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Incluindo a criança no contexto terapêutico: Dando voz a suas formas de expressão. Sandra Grassmann Polcino Verônica Helena Maria Keleti Lane Instituto Familiae [email_address] [email_address]
Contextualização White, Gergen, Goolishian Sistemas humanos como sistemas lingüísticos.  Formadas no Curso de Terapia Familiar do Instituto Familiae. Atendimento de uma família, formada por mãe e filha, na Clínica Social do Instituto Familiae. Terapeuta como “observador participante”.  Postura de “não saber” do terapeuta. Sistema terapêutico: sistema organizador e “dissolvedor” de problemas. Flexibilidade no ponto de vista. Mudança em terapia: possibilidade de criação de novas narrativas. Construcionismo Social Terapeutas
Objetivo do Trabalho Diferentes expressões da criança Inclusão da voz da criança Percepção das terapeutas Conversa sem resultados Schnitman Goolishian Grandesso
Entendendo esse “criancês” Schnitman Goolishian Maffei Cruz Metade menino e metade menina; Sol e Lua. Monstro Marinho. Joni Cabeção. Descancando o abacaxi. Jon Gordão.
Incluindo a mãe nesse “criancês” Maturana White Grandesso
muda a história... White Maturana Goolishian muda a emoção...

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  • 1. Incluindo a criança no contexto terapêutico: Dando voz a suas formas de expressão. Sandra Grassmann Polcino Verônica Helena Maria Keleti Lane Instituto Familiae [email_address] [email_address]
  • 2. Contextualização White, Gergen, Goolishian Sistemas humanos como sistemas lingüísticos. Formadas no Curso de Terapia Familiar do Instituto Familiae. Atendimento de uma família, formada por mãe e filha, na Clínica Social do Instituto Familiae. Terapeuta como “observador participante”. Postura de “não saber” do terapeuta. Sistema terapêutico: sistema organizador e “dissolvedor” de problemas. Flexibilidade no ponto de vista. Mudança em terapia: possibilidade de criação de novas narrativas. Construcionismo Social Terapeutas
  • 3. Objetivo do Trabalho Diferentes expressões da criança Inclusão da voz da criança Percepção das terapeutas Conversa sem resultados Schnitman Goolishian Grandesso
  • 4. Entendendo esse “criancês” Schnitman Goolishian Maffei Cruz Metade menino e metade menina; Sol e Lua. Monstro Marinho. Joni Cabeção. Descancando o abacaxi. Jon Gordão.
  • 5. Incluindo a mãe nesse “criancês” Maturana White Grandesso
  • 6. muda a história... White Maturana Goolishian muda a emoção...

