O autor descreve sua admiração pela leveza e beleza do Palácio dos Doges em Veneza. Ele imagina uma conversa com um arquiteto racionalista onde discute a função versus a beleza das colunas decoradas do palácio. O autor conclui que quando uma forma arquitetônica cria beleza, a beleza é justificativa suficiente para sua existência.

1. Beleza
Por Oscar Niemeyer

2. Um dia com os Doges
“Um dia, sentado diante do Palácio dos
Doges,surpreso com sua admirável leveza,
encontrei naquela magnífica obra de
calendário o exemplo do que a minha
arquitetura defendia. E ali mesmo, escrevi
este pequeno texto, imaginando-me
aconversar com um arquiteto racionalista.
Dialogo, simples e socrático, que vou
transcrever:

3. - O que você pensa deste palácio?
- Magnífico!
- E das suas colunas tão trabalhadas?
- Muito bonitas!
- Mas você, um funcionalista, não as preferiria
mais simples e funcionais?

4. - E exato.
- Mas se assim fosse
não existiria esse
contraste
esplêndido das duas
colunas cheias de
arabescos e a
parede lisa que
suportam.
- É verdade.

5. - Então você tem de
concordar que,
quando uma forma
cria beleza, tem na
beleza a sua própria
justificativa.”
• Oscar Niemeyer em seu
livro ‘Meu Sósia e Eu’

6. fim

7. fim