Íntegra da denúncia contra Temer por corrupção passiva:
Sessão do Conselho de Ética debate jantar entre Kátia Rabello e Ministro José Dirceu
1.
2. CÂMARA DOS DEPUTADOS DETAQ - COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1452105 Data: 22/9/2005
A SRA. KÁTIA RABELLO - Sim.
- --
.,
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Quer dizer, ele tinha que ter '.. - .,
/'
,
minimamente um relacionamento estreito com o Ministro, porque, senão, como ele
consegue levar para um jantar um Ministro que está passando por Belo Horizonte?
A SRA. KÁTIA RABELLO - E. Na verdade. parece que o Ministro iria ficar.
Pelo que eu entendi, a noite ele teria um outro compromisso, no outro dia teria esse
espaço na agenda dele. Enfim, ele cedeu esse espaço na agenda, eu me coloquei a
disposição, obviamente. para o espaço que ele pudesse atender e o próprio Ministro
teria sugerido que fôssemos jantar.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - E foi o próprio Marcos Valério quem
sugeriu a senhora que fizesse este encontro aproveitando a ida do Ministro até lá?
A SRA. KÁTIA RABELLO - Não, ele comunicou ao banco. nós tivemos um
encontro casual. Ele. como diretor, casualmente manifestou que, na verdade, não
só o Ministro, mas outras pessoas do Partido dos Trabalhadores estariam em Belo
Horizonte. Era alguma coisa que estava no jornal. era uma coisa pliblica, todo
mundo sabia. Então, nós manifestamos: "Puxa, quem sabe a gente conseguiria de
novo falar com o Ministro para. . " De alguma forma a gente tinha o interesse de
voltar com aquele assunto a baila, porque já tinha um ano e nada havia acontecido.
Então, nos pedimos se ele poderia interceder com alguem. Eu não sei se ele falava
direto com o secretário. Eu não tenho a menor idéia. Eu sei que o encontro foi
agendado.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Mas, nesse momento. nessa
ocasião, ele foi, digamos. o elemento-chave para que ocorresse esse jantar? Foi
através..
A SRA. KÁTIA RABELLO - Da nossa parte, sim.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Foi?
A SRA. KÁTIA RABELLO - Sim. Da nossa parte. sim.
e O SR. DEPUTADO JULIO DELGADO - Deputado Sampaio, posso...
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Pois não.
O SR. DEPUTADO JULIO DELGADO - S ó tirar uma dúvida aqui. A senhora
disse que esse jantar em Belo Horizonte teria sido absolutamente informal.
3. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÁOFINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1452105 Data: 22/9/2005
-
A SRA. KÁTIA RABELLO Foi bastante informal.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - E que o Ministro contou histórias da
sua vida e que a senhora contou histórias do banco, como e que chegou à direção,
também contando coisas ... "Pessoalidades" foi o termo que a senhora usou.
A SRA. KÁTIA RABELLO - E. Eu falei bem menos do que ele. na verdade.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - E, de repente. a senhora fala que Ia
no final...
A SRA. KÁTIA RABELLO - ISSO.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - ... o diretor entrou, voltou ao assunto
que estava em tela.
A SRA. KÁTIA RABELLO - Sim.
O SR. DEPUTADO JÚLIO DELGADO - Quer dizer, o jantar teria sido
marcado com qual objetivo? Voltar a um assunto que foi citado en passant?
A SRA. KÁTIA RABELLO - É, na verdade, o nosso objetivo ao pedir um
encontro com ele era, de alguma forma. manter essa relaqão. essa interlocução,
que era alguma coisa que eu acho que 6 interessante para qualquer empresário de
grande porte no Pais ter uma interlocução com o chefe da Casa Civil, saber os
rumos que estão tomando. enfim. Acho que essa interlocução pode ser
preponderante para .... ate pelo nivel de informação que a gente poderia ter ali.
Então, era simplesmente aproveitar uma oportunidade para ter essa interlocução,
vamos dizer, continuada. Ou seja, jd tinha um ano que tinha havido outro encontro.
Mas nós tinhamos, sim, um interesse bem especifico no assunto do Mercantil.
Então, num determinado momento, já Ia pelo final do jantar, como o assunto não
vinha a baila. nós trouxemos - o meu diretor trouxe.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Continuando, com relação a essa
questão do relacionamento do Marcos Valerio com o então Ministro Jose Dirceu, a
gente tem um primeiro encontro solicitado por ele, no qual seu pai esteve presente;
um segundo encontro com relaç- a esse jantar e teve conversas. tambem
intermediadas por ele, com relação ao Banco do Trabalhador.
A SRA. KÁTIA RABELLO - Sim.
4. .+a,
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CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1452105
COM REDAÇÃO FINAL
Data: 22/9/2005
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Todos esses encontros ou todas
essas conversas mantidas sempre através do Sr. Marcos Valério, pelo banco
através do Sr. Marcos Valério com o então Ministro José Dirceu, não a levavam a
conclusão que eles teriam minimamente um relacionamento de amizade, um
relacionamento estreito, mesmo que de ordem politica, já que tudo o que o banco
fazia se valia da figura do Sr. Marcos Valerio. no que tange ao Banco do
Trabalhador, no que tange ao Banco Espirito Santo e no que tange ate ao jantar?
A SRA. KÁTIA RABELLO - Espirito Santo, não. Mercantil, não e?
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Banco Mercantil, me perdoe.
-
A SRA. KÁTIA RABELLO Não, na verdade o Marcos era um facilitador de...
Era um marcador de encontros, digamos assim. Ele não demonstrava. através
disso ... Eu nem sei se era ele quem marcava. Eu não sei qual que era o
relacionamento que ele tinha com essas pessoas. entende? Ele era uma pessoa
que transitava dentro do banco com alguma assiduidade, conhecia os desejos,
0 enfim, os pleitos do banco. e se oferecia para, através dos contatos dele, criar essa
interlocução. Mas não era ele que tratava ... Por exemplo: Banco do Trabalhador, ele
marcou um encontro e, a partir dai, a coisa andava sem ele.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Com relação ao fato de se tratar do
assunto Banco Mercantil com o Ministro, a senhora ja esclareceu aqui que. na
verdade, o assunto vinha sendo tratado em outras esferas também. Mas vinha
sendo tratado em outras esferas no que tange a todos aqueles que tinham interesse
no tema. Ou seja, nunca o Banco Rural pediu uma reunião com o Banco Central
para tratar especificamente desse assunto.
A SRA. KÁTIA RABELLO - Sim.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Pediu ao Ministro Jose Dirceu.
A SRA. KÁTIA RABELLO - Não. não. No passado aconteceram reuniões
com o... Esqueci como é que chama ... Tem o nome da pessoa que cuida da
liquidação Mas existiram varias reuniões formais, inclusive no Governo passado.
entre pessoas do Banco Rural e pessoas do Banco Central para tratar desse
assunto - formais.
O SR. DEPUTADO CARLOS SAMPAIO - Mas...
5. CÂMARADOS DEPUTADOS DETAQ - COM REDAÇAOFINAL
Nome: Conselho de Etica e Decoro Parlamentar
Algumas coisas eu tinha me preparado para falar, eu tinha anotado, mas os
outros Deputados ou o Relator já a questionaram, mas eu vou questionar algumas
coisas que não ficaram claras conforme a senhora foi colocando. A senhora disse
que a primeira visita que fez ao Ministro José Dirceu, que o seu pai fez. foi por
interesses que ele tinha e queria apresentar alguns aspectos desses interesses,
tanto do loteamento popular, quanto da questão da concorrência da Lava, que
depois posteriormente teve uma resposta negativa do Banco de Pernambuco, né?
Ai, que vem: a senhora considera normal um empresário, qualquer enlpresário.
fazer contatos com o Ministro? Isso é uma coisa normal, um procedimento normal?
A SRA. KÁTIA RABELLO - Eu não saberia responder se e normal.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - O seu contato com outros
empresários ...
A SRA. KATIA RABELLO - Ah, sim.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - ...conversando com outros
empresários, é normal esse contato? Quer dizer. o empresário querer colocar para o
Ministro a preocupação..
A SRA. KÁTIA RABELLO - Eu conheço vários empresários que tiveram
varios contatos com Ministros em vários Governos. Com certeza, eu conheço.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - E a senhora acha dificil
marcar... Um empresário marcar uma agenda com o Ministro?
A SRA. KÁTIA RABELLO -Acho. r ....................................
h ,SRA. oEP~.TAF..ANGELA bUADA(;N!N:.E..esP.eC!!iCamente
Ministro José Dirceu, quando então Ministro?
com o
. 'I Comentário: Sessáo:1452105)
~uana:za
Taq.:Anna Karenina
RevMadUcia
...
I
A SRA. KÁTIA RABELLO - Eu não posso dizer que seja dificil ou não, porque
nós não tentamos anteriormente. Então, eu não posso dizer. Mas, de uma maneira
geral, acho que não é fácil, principalmente para nós que temos a nossa sede em
Belo Horizonte. E um banco relativamente pequeno. Não é fácil, não.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Voltando a questão do jantar,
em Belo Horizonte. Quando eu escrevi, foi na primeira vez que foi citado aqui. mas
depois a senhora já até respondeu um pouquinho mais para os outros Deputados, o
interesse de conversar com o José Dirceu era especificamente retomar a questão
6. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1452105 Data: 22/9/2005
do Banco de Pernambuco. A senhora colocou que imagina que tenha sido o Marcos
r
Valério que agendou. Ai. eu vou pegar um pouquinho da sua fala posterior e outras
perguntas que eu fui anotando, que a senhora colocou que dentro daquela
renegociação que a empresa do Marcos Valério fez, pagou 2 bilhóes e ficou 3 anos
de prestação de serviço - foi uma expressão que a senhora usou "e mais 3 anos
de prestação de serviço". Ai eu fiquei na duvida: qual e a relação das empresas do
Sr. Marcos Valerio com o banco nessa prestação de serviço? Que tipo de prestação
de serviço? Só para os serviços de publicidade ou outro tipo de prestação de
serviço?
A SRA. KÁTIA RABELLO - Serviços de publicidade, que são bastante
dispendiosos, não é?
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Entáo, o que quer dizer uma
expressão que a senhora colocou assim: "o facilitador': "o marcador de encontro'?
Ai eu não entendi essa ...
