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Perdas de Água em Empresas de
Saneamento
Aegea Engenharia – E&T GCP
Agosto de 2016
2
1- Introdução
Um dos principais indicadores de eficiência da operação dos sistemas de abastecimento de
água é o índice de perdas.
Com valores médios que beiram os 40% no Brasil, decrescendo, é verdade, mas a uma
velocidade extremamente baixa, o combate às perdas de água transformou-se em um grande
desafio dos operadores brasileiros públicos e privados.
No momento de tentativa de retomada dos investimentos do setor de saneamento, percebe-
se claramente que grande parte de nossos operadores públicos, principalmente, apresentam
condições insuficientes do ponto de vista de gestão para planejar e implementar as ações
necessárias para enfrentar o problema.
A Aegea Saneamento e Participações SA, através da Aegea Engenharia - Gerencia de
Gestão e Controle de Perdas, desenvolveu um sistema de gestão, denominado GCP para atuar
diretamente sobre a situação das perdas de água nas concessionárias do grupo, hoje constituída
por quarenta e cinco concessionarias distribuídas no território Brasileiro.
O GCP será apresentados no capitulo 7, bem como suas bases ou “Os Seis Pilares do GCP”
como são conhecidos.
3
Agatha: Por favor atualizar este sumário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................7
2 BREVE DIAGNÓSTICO SOBRE AS PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS OPERADORAS DE SANEAMENTO
BRASILEIRAS.................................................................................................................................................................8
2.1 PERDAS REAIS E PERDAS APARENTES: O BALANÇO HÍDRICO...........................................................................8
2.2 LIMITES ECONÔMICOS E LIMITESTÉCNICOS DO CONTROLE DE PERDAS.......................................................10
2.3 OPADRÃO INTERNACIONAL................................................................................................................................11
2.4 PERDAS DE ÁGUA NO BRASIL..............................................................................................................................13
2.5 AS METAS DO PLANSAB ...................................................................................................................................16
3 POTENCIAL DE GANHOS COM MEDIDAS DE REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS
DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. ......................................................................................................................17
3.1 CUSTOS E BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DE PERDAS FÍSICAS DE ÁGUA...............................................................17
3.2 ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE GANHO ADVINDODE MEDIDASDE REDUÇÃO DE PERDASDE
ÁGUA. 20
4 SITUAÇÃO ATUAL DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS ........................................................................23
4.1 BAIXA CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO.........................................................................................................23
4.2 RIGIDEZ ORÇAMENTÁRIA....................................................................................................................................24
4.3 AUSÊNCIA DE COORDENAÇÃO CENTRAL...........................................................................................................24
5 CONTROLE DAS PERDAS .....................................................................................................................................26
6 FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS PARA A REDUÇÃO DE PERDAS
DE ÁGUA .......................................................................................................................................................................28
4
7 GESTÃO E CONTROLE DE PERDAS NA AEGEA
8 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................44
5
SUMÁRIO DE QUADROS
QUADRO 1: PARCELAS DAS PERDASDE ÁGUA (REAIS E APARENTES)EM RELAÇÃO AO VOLUME QUEENTRA
NO SISTEMA .........................................................................................................................................................9
QUADRO 2: CARACTERÍSTICASPRINCIPAISDE PERDASREAISE PERDASAPARENTES.........................................9
QUADRO 3: CUSTO TOTAL DECORRENTE DE PERDASDE ÁGUA ............................................................................11
QUADRO 4: CENÁRIO DE PERDASDE ÁGUA DAS OPERADORASDEÁGUA ...........................................................12
QUADRO 5: BANCO MUNDIAL:BANDASDE REFERÊNCIA PARA REDUÇÃODE PERDAS....................................13
QUADRO 6: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOINDICADOR DE PERDASNA DISTRIBUIÇÃO (%)..................................14
QUADRO 7: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTO PARA EMPRESASESTADUAIS(%)..........................15
QUADRO 8: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTO PARA EMPRESASMUNICIPAIS................................16
QUADRO 9: BENEFÍCIOSDA REDUÇÃO DASPERDAS..............................................................................................19
QUADRO 10: SINERGIAS ENTRE REDUÇÃO DASPERDASDE ÁGUA E EFICIÊNCIAENERGÉTICA ........................20
QUADRO 11: ESTIMATIVASDE GANHOSBRUTOSCOM REDUÇÃO DE PERDASDE ÁGUA ...................................22
QUADRO 12: CICLO VICIOSO –GESTÃO DAS OPERADORASDE SANEAMENTO...................................................24
QUADRO 13: SÍNTESE DASAÇÕESPARA O CONTROLE E A REDUÇÃODE PERDASREAIS...................................26
QUADRO 14: SÍNTESE DASAÇÕESPARA O CONTROLE E A REDUÇÃODE PERDAS APARENTES........................27
6
1 INTRODUÇÃO1
O objetivo deste texto é subsidiar a discussão sobre redução de perdas nos sistemas
de abastecimento de água pelos operadores de saneamento básico. O texto está dividido
em quatro seções, além desta primeira seção de introdução.
A Seção 2 apresenta um diagnóstico das perdas no Brasil, incluindo a análise do nível
de perdas das operadoras brasileiras. O cenário brasileiro de perdas de água no setor de
saneamento é bastante problemático. A média brasileira de perdas de água é de
aproximadamente 40% (incluindo perdas reais e aparentes), mas em algumas empresas
de saneamento essas perdas superam 60%. O elevado índice de perdas de água reduz o
faturamento das empresas e, consequentemente, sua capacidade de investir e obter
financiamentos. Além disso, gera danos ao meio ambiente na medida em que obriga as
empresas de saneamento a buscarem novos mananciais.
A Seção 3 estima o potencial de ganhos, monetários, advindos da redução de perdas
de água. Segundo estimativas, o ganho líquido, já descontado o investimento para
implementar os programas de redução de perdas d’água, podem atingir quase R$ 15
bilhões em 17 anos. A Seção 4 enumera medidas para redução de perdas de água em
empresas de saneamento, recomendando ações que visem a eficiência operacional das
operadoras.
Por fim, a Seção 5 apresenta exemplos da aplicação das medidas propostas na seção
anterior, envolvendo, entre outras, empresas de saneamento básico como Sabesp (São
Paulo), Sanepar (Paraná), Casal (Alagoas) e Águas de Niterói (Rio de Janeiro). A Seção
6 sintetiza as principais conclusões do texto.
2 BREVE DIAGNÓSTICO SOBRE AS PERDAS NOS SISTEMAS
DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
DAS OPERADORAS DE SANEAMENTO BRASILEIRAS
Um dos principais desafios das operadoras de água em países em desenvolvimento é
reduzir as perdas de água em todas as etapas do processo de seu fornecimento.
7
2.1 Perdasreais e perdasaparentes:o Balanço Hídrico
O conceito de perdas nos sistemas de abastecimento de água inclui duas categorias:
 A “perda de água física” ou “real”, quando o volume de água disponibilizado
no sistema de distribuição pelas operadoras de água não é utilizado pelos
clientes, sendo desperdiçado antes de chegar às unidades de consumo, e
 A “perda de água comercial” ou “aparente” quando o volume utilizado não é
devidamente computado nas unidades de consumo, sendo cobrado de forma
inadequada.
Até alguns anos atrás, a avaliação das perdas era distinta em cada país, ou mesmo em
cada companhia de saneamento em um mesmo país. A International Water Association
(IWA) procurou padronizar o entendimento dos componentes dos usos da água em um
sistema de abastecimento através de uma matriz que representa o Balanço Hídrico, onde
se inserem os dois tipos de perdas relatados. O conjunto de perdas físicas ou reais e de
perdas de faturamento ou aparentes é chamado de “Água Não Faturada” “Non-Revenue
Water”.
O Quadro 1 apresenta Balanço Hídrico, desenvolvido pela IWA, que esquematiza os
processos pelos quais a água pode passar desde o momento em que entra no sistema.
8
QUADRO 1: PARCELAS DAS PERDAS DE ÁGUA (REAIS E APARENTES) EM RELAÇÃO AO
VOLUMEQUE ENTRA NO SISTEMA
Água que entra
no sistema (inclui
água importada)
Consumo
autorizado
Consumo
autorizado
faturado
Consumofaturadomedido(inclui água
exportada)
Água faturada
Consumofaturadonãomedido
(estimados)
Consumo
autorizadonão
faturado
Consumonãofaturadomedido(usos
próprios, caminhão pipa, etc)
Água não
faturada
Consumonãofaturadonãomedido
(combate a incêndios, favelas, etc)
Perdas de água
Perdas aparentes
Uso nãoautorizado(fraudese falhas
de cadastro)
Erros de medição (macro e
micromedição)
Perdas reais
Perdas reais nas tubulações de água
bruta e no tratamento (quando
aplicável)
Vazamentos nasadutoras e/ouredes
de distribuição
Vazamentos e extravasamentos nos
reservatórios de adução e/ou
distribuição
Vazamentos nos ramais(a montante
do ponto de medição)
Fonte: Public Private Infrastructure Advisory Facility (tradução livre)
A abordagem econômica para cada tipo de perda é diferente. Sobre as “perdas reais”
recaem os custos de produção e distribuição da água, e sobre as “perdas aparentes”, os
custos de venda da água no varejo, acrescidos dos eventuais custos da coleta de esgotos.
QUADRO 2: CARACTERÍSTICASPRINCIPAISDE PERDAS REAIS E PERDAS APARENTES.
Características Principais
Itens
Perdas Reais Perdas Aparentes
Tipo de ocorrência mais comum Vazamento Erro de Medição
Custos associados aos volumes
de água perdidos
Custo de produção Tarifa
Efeitos no Meio Ambiente
- Desperdício do Recurso Hídrico.
- Necessidades de ampliaçõesde
mananciais.
-
Efeitos na Saúde Pública Risco de contaminação -
Empresarial Perda do Produto Perda de receita
Consumidor
- Imagem negativa (ineficiência e
desperdício)
-
Efeitos no Consumidor
- Repasse para tarifa
- Desincentivo ao uso racional
- Repasse para tarifa
- Incitamento a roubos e
fraudes
No caso do Brasil, deve-se destacar o consumo não faturado e não medido ocorrido
em favelas. Trata-se de volume significativo nas metrópoles brasileiras, cuja
9
regularização e urbanização dependem de uma ação de gestão integrada entre o poder
concedente e a operadora. Seu custo geralmente é arcado pela companhia de saneamento,
nem sempre considerado adequadamente na composição das tarifas.
