O documento discute três argumentos para a existência de Deus: 1) a natureza religiosa humana e o desejo de transcendência, 2) a origem e ajuste fino do universo apontam para um Criador, e 3) a moralidade objetiva sugere uma fonte transcendental do bem e do mal. O autor convida o leitor a considerar estas evidências com uma mente aberta.
1. Deus existe?
Por Tawa Anderson
www.tawapologetics.blogspot.com
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Existe um Deus? Como podes ter a certeza que Deus existe?
Podes provar-me que Deus é real? A existência (ou não
existência) de Deus faz alguma diferença significativa? Estava
Nietzche correcto ao declarar: “Deus está morto!” ? Estas
questões atingem o centro da existência humana, e exigem a
nossa atenção pessoal e deliberação.
Além disso, estas questões devem ser respondidas antes de
examinarmos a verdade do Cristianismo. Em todo o caso, se
não há Deus, então Jesus não é certamente Deus feito carne! Se
não há Deus, não há fé cristã digna de ser considerada. Neste
breve artigo, vou partilhar três pistas persuasivas
(tradicionalmente chamadas argumentos ou evidências) que
apontam para a existência de Deus. Não é apologética para o
Cristianismo, mas sim para o teísmo básico – um argumento a
favor do facto de Deus existir, não do facto do Deus cristão ser
real.
2. A condição humana: porque Deus importa
Antes de considerar os argumentos que apontam para a
existência de Deus, contudo, quero, de forma breve, focar a
importância da existência de Deus. Para colocar isto de forma
franca: quais são as implicações se Freud estava certo – se Deus
é uma ilusão, uma projecção do subconsciente humano, uma
expressão de insegurança e de satisfação das vontades? 2
O livro de Eclesiastes, poeticamente, resume a vida sem Deus:
“Vaidade! Vaidade! Completa vaidade! Tudo é vaidade!” O
filósofo ateu Jacques Monod disse: “O homem, no fim de
contas, sabe que está sozinho na fria imensidão do Universo,
aparte do qual ele emergiu apenas por acaso.” O que é o
homem, na ausência de Deus? Um condenado e insignificante
membro de uma raça condenada e insignificante, num planeta
condenado e insignificante que vagueia pelo infinitamente
imensurável Universo. Qual é o nosso destino final? O nada. A
extinção. A humanidade sem Deus não é um bonito quadro. A
existência de Deus é importante.
3. Então, surge a questão: Deus existe? Vamos observar as pistas
deixadas pelo espírito insaciavelmente religioso do homem, pela
origem e ajuste fino (fine-tuning) do Universo, e pela moralidade.
Pode o homem viver sem Deus? O argumento existencial
da religiosidade humana
Primeiro, consideremos a natureza e extensão da busca e da
experiência religiosa. Desde o alvorecer da história como a
conhecemos, o ser humano tem sido extraordinariamente
religioso. Cada cultura e civilização humana tem tido um
conceito do divino – deuses, deusas e seres espirituais. As
pessoas têm um implacável desejo de entender e tocar o divino.
Agostinho (354-430 d.C.) disse, “Os nossos corações não têm
descanso até que o achem em Ti [Deus].” Repara também que
aos nossos desejos naturais (p.e., fome, sede) corresponde
sempre algo que os vai satisfazer (p.e., comida, água). Isto
sugere que ao nosso desejo de conhecer e tocar Deus
corresponde algo real que vai satisfazer esse desejo – isto é,
Deus. Há, de facto, um espaço nos nossos corações que só
pode ser preenchido por Deus. 3
4. O ser humano também tem sede de vida eterna, de persistir
além da morte física. Todas as culturas humanas expressam este
desejo (ex: as pirâmides do Egipto, o mundo espiritual das
religiões indígenas, a adoração/reverência aos ancestrais na
Ásia). Este anseio pela eternidade sugere que nós existimos para
mais do que apenas estes anos de vida. Finalmente, o ser
humano sempre procurou respostas às grandes questões da vida
– “de onde eu vim?”, “o que está errado comigo (e com o
mundo)?” e “como posso resolver isso?” Todos procuramos
respostas, todos queremos falhas para serem corrigidas e todos
ansiamos pela vida eterna.
Esta é uma parte da condição humana, porque fomos criados à
imagem de Deus (Génesis 1:26-27). 4
Os céus declaram a glória de Deus: o evidente argumento
da cosmologia 5
Em segundo lugar, considera a origem do nosso incrivelmente
vasto e majestoso universo. A nossa quadridimensional variedade
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espácio-temporal e toda a matéria física foi originada no Big
Bang há cerca de 13.7 mil milhões de anos. O que causou o Big
Bang? A causa tem que ser transcendente, isto é, fora do universo
físico em si (e, portanto, fora do tempo e espaço tal como os
5. conhecemos). A causa também tem que ser pessoal (um
“fragmento” que não teve início não poderia causar nada). O Deus
da Bíblia é um Ser transcendente e pessoal que trouxe o Universo à
existência – como diz Génesis 1:1, “No princípio Deus criou os
céus e a terra.”
