efetiva, mais rigorosa, mais
impactante da sua solidariedade.

Finalmente, criámos o Programa de Experimentação e
Inovação Social, cujo primeiro projeto é o UAW-United at
Work, que hoje vos apresentamos e que esperamos que
possa vir a ser uma forma inovadora, sustentável e eficaz
de criar novas empresas. O seu pressuposto é simples, um
pressuposto que assenta naquilo que é o cerne da razão de
ser da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que é
partilhada por todos os parceiros do projeto e do BIS:

O Ser humano. A extraordinária força, energia, sabedoria,
impetuosidade, perseverança, conhecimento e experiência
que está encerrada no capital humano representado
nestas duas gerações afastadas pela idade e pela
experiência de vida: os jovens até aos 35 anos e os
seniores entre 55 e 64, o melhor capital de conhecimento
e experiência jamais reunidos na nossa História.
15
É uma experiência, um teste, a forma mais responsável e
credível de comprovar a eficácia e idoneidade de novos
modelos de apoio à criação de empresas: durante dois
anos vamos trabalhar afincadamente, diariamente e
empenhadamente, na identificação de oportunidades, na
capacitação dos seus promotores, na disponibilização de
estruturas e logística que permitam extrair de ambas as
gerações o sonho melhor que têm e dar-lhe a consistência
e sustentabilidade de que precisa para ser viável.

A União Europeia, através do Programa PROGRESS financia
esta experiência por considera-la inovadora, a mais
inovadora e consistente das 128 candidaturas de todos os
Estados membros que foram analisadas e das 5 que estão
a ser financiadas. Isso significa que acertámos em cheio.

Queria por isso dar uma palavra de agradecimento aos
parceiros operacionais, a começar pela Câmara Municipal
de Lisboa, aqui representada pelo seu Presidente, Dr.
16
António Costa, à Fundação Calouste Gulbenkian, ao Dr.
Pedro Rocha Vieira, da Beta-i e a toda a equipa da
Dinamia-set do ISCTE. Uma palavra especial para os nossos
parceiros internacionais, a Fundação La Caixa, de
Barcelona, representada pelo Sr. Albert Soria e também à
Fundação Beth Johnson, na pessoa do Dr. Alan Hattan-Yeo.
Quero também agradecer a todos os parceiros
estratégicos, o Programa +e+i, o IEFP, a Fundação INATEL,
a CASES, o ACIDI e a CIG.

Não seria justo não realçar o apoio institucional que
recebemos tanto do Sr. Ministro da Solidariedade,
Emprego e Segurança Social como da Representação
Permanente de Portugal em Bruxelas. Um apoio
incansável, incondicional e certeiro.
Estamos inequivocamente à altura do que se projeta na
Europa quando o êxito é trabalhado em conjunto, em
cadeia, em sintonia. Quisemos, podemos, conseguimos.
Quando queremos, somos os melhores.
17
Que este facto sirva de estímulo mas também de aviso:
não podemos falhar. No campeonato dos melhores não há
espaço para amadorismos, nem tempo para desleixos,
caprichos, erros ou fissuras. A responsabilidade é enorme,
os prazos são apertados, o desafio é grande.
A metodologia que vamos desenvolver é inovadora, sem
precedentes: vamos juntar pessoas jovens, até aos 35 anos
e pessoas menos jovens, entre os 55 e os 64, que possuam
uma formação qualificada e não tenham emprego, e
vamos dar-lhes a oportunidade de criarem uma empresa,
juntos.
Como ficou patente no filme, trata-se de encontrar aquele
ponto de harmonia e eficácia que dá corpo e consistência à
obra. No início, a timidez, a prudência, o individualismo.
No final a interação total, a entrega, o ritmo em uníssono,
cadenciado e fluido.