2.2 Limites econômicos e limites técnicos do controlede
perdas
Outra importante contribuição da IWA foi a de definir dois limites para os volumes
das perdas em um sistema:
• Um limite econômico, a partir do qual se gasta mais para reduzir as perdas do que
o valor intrínseco dos volumes recuperados (varia de cidade para cidade, em
função das disponibilidades hídricas, custos de produção, etc.);
• Um limite técnico ("perdas inevitáveis"), mínimo, definido pelo alcance das
tecnologias atuais dos materiais, ferramentas, equipamentos e logísticos, ou,
em outras palavras, nunca haverá perda zero, sempre teremos de conviver com
algum volume perdido, por mais bem implantado e operado que seja um
sistema de abastecimento.
O Quadro 3 mostra tanto o “nível econômico ótimo de vazamentos” quanto o “nível
mínimo de vazamentos”.
10
QUADRO 3: CUSTO TOTALDECORRENTEDE PERDAS DE ÁGUA.
Níveleconômico
de vazamentos
Vazamentos
(litros/ligação/hora)
Fonte: Control and mitigation of drinking water losses in distribution systems (United
States Environmental Protection Agency)
Assim, não é economicamente viável eliminar completamente toda a perda de água
física e comercial. Entretanto, devido às significativas perdas de água nos países em
desenvolvimento, é razoável prever que a quantidade de perda de água nestes países pode
ser reduzida pela metade pelo menos nos próximos dez anos.
2.3 O padrãointernacional
O Banco Mundial, no livro “Parâmetros Internacionais para Redes de Operadoras de
Saneamento” (International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities –
IBNET), realizou estudo para estimar o desempenho das operadoras de água no que tange
à perda de água. Nas operadoras cobertas pelo IBNET, a média de perdas de água
constatada foi de 35%.
Entretanto, como grandes países em desenvolvimento ainda não são cobertos pelo
IBNET e as estatísticas desses países não são confiáveis2
, é mais provável que o nível
médio de perdas de água em países em desenvolvimento gire em torno de 40-50%.
2
A porcentagem de perda de água das operadoras de água nos países em desenvolvimento não é estimada
com confiança. Muitas operadoras não possuemsistemas de informação e controle adequados para inferir
Custo($/conexão/ano)
11
QUADRO 4: CENÁRIO DE PERDAS DE ÁGUA DAS OPERADORASDE ÁGUA
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
<10% 10-20% 20-30% 30-40% 40-50% >50%
Nível de Perda de Água
Fonte: IBNET
O Banco Mundial também definiu indicadores de perdas físicas (Infrastructure
Leakages Index – ILI3
) associados a bandas em que as empresas deverão se balizar na
busca da redução das perdas (em Litros/ligação.dia), considerando aspectos operacionais
do sistema (pressões) e estágio econômico do país, conforme o Quadro 5. Países em
desenvolvimento, com uso muito ineficientes de recursos e pressão muito elevada podem
economizar mais de 1000 litros por ligação.dia.
estes dados e mesmo as que conseguemauferir a porcentagemde perda de água, optam por não divulgá-la
por ser alta demais. As empresas que divulgam estas informações geralmente são as que possuem o
percentual de perdas de água reduzido.
3
O índice ILI é um indicador de performance de perdas reais (físicas) no rede do sistema de distribuição
de água nas condições de pressão existente. O índice ILI é calculado por meio da expressão:
ILI =CARL/ UARL
onde: ILI = infrastructure leakage index umnúmero adimensional; CARL= current annual real losses,
ou o volume anual de perdas reais/Nc quando a rede está pressurizada. É empregado geralmente nas
unidades Litros/ligação x dia; Nc = número de conexões ou ligações de água e UARL= unnavoidable
annual real losses ou o volume anual de perdas reais que não podem ser evitadas em Litros/ligação x dia,
isto é, na mesma unidade de TIRL. Maiores detalhes em:
http://www.thesustainabilitysociety.org.nz/conference/2008/papers/Taylor.R.pdf
Percentualdeoperadorasdeágua
emcadaníveldeperdadeágua
12
QUADRO 5: BANCO MUNDIAL:BANDASDEREFERÊNCIA PARA REDUÇÃO DE PERDAS
Fonte: Banco Mundial
2.4 Perdasde água no Brasil
No Brasil, a situação está longe do observado em países desenvolvidos e a situação
de perdas é muito desigual quando se comparam unidades da federação, operadores
públicos e privados de saneamento básico.
Os indicadores de perda de água das operadoras de saneamento no Brasil mostram
que ainda há muita ineficiência na produção da água. A seguir, são mostrados indicadores
de perdas de água e eficiência energética, atualizados com dados do Ministério das
Cidades (SNIS).
13
41,6 42,6
38,8 38,8
2.4.1 Evolução do nível de perdas de água no Brasil
As perdas de água são muito elevadas no Brasil e têm se mantido em níveis próximos
a 40% nos últimos doze anos, ainda que seja possível notar uma leve tendência de queda
nos últimos anos. O Quadro 6 mostra a trajetória das perdas na distribuição4
nos anos
recentes.
O nível de perdas no Brasil passou de 45,6% em 2004 para 38,8% em 2011, uma
queda de 6,8 pontos percentuais no período. O quadro é ainda mais preocupante porque a
maior parte das empresas não mede suas perdas de água de maneira consistente.
QUADRO 6: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO INDICADOR DEPERDAS NA DISTRIBUIÇÃO (%)
45,6 45,6 44,4 43,5
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: SNIS, vários anos.
Quando se compara o Brasil com países desenvolvidos, é notável o grande espaço
para mudanças. Cidades da Alemanha e do Japão possuem 11% e Austrália possui 16%.
Sendo assim, espera-se que o Brasil consiga reduzir seus níveis de perda em, no
4
Perdas na distribuição correspondemà participação do volume de perdas (“Volume total de Água” –
“Volume de água consumido”) no “Volume total de água”.
14
mínimo, dez pontos percentuais antes que possa atingir os níveis de perdas associados aos
países desenvolvidos. 5
2.4.2 Comparação de perdas entre operadores estaduais e municipais de
saneamento básico
O Quadro 7 e o Quadro 8 mostram do ponto de vista das perdas de água, a situação de
diversas empresas estaduais6
e municipais7
de saneamento no Brasil. Os quadros mostram
os níveis de perdas sobre o faturamento para as 52 maiores empresas brasileiras em termos
de população atendida, considerando dados do SNIS 2011.
QUADRO 7: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTOPARA EMPRESASESTADUAIS (%)
Fonte: SNIS 2011
A CAESA (Amapá) e a SANEPAR (Paraná) são, respectivamente, as empresas
estaduais menos e mais eficientes em termos de perdas de água no Brasil com 75,0% e
21,1% de perdas sobre o faturamento. A média de perdas para essas empresas é de 40,7%.
5
Deve-se registrar, entretanto, que a IWA chama a atenção para o fato de que indicadores percentuais de
perdas,a despeito do fácil entendimento por todos,são frágeis para comparações sobre perdas entre empresas
ou cidades.
15
QUADRO 8: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTOPARA EMPRESAS MUNICIPAIS
Fonte: SNIS 2011
Para as empresas municipais, a SAERB (Rio Branco) e a SANEP (Pelotas) são,
respectivamente, a menos e mais eficiente em termos de perdas sobre o faturamento,
apresentando índices de 69,3% e 6,7%. A média de perdas para essas empresas é de
36,6%.
2.5 As metas do PLANSAB
A Tabela 1 mostra as metas do Plano Nacional de Saneamento para o indicador
“Porcentagem do índice de perdas na distribuição de água” (A6) definidas em junho de
2013. Tomando-se as metas para o Brasil (primeira coluna), o índice de perdas tem que
cair de 39% em 2010 para 31% em 2033.
TABELA 1: METASDO PLANO NACIONALDESANEAMENTO BÁSICO
INDICADOR ANO BRASIL N NE SE S CO
A6. % do índice de perdas na distribuição
de água
2010 39 51 51 51 35 34
2018 36 45 44 44 33 32
2023 34 41 41 41 32 31
2033 31 33 33 33 29 29
Fonte: Ministério as Cidades
16
3 POTENCIAL DE GANHOS COM MEDIDAS DE REDUÇÃO DE
PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Nesta seção são abordados os custos e benefícios da redução de perdas de água e a
estimativa dos potenciais ganhos monetários advindos da implementação de programas
de redução de perdas de água.
3.1 Custos e benefícios da reduçãode perdas físicas de água
A análise econômica para programas de redução de perdas físicas de água requer a
avaliação sobre os benefícios e os custos envolvidos, que dizem respeito às atividades
previstas no referido programa.
3.1.1 Custos envolvidos na redução de perdas físicas de água
Os custos podem ser divididos em custos fixos, que ocorrem durante período
específico de implantação do projeto, e custos variáveis, que ocorrem ao longo de todo
o projeto.
Os custos dos projetos e serviços de redução de perdas podem ser elencados em:
 Equipamentos e instalações, como tubulações, válvulas, bombas, motores,
acessórios, peças de conexão, macromedidores, hidrômetros, elementos de
controle e automação, equipamentos elétricos, subestação;
 Obras civis, como zoneamento piezométrico, reservatórios, substituição de
ramais e redes. Os custos indiretos incluem os gastos com projetos,
gerenciamento e fiscalização de obras, serviços de consultoria, entre outros.
 Ações operacionais e de manutenção, como pesquisa acústica para a
detecção de vazamentos não visíveis, reparo de vazamentos, combate a
fraudes.
 Ações tecnológicas, como desenvolvimento de materiais e equipamentos. A
esse respeito, o setor de saneamento precisa de hidrômetros tecnologicamente
adequados à existência de caixas d’água domiciliares, as
17
quais potencializam a submedição; e tubulações que não vazam, sem juntas,
(de polietileno de alta densidade – PEAD – com juntas soldadas)
 Mão de obra, responsável pela gestão, execução, controle e geração de
relatórios, tanto terceirizada como própria.
 Qualificação profissional, incluindo treinamento da mão de obra e
certificação profissional.
3.1.2 Benefícios envolvidos na redução de perdas físicas de água.
Os benefícios de um projeto de redução de perdas são diversos. Com a redução das
perdas físicas, a empresa pode produzir uma quantidade menor de água para abastecer a
mesma quantidade de pessoas. Ao produzir uma quantidade menor de água, a operadora
de saneamento reduz os custos com diversos itens, tais como:
 Produtos químicos;
 Energia elétrica;
 Compra de água bruta (nos casos em que há cobrança pelo uso da água);
 Mão de obra
Com a redução das perdas aparentes, decorrentes de fraudes nas ligações, consumo
não faturado, falta de hidrômetros, problemas de medição, dentre outros, a principal
consequência é o aumento do volume faturado e, consequentemente, da receita.
