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Definições de globalização


"Na era moderna, o nível de distanciamento tempo-espaço é muito maior do
que em qualquer período precedente, e as relações entre formas sociais e
eventos locais e distantes se tornam correspondentemente 'alongadas'. A
globalização se refere essencialmente a esse processo de alongamento, na
medida em que as modalidades de conexão entre diferentes regiões ou
contextos sociais se enredaram na superfície da Terra como um todo.
A globalização pode assim ser definida como a intensificação das
relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de
tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos
ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa."
(...) "... quem quer que estude as cidades hoje em dia, em qualquer parte do
mundo, está ciente de que o que ocorre numa vizinhança local tende a ser
influenciado por fatores - tais como dinheiro mundial e mercados de bens -
operando a uma distância da vizinhança em questão. O resultado não é
necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de
mudanças atuando numa direção uniforme, mas consiste em tendências
mutuamente opostas. A prosperidade crescente de uma área urbana em
Singapura pode ter suas causas relacionadas, via uma complicada rede de
laços econômicos globais, ao empobrecimento de uma vizinhança em
Pittsburgh cujos produtos locais não são competitivos nos mercados mundiais."
(Giddens,1991:69)
“Globalismo designa a concepção de que o mercado mundial bane ou
substitui, ele mesmo, a ação política; trata-se portanto da ideologia do
império do mercado mundial, da ideologia do neoliberalismo. O
procedimento é monocausal, restrito ao aspecto econômico, e reduz a
pluridimensionalidade da globalização a uma única dimensão – a
econômica -, que por sua vez, ainda é pensada de forma linear e deixa todas
as outras dimensões – relativas à ecologia, à cultura, à política e à sociedade
civil – sob o domínio subordinador do mercado mundial. (...) A essência do
globalismo consiste muito mais no fato de que aqui se liquida uma distinção
fundamental em relação à primeira modernidade: a distinção entre economia e
política. A tarefa primordial da política – que consiste na delimitação e no
estabelecimento de condições para os espaços jurídicos, sociais e ecológicos,
dos quais a atuação da economia depende para ser socializada e tornar-se
legítima – se perde de vista ou é derribada. O globalismo é subordinador, a
ponto de exigir que uma estrutura tão complexa quanto a Alemanha –
ou seja, o Estado, a sociedade, a cultura, a política externa – seja
dirigida como uma empresa. Temos aqui, neste sentido, um imperialismo
da economia, no qual as empresas impõem as condições sob as quais ela
poderá otimizar suas metas. (Beck,1999:27-28)
“Globalização é, com toda a certeza, a palavra mais usada – e abusada
– e a menos definida dos últimos e dos próximos anos; é também a
mais nebulosa e mal compreendida, e a de maior eficácia política.
Como mostram os exemplos apresentados, é preciso distinguir (sem
pretender uma exatidão ou completude absoluta) entre as diversas
dimensões da globalização, a saber, a da comunicação técnica, a
ecológica, a econômica, a da organização trabalhista, a cultural e a da
sociedade civil etc.” (Beck,1999:44)
“Vai-se derrubando, passo a passo uma das principais premissas da primeira
modernidade, a saber: a idéia de que se vive e se interage nos espaços
fechados e mutuamente delimitados dos Estados nacionais e de suas
respectivas sociedades nacionais. Globalização significa a experiência
cotidiana da ação sem fronteiras nas dimensões da economia, da
informação, da ecologia, da técnica, dos conflitos transculturais e da
sociedade civil.” (Beck,1999:46)
“A globalização tem sido diversamente concebida como ação à distância
(quando os atos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências
significativas para „terceiros distantes‟); como compressão espaço-temporal
(numa referência ao modo como a comunicação eletrônica instantânea vem
desgastando as limitações da distância e do tempo na organização e na
interação sociais); como interdependência acelerada (entendida como a
intensificação do entrelaçamento entre economias e sociedades nacionais, de
tal modo que os acontecimentos em um país têm um impacto direto em
outros); como um mundo em processo de encolhimento (erosão das
fronteiras e barreiras geográficas à atividade socioeconômica); e, entre outros
conceitos,como integração global, reordenação das relações de poder
inter-regionais, consciência da situação global e intensificação da
interligação inter-regional “
(...) “Dito em termos mais simples, a globalização denota a escala crescente, a
magnitude progressiva, a aceleração e o aprofundamento do impacto dos
fluxos e padrões inter-regionais de interação social. Refere-se a uma mudança
ou transformação na escala da organização social que liga comunidades
distantes e amplia o alcance das relações de poder nas grandes regiões e
continentes do mundo.” (Held e McGrew, 2001:11;13)
“A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização
do mundo capitalista.” (SANTOS,1995:23)
“Este mundo globalizado, visto como fábula, erige como verdade um certo
número de fantasias, cuja repetição, entretanto, acaba por se tornar uma base
aparentemente sólida de sua interpretação (...)
