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502 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7
Introdução
Os eventos de branquea-
mento têm sido registrados
desde 1970 (Glynn, 1993),
porém apenas a partir da dé-
cada de 1980 eles tornaram-
se freqüentes e severos (Go-
reau e Hayes, 1994). Esse
fenômeno vem ocorrendo em
recifes de coral de diversas
regiões do globo, e em mui-
tas delas já foi observada
considerável mortalidade de
corais (Brown, 1997b). O
branqueamento é caracteri-
zado pela despigmentação
do coral em conseqüência da
desestabilização da relação
existente entre o coral e suas
algas simbiontes, resultando
em perda de zooxantelas e/
ou dos seus pigmentos fotos-
sintetizantes (Fitt et al., 1993;
Muller-Parker e D’Elia, 1997;
Fagoonee et al., 1999).
Distúrbios ambientais re-
lacionados às mudanças nos
parâmetros físicos ou quí-
PALAVRAS-CHAVE / Branqueamento de Coral / Guarajuba / Siderastrea spp / Zooxantelas /
Recebido: 11/12/2007. Modificado: 08/05/2009. Aceito: 07/07/2009.
Carolina Poggio. Bacharel em
Ciências Biológicas e Mestre
e Doutoranda em Geologia
Marinha, Universidade Fede-
ral da Bahia (UFBA), Brasil.
Endereço: R. Barão de Gere-
moabo, s/nº. CEP: 40170-280.
Salvador-Bahia-Brasil. e-mail:
cpoggio77@yahoo.com.br.
0378-1844/09/07/502-05 $ 3.00/0
micos do ambiente marinho
são considerados como causas
principais do branqueamento
(Westmacott et al., 2000).
Alguns trabalhos apontam
o aumento da temperatura
superficial da água do mar
(TSM) como o fator central
provocador do branqueamen-
to, sendo portanto o mesmo
um fenômeno global (Glynn,
1991; Souter e Lindén, 2000;
Woesik, 2001). No entanto,
variações locais de parâmetros
ambientais, como salinidade
e temperatura podem causar
eventos isolados de branque-
amento (Hoegh-Guldberg e
Smith, 1989; Glynn, 1996).
Há que se ressaltar aqui, tam-
bém, os efeitos dos impactos
antropogênicos locais, como,
por exemplo, o soterramento
de colônias devido à sedimen-
tação (Cortés e Risk, 1985).
A primeira referência sobre
branqueamento de coral no
Brasil foi para a região su-
deste durante o verão de 1994
(Migotto, 1997). Este autor
observou que o branqueamen-
to do coral Mussismilia his-
pida se deu alguns dias após
a ocorrência de anomalias
térmicas da água superficial
do mar, da ordem de 2,4°C
acima da média normal, du-
rante o verão. Posteriormente,
Castro e Pires (1999), Dutra et
al. (2000), Leão et al. (2003,
2008) e Kikuchi et al. (2004)
registraram branqueamento
de coral em vários recifes ao
longo da costa do estado da
Bahia, em graus mais intensos
durante os anos quando houve
anomalias térmicas da água
do mar iguais ou superiores a
1o
C, particularmente nos anos
de 1994, 1998, 2003 e 2005.
Na costa nordeste do Brasil,
Costa et al. (2001) observaram
branqueamento em Siderastrea
stellata no recife da praia de
Gaibu (Pernambuco) no ano
de 1996.
A maior parte dos traba-
lhos realizados no Brasil so-
Zelinda Leão. Ph.D. em Geo-
logia Marinha, Universidade
de Miami, EEUU. Professora,
UFBA, Brasil.
Paulo Mafalda-Junior. Doutor
em Oceanografia Biológica,
Fundação Universidade Federal
do Rio Grande, Brasil. Profes-
sor, UFBA, Brasil.
bre o assunto utilizou, ape-
nas, a avaliação visual para
medir o grau e a ocorrência
de branqueamento em co-
rais. Entretanto, as variações
nas densidade de zooxante-
las é considerada por muitos
pesquisadores (Glynn, 1993;
Stimson, 1997; Berkelmans y
Willis, 1999), como uma das
principais formas de diag-
nóstico do branqueamento
em corais. No Brasil, apenas
o trabalho de Costa et al.
(2001) abordou o fenômeno
levando em consideração a
densidade desses simbiontes.
O objetivo deste trabalho
foi investigar a ocorrência
de branqueamento em Side-
rastrea spp. em poças inter-
mareais do topo do recife de
Guarajuba, Bahia, tomando
como base a densidade das
zooxantelas e avaliar sua re-
lação com algumas variáveis
ambientais, particularmen-
te temperatura, salinidade
e pH.
REGISTRO DE BRANQUEAMENTO SAZONAL EM Siderastrea spp.
EM POÇAS INTERMAREAIS DO RECIFE DE GUARAJUBA,
BAHIA, BRASIL
Carolina Poggio, Zelinda Leão e Paulo Mafalda-Junior
RESUMO
O fenômeno do branqueamento em corais é caracterizado
pela despigmentação da colônia em conseqüência da desesta-
bilização da relação simbiótica entre o coral e as zooxantelas,
resultando em perda desses simbiontes e/ou dos seus pigmentos
fotossintetizantes. O presente trabalho teve como objetivo ava-
liar se o branqueamento das colônias do coral Siderastrea spp.,
observado nas poças intermareais do topo do recife de Guara-
juba, ocorreu em função das variações sazonais da temperatura,
salinidade e pH. A avaliação foi efetuada mediante análise da
densidade das zooxantelas em amostras do coral coletadas no
período de março de 2005 a março de 2006. Dentre os parâ-
metros analisados, a temperatura da água das poças foi o que
variou mais significativamente. A densidade das zooxantelas foi
maior nas colônias coletadas no mês mais frio (junho/05). Nos
meses em que a temperatura da água das poças foi mais alta
as contagens celulares foram baixas, evidenciando, assim, perda
de zooxantelas.
503JUL 2009, VOL. 34 Nº 7
Material e Métodos
O recife da praia de Guara-
juba situa-se no Litoral Norte
da Bahia (12°30’S e 37°30’O)
e caracteriza-se como um am-
biente que permanece exposto
subaereamente durante as ma-
rés baixas de sizígia (Figura
1), formando inúmeras poças
de maré. As coletas foram
realizadas entre os meses de
março de 2005 e março de
2006, sempre no primeiro
mês de cada estação do ano
(outono, inverno, primavera
e verão), em três dessas po-
ças de maré onde era maior
a concentração de exemplares
das espécies pertencentes ao
complexo Siderastrea spp.
Em cada poça foram amos-
trados aleatoriamente 3 frag-
mentos de 3 colônias de Si-
derastrea spp., medindo cada
um cerca de 3cm de diâmetro.
Os fragmentos foram fotogra-
fados, usando-se uma régua
graduada como escala e em
seguida, acondicionados em
vasilhas plásticas etiquetadas,
contendo água do mar, para
serem conduzidos ao labora-
tório. Concomitantemente às
coletas, foram aferidas a tem-
peratura da água, a salinidade
e o pH.