18
Exmo. Senhor Provedor,
Exmo. Sr. Presidente da Câmara,
Senhoras e Senhores Deputados,
Amigas e amigos
Termino.

O BIS une já 27 parceiros aos quais se juntaram 14 na zona
do Porto. Nunca antes se agregou tanto capital e ativos em
torno de uma série de ações concretas, que levam nelas
projetos com nomes e apelidos, propostas legislativas
inovadoras, um capital financeiro real, que é apoiada
materialmente pela União Europeia e está em linha com o
que outros países, que começaram antes de nós, estão
agora a fazer.
O nosso objetivo é desafiar o imobilismo, contrariar o
pessimismo, romper o status quo, dinamizar as
19
oportunidades, operacionalizar a esperança e concretizar
os sonhos.

Mas inovar não é fácil. Não possui um manual de
instruções, não é pacífico, causa estranheza, é polémico. É
um risco. Mas é necessário. É essencial. É uma condição de
sobrevivência, um guião de desenvolvimento económico e
social. No caso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,
que inova há mais de 500 anos e que tem estado sempre
na vanguarda das novas respostas sociais, é uma
responsabilidade.

O projeto que hoje vos apresentamos é uma oportunidade
que é fruto dessa mesma responsabilidade: num país à
procura de respostas para os seus desafios e necessidades,
algumas delas urgentes e graves, como as que a Maria
João, o Jorge, o Francisco, o João, a Ana e a Amélia
simbolizam, esta é a resposta do Banco de Inovação Social

20
e o projeto que vos apresentamos, mais um dos seus
contributos.

O vosso, está nas vossas mãos. A questão está em fazer
com que o nosso contributo, com o vosso e o de outros,
dê resultados tangíveis para que seja assim, também,
uma solução para todos.

Muito obrigada.
________________

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Intervenção diretorascml projetouaw 02 12 13

