1. “Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em
seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente
em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim
para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado
por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso
para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na
verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não
sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém
saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é
um estado da alma e sim um signo do Zodíaco”.
Matisse
"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso
e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja.
Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não
sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma,
que tenha coragem suficiente para me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas
estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e
delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça
sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia.
Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me
importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu
prazer e me fazer crer que é para sempre quando eu digo convicto que "nada é para sempre."
“Sem propor a si mesmo, sem nem saber, demonstrou com a sua vida a razão que tinha o pai, que repetiu
até o último suspiro que não havia ninguém com mais sentido prático, nem pedreiros mais obstinados nem
gerentes mais lúcidos e perigosos do que os poetas”.
"Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece
as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado."
Gabriel García Márquez
Matisse