2. Gil Vicente
Apesar da escassez de referências precisas sobre esse
importante personagem, é possível compilar algumas
informações convergentes entre historiadores e
pesquisadores. Gil Vicente foi um dramaturgo e poeta
português, criador de vários autos é considerado um dos
maiores representantes do teatro popular em Portugal.
Nasceu em Guimarães no ano de 1465 e faleceu em Évora,
no ano de 1536.
3. Gil Vicente (cont.)
No início do século 16, há referência a um Gil Vicente na corte,
participando dos torneios poéticos. Em documentos da época,
aparece outro Gil Vicente, o ourives, a quem é atribuída a Custódia
de Belém (1506), recipiente para exposição de hóstias feita com mais
de 500 peças de ouro. Há ainda mais um Gil Vicente que foi "mestre
da balança" da Casa da Moeda. Alguns autores defendem, sem
provas, que os três seriam a mesma pessoa, embora a identificação
do dramaturgo com o ourives seja mais viável, dada a abundância de
termos técnicos de ourivesaria nos seus autos. O seu nome apareceu
pela primeira vez, em 1502, quando encenou a peça “Auto da
Visitação” ou “Monólogo do Vaqueiro”, em homenagem ao
nascimento do príncipe D. João, futuro D. João III.
4. Gil Vicente (cont.)
Embora tenha vivido em pleno Renascimento, Gil Vicente não se deixou
afetar pelas concepções humanísticas do período, retratando, por meio
de suas peças, os valores populares e cristãos da vida medieval. O seu
teatro é caracterizado como primitivo e popular, embora tenha surgido no
ambiente da corte, com a finalidade de servir ao entretenimento nos
serões oferecidos ao rei. A produção de Gil Vicente também se deu por
meio de poemas ao estilo das cantigas dos Trovadores medievais.
São atribuídas ao dramaturgo lusitano mais de quarenta peças, algumas
em espanhol e muitas em português, onde criticava impiedosamente toda
a sociedade de seu tempo. O valor do teatro vicentino encontra-se
na sátira, muitas vezes agressiva, contrabalançada pelo pensamento
oriundo da religiosidade cristã predominante à época. A sua obra é rica
pela universalidade dos temas e pelo lirismo poético que soube colocar
na arte, em plena atmosfera renascentista.
5. Gil Vicente- Sátira
Constata-se que da sua observação satírica ninguém
escapava: papa, rei, clero, feiticeiras, alcoviteiras,
judeus, moças casadoras e agiotas. Vários tipos
foram ridicularizados: a imperícia dos médicos -
“Farsa dos Físicos”, a prática das feiticeiras - “Auto
das Fadas”, o comportamento do clero – “O Clérigo
da Beira”, entre outros.
6. Gil Vicente- Fases 1
De acordo com o assunto abordado, a obra
de Gil Vicente pode ser classificada em três
fases: na primeira fase, (1502-1508), com
influência espanhola de Juan del Encina, o
autor apresenta peças que possuem um
conteúdo religioso, entre elas: “Auto da
Visitação”, “Auto Pastoral Castelhano”, “Auto
de São Martinho” e “Auto dos Reis Magos”.
7. Gil Vicente- Fases 2
Na segunda fase, (1508-1516), a sátira
social apresenta ampla visão da
sociedade da época, a arte possui uma
linguagem ferina, e adquire caráter mais
pessoal, são dessa época suas obras-
primas: “Quem Tem Farelos?”, “Auto da
Índia” e “Exortação da Guerra”.
8. Gil Vicente- Fases 3
A terceira fase (1516-1536) atinge sua maturidade
intelectual. Aparece, ao lado da crítica de costumes,
atitudes moralizantes de caráter medieval. São dessa
época as melhores obras teatrais da Literatura
Portuguesa: “Farsa de Inês Pereira”, “Auto da Beira”, “O
Clérigo da Beira”, “Auto da Lusitânia”, “Comédia do
Viúvo”, “Trilogia das Barcas” (Auto das Barcas do
Inferno, Auto da Barca do Purgatório e Auto da Barca da
Glória) e “A Floresta dos Enganos” de 1536, sua última
obra.