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Envelhecimento dos tecidos_1
Carina Rodrigues
Fisiologia do Envelhecimento
Declínio das funções orgânicas:
A senescência é uma fase normal do ciclo vital do organismo e inicia-se geralmente aos
65 anos. Envolve mudanças fisiológicas, bioquímicas, hormonais, psicológicas,
anatómicas. Há diminuição no desempenho de diversas atividades.
• Final da 3ª década – primeiras alterações funcionais e/ou estruturais;
• A cada ano, a partir dos 30 anos, perda de 1% de função.
“progressiva incapacidade de manutenção do equilíbrio homeostático
em condições de sobrecarga funcional”
Alterações Teciduais
– ↑ formação de colagéneo → ↑ rigidez dos tecidos,
dificuldade de difusão dos nutrientes;
– Diminuição do conteúdo hídrico extra celular;
– Alteração no tecido elástico → ↓ elasticidade dos tecidos;
Depósito de cálcio na elastina;
+ Factores de Risco para Doença Arteriosclerótica.
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações Orgânicas
– ↓ quantidade de água; FUNÇÕES (100% = 30 anos)
– ↑ componente adiposo;
– ↓ potássio total;
– < consumo de O2;
– ↓ peso e volume órgãos;
– ↓ conteúdo mineral ósseo.
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações Anatómicas
– Peso (diminuição da massa corporal);
– Estatura (a altura diminui);
– Conformação facial típica;
– Tórax senil;
– Distribuição centrípeta do tecido adiposo.
Alterações Funcionais
Do ponto de vista funcional, o envelhecimento caracteriza-se, entre outros aspetos, pela perda
de massa muscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade, da força, da
resistência e da mobilidade articular, fatores que, por decorrência, determinam limitação da
capacidade de coordenação e de controloe do equilíbrio corporal estático e dinâmico do idoso.
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações Funcionais
As perdas dramáticas de massa muscular de quase 50%, entre os 20 e 90 anos a isto está
associado a redução da a taxa metabólica de repouso numa taxa aproximada 1% por ano a
partir dos 40
Órgãos dos sentidos:
- A visão: diminuição da acuidade visual e da adaptação a diferentes luminosidades;
- Audição: diminuição da acuidade auditiva principalmente para sons graves.
- Diminuição e alteração dos recetores sensoriais cutâneos, menor sensibilidade no tacto.
Diminuição generalizada da resposta quando da solicitação do órgão, Ex: Processos
infeciosos.
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações na Função Cardíaca
O sistema cardiovascular é constituído de diversos componentes e tem uma interacção
dinâmica, o que dificulta delimitar as alterações decorrentes do envelhecimento
daquelas provocadas por patologias;
A população em questão (mais de 50% dos idosos com 60 anos ou mais) apresenta
cardiopatias.
Existe um consenso na literatura geriátrica, sobre a dificuldade de distinguir as
alterações fisiológicas determinadas pelo processo de envelhecimento no
sistema cardiovascular, das alterações decorrentes da alta prevalência de
comorbidade cardíaca .
Fisiologia do Envelhecimento
Função Cardíaca - Alterações Morfológicas
- Ao contrário do que ocorre noutros órgãos, o peso do coração aumenta
com a idade.
- Aumenta em massa aproximadamente 1g/ano nos homens e 1,5g /ano
nas mulheres - hipertrofia-
- Esta hipertrofia decorre do aumento da pós-carga associada ao
envelhecimento, decorrente primordialmente do “endurecimento” arterial”.
- Além do aumento da massa do músculo cardíaco, também se verifica
aumento maior da espessura do septo interventricular da parede do
ventrículo esquerdo.
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações na Função Cardíaca
– ↑ colagéneo pericárdio e endocárdio;
– degeneração das fibras musculares;
– ↑ espessamento e calcificação das
válvulas (mitral e aórtica);
– ↓ produção e condução do estímulo;
– modificações bioquímicas (ATP e Ca);
– ↓ resposta aos estímulos simpáticos e
parassimpáticos.