  • 1. Apresentação do projeto UAW-United at work Lisboa, 2 de dezembro de 2013 Museu da Eletricidade Maria do Carmo Marques Pinto Diretora do Empreendedorismo e Economia Social Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Presidente do Conselho Operacional do BIS Maria João, 29 anos, arquiteta a recibos verdes num dos ateliers estrela dos loucos anos do cimento armado. Dispensada, recém-regressada ao quarto de solteira, desalojada a irmã mais nova, os créditos assumidos pelos pais, trigésima quinta vez que lhe é dito que, apesar do portfolio, da boa vontade, das línguas que fala e do preço de saldo a que está disposta a vender o que sabe, lamentam não poder, neste momento contratá-la, a crise, o mercado, ou a falta dele, a incerteza. 1
  • 2. Jorge, 52 anos, após 25 anos de escalada profissional, finalmente diretor de marketing estratégico dos novos projetos de um conglomerado automóvel europeu de renome, salário luxuoso, carro topo de gama, complemento de representação, cartão de crédito, bónus, seguro de doença e de vida. Acolhido por um amigo caridoso, à procura de qualquer emprego, três filhos que trocaram a escola internacional pela pública, várias faturas mensais de um divórcio generoso por pagar, a dispensa vazia, reduzido a 3 cigarros diários, não sabe mesmo se irá sobreviver. João, Francisco e Ana, entre os 23 e os 25 anos, nos últimos anos do curso de gestão, após um começo involuntário, na esteira de um negócio social cujo êxito assentava numa generosa rede bem instalada de amigos dos pais. Agora esses generosos amigos escondem-se, já não é tão fácil conseguir apoios, a energia esgota-se, interrogam-se em círculo vicioso, tudo o que fizemos e conseguimos para nada? Tem que haver um caminho! 2
  • 3. Amélia, 58 anos, quadro superior de uma instituição bancária em fusão, os filhos colocados, despiu-se do emprego, lançou-se na onda das pré-reformas, apanhou-a e estava pronta a cavalgá-la para realizar o sonho da vida. Até encolhia os ombros sorridente às recomendações, advertências, e premonições agoirentas, sabia o que queria mas o marido, agora, está em vias de ser despedido, os filhos emigraram para onde há trabalho ou emprego, o dinheiro do capital que tinha começa a ir para o dia-a-dia e ela sente que falta algo, alguém que a ajude a dar o passo, senão…Anda à procura. Andam todos à procura. O Portugal com formação, com experiência, com vidas por começar ou com vidas de êxito interrompidas, anda à procura dessa famosa oportunidade que a crise abre, à força de encerrar as que estavam abertas. 3
  • 4. A oportunidade, no entanto, está dentro deles. Nós apenas podemos ajudar – e estamos empenhados em fazê-lo – a pensar, organizar, testar, corrigir, aconselhar, abrir portas, investir. Todos falam dessas famosas oportunidades. E as oportunidades parecem um caleidoscópio de conceitos vagos, retóricos, redondos, discursados com ênfase, tecidos de malhas administrativas nas quais as pontas de acesso e saída são difíceis de encontrar, há prémios para tudo, galas, TED-talks, concursos, certificados mas tudo fica aquém daquilo que a Amélia, o João, o Francisco e a Ana, a Maria João e o Jorge precisam, querem, imaginam, sonham e estão dispostos a fazer. Eles interrogam-se, interrogamo-nos todos, andamos todos à procura, neste país, não são só eles, quantos de nós, nesta sala, não fomos já tertulianos de oportunidades, de caminhos, participantes ou organizadores de iniciativas deste vocábulo que já começa a soar a gasto e estafado do 4
  • 5. empreendedorismo, que não sai dos salões, não desce à rua, não vai ao encontro das expetativas da Maria João ou não disponibiliza os instrumentos de que a Amélia precisa e não obriga o João, o Francisco e a Ana a descerem à terra, à realidade e não sabem aproveitar as valências do Jorge, capital humano do melhor, abandonado à caridade. Queremos que existam mais empresas, temos uma imperiosa necessidade de mais e melhores empresas, sabemos todos que sem elas o país não gera riqueza e trabalho suficientes para deixar de viver ao sabor das recomendações frias, implacáveis e indiferentes de quem nos tutela. Sabemos que o que fizemos até hoje, entre todos, não nos dá as respostas. Nenhum Programa de empreendedorismo, nenhum Concurso de Ideias, nenhum Prémio, nenhum esquema de apoio teve o êxito que justificasse o investimento que neles foi feito, o tempo que neles foi gasto, as expetativas que foram criadas, os milhares de linhas que foram anunciadas, as histórias que foram noticiadas. 5
