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Pedro sentia o corpo pesado e seus olhos teimavam em permanecerem fechados.
Tentou, em vão, por várias vezes, movimentar suas mãos, mas por mais que se esforçasse não
obteve sucesso. Seus músculos estavam rígidos, o calor era sufocante, sentia seu peito pesado
e a sensação de falta de ar era muito incômoda. E aquela escuridão que seus olhos, mesmo
estando fechados, percebiam era definitivamente apavorante. Vez ou outra parecia vislumbrar
no meio daquele breu uma movimentação estranha, vultos, talvez, ou quem sabe fosse apenas
sua imaginação. Aquilo com certeza era um pesadelo, daqueles que a gente não quer
participar, mas por algum motivo não conseguimos sair.
        Precisava acordar. Não podia permanecer daquela maneira. Deitou apenas para um
cochilo depois do almoço e chegaria atrasado na empresa se continuasse dormindo. Sim,
estava dormindo, tinha certeza de ter adormecido escutando o barulho da chuva tamborilando
suavemente no telhado, até lembrou que precisava arrumar a goteira que o último temporal
havia criado nas telhas da garagem, mas agora, todo aquele silêncio ao seu redor era
esmagador, simplesmente não entendia por que seus ouvidos não conseguiam captar barulho
algum. Se estava dormindo por que não conseguia mover seu corpo? Por que não acordava? E
Ana onde ela estava? Por que não o sacudia? Por que não o chamava para que conseguisse
acordar?
        Algo estava errado. O que era aquilo que estava sentido? Seu corpo parecia estar
flutuando. Mãos? Aquilo, definitivamente, eram mãos. O que estariam fazendo? Por que
estavam segurando seus ombros e suas pernas? Queria gritar, precisava falar alguma coisa.
Estava ficando desesperado. “Ana!” Pensou ter escutado sua voz gritando pelo nome da
esposa, mas percebeu que aquele som foi apenas um eco dentro de sua cabeça. Sua boca
continuava rígida, totalmente paralisada.
        Agora ele não flutuava mais e não sentia mais as mãos em seu corpo. Começou a se
acalmar.
        “Calma. É preciso manter a calma.”
        Olhou novamente para o escuro que o envolvia e mais uma vez aqueles vultos estavam
lá. Desta vez teve certeza que os viu. Eram dois ou talvez três. Era difícil saber. Eles se
movimentavam mais rápido do que seus olhos podiam acompanhar. Aquelas criaturas
pareciam estar a espreita, esperando pelo momento certo, prontas para pega-lo a qualquer
instante. Seu instinto dizia que precisava manter distância. O terror tomou conta de seu
pensamento, e se ele não conseguisse afasta-las? Se ele fosse capturado? Ele era um homem
racional, não suportava dúvidas nem hesitação, precisava fazer algo, mas pela primeira vez
sentiu que estava totalmente impotente.
        Fixou seus olhos na direção de onde vinham os vultos, se era preciso enfrentá-los,
apesar de todo pavor que sentia, que fosse de uma vez, mas havia algo mais. Algo que seus
olhos não conseguiram perceber até então. Era uma pequena claridade logo adiante. Não sabia
o que estava vendo. Foi então que sentiu então novamente as mãos tocando seu corpo.
        “Não, isso não pode ser.”
        Aquele pesadelo teria que terminar, ele precisava acordar. Se alguém estava
carregando seu corpo, para onde o estariam levando? E como poderiam carregar seu corpo se
ele estava dormindo em sua cama e na sua casa? Estava ficando desesperado, estava
experimentando sentimentos que não permitia que fizessem parte de sua vida. Angustia,
impotência diante dos acontecimentos e medo, muito medo.
        “Meu Deus! Me ajuda! Eu preciso acordar!”
        Sentiu seu rosto molhado e aquilo não era suor, Eram lágrimas. Ele estava chorando.