Além disso, a empresa pode postergar investimentos necessários para atender ao
aumento da demanda decorrente do crescimento populacional. Entre aumentar a
capacidade de produção de água e diminuir as perdas de água, a segunda alternativa será,
em muitos casos, a mais adequada do ponto de vista econômico-financeiro e também
ambiental. Com o aumento da eficiência na produção e distribuição de água, a mesma
quantidade produzida atende mais pessoas.
Os ganhos com redução de perdas de água podem ter impactos em termos de receitas,
custos e investimentos. Tais ganhos são sintetizados no Quadro 9.
18
QUADRO 9: BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DAS PERDAS
Perdas Perdas aparentes Perdas reais
Ganhos Aumentoda receita Reduçãode custos
Postergaçãode
investimentos
Tipos de benefícios Aumentodo consumomedidoe faturado
Menores custos comprodutos químicos, energia
e outros insumos.
Diminuiçãoda produçãode água com o
atendimentodo mesmo número de pessoas.
Atendimento de maior númerode pessoascom a
mesma quantidade produzida.
Ações envolvidas
Troca de hidrômetros e medidores;
Corte nas ligações fraudulentas;
Mediçãoefetiva de todas as economias
(domiciliares, comercial e públicas);
Melhora nocadastro
Melhora docontrole da pressãona rede;
Melhora nocontrole e detecção de vazamentos;
Melhoriae troca de tubulações, ligações,
válvulas.
Qualificaçãoda mãode obra e melhoria dos
materiais
Fonte: elaboração própria
Além dos ganhos indicados no Quadro 9 há um benefício intangível associado ao ganho
de imagem de uma operadora focada em eficiência e preservação dos recursos naturais.
É difícil imaginar algo mais incoerente com a missão empresarial de prestar serviços
ambientais de uma operadora do que o registro de elevadas perdas de água em qualquer
etapa do processo de disponibilização ou uso dos sistemas.
Destaque-se ainda que há sinergias nas ações de redução de perdas de água e
eficiência energética. A redução do índice de perdas leva à diminuição na necessidade de
produção de água que, por sua vez, faz com que a energia consumida na produção de água
caia e assim ocorra uma redução nos custos de energia, como destacado no Quadro 10.
19
QUADRO 10: SINERGIAS ENTRE REDUÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA
Fonte: Elaboração GO Associados
Os benefícios diretos das medidas de eficiência energética são refletidos na redução
dos gastos com energia. Além disso, é possível apontar benefícios indiretos. Por exemplo,
os gastos investidos em conservação diminuem a necessidade de ampliação da geração
de energia. De acordo com ABES (2005), cada R$ 1 gasto em conservação de energia,
evita R$ 8 em investimento em geração. Além disso, aumento de eficiência permite que
as empresas tenham mais recursos para investir na expansão dos sistemas de água e
esgoto.
3.2 Estimativa do potencialde ganho advindo de medidas de
redução de perdasde água.
Os programas para redução de perdas de água devem considerar sempre a relação
entre o valor gerado pelo volume de água economizado (que não será perdido) e o valor
do investimento tanto em infraestrutura quanto em gestão comercial realizado para lograr
a redução de perdas. A partir de certo nível de perda de água muito reduzido, o custo para
a redução da perda de água se torna cada vez maior, pois a economia de água gerada por
investimento realizado é cada vez menor.
No caso das perdas aparentes, a literatura aponta que programas de redução de perda
de água comercial são financeiramente atraentes, pois geram um retorno financeiro
rápido. Já os programas de redução de perda de água física são financeiramente atraentes
no inicio da sua execução principalmente nos países em desenvolvimento que possuem
altos níveis de perda de água. Entretanto, após uma significativa redução do
20
nível de perda de água, os investimentos em programas de redução de perda de água
física deixam de se tornar atraentes.
Carlos Alberto Rosito8
estimou o potencial de ganhos brutos, em termos monetários,
da redução de perdas de água. Para tanto, considerou o volume de água faturado no Brasil
em 2007 (de aproximadamente 8,035 bilhões de m3), o consumo autorizado
(aproximadamente 433,3 milhões de m3 de água), as perdas aparentes (1,633 bilhão de
m3) e as perdas reais (3,927 bilhões de m3 de água).
As perdas aparentes foram valoradas com base na tarifa média de água no mesmo ano
de 2007, de R$ 1,87/m3, resultando em R$ 3,052 bilhões. Já as perdas físicas ou reais
foram valoradas com base no custo marginal da água no mesmo ano de 2007, de R$
1,07/m3, resultando em R$ 4,055 bilhões. Por fim, foi incluído também o consumo
autorizado não faturado, que também foi valorado pelo custo marginal, resultando em R$
0,464 bilhão. No total, o custo das perdas em 2007 somou aproximadamente R$ 7,6
bilhões.
A partir desses parâmetros, desenhou três cenários. O primeiro cenário, “otimista”,
apresentava redução de 50% das perdas ao longo de 17 anos (de 2009 a 2025). Nessa
hipótese, as perdas se reduziriam para 18,75%, com ganho potencial acumulado até 2025
de R$ 37,27 bilhões.
No cenário “base”, as perdas se reduziriam em 38%, resultando em ganho potencial
acumulado até 2025 de R$ 29,93 bilhões. Finalmente, o cenário “conservador” considera
redução de perdas de 25%, com ganho potencial acumulado, no mesmo período, de 20,91
bilhões. Os números estão no Quadro 11.
8
da Saint Gobain Canalização Ltda
21
QUADRO 11: ESTIMATIVASDE GANHOSBRUTOSCOM REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA
Perdas
(2009)
Perdas
(2025)
Redução
(%)
Ganhos potenciais
(R$ Bilhões)
Cenário 1 – Otimista 37,4% 18,7% 50% 37,27
Cenário 2 – Base 37,4% 23,2% 38% 29,93
Cenário 3 - Conservador 37,4% 27,9% 25% 20,91
Fonte: adaptado de apresentação de Carlos Rosito no âmbito do Grupo de Economia da
Infraestrutura & Soluções Ambientais.
Se for considerado, no cenário “base”, que 50% desse total será reinvestido para
implementar e manter os programas de redução de perdas de água9
, o ganho líquido
estimado de uma queda de 38% nos níveis de perda de água do Brasil seria de R$ 14,97
bilhões em 17 anos, uma média de R$ 880 milhões por ano. Este montante representa
aproximadamente 12% do que foi investido no setor de água e esgoto no Brasil no ano de
2011 (R$ 7 bilhões).
A atualização dessa estimativa a partir do SNIS de 2010 resultou em ganhos
potenciais brutos de R$ 36 bilhões, ou R$ 20 bilhões líquidos.
Há, portanto, um caminho promissor a ser percorrido pelas empresas brasileiras de
saneamento para elevar sua eficiência operacional. Note-se, entretanto, que soluções para
o problema das perdas em grandes cidades demandam planejamento, conhecimento e
persistência das ações; resultados rápidos podem ser obtidos, mas o verdadeiro
equacionamento é de longo prazo.
9
Esta porcentagemestá baseada no programa de redução de perdas de água da Sabesp.
22
4 SITUAÇÃO ATUAL DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS
A situação atual dos prestadores de serviço não favorece os investimentos em redução de
perdas. Parte importante dos operadores não possui quadro de profissionais em
quantidade suficiente e, mesmo quando o tem, não está suficientemente treinado e
capacitado para gerenciar os sistemas de modo a manter baixos e sob controle os índices
de perdas. Outro fator que agrava o problema é a precária condição física dos sistemas de
abastecimento de água, com redes antigas, escassez de equipamentos e instrumentos, e
até mesmo de cadastros técnicos e comerciais. Em outras palavras, há prestadores que
desconhecem as principais caraterísticas do sistema que operam.
4.1 Baixa capacidade de financiamento
Um dos principais problemas associados aos baixos índices de investimento no setor de
saneamento brasileiro é a baixa capacidade dos operadores de se financiar. Levantamento
do Fundo de Investimentos do FGTS indica que das 26 empresas estaduais de
saneamento, somente 7 têm condições adequadas para captação de financiamentos10
.
Essa limitação está relacionada às formas como o Governo Federal disponibiliza recursos
para o setor e às condições econômico-financeiras ainda precárias dos operadores, que,
por sua vez, se justificam em função da baixa eficiência operacional e de gestão. Ou seja,
os altos custos dessas empresas (quadro de pessoal mal dimensionado, ineficiência nas
compras, alto consumo de energia elétrica, altos índices de perdas de água) e a baixa
capacidade de geração de receitas (gestão comercial deficiente, não aproveitamento de
oportunidades na área de saneamento industrial e privado, baixa agressividade comercial)
diminuem a capacidade das operadoras de obter recursos financeiros, que seriam
destinados ao seu plano de investimentos e, também, a ações de melhoria operacional,
como programas de redução de perdas de água.
10
Disponível em: http://www.fgts.gov.br/trabalhador/fi_fgts.asp
23
Conforme indicado no Quadro 12, trata-se de um ciclo vicioso, em que a baixa capacidade
operacional reduz a capacidade de financiamento, que por sua vez prejudica a capacidade
de investimento e, consequentemente, a melhora operacional.
QUADRO 12: CICLO VICIOSO – GESTÃO DAS OPERADORASDE SANEAMENTO
Fonte: Manual sobre contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento
(IFC, 2012)
4.2 Rigidez orçamentária
A redução de perdas físicas e de perdas aparentes envolve uma série de atividades que
precisam ser desenvolvidas de forma integrada e que normalmente dificulta a estimativa
precisa de todas as ações necessárias à identificação e redução das perdas nos sistemas de
abastecimento de água. Essa característica requer alguma flexibilidade das operadoras de
saneamento para alterar seus orçamentos ao longo da implantação de programas para
redução de perda de água.
A rigidez orçamentária, isto é, a ausência de flexibilidade nos orçamentos, constitui assim
um problema para a implantação de programas de redução de perdas nos sistemas de
abastecimento de água.
4.3 Ausência de coordenação central
É comum empresas de saneamento implantarem programa de substituição de hidrômetros
(reduzindo as perdas aparentes), mas não investirem na renovação de suas redes de
distribuição de água que podem ter elevadas perdas físicas.
24
Uma das razões para esse tipo de prática está associada a não indicação de um setor ou
departamento como responsável pela implantação de um programa de redução de perdas.