O tecido superficial dos
fragmentos coletados foi ex-
traído em laboratório no má-
ximo após quatro horas da
coleta, usando um Water Pick
(Berkelmans e Willis, 1999;
Fitt et al., 2000; Costa, 2001;
Costa et al., 2005). O volume
do extrato foi anotado e o ma-
terial extraído foi preservado
em formol a 4%. Os esque-
letos dos fragmentos do coral
foram tratados com hipoclo-
rito de sódio, calculando-se
em seguida a sua área através
do método descrito em Marsh
(1970).
As zooxantelas foram conta-
das em uma câmera de Fuchs-
Rosenthal, sob microscópio
óptico (Olympus). O resultado
da contagem das zooxantelas
foi expresso em número de
zooxantelas × cm-2
× ml-1
. Fo-
ram realizadas quatro réplicas
para o cálculo da média, ou
seja, quatro lâminas para cada
colônia.
Para explicar a intensidade
e o tipo (positiva ou negativa)
de associação existente entre
duas variáveis quantitativas
foram utilizados os coeficien-
tes de correlação de Pearson
entre os parâmetros, sendo a
densidade das zooxantelas a
variável dependente e os fa-
Figura 1. Localização do recife estudado, no litoral norte do estado da Bahia
(mapa modificado de Leão et al., 2003).
RECORD OF SEASONAL BLEACHING IN Siderastrea spp. FROM TIDAL POOLS OF THE GUARAJUBA REEF,
BAHIA, BRAZIL
Carolina Poggio, Zelinda Leão and Paulo Mafalda-Junior
SUMMARY
Coral bleaching is a phenomenon characterized by the lack of
pigmentation in the coral tissue due to the loss of the existing
relationship between corals and their symbiotic zooxanthellae,
resulting in loss of zooxanthellae and/or of its photosynthetic
pigments. The purpose of the present work was to evaluate if
bleaching of Siderastrea spp. colonies from the tidal pools of the
Guarajuba Reef top, occurred as a result of seasonal variations
of sea water parameters such as temperature, salinity and pH.
The evaluation was based upon measurement of the density of
zooxanthellae in the coral samples, which were collected in the
tidal pools during low spring tides, from March 2005 to March
2006. Amongst the analyzed parameters, sea water temperature
varied more significantly. Considering the density of the symbi-
otic zooxanthellae, the results indicated that it was higher in the
colonies collected in the coldest month (June/05) of the studied
period than in the other months, when water temperature in the
tidal pools was warmer, thus characterizing a seasonal influence
in the bleaching of coral colonies.
REGISTRO DE LA DECOLORACIÓN ESTACIONAL EN Siderastrea spp. DE POZAS DE MAREA DEL ARRECIFE DE
GUARAJUBA, BAHÍA, BRASIL
Carolina Poggio, Zelinda Leão y Paulo Mafalda-Junior
RESUMEN
El fenómeno de blanqueamiento en corales se caracteriza por
la despigmentación de la colonia debido a la desestabilización
de la relación simbiótica entre los corales y zooxantelas, lo cual
resulta en la pérdida de simbiontes y/o de sus pigmentos fotosin­
tetizantes. El estudio tuvo como objetivo evaluar si la pérdida
de color en las colonias del coral Siderastrea spp. presentes en
las pozas de marea en la parte superior del arrecife de Gua-
rajuba, se produjo en función de los cambios estacionales de
temperatura, salinidad y pH. La evaluación se realizó mediante
el análisis de la densidad de zooxantelas en muestras de corales
recogidas de marzo de 2005 a marzo de 2006. Entre los pará-
metros analizados, la temperatura del agua de mar fue el que
varió más significativamente. La densidad de zooxantelas fue
mayor en las colonias recogidas en el mes más frío (junio/05).
En los meses en que la temperatura del agua de las piscinas de
marea fue mayor se evidenció la pérdida de zooxantelas.
504 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7
tores físico-químicos da
água as variáveis inde-
pendentes. Para avaliar
a existência de diferen-
ça significativa entre os
dados (densidade das
zooxantelas), durante os
meses de coleta, foi re-
alizado o teste ANOVA,
utilizando o programa
estatístico Graph Pad
Instat 3 for Windows,
juntamente com os tes-
tes de Bartlet para ve-
rificar a igualdade das
variâncias, o teste de
Kolmogorov-Smirnov
para verificar a normali-
dade dos dados e o teste
de Tukey-Kramer para
realizar a comparação
múltipla das médias.
Resultados e Discussão
Dentre os parâmetros
físico-químicos da água,
medidos nas poças do
topo do recife, a salini-
dade e o pH variaram
muito pouco durante
o período de estudo.
A salinidade apresen-
tou média mínima de
35,9psu em março/05 e o pH
apresentou média mínima
de 8,4 neste mesmo mês. O
valor máximo da média da
salinidade foi de 38psu em
março/06, juntamente com o
valor máximo da média do
pH, de 8,6. A temperatura foi
o parâmetro que apresentou
maior variação durante o pe-
ríodo de estudo, com a menor
média (28,3°C) ocorrendo em
junho/05 e a maior (33,3°C),
em dezembro/05 (Figura 2).
Situações semelhantes foram
encontradas por Santa-Isabel
(2001), em Guarajuba, nos
anos de 1996 e 1997. As ca-
racterísticas físico-químicas
deste ambiente recifal pare-
cem ser bastante estáveis, com
variações expressivas apenas
da temperatura que segue pa-
drões sazonais característicos
da região onde se encontra
inserido.
O branqueamento de coral
refere-se à perda das zooxan-
telas em resposta a um estres-
se ambiental (Fitt et al., 1993;
Glynn, 1993; Muller-Parker e
D’Elia, 1997; Fagoonee et al.,
1999). Assim, a densidade das
zooxantelas pode ser consi-
derada uma medida útil para
avaliar o grau de branquea-
mento em corais. Em geral,
a densidade normal das zoo-
xantelas nos tecidos de corais
zooxantelados fica em torno de
1,0×106
cm-2
de área superficial
do coral (Hoegh-Guldberg e
Smith, 1989; Glynn, 1996).
No presente trabalho as meno-
res médias da densidade das
zooxantelas chegaram a 0,57
zooxantelas×106
cm-2
e ocorre-
ram em dezembro/05, segui-
das de 0,59 em outubro/05, e
de 0,78 em outubro/06 (Figura
3), sendo que nessas condi-
ções as colônias ficam muito
pálidas, evidenciando a perda
de zooxantelas e de pigmentos
fotossintetizantes. Esses dados
estão abaixo dos valores con-
siderados normais, denotando,
assim, branqueamento.
O aumento da tempera-
tura da água superficial do
mar tem sido considerado um
dos fatores mais influentes
na densidade das zooxante-
las e, conseqüentemente, no
grau de branqueamento dos
corais (Brown, 1997a).