– ↑ rigidez parede das artérias;
Fisiologia do Envelhecimento
Fisiologia do Envelhecimento
Alteração da parede das artérias
Função Cardíaca – Pressão arterial
Durante o ciclo cardíaco, quando o sangue é impulsionado pelos ventrículos (sístole
ventricular) para as artérias, essa pressão (pressão sanguínea) é transmitida aos vasos
sanguíneos.
Na parede das artérias, esta pressão (pressão arterial) atinge os valores mais elevados,
pressão arterial máxima (sistólica).
Quando o coração relaxa (diástole geral), o valor da pressão sanguínea sobre a parede das
artérias é mínimo, pressão arterial mínima (Diastólica).
Assim, a pressão arterial é a pressão que o sangue exerce na parede das artérias.
Hipertensão: ocorre quando a pressão que o sangue exerce nas paredes da artéria é
maior, a partir de 140/90mm Hg (ou 14 por 9) já é considerado um problema.
Fisiologia do Envelhecimento
Função Cardíaca – Pressão arterial
Não há valores absolutamente normais, pois as máximas e as mínimas
variam de pessoa para pessoa.
Num mesmo indivíduo varia ao longo da vida e tende a aumentar com a idade.
Fisiologia do Envelhecimento
Função Cardíaca - Hipertensão arterial
O coração trabalha “exageradamente”:
• Aumenta a probabilidade de ocorrer enfarte do miocárdio, acidentes
vasculares cerebrais (conhecidos vulgarmente por AVC, doença
dos vasos sanguíneos cerebrais devido a coágulos que se formam)
e insuficiência renal.
• As paredes dos vasos sanguíneos ficam mais frágeis e perdem a sua
elasticidade;
• Aumenta a formação de depósitos de gordura no interior dos vasos;
(Acelera o envelhecimento das artérias - arteriosclerose)
Fisiologia do Envelhecimento
Alterações na Função Cardíaca
Doenças cardiovasculares (mais comuns):
- AVC.
- Enfarte do miocárdio;
- Angina de Peito;
- Aterosclerose.
Fisiologia do Envelhecimento
Doenças cardiovasculares (mais comuns):
- AVC:
Conhecido popularmente como "derrame cerebral", o Acidente Vascular Cerebral
(designado pela sigla AVC pelos médicos) é a terceira causa de morte em vários
países do mundo e a principal causa de incapacitação física e mental.
- Enfarte do miocárdio:
Enfarte agudo do miocárdio (EAM) ou enfarte agudo do miocárdio, popularmente
conhecido como ataque cardíaco, é o processo de morte (necrose) de parte do
músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigénio.
Fisiologia do Envelhecimento
AVC
Enfarte do miocárdio
- Angina de peito:
A angina de peito é uma dor no peito devida ao baixo abastecimento de oxigénio
ao músculo cardíaco; geralmente é devida à obstrução ou espasmos
(contracções involuntária de um músculo, grupo de músculos ou órgão) das
artérias coronárias (os vasos sanguíneos do coração).
As doenças nas artérias coronárias, principal causa de angina, são devidas a
arteriosclerose nas artérias cardíacas (coronárias).
Fisiologia do Envelhecimento
Arteriosclerose
(é também causa das outras doenças
descritas)
É a doença inflamatória crónica na qual
ocorre a formação de ateromas dentro
dos vasos sanguíneos.
Os ateromas são placas, compostas
especialmente por lípidos e tecido
fibroso, que se formam na parede dos
vasos.
Inicialmente, estas placas são
escassamente distribuídas, mas, a
medida que a doença avança são cada
vez mais numerosas diminuindo o
calibre das artérias.
Fisiologia do Envelhecimento
Arteriosclerose (doença):
- Evolução lenta: vários factores aceleram sua evolução - factores de risco.
- Os sintomas aparecem geralmente apenas quando ocorre importante
obstrução do vaso.
- Não existe terapêutica curativa: a abordagem consiste na identificação e
correcção dos factores de risco.
- O tratamento invasivo é feito apenas quando a obstrução é severa, pois
ele não impede a progressão da doença.
