1. Classes, estratificação e desigualdades…
Miriam:
As teorias de classe e a estratificação:
- O QUE É A ESTRATIFICAÇÃO?
Para descrever as desigualdades entre os indivíduos e grupos dentro das sociedades humanas,
os sociólogos falam na estratificação social, ou seja, é um conceito utilizado para classificar a
posição social em que os indivíduos se encontram na sociedade e hierarquizá-la.
A estratificação social (divisão social) atribui-se com base em condições socioeconômicas, como
desigualdades a nível económico, social, político e antropológico ( bens, propriedades, género,
idade, afiliação religiosa ou posto militar). (Estratificação Social: Veja O Que é, Os Tipos E Um Resumo
Sobre - Manual Do Enem, 2022)
Estas desigualdades estruturadas, podem ser facilmente comparadas a uma pirâmide, onde as
sociedades podem ser constituídas por “camadas” numa hierarquia, onde os mais favorecidos se
encontram no topo da pirâmide e os menos privilegiados na base. (Livro, Anthony Giddens,
Sociologia- página 231) (Giddens, 2001, 231)
Historicamente existiram 4 sistemas básicos de estratificação nas sociedades humanas: a
escravidão, a casta, o estamento e a classe.
A Escravidão- é uma forma extrema de desigualdade, onde literelamente indivíduos são propriedades
de outros.
A Casta- associa-se às culturas do subcontinente indiano, onde as pessoas que não acreditam na
crença hindu do renascimento, nem são fiéis aos seus rituais, renascerão numa posição inferior na
próxima encarnação.
O Estamento- Os estamentos feudais consiste na divisão da sociedade, pois todos possuem
diferentes obrigações e direitos entre si, logo é necessário hierarquizá-la. Assim, o estamento mais alto
pertence à nobreza e aos aristocratas. De seguida, o clero e por fim os plebeus( artesãos; servos;
mercadores)
As Classes- As bases para se definir e hierarquizar a sociedade é com base nas posses de riqueza
(poder económico) e profissão. Ou seja, as pessoas com maior poder económico e “melhor profissão”,
que irá resultar num melhor estilo de vida, encontram-se nas classes mais altas. (Livro, Anthony
Giddens, Sociologia- página 231)
- TEORIAS DE KARL MARX E MAX WEBER:
- As ideias desenvolvidas por Karl Marx e Max Weber formam as bases das maiorias de
análises sociológicas sobre classes e estratificação.
Teoria de Marx- Para Marx, uma classe é um grupo de pessoas que se define pela relação
comum com os meios de produção, ou seja, os meios pela qual extraem o seu sustento ( terras,
campos , fábricas, empresas..).
Logo, na sociedade capitalista e industrial de hoje em dia, as pessoas que possuem fábricas,
empresas, escritórios ou a riqueza/capital necessário para as comprar, tornam-se os mais
importantes/privilegiados, estando no topo da pirâmide social. Com isto, as duas classes
2. principais são formadas por aqueles que possuem esses meios de produção/riqueza, os
industriais ou capitalistas, e por aqueles que ganham a vida trabalhando/vendendo o seu
trabalho para os industriais/capitalistas, ou seja, a classe operária ou como lhe chama Marx o
“proletariado”. Segundo Marx, existe entre as duas classes uma relação de exploração, posto
que os operários que trabalham são o meio utilizado para fazer crescer os grandes capitalistas,
tornando-se assim uma mais valia para eles, pois trabalham imensas horas, a ganhar um salário
miserável em condições bastante precárias, logo são a fonte de exploração dos mais ricos, para
seu próprio proveito, crescendo assim à custa da classe operária. (Livro, Anthony Giddens,
Sociologia- página 232)
Teoria de Max Weber- A abordagem de Weber para a estratificação social foi construída sobre
a análise de Marx, porém ele modificou e aperfeiçoou à sua maneira. Assim como Marx, Weber
também considerava que sociedade caracterizava-se pelos conflitos sobre o poder e o método
como se chegava a ele. Contudo, onde Marx via que as relações entre as classes e os temas
económicos eram os únicos centros do conflito social. Weber, defendia uma visão um pouco
mais complexa. Para Weber, a estratificação social não é simplesmente uma questão de
classes, mas é moldada por um aspecto ainda mais importante, o status. Apesar de aceitar a
opinião de Marx, em que as classes se baseiam apenas em condições econômicas
determinadas, ele observou uma nova série de fatores também relevantes para a formação das
classes. De acordo com Weber, as divisões entre as classes não se originam apenas no controle
ou na falta dele em relação aos meios de produção, mas em relações econômicas que não
possuem nenhuma relação direta com a propriedade. Tais recursos incluem as aptidões e as
