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AULA 02
Arquivística Clássica
(1841-1940)
Porque 1841?
A Revolução Francesa e seu impacto para
a consolidação da arquivística
2
“
(...) a França que fez suas revoluções e a elas deu suas ideias, a
ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se
tornado o emblema de praticamente todas as nações emergentes,
e as políticas europeias (ou mesmo mundiais), entre 1789 e 1917,
forem em grande parte lutas a favor e contra os princípios de 1789
(...). A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o
vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais,
o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico
de medidas para a maioria dos países (Eric Hobsbawn, 1996)
3
Da queda da
Monarquia às
revoluções liberais
4
Processo
revolucionário
1789
Estados Gerais, queda
da Bastilha, abolição
dos direitos feudais,
Declaração dos
Direitos do Homem e
do Cidadão
1792
Promulgação
da Constituição
e Assembleia
Legislativa e
Terror
1795
Diretório, Consulado,
eleição de Napoleão a
cônsul vitalício,
invasões e derrota de
Napoleão
1815
1830
Restauração das
monarquias burguesas
1848
Reinado de
Luís Felipe e
predomínio
burguês
Instrução de 24 de abril de 1841, sobre a
ordem de classificação dos arquivos
departamentais e comunais
Criação do Arquivo Nacional,
em 1790
Napoleão promove Pierre
Daunou “guarda” dos arquivos
Daunou, Wailly e Michelet: o pensar
arquivístico
Empossado, Daunou
inicia uma série de
mudanças visando
reunir os arquivos
departamentais em um
só local, visando a
pesquisa e a custódia.
Essa organização tem
como resultado a
divisão “por matérias”
em cinco seções:
5
Pierre Daunou (Google Images)
Arquivo Nacional
Seção Legislativa (documentos das
Assembleias Revolucionárias)
Seção Administrativa (documentos
dos novos ministérios)
Seção de Domínio Público (títulos de
propriedade do Estado)
Seção Jurídica (documentos dos
tribunais)
Seção Histórica (documentos de
interesse da história, escolhidos
arbitrariamente)
1808: a mudança para o
Hotel Soubise (Paris)
▫ O novo local foi concebido para
receber documentos de todos os
departamentos e territórios
conquistados;
▫ Em 1816, Daunou é afastado do
cargo e seus projetos são
interrompidos;
▫ Em 1830, ele retorna e se depara
com o trabalho de dois jovens
chefes de seção: Natalys de
Wailly e Jules Michelet;
6
(Google Images)
Natalis de Wailly, pai do
princípio de respeito aos
fundos
Aos 25 anos, Wailly desenvolveu um
método de classificação para a série F
(Seção Administrativa) através do
qual eram respeitadas as origens dos
documentos.
Essa elaboração influenciou a
confecção da Instrução 14, emitida
pelo Ministério do Interior em 24 de
abril de 1841.
7
Natalis de Wailly (Google Images)
“
Reunir os documentos por fundos, ou seja, reunir
todos os títulos (todos os documentos) que
provém de um corpo ou de um estabelecimento,
de uma família ou de um indivíduo, e dispor estes
fundos com sujeição a uma ordem determinada
(...) os documentos que apenas se relacionam com
um estabelecimento, um corpo ou uma família,
não devem mesclar-se com o fundo desse
estabelecimento, corpo ou família.
8
9
A Instrução de
1841
Dividida em 27 partes, foi
enviada aos prefeitos de
departamentos para
uniformizar a organização
dos arquivos em território
francês. Ao fim, traz um
modelo de quadro de
classificação a ser seguido.
Até hoje se mantém atual.
Disseminação do
princípio francês
até 1900
10
França
Alemanha
Holanda
Inglaterra
Espanha
“respect des fonds”
“provenienzprinzip”
“herkomtbeginser”
“principle of provenience”
“princípio de procedencia”
1898, surge o manual
holandês
Publicação do Manual de Arranjo e
Descrição de Arquivos, realizado pela
Associação dos Arquivistas
Holandeses e redigido por Samuel
Muller, Johan Feith e Robert Fruin,
historiadores e arquivistas dedicados
a elaborar soluções para os
problemas mais comuns aos
arquivos.
11
(Google Images)
A estrutura do
manual
12
Manual de Arranjo e
Descrição de
Arquivos
100 regras para organização dos arquivos divididos em seis capítulos:
Cap.1 - Origem e Composição dos Arquivos
Cap. 2 - O Arranjo dos Documentos de Arquivos
Cap. 3 - A Descrição dos Documentos de Arquivo
Cap. 4 - Estrutura do Inventário
Cap. 5 - Normas Adicionais para a Descrição do Arquivo
Cap. 6 - Sobre o Uso Convencional de Certos Termos e Sinais
Pontos fundamentais
ARBITRARIEDADE
Não é possível estabelecer a
classificação a priori. Se
mudam as funções, muda o
arquivo, que não deve ser
estabelecido arbitrariamente.