Como as ações para reduzir perdas envolvem diversos departamentos de uma operadora
de saneamento (como os setores de compras, obras, manutenção, cobrança, marketing,
entre outros), a ausência de uma unidade focada na estruturação e acompanhamento de
um programa de redução de perdas e eficiência energética dispersa esforços e causa
descoordenação.
Isso se reflete também no momento da orçamentação, pois se não houver orçamento
dedicado a todas as ações necessárias à implantação de um programa de redução de perdas
e eficiência a tendência é que, por falta de recursos, não seja possível implantar todas as
ações necessárias ao sucesso do programa.
Essa falta de coordenação central, porém, se justifica muitas vezes, como anteriormente
citado, pela ausência de capacitação técnica das operadoras de saneamento para
estruturarem um programa adequado de redução de perdas e eficiência. Há falta de
conhecimento técnico para montagem de projetos básicos, estruturação de editais,
precificação dos serviços e definição das melhores soluções técnicas e tecnológicas.
25
5 CONTROLE DAS PERDAS
O Quadro 13 apresenta uma síntese das ações para o controle e a redução de perdas reais.
Há três tipos de vazamentos; para cada tipo de vazamento correspondem algumas ações
possíveis para o controle e a redução de perdas:
 Vazamentos não visíveis, de baixa vazão, não aflorantes e não detectáveis por
métodos acústicos de pesquisa. Nestes casos, deve-se observar a qualidade da mão
de obra e dos materiais utilizados, e, eventualmente, reduzir a pressão da rede.
 Vazamentos não visíveis, não aflorantes, mas detectáveis por métodos acústicos
de pesquisa: nesses casos, além das ações anteriores, deve-se aumentar a pesquisa
de vazamentos.
 Vazamentos visíveis, aflorantes ou ocorrentes nos cavaletes; extravazamentos nos
reservatórios. Nesses casos, além as ações anteriores, deve-se também controlar o
nível dos reservatórios.
QUADRO 13: SÍNTESE DAS AÇÕES PARA O CONTROLE E A REDUÇÃO DE PERDAS REAIS
Fonte: TARDELLI FILHO,J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA,M. T.
Abastecimento de água. 2006.
26
Já o Quadro 14 apresenta a síntese das principais ações para o controle e a redução
das perdas aparentes. No âmbito da macromedição, as ações adequadas são a instalação
adequada de macromedidores e a calibração dos medidores de vazão. No âmbito da gestão
comercial, as ações incluem o controle de ligações inativas e clandestinas. No que
concerne à micromedição, as ações abrangem a instalação adequada e a substituição
periódica dos hidrômetros.
QUADRO 14: SÍNTESE DASAÇÕES PARA O CONTROLE EA REDUÇÃO DE PERDAS
APARENTES
Fonte: TARDELLI FILHO, J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA, M. T.
Abastecimento de água. 2006.
27
6 FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS PARA
A REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA
O problema do elevado nível de perdas preocupa as lideranças de organizações de
saneamento (concessionárias públicas e privadas, autarquias e departamentos) pelo
menos a partir do início dos anos 2000, especialmente por causa da escassez hídrica que
estas organizações enfrentam e pelos altos valores das perdas, gerando demanda adicional
num sistema de abastecimento de água já bastante exigido pelo desenvolvimento urbano
das cidades brasileiras.
O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), em discussão no Brasil, separa
o foco de atuação no setor de saneamento, em ações estruturais (com foco na ampliação
e melhoria do ativo) e ações estruturantes (cujo foco é a gestão de ativos). O ataque às
causas das perdas, pela via de ações estruturais, deve ser antecedido por ações
estruturantes, partindo-se de uma estratégia bem formulada, levando em consideração
conceitos de gestão.
Cabe aos operadores, independentemente da estratégia que adotem para o combate às
perdas, o pleno conhecimento dos sistemas que operam. As estratégias que podem ser
adotadas, algumas das quais descritas a seguir, jamais podem perder de foco que o ponto
de partida para enfrentar o problema das perdas de água é o estabelecimento, por parte
dos operadores, de um mínimo de profissionais destacados para o desafio.
Os profissionais designados deverão ser treinados e capacitados nos conceitos e ações
que envolvem a operação de água, hidrometria e aspectos comerciais como combate a
fraudes, por exemplo. O conhecimento de conceitos de gestão e estratégia é necessário
para as pessoas que lideram equipes e processos.
6.1 Ações estruturantes:
Reduzir perdas sem considerar práticas de gestão tem se demonstrado inócuo, pois
não se consegue dar sustentabilidade ao Programa de Redução e Controle de Perdas.
O gerenciamento do controle de perdas envolve o acompanhamento de diversas ações
especializadas, integradas e sequenciais, avaliando o andamento e medindo os
28
resultados. Com esses resultados serão definidas as próximas estratégias e etapas de um
Programa de Controle de Perdas em uma companhia de saneamento.
Trata-se da incorporação de ferramentas de qualidade nos processos operacionais
envolvidos no controle e redução de perdas em sistemas de abastecimento de água. As
decisões devem ser tomadas baseadas em indicadores e análises criteriosas dos resultados,
deixando de lado o predomínio da experiência dos operadores do sistema. Essa bagagem
de conhecimentos, que não deve e não pode ser desprezada, merece ser utilizada
juntamente com ferramentas e métodos que traduzam uma maior otimização dos recursos
disponíveis e uma elevada eficácia dos resultados.
De forma resumida, um programa deve conter minimamente as seguintes etapas:
 Diagnóstico;
 Definição de Metas;
 Indicadores de Controle;
 Planos de Ação;
 Estruturação e Priorização;
 Acompanhamento das Ações e Avaliação de Resultados.
O sucesso do programa está diretamente ligado ao conhecimento e participação de
todos os agentes responsáveis, em quaisquer níveis hierárquicos dentro da organização
na companhia de saneamento.
A realização de atividades de capacitação técnica, palestras, discussões de resultados
e cobrança de responsabilidades, bem como a utilização de meios de comunicação
internos à empresa disponíveis, são medidas passíveis de serem adotadas.
O envolvimento acima citado deve ser passado e cobrado também no caso da
terceirização dos serviços.
Portanto, a associação das ações de engenharia, com Gestão de Pessoas e de
Processos, constitui o tripé de ações que garantem sustentabilidade aos Programas de
Redução e Controle de Perdas.
29
O Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act) para programas de redução de perdas. Suas oito
fases sequenciais estão ilustradas no Quadro 15:
QUADRO 15: FASES SEQUENCIAIS DO MASPP:O CICLO DE CONTROLE
30
7 GESTÃO E CONTROLE DE PERDAS –GCP NA AEGEA
A Aegea Saneamento e Participações SA, através da Aegea Engenharia, Gerencia de
GCP, após estudar o tema por dois anos consecutivos, elaborou um Programas de
Redução e Controle de Perdas, denominado GCP, ou “Gestão e Controle de Perdas”. O
sistema tem como objetivo a redução de perdas reais e aparentes em todas as quarenta e
cinco concessionárias pertencentes ao Grupo Aegea.
O sistema de gestão e controle foi baseado no modelo Alemão (Guideline for Water
Loss Reduction GIZ), melhores práticas já utilizadas nas concessionárias da Aegea, bem
como benchmarking, em especial os modelos Israelense e de Cingapura.
O modelo foi desenvolvido internamente, utilizando o máximo possível de
inteligência, através de algoritmos específicos nos seis pilares do GCP. Todo o sistema
de sensoriamento, controle e telemetria das redes de distribuição foram desenvolvidos de
forma customizada e modular, se adequando a qualquer situação exigida nos projetos de
DMCs e sensoriamento.
Abaixo apresentamos os conceitos básicos dos seis pilares do GCP.
7.1 GP – GESTÃO DE PRESSÃO
7.2 CAV – CONTROLE ATIVO DE VAZAMENTOS
7.3VQR – VELOCIADE E QUALIDADE DE REPAROS
7.4GM – GESTÃO DE MICROMEDIÇÃO
7.5DRF – DETECÇÃO E REGULARIZAÇÃO DE FRAUDES
7.6GI – GESTÃO DE INFRAESTRUTURA
Gestão de Infraestrutura é a última frente de atuação em Gestão de Controle de Perdas,
mas é indispensável para um gerenciamento de longo prazo da rede.
O objetivo da Gestão de Infraestrutura é alcançar o melhor custo-benefício ao reabilitar ou
substituir a rede de abastecimento de água existente, tendo sido observados e levando em
conta critérios de operação e manutenção da mesma.
31
O sistema de abastecimento de água precisa da Gestão de Infraestrutura para:
 Monitorar o envelhecimento dos ativos da rede para prevenir falhas
 Manter os ativos produtivos, sem permitir que eles se tornem passivos
problemáticos
 Tratar as decisões de investimento com foco em otimizar a utilização dos recursos
financeiros
 Padronizar a contabilização dos custos e investimentos, de modo a dar suporte
adequado a tomada de decisão
O primeiro passo é o levantamento de informações relativas aos ativos existentes. As
informações básicas a serem catalogadas são:
 Localização, material, diâmetro e idade da tubulação
 Histórico de manutenção, vazamentos, reparos e pressão
 Valor financeiro do ativo, valor depreciado e custo de substituição
Esses dados devem ser verificados em termos de relevância e de serem plausíveis. Seu
armazenamento deve ser de forma agregada, de preferência em um cadastro GIS.
Posteriormente, é necessário garantir que as etapas anteriores da Gestão de Controle de
Perdas relativas a Perdas Reais (Gestão de Pressão, Controle Ativo de Vazamentos e
Velocidade e Qualidade nos Reparos) estejam implementadas e operando. Essa situação
garante que a análise dos indicadores esteja isenta de influências externas à análise da vida
útil em si da tubulação.
Os indicadores de performance ligados à Gestão de Infraetrutura tem como objetivo
identificar o momento mais adequado de se realizar a reabilitação ou a substituição do
ativo
8 REFERÊNCIAS
IWA
ABES
Normativas Internas AEGEA Engenharia – Gerencia de GCP
GOMES, H. P. Eficiência hidráulica e energética em saneamento: Análise econômica de
projetos. 2ª edição. 145 pp. Editora Universitária: João Pessoa, 2009.
JUNIOR, J. T. P. Comentários à lei de licitações e contratações da administração pública.
8ª Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009.
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento –
SNIS. Disponível em: http://www.snis.gov.br/. Acesso em: 20/05/2012.
