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A Insígnia de Claymor
Prólogo
Final da Idade Média, Europa.
Os gritos repetiram-se durante toda à tarde e noite. Eram agonizantes,
lamuriosos e demonstravam com realidade a dor que Lady Josephine
sentia. O som seco e constante fez o castelo de Claymor cair em um
silêncio sepulcral.

Na ante sala do castelo, uma dupla de homens sentava-se próximo a uma
lareira. Nenhum dele tecia nenhum comentário sobre a dor da mulher e
nenhuma emoção partia da parte masculina perante o sofrimento da
Lady que gemia no quarto.

Ao lado da cadeira do Lord, uma criança de cinco anos observava a frieza
dos adultos. O menino era loiro e de intensos olhos azuis. Seu aspecto era
idêntico ao da mãe, Natasha, russa que veio de suas terras para se casar
com Albert, o imponente homem que bebia ao seu lado.

Albert Claymor amou Natasha e amava seu herdeiro com a intensidade
de um homem de sangue quente. Mas o destino quis que a bela e loira
russa viesse a falecer num acidente com os cavalos. Dois anos depois ele
se casou novamente, mais para satisfazer os desejos da carne do que por
amor ou pelo dinheiro que o pai de Josephine lhe oferecera. Apesar da
independência, Albert nunca se sentiu a vontade para procurar aliviar
sua tensão sexual na vila, portanto a única coisa a fazer seria arrumar
uma esposa.

Conheceu Josephine na corte francesa, e notou que poderia desejá-la. A
jovem mulher tinha cabelos tão vermelhos quanto o sangue e olhos tão
azuis quanto o céu ao amanhecer. E era tão pacifica quanto uma morta.
Nunca se negou a nada, e quando engravidou, mal sorriu.

-Acho que ela vai morrer... – murmurou ao homem a sua frente.

-É o primeiro filho dela. O primeiro parto é sempre difícil – respondeu
Adam, amigo e leal cavaleiro que servia a Albert.

Os olhos de Lord Claymor demonstraram descrença.

-Josephine é mais frágil que uma pena. Tenho certeza de que não
aguentara parir um bebê. Eu a avisei de que se protegesse com as ervas
para não ficar prenhe, mas ela não me ouviu. Não queria mais um filho,
pois já tenho um herdeiro – falou e apontou com a cabeça o menino loiro.

Alexei Claymor, a criança, tentava compreender porque seu pai
aparentava não se importar com Josephine, já que a madrasta era uma
boa pessoa. Sem sucesso, apenas foi ao colo de Albert como se precisasse
saber se o pai mantinha com ele o mesmo sentimento que nutria pela
madrasta.

Para seu alívio, o homem de cabelos escuros sorriu ao notar o menino no
seu colo. Não... ele não amava Josephine, mas idolatrava Alexei. Seu
sangue e sangue de Natasha!

Um grito mais agudo encheu o ar, e então houve silêncio. Pareciam que
na sala todos ficaram aliviados ao notar que não mais Josephine os
incomodava com sua dor. Ninguém se levantou para ver o que tinha
acontecido; portanto, o garoto estava curioso. Demorou cerca de cinco
minutos até alguém se aproximar. A velha parteira do vilarejo foi
caminhando em direção aos homens. Alexei assustou-se imediatamente
ao vê-la coberta de sangue e então se apertou mais ao pai.

-Milady não resistiu – balbuciou a mulher.
Albert pegou um cálice com rum que estava em uma mesa ao lado e
bebeu tranquilamente. Nenhuma palavra nem gesto. Quando por fim se
pronunciou, perguntou:

-E a criança?

-Está viva.

O Lord não sabia se ficava aliviado ou não com a informação. Retirando o
menino de suas pernas, ele se levantou.

-É um menino? – perguntou esperando uma boa notícia.

-É uma menina.

Segurando um palavrão que dançou em seus lábios, Albert olhou para o
amigo Adam que erguia as sobrancelhas esperando uma ordem. A ordem
não veio.

-Uma menina! Era só o que faltava! Por que Deus me enviou uma
menina? Um filho mais jovem eu poderia mandar para as guerras ou
entregar a Igreja, mas uma filha só me trará problemas. Terei que criá-la
para depois entregá-la a qualquer homem que a vai tratar como todos os
homens tratam as mulheres: como cães!

Sem entender o porquê, Alexei sentiu que não queria que a menina fosse
tratada como um animal.

-Isso se o marido não bater nela. A Igreja até esta apoiando essas atitudes
para que o homem mantenha o controle de sua casa – completou Adam,
secamente.