Notas do Editor

  1. Nós, Sandra e Verônica, somos formadas no Curso de Terapia Familiar, no Instituto Familiae de São Paulo. Atendemos esta família, mãe e uma filha de 9 anos, na Clínica Social do Instituto em 2004 em 16 sessões quinzenais. O pedido para a terapia era de melhora no relacionamento das duas depois de uma separação conflituosa de casal. O nosso trabalho foi baseado nas idéias do Construcionismo Social que propõe: Todos os sistemas humanos são sistemas lingüísticos, onde o significado e a compreensão são construídos social e intersubjetivamente. O terapeuta é observador participante, como todos os outros membros do sistema. É um arquiteto do diálogo e suas crenças não são utilizadas como parâmetros de comportamento, mas podem contribuir como uma visão a mais dentro do sistema terapêutico. O sistema terapêutico é um sistema organizador e dissolvedor de problemas. É pressuposto da abordagem narrativa que vivemos nossa vida por meio de histórias, que são construídas no intercâmbio social. Da mesma forma que não há realidade objetiva, não há uma verdade única, podemos dizer que essas histórias nunca são completas, de maneira a dar conta da diversidade da experiência vivida. O que é enfatizado ou omitido tem efeitos reais sobre as vidas das pessoas. O eixo da terapia narrativa consiste na desconstrução da história dominante por meio do resgate da eventualidade, dos fatos extraordinários que podem gerar novas narrativas.
  2. Esta mãe estava se sentindo sobrecarregada com a manutenção das duas, já que não tinha apoio financeiro do ex-marido, e cobrava da filha maior colaboração. A criança ficava visivelmente contrariada frente às queixas da mãe sobre a sua falta de participação em relação às tarefas de casa e também com baixo rendimento escolar. Quando tentávamos ouvir as colocações da criança sobre este assunto, ela se fechava com respostas monossilábicas. Passamos um tempo, tentando incluí-la na conversação terapêutica através do diálogo mas fomos percebendo que este não seria o “jeito dela” participar. Começamos então a dar maior importância aos desenhos e brincadeiras que ela fazia durante as nossas conversas com a mãe. Fizemos, com a criança, um trabalho de geração de significados a partir dessa produção. Dessa maneira incluímos a criança de forma mais igualitária no sistema terapêutico.
  3. Para Dora Schnittman, é preciso uma certa competência nos jogos de linguagem para entender os vários estilos e formas de falar e até o silêncio. Fomos ao longo dos atendimentos percebendo que o modo de participação da criança. não seria através das conversas; durante as primeiras sessões, a criança utilizou lousa, cartolinas na produção de desenhos e também da caixa de brinquedos. Num primeiro momento, tentamos explorar os desenhos feitos com perguntas diretas, mas isto não resultou em muitas conversas. Tentamos tirar a criança de uma posição constrangedora, ouvindo críticas da mãe, para proporcionar-lhe um lugar de maior conforto, separando os problemas da identidade da criança. Aos poucos, entendemos que: oferecendo as nossas impressões sobre os desenhos e brincadeiras, e fazendo conexão com o que estava sendo abordado naquele momento, surgiram conversas ricas, geradoras de novos significados para aquela família. A produção espontânea de desenhos, montagens e brincadeiras da criança nos levou a aprender o seu criancês.
  4. A criança fez uma montagem com os bonecos de tecido. Ela separou vários casais: Primeiro um casal mais velho que entendemos representarem os avós paternos e/ouy maternos. O segundo casal unido, dentro de uma pasta plástica transparente, e o terceiro estava fora desta mesma pasta separados e amarrados pelo elástico de lados opostos, não se vendo e nem se olhando. Entendemos como sendo os pais em dois momentos diferentes: primeiro, casados dentro da pasta e, agora, separados, brigados, fora da pasta, sem diálogo e sem comunicação. Finalmente, duas crianças em um potinho. Colocamos o nosso estranhamento pois na história de vida dela, só havia uma criança, mas depois pensamos em duas crianças numa só: uma na relação com o pai e outra na relação com a mãe, contemplando o seu desejo em não se indispor com nenhum dos dois, pois queria o afeto de ambos. A criança foi confirmando as nossas impressões verbalmente, com gestos e sorrisos. A mãe ficou surpresa, com a montagem e com nossa conversa com a criança, e se deu conta de quanta energia a filha despendia para não se indispor com nenhum dos pais. A partir dessa montagem, a mãe teve outra percepção de como a filha estava vivenciando a separação dos pais e concluiu que a criança gastava muita energia em manter o afeto dos dois, não sobrando energia para as tarefas de casa e escolares.
  5. A partir da inclusão da voz da criança no contexto terapêutico, a mãe pôde fazer novas descrições da filha, mudando a sua visão sobre a criança. Isto promoveu uma melhora na relação das duas com uma postura mais colaborativa de ambas. Pudemos verificar então, o que Goolishian chama de dissolução do problema, ou seja, a narrativa predominante de “criança que não colabora” perdeu o sentido. Isso nos remete a Maturana, pois na medida em que a mãe foi tocada emocionalmente, reconhecendo o quanto a criança estava envolvida na relação conflituosa dos pais, pôde agir de maneira diferente. No desenho denominado pela criança de “Bruxinha Feliz” , é perceptível o reflexo deste momento mais tranqüilo: depois de muitos monstros, garras, dentes, preto e branco, um desenho alegre e colorido”.