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OPINIÃO
A sorte quis que este verão coincidisse com a minha lei-
tura da biografia de Elon Musk, “O empresário que
antecipa o futuro” de Ashlee Vance, e a leitura de “A ter-
ceira Revolução Industrial” de Jeremy Rifkin, obra que
já tinha lido no ano da sua edição e que, em perspetiva,
penso ser interessante reler de novo.
Apesar de concordar com algumas das suas teorias, não
me incluo entre os entusiastas de Rifkin; “A terceira
Revolução Industrial”, escrita entre 2010 e 2011, é uma
obra que estrutura e encadeia uma série de teorias em
redor da alteração de paradigmas energéticos e o colap-
so das energias fósseis, centrando-se em cinco pontos: a
transição para as energias renováveis, a transformação
dos edifícios em micro centrais elétricas, o desenvolvi-
mento das tecnologias de hidrogénio e o armazena-
mento de energia, o uso da tecnologia internet para a
transformação das redes elétricas e, por último, a tran-
sição da atual frota de transportes para os veículos com
motores elétricos com alimentação de rede ou bateria.
A obra de Rifkin contrapõe o imobilismo propiciado
pelos “lobbies” dos Estados Unidos, com o entusiasmo
dos governos dos países europeus para enfrentar os
desafios futuros do setor automóvel e energético. Em
concreto, apresenta de forma extensa, dentro do capí-
tulo “Da teoria à prática” a quantidade de acordos e de
estudos europeus que facilitam a implantação dos
cinco conceitos da terceira revolução industrial desen-
volvidos na sua obra.
Em paralelo, a biografia de Elon Musk relata (com uma
clara intenção de enaltecer o personagem) a história e
os feitos de um empresário típico de Sillicon Valley,
desde a fase inicial de fundação, desenvolvimento e
venda do PayPal e a sua “renovação de valores”, mais
concretamente, sobre “o questionar” do contributo de
valor dos negócios puramente digitais.
Musk demonstra a sua firme convicção de “transformar
o mundo” a partir dos investimentos que possuam um
valor real e tangível face à evolução da sociedade. Em
concreto, apostando nas tecnologias e modelos de
negócio que combinem os serviços digitais com os pro-
dutos físicos – a esta combinação, Musk também deno-
mina de “revolução industrial”.
Os seus investimentos (mantendo sempre o espírito
pioneiro de Silicon Valley) têm dado como fruto as
empresas que hoje conhecemos sob o nome de Space X
(dedicada à investigação espacial), Tesla (dedicada aos
veículos elétricos e armazenamento de energia) e, por
último, SolarCity (dedicada à exploração da energia
solar em diversos tipos de edifícios).
A comparação e combinação de ambos os relatos não
poderia ser mais explícita e ilustrativa sobre como se
produzem as grandes transformações da humanidade
e, no meu entender, até onde pode ir a nova revolução
social/industrial, sendo os pontos que se seguem os
mais significativos:
1- Nenhuma alteração realmente estrutural pode ser
provocada pelo setor e atores existentes.
A aparente regulamentação da “excelência” que domina
um setor impede as necessárias roturas de paradigma
de que necessitam as mudanças estruturais. Enquanto
Detroit e os países europeus assinavam (coordenados
por Rifkin) acordos para propiciar as alterações energé-
ticas, Musk, partindo de uma posição empreendedora e
de “startup”, idealizou, criou e desenvolveu praticamen-
te a partir do zero, a Tesla Motors e a Space X.
2- De nada serve a grandiosidade de programas, trata-
dos políticos, acordos entre países. A velocidade da tec-
nologia e dos modelos de negócio sobrepõem-se aos
tratados, fronteiras que, em geral, não vão de encontro
com os seus interesses.
A disrupção não sabe de grandes planificações e regula-
mentações, enquanto a conquista do espaço pratica-
mente se paralisava em torno de regulamentos férreos
que impedem a evolução da tecnologia, a Space X, sob a
direção de Musk, saltou toda a normativa, repensou os
princípios, integrou de novo os atores sectoriais e con-
seguiu alcançar surpreendentes economias de escala
que possibilitam outra vez o avanço de todo o setor.
3- Não se pode legislar contra a evolução da humani-
dade. Mais tarde ou mais cedo, os consumidores hão-
de ultrapassar qualquer barreira artificial.
