O documento é um guia de oficinas do Centro de Referência da Cultura Popular, apresentando 18 oficinas realizadas com crianças sobre temas culturais. O guia descreve cada oficina, incluindo seus objetivos, materiais e atividades.
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Somos um Programa de extensão universitária
composto pelo projeto Museu de Vivências em parceria
comoprojetoMuseudoBarro. Nossoobjetivoéimplementar
umMuseudeTerritórioquese estendaaosdiferenteslugares
onde haja a presença da cultura popular - notadamente
aquela de protagonismo afrodescendente.
O Museu de Vivências, coordenado pela professora
Glória Maria Ferreira Ribeiro, atua diretamente com o
publico infantojuvenil; o Museu do Barro, coordenado
pela professora Zandra Miranda visa jovens e adultos com
ênfase na formação para o trabalho com a produção de
peças cerâmicas.
O nosso Programa possui um objetivo mais amplo:
promover mudanças significativas no corpo social de
maneira mais ampla e duradoura. A Extensão Universitária
é uma forma de interação que existe entre a universidade
e a cidade ou região, sendo uma ponte de informações
e experiências entre a instituição e os diversos setores da
sociedade. São levados conhecimentos e assistência à
comunidade e recebe-se dela informações e aprendizado
do saber local. Tudo isso é o processo educativo, cultural e
científico que articula o ensino e a pesquisa, viabilizando a
relação transformadora entre universidade e sociedade. A
partir da troca de saberes, a universidade e a sociedade
(acadêmica e não acadêmica) desenvolvem projetos de
integração visando o futuro de ambas.
Centro de referencia
da Cultura Popular
setimo ano de continuidade
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O fortalecimento da relação universidade-sociedade
prioriza a superação das condições de desigualdade e
exclusão existentes, socializando seu conhecimento e
disponibilizando seus serviços, dessa forma exercendo
sua responsabilidade social. A Extensão Universitária
proporciona a compreensão tradicional de disseminação
de conhecimento, prestação de serviço e difusão cultural,
mas também aponta para uma participação efetiva da
comunidade na própria atuação da universidade, nos
conhecimentosproduzidoseemumconsequenteconfronto
com a realidade. A produção do conhecimento via
extensão se faz na troca de saberes sistematizados, visando
a democratização do conhecimento, a participação
efetiva da comunidade na atuação da universidade e no
próprio território.
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Pela Universidade Federal de São João del Rei,
localizadanacidadedemesmonome,háofuncionamento
do núclero Museu de Vivências desde 2012 sob
Coordenação da Prof. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro,
Em 2019, sétimo ano de continuidade do projeto,
buscou-se o trabalho em conjunto com as crianças do
bairro Alto das Mercês e estudantes da Escola Municipal
Dr. Kleber Vasques Filgueiras de forma a possibilitar que
algumas crianças participantes do projeto de educação
em tempo integral pudessem optar por participar das
atividades propostas pelas oficinas do Museu de Vivências.
Dentre nossos objetivos podemos destacar:
Promoção o conhecimento cultural por meio da ação de
uma museologia imaterial; realização de oficinas com o
enfoque em promover reflexões acerca das raízes culturais,
questões de territorialidade e autoconhecimento dos
participantes; e incentivo à livre participação da criança
nas oficinas de maneira que ela, enquanto vivencia as
propostas apresentadas, seja sujeito ativo de seu caminho
de aprendizado.
O espaço principal de realização das atividades é
o Fortim Max Justo Guedes, também conhecido como
Fortim dos Emboabas ou apenas como Fortim. É um
casarão de estilo colonial localizado na Rua Altamiro Flor,
nº 103, no bairro Alto das Mercês. É tombado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde
Nucleo Museu de
Vivencias
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1938. Em 2009 foi doado à Universidade Federal de São
João del-Rei pelo Almirante Max Justo Guedes, por conta
do seu desejo de incentivar a cultura da região. Contudo,
é importante frisar que as atividades não se limitaram
ao território do Fortim: algumas atividades puderam ser
realizadas dentro da própria Escola Municipal Dr. Kleber
Vasques Filgueiras e outras na Universidade Federal de São
João del-Rei.
O bairro Alto das Mercês é herança de uma antiga
ocupação realizada pelos garimpeiros que encontraram
na cidade de São João del Rei espaço para trabalho.