13
ORGANICIDADE
O arquivo é um todo
quando deixa de ser
uma parte.
DEFINIÇÕES
Traz seis definições
sobre arquivos e
depósitos.
14
(p.29)
Arranjo
Deve ser sistemático, nunca por tema/assunto;
Proveniência e ordem original
Reforçou o princípio francês e deu destaque à ordenação;
Relação com historiadores
Pesquisas históricas devem ser interesse secundário dos
arquivos;
Descrição
Estabeleceu as estruturas básicas da descrição arquivística e
do inventário como ferramenta principal.
Nos primeiros dez anos após seu lançamento, o Manual dos
Holandeses foi traduzido para cinco idiomas que cobriram
toda a Europa.
O manual e seu legado
15
Congresso de Bruxelas, 1910
16
Organizado no contexto da Exposição Universal, ocorreu
entre os dias 28 a 31 de agosto de 1910. Foi idealizado
para discutir as principais teorias nas áreas de
biblioteconomia e arquivística. Originalmente, foi
composto por quatro seções: a) Arquivos; b) Bibliotecas;
c) Coleções e depósitos; d) Bibliotecas populares. 19
países enviaram delegações, incluindo o Brasil, que foi
representado por Manoel Cícero (Biblioteca Nacional),
Alcibíades Furtado (Arquivo Nacional) e Alexandre Max
Kitzinger (Arquivo Nacional).
(Google Images)
Congresso de Bruxelas, 1910
MULLER
O arquivista holandês
participou dos debates e
defendeu o princípio da
proveniência.
CASANOVA
O arquivista italiano foi
eleito organizador da edição
seguinte do evento, que
deveria ocorrer em 1914.
29 DE AGOSTO
Neste dia, os arquivistas
deliberaram pela aceitação
do princípio como universal
e orgânico.
JENKINSON
Aind que não tenha
participado do Congresso, o
arquivista inglês foi
influenciado por suas
decisões. Anos depois,
publicou seu manual.
17
18
Congresso Internacional de Bibliografia e Documentação, Bruxelas, 1910
Google Images)
CASANOVA,
JENKINSON E
BRENECKE
Hilary
Jenkinson
(1922)
Não difere
records de
archives
Foco na
custódia
Imparcialidade,
autenticidade,
naturalidade e
interdependência
Eugenio
Casanova
(1928)
Autonomia
da
arquivística
Ênfase no
imperativo
positivista
Foco nas
motivações
políticas e legais
da produção
documental
Adolf
Brenecke
(1953)
ênfase no
viés
“funcional”
Primeiros
sinais de
“modernida
de”
Foco no estudo do
organismo
produtor
19
PRÓXIMA AULA:
Arquivística Moderna (1940-1961)
20
21
UM PROJETO
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Aula 02 - Arquivística clássica (1981-1940)

  • 2. Porque 1841? A Revolução Francesa e seu impacto para a consolidação da arquivística 2
  • 3. “ (...) a França que fez suas revoluções e a elas deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de praticamente todas as nações emergentes, e as políticas europeias (ou mesmo mundiais), entre 1789 e 1917, forem em grande parte lutas a favor e contra os princípios de 1789 (...). A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países (Eric Hobsbawn, 1996) 3
  • 4. Da queda da Monarquia às revoluções liberais 4 Processo revolucionário 1789 Estados Gerais, queda da Bastilha, abolição dos direitos feudais, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 1792 Promulgação da Constituição e Assembleia Legislativa e Terror 1795 Diretório, Consulado, eleição de Napoleão a cônsul vitalício, invasões e derrota de Napoleão 1815 1830 Restauração das monarquias burguesas 1848 Reinado de Luís Felipe e predomínio burguês Instrução de 24 de abril de 1841, sobre a ordem de classificação dos arquivos departamentais e comunais Criação do Arquivo Nacional, em 1790 Napoleão promove Pierre Daunou “guarda” dos arquivos
  • 5. Daunou, Wailly e Michelet: o pensar arquivístico Empossado, Daunou inicia uma série de mudanças visando reunir os arquivos departamentais em um só local, visando a pesquisa e a custódia. Essa organização tem como resultado a divisão “por matérias” em cinco seções: 5 Pierre Daunou (Google Images) Arquivo Nacional Seção Legislativa (documentos das Assembleias Revolucionárias) Seção Administrativa (documentos dos novos ministérios) Seção de Domínio Público (títulos de propriedade do Estado) Seção Jurídica (documentos dos tribunais) Seção Histórica (documentos de interesse da história, escolhidos arbitrariamente)
  • 6. 1808: a mudança para o Hotel Soubise (Paris) ▫ O novo local foi concebido para receber documentos de todos os departamentos e territórios conquistados; ▫ Em 1816, Daunou é afastado do cargo e seus projetos são interrompidos; ▫ Em 1830, ele retorna e se depara com o trabalho de dois jovens chefes de seção: Natalys de Wailly e Jules Michelet; 6 (Google Images)
  • 7. Natalis de Wailly, pai do princípio de respeito aos fundos Aos 25 anos, Wailly desenvolveu um método de classificação para a série F (Seção Administrativa) através do qual eram respeitadas as origens dos documentos. Essa elaboração influenciou a confecção da Instrução 14, emitida pelo Ministério do Interior em 24 de abril de 1841. 7 Natalis de Wailly (Google Images)
  • 8. “ Reunir os documentos por fundos, ou seja, reunir todos os títulos (todos os documentos) que provém de um corpo ou de um estabelecimento, de uma família ou de um indivíduo, e dispor estes fundos com sujeição a uma ordem determinada (...) os documentos que apenas se relacionam com um estabelecimento, um corpo ou uma família, não devem mesclar-se com o fundo desse estabelecimento, corpo ou família. 8
  • 9. 9 A Instrução de 1841 Dividida em 27 partes, foi enviada aos prefeitos de departamentos para uniformizar a organização dos arquivos em território francês. Ao fim, traz um modelo de quadro de classificação a ser seguido. Até hoje se mantém atual.