ROSITO, C. Política Nacional de Saneamento: do Planasa ao Plansab: apresentação. In:
Grupo de Economia do Saneamento, Energia & Soluções Ambientais, 2012, São Paulo.
32
TARDELLI FILHO, J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA, M. T.
Abastecimento de água. 3ª edição. Depto de engenharia hidráulica e sanitária da Escola
Politécnica da USP. 2006.
http://siteresources.worldbank.org/INTLAC/Resources/257803-
1269390034020/EnBreve_160_Web.pdf.

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Gestão e Redução de Perdas de Agua no Saneamento

  • 1. Perdas de Água em Empresas de Saneamento Aegea Engenharia – E&T GCP Agosto de 2016
  • 2. 2 1- Introdução Um dos principais indicadores de eficiência da operação dos sistemas de abastecimento de água é o índice de perdas. Com valores médios que beiram os 40% no Brasil, decrescendo, é verdade, mas a uma velocidade extremamente baixa, o combate às perdas de água transformou-se em um grande desafio dos operadores brasileiros públicos e privados. No momento de tentativa de retomada dos investimentos do setor de saneamento, percebe- se claramente que grande parte de nossos operadores públicos, principalmente, apresentam condições insuficientes do ponto de vista de gestão para planejar e implementar as ações necessárias para enfrentar o problema. A Aegea Saneamento e Participações SA, através da Aegea Engenharia - Gerencia de Gestão e Controle de Perdas, desenvolveu um sistema de gestão, denominado GCP para atuar diretamente sobre a situação das perdas de água nas concessionárias do grupo, hoje constituída por quarenta e cinco concessionarias distribuídas no território Brasileiro. O GCP será apresentados no capitulo 7, bem como suas bases ou “Os Seis Pilares do GCP” como são conhecidos.
  • 3. 3 Agatha: Por favor atualizar este sumário SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................7 2 BREVE DIAGNÓSTICO SOBRE AS PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS OPERADORAS DE SANEAMENTO BRASILEIRAS.................................................................................................................................................................8 2.1 PERDAS REAIS E PERDAS APARENTES: O BALANÇO HÍDRICO...........................................................................8 2.2 LIMITES ECONÔMICOS E LIMITESTÉCNICOS DO CONTROLE DE PERDAS.......................................................10 2.3 OPADRÃO INTERNACIONAL................................................................................................................................11 2.4 PERDAS DE ÁGUA NO BRASIL..............................................................................................................................13 2.5 AS METAS DO PLANSAB ...................................................................................................................................16 3 POTENCIAL DE GANHOS COM MEDIDAS DE REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. ......................................................................................................................17 3.1 CUSTOS E BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DE PERDAS FÍSICAS DE ÁGUA...............................................................17 3.2 ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE GANHO ADVINDODE MEDIDASDE REDUÇÃO DE PERDASDE ÁGUA. 20 4 SITUAÇÃO ATUAL DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS ........................................................................23 4.1 BAIXA CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO.........................................................................................................23 4.2 RIGIDEZ ORÇAMENTÁRIA....................................................................................................................................24 4.3 AUSÊNCIA DE COORDENAÇÃO CENTRAL...........................................................................................................24 5 CONTROLE DAS PERDAS .....................................................................................................................................26 6 FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS PARA A REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA .......................................................................................................................................................................28
  • 4. 4 7 GESTÃO E CONTROLE DE PERDAS NA AEGEA 8 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................44
  • 5. 5 SUMÁRIO DE QUADROS QUADRO 1: PARCELAS DAS PERDASDE ÁGUA (REAIS E APARENTES)EM RELAÇÃO AO VOLUME QUEENTRA NO SISTEMA .........................................................................................................................................................9 QUADRO 2: CARACTERÍSTICASPRINCIPAISDE PERDASREAISE PERDASAPARENTES.........................................9 QUADRO 3: CUSTO TOTAL DECORRENTE DE PERDASDE ÁGUA ............................................................................11 QUADRO 4: CENÁRIO DE PERDASDE ÁGUA DAS OPERADORASDEÁGUA ...........................................................12 QUADRO 5: BANCO MUNDIAL:BANDASDE REFERÊNCIA PARA REDUÇÃODE PERDAS....................................13 QUADRO 6: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOINDICADOR DE PERDASNA DISTRIBUIÇÃO (%)..................................14 QUADRO 7: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTO PARA EMPRESASESTADUAIS(%)..........................15 QUADRO 8: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTO PARA EMPRESASMUNICIPAIS................................16 QUADRO 9: BENEFÍCIOSDA REDUÇÃO DASPERDAS..............................................................................................19 QUADRO 10: SINERGIAS ENTRE REDUÇÃO DASPERDASDE ÁGUA E EFICIÊNCIAENERGÉTICA ........................20 QUADRO 11: ESTIMATIVASDE GANHOSBRUTOSCOM REDUÇÃO DE PERDASDE ÁGUA ...................................22 QUADRO 12: CICLO VICIOSO –GESTÃO DAS OPERADORASDE SANEAMENTO...................................................24 QUADRO 13: SÍNTESE DASAÇÕESPARA O CONTROLE E A REDUÇÃODE PERDASREAIS...................................26 QUADRO 14: SÍNTESE DASAÇÕESPARA O CONTROLE E A REDUÇÃODE PERDAS APARENTES........................27
  • 6. 6 1 INTRODUÇÃO1 O objetivo deste texto é subsidiar a discussão sobre redução de perdas nos sistemas de abastecimento de água pelos operadores de saneamento básico. O texto está dividido em quatro seções, além desta primeira seção de introdução. A Seção 2 apresenta um diagnóstico das perdas no Brasil, incluindo a análise do nível de perdas das operadoras brasileiras. O cenário brasileiro de perdas de água no setor de saneamento é bastante problemático. A média brasileira de perdas de água é de aproximadamente 40% (incluindo perdas reais e aparentes), mas em algumas empresas de saneamento essas perdas superam 60%. O elevado índice de perdas de água reduz o faturamento das empresas e, consequentemente, sua capacidade de investir e obter financiamentos. Além disso, gera danos ao meio ambiente na medida em que obriga as empresas de saneamento a buscarem novos mananciais. A Seção 3 estima o potencial de ganhos, monetários, advindos da redução de perdas de água. Segundo estimativas, o ganho líquido, já descontado o investimento para implementar os programas de redução de perdas d’água, podem atingir quase R$ 15 bilhões em 17 anos. A Seção 4 enumera medidas para redução de perdas de água em empresas de saneamento, recomendando ações que visem a eficiência operacional das operadoras. Por fim, a Seção 5 apresenta exemplos da aplicação das medidas propostas na seção anterior, envolvendo, entre outras, empresas de saneamento básico como Sabesp (São Paulo), Sanepar (Paraná), Casal (Alagoas) e Águas de Niterói (Rio de Janeiro). A Seção 6 sintetiza as principais conclusões do texto. 2 BREVE DIAGNÓSTICO SOBRE AS PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS OPERADORAS DE SANEAMENTO BRASILEIRAS Um dos principais desafios das operadoras de água em países em desenvolvimento é reduzir as perdas de água em todas as etapas do processo de seu fornecimento.
  • 7. 7 2.1 Perdasreais e perdasaparentes:o Balanço Hídrico O conceito de perdas nos sistemas de abastecimento de água inclui duas categorias:  A “perda de água física” ou “real”, quando o volume de água disponibilizado no sistema de distribuição pelas operadoras de água não é utilizado pelos clientes, sendo desperdiçado antes de chegar às unidades de consumo, e  A “perda de água comercial” ou “aparente” quando o volume utilizado não é devidamente computado nas unidades de consumo, sendo cobrado de forma inadequada. Até alguns anos atrás, a avaliação das perdas era distinta em cada país, ou mesmo em cada companhia de saneamento em um mesmo país. A International Water Association (IWA) procurou padronizar o entendimento dos componentes dos usos da água em um sistema de abastecimento através de uma matriz que representa o Balanço Hídrico, onde se inserem os dois tipos de perdas relatados. O conjunto de perdas físicas ou reais e de perdas de faturamento ou aparentes é chamado de “Água Não Faturada” “Non-Revenue Water”. O Quadro 1 apresenta Balanço Hídrico, desenvolvido pela IWA, que esquematiza os processos pelos quais a água pode passar desde o momento em que entra no sistema.
  • 8. 8 QUADRO 1: PARCELAS DAS PERDAS DE ÁGUA (REAIS E APARENTES) EM RELAÇÃO AO VOLUMEQUE ENTRA NO SISTEMA Água que entra no sistema (inclui água importada) Consumo autorizado Consumo autorizado faturado Consumofaturadomedido(inclui água exportada) Água faturada Consumofaturadonãomedido (estimados) Consumo autorizadonão faturado Consumonãofaturadomedido(usos próprios, caminhão pipa, etc) Água não faturada Consumonãofaturadonãomedido (combate a incêndios, favelas, etc) Perdas de água Perdas aparentes Uso nãoautorizado(fraudese falhas de cadastro) Erros de medição (macro e micromedição) Perdas reais Perdas reais nas tubulações de água bruta e no tratamento (quando aplicável) Vazamentos nasadutoras e/ouredes de distribuição Vazamentos e extravasamentos nos reservatórios de adução e/ou distribuição Vazamentos nos ramais(a montante do ponto de medição) Fonte: Public Private Infrastructure Advisory Facility (tradução livre) A abordagem econômica para cada tipo de perda é diferente. Sobre as “perdas reais” recaem os custos de produção e distribuição da água, e sobre as “perdas aparentes”, os custos de venda da água no varejo, acrescidos dos eventuais custos da coleta de esgotos. QUADRO 2: CARACTERÍSTICASPRINCIPAISDE PERDAS REAIS E PERDAS APARENTES. Características Principais Itens Perdas Reais Perdas Aparentes Tipo de ocorrência mais comum Vazamento Erro de Medição Custos associados aos volumes de água perdidos Custo de produção Tarifa Efeitos no Meio Ambiente - Desperdício do Recurso Hídrico. - Necessidades de ampliaçõesde mananciais. - Efeitos na Saúde Pública Risco de contaminação - Empresarial Perda do Produto Perda de receita Consumidor - Imagem negativa (ineficiência e desperdício) - Efeitos no Consumidor - Repasse para tarifa - Desincentivo ao uso racional - Repasse para tarifa - Incitamento a roubos e fraudes No caso do Brasil, deve-se destacar o consumo não faturado e não medido ocorrido em favelas. Trata-se de volume significativo nas metrópoles brasileiras, cuja
  • 9. 9 regularização e urbanização dependem de uma ação de gestão integrada entre o poder concedente e a operadora. Seu custo geralmente é arcado pela companhia de saneamento, nem sempre considerado adequadamente na composição das tarifas. 2.2 Limites econômicos e limites técnicos do controlede perdas Outra importante contribuição da IWA foi a de definir dois limites para os volumes das perdas em um sistema: • Um limite econômico, a partir do qual se gasta mais para reduzir as perdas do que o valor intrínseco dos volumes recuperados (varia de cidade para cidade, em função das disponibilidades hídricas, custos de produção, etc.); • Um limite técnico ("perdas inevitáveis"), mínimo, definido pelo alcance das tecnologias atuais dos materiais, ferramentas, equipamentos e logísticos, ou, em outras palavras, nunca haverá perda zero, sempre teremos de conviver com algum volume perdido, por mais bem implantado e operado que seja um sistema de abastecimento. O Quadro 3 mostra tanto o “nível econômico ótimo de vazamentos” quanto o “nível mínimo de vazamentos”.