A SRA. KÁTIA RABELLO - Vamos separar as coisas. Uma coisa era a
SMP&B como agência de publicidade que atendia ao banco; outra coisa era o
Marcos Valério, pessoa física. sócio de algumas empresas, uma delas era a
SMP&B. Ele tinha outras empresas da qual era sócio e se tornou devedor do banco.
Ele tinha uma relação com o Jose Augusto bastante próxima. Então, através desse
contato dos dois, ele identificava, vamos dizer, oportunidades para o banco e se
oferecia como um facilitador para gerar uma interlocução que talvez pudesse trazer
algum beneficio para o banco. E importante...
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - Foi a expressão que a senhora
usou: *Botava a pessoa em contato':
A SRA. KÁTIA RABELLO - Isso.
A SRA. DEPUTADA ANGELA GUADAGNIN - A senhora usou essa
expressão.
A SRA. KÁTIA RABELLO - E importante frisar que o banco não recebeu
durante esse periodo nenhum beneficio de nenhuma natureza, seja mercantil seja
outros. Os estudos que podem ser feitos estão a disposição da CPI. no caso dos
depósitos. dos fundos, os depósitos de estatais. Muito pelo contrario. Na época do
7. i CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1452105 Data: 22/9/2005
'---
A SRA. KÁTIA RABELLO - O banco não teve vantagem nenhuma nessa
I.
relação.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Srs. Deputados, antes de
encerrar, eu gostaria de lembrá-los que nos temos uma reunião no dia 27 de
setembro. as 14h30min. com o depoimento do Deputado Jose Dirceu, terça feira. E
convido os senhores advogados a estarem presentes também.
Quero agradecer à Sra. Kátia Rabello e ao Dr. Jose Carlos Dias a presença.
Está encerrada a presente sessão
~~ ~~~ ................................. - ,, [comentário:
Supeivisor.:Márcia
8. DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NUCLEO DE REDAÇAO FINAL EM COMISSOES
TEXTO COM REDAÇAO FINAL
I DEPOENTEICONVIDADO - QUALIFICAÇAO I
I JOSE DIRCEU - Deputado Federal
/SUMARIO: Tomada de depoimento. I
OBSERVAÇOES
Há intervençóes inaudiveis.
Há oradores não identificados.
A sessão foi suspensa e reaberta.
9. CAMARADOSDEPUTADOS-DETAQ COM REDAÇAOFINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 21812005
;O SR.PRESIDENTE
(Deputado Rtcardo I-r) - Havendo numero regimental,
~~
Comentário: Sessao:lM9105
declaro aberta a reunião. 0uana:i Taa.:Chnsiiane
Peço silêncio no plenário. por favor.
Vou colocar em votação a solicitação do Deputado Edmar Moreira, pedindo a
dispensa da leitura da ata da reunião anterior.
0 s que forem favoraveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
A SRA. DEPUTADA LUCIANA GENRO - Sr. Presidente. peço a palavra para
uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pois não, Deputada.
A SRA. DEPUTADA LUCIANA GENRO - Acabei de me dirigir a sua
assessoria para me inscrever a fim de fazer uma 0 b s e ~ a Ç ã 0 Deputado Jose
ao
Dirceu e fui informada de que os Deputados não-membros da Comissão não terão
direito à palavra. Gostaria de questionar esse procedimento, ja que todos nos somos
Parlamentares e temos o direito de falar. mesmo que seja no fim da fila, como a CPI
e s t i procedendo e como V E e mesmo procedeu em outras ocasiões.
O SR. DEPUTADO DARC~SIO PERONDI - Sr. Presidente, uma questão de
ordem. só para ajudar. Eu vou ler o Código de Ética e Decoro Parlamentar da
Camara dos Deputados, em seu art. 12, inciso VI: ''ser6 concedido aos Deputados
que náo integram o Conselho a metade do tempo dos seus membros':
O senhor, naquela primeira reunião, foi rigidamente aplicador do Regimento e
permitiu que os Deputados se inscrevessem. Peço. reforçando o pedido da
Deputada Luciana, que o senhor cumpra o Regimento do Codigo de Ética. Deputado
Ricardo Izar, nosso querido Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Eu gostaria de fazer um
esclarecimento. Essa e a décima terceira reunião do Conselho de ctica. Em doze
reuniões. nos decidimos. o Conselho decidiu que falariam apenas os Deputados
membros do Conselho - em primeiro lugar, os titulares e, depois, os suplentes - e os
Lideres partidários. Os Vice-Lideres só poderão falar se os Lideres mandarem, por
escrito, a Mesa essa autorização. Essa é uma norma desde a segunda reunião do
Conselho de Ética, e eu gostaria de continuar ...
10. CAMARA DOS DEPUTADOS DETAQ - COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de etica e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 21812005
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O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO
erros cometidos pela então cupula do seu partido?
- E nunca teve conhecimento dos
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O SR. DEPUTADO JOSE DIRCEU - Não. Erros, muitos.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Erros dessa natureza, do uso
indevido do dinheiro, do uso irregular.
O SR. DEPUTADO JOSÉ DIRCEU - Dessa natureza não.
O SR. DEPUTADO JAIRO CARNEIRO - Sr. Presidente, por enquanto estou
satisfeito.
Obrigado. nobre Deputado Jose Dirceu.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Antes de ouvirmos o
representado. o Deputado Roberto Jefferson, gostaria de lembra-los que estão
inscritos para falar Júlio Delgado, Chico Alencar, Josias Quintal, Carlos Sampaio,
Fernando de Fabinho, Angela Guadagnin, Edmar Moreira, Orlando Fantazzini e
Gustavo Fruet, dos titulares, posteriormente, os suplentes.
e Com a palavra, então, o nobre Deputado Roberto Jefferson.
O SR. DEPUTADO ROBERTO JEFFERSON - Sr. Presidente, Sr. Relator,
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, povo do Brasil, cidadão do Brasil, cidadã do
Brasil, depois de ouvir o ex-Ministro Jose Dirceu, o Deputado Jose Dirceu, eu
cheguei a conclusão de que foi ele quem treinou o Silvinho Pereira, o Delubio e o
Marcos Valerio a mentirem.
Não tem mensalão no Brasil. c conversa da imprensa. Todos os jornais
mentem. Todas as revistas mentem. Todo o povo brasileiro prejulga o Ministro Jose
Dirceu, esse inocente e humilde que aqui esta, porque não tem mensalão. Todos os
gestos do Delubio não são do conhecimento dele. Todos os gestos do Sílvio Pereira
não são do conhecimento dele. Todas as atitudes do Marcos Valerio, que foi 12
vezes a Casa Civil - 12, não foram 7 não, Relator,l2 -, ele não viu Ia o Marcos
Valerio, alias, uma figura que passa despercebida, Deputado José Dirceu. Ele passa
e despercebido.
Eu começo essa minha fala, já que a testemunha da acusação veio aqui
convocada pelo Relator, não por mim. voltando ao principio da fala de S.Exa. o
Relator, quando fala em acordão, que ele: "Repilo - Alias, esta bonito. A conjugação
11. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 2/8/2005
do verbo está perfeita -, "Repilo qualquer idéia de acórdão." Eu também. Relator. EU
também, Presidente.
:~ão
part/u de minha pessoa nenhuma pr,oposta de acordo para sustar
qualquer processo. Pelo contrario, o que vazou de uma reunião com Deputados da
Executiva do PTB foi a decisão da Executiva do PTB de representar a Comissão de
gtica contra alguns Srs. Parlamentares mais identificados com o recebimento do
mensalão, por repasses do PT. através do tesoureiro Delubio Soares, por liberação
do Sr. Marcos Valerio nas agências do BMG. do Banco Rural e do Banco do Brasil.
O acordo existe ao contrario.
Eu tenho lido na imprensa, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que há um acordo
já, presidido pelo ex-Ministro Berzoini, para apartar 19 Deputados do rebanho para a
degola. para a execução, para dar o sangue aos chacais. a opinião pública, que
desejam ver cabeças rolando depois que esse escândalo veio a baila e a tona no
Brasil.
O Ministro Jose Dirceu. hoje, pela primeira vez - e eu o cumprimento por isto -
. despido daquela arrogancia natural, daquela autoridade que arrostava. daquela
empafia que exibia, veio humildemente dizer a este Plenário que, Chefe da Casa
Civil do Governo do Presidente Lula, não sabia das movimentaçóes financeiras do
Sr. Marcos Valerio, que não sabia dos saques a vista de milhóes de reais no Banco
Rural. no BMG e no Banco do Brasil, que não sabia ... E ai eu quero separar o joio
do trigo; não vou acusar o PT, mas a cupula do PT, gente dele - Genoino, Silvio
Pereira, Delubio -, gente dele. que ele fez questão de defender ate o último
momento, quando conversou comigo. "Eu quero proteger o Silvinho e o Delubio, que
estão sendo envolvidos nisso". E ele não sabia nada disso. A ABIN não contou para
ele. Ele não lia os relatórios da ABIN. Você que está em casa acredita nisso? A
Policia Federal não dizia para ele que milhões de reais tinham sido sacados a vista.
na boca do caixa. viajando em mala. em avião executivo. E a Policia Federal não
contava para o homem mais importante do Governo! Você acredita nisso?
Opera(6es feitas. todas na Casa Civil - eu afirmo e reitero ao Brasil. ex-Ministro e
atual Deputado Jose Dirceu.
O Deputado Jose Genoino, eu vou voltar a dizer aqui, euaparto. Eu separo o
PT que não e isso. Separo a cupula do PT e as articulações dessa cupula com o
12. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1049/05 Data: 21812005
Deputado José Dirceu da base, da militancia que honra o partido nesses 25 anos.
Esses. sim, são inocentes.
Quando a gente olha essa lista. na qual V.Exa. invoca a memória de um
morto que não pode se defender, mas eu farei isso por ele, esquece de ler a
quantidade de dinheiro transferida a alguns Parlamentares do PT, sempre da
liderança e da cúpula, ligados a VExa. Esquece de se referir a saques milionários
do Marcos Valerio feitos um dia antes de ir ao seu gabinete na Casa Civil. O jornal O
Globo hoje faz a ligação das datas. Mas o Deputado Jose Dirceu não sabia de nada
disso que acontecia no Brasil. A Policia Federal não falou para ele. O COAF. que
controla esses saques e essa movimentação financeira. não disse nada para ele.
