2. A mediunidade, sendo uma
faculdade
natural, eclode ou surge na
época
apropriada, definida no
planejamento
reencarnatório do indivíduo..
3. Natural, aparece espontaneamente, mediante
constrição segura, na qual os desencarnados
de tal ou qual estágio evolutivo convocam à
necessária observância de suas leis,
conduzindo o instrumento mediúnico a
precioso labor por cujos serviços adquire
vasto patrimônio de equilíbrio e iluminação,
resgatando, simultaneamente, os
compromissos negativos a que se encontra
enleado desde vidas anteriores.
4. Outras vezes surge como impositivo
provacional mediante o qual é possível
mais
ampla libertação do próprio médium, que,
em dilatando o exercício da nobilitação a
que se dedica, granjeia consideração e
títulos de benemerência que lhe conferem
paz.
5. Sem dúvida, poderoso
instrumento pode converter-se
em lamentável fator de
perturbação, tendo em vista
o nível espiritual e
moral daquele que se
encontra investido de tal
recurso.
6. A eclosão mediúnica pode, então,
ocorrer sob duas formas:
Espontânea
– não causa maiores desconfortos, quer físicos
quer emocionais, ao médium iniciante;
7. Provacional
– o médium apresenta
descompassos emocionais, que
atingem a sua organização física.
Podem ocorrer perturbações
espiritual;
8. O surgimento da faculdade mediúnica não
depende de lugar, idade, condição social
ou
sexo. Pode surgir na infância, adolescência
ou juventude, na idade madura ou na
velhice. Pode revelar-se no Centro Espírita,
em casa, em templos de quaisquer
denominações religiosas, no materialista.
9. As crianças a possuem, por assim
dizer, à flor da pele, mas resguardadas
pela influência benéfica e
controladora dos Espíritos
protetores, que as religiões chamam
de anjos da guarda, nessa fase infantil
as manifestações mediúnica são mais
de caráter anímicos;
10. A criança projeta a sua alma nas coisas e nos
serem que a rodeiam, recebe as intuições
orientadoras dos seus protetores, às vezes vê e
denuncia a presença de Espíritos e não raro
transmite avisos e recados dos Espíritos aos
familiares, de maneira positiva e direta ou de
maneira simbólica e indireta. Independente da
persistência do fenômeno mediúnico, a criança
deve ser encaminhada à Evangelização
Espírita, para ser auxiliada mais efetivamente.
11. Com o crescimento, a criança vai-se
desligando cada vez mais do mundo espiritual,
passando a se envolver com as ocorrências do
plano físico e, em consequência, as
manifestações mediúnicas vão-se escasseando.
Fecha-se o primeiro ciclo mediúnico.
Considera-se então que a criança não tem
mediunidade, a fase anterior é levada à conta
da imaginação e da fabulação infantis.
13. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o
suficiente para que as manifestações mediúnicas
se tornem mais intensas e positivas. É tempo de
encaminhá-la com informações mais precisas
sobre o problema mediúnico. O passe, a prece, as
reuniões de estudo doutrinário são meios de
auxiliar o processo (da eclosão da
mediunidade), sem forçá-la, dando-lhe orientação
necessária.
14. O terceiro ciclo ocorre geralmente na
passagem da adolescência para a juventude,
entre os dezoito e vinte e cinco anos. É tempo,
nessa fase, dos estudos sérios do Espiritismo e
da Mediunidade, bem como da prática
mediúnica livre, nos centros e grupos
espíritas.
15. Há ainda o quarto ciclo,
correspondente a
mediunidade que só aparecem
após a
maturidade, na velhice ou na
sua
aproximação.
16. Trata-se de manifestações que se tornam possíveis
devido às condições da idade: enfraquecimento físico,
permitindo mais fácil expansão das energias
perispíritica; maior introversão da mente, com a
diminuição de atividades da vida prática, estado de
apatia neuropsíquica, provocado pelas mudanças
orgânicas do envelhecimento. Esse tipo de
mediunidade tardia tem pouca duração, constituindo
uma espécie de preparação mediúnica para a morte.
Restringe-se a fenômenos de vidência, comunicação
oral, intuição, percepção extra-sensorial e psicografia.