Muitos trabalhos apon-
tam eventos climáticos
globais como os prin-
cipais causadores des-
sas anomalias (Glynn,
1993). Apesar disso,
existem evidências de
que a densidade das
zooxantelas pode ser al-
tamente variável em es-
cala temporal e espacial
(Muller-Parker e D’Elia,
1997), e a perda ou ex-
pulsão das algas pode
ser considerada como
um mecanismo básico
do coral para regular
a densidade das mes-
mas em seus tecidos
(Fagoonee et al., 1999;
Baghdasarian e Musca-
tine, 2000).
Para que ocorra o
branqueamento em
massa e em escala glo-
bal é necessário que a
temperatura da água
superficial do mar
(TSM) aumente 1-2°C
acima da média da má-
xima temperatura sazo-
nal (Goreau e Hayes,
1994; Brown, 1997a).
Nessas condições, muitas co-
lônias podem branquear e até
morrer. Durante a realiza-
ção do presente trabalho as
anomalias da TSM, no litoral
norte da Bahia não chegaram
a atingir 1°C, ocorrendo uma
anomalia máxima de 0,50°C,
de acordo com indicações das
cartas de anomalias expostas
no portal: www.osdpd.noaa.
gov/PSB/EPS/SST/climahot.
html. Dessa forma, o bran-
queamento das colônias de
Siderastrea spp., no recife de
Guarajuba, não pode ser asso-
ciado a um estresse térmico
climático global.
De acordo com o resul-
tado do teste ANOVA exis-
te diferença temporal entre
os valores da densidade das
zooxantelas, a qual é alta-
mente significativa (α= 0,05;
p<0,001). O teste de compara-
ção múltipla de Tukey-Kramer
entre as médias dos dados
da densidade das zooxantelas
mostrou diferenças significa-
tivas apenas quando a média
de junho/05 foi comparada
com as médias dos outros me-
ses do período estudado (Ta-
bela 1). O mês de junho/05
foi caracterizado como sendo
o mais úmido e também foi
quando a temperatura da água
alcançou a temperatura mais
baixa, refletindo efeitos da
sazonalidade, característicos
da região. A densidade das
zooxantelas se portou de for-
ma inversa à temperatura da
água das poças do recife, ou
seja, quando a temperatura
aumentou a densidade das
zooxantelas diminuiu, apresen-
tando uma correlação negativa
e alta (r= -0,85) e estatistica-
mente significativa (p<0,001;
Figura 2. Distribuição temporal da média e do des-
vio padrão da temperatura, da salinidade e do pH
da água das poças do topo do recife de Guarajuba,
medidos durante o período compreendido entre março
de 2005 e março de 2006.
Figura 3. Variação temporal dos dados obtidos da
densidade das zooxantelas (zooxantelas × 106
cm-2
) das
amostras do coral Siderastrea spp. coletadas nas poças
do topo do recife de Guarajuba durante o período com-
preendido entre março de 2005 e março de 2006.
TABELA 1
COMPARAÇÃO MÚLTIPLA
(TESTE DE TUKEY-KRAMER)
ENTRE AS MÉDIAS DA DENSIDADE DAS
ZOOXANTELAS (ZOOXANTELAS×106
cm-2
)
DAS AMOSTRAS DE Siderastrea spp. DO RECIFE
DE GUARAJUBA OBTIDAS DURANTE O PERÍODO
MARÇO 2005 - MARÇO 2006
Comparações Diferença
entre médias
p
Mar/05 vs Jun/05 -1,0480 p<0,001***
Mar/05 vs Set/05 -0,4656 p>0,05 ns
Mar/05 vs Dez/05 0,0244 p>0,05 ns
Mar/05 vs Mar/06 -0,1900 p>0,05 ns
Jun/05 vs Set/05 0,5822 p<0,05 *
Jun/05 vs Dez05 1,0720 p<0,001***
Jun/05 vs Mar/06 0,8578 p<0,001***
Set/05 vs Dez/05 0,4900 p>0,05 ns
Set/05 vs Mar/06 0,2756 p>0,05 ns
Dez/05 vs Mar/06 -0,2144 p>0,05 ns
(p = probabilidade, * = significativo, *** = altamente significativo, ns =
não significativo).
505JUL 2009, VOL. 34 Nº 7
Figura 4). Este resultado
corrobora com achados
de Costa (2001) e Costa
et al. (2005) no recife
do Picãozinho (Paraíba),
quando associaram a re-
lação da densidade das
zooxantelas nas espé-
cies de coral Siderastrea
stellata, Montastraea
cavernosa, Mussismi-
lia harttii e M. hispi-
da, com a sazonalidade
ocorrida no local, onde
os menores valores das
médias da densidade de
zooxantelas ocorreram
no período mais seco e quente
do ano.
Como não ocorreram varia-
ções expressivas dos parâme-
tros de salinidade e pH, ava-
liados na água das poças do
recife de Guarajuba, o grau de
branqueamento registrado nas
amostras de Siderastrea spp.
esteve associado às variações
sazonais da temperatura da
água.
De acordo com Glynn
(1996) e Fitt et al. (2000)
durante eventos de branque-
amento o coral pode perder
60-90% de suas zooxantelas,
a depender da espécie de coral
em questão e da intensidade
do evento de branqueamento.
Valores mínimos de densidade
das zooxantelas nos períodos
mais quentes do ano e perda
de ~60% de zooxantelas na
espécie Acropora palmata
foram observados nos recifes
das Bahamas entre a estação
mais quente e a mais fria do
ano. No presente estudo, se o
valor médio da densidade das
zooxantelas encontrado no
período mais frio registrado
(junho/05) for considerado
como característico de colô-
nias sadias e se esse valor for
comparado com a menor mé-
dia da densidade encontrada
durante o período estudado,
verifica-se que as amostras
de Siderastrea spp. perderam
65% de suas zooxantelas du-
rante a estação mais quente
do ano, mas nenhuma delas se
apresentou totalmente branca.
Essa perda pode caracterizar
a ocorrência de um evento
de branqueamento, porém de
baixa intensidade, como o
branqueamento que ocorre
naturalmente durante as varia-
ções de temperatura da água
relacionadas à sazonalidade,
registrado da mesma forma
por Fitt et al. (2000).
Algumas colônias de Si-
derastrea spp. presentes no
recife de Guarajuba chegaram
a apresentar densidade de zoo-
xantelas <0,50×106
cm-2
em
seus tecidos, na estação mais
quente do ano (verão/05), e
chegaram a suportar varia-
ções diárias de temperatu-
ra da água das poças de até
5°C, com máxima chegando a
37°C no verão durante a baixa
mar. De acordo com Costa
e Amaral (2002), S. stella-
ta parece portar uma menor
densidade das zooxantelas,
quando comparada a outras
espécies de corais brasileiros,
tais como Mussismilia hispi-
da, M. harttii e Montastraea
cavernosa. Essa característica
poderia proporcionar a espécie
S. stellata melhores condições
de adaptabilidade frente às
perturbações ambientais, já
que a mesma sobrevive com
tão baixa densidade de seus
simbiontes. Segundo os auto-
res, o fenômeno de branque-
amento de S. stellata poderia
ter um papel menos traumáti-
co nas colônias, uma vez que
parece que a baixa densidade
das zooxantelas confere a esta
espécie um maior nível de re-
sistência ao estresse térmico.