Alguém pode perguntar: “Se Deus fez o Universo, quem [ou o
quê] fez Deus?” Mas Deus, como causa transcendente e pessoal do
Universo, existe independentemente do tempo, e, como tal, não
tem princípio. Então, nada causou Deus; Ele sempre existiu. 7
Além disso, o nosso universo está ajustado (fine-tuned). É
governado por um dado número de constantes físicas e leis (ex:
gravidade, relatividade) que estão exactamente no ponto em que
permitem manter a vida na terra. Isto não é probabilidade
aleatória ou pura sorte, como alguns podem argumentar. Pelo
contrário, é evidência para um Ser transcendente que criou o
Universo (tempo, espaço e matéria) para que pudéssemos viver
e vir a conhecê-lO.
6. Então, da próxima vez que olhares as estrelas, lembra-te que os
céus declaram, de facto, a glória de Deus, e as estrelas anunciam
a obra das suas mãos (Salmos 19:1) – o nosso Universo aponta
para a existência de Deus. 8
O Bem & Deus: o argumento racional da moralidade
Em terceiro lugar, consideremos a nossa consciência de
moralidade – certo e errado. Algumas pessoas dizem que a
moralidade é relativa, que depende de cada indivíduo (correcto
para mim, errado para ti). Mas, no fundo, todos sabem que a
moralidade é objectiva – que algumas acções são verdadeiramente
erradas e outras são verdadeiramente correctas,
independentemente de se concordar ou gostar delas.
Reconhecemos as nossas atitudes erradas, e – correctamente –
sentimo-nos culpados acerca disso (ver Romanos 2:1-5).
Também sabemos que algumas coisas são erradas para todas as
pessoas, em todas as culturas e em todos os tempos – abuso de
crianças, violação, assassinato. Se alguém discorda, esmurra-os
até que admitam que é realmente errado que tu o faças!
7. De onde vem a nossa consciência de moralidade objectiva? Talvez
a construamos enquanto indivíduos ou sociedades, de acordo
com os nossos próprios gostos. Se assim é, então o Holocausto
não foi mau, foi antes a expressão dos gostos morais da
Alemanha Nazi. Talvez a moralidade seja um produto da
evolução, influente na sobrevivência do homem. Se assim é,
aquilo que chamamos “errado” hoje, pode ser “certo” amanhã.
Qualquer das formas, a moralidade não é uma prescrição de
como nós nos devemos comportar, mas sim uma descrição de
como nós nos comportamos. Se os padrões de moralidade não
estão baseados em algo transcendente (isto é, em algo aparte da
humanidade), é impossível dizer (como todos fazemos) que
alguma coisa seja sempre moralmente errada (ou certa).
Posto de forma mais simples: se não há Deus, então o mal que
o homem faz não é mal, simplesmente é.
A moralidade objectiva vem do nosso Deus transcendente, que
declarou o que está certo e o que está errado (ex: Êxodo 20)
baseado no Seu carácter – na Sua santidade, justiça e amor.
Deus é a fonte do nosso conhecimento sobre o certo e o errado
– a pista da moralidade humana aponta para a existência de
Deus.
8. Vem, vamos pensar juntos: um convite ao teísmo 10
Toquei brevemente em três pistas persuasivas que apontam
para a existência de Deus. Não tive tempo de explicar
totalmente os argumentos, mas dei sugestões de leituras
adicionais em cada área. Além disso, tem que ser reconhecido
que os argumentos não são provas conclusivas. Eu acho-os
fortes e persuasivos, mas se estás completamente fechado para
considerar a possibilidade da existência de Deus, então nenhum
deles te vai convencer. Se Deus não está no teu “conjunto de
opções de vida”, então não vais ser persuadido – não importa
que evidência ou argumento seja apresentado a favor de Deus.
Assim, quero concluir com um apelo pessoal: peço-te que não
feches a tua mente para a possibilidade de Deus. Considera as
pistas para Deus com a mente aberta; considera os próximos
artigos (que defendem a verdade do Cristianismo,
particularmente) com uma disposição de ser persuadido.
9. 1 Aqui, Deus é entendido simplesmente como um ser divino ou
transcendente – fora do espaço e tempo.
2 A propósito, penso que a negação moderna da existência de Deus é um
tipo diferente de satisfação das vontades – surge do desejo do homem de
ser autónomo, auto-suficiente e seguro do seu próprio poder.
3 Seguindo o argumento de C.S. Lewis, o argumento é algo assim:
a) Os seres humanos têm desejos/anseios naturais inegáveis.
b) Cada desejo/anseio do homem é satisfeito por algo na natureza.
c) Então, Deus tem que existir.
4 Para leituras adicionais, ver: Ravi Zecharias, “Can Man Live Without
God?”; William Lane Craig, “Reasonable Faith”.
5 Salmos 19:1 e seguintes
6 A Teoria das Cordas (na maioria) sugere que há mais do que quatro
dimensões – se apoias esta teoria, expande o número de dimensões de
acordo com isso. O princípio mantém-se.
7 William Lane Craig coloca o argumento assim:
a) Tudo o que vem a existir tem uma causa externa.
b) O Universo veio a existir.
c) Então, o Universo teve uma causa externa (fora do espaço e tempo), a
que chamamos de Deus.
8 Para leituras adicionais, ver: Lee Strobel, “The case for a Creator”; Norm
Geisler & Frank Turek, “I don’t have enough faith to be an atheist”.
9 Para leituras adicionais, ver: C. S. Lewis, “Mere Christianity”; Timothy
Keller, “The reason for God”.
10 Isaías 1:18