  • 10. 10 QUADRO 3: CUSTO TOTALDECORRENTEDE PERDAS DE ÁGUA. Níveleconômico de vazamentos Vazamentos (litros/ligação/hora) Fonte: Control and mitigation of drinking water losses in distribution systems (United States Environmental Protection Agency) Assim, não é economicamente viável eliminar completamente toda a perda de água física e comercial. Entretanto, devido às significativas perdas de água nos países em desenvolvimento, é razoável prever que a quantidade de perda de água nestes países pode ser reduzida pela metade pelo menos nos próximos dez anos. 2.3 O padrãointernacional O Banco Mundial, no livro “Parâmetros Internacionais para Redes de Operadoras de Saneamento” (International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities – IBNET), realizou estudo para estimar o desempenho das operadoras de água no que tange à perda de água. Nas operadoras cobertas pelo IBNET, a média de perdas de água constatada foi de 35%. Entretanto, como grandes países em desenvolvimento ainda não são cobertos pelo IBNET e as estatísticas desses países não são confiáveis2 , é mais provável que o nível médio de perdas de água em países em desenvolvimento gire em torno de 40-50%. 2 A porcentagem de perda de água das operadoras de água nos países em desenvolvimento não é estimada com confiança. Muitas operadoras não possuemsistemas de informação e controle adequados para inferir Custo($/conexão/ano)
  • 11. 11 QUADRO 4: CENÁRIO DE PERDAS DE ÁGUA DAS OPERADORASDE ÁGUA 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% <10% 10-20% 20-30% 30-40% 40-50% >50% Nível de Perda de Água Fonte: IBNET O Banco Mundial também definiu indicadores de perdas físicas (Infrastructure Leakages Index – ILI3 ) associados a bandas em que as empresas deverão se balizar na busca da redução das perdas (em Litros/ligação.dia), considerando aspectos operacionais do sistema (pressões) e estágio econômico do país, conforme o Quadro 5. Países em desenvolvimento, com uso muito ineficientes de recursos e pressão muito elevada podem economizar mais de 1000 litros por ligação.dia. estes dados e mesmo as que conseguemauferir a porcentagemde perda de água, optam por não divulgá-la por ser alta demais. As empresas que divulgam estas informações geralmente são as que possuem o percentual de perdas de água reduzido. 3 O índice ILI é um indicador de performance de perdas reais (físicas) no rede do sistema de distribuição de água nas condições de pressão existente. O índice ILI é calculado por meio da expressão: ILI =CARL/ UARL onde: ILI = infrastructure leakage index umnúmero adimensional; CARL= current annual real losses, ou o volume anual de perdas reais/Nc quando a rede está pressurizada. É empregado geralmente nas unidades Litros/ligação x dia; Nc = número de conexões ou ligações de água e UARL= unnavoidable annual real losses ou o volume anual de perdas reais que não podem ser evitadas em Litros/ligação x dia, isto é, na mesma unidade de TIRL. Maiores detalhes em: http://www.thesustainabilitysociety.org.nz/conference/2008/papers/Taylor.R.pdf Percentualdeoperadorasdeágua emcadaníveldeperdadeágua
  • 12. 12 QUADRO 5: BANCO MUNDIAL:BANDASDEREFERÊNCIA PARA REDUÇÃO DE PERDAS Fonte: Banco Mundial 2.4 Perdasde água no Brasil No Brasil, a situação está longe do observado em países desenvolvidos e a situação de perdas é muito desigual quando se comparam unidades da federação, operadores públicos e privados de saneamento básico. Os indicadores de perda de água das operadoras de saneamento no Brasil mostram que ainda há muita ineficiência na produção da água. A seguir, são mostrados indicadores de perdas de água e eficiência energética, atualizados com dados do Ministério das Cidades (SNIS).
  • 13. 13 41,6 42,6 38,8 38,8 2.4.1 Evolução do nível de perdas de água no Brasil As perdas de água são muito elevadas no Brasil e têm se mantido em níveis próximos a 40% nos últimos doze anos, ainda que seja possível notar uma leve tendência de queda nos últimos anos. O Quadro 6 mostra a trajetória das perdas na distribuição4 nos anos recentes. O nível de perdas no Brasil passou de 45,6% em 2004 para 38,8% em 2011, uma queda de 6,8 pontos percentuais no período. O quadro é ainda mais preocupante porque a maior parte das empresas não mede suas perdas de água de maneira consistente. QUADRO 6: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO INDICADOR DEPERDAS NA DISTRIBUIÇÃO (%) 45,6 45,6 44,4 43,5 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Fonte: SNIS, vários anos. Quando se compara o Brasil com países desenvolvidos, é notável o grande espaço para mudanças. Cidades da Alemanha e do Japão possuem 11% e Austrália possui 16%. Sendo assim, espera-se que o Brasil consiga reduzir seus níveis de perda em, no 4 Perdas na distribuição correspondemà participação do volume de perdas (“Volume total de Água” – “Volume de água consumido”) no “Volume total de água”.
  • 14. 14 mínimo, dez pontos percentuais antes que possa atingir os níveis de perdas associados aos países desenvolvidos. 5 2.4.2 Comparação de perdas entre operadores estaduais e municipais de saneamento básico O Quadro 7 e o Quadro 8 mostram do ponto de vista das perdas de água, a situação de diversas empresas estaduais6 e municipais7 de saneamento no Brasil. Os quadros mostram os níveis de perdas sobre o faturamento para as 52 maiores empresas brasileiras em termos de população atendida, considerando dados do SNIS 2011. QUADRO 7: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTOPARA EMPRESASESTADUAIS (%) Fonte: SNIS 2011 A CAESA (Amapá) e a SANEPAR (Paraná) são, respectivamente, as empresas estaduais menos e mais eficientes em termos de perdas de água no Brasil com 75,0% e 21,1% de perdas sobre o faturamento. A média de perdas para essas empresas é de 40,7%. 5 Deve-se registrar, entretanto, que a IWA chama a atenção para o fato de que indicadores percentuais de perdas,a despeito do fácil entendimento por todos,são frágeis para comparações sobre perdas entre empresas ou cidades.
  • 15. 15 QUADRO 8: SNIS 2011: PERDAS SOBRE O FATURAMENTOPARA EMPRESAS MUNICIPAIS Fonte: SNIS 2011 Para as empresas municipais, a SAERB (Rio Branco) e a SANEP (Pelotas) são, respectivamente, a menos e mais eficiente em termos de perdas sobre o faturamento, apresentando índices de 69,3% e 6,7%. A média de perdas para essas empresas é de 36,6%. 2.5 As metas do PLANSAB A Tabela 1 mostra as metas do Plano Nacional de Saneamento para o indicador “Porcentagem do índice de perdas na distribuição de água” (A6) definidas em junho de 2013. Tomando-se as metas para o Brasil (primeira coluna), o índice de perdas tem que cair de 39% em 2010 para 31% em 2033. TABELA 1: METASDO PLANO NACIONALDESANEAMENTO BÁSICO INDICADOR ANO BRASIL N NE SE S CO A6. % do índice de perdas na distribuição de água 2010 39 51 51 51 35 34 2018 36 45 44 44 33 32 2023 34 41 41 41 32 31 2033 31 33 33 33 29 29 Fonte: Ministério as Cidades
  • 16. 16 3 POTENCIAL DE GANHOS COM MEDIDAS DE REDUÇÃO DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA Nesta seção são abordados os custos e benefícios da redução de perdas de água e a estimativa dos potenciais ganhos monetários advindos da implementação de programas de redução de perdas de água. 3.1 Custos e benefícios da reduçãode perdas físicas de água A análise econômica para programas de redução de perdas físicas de água requer a avaliação sobre os benefícios e os custos envolvidos, que dizem respeito às atividades previstas no referido programa. 3.1.1 Custos envolvidos na redução de perdas físicas de água Os custos podem ser divididos em custos fixos, que ocorrem durante período específico de implantação do projeto, e custos variáveis, que ocorrem ao longo de todo o projeto. Os custos dos projetos e serviços de redução de perdas podem ser elencados em:  Equipamentos e instalações, como tubulações, válvulas, bombas, motores, acessórios, peças de conexão, macromedidores, hidrômetros, elementos de controle e automação, equipamentos elétricos, subestação;  Obras civis, como zoneamento piezométrico, reservatórios, substituição de ramais e redes. Os custos indiretos incluem os gastos com projetos, gerenciamento e fiscalização de obras, serviços de consultoria, entre outros.  Ações operacionais e de manutenção, como pesquisa acústica para a detecção de vazamentos não visíveis, reparo de vazamentos, combate a fraudes.  Ações tecnológicas, como desenvolvimento de materiais e equipamentos. A esse respeito, o setor de saneamento precisa de hidrômetros tecnologicamente adequados à existência de caixas d’água domiciliares, as
  • 17. 17 quais potencializam a submedição; e tubulações que não vazam, sem juntas, (de polietileno de alta densidade – PEAD – com juntas soldadas)  Mão de obra, responsável pela gestão, execução, controle e geração de relatórios, tanto terceirizada como própria.  Qualificação profissional, incluindo treinamento da mão de obra e certificação profissional. 3.1.2 Benefícios envolvidos na redução de perdas físicas de água. Os benefícios de um projeto de redução de perdas são diversos. Com a redução das perdas físicas, a empresa pode produzir uma quantidade menor de água para abastecer a mesma quantidade de pessoas. Ao produzir uma quantidade menor de água, a operadora de saneamento reduz os custos com diversos itens, tais como:  Produtos químicos;  Energia elétrica;  Compra de água bruta (nos casos em que há cobrança pelo uso da água);  Mão de obra Com a redução das perdas aparentes, decorrentes de fraudes nas ligações, consumo não faturado, falta de hidrômetros, problemas de medição, dentre outros, a principal consequência é o aumento do volume faturado e, consequentemente, da receita. Além disso, a empresa pode postergar investimentos necessários para atender ao aumento da demanda decorrente do crescimento populacional. Entre aumentar a capacidade de produção de água e diminuir as perdas de água, a segunda alternativa será, em muitos casos, a mais adequada do ponto de vista econômico-financeiro e também ambiental. Com o aumento da eficiência na produção e distribuição de água, a mesma quantidade produzida atende mais pessoas. Os ganhos com redução de perdas de água podem ter impactos em termos de receitas, custos e investimentos. Tais ganhos são sintetizados no Quadro 9.
