1. Biografia
Nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo1 , era filha
de José Estanislau do Amaral Filho e de Lídia Dias de Aguiar, e neta de José
Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em virtude da imensa fortuna
acumulada em fazendas do interior paulista.
Seu pai herdou a fortuna e diversas fazendas, onde Tarsila e seus sete irmãos
passaram a infância. Desde criança, fazia uso de produtos importados franceses e
foi educada conforme o gosto do tempo. Sua primeira mestra, a belga Mlle. Marie
van Varemberg d’Egmont, ensinou-lhe a ler, escrever, bordar e falar francês. Sua
mãe passava horas ao piano e contando histórias dos romances que lia às crianças.
Seu pai recitava versos em francês, retirados dos numerosos volumes de sua
biblioteca.
Tarsila era tia do geólogo Sérgio Estanislau do Amaral.
Estudos em São Paulo e Barcelona
Tarsila do Amaral estudou em São Paulo, em colégio de freiras do bairro
de Santana e no Colégio Sion. E completou os estudos em Barcelona, na Espanha,
no Colégio Sacré-Coeur.1
Primeiro casamento e maternidade
Ao chegar da Europa, em 1906, casou-se com o médico André Teixeira Pinto, seu
noivo. Rapidamente o primeiro casamento da artista chegou ao fim. A diferença
cultural do casal era grande. O marido se opunha ao desenvolvimento artístico de
Tarsila, já que ele era conservador e, para os homens da época, a mulher só
deveria cuidar do lar. Revoltada com essa imposição, ela se separa, mas só
conseguiu a anulação do casamento anos depois. Com ele teve sua única filha, a
menina Dulce, nascida no mesmo ano do casamento. Tarsila se separou logo após o
nascimento da filha e voltou a morar com os pais na fazenda, levando Dulce.
Início da carreira
Da esquerda para a direita: Pagu,Elsie Lessa, Tarsila do Amaral, Anita
Malfatti e Eugênia Álvaro Moreyra em época posterior à Semana de Arte
Moderna de 1922
2. Abaporu, uma de suas obras mais conhecidas e um ícone do Modernismo brasileiro.
Óleo sobre tela, 1928
Começou a aprender pintura em 1917, com Pedro Alexandrino Borges.1 Mais tarde,
estudou com o alemão George Fischer Elpons. Em 1920, viaja a Paris e frequenta
a Academia Julian, onde desenhava nus e modelos vivos intensamente. Também
estudou na Academia de Émile Renard.
Apesar de ter tido contato com as novas tendências e vanguardas, Tarsila somente
aderiu às ideias modernistas ao voltar ao Brasil, em 1922. Numa confeitaria
paulistana, foi apresentada por Anita Malfatti aos modernistas Oswald de
Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia. Esses novos amigos passaram a
frequentar seu atelier, formando o Grupo dos Cinco.
Em janeiro de 1923, na Europa , Tarsila se uniu a Oswald de Andrade e o casal
viajou por Portugal e Espanha. De volta a Paris, estudou com os artistas cubistas:
frequentou a Academia de Lhote, conheceu Pablo Picasso e tornou-se amiga do
pintor Fernand Léger, visitando a academia desse mestre do cubismo, de quem
Tarsila conservou, principalmente, a técnica lisa de pintura e certa influência do
modelado legeriano.
Fases Pau-Brasil e Antropofagia
Em 1924, em meio à uma viagem de "redescoberta do Brasil" com os modernistas
brasileiros e com o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, Tarsila iniciou sua fase
artística “Pau-Brasil”, dotada de cores e temas acentuadamente tropicais e
brasileiros, onde surgem os "bichos nacionais"(mencionados em poema por Carlos
Drummond de Andrade), a exuberância da fauna e da flora brasileira, as máquinas,
trilhos, símbolos da modernidade urbana.
Casou-se com Oswald de Andrade em 1926 e, no mesmo ano, realizou sua primeira
exposição individual, na Galeria Percier, em Paris. Em 1928, Tarsila pinta
o Abaporu, cujo nome de origem indígena significa "homem que come carne
humana", obra que originou o Movimento Antropofágico, idealizado pelo seu
marido.
A Antropofagia propunha a digestão de influências estrangeiras, como no ritual
canibal (em que se devora o inimigo com a crença de poder-se absorver suas
qualidades), para que a arte nacional ganhasse uma feição mais brasileira.
Em julho de 1929, Tarsila expõe suas telas pela primeira vez no Brasil, no Rio de
Janeiro. Nesse mesmo ano, em virtude da quebra da Bolsa de Nova York, conhecida
como a Crise de 19291 , Tarsila e sua família de fazendeiros sentem no bolso os
efeitos da crise do café e Tarsila perde sua fazenda. Ainda nesse mesmo ano,
Oswald de Andrade separa-se de Tarsila porque ele se apaixonou e decidiu se casar
com a revolucionária Patrícia Galvão, conhecida como Pagu. Tarsila sofre demais
3. com a separação e com a perda da fazenda, o que a leva a entregar-se ainda mais
a seu trabalho no mundo artístico.
Em 1930, Tarsila conseguiu o cargo de conservadora da Pinacoteca do Estado de
São Paulo. Deu início à organização do catálogo da coleção do primeiro museu de
arte paulista. Porém, com o advento da ditadura de Getúlio Vargas e com a queda
de Júlio Prestes, perdeu o cargo.
Viagem à URSS e fase social
Em 1931, Tarsila vendeu alguns quadros de sua coleção particular para poder viajar
à União Soviética com seu novo marido, o psiquiatra paraibano Osório César, que a
ajudaria a se adaptar às diferentes formas de pensamento político e social. O casal
viajou a Moscou, Leningrado, Odessa, Constantinopla, Belgrado e Berlim. Logo
estaria novamente em Paris, onde Tarsila sensibilizou-se com os problemas da
classe operária. Sem dinheiro, trabalhou como operária de construção, pintora de
paredes e portas. Logo conseguiu o dinheiro necessário para voltar ao Brasil. Com a
crise de 1929, ela perdera praticamente todos os seus bens e sua fortuna.1
No Brasil, por participar de reuniões políticas de esquerda e pela sua chegada após
viagem à URSS, Tarsila é considerada suspeita e é presa, acusada de subversão.
Em 1933, a partir do quadro “Operários”, a artista inicia uma fase de temática mais
social, da qual são exemplos as telas Operários e Segunda Classe. Em meados dos
anos 30, o escritor Luiz Martins, vinte anos mais jovem que Tarsila, torna-se seu
companheiro constante, primeiro de pinturas depois da vida sentimental. Ela se
separa de Osório e se casa com Luiz, com quem viveu até os anos 50.
A partir da década de 40, Tarsila passa a pintar retomando estilos de fases
anteriores. Expõe nas 1ª e 2ª Bienais de São Paulo e ganha uma retrospectiva
no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) em 1960. É tema de sala especial
na Bienal de São Paulo de 1963 e, no ano seguinte, apresenta-se na 32ª Bienal
de Veneza.
Últimas décadas: 1960 e 1970
Em 1965, separada de Luís e vivendo sozinha, foi submetida a
uma cirurgia de coluna, já que sentia muitas dores, e um erro médico a deixou
paralítica, permanecendo em cadeira de rodas até seus últimos dias.
MACAPÁ-AP
2015