  • 10. Disseminação do princípio francês até 1900 10 França Alemanha Holanda Inglaterra Espanha “respect des fonds” “provenienzprinzip” “herkomtbeginser” “principle of provenience” “princípio de procedencia”
  • 11. 1898, surge o manual holandês Publicação do Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos, realizado pela Associação dos Arquivistas Holandeses e redigido por Samuel Muller, Johan Feith e Robert Fruin, historiadores e arquivistas dedicados a elaborar soluções para os problemas mais comuns aos arquivos. 11 (Google Images)
  • 12. A estrutura do manual 12 Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos 100 regras para organização dos arquivos divididos em seis capítulos: Cap.1 - Origem e Composição dos Arquivos Cap. 2 - O Arranjo dos Documentos de Arquivos Cap. 3 - A Descrição dos Documentos de Arquivo Cap. 4 - Estrutura do Inventário Cap. 5 - Normas Adicionais para a Descrição do Arquivo Cap. 6 - Sobre o Uso Convencional de Certos Termos e Sinais
  • 13. Pontos fundamentais ARBITRARIEDADE Não é possível estabelecer a classificação a priori. Se mudam as funções, muda o arquivo, que não deve ser estabelecido arbitrariamente. 13 ORGANICIDADE O arquivo é um todo quando deixa de ser uma parte. DEFINIÇÕES Traz seis definições sobre arquivos e depósitos.
  • 15. Arranjo Deve ser sistemático, nunca por tema/assunto; Proveniência e ordem original Reforçou o princípio francês e deu destaque à ordenação; Relação com historiadores Pesquisas históricas devem ser interesse secundário dos arquivos; Descrição Estabeleceu as estruturas básicas da descrição arquivística e do inventário como ferramenta principal. Nos primeiros dez anos após seu lançamento, o Manual dos Holandeses foi traduzido para cinco idiomas que cobriram toda a Europa. O manual e seu legado 15
  • 16. Congresso de Bruxelas, 1910 16 Organizado no contexto da Exposição Universal, ocorreu entre os dias 28 a 31 de agosto de 1910. Foi idealizado para discutir as principais teorias nas áreas de biblioteconomia e arquivística. Originalmente, foi composto por quatro seções: a) Arquivos; b) Bibliotecas; c) Coleções e depósitos; d) Bibliotecas populares. 19 países enviaram delegações, incluindo o Brasil, que foi representado por Manoel Cícero (Biblioteca Nacional), Alcibíades Furtado (Arquivo Nacional) e Alexandre Max Kitzinger (Arquivo Nacional). (Google Images)
  • 17. Congresso de Bruxelas, 1910 MULLER O arquivista holandês participou dos debates e defendeu o princípio da proveniência. CASANOVA O arquivista italiano foi eleito organizador da edição seguinte do evento, que deveria ocorrer em 1914. 29 DE AGOSTO Neste dia, os arquivistas deliberaram pela aceitação do princípio como universal e orgânico. JENKINSON Aind que não tenha participado do Congresso, o arquivista inglês foi influenciado por suas decisões. Anos depois, publicou seu manual. 17
  • 18. 18 Congresso Internacional de Bibliografia e Documentação, Bruxelas, 1910 Google Images)
  • 19. CASANOVA, JENKINSON E BRENECKE Hilary Jenkinson (1922) Não difere records de archives Foco na custódia Imparcialidade, autenticidade, naturalidade e interdependência Eugenio Casanova (1928) Autonomia da arquivística Ênfase no imperativo positivista Foco nas motivações políticas e legais da produção documental Adolf Brenecke (1953) ênfase no viés “funcional” Primeiros sinais de “modernida de” Foco no estudo do organismo produtor 19