  • 18. 18 QUADRO 9: BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DAS PERDAS Perdas Perdas aparentes Perdas reais Ganhos Aumentoda receita Reduçãode custos Postergaçãode investimentos Tipos de benefícios Aumentodo consumomedidoe faturado Menores custos comprodutos químicos, energia e outros insumos. Diminuiçãoda produçãode água com o atendimentodo mesmo número de pessoas. Atendimento de maior númerode pessoascom a mesma quantidade produzida. Ações envolvidas Troca de hidrômetros e medidores; Corte nas ligações fraudulentas; Mediçãoefetiva de todas as economias (domiciliares, comercial e públicas); Melhora nocadastro Melhora docontrole da pressãona rede; Melhora nocontrole e detecção de vazamentos; Melhoriae troca de tubulações, ligações, válvulas. Qualificaçãoda mãode obra e melhoria dos materiais Fonte: elaboração própria Além dos ganhos indicados no Quadro 9 há um benefício intangível associado ao ganho de imagem de uma operadora focada em eficiência e preservação dos recursos naturais. É difícil imaginar algo mais incoerente com a missão empresarial de prestar serviços ambientais de uma operadora do que o registro de elevadas perdas de água em qualquer etapa do processo de disponibilização ou uso dos sistemas. Destaque-se ainda que há sinergias nas ações de redução de perdas de água e eficiência energética. A redução do índice de perdas leva à diminuição na necessidade de produção de água que, por sua vez, faz com que a energia consumida na produção de água caia e assim ocorra uma redução nos custos de energia, como destacado no Quadro 10.
  • 19. 19 QUADRO 10: SINERGIAS ENTRE REDUÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Fonte: Elaboração GO Associados Os benefícios diretos das medidas de eficiência energética são refletidos na redução dos gastos com energia. Além disso, é possível apontar benefícios indiretos. Por exemplo, os gastos investidos em conservação diminuem a necessidade de ampliação da geração de energia. De acordo com ABES (2005), cada R$ 1 gasto em conservação de energia, evita R$ 8 em investimento em geração. Além disso, aumento de eficiência permite que as empresas tenham mais recursos para investir na expansão dos sistemas de água e esgoto. 3.2 Estimativa do potencialde ganho advindo de medidas de redução de perdasde água. Os programas para redução de perdas de água devem considerar sempre a relação entre o valor gerado pelo volume de água economizado (que não será perdido) e o valor do investimento tanto em infraestrutura quanto em gestão comercial realizado para lograr a redução de perdas. A partir de certo nível de perda de água muito reduzido, o custo para a redução da perda de água se torna cada vez maior, pois a economia de água gerada por investimento realizado é cada vez menor. No caso das perdas aparentes, a literatura aponta que programas de redução de perda de água comercial são financeiramente atraentes, pois geram um retorno financeiro rápido. Já os programas de redução de perda de água física são financeiramente atraentes no inicio da sua execução principalmente nos países em desenvolvimento que possuem altos níveis de perda de água. Entretanto, após uma significativa redução do
  • 20. 20 nível de perda de água, os investimentos em programas de redução de perda de água física deixam de se tornar atraentes. Carlos Alberto Rosito8 estimou o potencial de ganhos brutos, em termos monetários, da redução de perdas de água. Para tanto, considerou o volume de água faturado no Brasil em 2007 (de aproximadamente 8,035 bilhões de m3), o consumo autorizado (aproximadamente 433,3 milhões de m3 de água), as perdas aparentes (1,633 bilhão de m3) e as perdas reais (3,927 bilhões de m3 de água). As perdas aparentes foram valoradas com base na tarifa média de água no mesmo ano de 2007, de R$ 1,87/m3, resultando em R$ 3,052 bilhões. Já as perdas físicas ou reais foram valoradas com base no custo marginal da água no mesmo ano de 2007, de R$ 1,07/m3, resultando em R$ 4,055 bilhões. Por fim, foi incluído também o consumo autorizado não faturado, que também foi valorado pelo custo marginal, resultando em R$ 0,464 bilhão. No total, o custo das perdas em 2007 somou aproximadamente R$ 7,6 bilhões. A partir desses parâmetros, desenhou três cenários. O primeiro cenário, “otimista”, apresentava redução de 50% das perdas ao longo de 17 anos (de 2009 a 2025). Nessa hipótese, as perdas se reduziriam para 18,75%, com ganho potencial acumulado até 2025 de R$ 37,27 bilhões. No cenário “base”, as perdas se reduziriam em 38%, resultando em ganho potencial acumulado até 2025 de R$ 29,93 bilhões. Finalmente, o cenário “conservador” considera redução de perdas de 25%, com ganho potencial acumulado, no mesmo período, de 20,91 bilhões. Os números estão no Quadro 11. 8 da Saint Gobain Canalização Ltda
  • 21. 21 QUADRO 11: ESTIMATIVASDE GANHOSBRUTOSCOM REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA Perdas (2009) Perdas (2025) Redução (%) Ganhos potenciais (R$ Bilhões) Cenário 1 – Otimista 37,4% 18,7% 50% 37,27 Cenário 2 – Base 37,4% 23,2% 38% 29,93 Cenário 3 - Conservador 37,4% 27,9% 25% 20,91 Fonte: adaptado de apresentação de Carlos Rosito no âmbito do Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais. Se for considerado, no cenário “base”, que 50% desse total será reinvestido para implementar e manter os programas de redução de perdas de água9 , o ganho líquido estimado de uma queda de 38% nos níveis de perda de água do Brasil seria de R$ 14,97 bilhões em 17 anos, uma média de R$ 880 milhões por ano. Este montante representa aproximadamente 12% do que foi investido no setor de água e esgoto no Brasil no ano de 2011 (R$ 7 bilhões). A atualização dessa estimativa a partir do SNIS de 2010 resultou em ganhos potenciais brutos de R$ 36 bilhões, ou R$ 20 bilhões líquidos. Há, portanto, um caminho promissor a ser percorrido pelas empresas brasileiras de saneamento para elevar sua eficiência operacional. Note-se, entretanto, que soluções para o problema das perdas em grandes cidades demandam planejamento, conhecimento e persistência das ações; resultados rápidos podem ser obtidos, mas o verdadeiro equacionamento é de longo prazo. 9 Esta porcentagemestá baseada no programa de redução de perdas de água da Sabesp.
  • 22. 22 4 SITUAÇÃO ATUAL DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS A situação atual dos prestadores de serviço não favorece os investimentos em redução de perdas. Parte importante dos operadores não possui quadro de profissionais em quantidade suficiente e, mesmo quando o tem, não está suficientemente treinado e capacitado para gerenciar os sistemas de modo a manter baixos e sob controle os índices de perdas. Outro fator que agrava o problema é a precária condição física dos sistemas de abastecimento de água, com redes antigas, escassez de equipamentos e instrumentos, e até mesmo de cadastros técnicos e comerciais. Em outras palavras, há prestadores que desconhecem as principais caraterísticas do sistema que operam. 4.1 Baixa capacidade de financiamento Um dos principais problemas associados aos baixos índices de investimento no setor de saneamento brasileiro é a baixa capacidade dos operadores de se financiar. Levantamento do Fundo de Investimentos do FGTS indica que das 26 empresas estaduais de saneamento, somente 7 têm condições adequadas para captação de financiamentos10 . Essa limitação está relacionada às formas como o Governo Federal disponibiliza recursos para o setor e às condições econômico-financeiras ainda precárias dos operadores, que, por sua vez, se justificam em função da baixa eficiência operacional e de gestão. Ou seja, os altos custos dessas empresas (quadro de pessoal mal dimensionado, ineficiência nas compras, alto consumo de energia elétrica, altos índices de perdas de água) e a baixa capacidade de geração de receitas (gestão comercial deficiente, não aproveitamento de oportunidades na área de saneamento industrial e privado, baixa agressividade comercial) diminuem a capacidade das operadoras de obter recursos financeiros, que seriam destinados ao seu plano de investimentos e, também, a ações de melhoria operacional, como programas de redução de perdas de água. 10 Disponível em: http://www.fgts.gov.br/trabalhador/fi_fgts.asp
  • 23. 23 Conforme indicado no Quadro 12, trata-se de um ciclo vicioso, em que a baixa capacidade operacional reduz a capacidade de financiamento, que por sua vez prejudica a capacidade de investimento e, consequentemente, a melhora operacional. QUADRO 12: CICLO VICIOSO – GESTÃO DAS OPERADORASDE SANEAMENTO Fonte: Manual sobre contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento (IFC, 2012) 4.2 Rigidez orçamentária A redução de perdas físicas e de perdas aparentes envolve uma série de atividades que precisam ser desenvolvidas de forma integrada e que normalmente dificulta a estimativa precisa de todas as ações necessárias à identificação e redução das perdas nos sistemas de abastecimento de água. Essa característica requer alguma flexibilidade das operadoras de saneamento para alterar seus orçamentos ao longo da implantação de programas para redução de perda de água. A rigidez orçamentária, isto é, a ausência de flexibilidade nos orçamentos, constitui assim um problema para a implantação de programas de redução de perdas nos sistemas de abastecimento de água. 4.3 Ausência de coordenação central É comum empresas de saneamento implantarem programa de substituição de hidrômetros (reduzindo as perdas aparentes), mas não investirem na renovação de suas redes de distribuição de água que podem ter elevadas perdas físicas.