Chefe da Casa Civil. O General Felix não disse isso a ele. nem a ABIN. O Delegado
Marcelo, amigo pessoal dele, que ele nomeou chefe da ABIN, não contava isso a
ele. Dizia que tinha um funcionário nos Correios. o Marinho. que recebia 3 mil reais
de "peteca" das mãos de agentes da ABIN terceirizados. Era disso que ele tinha
conhecimento. Era disso que ele tomava noticia.
Mas o acordão que está sendo feito aqui. Sr. Presidente, Sr. Relator, não e o
acordão para sustar um processo contra alguém. O Presidente do PTB, hoje. num
ato de solidariedade. quis fazer essa representação no Conselho de Ética contra o
Deputado Jose Dirceu. Converso com meus advogados. que sáo companheiros de
partido, e também tenho duvidas da oportunidade e da aplicabilidade dessa
representação. Porque se crime ele cometeu - e ele mesmo diz que sim, porque vai
discutir nos tribunais fora daqui - não são os crimes parlamentares, mas são os
crimes da administração. os crimes de responsabilidade como Ministro de Estado. E
quero dizer isso ao Ministro José Dirceu com toda sinceridade, porque sou diferente
dele. Eu assumo, não vou renunciar também, mas ate com risco pessoal, porque
não conto mentira. Mas tudo que eu disse e que V.Exa. indagou a ele, que ele
desmentiu, eu ratifico, eu reitero, eu reafirmo. Sr. Relator.
Jose Genoino era o Vice-presidente do PT. O Presidente de fato era o José
Dirceu. Tudo que nós tratávamos no predio da VARIG. Sr. Relator, tudo que
tratamos ali, na sede nacional do PT, tinha que ser fechado e homologado depois.
na Casa Civil, pelo Ministro José Dirceu. Tudo. O acordo da Bahia, ao qual VExa.
se referiu, foi fechado na Casa Civil, com a presença dele; o acordo de Goiás, que
13. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃOFINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1049105 Data: 21812005
hoje está no jornal - o Professor Luizinho disse que foi ao Rio, na SUSEPE, tentar
garantir que o acordo de Goias, na eleição de Goiãnia, fosse cumprido, cumprindo
uma missão do PT e do Ministro Jose Dirceu - foi fechado por ele. na Casa Civil; o
acordo de São Paulo foi fechado por ele. na Casa Civil; o acordo do Paraná. que
envolvia. inclusive, nomeação Ia na Binacional Itaipu, foi fechado com ele, na Casa
Civil. Tudo! Com minha presença. as vezes com a presença do Lider do meu partido
e, às vezes, com a presença do Ministro Walfrido dos Mares Guia.
Compreendo a posiçáo do Ministro Jose Dirceu. Ele procurou o tempo todo fundar
sua atitude republicana num curriculo que ele quer ostentar ao Pais: meu currículo,
a minha biografia. Não sei se e válida a sua biografia, não sei se vale o seu curriculo
para desmontar essa estrutura de locação de Parlamentares que V.Exa. chefiou,
liderou. na Casa Civil, aqui dentro do Congresso Nacional.
Eu procurei ser leal, Deputado Ricardo Izar. ao Presidente Lula. procurei.
Quando Martinez me mostrou - e eu já disse isso aqui na Comissão de Ética -,
soube da existência desses repasses, agosto e setembro de 2003, e eu soube que o
@ Presidente do PTB à Cpoca. o falecido Deputado Martinez. havia recebido de
repasse do Sr. Delúbio e do PT 1 milhão de reais. que ele disse a mim que para
pagar parte da campanha que o PTB arcou do ex-Governador, ora Ministro Ciro
Gomes. e parte dos programas de televisão feitos com peliculas. programas
carissimos, que ele resolveu contratar de uma agência de publicidade de Minas
Gerais 400, 450 mil reais, e eu disse a ele, naquele momento - e disse isso aqui
nesta Comissão: "Meu irmão, Martinez, meu amigo, se essa prática é mensal de
repasse do P T aos partidos da base aliada':.. Como tem aqui na lista a qual VExa.
se refere. os 10 milhões e 800 mil que levaram a renúncia ontem do Valdemar Costa
Neto. Esta aqui. Ele, a Simone deu a ele 10 milhões e 800 mil reais. está na lista da
Policia Federal, já publicada no meio eletrònico. E renunciou por isso. Eu disse ao
Martinez: "Meu amigo, a mesada desmoraliza e escraviza. Nós não vamos aceitar
isso." E, graças a Deus, meu partido ficou fora. Ele faz uma alusão. Se somado, o .
/ Comentário: Sesaãoia49las :
Q,,,,o:~sT~~.:s~~~~~,
i Rev.:lrma
PP vai a mais do que foi a do PL nos saques realizados pelo Genu e por outros
Deputados que aqui constam dessa relação. Eu fui a ele, depois de ter falado ao
Ministro Walfrido. O primeiro a quem eu falei foi o Ministro Walfrido, num vòo do Rio
a Belo Horizonte num jatinho das Forças Armadas. Disse: Walfrido, está
14. -
~ Â M A R DOS DEPUTADOS DETAQ
A COM REDAÇAO FINAL
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Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
,* ..,3 Numero: 1 4 .
095 Data: 21812005
acontecendo um negócio terrível ai. Eu assumi a Presidência do PTB e já recebi
uma proposta para desencravar umas unhas mensalmente do Delúbio, que é um tal
de mensalão, uma mesada. Eu repeli. O Zé Mucio foi a um café da manhã na casa
do Pedro Henry. O Zé Mucio nega para não romper, mas eu não tenho preocupação
em afirmar isso. Ministro. E foi pressionado pelo Bispo Rodrigues. que está aqui com
450. uns 550 mil reais de saques; foi pressionado pelo Pedro Henry, consta da lista
e da acusação do Genu e da Simone; e foi pressionado pelo Presidente do PL para
receber do mensalão. Como vocé pensa isso, meu amigo Walfndo? Ele falou:
Roberto, se o PTB receber isso eu não tenho coragem de olhar mais nos olhos do
Presidente Lula. Eu falei: Então, meu amigo, vocé Que sabendo que isso existe.
Depois fui ao gabinete do então Ministro todo-poderoso, hoje humilde, José
Dirceu, e disse isso a ele, Sr. Relator. Falei: Zé, o Delúbio está fazendo um negócio
ruim. Porque naquela época, sinceramente, acreditava nos propósitos de V.Exa. Ele
deu um soco na mesa: Se está fazendo é um abuso, é contra a minha autorização, é
contra o meu conhecimento. Está errado e eu vou tomar providencias. Falei: Ajudei
o Zê. Tomou nenhuma providencia, não tomou nenhuma atitude, não fez coisa
nenhuma.
Depois fui ao Ciro Gomes. Falei ao Ministro Ciro, numa conversa longa com
ele: Meu Ministro, meu amigo, meu candidato a Presidente da República, isso está
acontecendo, é ruim para a democracia. Eu nunca assisti a isso. Tenho seis
mandatos consecutivos de Deputado Federal desde a ditadura militar, desde o
Presidente Figueiredo. Nem a ditadura ousou remunerar Deputados da base aliada.
e a cúpula do PT vem fazendo isso todo mês.
Já vou concluir. Sr. Presidente, já vou concluir. V.Exa. está sendo cobrado por
alguns e vou concluir.
Fui, Sr. Presidente, Sr. Relator, ao Ministro Palocci, disse isso a ele duas
vezes. Acho que cumpri minha missão. Fui ao Ministro Miro Teixeira, então Ministro
das Comunicações. Disse: Ministro Miro, está havendo esse negócio de
financiamento a bancadas de parfidos Uma ajuda em que se liquide uma conta de
eleiçáo tudo bem, mas mensalmente?!! E por que eu fazia isso, inocente Deputado
Jose Dirceu. humilde Deputado José Dirceu? Eu o fazia na crença de que estava
dando contribuição a um Governo que eu acreditava ético, a uma bandeira de lutas
15. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 21812005
que eu acreditava verdadeira, da moralidade. Eu acreditava quando VExa. dizia: 0
.
-
PT não rouba e não defxa roubar. Eu hoje não acredito mais.
Fui ao Ministro Miro Teixeira. Ele deixou de ser Ministro e veio cá ser o Lider
do Governo na Câmara dos Deputados. Brigou com o Governo, tanto que saiu do
PDT e foi para o PPS. rompido. Ele tem uma entrevista a Veja que diz que contou do
mensalão ao Presidente Ia na China. Paulo Rocha nega, diz que estava do lado e
não ouviu falar, mas o Paulo esta aqui enroscado numa grana do mensalão, um .. .
[comentário: SessAo:l049105
troço... A i ele :me chama aqui no corredor da Casa e me propõe ir para a tribuna
denunciar isso. Eu falei: não vou, náo, Miro, não vou não. Digo isso com sinceridade
.
Quano:i?Taq.:~~~~i~t~
Re".:LL?
a V.Exa. Prefiro primeiro falar ao Presidente Lula, porque em volta, aquele núcleo
duro, esta minado. Alias, V.Exa. que construiu. e o arquiteto desse modelo
administrativo do Governo, eu não consigo compreender como e que V.Exa. fez na
SECOM esse modelo de juntar Ia com o ex-Ministro Gushiken as agências de
publicidade e os fundos de pensão. Eu não sei que engenharia V.Exa. conseguiu
urdir para botar juntos na SECOM, na Comunicação Social do Governo. as agências
de marketing, aliás. que foram bem aquinhoadas aqui no caixa 2 - 15 milhões e meio
para o Duda Mendonça no caixa 2. esta aqui na mesma relação a qual se refere
V.Exa. -, e consegue juntar os fundos de pensão na SECOM para a administração
do Ministro Gushiken. Ele fazia o marketing, a propaganda do Governo e fazia os
fundos de pensão.
Mas eu quero voltar ao prejulgamento que diz o Ministro José Dirceu.
Bandidos no Sul, numa fita que foi interceptada pela Justiça. tentam envolvê-lo num
esquema de 10 milhões para financiar uma divida de campanha com o PTB. Ele, ao
Delúbio, um tal de Arrieta. A pergunta que o senhor fez a i ele responde indignado:
"Bandidos que não merecem crédito", e se diz vitima de prejulgamento.
Eu praticamente vi V.Exa. repetindo meu discurso hoje aqui. Alias, eu devia
cobrar honorário dessa turma da base aliada, que tem repetido o meu discurso, só
que muito tempo depois, entendendo como e que se estrutura uma defesa correta
de uma pessoa acusada injustamente ou por prejulgamento, ou preconceito. como
diz V.Exa.