Surpreendeu-se consigo mesmo. Não chorava havia muitos anos, desde que seu pai falecera,
quando ele tinha dez anos. Uma onda de saudades envolveu seu corpo e as lágrimas rolaram
mais grossas do que antes. Não podia entregar-se a esse tipo de emoção. Esse sentimento era
para pessoas fracas, não para ele. Ele era Pedro Rezende, um homem de negócios, bem
sucedido e cheio de preocupações com sua empresa, não tinha tempo para essas frescuras. Sua
mulher já chorava pelos dois. Tentou respirar o mais profundamente que conseguiu para
poder acomodar as lágrimas.
        Sem saber por que, voltou sua atenção, mais uma vez, na direção onde havia avistado
os vultos. Fixou os olhos e não os viu mais. Haviam sumido por completo. A mancha branca
ainda estava lá. Era luz, uma luz suave que transmitia uma sensação de aconchego. Continuou
por um longo tempo observando as variações de intensidade daquela luz. Seus pensamentos
pareciam terem se acalmado e o medo havia diminuído. Foi quando ouviu o som de outra voz
chegando até ele. Era uma voz suave e aconchegante.
        “Você pediu por ajuda?”
        O que era aquilo agora? Quem estava falando com ele? Aquilo também fazia parte do
pesadelo ou o pesadelo era um jogo? Se precisasse jogar para poder acordar e movimentar
novamente seu corpo, que assim fosse. Era bom em negociações e em estratégias e esse jogo
ele ganharia. Percebeu o carinho implícito naquelas palavras, mas não tinha tempo a perder
para prestar atenção em sentimentos inúteis.
        “O que você acha? É claro que pedi ajuda. Não vê minha situação?”
        Pedro não precisava de sua boca para expressar o que queria, ouvia seus pensamentos
e também podia escutar perfeitamente o que aquela voz lhe dizia. Aquilo, com certeza, fazia
parte do jogo. Mais uma vez a voz se fez ouvir.
        “Você chorou.”
        “Isso foi apenas um momento de fraqueza. Não vai mais se repetir.”
        “Chorar faz bem. Limpa sua alma.”
        “Chorar não faz parte do que nasci para fazer.”
        “E para o que foi que você nasceu Pedro?”
        Pedro estava irritado com aquela falação toda, se tivesse controle sobre seus
movimentos não precisaria estar respondendo a um inquérito sobre o que ele fazia ou deixava
de fazer.
        “Qual o problema? Isso, por acaso, é um interrogatório?”
        “Não. Com certeza não é. Só preciso ter certeza de que você é merecedor de ajuda.”
        “E chorar significa que sou merecedor de ajuda?”
        “Não.”
        “Então não estou conseguindo entender a sua lógica.”
        “Chorar significa que você ainda tem algum sentimento dentro de seu coração.
Significa que é humilde o suficiente para reconhecer suas limitações.”
        “Chorar é sinal de fraqueza, não de humildade. E, como disse, não nasci para
chorar.”
        “E para o que você nasceu Pedro?”
        A impaciência começou a borbulhar dentro de seu estômago. Detestava dar
explicações sobre sua vida e principalmente sobre seus sentimentos. Ana era quem gostava de
ficar justificando suas atitudes. Odiava quando ela o cercava e ficava fazendo cobranças com
relação a seu amor para com ela. E agora isso. Ter que explicar para uma voz que estava em
seu pesadelo, para o que ele tinha nascido, mas aquilo era um jogo e se as regras incluíam um
interrogatório, ele responderia as perguntas, mesmo que não o agradassem.
        “É óbvio para o que eu nasci.”
        “Então me diga.”
        “Eu nasci para ser um vencedor. Aliás, eu sou um vencedor.”
        Aquelas palavras foram “pensadas” com tanto orgulho que se as tivesse pronunciado,
teria inflado o peito e erguido o queixo para mostrar a esse sujeito quem ele era.