17. É muito comum, nos momentos próximos à
desencarnação, a ampliação das faculdades
mediúnicas, sobretudo pela percepção de
entidades espirituais. Podem ser momentos de
grande beleza e alegria, se o Espírito cultivou o
bem, ao longo da encarnação. Pode, no entanto,
representar sofrimento para a criatura que não
soube conquistar valores positivos, durante a
experiência terrestre.
18. Os sinais ou sintomas que anunciam a
mediunidade variam ao infinito. Reações
emocionais insólitas. Sensação de
enfermidade, só aparente. Calafrios e
mal-estar. Irritações estranhas.
19. Não é a mediunidade que gera o
distúrbio no organismo, mas a ação
fluídica dos Espíritos que favorece a
distonia ou não, de acordo com a
qualidade de que esta se reveste.
20. Quando do aparecimento da mediunidade,
surgem distúrbios vários, sejam na área
orgânica, através de desequilíbrios e
doenças, ou mediante inquietações
emocionais e psiquiátricas, por debilidade
da sua [do médium] constituição
fisiopsicológica fluídica dos Espíritos que
favorece a distonia ou não, de acordo com a
qualidade de que esta se reveste.
21. Por outro lado, quando a ação espiritual é
salutar, uma aura de paz e de bem-estar
envolve o medianeiro, auxiliando-o na
preservação das forças que o nutrem e
sustentam durante a existência física. O
momento da eclosão da faculdade mediúnica
no Espírito encarnado é de fundamental
importância, uma vez que essa faculdade
poderá proporcionar benefícios ao próprio
encarnado e ao próximo, se bem orientada e
amparada fraternalmente.
22. Deve-se considerar, no entanto, que nem sempre a
pessoa é convenientemente assistida logo que
desabrocham suas faculdades mediúnicas; seja por
ignorância a respeito do assunto, o que é mais comum,
seja por desinteresse ou desatenção dos familiares ou
dos amigos. Em outras ocasiões, os médiuns iniciantes,
por se revelarem [...] fascinados pelo entusiasmo
excessivo, diante do impacto das revelações espirituais
que os visitam de jato, solicitam o entendimento e o
apoio dos irmãos experimentados, para que não se
percam, através de engodos brilhantes.
23. Assim, em questão de mediunidade, é importante
conhecer bem o assunto para poder auxiliar,
efetivamente, aquele que busca amparo na casa
Espírita. Não esqueçamos que a [...] maioria dos
estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a
pedra basilar de todas as edificações doutrinárias, mas
cometem o erro de considerar por médiuns tão somente
os trabalhadores da fé renovadora, com tantas
tarefas especiais, ou os doentes psíquicos que, por
vezes, servem admiravelmente à tarefa das
manifestações fenomênicas.
24. Auxiliar a educação e o desenvolvimento
do médium não é tarefa fácil. Exige do
dirigente espírita devotamento nesse
gênero de tarefa, assim como disposição
para orientar com bondade e paciência,
sobretudo se o médium iniciante
apresenta mediunidade provacional.
25. A criatura, cuja faculdade mediúnica eclodiu, e
que se dispõe a iniciar o seu exercício, deve ter
consciência da importância e da significação
dessa faculdade. Por isso mesmo, os amigos
desencarnados, sempre que responsáveis e
conscientes dos próprios deveres diante das Leis
Divinas, estarão entre os homens exortando-os à
bondade e ao serviço, ao estudo e ao
discernimento, porquanto a força mediúnica, em
verdade, não ajuda e nem edifica quando esteja
distante da caridade e ausente da educação.
26. É necessário, contudo, reconhecer que, na
esfera da mediunidade, cada servidor se
reveste de características próprias.
O conteúdo sofrerá sempre a influenciação
da forma e da condição do recipiente. Essa
é a lei do intercâmbio.
27. [...] Mediunidade, pois, para o serviço de revelação
divina reclama estudo constante e devotamento ao
bem para o indispensável enriquecimento de ciência
e virtude.
A ignorância poderá produzir indiscutíveis e belos
fenômenos, mas só a noção de responsabilidade, a
consagração sistemática ao progresso de todos, a
bondade e o conhecimento conseguem materializar
na Terra os monumentos definitivos da felicidade
humana.