Fisiologia do Envelhecimento
Principais causas de aterosclerose:
- Hipertensão arterial.
- Dislipidemia, hiperlipidemia (é a presença de níveis elevados ou anormais
de lípidos no sangue).
- Fatores ambientais (tabaco, alimentação….)
Existem as dislipidemias primárias, de causa genética e as dislipidemias
secundárias, provenientes de outros quadros patológicos, como por exemplo
o diabetes mellitus.
Fisiologia do Envelhecimento
Fisiologia do Envelhecimento
Mecanismos da arteriosclerose – Duas hipóteses
1ª A primeira, proposta por Virchow em 1856, justifica a proliferação celular na
túnica íntima como reação a infiltração crescente de proteínas plasmáticas
e lipídicas provenientes do sangue.
2ª A segunda hipótese, conhecida como reação ao dano, foi formulada por
Ross e Glomset em 1976 e posteriormente modificada em 1986 (a
hipótese que prevalece).
Esta teoria estabelece que as lesões arterioscleróticas surgem como
resposta a alguma forma de dano no endotélio das artérias. Estes danos
induzem uma maior permeabilidade do epitélio a constituintes plasmáticos,
permitindo que plaquetas e monócitos do sangue adiram ao endotélio ou
ao tecido conjuntivo sub-endotelial.
Fisiologia do Envelhecimento
Mecanismos da arteriosclerose
Fisiologia do Envelhecimento
A teoria da reacção ao dano.
A: Parede normal.
B: Dano no endotélio com adesão
de plaquetas e monócitos.
C: Migração de monócitos do
lúmen para a túnica íntima e de
células de músculo liso da túnica
média para a túnica íntima.
Embora a ordem cronológica de eventos possa variar, podemos considerar os
seguintes passos na formação da placa de ateroma:
1. Ocorre lesão do endotélio - o qual pode ocorrer por devido a hipertensão
(provocado por diabetes, hiperlipidemia…), envelhecimento, tabaco.
2. A partir da lesão vão-se acumulando lipoproteínas (particularmente LDL) na
parede do vaso, as quais ficam oxidadas desencadeando uma reacção
inflamatória.
3. Monócitos são atraídos ao local de inflamação onde se transformam em
macrófagos que fagocitam as lipoproteínas o que lhes dão um aspecto
esponjoso, e assim, passam a ser designados por células espumosas.
4. Plaquetas reconhecem o colagénio do endotélio lesado e ficam activadas.
5. Os macrófagos e as plaquetas estimulam a migração e proliferação das c.
musculares na túnica íntima.
Fisiologia do Envelhecimento
26
As partículas de LDL depositam-se entre as células endoteliais e a camada de lâmina
elástica do endotélio vascular. Uma parte dos lípidios das LDLs oxidam atraindo os
macrófagos. Estes fagocitam-nas, originando as células esponjosas.
Fisiologia do Envelhecimento
27
As células endoteliais da parede da artéria são lesadas, ou mecanicamente ou por
citotoxicidade pelas LDLs oxidadas ou pelas células esponjosas, causando exposição da área
afetada e agregação plaquetária. Ocorre proliferação e migração das células musculares
lisas.
Fisiologia do Envelhecimento
29
Acumulação de lípdios modificados
Activação das células endoteliais
Migração das células inflamatórias
Activação das células inflamatórias
Recrutamento das células musculares lisas
Proliferação e síntese da matriz
Formação da capa fibrosa
Ruptura da placa
Agregação das plaquetas
Trombose
Fisiologia do Envelhecimento
Fisiologia do Envelhecimento
Consequências da arteriosclerose
Fisiologia do Envelhecimento
Mecanismos da arteriosclerose
Os ateromas podem localizar-se em qualquer
artéria de tamanho grande e médio, mas
geralmente formam-se onde as artérias se
ramificam (presumivelmente porque a
turbulência constante destas zonas, que lesa a
parede arterial, favorece a formação do
ateroma).
Outra das complicações da aterosclerose é a
formação do aneurisma (arteriosclerótico).