Ministro José Dirceu, eu não quero ferir aqui a ética republicana e rememorar
o nivel dos diálogos que mantinhamos na Casa Civil. Eu não sei se outros
16. CAMARA DOS DEPUTADOS DETAQ - COM REDAÇÃOFINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 2/8/2005
Senadores e Deputados têm coragem de lhe dizer isso. porque V.Exa. amedronta as
pessoas: "Meu Governo", eu me lembro de quando V.Exa. voltou a esta Casa: "O
meu Governo", não era do Presidente Lula o Governo, era seu, e muitas pessoas
temem esse enfrentamento com V.Exa. Eu não. eu não, pelo contrário, Ministro, ou
Deputado, ele gera em mim uma grande satisfaçáo, uma grande satisfação. Tenho
medo de V.Exa.. confesso aqui de publico, tenho medo de V.Exa., porque V.Exa.
provoca em mim os instintos mais primitivos e eu tenho medo, tenho medo.
sinceramente, da consequéncia dessas provocações que faz V.Exa.. Fui leal a
V.Exa., fui leal ao Governo de V.Exa. e vi que V.Exa., para encobrir as denuncias do
mensalão que fiz ao Presidente Lula. claramente fiz ao Presidente Lula em duas
ocasiões, Sr. Relator: principio de janeiro deste ano, foi a primeira vez que pude
conversar isso com o Presidente Lula. e depois em março. mais ou menos.
No acompanhamento que faço junto a CPMI dos Correios, vejo lá que em
janeiro e fevereiro todo o saque do Banco Rural em 2005 foi suspenso, sendo
retomado em março, em março eu volto a falar com o Presidente Lula, e a acusação
que fazem contra o meu partido e contra mim é aquele ridículo filmete que
terceirizados - vai cheque, volta cheque - da ABIN apresentaram ao Pais, tentando
encobrir as operações do Silvinho Pereira Ia na Diretoria de Operações e as
atividades do Silvinho Pereira e do Delubio na Diretoria de Informatica dos Correios.
a ponto de o Lange. agente da ABIN que vai depor na CPMI dizer: < ~ ' ' ~
.~~~
I Comentário: Sess5o:1049105
"Eu investiguei meses o PTB, na diretoria administrativa. Vi Ia um boquirroto,
petequeiro, pegando o dinheirinho e colocando a responsabilidade nas costas de
. :Q u a n o : 2 8 ~ ~ ~ . : ~
(R?:Liz . ... .. . .. .... .. .. . !~ ~ i
..
pessoas...".
Olha, digo a VExa., Sr. Relator, de gente que não era minha, da minha
relação. O Waldomiro dormia na casa dele. era assessor. Vale contra mim uma
pessoa com a qual eu não tenho nenhuma relação. O Waldomiro Diniz, sócio do
Cachoeirinha. que presidiu a LOTERJ, Ia no Rio de Janeiro, que era intimo dele,
assessor intimo de dividir casa. apartamento, traiu a confiança dele. O
prejulgamento que invoca a ele ndo existe em relação aos outros.
Mas volto ao Sr. Lange, da ABIN. Ele diz que investigou e nada encontrou,
que quando ele se dirigiu a Diretoria de Informática e de Operações para pesquisar
nos Correios o que estava acontecendo, imediatamente recebeu uma ordem do
17. DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
ome: Conselho de Ctica e Decoro Parlamentar
Numero: 1049105 Data: 21812005
I . Governo. da Casa Civil e IA do General Felix. para que ele interrompesse a
investigação. Era uma investigação apenas contra o Partido Trabalhista Brasileiro.
Sr. Presidente, digo a V.Exa. que eu não sou melhor do que ninguem. Quero
dizer ao povo do Brasil, ao cidadão do Brasil. A cidadã do Brasil, que eu náo estou
aqui fazendo papel de herói - e não sou herói, tenho muitos erros -, mas também
não sou o vilão desse processo. Procurei dizer a verdade. como vejo que a
Simone... O Ministro diz que não esta envolvido nas atividades do mensalão, mas a
Simone; a Karina; a Renilda, a mulher do Marcos Valerio; o Marcos Valerio. todos
afirmam que ele sabia dos empr&stimos, dos saques do PT - ele avalizava o PT.
Eu não sou herói, não sou vilão. Assumi verdades que ate me atingem. Esta
aqui que o Emerson Palmieri, Tesoureiro do PTB, na lista, recebeu 2 milhóes e 400
mil. Está faltando aqui 1 milhão e 600 mil. Foram 4 milhões -quatro -. entregues Ia
no PTB pelo Sr. Marcos Valerio. E eu não nego isso, Ministro. num acordo que fiz e
que V.Exa. sabia. Fiz o acordo e VExa. homologou. Quando o acordo pipocou, eu
fui a VExa. e disse: Eu estou tendo uma brutal pressão e questionamento da minha
Liderança, como Presidente do PTB. E V E x a disse 0 que o Relator lhe perguntou:
"Prenderam 62 doleiros. Roberto. Esta Policia Federal 6 meio tucana, eu não tive
condiçóes de fazer com que o PT cumprisse isso".
Mas no final do ano V.Exa. fez uma aproximação do grupo da Portugal
TELECOM com o Presidente Lula - Portugal TELECOM, em dezembro ... final de
novembro, dezembro -, e depois autorizou o PTB, quer dizer, a mim, Presidente do
PTB, e o PT. que mandássemos emissários a Portugal, a Portugal TELECOM, em
nome do PT e em nome do PTB -ordem de V.Exa. -, para que nos negociássemos
Ia. depois do encontro, que V.Exa. patrocinou. do grupo da Portugal TELECOM com
o Presidente Lula, um acordo que pusesse em dia as contas do PTB e do PT. Os
nossos emissarios, o do PT e o do PTB, viajaram a Portugal e estiveram na
Presidência da Portugal TELECOM em 25, 26, 24 de janeiro deste ano -coisa que
nós podemos comprovar. Tratei de todos os assuntos com VExa.. Deputado José
Dirceu os republicanos e os não-republicanos V E x a nos deixava todos A vontade
para qualquer conversa na ante-sala do Presidente da República. E eu quero dizer a
V.Exa. que V.Exa., de novo, falseia a verdade no episódio de Furnas. O assunto foi i Coment6rio: Sesido:lM9105
Quaci0:29 TaqFldvia
tratado por V.Exa. no Gabinete do Presidente Lula. entre mim, V.Exa., o Ministro Rev.:V*a
Comentário: INiCIO VEIGA
18. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDACÃOFINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Numero: 1049/05 Data: 2/8/2005
Walfrido, e o Presidente Lula ouvindo. Eu creio, Sr. Deputado Jose Dirceu, que o
momento nacional não comporta mais atitudes escapistas, diversionistas, falsas. Sei
que o advogado de V.Exa., com a competãncia que tem. entende. como eu. que o
processo de V.Exa. vai se travar no Supremo Tribunal Federal, primeiro, porque e
crime de responsabilidade. Mas, pela monta do negócio. pelo tamanho da operação.
eu não creio que seja V.Exa. o unico - V.Exa. era todo-poderoso, mas não era um
homem também tão poderoso assim. Esse foi o erro de avaliação do Brasil para com
V.Exa. e desta Casa para com V.Exa. V.Exa. não está sozinho nisso, náo e possível
que esteja. Não 6 possivel que esteja! A COAF não lhe informou? A Policia Federal
não lhe informou? V.Exa. não agiu em companhia de outros. V.Exa. tomava todas
essas atitudes sozinho. O Delubio era tão importante assim, o Genoino tão
importante assim, o Silvinho Pereira tão importante assim, que conseguiu
movimentar esses milhóes, que o Brasil não assistiu nunca na história republicana
conta igual? E é isso, ex-Ministro, atual Deputado Jose Dirceu, que eu quero dizer a
VExa., com toda a humildade, enfrentando de frente as coisas que são reais e
verdadeiras. Peço apenas a V E x a para, no engrandecimento deste debate que
V.Exa. vai travar aqui, para que V.Exa. não falseie mais, para que V.Exa. abra mão
de ser o professor dessa escola de mentiras que tem sido repetidas pelo Silvinho
Pereira, pelo Delubio, pelo Marcos Valerio. Cada sessão de depoimento, uma
versão. Eu, não! Eu, não! Pegue todas as atas, todas as entrevistas, todos os meus
momentos, honrado Ministro e inocente Deputado Jose Dirceu, que V.Exa. vai
perceber que eu não claudico, que não titubeio, que não falseio. mesmo em prejuízo
pessoal, quando a gente deve buscar esclarecer aqueles que estão ali, não a estes
aqui. apenas a estes, mas ao povo do Brasil, as nossas atitudes tomadas como
homens públicos eleitos representantes pelo povo brasileiro.
Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade que me conferiu.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Deputado Jose Dirceu.
O SR. DEPUTADO JOSE DIRCEU - Sr. Presidente, o Deputado Roberto
Jefierson continua com a estrategia dele de trazer novas denuncias. Agora ele me
atribui algo que eu repilo. de ter autorizado que ele e o PT pudessem negociar com
a Brasil TELECOM, com a Portugal TELECOM ou com quem quer que seja. Não é
verdade. Não e fato. Nunca tive relação com a Portugal TELECOM, de nenhum tipo,
19. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇAO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1049105 Data: 21812005
nem administrativa, nem funcional. Nunca tratei com a Portugal TELECOM nenhuma
matéria. E mais uma denúncia que ele traz, de tempo em tempo, e procura me
envolver, e procura atacar a minha honra. Quero repelir e quero negar, de maneira
peremptoria, que eu autorizei ou tive qualquer relação com a Portugal TELECOM ou
fiz qualquer acordo ou encaminhamento com o PT e com o PTB sobre essa questão.
Trata-se de uma mentira. Quem vai investigar se tem mensalão ou não 6 a CPI da
Compra de Votos e do Mensalão. O que o Deputado Roberto Jefferson não pode e
achar que ele olha para as câmeras, olha para o Pais, e achar que o Pais pode
aceitar, e ele dizer que existe mensalão nos outros partidos e no dele não. É ele que
acusa. Eu não participei, não tomei conhecimento e não aceitaria qualquer compra
Comentário: Sessão-1049105
de voto ou mensalão no Parlamento. Quero repetir, primeiro. Não mantive com o Sr. . Ouado:3OTaq.:Gladyr
j Rev.:Veiga
Marcos Valerio nenhuma relação para empréstimos para o PT; não tratei com o Sr.