  • 24. 24 Uma das razões para esse tipo de prática está associada a não indicação de um setor ou departamento como responsável pela implantação de um programa de redução de perdas. Como as ações para reduzir perdas envolvem diversos departamentos de uma operadora de saneamento (como os setores de compras, obras, manutenção, cobrança, marketing, entre outros), a ausência de uma unidade focada na estruturação e acompanhamento de um programa de redução de perdas e eficiência energética dispersa esforços e causa descoordenação. Isso se reflete também no momento da orçamentação, pois se não houver orçamento dedicado a todas as ações necessárias à implantação de um programa de redução de perdas e eficiência a tendência é que, por falta de recursos, não seja possível implantar todas as ações necessárias ao sucesso do programa. Essa falta de coordenação central, porém, se justifica muitas vezes, como anteriormente citado, pela ausência de capacitação técnica das operadoras de saneamento para estruturarem um programa adequado de redução de perdas e eficiência. Há falta de conhecimento técnico para montagem de projetos básicos, estruturação de editais, precificação dos serviços e definição das melhores soluções técnicas e tecnológicas.
  • 25. 25 5 CONTROLE DAS PERDAS O Quadro 13 apresenta uma síntese das ações para o controle e a redução de perdas reais. Há três tipos de vazamentos; para cada tipo de vazamento correspondem algumas ações possíveis para o controle e a redução de perdas:  Vazamentos não visíveis, de baixa vazão, não aflorantes e não detectáveis por métodos acústicos de pesquisa. Nestes casos, deve-se observar a qualidade da mão de obra e dos materiais utilizados, e, eventualmente, reduzir a pressão da rede.  Vazamentos não visíveis, não aflorantes, mas detectáveis por métodos acústicos de pesquisa: nesses casos, além das ações anteriores, deve-se aumentar a pesquisa de vazamentos.  Vazamentos visíveis, aflorantes ou ocorrentes nos cavaletes; extravazamentos nos reservatórios. Nesses casos, além as ações anteriores, deve-se também controlar o nível dos reservatórios. QUADRO 13: SÍNTESE DAS AÇÕES PARA O CONTROLE E A REDUÇÃO DE PERDAS REAIS Fonte: TARDELLI FILHO,J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA,M. T. Abastecimento de água. 2006.
  • 26. 26 Já o Quadro 14 apresenta a síntese das principais ações para o controle e a redução das perdas aparentes. No âmbito da macromedição, as ações adequadas são a instalação adequada de macromedidores e a calibração dos medidores de vazão. No âmbito da gestão comercial, as ações incluem o controle de ligações inativas e clandestinas. No que concerne à micromedição, as ações abrangem a instalação adequada e a substituição periódica dos hidrômetros. QUADRO 14: SÍNTESE DASAÇÕES PARA O CONTROLE EA REDUÇÃO DE PERDAS APARENTES Fonte: TARDELLI FILHO, J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 2006.
  • 27. 27 6 FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS PARA A REDUÇÃO DE PERDAS DE ÁGUA O problema do elevado nível de perdas preocupa as lideranças de organizações de saneamento (concessionárias públicas e privadas, autarquias e departamentos) pelo menos a partir do início dos anos 2000, especialmente por causa da escassez hídrica que estas organizações enfrentam e pelos altos valores das perdas, gerando demanda adicional num sistema de abastecimento de água já bastante exigido pelo desenvolvimento urbano das cidades brasileiras. O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), em discussão no Brasil, separa o foco de atuação no setor de saneamento, em ações estruturais (com foco na ampliação e melhoria do ativo) e ações estruturantes (cujo foco é a gestão de ativos). O ataque às causas das perdas, pela via de ações estruturais, deve ser antecedido por ações estruturantes, partindo-se de uma estratégia bem formulada, levando em consideração conceitos de gestão. Cabe aos operadores, independentemente da estratégia que adotem para o combate às perdas, o pleno conhecimento dos sistemas que operam. As estratégias que podem ser adotadas, algumas das quais descritas a seguir, jamais podem perder de foco que o ponto de partida para enfrentar o problema das perdas de água é o estabelecimento, por parte dos operadores, de um mínimo de profissionais destacados para o desafio. Os profissionais designados deverão ser treinados e capacitados nos conceitos e ações que envolvem a operação de água, hidrometria e aspectos comerciais como combate a fraudes, por exemplo. O conhecimento de conceitos de gestão e estratégia é necessário para as pessoas que lideram equipes e processos. 6.1 Ações estruturantes: Reduzir perdas sem considerar práticas de gestão tem se demonstrado inócuo, pois não se consegue dar sustentabilidade ao Programa de Redução e Controle de Perdas. O gerenciamento do controle de perdas envolve o acompanhamento de diversas ações especializadas, integradas e sequenciais, avaliando o andamento e medindo os
  • 28. 28 resultados. Com esses resultados serão definidas as próximas estratégias e etapas de um Programa de Controle de Perdas em uma companhia de saneamento. Trata-se da incorporação de ferramentas de qualidade nos processos operacionais envolvidos no controle e redução de perdas em sistemas de abastecimento de água. As decisões devem ser tomadas baseadas em indicadores e análises criteriosas dos resultados, deixando de lado o predomínio da experiência dos operadores do sistema. Essa bagagem de conhecimentos, que não deve e não pode ser desprezada, merece ser utilizada juntamente com ferramentas e métodos que traduzam uma maior otimização dos recursos disponíveis e uma elevada eficácia dos resultados. De forma resumida, um programa deve conter minimamente as seguintes etapas:  Diagnóstico;  Definição de Metas;  Indicadores de Controle;  Planos de Ação;  Estruturação e Priorização;  Acompanhamento das Ações e Avaliação de Resultados. O sucesso do programa está diretamente ligado ao conhecimento e participação de todos os agentes responsáveis, em quaisquer níveis hierárquicos dentro da organização na companhia de saneamento. A realização de atividades de capacitação técnica, palestras, discussões de resultados e cobrança de responsabilidades, bem como a utilização de meios de comunicação internos à empresa disponíveis, são medidas passíveis de serem adotadas. O envolvimento acima citado deve ser passado e cobrado também no caso da terceirização dos serviços. Portanto, a associação das ações de engenharia, com Gestão de Pessoas e de Processos, constitui o tripé de ações que garantem sustentabilidade aos Programas de Redução e Controle de Perdas.
  • 29. 29 O Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act) para programas de redução de perdas. Suas oito fases sequenciais estão ilustradas no Quadro 15: QUADRO 15: FASES SEQUENCIAIS DO MASPP:O CICLO DE CONTROLE
  • 30. 30 7 GESTÃO E CONTROLE DE PERDAS –GCP NA AEGEA A Aegea Saneamento e Participações SA, através da Aegea Engenharia, Gerencia de GCP, após estudar o tema por dois anos consecutivos, elaborou um Programas de Redução e Controle de Perdas, denominado GCP, ou “Gestão e Controle de Perdas”. O sistema tem como objetivo a redução de perdas reais e aparentes em todas as quarenta e cinco concessionárias pertencentes ao Grupo Aegea. O sistema de gestão e controle foi baseado no modelo Alemão (Guideline for Water Loss Reduction GIZ), melhores práticas já utilizadas nas concessionárias da Aegea, bem como benchmarking, em especial os modelos Israelense e de Cingapura. O modelo foi desenvolvido internamente, utilizando o máximo possível de inteligência, através de algoritmos específicos nos seis pilares do GCP. Todo o sistema de sensoriamento, controle e telemetria das redes de distribuição foram desenvolvidos de forma customizada e modular, se adequando a qualquer situação exigida nos projetos de DMCs e sensoriamento. Abaixo apresentamos os conceitos básicos dos seis pilares do GCP. 7.1 GP – GESTÃO DE PRESSÃO 7.2 CAV – CONTROLE ATIVO DE VAZAMENTOS 7.3VQR – VELOCIADE E QUALIDADE DE REPAROS 7.4GM – GESTÃO DE MICROMEDIÇÃO 7.5DRF – DETECÇÃO E REGULARIZAÇÃO DE FRAUDES 7.6GI – GESTÃO DE INFRAESTRUTURA Gestão de Infraestrutura é a última frente de atuação em Gestão de Controle de Perdas, mas é indispensável para um gerenciamento de longo prazo da rede. O objetivo da Gestão de Infraestrutura é alcançar o melhor custo-benefício ao reabilitar ou substituir a rede de abastecimento de água existente, tendo sido observados e levando em conta critérios de operação e manutenção da mesma.
  • 31. 31 O sistema de abastecimento de água precisa da Gestão de Infraestrutura para:  Monitorar o envelhecimento dos ativos da rede para prevenir falhas  Manter os ativos produtivos, sem permitir que eles se tornem passivos problemáticos  Tratar as decisões de investimento com foco em otimizar a utilização dos recursos financeiros  Padronizar a contabilização dos custos e investimentos, de modo a dar suporte adequado a tomada de decisão O primeiro passo é o levantamento de informações relativas aos ativos existentes. As informações básicas a serem catalogadas são:  Localização, material, diâmetro e idade da tubulação  Histórico de manutenção, vazamentos, reparos e pressão  Valor financeiro do ativo, valor depreciado e custo de substituição Esses dados devem ser verificados em termos de relevância e de serem plausíveis. Seu armazenamento deve ser de forma agregada, de preferência em um cadastro GIS. Posteriormente, é necessário garantir que as etapas anteriores da Gestão de Controle de Perdas relativas a Perdas Reais (Gestão de Pressão, Controle Ativo de Vazamentos e Velocidade e Qualidade nos Reparos) estejam implementadas e operando. Essa situação garante que a análise dos indicadores esteja isenta de influências externas à análise da vida útil em si da tubulação. Os indicadores de performance ligados à Gestão de Infraetrutura tem como objetivo identificar o momento mais adequado de se realizar a reabilitação ou a substituição do ativo 8 REFERÊNCIAS IWA ABES Normativas Internas AEGEA Engenharia – Gerencia de GCP GOMES, H. P. Eficiência hidráulica e energética em saneamento: Análise econômica de projetos. 2ª edição. 145 pp. Editora Universitária: João Pessoa, 2009. JUNIOR, J. T. P. Comentários à lei de licitações e contratações da administração pública. 8ª Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Disponível em: http://www.snis.gov.br/. Acesso em: 20/05/2012. ROSITO, C. Política Nacional de Saneamento: do Planasa ao Plansab: apresentação. In: Grupo de Economia do Saneamento, Energia & Soluções Ambientais, 2012, São Paulo.
  • 32. 32 TARDELLI FILHO, J. Controle e Redução de Perdas. In TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 3ª edição. Depto de engenharia hidráulica e sanitária da Escola Politécnica da USP. 2006. http://siteresources.worldbank.org/INTLAC/Resources/257803- 1269390034020/EnBreve_160_Web.pdf.