        “E o que é ser um vencedor?”
        “Você, pelo jeito, é daqueles que não sabe o que é ter poder, dinheiro e sucesso.”
        “Então, ser um vencedor é ter poder, dinheiro e sucesso?”
“É claro que sim. Um homem com poder, tem dinheiro e obviamente, tem sucesso.
Posso comprar o que quiser, posso ir para onde quiser, posso ter as mulheres que quiser,
posso fazer tudo, sem precisar dar explicações a ninguém.”
        “E você é feliz?”
        “Que pergunta idiota! É claro que sou feliz.”
        “Tem certeza?”
        “Absoluta.”
        “E você era feliz quando era criança?”
        Pedro parou por um instante e ficou lembrando de sua infância. Ele morava no campo
e vivia livre correndo pela grama, sentindo o vento batendo em seu rosto, pescando e tomando
banho no riacho, ajudando os pais no serviço da roça. Era um trabalho duro, mas a liberdade
que tinha era maravilhosa. Lembrou do sorriso que carregava no rosto quando o sol
despontava no horizonte e os pássaros convidavam para despertar. Aquelas lembranças todas
estavam tão nítidas em sua mente que pôde sentir o cheiro do café e do bolo que sua mãe
preparava todas as manhãs para que ele e os irmãos pudessem se alimentar e depois irem à
escola.
        “Sim. Eu era feliz.”
        “E você tinha poder, dinheiro e sucesso?”
        Aquela pergunta fez com que Pedro levasse um choque. Teve uma infância
maravilhosa junto com os pais e aos irmãos. A lembrança de seu pai mais uma vez trouxe a
saudade que parecia esmagar seu corpo amortecido, como se fosse uma pedra enorme. Amava
seu pai acima de tudo e de todos e as lágrimas voltaram a embaçar seus olhos. Afastou
aqueles pensamentos, não podia permitir que uma fraqueza do passado tomasse conta de sua
lógica.
        “Não. Mas eu vivia em outro mundo. Aquele não era o mundo real.”
        “E o mundo real é esse?”
        No mesmo instante em que a voz pronunciou as palavras, Pedro conseguiu abrir os
olhos. Já não estava mais em sua cama, nem em sua casa. Seu corpo estava novamente sob
seu controle. Ergueu as mãos em frente aos olhos e movimentou os dedos. Sentiu o ar
entrando em seus pulmões e não havia mais aquele silêncio esmagador, era capaz de escutar
até mesmo os sussurros de duas mulheres sentadas logo adiante.
        “Ele era charmoso, apesar da idade.” Dizia uma.
        “Ele era um sem vergonha. Vivia cheio de casos com todo tipo de mulheres.” Disse a
outra.
        “É, mas você não fez parte da lista.” Voltou a falar a primeira.
        “E você é uma invejosa.” A segunda retrucou.
        Pedro não conseguia entender por que estava escutando tão bem uma conversa que
estava sendo apenas sussurrada. Também não identificava sobre quem elas estavam falando.
Resolveu desviar a atenção daquelas duas e começou a olhar melhor o lugar. O local era
amplo, com paredes claras. Havia muitas cadeiras no local, algumas flores, velas e um
crucifixo na parede. Aquilo era uma sala mortuária. Por que ele estava ali? Quem havia
morrido? Seria alguém importante?
        Uma aglomeração de pessoas logo a frente chamou sua atenção. Pôde reconhecer sua
esposa, tinha os olhos vermelhos contornados por discos escuros e profundos, o rosto pálido e
os lábios levemente rosados. Ao seu lado estava Raul, seu sócio. Seus irmãos também
estavam lá. O que significava aquilo afinal? Sentiu seu corpo ser jogado para frente em um
movimento brusco. Quando parou viu o esquife e seu corpo depositado dentro do mesmo.