Segundo Paulay e Benayahu
(1999), a resposta dos corais
ao branqueamento parece es-
tar parcialmente relacionada à
resistência das espécies às va-
riações ambientais. De acordo
com estes autores, corais que
vivem em ambientes expostos
a grandes flutuações de
temperatura, salinidade
e a radiação solar in-
tensa, tais como o topo
dos recifes, são geral-
mente menos afetados
pelo branqueamento.
Esse argumento pode
vir a explicar a capaci-
dade de resistência das
colônias de Siderastrea
spp. Inclusive, durante
o severo branqueamento
registrado em 1998 no
recife de Guarajuba, a
espécie S. stellata foi a
que apresentou o menor
percentual de branqueamento
em relação às outras espécies
estudadas, além disso, ela é
reconhecidamente a espécie
dominante do local (Dutra et
al., 2000), podendo tudo isso
estar relacionado à resistência
da espécie às variações am-
bientais.
Tanto S. stellata quanto S.
radians são espécies reco-
nhecidas como resistentes a
estresses ambientais (Leão
et al., 1988, Lirman et al.,
2002). Segundo West e Salm
(2003), a exposição constante,
ou a longo prazo, dos corais
a um estresse pode influen-
ciar na sua capacidade de
resistência, pois através da
aclimatação eles podem vir
a se adaptar e sobreviver sob
aquele estresse. Esse aspecto,
no entanto, precisa ser melhor
compreendido sobretudo para
não cair em generalizações
perigosas, principalmente em
se tratando de espécies en-
dêmicas, como a S. stellata,
embora a possibilidade dessa
espécie possuir um maior ní-
vel de resistência a fenômenos
como o branqueamento, venha
ser um aspecto interessante a
ser considerado.
Conclusões
- Entre os parâmetros ambien-
tais medidos a temperatura da
água foi o que mais variou
durante o período estudado.
- O branqueamento observado
nos corais estudados acompa-
nhou as variações sazonais da
temperatura da água, sendo
portanto, uma resposta natural
as mudanças neste parâmetro.
- Os cálculos da densidade
das zooxantelas podem ser
usados para caracterizar o
grau de branqueamento em
corais, desde que esses dados
sejam correlacionados com
os valores da temperatura da
água e mostrem relação inver-
sa significativa.
- O branqueamento observado
nas colônias de Siderastrea
spp. no recife de Guarajuba,
no período de março de 2005
e março de 2006, foi carac-
terizado como um episódio
sazonal.
- As espécies de Siderastrea
spp. que ocorrem em poças
intermareais dos recifes cos-
teiros, um ambiente fisicamen-
te variável, podem apresentar
uma maior resistência às va-
riações das condições ambien-
tais. Esta afirmativa corrobora
sugestões da literatura de que
S. stellata é um dos corais
brasileiros mais resistentes às
variações de temperatura e
salinidade das águas costeiras
do Brasil.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao
CNPq pelo fomento ao projeto
de pesquisa, a CAPES pela
bolsa de mestrado concedida
à primeira autora, à FAPESB
pela concessão de auxílio ao
projeto de mestrado, e a todos
os pesquisadores e colegas
que ajudaram de forma direta
ou indireta na conclusão desse
trabalho.
REFERÊNCIAS
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of dividing algal cells as a me-
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to reefs in recent times. Em
Birkeland C (Ed.) Life and
Death of Coral Reefs. Chap-
man & Hall. Nova Iorque,
EEUU. pp. 354-379.
Figura 4. Dispersão dos pontos da correlação entre a
temperatura da água e a densidade das zooxantelas
(zooxantelas×106
cm-2
) das amostras de Siderastrea
spp. do recife de Guarajuba durante o período com-
preendido entre março de 2005 e março de 2006 (r =
coeficiente de Pearson).
506 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7
Castro CB, Pires DO (1999) A
bleaching event on a Brazilian
coral reef. Rev. Bras. Oceano-
gr. 47: 87-90.
Cortés J, Risk MJ (1985) A reef
under siltation stress: Cahuita,
Costa Rica. Bull. Mar. Sci. 36:
339-356.
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noflagelados Simbióticos) Hos-
pedados por Corais (Cnidária
Scleractinia) dos Recifes do
Picãozinho, João Pessõa, Pa-
raíba, Brasil. Tese. Universi-
dade Federal da Paraíba. João
Pessõa, Brasil. 89 pp.
Costa CF, Amaral FMD (2002)
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  • 1. 502 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7 Introdução Os eventos de branquea- mento têm sido registrados desde 1970 (Glynn, 1993), porém apenas a partir da dé- cada de 1980 eles tornaram- se freqüentes e severos (Go- reau e Hayes, 1994). Esse fenômeno vem ocorrendo em recifes de coral de diversas regiões do globo, e em mui- tas delas já foi observada considerável mortalidade de corais (Brown, 1997b). O branqueamento é caracteri- zado pela despigmentação do coral em conseqüência da desestabilização da relação existente entre o coral e suas algas simbiontes, resultando em perda de zooxantelas e/ ou dos seus pigmentos fotos- sintetizantes (Fitt et al., 1993; Muller-Parker e D’Elia, 1997; Fagoonee et al., 1999). Distúrbios ambientais re- lacionados às mudanças nos parâmetros físicos ou quí- PALAVRAS-CHAVE / Branqueamento de Coral / Guarajuba / Siderastrea spp / Zooxantelas / Recebido: 11/12/2007. Modificado: 08/05/2009. Aceito: 07/07/2009. Carolina Poggio. Bacharel em Ciências Biológicas e Mestre e Doutoranda em Geologia Marinha, Universidade Fede- ral da Bahia (UFBA), Brasil. Endereço: R. Barão de Gere- moabo, s/nº. CEP: 40170-280. Salvador-Bahia-Brasil. e-mail: cpoggio77@yahoo.com.br. 0378-1844/09/07/502-05 $ 3.00/0 micos do ambiente marinho são considerados como causas principais do branqueamento (Westmacott et al., 2000). Alguns trabalhos apontam o aumento da temperatura superficial da água do mar (TSM) como o fator central provocador do branqueamen- to, sendo portanto o mesmo um fenômeno global (Glynn, 1991; Souter e Lindén, 2000; Woesik, 2001). No entanto, variações locais de parâmetros ambientais, como salinidade e temperatura podem causar eventos isolados de branque- amento (Hoegh-Guldberg e Smith, 1989; Glynn, 1996). Há que se ressaltar aqui, tam- bém, os efeitos dos impactos antropogênicos locais, como, por exemplo, o soterramento de colônias devido à sedimen- tação (Cortés e Risk, 1985). A primeira referência sobre branqueamento de coral no Brasil foi para a região su- deste durante o verão de 1994 (Migotto, 1997). Este autor observou que o branqueamen- to do coral Mussismilia his- pida se deu alguns dias após a ocorrência de anomalias térmicas da água superficial do mar, da ordem de 2,4°C acima da média normal, du- rante o verão. Posteriormente, Castro e Pires (1999), Dutra et al. (2000), Leão et al. (2003, 2008) e Kikuchi et al. (2004) registraram branqueamento de coral em vários recifes ao longo da costa do estado da Bahia, em graus mais intensos durante os anos quando houve anomalias térmicas da água do mar iguais ou superiores a 1o C, particularmente nos anos de 1994, 1998, 2003 e 2005. Na costa nordeste do Brasil, Costa et al. (2001) observaram branqueamento em