Este tipo de aneurisma, que raramente acontece
antes dos 50 anos é mais frequente nos homens
hipertensos, geralmente acontece na aorta
abdominal e nas ilíacas.
Fisiologia do Envelhecimento

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  • 2. Fisiologia do Envelhecimento Declínio das funções orgânicas: A senescência é uma fase normal do ciclo vital do organismo e inicia-se geralmente aos 65 anos. Envolve mudanças fisiológicas, bioquímicas, hormonais, psicológicas, anatómicas. Há diminuição no desempenho de diversas atividades. • Final da 3ª década – primeiras alterações funcionais e/ou estruturais; • A cada ano, a partir dos 30 anos, perda de 1% de função. “progressiva incapacidade de manutenção do equilíbrio homeostático em condições de sobrecarga funcional”
  • 3. Alterações Teciduais – ↑ formação de colagéneo → ↑ rigidez dos tecidos, dificuldade de difusão dos nutrientes; – Diminuição do conteúdo hídrico extra celular; – Alteração no tecido elástico → ↓ elasticidade dos tecidos; Depósito de cálcio na elastina; + Factores de Risco para Doença Arteriosclerótica. Fisiologia do Envelhecimento
  • 4. Alterações Orgânicas – ↓ quantidade de água; FUNÇÕES (100% = 30 anos) – ↑ componente adiposo; – ↓ potássio total; – < consumo de O2; – ↓ peso e volume órgãos; – ↓ conteúdo mineral ósseo. Fisiologia do Envelhecimento
  • 5. Alterações Anatómicas – Peso (diminuição da massa corporal); – Estatura (a altura diminui); – Conformação facial típica; – Tórax senil; – Distribuição centrípeta do tecido adiposo. Alterações Funcionais Do ponto de vista funcional, o envelhecimento caracteriza-se, entre outros aspetos, pela perda de massa muscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que, por decorrência, determinam limitação da capacidade de coordenação e de controloe do equilíbrio corporal estático e dinâmico do idoso. Fisiologia do Envelhecimento
  • 6. Alterações Funcionais As perdas dramáticas de massa muscular de quase 50%, entre os 20 e 90 anos a isto está associado a redução da a taxa metabólica de repouso numa taxa aproximada 1% por ano a partir dos 40 Órgãos dos sentidos: - A visão: diminuição da acuidade visual e da adaptação a diferentes luminosidades; - Audição: diminuição da acuidade auditiva principalmente para sons graves. - Diminuição e alteração dos recetores sensoriais cutâneos, menor sensibilidade no tacto. Diminuição generalizada da resposta quando da solicitação do órgão, Ex: Processos infeciosos. Fisiologia do Envelhecimento
  • 7. Alterações na Função Cardíaca O sistema cardiovascular é constituído de diversos componentes e tem uma interacção dinâmica, o que dificulta delimitar as alterações decorrentes do envelhecimento daquelas provocadas por patologias; A população em questão (mais de 50% dos idosos com 60 anos ou mais) apresenta cardiopatias. Existe um consenso na literatura geriátrica, sobre a dificuldade de distinguir as alterações fisiológicas determinadas pelo processo de envelhecimento no sistema cardiovascular, das alterações decorrentes da alta prevalência de comorbidade cardíaca . Fisiologia do Envelhecimento
  • 8. Função Cardíaca - Alterações Morfológicas - Ao contrário do que ocorre noutros órgãos, o peso do coração aumenta com a idade. - Aumenta em massa aproximadamente 1g/ano nos homens e 1,5g /ano nas mulheres - hipertrofia- - Esta hipertrofia decorre do aumento da pós-carga associada ao envelhecimento, decorrente primordialmente do “endurecimento” arterial”. - Além do aumento da massa do músculo cardíaco, também se verifica aumento maior da espessura do septo interventricular da parede do ventrículo esquerdo. Fisiologia do Envelhecimento
  • 9. Alterações na Função Cardíaca – ↑ colagéneo pericárdio e endocárdio; – degeneração das fibras musculares; – ↑ espessamento e calcificação das válvulas (mitral e aórtica); – ↓ produção e condução do estímulo; – modificações bioquímicas (ATP e Ca); – ↓ resposta aos estímulos simpáticos e parassimpáticos. – ↑ rigidez parede das artérias; Fisiologia do Envelhecimento