        Sua pele estava branca feito cera, seus lábios sem cor, suas mãos entrelaçadas, frias,
duras e sem vida. Sentiu o cheiro forte, que acabou relacionando ao formol e outras
substâncias que não soube identificar. Seu estômago se contorceu e sentiu vontade de vomitar.
Uma onda de pânico sacudiu seu corpo e ele correu em direção a esposa.
        “Ana! Ana, por favor, fala comigo! O que está acontecendo?”
Ele movia os lábios, mas não sentia a voz sair através dela. Ainda era seu pensamento
que verbalizava o som de sua voz. Tentou, em vão, agarrar os ombros de Ana, mas não
conseguia toca-la. Nada do que fizesse conseguia chamar a atenção de qualquer um dos
presentes. Aquele, definitivamente, era o pior pesadelo de toda sua vida.
       Os passos foram lentos até chegar à porta. Não conseguia mais suportar o peso do
corpo e apoiou o ombro em uma das paredes, precisava de ar. Estava quente e não havia
vento, aquilo parecia piorar ainda mais a sensação de tontura que estava turvando seus olhos.
Suas pálpebras estavam pesadas, não queria mais ficar no escuro, não queria fechar os olhos,
não queria que a sensação de imobilidade voltasse e o terror de rever aqueles vultos escuros
era algo que precisava evitar. Então a luz surgiu novamente a sua frente e a silhueta de um
homem se fez presente. Estava vestido totalmente de branco, olhando fixamente em sua
direção.
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olhos e no modo de falar, mas Pedro estava confuso. Não sabia o que fazer nem para onde ir.
Quando o homem pegou suas mãos e o enlaçou em um abraço quente, macio e cheio de amor
Pedro chorou, como só as crianças choram, com o coração. Despejou suas mágoas, suas
mentiras, suas trapaças, sua falta de amor, sua solidão, sua infelicidade, tudo de uma só vez
em soluços que pareciam arrebentar seu peito. Foi então, nos braços daquele homem, que
lembrou de uma palavra, uma única palavra, que pronunciou, não com seus pensamentos, mas
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       “PAI”

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Conto

  • 1. Pedro sentia o corpo pesado e seus olhos teimavam em permanecerem fechados. Tentou, em vão, por várias vezes, movimentar suas mãos, mas por mais que se esforçasse não obteve sucesso. Seus músculos estavam rígidos, o calor era sufocante, sentia seu peito pesado e a sensação de falta de ar era muito incômoda. E aquela escuridão que seus olhos, mesmo estando fechados, percebiam era definitivamente apavorante. Vez ou outra parecia vislumbrar no meio daquele breu uma movimentação estranha, vultos, talvez, ou quem sabe fosse apenas sua imaginação. Aquilo com certeza era um pesadelo, daqueles que a gente não quer participar, mas por algum motivo não conseguimos sair. Precisava acordar. Não podia permanecer daquela maneira. Deitou apenas para um cochilo depois do almoço e chegaria atrasado na empresa se continuasse dormindo. Sim, estava dormindo, tinha certeza de ter adormecido escutando o barulho da chuva tamborilando suavemente no telhado, até lembrou que precisava arrumar a goteira que o último temporal havia criado nas telhas da garagem, mas agora, todo aquele silêncio ao seu redor era esmagador, simplesmente não entendia por que seus ouvidos não conseguiam captar barulho algum. Se estava dormindo por que não conseguia mover seu corpo? Por que não acordava? E Ana onde ela estava? Por que não o sacudia? Por que não o chamava para que conseguisse acordar? Algo estava errado. O que era aquilo que estava sentido? Seu corpo parecia estar flutuando. Mãos? Aquilo, definitivamente, eram mãos. O que estariam fazendo? Por que estavam segurando seus