  • 6. Não estão, nesta sala todos os Portugueses, mas os Portugueses que estão, sabem bem que, em consciência, todos somos responsáveis pelo caleidoscópio retórico que organizámos em torno do conceito brilhante mas insuficiente do empreendedorismo, que agora temos vestido e que ao olharmos no espelho nos parece gasto e estafado. A Maria João, a Amélia, o Jorge, o Francisco, a Ana e o João não vão encontrar um emprego. Quando amanhecem, todos os dias, sabem que essa solução, a cada dia que passa, se torna cada vez mais e mais uma hipótese remota. O seu sonho, em mãos alheias, está agora apenas nas suas mãos. Mãos que vamos precisar. Capital que o país inteiro precisa. É nele que temos que investir. Mas não da forma inconsequente como investimos até hoje. A crise, se para algo serve, é para acordar as consciências e obrigar-nos a 6
  • 7. olhar, de forma responsável, para as faturas que oneram o nosso modelo de desenvolvimento.  Que as faturas que vamos ter que pagar, entre todos, sejam para que a Maria João, a Amélia, o Jorge, o Francisco, o João e a Ana construam um sonho real, uma empresa sustentável que possa alimentar, dia após dia, os seus sonhos e os sonhos de outros, e entrem como números reais para as expetativas de riqueza que anualmente são projetadas no orçamento do Estado e da Segurança Social.  Que o percurso de investimento que vamos ter que fazer para que essas empresas se constituam, ultrapassem o limiar da sustentabilidade, sobrevivam e cresçam, possa ser traçado, seguido, monitorizado e recuperado para ser de novo investido e assim sucessivamente.  Que o apoio que irá ser dado, não seja um apoio inconsequente e para alimentar quadros estatísticos que ninguém controla, ninguém aprofunda, contesta ou rende contas. A Maria João poderá precisar de uma 7
  • 8. quantia importante para desenvolver a sua empresa mas se nos limitarmos apenas a facilitar-lhe uma quantia em dinheiro e não a ajudarmos a ser empresária, a não passar do sonho à realidade, essa quantia …terá servido para quê? Temos que inovar, temos que pensar diferente, temos que deitar um novo olhar sobre os cenários de sempre, temos que saber construir, operacionalizar a criatividade e dar pernas e pés ao sonho que todos, eles, eu, vós, nós, temos dentro de nós e que está nas pontas dos nossos dedos, pronto a ser tocado… Filme (Crt. + clique – ir para a ligação) http://youtu.be/bHeMnSbTNX0 8
  • 9. Exmo Senhor Provedor, Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Exmos Senhores Deputados Exmos Srs. Membros da Mesa da Santa Casa, Senhoras e Senhores Amigas e amigos Este brevíssimo filme que apresentámos vale como símbolo da proposta que temos para fazer à Maria João, ao Jorge, à Amélia, ao Francisco, ao João e à Ana, personagens de ficção de uma realidade que é, porém, vivida quotidianamente pelos talentos que se poderiam complementar mas que estamos a deixar que se nos escorreguem entre os dedos. Nos bastidores do filme existe um projeto que há meses que está a ser concebido e trabalhado por uma Equipa pequena que lhe dedicou o entusiasmo, o talento, o conhecimento e a experiência que tinha e à qual rendo 9
  • 10. publicamente a justa homenagem, dela destacando o Gustavo Freitas, a Ana Polido, o Ricardo Medeiros e o Rui Ventura. Foram horas e dias, com os parceiros a construir as ferramentas e o enquadramento que hoje colocamos ao serviço de todas as Maria Joãos e Amélias e Franciscos e Jorges de Portugal. Planeámos, discutimos, organizámos, tecemos, construímos, a partir da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um eco-sistema que está concebido até à sua mais profunda estrutura molecular, para fabricar em série empresas sociais inovadoras e sustentáveis, capazes de transformar os sonhos destes candidatos a empresários em realidade e ao mesmo tempo criar um novo modelo de resposta social às necessidades, oportunidades e desafios culturais, sociais e económicos aos quais o nosso país se enfrenta. Para isso, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa criou o Banco de Inovação Social, uma plataforma agregadora de parceiros institucionais, empresariais, do terceiro setor e 10