Siderastrea stellata no recife da praia de Gaibu (Pernambuco) no ano de 1996. A maior parte dos traba- lhos realizados no Brasil so- Zelinda Leão. Ph.D. em Geo- logia Marinha, Universidade de Miami, EEUU. Professora, UFBA, Brasil. Paulo Mafalda-Junior. Doutor em Oceanografia Biológica, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Brasil. Profes- sor, UFBA, Brasil. bre o assunto utilizou, ape- nas, a avaliação visual para medir o grau e a ocorrência de branqueamento em co- rais. Entretanto, as variações nas densidade de zooxante- las é considerada por muitos pesquisadores (Glynn, 1993; Stimson, 1997; Berkelmans y Willis, 1999), como uma das principais formas de diag- nóstico do branqueamento em corais. No Brasil, apenas o trabalho de Costa et al. (2001) abordou o fenômeno levando em consideração a densidade desses simbiontes. O objetivo deste trabalho foi investigar a ocorrência de branqueamento em Side- rastrea spp. em poças inter- mareais do topo do recife de Guarajuba, Bahia, tomando como base a densidade das zooxantelas e avaliar sua re- lação com algumas variáveis ambientais, particularmen- te temperatura, salinidade e pH. REGISTRO DE BRANQUEAMENTO SAZONAL EM Siderastrea spp. EM POÇAS INTERMAREAIS DO RECIFE DE GUARAJUBA, BAHIA, BRASIL Carolina Poggio, Zelinda Leão e Paulo Mafalda-Junior RESUMO O fenômeno do branqueamento em corais é caracterizado pela despigmentação da colônia em conseqüência da desesta- bilização da relação simbiótica entre o coral e as zooxantelas, resultando em perda desses simbiontes e/ou dos seus pigmentos fotossintetizantes. O presente trabalho teve como objetivo ava- liar se o branqueamento das colônias do coral Siderastrea spp., observado nas poças intermareais do topo do recife de Guara- juba, ocorreu em função das variações sazonais da temperatura, salinidade e pH. A avaliação foi efetuada mediante análise da densidade das zooxantelas em amostras do coral coletadas no período de março de 2005 a março de 2006. Dentre os parâ- metros analisados, a temperatura da água das poças foi o que variou mais significativamente. A densidade das zooxantelas foi maior nas colônias coletadas no mês mais frio (junho/05). Nos meses em que a temperatura da água das poças foi mais alta as contagens celulares foram baixas, evidenciando, assim, perda de zooxantelas.
  • 2. 503JUL 2009, VOL. 34 Nº 7 Material e Métodos O recife da praia de Guara- juba situa-se no Litoral Norte da Bahia (12°30’S e 37°30’O) e caracteriza-se como um am- biente que permanece exposto subaereamente durante as ma- rés baixas de sizígia (Figura 1), formando inúmeras poças de maré. As coletas foram realizadas entre os meses de março de 2005 e março de 2006, sempre no primeiro mês de cada estação do ano (outono, inverno, primavera e verão), em três dessas po- ças de maré onde era maior a concentração de exemplares das espécies pertencentes ao complexo Siderastrea spp. Em cada poça foram amos- trados aleatoriamente 3 frag- mentos de 3 colônias de Si- derastrea spp., medindo cada um cerca de 3cm de diâmetro. Os fragmentos foram fotogra- fados, usando-se uma régua graduada como escala e em seguida, acondicionados em vasilhas plásticas etiquetadas, contendo água do mar, para serem conduzidos ao labora- tório. Concomitantemente às coletas, foram aferidas a tem- peratura da água, a salinidade e o pH. O tecido superficial dos fragmentos coletados foi ex- traído em laboratório no má- ximo após quatro horas da coleta, usando um Water Pick (Berkelmans e Willis, 1999; Fitt et al., 2000; Costa, 2001; Costa et al., 2005). O volume do extrato foi anotado e o ma- terial extraído foi preservado em formol a 4%. Os esque- letos dos fragmentos do coral foram tratados com hipoclo- rito de sódio, calculando-se em seguida a sua área através do método descrito em Marsh (1970). As zooxantelas foram conta- das em uma câmera de Fuchs- Rosenthal, sob microscópio óptico (Olympus). O resultado da contagem das zooxantelas foi expresso em número de zooxantelas × cm-2 × ml-1 . Fo- ram realizadas quatro réplicas para o cálculo da média, ou seja, quatro lâminas para cada colônia. Para explicar a intensidade e o tipo (positiva ou negativa) de associação existente entre duas variáveis quantitativas foram utilizados os coeficien- tes de correlação de Pearson entre os parâmetros, sendo a densidade das zooxantelas a variável dependente e os fa- Figura 1. Localização do recife estudado, no litoral norte do estado da Bahia (mapa modificado de Leão et al., 2003). RECORD OF SEASONAL BLEACHING IN Siderastrea spp. FROM TIDAL POOLS OF THE GUARAJUBA REEF, BAHIA, BRAZIL Carolina Poggio, Zelinda Leão and Paulo Mafalda-Junior SUMMARY Coral bleaching is a phenomenon characterized by the lack of pigmentation in the coral tissue due to the loss of the existing relationship between corals and their symbiotic zooxanthellae, resulting in loss of zooxanthellae and/or of its photosynthetic pigments. The purpose of the present work was to evaluate if bleaching of Siderastrea spp. colonies from the tidal pools of the Guarajuba Reef top, occurred as a result of seasonal variations of sea water parameters such as temperature, salinity and pH. The evaluation was based upon measurement of the density of zooxanthellae in the coral samples, which were collected in the tidal pools during low spring tides, from March 2005 to March 2006. Amongst the analyzed parameters, sea water temperature varied more significantly. Considering the density of the symbi- otic zooxanthellae, the results indicated that it was higher in the colonies collected in the coldest month (June/05) of the studied period than in the other months, when water temperature in the tidal pools was warmer, thus characterizing a seasonal influence in the bleaching of coral colonies. REGISTRO DE LA DECOLORACIÓN ESTACIONAL EN Siderastrea spp. DE POZAS DE MAREA DEL ARRECIFE DE GUARAJUBA, BAHÍA, BRASIL Carolina Poggio, Zelinda Leão y Paulo Mafalda-Junior RESUMEN El fenómeno de blanqueamiento en corales se caracteriza por la despigmentación de la colonia debido a la desestabilización de la relación simbiótica entre los corales y zooxantelas, lo cual resulta en la pérdida de simbiontes y/o de sus pigmentos fotosin­ tetizantes. El estudio tuvo como objetivo evaluar si la pérdida de color en las colonias del coral Siderastrea spp. presentes en las pozas de marea en la parte superior del arrecife de Gua- rajuba, se produjo en función de los cambios estacionales de temperatura, salinidad y pH. La evaluación se realizó mediante el análisis de la densidad de zooxantelas en muestras de corales recogidas de marzo de 2005 a marzo de 2006. Entre los pará- metros analizados, la temperatura del agua de mar fue el que varió más significativamente. La densidad de zooxantelas fue mayor en las colonias recogidas en el mes más frío (junio/05). En los meses en que la temperatura del agua de las piscinas de marea fue mayor se evidenció la pérdida de zooxantelas.