  • 10. Fisiologia do Envelhecimento Alteração da parede das artérias
  • 11. Função Cardíaca – Pressão arterial Durante o ciclo cardíaco, quando o sangue é impulsionado pelos ventrículos (sístole ventricular) para as artérias, essa pressão (pressão sanguínea) é transmitida aos vasos sanguíneos. Na parede das artérias, esta pressão (pressão arterial) atinge os valores mais elevados, pressão arterial máxima (sistólica). Quando o coração relaxa (diástole geral), o valor da pressão sanguínea sobre a parede das artérias é mínimo, pressão arterial mínima (Diastólica). Assim, a pressão arterial é a pressão que o sangue exerce na parede das artérias. Hipertensão: ocorre quando a pressão que o sangue exerce nas paredes da artéria é maior, a partir de 140/90mm Hg (ou 14 por 9) já é considerado um problema. Fisiologia do Envelhecimento
  • 12. Função Cardíaca – Pressão arterial Não há valores absolutamente normais, pois as máximas e as mínimas variam de pessoa para pessoa. Num mesmo indivíduo varia ao longo da vida e tende a aumentar com a idade. Fisiologia do Envelhecimento
  • 13. Função Cardíaca - Hipertensão arterial O coração trabalha “exageradamente”: • Aumenta a probabilidade de ocorrer enfarte do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (conhecidos vulgarmente por AVC, doença dos vasos sanguíneos cerebrais devido a coágulos que se formam) e insuficiência renal. • As paredes dos vasos sanguíneos ficam mais frágeis e perdem a sua elasticidade; • Aumenta a formação de depósitos de gordura no interior dos vasos; (Acelera o envelhecimento das artérias - arteriosclerose) Fisiologia do Envelhecimento
  • 14. Alterações na Função Cardíaca Doenças cardiovasculares (mais comuns): - AVC. - Enfarte do miocárdio; - Angina de Peito; - Aterosclerose. Fisiologia do Envelhecimento
  • 15. Doenças cardiovasculares (mais comuns): - AVC: Conhecido popularmente como "derrame cerebral", o Acidente Vascular Cerebral (designado pela sigla AVC pelos médicos) é a terceira causa de morte em vários países do mundo e a principal causa de incapacitação física e mental. - Enfarte do miocárdio: Enfarte agudo do miocárdio (EAM) ou enfarte agudo do miocárdio, popularmente conhecido como ataque cardíaco, é o processo de morte (necrose) de parte do músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigénio. Fisiologia do Envelhecimento
  • 16. AVC
  • 18. - Angina de peito: A angina de peito é uma dor no peito devida ao baixo abastecimento de oxigénio ao músculo cardíaco; geralmente é devida à obstrução ou espasmos (contracções involuntária de um músculo, grupo de músculos ou órgão) das artérias coronárias (os vasos sanguíneos do coração). As doenças nas artérias coronárias, principal causa de angina, são devidas a arteriosclerose nas artérias cardíacas (coronárias). Fisiologia do Envelhecimento
  • 19. Arteriosclerose (é também causa das outras doenças descritas) É a doença inflamatória crónica na qual ocorre a formação de ateromas dentro dos vasos sanguíneos. Os ateromas são placas, compostas especialmente por lípidos e tecido fibroso, que se formam na parede dos vasos. Inicialmente, estas placas são escassamente distribuídas, mas, a medida que a doença avança são cada vez mais numerosas diminuindo o calibre das artérias. Fisiologia do Envelhecimento
  • 20. Arteriosclerose (doença): - Evolução lenta: vários factores aceleram sua evolução - factores de risco. - Os sintomas aparecem geralmente apenas quando ocorre importante obstrução do vaso. - Não existe terapêutica curativa: a abordagem consiste na identificação e correcção dos factores de risco. - O tratamento invasivo é feito apenas quando a obstrução é severa, pois ele não impede a progressão da doença. Fisiologia do Envelhecimento