  • 11. da academia. Alargada há pouco ao Porto, com epicentro na sua Santa Casa da Misericórdia, e que reúne um núcleo duro invejável de autarquias, Universidades, Fundações e empresas. As atribuições legais, as infraestruturas logísticas, o conhecimento, a experiência, as redes de contactos, a capacidade de atuação, de difusão, a influência institucional, o prestígio, o capital humano, a autoridade moral de que dispomos, em conjunto, todos os parceiros do Banco de Inovação Social, são ativos cujo valor é incalculável e que nunca poderá ser fielmente traduzido em Euros. São eles que formam o capital do Banco de Inovação Social e é com estes ativos que estamos já a dar os primeiros passos no investimento que estamos a fazer para alcançarmos esse objetivo que serve o país: 11
  • 12. A criação de empresas capazes de transformar as necessidades, os problemas e desafios societais com que Portugal se enfrenta em oportunidades capazes de gerar riqueza e criação de emprego sustentáveis e criar impacto e valor social na Comunidade. O eco-sistema cobre todos os aspetos necessários à promoção da inovação social e das soluções que vão transformar a criatividade, o talento e o conhecimento em novos serviços, novos produtos, novas respostas. Em primeiro lugar através do Programa de Empreendedorismo Social cujo objetivo é precisamente o de capacitar e investir não já na Maria João, o Francisco, o Manuel ou a Ana fictícios mas sim na Maria de Fátima Moreira da Costa, no Steve Bird, no João Oliveira, no Henrique Passão, na Gabriela Postolache, na Ana Catarina Simões, na Inês Vieira, na Rita Batista, no João Carlos Rocha, entre outros, todos eles aprendizes de empresários 12
  • 13. e membros da Comunidade Empresarial BIS, a plataforma que desenvolvemos para acolher estes projetos na fase piloto. Estes empresários apresentaram no dia 26 os seus pedidos de apoio, agora compete-nos a nós, parceiros do BIS, de investir, no sentido lato, nestes projetos, com os ativos que temos para que as empresas que projetaram, atinjam o ponto de sustentabilidade. Criámos um Programa de promoção de uma cultura de inovação social. Programa este que, em prol das gerações futuras, vai investir na educação de inovadores sociais, pessoas que aprendam a encontrar respostas para os desafios e as necessidades com que se enfrentam na sua Comunidade escolar, no seu bairro, na sua cidade, no país. É um investimento a longo prazo, sistemático, paulatino, paciente, perseverante mas compensador. Porque é necessário que aprendamos que não existe um alguém todo-poderoso, uma entidade, o Estado, cuja obrigação é 13
  • 14. resolver a nossa vida, os nossos problemas, as nossas necessidades. Estamos neste momento, e de forma pioneira, a criar o primeiro Fundo de Investimento Social do país. Não há precedente, não há legislação, não há ainda competência específica, não há experiência. Fomos a Londres, junto das entidades que há já mais de dez anos que criaram as condições e os instrumentos para investir nas iniciativas socialmente inovadoras, para conhecer e aprender. Apresentámo-nos a uma linha de financiamento da União Europeia para poder desenvolver a criação deste Fundo da forma mais profissional possível e com a qualidade e impacto que deve ter. Este Fundo, uma vez constituído legalmente, quer apresentar-se ao Estado como o parceiro idóneo para aplicar os fundos sociais a que Portugal tem direito como membro da União Europeia. E quer que todos os Portugueses, cidadãos e empresas, encontrem nele o 14
  • 15. veículo de expressão mais efetiva, mais rigorosa, mais impactante da sua solidariedade. Finalmente, criámos o Programa de Experimentação e Inovação Social, cujo primeiro projeto é o UAW-United at Work, que hoje vos apresentamos e que esperamos que possa vir a ser uma forma inovadora, sustentável e eficaz de criar novas empresas. O seu pressuposto é simples, um pressuposto que assenta naquilo que é o cerne da razão de ser da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que é partilhada por todos os parceiros do projeto e do BIS: O Ser humano. A extraordinária força, energia, sabedoria, impetuosidade, perseverança, conhecimento e experiência que está encerrada no capital humano representado nestas duas gerações afastadas pela idade e pela experiência de vida: os jovens até aos 35 anos e os seniores entre 55 e 64, o melhor capital de conhecimento e experiência jamais reunidos na nossa História. 15