  • 3. 504 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7 tores físico-químicos da água as variáveis inde- pendentes. Para avaliar a existência de diferen- ça significativa entre os dados (densidade das zooxantelas), durante os meses de coleta, foi re- alizado o teste ANOVA, utilizando o programa estatístico Graph Pad Instat 3 for Windows, juntamente com os tes- tes de Bartlet para ve- rificar a igualdade das variâncias, o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normali- dade dos dados e o teste de Tukey-Kramer para realizar a comparação múltipla das médias. Resultados e Discussão Dentre os parâmetros físico-químicos da água, medidos nas poças do topo do recife, a salini- dade e o pH variaram muito pouco durante o período de estudo. A salinidade apresen- tou média mínima de 35,9psu em março/05 e o pH apresentou média mínima de 8,4 neste mesmo mês. O valor máximo da média da salinidade foi de 38psu em março/06, juntamente com o valor máximo da média do pH, de 8,6. A temperatura foi o parâmetro que apresentou maior variação durante o pe- ríodo de estudo, com a menor média (28,3°C) ocorrendo em junho/05 e a maior (33,3°C), em dezembro/05 (Figura 2). Situações semelhantes foram encontradas por Santa-Isabel (2001), em Guarajuba, nos anos de 1996 e 1997. As ca- racterísticas físico-químicas deste ambiente recifal pare- cem ser bastante estáveis, com variações expressivas apenas da temperatura que segue pa- drões sazonais característicos da região onde se encontra inserido. O branqueamento de coral refere-se à perda das zooxan- telas em resposta a um estres- se ambiental (Fitt et al., 1993; Glynn, 1993; Muller-Parker e D’Elia, 1997; Fagoonee et al., 1999). Assim, a densidade das zooxantelas pode ser consi- derada uma medida útil para avaliar o grau de branquea- mento em corais. Em geral, a densidade normal das zoo- xantelas nos tecidos de corais zooxantelados fica em torno de 1,0×106 cm-2 de área superficial do coral (Hoegh-Guldberg e Smith, 1989; Glynn, 1996). No presente trabalho as meno- res médias da densidade das zooxantelas chegaram a 0,57 zooxantelas×106 cm-2 e ocorre- ram em dezembro/05, segui- das de 0,59 em outubro/05, e de 0,78 em outubro/06 (Figura 3), sendo que nessas condi- ções as colônias ficam muito pálidas, evidenciando a perda de zooxantelas e de pigmentos fotossintetizantes. Esses dados estão abaixo dos valores con- siderados normais, denotando, assim, branqueamento. O aumento da tempera- tura da água superficial do mar tem sido considerado um dos fatores mais influentes na densidade das zooxante- las e, conseqüentemente, no grau de branqueamento dos corais (Brown, 1997a). Muitos trabalhos apon- tam eventos climáticos globais como os prin- cipais causadores des- sas anomalias (Glynn, 1993). Apesar disso, existem evidências de que a densidade das zooxantelas pode ser al- tamente variável em es- cala temporal e espacial (Muller-Parker e D’Elia, 1997), e a perda ou ex- pulsão das algas pode ser considerada como um mecanismo básico do coral para regular a densidade das mes- mas em seus tecidos (Fagoonee et al., 1999; Baghdasarian e Musca- tine, 2000). Para que ocorra o branqueamento em massa e em escala glo- bal é necessário que a temperatura da água superficial do mar (TSM) aumente 1-2°C acima da média da má- xima temperatura sazo- nal (Goreau e Hayes, 1994; Brown, 1997a). Nessas condições, muitas co- lônias podem branquear e até morrer. Durante a realiza- ção do presente trabalho as anomalias da TSM, no litoral norte da Bahia não chegaram a atingir 1°C, ocorrendo uma anomalia máxima de 0,50°C, de acordo com indicações das cartas de anomalias expostas no portal: www.osdpd.noaa. gov/PSB/EPS/SST/climahot. html. Dessa forma, o bran- queamento das colônias de Siderastrea spp., no recife de Guarajuba, não pode ser asso- ciado a um estresse térmico climático global. De acordo com o resul- tado do teste ANOVA exis- te diferença temporal entre os valores da densidade das zooxantelas, a qual é alta- mente significativa (α= 0,05; p<0,001). O teste de compara- ção múltipla de Tukey-Kramer entre as médias dos dados da densidade das zooxantelas mostrou diferenças significa- tivas apenas quando a média de junho/05 foi comparada com as médias dos outros me- ses do período estudado (Ta- bela 1). O mês de junho/05 foi caracterizado como sendo o mais úmido e também foi quando a temperatura da água alcançou a temperatura mais baixa, refletindo efeitos da sazonalidade, característicos da região. A densidade das zooxantelas se portou de for- ma inversa à temperatura da água das poças do recife, ou seja, quando a temperatura aumentou a densidade das zooxantelas diminuiu, apresen- tando uma correlação negativa e alta (r= -0,85) e estatistica- mente significativa (p<0,001; Figura 2. Distribuição temporal da média e do des- vio padrão da temperatura, da salinidade e do pH da água das poças do topo do recife de Guarajuba, medidos durante o período compreendido entre março de 2005 e março de 2006. Figura 3. Variação temporal dos dados obtidos da densidade das zooxantelas (zooxantelas × 106 cm-2 ) das amostras do coral Siderastrea spp. coletadas nas poças do topo do recife de Guarajuba durante o período com- preendido entre março de 2005 e março de 2006. TABELA 1 COMPARAÇÃO MÚLTIPLA (TESTE DE TUKEY-KRAMER) ENTRE AS MÉDIAS DA DENSIDADE DAS ZOOXANTELAS (ZOOXANTELAS×106 cm-2 ) DAS AMOSTRAS DE Siderastrea spp. DO RECIFE DE GUARAJUBA OBTIDAS DURANTE O PERÍODO MARÇO 2005 - MARÇO 2006 Comparações Diferença entre médias p Mar/05 vs Jun/05 -1,0480 p<0,001*** Mar/05 vs Set/05 -0,4656 p>0,05 ns Mar/05 vs Dez/05 0,0244 p>0,05 ns Mar/05 vs Mar/06 -0,1900 p>0,05 ns Jun/05 vs Set/05 0,5822 p<0,05 * Jun/05 vs Dez05 1,0720 p<0,001*** Jun/05 vs Mar/06 0,8578 p<0,001*** Set/05 vs Dez/05 0,4900 p>0,05 ns Set/05 vs Mar/06 0,2756 p>0,05 ns Dez/05 vs Mar/06 -0,2144 p>0,05 ns (p = probabilidade, * = significativo, *** = altamente significativo, ns = não significativo).