Marcos Valério nenhum assunto com relação a Câmara e ao Senado, nem quando
era articulador, nem Chefe da Casa Civil, Deputado Roberto Jefferson. Nunca tratei
com ele. Nunca lhe dei o direito, a ele ou ao senhor, para tratarem de assuntos
dessa natureza. E a minha vida, e a minha história. Não tratei. Essa questão de
acordo no Conselho de Ética, esse e um problema do PTB, dos partidos que
trataram disso e discutiram isso. Brasilia toda sabe, todos os jornalistas sabem que
se discutiu sim. O senhor está faltando com a verdade. Todos os repórteres. todos
os jornalistas, toda a Brasilia sabe que foi discutido isto: que o senhor negociou
varias vezes a possibilidade de o senhor renunciar e de o Deputado Valdemar Costa
Neto retirar a representação. Agora o senhor diz aqui que não. O senhor que se
apresentar ao Pais como o homem que não mente e quer me apresentar ao Pais
como o homem que mente. Mas o senhor sabe que houve essas reuniões. Eu, não
participo de nada. O senhor vir dizer aqui que o Deputado Ricardo Berzoini fez uma
lista de 19 Parlamentares para serem caçados. Que credibilidade tem isso? Quem?
Quem participou disso? Que partidos participaram disso? Para que isso? Palavras
ao vento. O senhor fala de minha arrogancia, mas o senhor exerce aqui uma
satisfaçâo e uma arrogãncia. Eu nunca fui arrogante quando era Ministro. Nunca
fui. Nunca fui.
(Manifestaçóes do Plenário.)
A SRA. DEPUTADA ZULAIÊ COBRA - (Intervenção ininteligivel.)
20. CAMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL
Nome: Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
Número: 1049105 Data: 21812005
A SRA. DEPUTADA ZULAIÊ COBRA - Sr. Presidente, eu só queria um
requerimento, Sr. Presidente.
O SR. DEPUTADO DARC~SIOPERONDI - Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Pois náo.
O SR. DEPUTADO DARC~SIO PERONDI - Eu não vou interrogar. eu só
queria fazer um esclarecimento: o PMDB não faz parte do Governo Lula.
Uma parte, sem autorização da Convenção Nacional, sem autorização da
Executiva e de dois terços dos delegados. faz parte do Governo Lula. Quero dizer ao
Ministro Dirceu, que hoje demonstrou ser um recém-nascido. Não viu. não ouve, não
cheira e não (i~iinteligivel)com nada.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Ricardo Izar) - Está encerrada a sessão.
A SRA. DEPUTADA ZULAIÊ COBRA - Não. não, Sr. Presidente! O
requerimento meu, Sr. Presidente!
21. CPMI DOS CORREIOS Página 1 de 19
...;;,e ;i ..
;: S. ,
..~
- 'TRANSCRIÇÃO LITERAL DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS DA OITIVA DO DEPOENTE
Sr. RICARDO GUIMARÁES
(20/09/2005)
SENADO FEDERAL
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA D E INQUÉRITO D O S CORREIOS
SEGUNDA REUNIAO DA SUE-RELATORIA DNA, SMP8B E FONTES FINANCEIRAS DA
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO DA 3= SESSAO LEGISLATIVA
ORDINARIA DA 52a LEGISLATURA, CRIADA ATRAVÉS DO REQUERIMENTO N03/2005 DO
CONGRESSO NACIONAL COM A FINALIDADE DE INVESTIGAR AS CAUSAS E
CONSEQÜÊNCIAS DE DENUNCIAS E ATOS DELITUOSOS PRATICADOS POR AGENTES
~ÚBLICOSDOS CORREIOS, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS
REALIZADA NO DIA 20 DE SETEMBRO DE 2005 AS 14:OO HORAS.
SEGUE ABAIXO TRANSCRIÇÁO LITERAL:
-
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) Declaro aberta a segunda
reunião da Sub-relatoria DNA, SMP&B e Fontes Financeiras, da Comissão Parlamentar Mista
nquérito criada por meio do Requerimento no 3, de 2005. para investigar as causas e
eqUBncias de denúncias e atos delituosos praticados por agentes públicos nos Correios.
Esclareço que a pauta desta reunião destina-se à oitiva do Sr. Ricardo Guimarães,
que já se encontra à mesa, junto com seu advogado. Registro também que o Sr. Ricardo já
assinou o termo de compromisso. Consulto o Sr. Ricardo se gostaria de fazer alguma
intervenção no inicio ou se podemos passar já para as perguntas.
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Não, podemos passar para as perguntas
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Está bem.
Dr. Ricardo, são fundamentalmente quatro linhas. Na primeira delas, peço a V. S"
para falar sobre a questão da carteira referente ao crédito consignado, ou seja, uma das
linhas de investigação é a de que pode ter ocorrido um beneficio ao Banco BMG com edição
de medida provisória, principalmente a partir de 2003, autorizando a consignação em
pagamento de pens6es e aposentadorias, pagas pela PrevidBncia Social. A primeira pergunta
é se isso é fato ou se, efetivamente, já existe um histórico de trabalho da instituição nessa
área?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Está bom I
Boa-tarde a todos.
Eu queria deixar. então, claro que o BMG começou no crédito consignado, no
empréstimo com desconto em folha, desde 1998. Somos um banco focado, somos um banco
de empréstimo, que não tem talão de cheque. NBo fazemos outros tipos de serviço e
praticamente-não temos-outros produtos, - . -- ..
. -- - -.- --- -- -- ..
. - --
Crédito consignado, então. Focamos o banco em 1998 e fomos desenvolvendo. Já
no ano de 2000, já éramos considerados lideres nesse mercado. Ja trabalhávamos em
diversos Estados da Federação. Já atuávamos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás.
Trabalhávamos também, já em 2001, em varias Prefeituras, em muitas capitais importantes,
como Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, sempre numa posição de liderança, sempre
numa posição destacada, porque era o nosso negócio. O nosso banco é voltado para isso.
Nao temos agencias. mas temos correspondentes bancários. Temos uma estrutura
enxuta, um custo fixo baixo, porque esses correspondentes bancários se subdividem em
agentes bancários. Eles são a nossa força de venda. Eles trabalham sob comissão.
22. --
CI'MI DOS CORREIOS Pkgina 2 de 1')
r ' ? - ,-
, -"~.-~c
Em 2001, já éramos, então, lideres. Já tinhamos recebido prêmios, por exemplo. da
Fundação Getúlio Vargas e da revista Conjuntura Econômica, como o melhor banco de
financiamento do Pais. Também continuamos o nosso foco em 2002, em 2003. Ampliamos o
nosso mercado para outros Estados. como Maranhão, Bahia, Alagoas, Santa Catarina. e para
outras Prefeituras também. Fizemos convènios também com servidores publicos civis -
.- .
.
*
federais, com Forças Armadas e com diversos Tribunais de Contas e de Justiça.
Então, quero dizer que, no final do ano de 2002. já tinhamos essa participaçáo
destacada. já éramos lideres nesse segmento, já tinhamos trezentos correspondentes
bancários que se subdividiam em agentes. Já tinharnos vinte mil agentes que trabalhavam
para esses correspondentes. Entáo. já tinhamos uma atuaçáo no Brasil todo.
Antes de a Medida Provisoria no 130 ser implantada, ela foi amplamente discutida
com toda a sociedade. As centrais sindicais, como a CUT, a Força Sindical, a CGT e todas as
outras. se envolveram nisso e se interessaram. Isso foi discutido com a Febraban, com a
ABBC. com a ABEL, de leasing. com vários setores da sociedade. O que a Medida Provisória
no 130 significava? Estender os beneficios do crédito consignado que já eram feitos no setor
publico para os celetistas, para os empregados da iniciativa privada. Então, é por isso que as
centrais sindicais se envolveram, porque elas entenderam que o credito consignado era um
empréstimo a juros baixos, simplificado, de fácil acesso para as pessoas, que não tinham
muitas exigências. não precisava de avalistas. não precisava de consulta ao SPC/Serasa.
'
i
I
9 Então, eles se engajaram nesse processo para levar esse beneficio aos funcionários
ceetistas. E foi feita a Medida Provisoria no 130, que, além de atender, permitir o credito
consignado aos celetistas. regulamentava a participação das centrais sindicais nesses
convènios de uma instituiçáo financeira com empresas ... E lá falava que para os aposentados
i
do INSS sairia uma regulamentaçáo posterior.
Isso foi em setembro de 2003. A CUT, imediatamente. assinou convênio com
dezenove bancos; a Força Sindical assinou com outros tantos bancos, e todos os bancos
começaram ao mesmo tempo. com as mesmas taxas e com as mesmas condições. Entáo,
n%ohouve beneficio ou privilegio para ninguém.
Como eu disse, isso para atuar com as empresas privadas e cada banco ia procurar
o convênio com o sindicato e com a empresa para se tornar cliente. Como eu disse, na
Medida Provisoria no 130. falava que os aposentados seriam regulamentados depois. E foram.
O credito consignado para os aposentados, houve um decreto-lei em outubro e houve uma
instrução normativa do INSS em novembro de 2003. falando o seguinte: "o crédito consignado
pode ser feito aos aposentados somente pelos bancos pagadores".
Na realidade, quando foram feitos essa instrução normativa e o decreto-lei em
cla mbro de 2003. abriu-se o credito consignado aos aposentados, mas restringindo. Só 36
cos poderiam atuar. São os bancos pagadores, sáo os grandes bancos do Brasil, aqueles
pagadores dos beneficios dos aposentados. Sáo os maiores bancos, os bancos de agencias.
de redes.
-
O banco BMG, no caso, como não era um banco pagador e a maioria dos bancos
médios ficou fora. Acontece que esse mercado náo foi explorado. ele náo foi interessante para
-- ..
esses bancos. Cinco meses depois que essa instruçáo normativa foi feita, nenhum banco
tinha-se habilitadoa- se conveniar ao INSS, não se-interessou-a trabalhar comesse prpduto,
de taxas baixas e crédito facilitado. Apenas em maio, cinco meses depois da instruçáo
-- -- .- --
--.
normativa, a Caixa Econõmica Federal se conveniou ao INSS. Nenhum outro banco se
interessou. Não era um mercado atrativo para eles.