A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é
feita de peças que se alimentam mutuamente (...)
 [i. aldeia global] “para fazer crer que a difusão instantânea de notícias
realmente informa as pessoas”
[ii. Fala-se no encurtamento das distâncias] “para aqueles que podem
realmente viajar” e na noção de espaço e tempo contraídos “como se o mundo
se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão”
[iii.] “Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de
homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são
aprofundadas.”
 [iv.] “Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas
o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma
cidadania verdadeiramente universal.”
[v.] “Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado.”
[vi. Fala-se muito em morte do Estado x] “seu fortalecimento para atender aos
reclamos da finança e de outros grandes interesses internacionais, em
detrimento dos cuidados com as populações cuja vida torna mais difícil.”
[vii. Ao invés do proclamado fim da ideologia, temos a ideologização maciça,]
“segundo a qual a realização do mundo atual exige como condição essencial o
exercício de fabulações” (SANTOS,1995:18-19)
[i. Aldeia global]: “Ao contrário do que se dá nas verdadeiras aldeias, é
frequentemente mais fácil comunicar com quem está longe do que com o
vizinho. Quando esta comunicação se faz, na realidade, ela se dá com a
intermediação de objetos. A informação sobre o que está acontece não vem da
interação entre as pessoas, mas do que é veiculado pela mídia, uma
interpretação interessada, senão interesseira, dos fatos.”
[ii. Espaço e tempo contraídos graças aos prodígios da velocidade] “Só que a
velocidade apenas está ao alcance de um número limitado de pessoas, de tal
forma que, segundo as possibilidades de cada um, as distâncias têm
significações e efeitos diversos e o uso do mesmo relógio não permite igual
economia de tempo.”
[iii. Mercado global regulador que homogeinizaria coisas, relações, dinheiros e
gostos]: “O fato é que apenas três praças, Nova Iorque, Londres e Tóquio,
concentram mais da metade de todas as transações e ações; as empresas
transnacionais são responsáveis pela maior parte do comércio dito mundial; os
47 países menos avançados representam juntos apenas 0,3% do mercado
mundial, em lugar dos 2,3% em 1960” [i.e. em 40 anos diminuiu 8 vezes] “a
violência estrutural resulta da presença e das manifestações conjuntas, nessa
era de globalização, do dinheiro em estado puro, da competitividade em
estado puro e da potência em estado puro, cuja associação conduz à
emergência de novos totalitarismos e permite pensar que vivemos numa época
de globaritarismo muito mais do que de globalização.” (SANTOS,1995:55)
“A globalização mata a solidariedade, devolve o homem à condição primitiva
do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as
noções de moralidade pública e particular a um quase nada.”
(SANTOS,1995:65)

BIBLIOGRAFIA
GIDDENS, A. (1991). As consequências da modernidade. São Paulo, Editora da
UNESP.2.ed.
BECK, U (1999) What Is Globalization?. Cambridge: Polity Press.
HELD, David e McGREW, Antony. Prós e contras da Globalização. 1ª ed. rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001
SANTOS, Boaventura de Sousa (1995), Toward a New Common Sense, Law,
Science and Politics in the Paradigmatic Transition, Londres, Nova Iorque:
Routledge & Kegan Paul.