  • 4. 505JUL 2009, VOL. 34 Nº 7 Figura 4). Este resultado corrobora com achados de Costa (2001) e Costa et al. (2005) no recife do Picãozinho (Paraíba), quando associaram a re- lação da densidade das zooxantelas nas espé- cies de coral Siderastrea stellata, Montastraea cavernosa, Mussismi- lia harttii e M. hispi- da, com a sazonalidade ocorrida no local, onde os menores valores das médias da densidade de zooxantelas ocorreram no período mais seco e quente do ano. Como não ocorreram varia- ções expressivas dos parâme- tros de salinidade e pH, ava- liados na água das poças do recife de Guarajuba, o grau de branqueamento registrado nas amostras de Siderastrea spp. esteve associado às variações sazonais da temperatura da água. De acordo com Glynn (1996) e Fitt et al. (2000) durante eventos de branque- amento o coral pode perder 60-90% de suas zooxantelas, a depender da espécie de coral em questão e da intensidade do evento de branqueamento. Valores mínimos de densidade das zooxantelas nos períodos mais quentes do ano e perda de ~60% de zooxantelas na espécie Acropora palmata foram observados nos recifes das Bahamas entre a estação mais quente e a mais fria do ano. No presente estudo, se o valor médio da densidade das zooxantelas encontrado no período mais frio registrado (junho/05) for considerado como característico de colô- nias sadias e se esse valor for comparado com a menor mé- dia da densidade encontrada durante o período estudado, verifica-se que as amostras de Siderastrea spp. perderam 65% de suas zooxantelas du- rante a estação mais quente do ano, mas nenhuma delas se apresentou totalmente branca. Essa perda pode caracterizar a ocorrência de um evento de branqueamento, porém de baixa intensidade, como o branqueamento que ocorre naturalmente durante as varia- ções de temperatura da água relacionadas à sazonalidade, registrado da mesma forma por Fitt et al. (2000). Algumas colônias de Si- derastrea spp. presentes no recife de Guarajuba chegaram a apresentar densidade de zoo- xantelas <0,50×106 cm-2 em seus tecidos, na estação mais quente do ano (verão/05), e chegaram a suportar varia- ções diárias de temperatu- ra da água das poças de até 5°C, com máxima chegando a 37°C no verão durante a baixa mar. De acordo com Costa e Amaral (2002), S. stella- ta parece portar uma menor densidade das zooxantelas, quando comparada a outras espécies de corais brasileiros, tais como Mussismilia hispi- da, M. harttii e Montastraea cavernosa. Essa característica poderia proporcionar a espécie S. stellata melhores condições de adaptabilidade frente às perturbações ambientais, já que a mesma sobrevive com tão baixa densidade de seus simbiontes. Segundo os auto- res, o fenômeno de branque- amento de S. stellata poderia ter um papel menos traumáti- co nas colônias, uma vez que parece que a baixa densidade das zooxantelas confere a esta espécie um maior nível de re- sistência ao estresse térmico. Segundo Paulay e Benayahu (1999), a resposta dos corais ao branqueamento parece es- tar parcialmente relacionada à resistência das espécies às va- riações ambientais. De acordo com estes autores, corais que vivem em ambientes expostos a grandes flutuações de temperatura, salinidade e a radiação solar in- tensa, tais como o topo dos recifes, são geral- mente menos afetados pelo branqueamento. Esse argumento pode vir a explicar a capaci- dade de resistência das colônias de Siderastrea spp. Inclusive, durante o severo branqueamento registrado em 1998 no recife de Guarajuba, a espécie S. stellata foi a que apresentou o menor percentual de branqueamento em relação às outras espécies estudadas, além disso, ela é reconhecidamente a espécie dominante do local (Dutra et al., 2000), podendo tudo isso estar relacionado à resistência da espécie às variações am- bientais. Tanto S. stellata quanto S. radians são espécies reco- nhecidas como resistentes a estresses ambientais (Leão et al., 1988, Lirman et al., 2002). Segundo West e Salm (2003), a exposição constante, ou a longo prazo, dos corais a um estresse pode influen- ciar na sua capacidade de resistência, pois através da aclimatação eles podem vir a se adaptar e sobreviver sob aquele estresse. Esse aspecto, no entanto, precisa ser melhor compreendido sobretudo para não cair em generalizações perigosas, principalmente em se tratando de espécies en- dêmicas, como a S. stellata, embora a possibilidade dessa espécie possuir um maior ní- vel de resistência a fenômenos como o branqueamento, venha ser um aspecto interessante a ser considerado. Conclusões - Entre os parâmetros ambien- tais medidos a temperatura da água foi o que mais variou durante o período estudado. - O branqueamento observado nos corais estudados acompa- nhou as variações sazonais da temperatura da água, sendo portanto, uma resposta natural as mudanças neste parâmetro. - Os cálculos da densidade das zooxantelas podem ser usados para caracterizar o grau de branqueamento em corais, desde que esses dados sejam correlacionados com os valores da temperatura da água e mostrem relação inver- sa significativa. - O branqueamento observado nas colônias de Siderastrea spp. no recife de Guarajuba, no período de março de 2005 e março de 2006, foi carac- terizado como um episódio sazonal. - As espécies de Siderastrea spp. que ocorrem em poças intermareais dos recifes cos- teiros, um ambiente fisicamen- te variável, podem apresentar uma maior resistência às va- riações das condições ambien- tais. Esta afirmativa corrobora sugestões da literatura de que S. stellata é um dos corais brasileiros mais resistentes às variações de temperatura e salinidade das águas costeiras do Brasil. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelo fomento ao projeto de pesquisa, a CAPES pela bolsa de mestrado concedida à primeira autora, à FAPESB pela concessão de auxílio ao projeto de mestrado, e a todos os pesquisadores e colegas que ajudaram de forma direta ou indireta na conclusão desse trabalho. REFERÊNCIAS Baghdasarian G, Muscatine, L (2000) Preferential expulsion of dividing algal cells as a me- chanism for regulating algal- cnidarian symbiosis. Biol. Bull. 199: 278-286. Berkelmans R, Willis BL (1999) Seasonal and local spatial pat- terns in the upper thermal li- mits of corals on the inshore Central Great Barrier Reef. Coral Reefs 18: 219-228. Brown BE (1997a) Coral bleaching: causes and consequences. Co- ral Reefs 16: s129-s138. Brown BE (1997b) Disturbances to reefs in recent times. Em Birkeland C (Ed.) Life and Death of Coral Reefs. Chap- man & Hall. Nova Iorque, EEUU. pp. 354-379. Figura 4. Dispersão dos pontos da correlação entre a temperatura da água e a densidade das zooxantelas (zooxantelas×106 cm-2 ) das amostras de Siderastrea spp. do recife de Guarajuba durante o período com- preendido entre março de 2005 e março de 2006 (r = coeficiente de Pearson).