O bairro é localizado na Lei de Zoneamento municipal
como Zona de Preservação Paisagística, onde as diretrizes
concentram-se na manutenção da paisagem urbana
considerando o bairro apenas como potencial destruidor
da paisagem patrimonial. Para além disso, observa-se
um bairro com grande fragilidade social, com pouca ou
nenhuma estrutura básica proporcionada pelo governo
municipal. A população do bairro é predominantemente
descendente dos antigos ocupantes garimpeiros, e
dos povos escravizados vindos da África à época da
colonizaçãoeexpansãodoBrasil.Comoterritóriofragilizado
e desprezado pelo restante da cidade, entende-se que é
necessário um trabalho de valorização cultural da própria
população local, de maneira a trabalhar a descendência
negra e afirmar sua importância na história e na construção
de São João del Rei. Além disso, o trabalho com as
crianças visa demonstrar que a universidade também
pode ser ocupada por elas, tornando possível, assim,
uma contribuição para o avanço econômico e social da
população a médio e longo prazo.
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Mandalas
atividade proposta: colagem de mandalas
materiais:papel branco circular,revistas, lápis de
cor, giz de cera e tesoura.
modo de fazer: recortar as imagens que mais chamam
a atenção e colá-las no circulo branco. Também
podem ser feitos desenhos.
Mandala significa círculo, no sentido ordinário da
palavra. Em psicologia refere-se às imagens circulares
que são desenhadas, pintadas, modeladas e dançadas.
Essas imagens sugerem ordenação, e estão presentes nas
manifestações expressivas do homem desde os tempos mais
remotos (Nise da Silveira, Imagens do Inconsciente,
p.54). Cada criança de acordo com sua preferência
escolheu os materiais a serem trabalhados. De acordo
com Nise a escolha do material pode dizer muito sobre
o estado psíquico de quem o manipula, “a imaginação
criadora escolhe de preferência uma substância para
revestir-se”( Nise cita Bachelard) (Gatos, a emoção
de lidar, p.30). No fim, fizemos uma roda a fim
de escutar a inspiração que levou a construção de
cada uma, sendo notório que muitas tinham histórias
relacionadas a sua família ou a gostos particulares,
como jogar futebol.
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Ceramica
atividade proposta: modelagem do barro em diversos
formatos: rostos, recipientes, etc. Queima e esmaltação
das peças
materiais:argila, água, palitos de madeira,forno de
queima, tintas.
modo de fazer: a estudante de artes aplicadas com
ênfase em cerâmica, Talita, ensinou as crianças
diversas técnicas de modelagem em argila, dentre elas
a técnica do belisque. Após a modelagem, as peças
secam ao sol. Posteriormente, são queimadas no forno de
queima por profissionais. Após, as peças são entregue
às crianças para que as mesmas possam pintá-las.
Proposta de modelagem com argila de acordo com a
livre imaginação, utilizando técnicas variadas. É
importante destacar que a proposta sempre foi de
grande interesse das crianças, que frisavam com
frequência a vontade de repetir a oficina em outros
dias, e durante o processo, no qual o contato com o
material estimulava-as criativamente, demonstravam
satisfação e empenho em sua produção, já que poderiam
levar para casa as peças feitas, e alguns falavam
até em presentear alguém com elas.
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atividade proposta: modelagem do barro em diversos
formatos: rostos, recipientes, etc. Queima e esmaltação
das peças
materiais:argila, água, palitos de madeira,forno de
queima, tintas.
modo de fazer: a estudante de artes aplicadas com
ênfase em cerâmica, Talita, ensinou as crianças
diversas técnicas de modelagem em argila, dentre elas
a técnica do belisque. Após a modelagem, as peças
secam ao sol. Posteriormente, são queimadas no forno de
queima por profissionais. Após, as peças são entregue
às crianças para que as mesmas possam pintá-las.