Em agosto de 2004: nove meses depois da instruçáo normativa do INSS de
novembro de 2003, o Governo, até atendendo um pleito dos proprios aposentados, a única
classe do Brasil que estava impedida de ter o crédito consignado. porque os funcionários
publicos podiam ter, os celetistas da iniciativa privada poderiam ter e os aposentados
teoricamente poderiam ter, mas alguns setores, alguns bancos tinham a reserva e não
estavam utilizando, não se interessavam por esse nicho de mercado.
23. . .
Ai o Governo, para democratizar o credito, para facilitar, para dar acesso aos
aposentados desse crédito facilitado, abriu para todos os bancos. O BMG, que já era lider em
todos os segmentos, ja era premiado, eu falei do prêmio da Fundação Getúlio Vargas. n6s
ganhamos esse prêmio cinco vezes. Ganhamos esse prêmio da Gazeta Mercantil também
duas vezes, como o melhor banco de financiamento do Brasil. Ganhamos o prêmio da
Riskbank, que é uma outra que analisa bancos, e uma outra empresa de rating de
classificação de bancos, ganhamos duas vezes.
Bom, o BMG já estava estruturado, o BMG já tinha uma equipe de vendas. mil
agentes espalhados pelo Brasil. O BMG, como normalmente em outros lugares. foi o primeiro
Banco que se juntou a Caixa Econõmica Federal. O BMG nunca teve exclusividade dia
nenhum, porque o primeiro banco foi a Caixa EconBmica Federal, o segundo banco foi o
BMG.
O BMG entrou, foi um sucesso. O BMG mostrou que aquele produto era um
sucesso. Aquele produto que era desinteressante para os bancos que poderiam atuar, o BMG
mostrou que foi um sucesso. Ele. com a rede de vendas dele. com o anuncio que ele fez, a
forma agressiva de atuar. de vender, mostrou que era um sucesso e despertou a atenção dos
outros bancos. A partir dai. trinta dias depois que o BMG ficou junto com a Caixa, mais três
bancos se habilitaram. Assim, hoje, são 44 bancos habilitados.
Só para dar um exemplo. No último mês, onde havia quarenta e quatro bancos
a- ando - no mês de agosto -.o BMG e o INSS divulgaram o quanto de credito consignado
eito com o aposentados. O BMG, pelos números que temos e pelo total que o INSS
divulgou, fez quase 30% desse mercado, por essa nossa forma de agir, que vem desde 1998.
Em 2003 já éramos lideres. reconhecidos nesse mercado e bastante premiados.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) -Antes de avançar na questão
da Caixa Econõmica, quero historiar um pouco o banco. Trata-se de um banco sem agências,
sem um numero expressivo de agencias, como os bancos comerciais. O foco e,
fundamentalmente, no varejo, o credito consignado. Pergunto-lhe, também. o que
representam, hoje, na carteira, o servidor publico, os aposentados e o celetistas.
O SR. RICARDO GUIMARÃES -O Banco está na familia, a familia atua no
mercado financeiro há 75 anos. O primeiro banco a ser fundado foi o Banco de Credito
Predial. em 1930. Foi fundado pelo meu bisavó, por meu avõ e por meu pai, que ainda está
presente e é presidente do conselho. E comigo, agora. que sou a quarta geração do banco.
O banco. desde 1998, se consolidou, se focou. Como é um banco de médio porte.
tentamos maximizar os nossos recursos. Então, somos focados em um produto. Não temos
agências. Temos filiais em dez localidades, em dez cidades. Essas filiais são de andares. Não
ebemos visita do publico. Não temos movimentação de dinheiro dentro das dependências
@ anco, não temos talão de cheque. Nem eu, nem minha familia, nem os vice-presidentes
banco têm cheques do banco. Não e o produto com o qual atuamos. Trabalhamos s6 com
emprestimos, basicamente. Hoje, o crédito consignado representa 90% das nossas operaçóes
de credito. Dentro do credito consignado, os aposentados, que são 22 milhões de pessoas,
constituem um publico muito grande e representam cerca de 45% dos nossos ativos. Em
termos de clientes do funcionalismo publico estadual. municipal, federal. em torno de 30%. O
restante, 15%. sáo celetistas, empregados da iniciativa privada. Hoje, temos convênios com
-mais de 1,5 mil empresas da iniciativa privada.
- -- - -. --
~-~ --
-- - - -- - -- -- --
-- -~
- -- - - .
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Com relacão a carteira do
BMG, foi objeto de negociação com a Caixa ~conõmica com relaçáo aos créditos
consignados ou náo?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Uma parte da carteira ... Posso explicar? Se
estiver me alongando o senhor ...
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Não. Por favor.
I
O SR. RICARDO GUIMARAES - Houve, em novembro de 2004. um evento que 1
24. C I ' M I DOS COI<REIOS
I
afetou um pouco a liquidez do mercado, principalmente de bancos médios e
p,equenos. Foi a intervenção no Banco Santos. A partir dai, o BMG, por causa desses 20 mil
agentes. tinhamos uma "originação" de operações muito forte. Praticamente todos os dias
esses agentes estavam na rua, estavam indo atrás dos clientes. estavam fazendo operaçóes.
Estávamos passando por um processo de liquidez limitado, de baixa liquidez, naquele
momento, para os bancos médios. Então. procurados alternativas no mercado. Uma dessas
alternativas que encontramos foi fazer cessão de credito. Cedemos parte da carteira. parte
dos nossos créditos, para instituições do mercado. Assim, fomos trabalhar. procurar, e
conseguimos fazer alguns convênios, inclusive. Fizemos primeiramente um convênio com a
Cetelem, que é uma financeira do grupo francês Paribade; com o Grupo Itau; e. também, uma
parte. um convênio, com a Caixa Econbmica Federal. São convênios de longo prazo que
temos. convênios de três anos. Nós nos comprometemos a fazer a cessão de credito de um
valor mensal com essas instituições, alem de outras cessões, quando o nosso volume de
operaçóes fosse muito grande, pontuar as outras cessões, pontuar as que fazemos, porque
nós não temos o convenio mensal, obrigação mensal, mas que fizemos com mais de 10
bancos, outras cessões com outros 10 grandes bancos, pelo menos.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet PSDB - PR) - E, particularmente. com relação
á Caixa Econõmica?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Fizemos. Então, dentro disso, fizemos um
convenio com a Caixa Econõmica Federal para ceder parte dos nossos creditos que geramos
NSS para a Caixa Econõmica Federal, onde ela também está tendo como se fõssemos
perador levando clientes para ela.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - E, especificamente com a
Caixa, como se dá essa operação? Qual o percentual? Como foi feita essa contratação?
Utiliza-se a estrutura da Caixa? Digamos assim. a experfise e do BMG, com relação a
consignação dos creditos E isso? Como é feita a distribuição ou a intermediação?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - E. Utiliza-se só a estrutura do BMG. A experfise é
do BMG, a operação e gerada dentro do BMG. os nossos agentes, os nossos
correspondentes vendem o financiamento do BMG. Ai. o BMG. recebendo essa carteira, cede
em torno de R3100 milhões por mês para a Caixa Econõmica Federal. Então. passamos essa
carteira para a Caixa Economica Federal, e, com o resultado para a Caixa Econõmica, ela
passa a ter acesso aos clientes, está criando uma base de clientes, está tendo resultado e
nos passa o dinheiro para fazermos a operação.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Dr. Ricardo, dentro dessa linha
tambem para consignar, 90% praticamente do banco dizem respeito a esse tipo de credito.
e O SR. RICARDO GUIMARAES - Certo.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet PSDB - PR) - Com relação a outros
investimentos do banco. Por exemplo, emissão de titulos no exterior, e, na seqüência, vou-lhe
perguntar com relação aos fundos de pensão. Mas, com relação a outros tipos de
investimentos, o banco tambem lança titulos no mercado?
O SR. RICARDO GUIMARÃES -Lança, sim
.- - -- .. ~-~ -- .- . ..
--
-- - - .-. -~ .-
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - P R ) - E o que representa isso dentro
do volume de atividade do banco?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - O banco. desde a primeira vez que lançamos, em
1995, já fizemos diversos lançamentos. com os diversos... Sempre tem algum banco. porque,
como nos não temos clientela. não atingimos o cliente final, sempre tem algum banco de fora
que coordena esses lançamentos para nós. Já teve diversos bancos reconhecidos, desde
1995. Fizemos um montante, desde 1995. em torno de USS500 milhões. colocados no
mercado externo e, hoje, temos, a vencer, em ser, operaçóes em ser, em torno de USS300
milhóes. Eu mesmo acabei de voltar agora do que chamamos de road show, que e uma
apresentação que se faz para investidores internacionais, para bancos que tem os seus
25. CIJMI IX)S CORREIOS Pácrina 5 de I9
,
. ,w..,..,...*
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clientes. Estivemos na Ásia, na Europa, nos Estados Unidos. e fizemos um
1 1
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, , 2 ~ 4 !
lançamento agora de US$200 milhões, com prazo de três a cinco anos. /
.O'
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Então, há, então, os creditos
consignados e esses titulos com um grande volume de investimento no banco.
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Nos temos o credito consignado, que e a
operação ativa que chamamos. E, na parte passiva, nos temos a cessão de credito com esses
bancos que eu citei, esses convénios que temos, temos os bònus externos, porque é com
esse dinheiro que fazemos as nossas operações, e temos outras alternativas que acho que o
senhor vai.., que são os CDBs e os fundos de recebiveis nossos.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - E com relação,
especificamente, a esse tipo de operação. O que representa isso no banco? E vou-lhe
perguntar, particularmente, com relação aos investimentos das fundações, em especial as
ligadas a empresas publicas.
O SR. RICARDO GUIMARAES - Nos sempre fomos um banco de nicho, um banco
de um mercado especializado, um banco especialista em alguma coisa, focado para fazer.
Como eu disse, temos que maximizar os recursos. Então, focamos num determinado
segmento para tentar fazer bem feito e ser competitivo.