  • 5. 506 JUL 2009, VOL. 34 Nº 7 Castro CB, Pires DO (1999) A bleaching event on a Brazilian coral reef. Rev. Bras. Oceano- gr. 47: 87-90. Cortés J, Risk MJ (1985) A reef under siltation stress: Cahuita, Costa Rica. Bull. Mar. Sci. 36: 339-356. Costa CF (2001) Zooxantelas (Di- noflagelados Simbióticos) Hos- pedados por Corais (Cnidária Scleractinia) dos Recifes do Picãozinho, João Pessõa, Pa- raíba, Brasil. Tese. Universi- dade Federal da Paraíba. João Pessõa, Brasil. 89 pp. Costa CF, Amaral FMD (2002) Density and size differences in zooxanthellae from five reef- building coral species from Brazil. Proc. Int. Coral Reefs Symp. 9 Vol 1. Bali. Indonesia. pp. 159-162. Costa CF, Amaral FD, Sassi R (2001) Branqueamento de Si- derastrea stellata (Cnidária, Scleractinia) da praia de Gai- bu, Pernambuco, Brasil. Rev. Nordest. Biol. 15: 15-22. Costa CF, Sassi R, Amaral FMD (2005) Annual cycle of symbi- otic dinoflagellates from three species of scleractinian corals from coastal reefs of north- eastern Brazil. Coral Reefs 24: 191-193. Dutra LXM, Kikuchi RKP, Leão ZMAN (2000) Thirteen months monitoring coral bleaching on Bahia’s north coast, Brazil. Proc. Int. Coral Reefs Symp. 9. Vol 1. Bali, Indonesia. p. 373. Fagoonee IHB, Wilson MP, Hassell B, Turner JR (1999) The dyna- mics of zooxanthellae popula- tions: a long-term study in the field. Science 283: 843-845. Fitt WK, Spero HJ, Halas J, White MW, Porter JW (1993) Re- covery of the coral Montas- traea annularis in the Florida Keys after the 1987 Caribbean “Bleaching event”. Coral Reefs 12: 57-64. Fitt WK, Mcfarland FK, Warner ME, Chilcoat GC (2000) Sea- sonal patterns of tissue bio- mass and densities of sym- biotic dinoflagellates in reef corals and relation to coral bleaching. Limnol. Oceanogr. 45: 677-685. Glynn PW (1991) Coral reef bleach- ing in the 1980s and possible connections with global warm- ing. Tree 6: 175-179. Glynn PW (1993) Coral reef bleach- ing: ecological perspectives. Coral Reefs 12: 1-17. Glynn PW (1996) Coral reef bleach- ing: facts, hypotheses and im- plications. Global Change Biol. 2: 495-509. Goreau TJ, Hayes RL (1994) Coral bleaching and ocean hotspots. Ambio 23: 176-180. Hoegh-Guldberg O, Smith GJ (1989) The effects of sudden changes in temperature irradi- ance and salinity on the popu- lation density and export of zooxanthellae from the reef corals Stylophora pistillata and Seriatopora hystrix. J. Exp. Mar. Biol. Ecol. 129: 279-303. Kikuchi RKP, Leão ZMAN, Oli- veira MDM, Dutra LXC, Cruz IC (2004) Branqueamento de corais nos recifes da Bahia as- sociado aos efeitos do El Niño 2003. Cong. Planejamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Por- tuguesa 2. Recife, Brasil. p. 213. Leão ZMAN, Araújo TMF, Nolasco MC (1988) The coral reefs off the coast of Eastern Brazil. Proc. Int. Coral Reefs Symp. 6. Townsville, Australia. pp. 339-346. Leão ZMAN, Kikuchi RKP, Testa V (2003) Corals and coral reefs of Brazil. Em Cortês J (Ed.) Latin America Coral Reefs. Elsevier. Amsterdã, Ho- landa. pp. 9-52. Leão ZMAN, Kikuchi RKP, Oli- veira MDM (2008) Branquea- mento de corais nos recifes da Bahia e sua relação com even- tos de anomalias térmicas nas águas superficiais do oceano. Biota Neotrop. 8: 69-82. Lirman D, Manzello D, Macia S (2002) Back from the dead: the resilience of Siderastrea radians to severe stress. Coral Reefs 21: 291-292. Marsh JA (1970) Primary produc- tivity of reef-building calcar- eous red algae. Ecology 51: 255-263. Migotto AE (1997) Anthozoan bleaching on the southeastern coast of Brazil in the sum- mer of 1994. Proc. Int. Conf. Coelenterate Biol. 6. Leeuwen- horst, Holanda. pp. 329-335. Muller-Parker G, D’Elia CF (1997) Interactions between corals and their symbiotic algae. Em Birkeland C (Ed.) Life and Death of Coral Reefs. Chap- man & Hall. Nova Iorque, EEUU. pp. 96-113. Paulay G, Benayahu Y (1999) Pat- terns and consequences of coral bleaching in Micronesia (Majuro and Guam) in 1992- 1994. Micronesica 31:109-124. Santa-Isabel LM (2001) Caracte- rização da Bioerosão Interna dos Recifes de Guarajuba com ênfase nos Macroperfurado- res Bivalvos Sipunculídeos e Poliquetas - Litoral Norte do Estado da Bahia. Tese. Uni- versidade Federal da Bahia. Salvador, Brasil. 141 pp. Souter DW, Linden O (2000) The health and future of coral reef systems. Ocean Coast. Manag. 43: 657-688. Stimson J (1997) The annual cycle of density of zooxanthellae in the tissues of field and labo- ratory-held Pocillopora dami- cornis. J. Exp. Mar. Biol. Ecol. 214: 35-48. West JM, Salm RV (2003) Resis- tance and resilience to coral bleaching: implications for coral reef conservation and management. Cons. Biol. 17: 956-967. Westmacott S, Teleki K, Wells S, West J (2000) Gestão de Recifes de Coral Branqueados ou Severamente Danificados. IUCN. Cambridge, RU. 36 pp. Woesik R (2001) Coral bleach- ing: transcending spatial and temporal scales. Trends Ecol. Evol. 16: 119-121.