Proposta de moldassem com argila de acordo com a
livre imaginação, utilizando técnicas variadas. É
importante destacar que a proposta sempre foi de
grande interesse das crianças, que frisavam com
frequência a vontade de repetir a oficina em outros
dias, e durante o processo, no qual o contato com o
material estimulava-as criativamente, demonstravam
satisfação e empenho em sua produção, já que poderiam
levar para casa as peças feitas, e alguns falavam
até em presentear alguém com elas. Em outra semana,
propomos a esmaltação das peças de argila, processo
Album de fotos
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Contos africanos
atividade proposta: contar uma estória que venha da
cultura africana. Após, disponibilizar desenhos dos
personagens para as crianças colorirem
materiais:estória previamente ensaiada, imagem dos
personagens para colorir, lápis de cor, canetinhas,
tintas.
modo de fazer: selecionar previamente uma estória que
o contador deve ensaiar. Contar para as crianças
de forma expressiva e teatral. Após, disponibilizar
imagens previamente editadas para que as crianças
possam colorir.
A partir do conto africano “o homem sem sorte” os
participantes foram convidados a imaginar a estória,
relacionar com a vida diária e comentar sobre a
percepção que o conto trouxe para cada um deles.
As estórias literárias estimulam a criatividade e o
pensamento crítico, assim como a formação de uma
ética voltada ao bem coletivo através da “lição final”.
Os desenhos para colorir dão a oportunidade das
crianças expressarem como imaginaram os personagens,
possibilitando uma participação delas na composição da
estória.
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Muay Thai
atividade proposta: apresentação ao treino de Muay
Thai
materiais: roupas confortáveis para fazer exercícios;
equipamentos específicos disponibilizados pelo professor de
Muay Thai
modo de fazer: o professor convidado Jordano Reis fala
sobre a prática do Muay Thai e um pouco de sua
história. Os alunos experimentam alguns movimentos
com o auxílio do professor e supervisão dos monitores
Oficinas de Muay Thai visam: autocontrole,
autoconfiança, autopercepcao das emoções, relação
interpessoal,respeito mútuo e o desenvolvimento psicomotor.
Por meio de técnicas de arte marciais é possível não
só aprender técnicas de auto defesa, como também,
pelo fato de estar em contato com outras pessoas,
desenvolve-se o cultivo do respeito ao outro, ajuda
mútua, trabalho em equipe e o auto controle. Uma
vez que aprende-se uma modalidade marcial existe a
possibilidade de desenvolver a percepção e o controle de
boa parte das suas emoções. Enfatiza-se a importância
de atividades físicas para o bom desenvolvimento da
criança, tanto para o corpo quanto para a mente
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Shisima
atividade proposta: montagem do jogo Shisima
materiais: papéis recortados em formato hexagonal,
tintas, canetinhas, lápis de cor
modo de fazer: o qual se constitui de um tabuleiro com
círculos dispostos em formato hexagonal, cujo objetivo
visa alinhar três peças seguidas, e é jogado entre
duas pessoas.
Através da construção do jogo Shisma, trabalhamos
à inserção da cultura Afro-brasileira no campo da
educação. Além de contribuir para o desenvolvimento
da criatividade e da psicomotricidade de cada criança.
Fundamentados na ideia do Fortim como espaço de
promoção da cultura, uma das oficinas realizadas foi
a de construção do jogo Shisima, originário do Quênia,
o qual se constitui de um tabuleiro com círculos dispostos
em formato hexagonal, cujo objetivo visa alinhar três
peças seguidas, e é jogado entre duas pessoas. As
crianças foram orientadas a pintarem os espaços dos
tabuleiros, feitos de papelão reutilizado, em duplas,
visando a prática do trabalho em conjunto, momento
no qual a livre expressão foi possibilitada, já que,
usariam posteriormente sua pintura no tabuleiro para
jogar.
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Caca ao tesouro
atividade proposta: caça ao tesouro perdido
materiais: caixa, papel, tesoura, lápis
modo de fazer: esconder dicas sobre os próprio fortim
em diferentes locais. Ao final da brimcadeira, haverá
um prêmio que deve ser distribuído a todos
Nesta brincadeira, a turma de crianças se organizou
em um único grande grupo com o mesmo objetivo de,
através das dicas forjadas pelos oficineiros, encontrar
o tesouro oculto dentro da arqueologia do Fortim.
Todas as dicas apontavam para algum local do
território em questão que possuia a dica subsequente.
Portanto, não só as dicas formavam, por meio de
seu encadeamento, um caminho possível para o tesouro
final, como também possibilitava um olhar mais
detalhado das crianças diante do território que lhes
era tão banal e, ainda assim, um pouco distante.