@ Antes de 1998, nós éramos focados em financiamento de veiculos - veiculos leves
e veiculos pesados. O mercado mudou, e nos tambem mudamos o nosso foco. Mas o que
quero dizer com isso? Quando nós éramos focados em veiculos, a operação era de dois
anos. de três anos. E. como nos não temos agências, o nosso publico alvo para captação,
para vender CDB, sempre foi o investidor institucional, sempre foi o fundo de pensão. porque
ele aplica num prazo mais longo que a pessoa fisica não aplica, que a pessoa juridica não
aplica, e ele tem dinheiro para aplicar. O fundo de pensão aplica, ele tem muitos recursos
disponiveis, ele aplica em diversos bancos. em bancos grandes, bancos medios. bancos
pequenos. Então, sempre tivemos isso como foco, desde a decada de 80, tendo fundos de
pensão como clientes. Para se ter uma idéia, o volume de fundos de pensão que tinhamos em
1996, 1997, 1998, e maior do que o volume que temos hoje. em CDB. E, se considerarmos os
fundos de recebiveis tambem, o volume que tinhamos em 1996 são valores históricos
também. tem-se que corrigir. Se corrigirmos os volumes de 1996, são muito maiores do que
os valores aplicados hoje. Fundos de pensão de entidades privadas. de entidades publicas
federais, de entidades publicas estaduais, de toda a natureza. Hoje, temos esses fundos
como clientes nossos, criamos também fundos de recebiveis. As vezes, fala-se que o fundo
tem uma aplicação no BMG. São naturezas diferentes. Uma coisa é aplicar em CDB de um
banco, e, na linguagem de mercado, fala-se que esta aplicando, que está tomando o risco do
banco, esta assumindo o risco do banco. Outra coisa 6 aplicar em fundos do banco. Por
w plo, o nosso banco tem uma boa classificação como um banco médio, e classificado
s empresas de rating. pelas empresas de classificação de risco de banco como A, e um
banco classificado de risco A, que e um bom risco. Os nossos fundos, que tem a garantia dos
nossos recebiveis, que e um fundo auditado por auditoria independente. é montado por um
escritório de advocacia independente, e registrado na CVM, tem o risco de classificação triplo
A, que e o melhor risco de classificação que existe num mercado de banco em termos
mundiais. E o nosso fundo da um rendimento muito acima do que uma aplicação triplo A da.
Qualquer outra aplicação triplo A que se fizer no mercado, hoje. vai estar em torno de, no
máximo, 100% do CDI, ate menos do que isso. O nosso fundo rende 108%. Então. aplicar no
f.u-n-d.o BMG ---
, nos fujdòs-de recebiveis triplo-Aycom-um-rendimentoalto-de 108°/~,-e-um4timo~ . -. --
negocio, é uma ótima gestão de caixa. Então, acho que isso demonstra que quem esta
aplicando conosco tem as razões e os motivos para estar escolhendo. E não esta aplicando
diretamente no Banco BMG, tem outras garantias adicionais que é o nosso ativo, e parte da
nossa carteira que esta lastreando aquele fundo.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Só para constar tambem:
nesses valores, com relação ao patrimõnio liquido. com investimentos de 1996 ate julho de
2005. verifica-se que houve um aumento em relação ao património liquido na aplicação dos
fundos e das fundações, na participaçáo total há uma diminuição do percentual das fundações
com relação, imagino aqui, ao patrimònio do banco ...
26. CPMl DOS CORREIOS Payiiia 6 de I 9
O SR. RICARDO GUIMARÃES -Sim.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - E, com relação a participação
publica federal especificamente. quero perguntar-lhe, Dr. Ricardo, da Fundação Real
Grandeza. porque ela passa a ter investimentos em junho de 2002. dezembro de 2002, e
passa a ter um aumento expressivo a partir de junho de 2003, iniciando em 66.245. sendo que
em julho de 2005, 111.124, acabando sendo o maior investimento dos fundos em relação a
I essa carteira.
I
I
I
O SR. RICARDO GUIMARAES -Vou, se o senhor me permite
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Claro, por favor
1 O SR. RICARDO GUIMARAES - Primeiro, citei que os valores de 1996 são ate, em
valores nominais, bem parecidos com o de 2005 e que. se fizer a correção. os valores de
/ 1996 são ate bem maiores. E, relativamente tambem ao tamanho do banco, o que se tinha em
1
~
1
I
1996, proporcionalmente ao patrimõnio do banco, proporcionalmente ao ativo do banco, as
nossas dependências por fundo de pensão eram muito maiores naquela Bpoca. Está aqui a
participação de fundos de pensão em relação ao patrimõnio do banco em 1997. Por exemplo,
significava 192% do nosso patrimõnio; em relação à participação dos fundos de pensão
publico federal, significavam 92% do nosso patrimõnio. Hoje, em 2005. a participação total
I dos fundos de pensão representa 51% do nosso patrimônio contra 200%, em 1997, e apenas
-
do nosso patrimõnio contra 92% são 20% de participação dos fundos de pensão
ico-federais contra 92% em 1997. Em relação à Real Grandeza. é interessante notar que.
! em dezembro de 2002. ela tinha R$58 milhões aplicados com o BMG. Agora. em junho de
2005, ela tem R$109 milhões. E engraçado. Se o senhor pegar esses R$58 milhões em
dezembro de 2002 e corrigi-los pela taxa aplicada pelo banco, que é Ambid mais 1,5%, ate
junho de 2005, praticamente os R$55 milhões viram R$98 milhões. Então, só a permanéncia
daquele dinheiro que estava na conta em 2002 explica 90% do dinheiro que ela tem hoje. Ela
so manteve o patrimõnio e cresceu mais um pouco. Na minha opinião, cresceu pouco porque
o patrimõnio do banco cresceu muito mais. Ela teria espaço para crescer.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet PSDB - PR) - Ou seja. nesse caso, não
houve depositos novos. Houve a correção.
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Praticamente fizemos essa correção. mantendo o
que ela tinha em dezembro de 2002, que estava aplicado e corrigindo esse valor ate agora. dá
uns R$98 milhões, e ela tem R$ 109 milhões. O que houve a mais foi o crescimento de R$98
milhões para R$ 109 milhões.
-
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet PSDB - PR) Fechando esse primeiro bloco.
m claros o histórico e o perfil do banco. E uma situação diferente da de outros bancos de
@ tivemos informações e que há um nicho muito claro tanto na questão do crédito
consignado, na cessão de credito ou nos titulos, no bõnus, como em relação a esses
investimentos em CDB e das fundações.
O SR. RICARDO GUIMARAES -Certo.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) -Objetivamente, está claro que o
pefl~_do_banc~o.nã~_é_gd-e-ym comercial. como um banco tradicional, como as grandes
banco .
redes. Então, qual era a motivação do BMG, no dia 17dG-jaTeiro de 2003, a o - e m e s t a r
RS2.4 milhões para o PT, sendo que. pelo que levantamos, não e da tradição do banco esse
tipo de investimento e nunca havia feito empréstimo a nenhum partido politico?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Esta certo. Deixe-me falar, então. Disse que 90%
do banco é focado. mas temos outras áreas de atuação. Como eu disse tambem. somos um
banco de emprestimo. Somos um banco cuja mercadoria que vendemos é o emprestimo. e o
nosso lucro é o spread bancário. Analisamos as operações. Não temos outros tipos de
serviço, náo temos outras receitas adicionais. Analisamos os creditos que temos oportunidade
de fazer e concedemos o crédito para aquele que julgamos que valha a pena o risco e que
esteja de acordo com as condições regulamentares que um banco pode fazer.
27. CI'MI DOS CORRELOS Página 7 dc 1')
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Especificamente, qual foi a
razão? Quem solicitou esse empréstimo ao banco? Como funcionou essa operação? Foi um
dirigente partidário ao banco e solicitou esse empréstimo?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Foi o Sr. Delubio Soares, que pediu ao banco um
empréstimo nesse valor, no montante de R$2,4 milhões. O banco fez as análises, teve ainda
uma garantia, o aval de um empresário que. naquela época, em fevereiro de 2003, era rico e
com certo conhecimento em Belo Horizonte e em Minas Gerais e que era sócio de empresas
conhecidas. O banco concedeu o crédito com as motivações anteriores de que falei.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - O senhor se refere ao Marcos
Valerio?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - A o Marcos Valério.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Mas quem apresentou o
Delubio ao banco? Houve um contato prévio?
O SR. RICARDO GUIMARAES -
O Delubio chegou ao banco através de um
correspondente do Banco BMG. Não foi através do Sr. Marcos Valério. não.
e O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR)
pessoa?
-O senhor se lembra o nome
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Foi o Sr. Rui Guerra.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Esse senhor Rui Guerra é de
Brasilia ou de Minas?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Ele e de São Paulo e de Brasilia. Ele fica em São
Paulo e em Brasilia.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Nesse empréstimo, as
garantias foram os avais, inclusive do Sr. Marcos Valério.
O SR. RICARDO GUIMARAES - Nesses empréstimos. foi concedido um valor de
RS2.4 milhões ao PT e teve como garantia o aval do Presidente do Partido a época, Sr. Jose
Genoino, do Tesoureiro do Partido a época. Sr. Delubio Soares e do empresário Marcos
Valério.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Na sequencia, a informação
temos é a de que o Marcos Valério retirqu o aval e ficou remanescente o aval do Sr.
Delubio e do Presidente do PT Jose Genoino. E isso?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Não. Não é, não. Como eu disse, fez parte da
aprovação do crédito o aval do empresário Marcos Valerio. Ele não retirou o aval, não. A
operação foi renovada, algumas vezes, e, depois de uma segunda renovação, o Sr. Marcos
Valério não assinou a renovação, mas ele continua como avalista, porque, no corpo da
renWvaCão, fala que-as-condições-especiais-dos-mesmo~.garantdoes.pmam a me%.
Temos uma nota promissória com a assinatura válida do Sr. Marcos Valerio, e um pagamento
dos juros que foram cobrados desse empréstimo do PT foi feito pelo avalista ou por uma
empresa do avalista.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Insistindo, Dr. Ricardo, nessa
questão do emprestimo ainda: quando foi dado o aval, tanto do Presidente do PT quanto do
Tesoureiro, que garantias eles dão ou basta a assinatura, ou o compromisso de pagamento
desse emprestimo? Isso é usual no emprestimo bancário?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Primeiro, tinhamos a garantia do recebimento por
um partido para a empresa. para o tomador que tinha lastro para receber um dinheiro desse.