  • 21. Principais causas de aterosclerose: - Hipertensão arterial. - Dislipidemia, hiperlipidemia (é a presença de níveis elevados ou anormais de lípidos no sangue). - Fatores ambientais (tabaco, alimentação….) Existem as dislipidemias primárias, de causa genética e as dislipidemias secundárias, provenientes de outros quadros patológicos, como por exemplo o diabetes mellitus. Fisiologia do Envelhecimento
  • 23. Mecanismos da arteriosclerose – Duas hipóteses 1ª A primeira, proposta por Virchow em 1856, justifica a proliferação celular na túnica íntima como reação a infiltração crescente de proteínas plasmáticas e lipídicas provenientes do sangue. 2ª A segunda hipótese, conhecida como reação ao dano, foi formulada por Ross e Glomset em 1976 e posteriormente modificada em 1986 (a hipótese que prevalece). Esta teoria estabelece que as lesões arterioscleróticas surgem como resposta a alguma forma de dano no endotélio das artérias. Estes danos induzem uma maior permeabilidade do epitélio a constituintes plasmáticos, permitindo que plaquetas e monócitos do sangue adiram ao endotélio ou ao tecido conjuntivo sub-endotelial. Fisiologia do Envelhecimento
  • 24. Mecanismos da arteriosclerose Fisiologia do Envelhecimento A teoria da reacção ao dano. A: Parede normal. B: Dano no endotélio com adesão de plaquetas e monócitos. C: Migração de monócitos do lúmen para a túnica íntima e de células de músculo liso da túnica média para a túnica íntima.
  • 25. Embora a ordem cronológica de eventos possa variar, podemos considerar os seguintes passos na formação da placa de ateroma: 1. Ocorre lesão do endotélio - o qual pode ocorrer por devido a hipertensão (provocado por diabetes, hiperlipidemia…), envelhecimento, tabaco. 2. A partir da lesão vão-se acumulando lipoproteínas (particularmente LDL) na parede do vaso, as quais ficam oxidadas desencadeando uma reacção inflamatória. 3. Monócitos são atraídos ao local de inflamação onde se transformam em macrófagos que fagocitam as lipoproteínas o que lhes dão um aspecto esponjoso, e assim, passam a ser designados por células espumosas. 4. Plaquetas reconhecem o colagénio do endotélio lesado e ficam activadas. 5. Os macrófagos e as plaquetas estimulam a migração e proliferação das c. musculares na túnica íntima. Fisiologia do Envelhecimento
  • 26. 26 As partículas de LDL depositam-se entre as células endoteliais e a camada de lâmina elástica do endotélio vascular. Uma parte dos lípidios das LDLs oxidam atraindo os macrófagos. Estes fagocitam-nas, originando as células esponjosas. Fisiologia do Envelhecimento
  • 27. 27 As células endoteliais da parede da artéria são lesadas, ou mecanicamente ou por citotoxicidade pelas LDLs oxidadas ou pelas células esponjosas, causando exposição da área afetada e agregação plaquetária. Ocorre proliferação e migração das células musculares lisas. Fisiologia do Envelhecimento
  • 28.
  • 29. 29 Acumulação de lípdios modificados Activação das células endoteliais Migração das células inflamatórias Activação das células inflamatórias Recrutamento das células musculares lisas Proliferação e síntese da matriz Formação da capa fibrosa Ruptura da placa Agregação das plaquetas Trombose Fisiologia do Envelhecimento
  • 32. Mecanismos da arteriosclerose Os ateromas podem localizar-se em qualquer artéria de tamanho grande e médio, mas geralmente formam-se onde as artérias se ramificam (presumivelmente porque a turbulência constante destas zonas, que lesa a parede arterial, favorece a formação do ateroma). Outra das complicações da aterosclerose é a formação do aneurisma (arteriosclerótico). Este tipo de aneurisma, que raramente acontece antes dos 50 anos é mais frequente nos homens hipertensos, geralmente acontece na aorta abdominal e nas ilíacas. Fisiologia do Envelhecimento