Apesar da vontade de alguns de se aventurarem
sozinhos ou de forma acelerada, prevaleceu sobre a
dinâmica o ritmo uníssono de busca e exploração do
território enquanto grupo. Esta dinâmica possibilitou às
crianças uma apropriação do espaço que já era de
muito gosto por sua parte.
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Encerramento das
atividades
Como proposta de encerramento dos trabalhos do
ano, levamos as crianças a visitas ao espaço da
Universidade Federal de São João del Rei, divididas
em duas turmas. Preparamos o laboratório Ártemis,
no qual realizamos as reuniões e encontros para
preparo de oficinas, decorado com balões e um lanche
para as crianças, andamos por todo campus Dom
Bosco, oportunizando a apresentação dos cursos e
dos seus respectivos prédios, os quais foram alvo de
muito interesse e curiosidade sobre “o que se estuda
em uma faculdade”, e prontamente explicado pelos
voluntários.
Um dos pontos de destaque dessa realização
pauta-se na questão da ocupação de território, uma
vez que, ao frequentarem as oficinas do Fortim, as
crianças fazem uso de um espaço que anteriormente
não lhes era permitido acesso, e através da atividade
de extensão, podem de certa forma, pertencer a esse
espaço. Da mesma forma, com a visita ao campus, foi
permitido às crianças que explorassem ainda mais esse
espaço público, de modo a conhecê-lo para demonstrar
que ali também é lugar para elas.
Chegamos a esse “até logo”, com gostinho de
saudades. Conseguimos plantar no território do Fortim
várias sementinhas, todas elas únicas e carregadas
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de vida!
Já dizia Anzaldúa (2000.Falando em línguas:
uma carta para as mulheres escritoras do Terceiro
Mundo (trad. Édna de Marco). Revista Estudos
Feministas, v. 8, n. 1, 229-236): “Não há
necessidade de que as palavras infestem nossas mentes.
Elas germinam na boca aberta de uma criança descalça
no meio das massas inquietas. Elas murcham nas torres
de marfim e nas salas de aula”.
“Em nossas oficinas o objetivo principal reside
basicamente em: propiciar vivências de bem estar
social, ou seja, abrir janelas e horizontes; entender
que cada criança é um universo; e respeitar a
dimensão humana”,
Qual o maior resultado das nossas atividades?
Sem dúvidas, foi o brilho no olhar das crianças,
que puderam sentir/vivenciar/significar o Fortim como
espaço “nosso deles”, se permitindo realizar naquilo
que se abria pelo próprio ato de ser.
O recuo para trás pode ser o impulso para frente, é
preciso se invergar e sensibilidade para lidar.
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Roda de conversa
e orientacao
Tivemos uma roda de conversa ministrada pelo
Prof. Dr. Marcos Vieira Silva com a temática:
Centro de Referência Max Justo Guedes: Atenção
Psicosocial na comunidade. O Prof. contou sobre a
importância da extensão, desde os tempos da ditadura,
nas ações do início da Psicologia Comunitaria no Brasil.
Trouxe também experiências práticas da inserção da
arte e da cultura na atenção psicossocial. Como passos
primordiais deixou:
- A comparação do tempo Cronos e o Kairós (herança
grega para designar o tempo). Destacando que o último
diz de “poder estar e exercer sua cidadania”, e de
“criar possibilidades de ser sujeito do seu jeito de ser”.
- Escutar é possibilidade de compartilhar mundo ( ser
e estar naquilo que faz).
- Instaurar e participar do processo
- Trabalhar em “rede”
- o lugar das estratégias de intervenção preventivas
- Identidade Coletiva
- Entender que a afetividade surge e manifesta de
diversas formas e maneira. E as capacidades são
aumentadas pela atividade.
- Extensão enquanto projeto comum com pessoas múltiplas
e diversas no gerúndio (se fazendo continuamente)
Deixando a provocação final de como suas ações e
práticas estão sendo guiadas? “Por causa de” ou
“Apesar de” ?
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47. Muito obrigado!
Angelica Santos
Brenda Oliveira Silva
Geovana Braga Botelho
Gloria Maria Ferreira Ribeiro
Greiciele Andrade Carvalho dos Santos
Jonathan Relher
Lara Maia Mendonca
Maria Emilia Ferreira Machado
Ryan Gabriel Alencar Costa
e todos os outros amigos que estiveram conosno
nessa linda caminhada!