Da mesma forma que as tendências mais tarde ou mais
cedo se impõem, as barreiras defensivas dos setores
convencionais acabam por cair face ao sentido comum
da evolução tecnológica e social. Enquanto os países
europeus tentavam unir as suas redes energéticas com
tratados rigorosos que defendem os interesses de cada
país sobre o bem comum, Musk com a SolarCity impõe
uma lógica de redes energéticas distribuídas, apoiando
uma série de avanços tecnológicos com um modelo de
negócio simples, fácil de entender e com um sentido
comum para os seus utilizadores.
4- A qualidade e a excelência dos serviços e produtos é a
razão da inovação conceptual. Os consumidores estão
dispostos a um“mau produto” para que possam disfrutar
de um excecional e revolucionário conceito.
Os veículos da Tesla demonstram, mais uma vez, que os
consumidores estão dispostos a sacrificar a qualidade
regulamentada face a uma inovação conceptual. O sector
automóvel debate-se entre os combustíveis fósseis e as
futuras opções energéticas, em paralelo e com um olhar
soberbo, não dedica a sua atenção aos veículos da Tesla
devido ao reduzido nível convencional dos seus acaba-
mentos e soluções: o seu sucesso comercial surpreende e
a reação é tardia: os utilizadores deram credibilidade a
um novo ator (Tesla) que dotado de legitimidade liderará
no futuro com a introdução do veículo elétrico.
5- As grandes mudanças que impactam as pessoas, são
sempre provocadas por pessoas excecionais, com ener-
gia e interesses vitais que vão além do enriquecimento
económico.
As leis e os tratados estão sempre por trás da energia
pessoal, sendo que legislar e planificar não é suficiente
para construir o futuro, uma vez que este acontece gra-
ças a pessoas com um talento e energia excecional.
Rifkin, não contempla nas suas previsões o essencial: A
necessidade de “pessoas que façam”, que arrisquem o
seu talento e dinheiro para fazer com que as coisas evo-
luam para o bem de todos: Do it, Mr Rifkin! H
António Flores
CEO da Loop Unique Companies
setembro 2016
Do it, Mr Rifkin!!!
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  • 1. www.hipersuper.pt028 OPINIÃO A sorte quis que este verão coincidisse com a minha lei- tura da biografia de Elon Musk, “O empresário que antecipa o futuro” de Ashlee Vance, e a leitura de “A ter- ceira Revolução Industrial” de Jeremy Rifkin, obra que já tinha lido no ano da sua edição e que, em perspetiva, penso ser interessante reler de novo. Apesar de concordar com algumas das suas teorias, não me incluo entre os entusiastas de Rifkin; “A terceira Revolução Industrial”, escrita entre 2010 e 2011, é uma obra que estrutura e encadeia uma série de teorias em redor da alteração de paradigmas energéticos e o colap- so das energias fósseis, centrando-se em cinco pontos: a transição para as energias renováveis, a transformação dos edifícios em micro centrais elétricas, o desenvolvi- mento das tecnologias de hidrogénio e o armazena- mento de energia, o uso da tecnologia internet para a transformação das redes elétricas e, por último, a tran- sição da atual frota de transportes para os veículos com motores elétricos com alimentação de rede ou bateria. A obra de Rifkin contrapõe o imobilismo propiciado pelos “lobbies” dos Estados Unidos, com o entusiasmo dos governos dos países europeus para enfrentar os desafios futuros do setor automóvel e energético. 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Enquanto Detroit e os países europeus assinavam (coordenados por Rifkin) acordos para propiciar as alterações energé- ticas, Musk, partindo de uma posição empreendedora e de “startup”, idealizou, criou e desenvolveu praticamen- te a partir do zero, a Tesla Motors e a Space X. 2- De nada serve a grandiosidade de programas, trata- dos políticos, acordos entre países. A velocidade da tec- nologia e dos modelos de negócio sobrepõem-se aos tratados, fronteiras que, em geral, não vão de encontro com os seus interesses. 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Rifkin, não contempla nas suas previsões o essencial: A necessidade de “pessoas que façam”, que arrisquem o seu talento e dinheiro para fazer com que as coisas evo- luam para o bem de todos: Do it, Mr Rifkin! H António Flores CEO da Loop Unique Companies setembro 2016 Do it, Mr Rifkin!!! 22-29 data center:Hipersuper 02-09-2016 17:14 Página 028