ombros e suas pernas? Queria gritar, precisava falar alguma coisa. Estava ficando desesperado. “Ana!” Pensou ter escutado sua voz gritando pelo nome da esposa, mas percebeu que aquele som foi apenas um eco dentro de sua cabeça. Sua boca continuava rígida, totalmente paralisada. Agora ele não flutuava mais e não sentia mais as mãos em seu corpo. Começou a se acalmar. “Calma. É preciso manter a calma.” Olhou novamente para o escuro que o envolvia e mais uma vez aqueles vultos estavam lá. Desta vez teve certeza que os viu. Eram dois ou talvez três. Era difícil saber. Eles se movimentavam mais rápido do que seus olhos podiam acompanhar. Aquelas criaturas pareciam estar a espreita, esperando pelo momento certo, prontas para pega-lo a qualquer instante. Seu instinto dizia que precisava manter distância. O terror tomou conta de seu pensamento, e se ele não conseguisse afasta-las? Se ele fosse capturado? Ele era um homem racional, não suportava dúvidas nem hesitação, precisava fazer algo, mas pela primeira vez sentiu que estava totalmente impotente. Fixou seus olhos na direção de onde vinham os vultos, se era preciso enfrentá-los, apesar de todo pavor que sentia, que fosse de uma vez, mas havia algo mais. Algo que seus olhos não conseguiram perceber até então. Era uma pequena claridade logo adiante. Não sabia o que estava vendo. Foi então que sentiu então novamente as mãos tocando seu corpo. “Não, isso não pode ser.” Aquele pesadelo teria que terminar, ele precisava acordar. Se alguém estava carregando seu corpo, para onde o estariam levando? E como poderiam carregar seu corpo se ele estava dormindo em sua cama e na sua casa? Estava ficando desesperado, estava experimentando sentimentos que não permitia que fizessem parte de sua vida. Angustia, impotência diante dos acontecimentos e medo, muito medo. “Meu Deus! Me ajuda! Eu preciso acordar!” Sentiu seu rosto molhado e aquilo não era suor, Eram lágrimas. Ele estava chorando. Surpreendeu-se consigo mesmo. Não chorava havia muitos anos, desde que seu pai falecera, quando ele tinha dez anos. Uma onda de saudades envolveu seu corpo e as lágrimas rolaram mais grossas do que antes. Não podia entregar-se a esse tipo de emoção. Esse sentimento era para pessoas fracas, não para ele. Ele era Pedro Rezende, um homem de negócios, bem sucedido e cheio de preocupações com sua empresa, não tinha tempo para essas frescuras. Sua
  • 2. mulher já chorava pelos dois. Tentou respirar o mais profundamente que conseguiu para poder acomodar as lágrimas. Sem saber por que, voltou sua atenção, mais uma vez, na direção onde havia avistado os vultos. Fixou os olhos e não os viu mais. Haviam sumido por completo. A mancha branca ainda estava lá. Era luz, uma luz suave que transmitia uma sensação de aconchego. Continuou por um longo tempo observando as variações de intensidade daquela luz. Seus pensamentos pareciam terem se acalmado e o medo havia diminuído. Foi quando ouviu o som de outra voz chegando até ele. Era uma voz suave e aconchegante. “Você pediu por ajuda?” O que era aquilo agora? Quem estava falando com ele? Aquilo também fazia parte do pesadelo ou o pesadelo era um jogo? Se precisasse jogar para poder acordar e movimentar novamente seu corpo, que assim fosse. Era bom em negociações e em estratégias e esse jogo ele ganharia. Percebeu o carinho implícito naquelas palavras, mas não tinha tempo a perder para prestar atenção em sentimentos inúteis. “O que você acha? É claro que pedi ajuda. Não vê minha situação?” Pedro não precisava de sua boca para expressar o que queria, ouvia seus pensamentos e também podia escutar perfeitamente o que aquela voz lhe dizia. Aquilo, com