credenciais, ou qualificações que influenciam no tipo de emprego que as pessoas são capazes
de conseguir. Weber acreditava que a posição de mercado do indivíduo tem uma forte influência
sobre as suas “oportunidades de vida e emprego”. Aquelas pessoas que têm mais estudos e
profissionalismo ganham mais, e dispõem de melhores salários e condições de trabalho do que
os operários. As qualificações que possuem, como títulos, diplomas, estudos, habilidades
tornam essas pessoas mais aptas para melhores empregos. Na teoria de Weber, o status refere-
se às diferenças existentes entre os grupos sociais quanto à honra ou prestígio conferido. Logo,
estas pessoas iram estar sempre num patamar acima que os outros com menos qualificações
e prestígios. Além disso, o status, na explicação weberiana da estratificação social, também sofre
influência do gênero, condições de saúde, cor e idade. Em síntese, para Weber, o processo de
estratificação acontece a partir das relações de produção, do status social, dos poderes político e
econômico e das oportunidades que os indivíduos ou grupos sociais têm para adquirirem
bens.(Livro, Anthony Giddens, Sociologia- páginas 233-234) (Classe Social: O Que é, Quais São, Na
Sociologia - Mundo Educação, n.d.)
Yasmim:
Divisões de classe social na sociedade ocidental hoje:
3. CLASSE SOCIAL:
Classe social é a espécie dominante de estratificação social que se encontra no mundo moderno. O
conceito surgiu no século XIX para descrever os grandes grupos hierárquicos das sociedades da
Europa Ocidental, refletindo as mudanças ocorridas na estrutura social com as revoluções política e
industrial dos finais do século XVIII. As antigas classificações em "estados", "ordens", ou "castas"
deixaram de fazer sentido face ao desenvolvimento de novos grupos sociais, como o dos capitalistas
industriais ou as classes trabalhadoras fabris. (Porto: Porto Editora, n.d.) A principal tradição teórica
na análise de classes deriva da obra de K. Marx. Este teórico tomou como ponto de referência a
posse do capital e dos meios de produção. Marx distinguiu três classes fundamentais: os
latifundiários, possuidores da terra, os capitalistas ("burguesia") possuidores do capital, e o
proletariado (classe operária), possuidor da sua força de trabalho. Reconhecia também a existência
de grupos que não se encaixavam nesta delimitação (como os camponeses e os pequenos
proprietários) mas considerava-os resquícios da era pré-capitalista que acabariam por desaparecer
com o avanço do capitalismo. (Porfírio, n.d.)
DIVISÕES DE CLASSE SOCIAL ATUALMENTE:
Hoje, a maioria das pessoas nas sociedades modernas são mais ricas do que as gerações
anteriores, mas a riqueza continua extremamente concentrada nas mãos de poucos. A classe alta é
composta por uma pequena minoria de pessoas que possuem riqueza e poder e a capacidade de
transmitir os seus privilégios à próxima geração. Os ricos são um grupo diversificado e volátil; Nos
últimos anos, os milionários enriqueceram através dos seus próprios esforços e as mulheres e os
jovens juntaram-se a este grupo em maior número. Em geral, a classe média inclui indivíduos que
trabalham em empregos administrativos, como médicos, profissionais de saúde e trabalhadores da
indústria de serviços. Na maioria dos países industrializados, a classe média constitui agora a
maioria da população, um facto em grande parte devido ao crescimento das ocupações profissionais,
de gestão e administrativas. Ao contrário da classe trabalhadora, os membros da classe média são
frequentemente educados ou têm um nível técnico que lhes permite vender o seu trabalho mental,
bem como o seu trabalho físico, para ganhar a vida. A classe trabalhadora inclui pessoas que
trabalham na manufatura ou no comércio manual. Durante o século 20, a classe trabalhadora
diminuiu significativamente à medida que os empregos na indústria diminuíram. Os membros desta
classe são mais ricos do que eram há um século. Alguns autores recentes sugeriram que factores
culturais como o estilo de vida e o consumo têm uma influência importante na posição de classe. De
acordo com esta visão, a identidade pessoal hoje está estruturada em torno de escolhas de estilo de
vida e não de indicadores tradicionais de classe, como a profissão. (Giddens, 2001, 249)
Núria:
4. Género e estratificação
O livro de Anthony Giddens aborda o conceito de gênero como uma construção social que influencia
papéis e expectativas. Quanto à estratificação de classes, Giddens explora como a sociedade se
divide com base em recursos e poder, destacando as desigualdades inerentes a essa estrutura.