  • 16. É uma experiência, um teste, a forma mais responsável e credível de comprovar a eficácia e idoneidade de novos modelos de apoio à criação de empresas: durante dois anos vamos trabalhar afincadamente, diariamente e empenhadamente, na identificação de oportunidades, na capacitação dos seus promotores, na disponibilização de estruturas e logística que permitam extrair de ambas as gerações o sonho melhor que têm e dar-lhe a consistência e sustentabilidade de que precisa para ser viável. A União Europeia, através do Programa PROGRESS financia esta experiência por considera-la inovadora, a mais inovadora e consistente das 128 candidaturas de todos os Estados membros que foram analisadas e das 5 que estão a ser financiadas. Isso significa que acertámos em cheio. Queria por isso dar uma palavra de agradecimento aos parceiros operacionais, a começar pela Câmara Municipal de Lisboa, aqui representada pelo seu Presidente, Dr. 16
  • 17. António Costa, à Fundação Calouste Gulbenkian, ao Dr. Pedro Rocha Vieira, da Beta-i e a toda a equipa da Dinamia-set do ISCTE. Uma palavra especial para os nossos parceiros internacionais, a Fundação La Caixa, de Barcelona, representada pelo Sr. Albert Soria e também à Fundação Beth Johnson, na pessoa do Dr. Alan Hattan-Yeo. Quero também agradecer a todos os parceiros estratégicos, o Programa +e+i, o IEFP, a Fundação INATEL, a CASES, o ACIDI e a CIG. Não seria justo não realçar o apoio institucional que recebemos tanto do Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social como da Representação Permanente de Portugal em Bruxelas. Um apoio incansável, incondicional e certeiro. Estamos inequivocamente à altura do que se projeta na Europa quando o êxito é trabalhado em conjunto, em cadeia, em sintonia. Quisemos, podemos, conseguimos. Quando queremos, somos os melhores. 17
  • 18. Que este facto sirva de estímulo mas também de aviso: não podemos falhar. No campeonato dos melhores não há espaço para amadorismos, nem tempo para desleixos, caprichos, erros ou fissuras. A responsabilidade é enorme, os prazos são apertados, o desafio é grande. A metodologia que vamos desenvolver é inovadora, sem precedentes: vamos juntar pessoas jovens, até aos 35 anos e pessoas menos jovens, entre os 55 e os 64, que possuam uma formação qualificada e não tenham emprego, e vamos dar-lhes a oportunidade de criarem uma empresa, juntos. Como ficou patente no filme, trata-se de encontrar aquele ponto de harmonia e eficácia que dá corpo e consistência à obra. No início, a timidez, a prudência, o individualismo. No final a interação total, a entrega, o ritmo em uníssono, cadenciado e fluido. 18
  • 19. Exmo. Senhor Provedor, Exmo. Sr. Presidente da Câmara, Senhoras e Senhores Deputados, Amigas e amigos Termino. O BIS une já 27 parceiros aos quais se juntaram 14 na zona do Porto. Nunca antes se agregou tanto capital e ativos em torno de uma série de ações concretas, que levam nelas projetos com nomes e apelidos, propostas legislativas inovadoras, um capital financeiro real, que é apoiada materialmente pela União Europeia e está em linha com o que outros países, que começaram antes de nós, estão agora a fazer. O nosso objetivo é desafiar o imobilismo, contrariar o pessimismo, romper o status quo, dinamizar as 19
  • 20. oportunidades, operacionalizar a esperança e concretizar os sonhos. Mas inovar não é fácil. Não possui um manual de instruções, não é pacífico, causa estranheza, é polémico. É um risco. Mas é necessário. É essencial. É uma condição de sobrevivência, um guião de desenvolvimento económico e social. No caso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que inova há mais de 500 anos e que tem estado sempre na vanguarda das novas respostas sociais, é uma responsabilidade. O projeto que hoje vos apresentamos é uma oportunidade que é fruto dessa mesma responsabilidade: num país à procura de respostas para os seus desafios e necessidades, algumas delas urgentes e graves, como as que a Maria João, o Jorge, o Francisco, o João, a Ana e a Amélia simbolizam, esta é a resposta do Banco de Inovação Social 20
  • 21. e o projeto que vos apresentamos, mais um dos seus contributos. O vosso, está nas vossas mãos. A questão está em fazer com que o nosso contributo, com o vosso e o de outros, dê resultados tangíveis para que seja assim, também, uma solução para todos. Muito obrigada. ________________ 21