certeza, fazia parte do jogo. Mais uma vez a voz se fez ouvir. “Você chorou.” “Isso foi apenas um momento de fraqueza. Não vai mais se repetir.” “Chorar faz bem. Limpa sua alma.” “Chorar não faz parte do que nasci para fazer.” “E para o que foi que você nasceu Pedro?” Pedro estava irritado com aquela falação toda, se tivesse controle sobre seus movimentos não precisaria estar respondendo a um inquérito sobre o que ele fazia ou deixava de fazer. “Qual o problema? Isso, por acaso, é um interrogatório?” “Não. Com certeza não é. Só preciso ter certeza de que você é merecedor de ajuda.” “E chorar significa que sou merecedor de ajuda?” “Não.” “Então não estou conseguindo entender a sua lógica.” “Chorar significa que você ainda tem algum sentimento dentro de seu coração. Significa que é humilde o suficiente para reconhecer suas limitações.” “Chorar é sinal de fraqueza, não de humildade. E, como disse, não nasci para chorar.” “E para o que você nasceu Pedro?” A impaciência começou a borbulhar dentro de seu estômago. Detestava dar explicações sobre sua vida e principalmente sobre seus sentimentos. Ana era quem gostava de ficar justificando suas atitudes. Odiava quando ela o cercava e ficava fazendo cobranças com relação a seu amor para com ela. E agora isso. Ter que explicar para uma voz que estava em seu pesadelo, para o que ele tinha nascido, mas aquilo era um jogo e se as regras incluíam um interrogatório, ele responderia as perguntas, mesmo que não o agradassem. “É óbvio para o que eu nasci.” “Então me diga.” “Eu nasci para ser um vencedor. Aliás, eu sou um vencedor.” Aquelas palavras foram “pensadas” com tanto orgulho que se as tivesse pronunciado, teria inflado o peito e erguido o queixo para mostrar a esse sujeito quem ele era. “E o que é ser um vencedor?” “Você, pelo jeito, é daqueles que não sabe o que é ter poder, dinheiro e sucesso.” “Então, ser um vencedor é ter poder, dinheiro e sucesso?”
  • 3. “É claro que sim. Um homem com poder, tem dinheiro e obviamente, tem sucesso. Posso comprar o que quiser, posso ir para onde quiser, posso ter as mulheres que quiser, posso fazer tudo, sem precisar dar explicações a ninguém.” “E você é feliz?” “Que pergunta idiota! É claro que sou feliz.” “Tem certeza?” “Absoluta.” “E você era feliz quando era criança?” Pedro parou por um instante e ficou lembrando de sua infância. Ele morava no campo e vivia livre correndo pela grama, sentindo o vento batendo em seu rosto, pescando e tomando banho no riacho, ajudando os pais no serviço da roça. Era um trabalho duro, mas a liberdade que tinha era maravilhosa. Lembrou do sorriso que carregava no rosto quando o sol despontava no horizonte e os pássaros convidavam para despertar. Aquelas lembranças todas estavam tão nítidas em sua mente que pôde sentir o cheiro do café e do bolo que sua mãe preparava todas as manhãs para que ele e os irmãos pudessem se alimentar e depois irem à escola. “Sim. Eu era feliz.” “E você tinha poder, dinheiro e sucesso?” Aquela pergunta fez com que Pedro levasse um choque. Teve uma infância maravilhosa junto com os pais e aos irmãos. A lembrança de seu pai mais uma vez trouxe a saudade que parecia esmagar seu corpo amortecido, como se fosse uma pedra enorme. Amava seu pai acima de tudo e de todos e as lágrimas voltaram a embaçar seus olhos. Afastou aqueles pensamentos, não podia permitir que uma fraqueza do passado tomasse conta de sua lógica. “Não. Mas eu vivia em outro mundo. Aquele não era o mundo real.” “E o mundo real é esse?” No mesmo instante em que a voz pronunciou as palavras, Pedro conseguiu abrir os olhos. Já não estava mais em sua cama, nem em sua casa. Seu corpo estava novamente sob