3. Sísifo:
rei da Tessália e de Enarete, condenado,
no reino dos mortos, a empurrar
eternamente uma rocha até ao cimo
de uma montanha, caindo a pedra
invariavelmente sempre que
o topo era atingido.
3
4. Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
4
5. «Recomeça…»
O eu poético relembra o tu
da necessidade de recomeçar
o percurso de vida em cada momento
«De nenhum fruto
queiras só metade.»
(v. 10)
É importante
lutar até ao fim pela
concretização dos sonhos
Pormenor de vaso grego
representando Perséfone
a vigiar Sísifo no mundo
nos mortos (c. 530 a. C.).
5
6. Relação ambígua
«E, nunca saciado, / Vai colhendo /
Ilusões sucessivas no pomar. /
Sempre a sonhar» (vv. 11-14)
Sonho e realidade
Faz o Homem avançar
(obriga-o a lutar pela
sua concretização)
Concretização
ou
malogro
dos sonhos
«E vendo, / Acordado, /
O logro da aventura»
(vv. 15-17)
Concretização de algo Engano
Palavra com dois
significados
6
7. «És homem, não te esqueças!» (v. 18)
O eu poético recorda ao tu
que, pela sua condição
de ser humano, deve ter
uma existência digna
Frank Stuck,
Sísifo (1920).
Não se deve resignar,
mas lutar pelos seus ideais
7
8. «Só é tua a loucura / Onde, com lucidez, te reconheças.» (vv. 19-20)
Sonho
Com noção
da realidade
Associação
à oposição
sonho/realidade
Capacidade
de perseguir algo
que parece irreal
Concretização
de sonhos que
permita ao
Homem
construir-se
a si próprio
«reconhe[cer-se]»
8
9. «Sísifo» — título
Trabalho de Sísifo
condição humana
O Homem reinicia
as suas lutas
constantemente,
muitas vezes
para fracassar
Capacidade que
lhe confere dignidade
9