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http://www.opandeiro.net/cursos/apostilas/pos-
modernidade_globalizacao/definicoes_globalizacao.pdf
15.08.2011 – 17:10

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  • 1. Definições de globalização "Na era moderna, o nível de distanciamento tempo-espaço é muito maior do que em qualquer período precedente, e as relações entre formas sociais e eventos locais e distantes se tornam correspondentemente 'alongadas'. A globalização se refere essencialmente a esse processo de alongamento, na medida em que as modalidades de conexão entre diferentes regiões ou contextos sociais se enredaram na superfície da Terra como um todo. A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa." (...) "... quem quer que estude as cidades hoje em dia, em qualquer parte do mundo, está ciente de que o que ocorre numa vizinhança local tende a ser influenciado por fatores - tais como dinheiro mundial e mercados de bens - operando a uma distância da vizinhança em questão. O resultado não é necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de mudanças atuando numa direção uniforme, mas consiste em tendências mutuamente opostas. A prosperidade crescente de uma área urbana em Singapura pode ter suas causas relacionadas, via uma complicada rede de laços econômicos globais, ao empobrecimento de uma vizinhança em Pittsburgh cujos produtos locais não são competitivos nos mercados mundiais." (Giddens,1991:69) “Globalismo designa a concepção de que o mercado mundial bane ou substitui, ele mesmo, a ação política; trata-se portanto da ideologia do império do mercado mundial, da ideologia do neoliberalismo. O procedimento é monocausal, restrito ao aspecto econômico, e reduz a pluridimensionalidade da globalização a uma única dimensão – a econômica -, que por sua vez, ainda é pensada de forma linear e deixa todas as outras dimensões – relativas à ecologia, à cultura, à política e à sociedade civil – sob o domínio subordinador do mercado mundial. (...) A essência do globalismo consiste muito mais no fato de que aqui se liquida uma distinção fundamental em relação à primeira modernidade: a distinção entre economia e política. A tarefa primordial da política – que consiste na delimitação e no estabelecimento de condições para os espaços jurídicos, sociais e ecológicos, dos quais a atuação da economia depende para ser socializada e tornar-se legítima – se perde de vista ou é derribada. O globalismo é subordinador, a ponto de exigir que uma estrutura tão complexa quanto a Alemanha – ou seja, o Estado, a sociedade, a cultura, a política externa – seja dirigida como uma empresa. Temos aqui, neste sentido, um imperialismo da economia, no qual as empresas impõem as condições sob as quais ela poderá otimizar suas metas. (Beck,1999:27-28) “Globalização é, com toda a certeza, a palavra mais usada – e abusada – e a menos definida dos últimos e dos próximos anos; é também a mais nebulosa e mal compreendida, e a de maior eficácia política.