A ideia de classe é desdobrada em camadas sociais, revelando como diferentes estratos enfrentam
realidades distintas. A estratificação, está longe de ser apenas econômica, e é uma teia complexa de
poder e privilégio que molda as experiências individuais na sociedade.
No universo de Giddens, a estratificação transcende meramente o aspeto econômico, abrangendo
uma rede de desigualdades sociais. Ele destaca como o acesso desigual aos recursos,
oportunidades e poder molda a dinâmica social, perpetuando disparidades que vão além das
fronteiras financeiras.
Para Giddens, o conceito de desigualdade de género refere-se às diferenças entre homens e
mulheres na sociedade, sendo este uma forma de estratificação social. Este conceito foi
apresentado socialmente com o intuito de diferenciar homens e mulheres, assim como os seus
papéis sociais e as diferentes identidades. Assim o género tem como objetivo criar uma
estruturação mediante as oportunidades que cada indivíduo tem na vida, tendo como influência os
papéis desempenhados por homens e mulheres socialmente, e na família. Com isto, é possível
concluir que não existe sociedade alguma onde as mulheres exerçam um poder superior ao dos
homens. Como refere Giddens, “as mulheres assumem a responsabilidade primária de educar os
filhos e ocupar-se das actividades de sustentar a família”. Quanto a nível social, Giddens conclui
que as diferenças adquiridas nas sociedades promovem as posições desiguais entre homens e
mulheres na questão de poder, prestígio e riqueza.
A perspetiva de Giddens sobre estratificação e desigualdade social destaca a complexidade das
disparidades na sociedade. Ele examina como fatores como classe, gênero e etnia entrelaçam-se,
criando camadas de desigualdade que vão além do econômico, influenciando oportunidades, acesso
a recursos e poder. Essa abordagem oferece uma compreensão mais ampla das dinâmicas sociais e
das raízes das desigualdades que permeiam nossa estrutura social.
Yasmim:
Mobilidade Social:
Usando informação sobre pais e filhos de inquéritos existentes e rotineiramente
recolhidos, este estudo (re)constrói o movimento temporal da posição social de
diferentes gerações, debruçando-se sobre questões como:
5. ● a relação entre o nível de escolaridade e a categoria profissional, entre pais e filhos;
● a relação entre estas duas medidas de estatuto socioeconómico do pai e o
rendimento familiar dos filhos;
● a mobilidade intergeracional nos rendimentos familiares e nos salários;
● o grau de igualdade de oportunidades que prevalece na sociedade;
● a incerteza em torno das trajetórias de rendimentos;
● a mobilidade intrageracional em Portugal e em comparação com a União Europeia
entre 1995 e 2000, e 2003 e 2013.
Conclusão:
● Nós achámos bastante importante a realização deste trabalho, pois ao estudarmos mais
sobre as classes sociais, podemos desenvolver políticas e estratégias mais eficazes para
abordar questões como a pobreza, o acesso à educação, à saúde e às oportunidades de
emprego. Além disso, ao analisarmos a estratificação social permitiu-nos uma visão mais
abrangente das interações entre os diferentes grupos , contribuindo para a construção de
uma sociedade mais inclusiva e equitativa
References
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Estratificação Social: veja o que é, os tipos e um resumo sobre - Manual do Enem.
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Gulbenkian. Serviço de Educação e Bolsas.
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