28. CPivIl DOS COKKEIOS Pigiiia 8 de I9
Foi-nos mostrado o fundo partidário dos recebimentos dos militantes, havia o aval de
um empresário rico, que tinha patrimonio para responder por aquele aval. e é importante
também o aval do presidente e do tesoureiro, mais como um aval pessoal, na realidade,
moral. que significa que eles tém um comprometimento na operaçáo.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Hoje, em que situaçáo esta? ., .- -
Qual e o saldo devedor? Qual é a situação do banco? O senhor imagina que vai receber esse . -
C,,.
recurso ou isso vai ser executado e qual é o saldo devedor?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Hoje, o saldo devedor está em torno de 3 milhões
e 300 mil. Venceu final de agosto. dia 22 agosto, e estão sendo executados o Partido e os três
avalistas.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Só para constar também,
recebemos do Banco Central. em resposta do pedido de informaçáo, feita por esta CPMI, com
relação a esse empréstimo. o Banco Central informa que foi realizada uma inspeção modular,
análise da situação econômico-financeira. data-base 28/02/2003.
Como resultado da analise das operações com o PT, no valor de 2,4 milhões, e com
a SMP8B Comunicação Ltda.. no valor de 12 milhões, foi determinada e atendida a
constituiçáo de provisão constitucional de R$30lmil, em decorrencia da reclassificaçáio da
operação com a SMP8B para nivel de risco mais elevado.
Antes de entrar na analise desses empréstimos das pessoas (uridicas pergunto com
relação a esse empréstimo para o PT: isso foi provisionado pelo banco?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Foi. em 2003. Foi um empréstimo de 2,4 milhões,
e o Banco Central recomendou que fizéssemos uma classificação - a classificação e dos
bancos. Pode-se classificar o cliente de " A ate "H". de acordo com o que se entende do risco
dele.
O banco havia classificado o PT como " A .Não, foi em relação à empresa SMP&B.
Tinhamos classificado como " A , e o Banco Central recomendou que fosse classificado como
"C" e, classificando-o como "C", temos que fazer uma certa provisão de 0.5% o que foi feito,
desse valor citado.
O SR. PRESIDENTE (Gustavo Fruet. PSDB - PR) - Dr. Ricardo. vamos fazer só
uma mudança, em função das outras comissões que estão trabalhando.
Antes de continuar, concedo a palavra ao Deputado Arnaldo Faria de Sá
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Sr. Ricardo quem e O seu
@ogado?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Dr. Sérgio Bermudes.
O SR. ARNALDO FARIA DE SA (PTB - SP) - O Banco BMG tem. como foco
principal. o credito consignado. E por que fez ernpréstimo ao PT? Era consignado ao fundo
partidário? -- - .. - .... -- --.. --- .. - -
O SR. RICARDO GUIMARAES - Não. O banco tem. como foco, o crédito
consignado, 90% do nosso ativo esta em crédito consignado; mas o banco analisa outras
operações também. O banco vive de empréstimo; o ernpréstimo é o nosso produto. Quando
existe uma operação considerada boa pelo banco, mesmo não estando totalmente no nosso
foco. o banco analisa.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - A priori, a operação teria sido
considerada como boa. E. hoje. e considerada boa?
O SR. RICARDO GUIMARÁES - Dois anos depois, a percepção mudou. Houve
29. CPMI DOS CORREIOS P a j i i i a 9 tle I9
uma deterioração notória, publica do credito. E mudou, sem duvida.
I O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Na pergunta do Deputado Gustavo
Fruet, a informação e que já está sendo processada. O vencimento não foi recentemente?
I O SR. RICARDO GUIMARAES
Se não me engano. 22 de agosto.
- Foi. O vencimento foi próximo ao final de agosto
O SR. ARNALDO FARIA DE SA (PTB - SP) - E por que tão rápida execução? O
banco. normalmente, não transfere para CL, não demora um pouco mais para tomar essa
providencia judicial? Por que tão rapidamente processou o PT?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Olha, achamos que, como houve uma
deterioração clara, uma deterioração notória da percepção do risco de credito, achamos que
deveriamos tomar uma atitude mais energica, uma atitude mais rápida, no intuito de defender
o nosso credito.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Se a intenção e defender o credito
do banco, houve essa mesma preocupação na concessão de um empréstimo tão vultoso para
um cliente politico?
1 O SR. RICARDO GUIMARAES - Houve. Quero deixar claro que, primeiro, o valor é
de sim; dois milhões e quatrocentos mil reais é um valor significativo em qualquer lugar.
, em termos bancdrios, não é um valor que possa ser considerado vultoso. O banco tem
creditas, o banco tem patrimOnb. Então. náo 6 um valor considerado vultoso dentro do
E tomamos, para fazer a concessão do credito. todas as garantias e todas as
I precauções que se requer. Foi um credito bem analisado para ser feito.
' O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - O senhor falou em aval moral O que
e aval moral? Náo conheço isso
~
i O SR. RICARDO GUIMARÃES - O banco já estava coberto do aval da parte
financeira. Como eu disse, o partido tinha condições; tinha lastro para receber esse valor;
tinhamos um avalista. tambem empresário. conhecido. com património, que garantia essa
parte.
A parte do banco tambem, temos que entender que. num banco, uma concessão de
i crédito não é simplesmente a análise fria e objetiva dos niimeros. Há a parte do
conhecimento, a parte do comprometimento dos dirigentes e dos acionistas, essa parte
subjetiva.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - E qual e a parte subjetiva nesse
a r e s t i m o para o PT?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Não, não teve. Estou falando em relação aos
avais. Ter o aval do Presidente do Partido e do Tesoureiro do Partido era importante para a
gente.
-. 0-S.R. AR-NALpO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Numa resposta ao Deputado
~ u s t ã v oFruet, foi informado @e c-Marco? Vale?io fez-um pãgamento. P;I&n desse --
pagamento, ocorreram outros pagamentos?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Houve. O próprio Partido, o próprio PT fez
pagamentos de juros.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Quantos pagamentos?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Fez quatro pagamentos de juros.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Sabe os valores?
30. CPML DOS CORIIEIOS Página IO.dk.19
./.-;h!j&.$..
-.
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'".' -
O SR. RICARDO GUIMARAES -Acho que, somando os quatro pagamentos, deve
estar na casa dos R$800 mil.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Poderia mandar esses comprovantes
para a Comissão?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Sim,
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Já foi pedido isso, Sr. Presidente?
(Pausa.) Então, eu queria esses comprovantes, porque, ate então. eu desconhecia que o PT
tinha pago alguma coisa. A história que sabiamos e que o Marcos Valerio tinha pago uma de
R$350 mil...
O SR. RICARDO GUIMARAES - c verdade
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - . . e que ele estaria cobrando isso do
Partido. Mas a informação que tinhamos ate agora era a de que o PT não havia pago
nenhuma outra. Então, o PT pagou?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - O PT pagou três ou quatro vezes e, se não me
falha a memória...
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) -Aproximadamente que valores?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Se não me falha a memória, em torno de R$800
mil o que o PT pagou. fora esses R$350 mil do Marcos Valerio.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Qual e a ligação do BMG com os
fundos de pensão e com as fundações?
O SR. RICARDO GUIMARAES - E ligação comercial. ligação de negócios, que nós
temos desde que o Banco BMG, nessa forma de atuar, existe, pelos motivos que falei: a gente
empresta por um periodo de dois. três anos, e os fundos de pensão são os clientes que têm
esses recursos para aplicar num banco por um periodo desses.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Houve alguma compensação do
BMG com os fundos de pensão por ter feito esses empréstimos para o PT?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Não, nunca. Inclusive. porque eu já mostrei que o
nosso relacionamento e muito antigo. Desde 1996, os valores eram maiores do que são na
e lidade. Não houve crescimento de participação de fundos, não houve nada disso.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Houve alguma razão de mineiridade
entre Marcos Valerio e o 8MG para fazer esse empréstimo para o PT?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Relação de?
- O SR. ARNALDO FARIA DE - . (PTB - SP) - Mineiridade.
~
-- -
SÁ . . . - --
O SR. RICARDO GUIMARAES - Não, não houve. não
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - O relacionamento entre o Marcos
Valerio e o BMG qual era?
O SR. RICARDO GUIMARÃES - Apenas negocial, apenas comercial. Pouco,
esporádico.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) -Alem da Caixa Econômica Federal,
do Itau, da Cetelem, outros dez bancos socorreram a liquidez do BMG. Quais foram os outros
31. dezbancos?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Eu posso citar, não posso? Eu não estou ferindo
nada do sigilo bancário: seria Bradesco, seria Votorantim, seria Unibanco. ABN, Real, ABC.
Esses que me vem a cabeça agora.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Aproximadamente, qual e o valor
dessa operação?
O SR. RICARDO GUIMARAES - De cessão de crédito?
I
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - É, cessão de crédito.
O SR. RICARDO GUIMARÁES - Ah. temos em torno de 4,5 bilhões de cessão de
I
credito.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Em quanto tempo isso?
O SR. RICARDO GUIMARAES - As cessões de credito foram feitas mais a partir
de, como eu disse, novembro de 2004. Ai, cedemos parte da carteira que Carregávamos
~
naquele momento e começamos a ceder também as carteiras que eram feitas mensalmente.
, O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Qual é a situação do banco hoje? É
boa, e ruim? Qual e a avaliação?
O SR. RICARDO GUIMARAES - A situação e muito boa, Deputado. Graças a
Deus. a gente tem uma situação...
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Qual e o ultimo balanço publicado?
Quais os resultados?
O SR. RICARDO GUIMARAES - O ultimo balanço publicado foi o de junho.
O SR. ARNALDO FARIA DE SA (PTB - SP) - E e boa a situação? É ruim, e media,
e pericritante, é perigosa ou ela é boa?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Demos um resultado importante, demos um
resultado de R$260 milhões no semestre. Temos um patrimõnio de R$780 milhões, um ativo.
mostrado no balanço, de R$2 bilhões, mas que, na realidade... (Pausa.) mas, com as
cessões, esse ativo chega a R$6,5 bilhões. Então, uma situação de caixa confortãvel.
Temos uma situa(ã0 M a . Deputado
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Já esta provisionado o eventual
prejuizo desse empréstimo?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Estão provisionados os valores. O Banco Central,
n a ~ u l t ~ i n s p e ç a o d e l em junho de 2005, dois anos ap&s esses cre$tos estarem na nossa
e, ... - - .-
-
carteira, sugeriu - e nos acatamos - a provisão de 100% desses valores. que já está
demonstrado nesse balanço do primeiro semestre de 2005.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - A sua percepção e que esse dinheiro
do empréstimo ao PT. mesmo com a garantia do aval de Marcos Valerio, vai ter problemas ou
vai ser resgatado?
O SR. RICARDO GUIMARAES - Deputado, a nossa percepção 6 que esse
empréstimo vai ser pago.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB - SP) - Por quem? 1