  • 2. Como mostram os exemplos apresentados, é preciso distinguir (sem pretender uma exatidão ou completude absoluta) entre as diversas dimensões da globalização, a saber, a da comunicação técnica, a ecológica, a econômica, a da organização trabalhista, a cultural e a da sociedade civil etc.” (Beck,1999:44) “Vai-se derrubando, passo a passo uma das principais premissas da primeira modernidade, a saber: a idéia de que se vive e se interage nos espaços fechados e mutuamente delimitados dos Estados nacionais e de suas respectivas sociedades nacionais. Globalização significa a experiência cotidiana da ação sem fronteiras nas dimensões da economia, da informação, da ecologia, da técnica, dos conflitos transculturais e da sociedade civil.” (Beck,1999:46) “A globalização tem sido diversamente concebida como ação à distância (quando os atos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências significativas para „terceiros distantes‟); como compressão espaço-temporal (numa referência ao modo como a comunicação eletrônica instantânea vem desgastando as limitações da distância e do tempo na organização e na interação sociais); como interdependência acelerada (entendida como a intensificação do entrelaçamento entre economias e sociedades nacionais, de tal modo que os acontecimentos em um país têm um impacto direto em outros); como um mundo em processo de encolhimento (erosão das fronteiras e barreiras geográficas à atividade socioeconômica); e, entre outros conceitos,como integração global, reordenação das relações de poder inter-regionais, consciência da situação global e intensificação da interligação inter-regional “ (...) “Dito em termos mais simples, a globalização denota a escala crescente, a magnitude progressiva, a aceleração e o aprofundamento do impacto dos fluxos e padrões inter-regionais de interação social. Refere-se a uma mudança ou transformação na escala da organização social que liga comunidades distantes e amplia o alcance das relações de poder nas grandes regiões e continentes do mundo.” (Held e McGrew, 2001:11;13) “A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista.” (SANTOS,1995:23) “Este mundo globalizado, visto como fábula, erige como verdade um certo número de fantasias, cuja repetição, entretanto, acaba por se tornar uma base aparentemente sólida de sua interpretação (...) A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente (...) [i. aldeia global] “para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas” [ii. Fala-se no encurtamento das distâncias] “para aqueles que podem realmente viajar” e na noção de espaço e tempo contraídos “como se o mundo se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão”
  • 3. [iii.] “Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas.” [iv.] “Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal.” [v.] “Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado.” [vi. Fala-se muito em morte do Estado x] “seu fortalecimento para atender aos reclamos da finança e de outros grandes interesses internacionais, em detrimento dos cuidados com as populações cuja vida torna mais difícil.” [vii. Ao invés do proclamado fim da ideologia, temos a ideologização maciça,] “segundo a qual a realização do mundo atual exige como condição essencial o exercício de fabulações” (SANTOS,1995:18-19) [i. Aldeia global]: “Ao contrário do que se dá nas verdadeiras aldeias, é frequentemente mais fácil comunicar com quem está longe do que com o vizinho. Quando esta comunicação se faz, na realidade, ela se dá com a intermediação de objetos. A informação sobre o que está acontece não vem da interação entre as pessoas, mas do que é veiculado pela mídia, uma interpretação interessada, senão interesseira, dos fatos.” [ii. Espaço e tempo contraídos graças aos prodígios da velocidade] “Só que a velocidade apenas está ao alcance de um número limitado de pessoas, de tal forma que, segundo as possibilidades de cada um, as distâncias têm significações e efeitos diversos e o uso do mesmo relógio não permite igual economia de tempo.” [iii. Mercado global regulador que homogeinizaria coisas, relações, dinheiros e gostos]: “O fato é que apenas três praças, Nova Iorque, Londres e Tóquio, concentram mais da metade de todas as transações e ações; as empresas transnacionais são responsáveis pela maior parte do comércio dito mundial; os 47 países menos avançados representam juntos apenas 0,3% do mercado mundial, em lugar dos 2,3% em 1960” [i.e. em 40 anos diminuiu 8 vezes] “a violência estrutural resulta da presença e das manifestações conjuntas, nessa era de globalização, do dinheiro em estado puro, da competitividade em estado puro e da potência em estado puro, cuja associação conduz à emergência de novos totalitarismos e permite pensar que vivemos numa época de globaritarismo muito mais do que de globalização.” (SANTOS,1995:55) “A globalização mata a solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada.” (SANTOS,1995:65) BIBLIOGRAFIA GIDDENS, A. (1991). As consequências da modernidade. São Paulo, Editora da UNESP.2.ed. BECK, U (1999) What Is Globalization?. Cambridge: Polity Press.
  • 4. HELD, David e McGREW, Antony. Prós e contras da Globalização. 1ª ed. rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 SANTOS, Boaventura de Sousa (1995), Toward a New Common Sense, Law, Science and Politics in the Paradigmatic Transition, Londres, Nova Iorque: Routledge & Kegan Paul. ---------------------------------------------------------------------------------------- -------------------------------- http://www.opandeiro.net/cursos/apostilas/pos- modernidade_globalizacao/definicoes_globalizacao.pdf 15.08.2011 – 17:10