seu controle. Ergueu as mãos em frente aos olhos e movimentou os dedos. Sentiu o ar entrando em seus pulmões e não havia mais aquele silêncio esmagador, era capaz de escutar até mesmo os sussurros de duas mulheres sentadas logo adiante. “Ele era charmoso, apesar da idade.” Dizia uma. “Ele era um sem vergonha. Vivia cheio de casos com todo tipo de mulheres.” Disse a outra. “É, mas você não fez parte da lista.” Voltou a falar a primeira. “E você é uma invejosa.” A segunda retrucou. Pedro não conseguia entender por que estava escutando tão bem uma conversa que estava sendo apenas sussurrada. Também não identificava sobre quem elas estavam falando. Resolveu desviar a atenção daquelas duas e começou a olhar melhor o lugar. O local era amplo, com paredes claras. Havia muitas cadeiras no local, algumas flores, velas e um crucifixo na parede. Aquilo era uma sala mortuária. Por que ele estava ali? Quem havia morrido? Seria alguém importante? Uma aglomeração de pessoas logo a frente chamou sua atenção. Pôde reconhecer sua esposa, tinha os olhos vermelhos contornados por discos escuros e profundos, o rosto pálido e os lábios levemente rosados. Ao seu lado estava Raul, seu sócio. Seus irmãos também estavam lá. O que significava aquilo afinal? Sentiu seu corpo ser jogado para frente em um movimento brusco. Quando parou viu o esquife e seu corpo depositado dentro do mesmo. Sua pele estava branca feito cera, seus lábios sem cor, suas mãos entrelaçadas, frias, duras e sem vida. Sentiu o cheiro forte, que acabou relacionando ao formol e outras substâncias que não soube identificar. Seu estômago se contorceu e sentiu vontade de vomitar. Uma onda de pânico sacudiu seu corpo e ele correu em direção a esposa. “Ana! Ana, por favor, fala comigo! O que está acontecendo?”
  • 4. Ele movia os lábios, mas não sentia a voz sair através dela. Ainda era seu pensamento que verbalizava o som de sua voz. Tentou, em vão, agarrar os ombros de Ana, mas não conseguia toca-la. Nada do que fizesse conseguia chamar a atenção de qualquer um dos presentes. Aquele, definitivamente, era o pior pesadelo de toda sua vida. Os passos foram lentos até chegar à porta. Não conseguia mais suportar o peso do corpo e apoiou o ombro em uma das paredes, precisava de ar. Estava quente e não havia vento, aquilo parecia piorar ainda mais a sensação de tontura que estava turvando seus olhos. Suas pálpebras estavam pesadas, não queria mais ficar no escuro, não queria fechar os olhos, não queria que a sensação de imobilidade voltasse e o terror de rever aqueles vultos escuros era algo que precisava evitar. Então a luz surgiu novamente a sua frente e a silhueta de um homem se fez presente. Estava vestido totalmente de branco, olhando fixamente em sua direção. Pedro cambaleou e foi em sua direção. “Foi você quem falou comigo.” O homem sorriu e assentiu. “Eu estou sonhando, não estou?” Mais uma vez o homem apenas sacudiu a cabeça, desta vez negativamente. “Não é verdade, não pode ser verdade.” “Sim, meu filho, é verdade.” Pedro olhou atentamente o homem a sua frente. Havia algo muito familiar em seus olhos e no modo de falar, mas Pedro estava confuso. Não sabia o que fazer nem para onde ir. Quando o homem pegou suas mãos e o enlaçou em um abraço quente, macio e cheio de amor Pedro chorou, como só as crianças choram, com o coração. Despejou suas mágoas, suas mentiras, suas trapaças, sua falta de amor, sua solidão, sua infelicidade, tudo de uma só vez em soluços que pareciam arrebentar seu peito. Foi então, nos braços daquele homem, que lembrou de uma palavra, uma única palavra, que pronunciou, não com seus pensamentos, mas com toda a força de sua alma: “PAI”