Albert caminhou até uma janela e observou a noite que se tornava cada
vez mais densa.

-Milord deseja que eu me desfaça da menina? – perguntou a velha, sem
piedade.
Pratica comum, ele sabia. Mas era religioso. Um intelectual que estudou
grego, latim (obviamente escondido dos padres e escribas) e aramaico não
poderia se fazer de desentendido quando se encontrasse com o Todo
Poderoso no juízo final. Além disso, temia os castigos que Deus pudesse
lhe enviar se mandasse matar a menina.

-Não. Arrume uma ama de leite.

A ordem foi acatada com servidão. Agachando-se a mulher retirou-se do
aposento.

Voltando para a mesa a fim de beber mais, Albert não notou que o
menino Alexei deixou a sala e seguiu a velha corcunda.

Os passos o levaram até o quarto de Josephine. Assustado ele viu a
madrasta atirada sobre a cama, os olhos abertos e marcas de lágrimas em
sua face. Mesmo ainda inocente demais para entender a morte e a
maneira como a madrasta veio a falecer, Alexei sentiu piedade. Quis se
aproximar, mas lhe faltava coragem. Foi neste momento que a velha
parteira notou o menino. Pela primeira vez naquele dia, ela sorriu.

-O jovem Lord Alexei quer conhecer sua irmã?

Um tanto receoso, aproximou-se da velha e observou que a mesma tinha
um embrulho nas mãos. Era uma criança que chorava baixo, e mexia as
mãos como se procurasse por algo.

Quando a parteira curvou-se, ele viu o pequeno ser, inteiramente
vermelho e tristonho.

Completamente só e desamparado.

E, naquele momento, Alexei a amou.

E não foi um amor fraterno.

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  • 1. A Insígnia de Claymor Prólogo Final da Idade Média, Europa. Os gritos repetiram-se durante toda à tarde e noite. Eram agonizantes, lamuriosos e demonstravam com realidade a dor que Lady Josephine sentia. O som seco e constante fez o castelo de Claymor cair em um silêncio sepulcral. Na ante sala do castelo, uma dupla de homens sentava-se próximo a uma lareira. Nenhum dele tecia nenhum comentário sobre a dor da mulher e nenhuma emoção partia da parte masculina perante o sofrimento da Lady que gemia no quarto. Ao lado da cadeira do Lord, uma criança de cinco anos observava a frieza dos adultos. O menino era loiro e de intensos olhos azuis. Seu aspecto era idêntico ao da mãe, Natasha, russa que veio de suas terras para se casar com Albert, o imponente homem que bebia ao seu lado. Albert Claymor amou Natasha e amava seu herdeiro com a intensidade de um homem de sangue quente. Mas o destino quis que a bela e loira russa viesse a falecer num acidente com os cavalos. Dois anos depois ele se casou novamente, mais para satisfazer os desejos da carne do que por amor ou pelo dinheiro que o pai de Josephine lhe oferecera. Apesar da independência, Albert nunca se sentiu a vontade para procurar aliviar sua tensão sexual na vila, portanto a única coisa a fazer seria arrumar uma esposa. Conheceu Josephine na corte francesa, e notou que poderia desejá-la. A jovem mulher tinha cabelos tão vermelhos quanto o sangue e olhos tão
  • 2. azuis quanto o céu ao amanhecer. E era tão pacifica quanto uma morta. Nunca se negou a nada, e quando engravidou, mal sorriu. -Acho que ela vai morrer... – murmurou ao homem a sua frente. -É o primeiro filho dela. O primeiro parto é sempre difícil – respondeu Adam, amigo e leal cavaleiro que servia a Albert. Os olhos de Lord Claymor demonstraram descrença. -Josephine é mais frágil que uma pena. Tenho certeza de que não aguentara parir um bebê. Eu a avisei de que se protegesse com as ervas para não ficar prenhe, mas ela não me ouviu. Não queria mais um filho, pois já tenho um herdeiro – falou e apontou com a cabeça o menino loiro. Alexei Claymor, a criança, tentava compreender porque seu pai aparentava não se importar com Josephine, já que a madrasta era uma boa pessoa. Sem sucesso, apenas foi ao colo de Albert como se precisasse saber se o pai mantinha com ele o mesmo sentimento que nutria pela madrasta. Para seu alívio, o homem de cabelos escuros sorriu ao notar o menino no seu colo. Não... ele não amava Josephine, mas idolatrava Alexei. Seu sangue e sangue de Natasha! Um grito mais agudo encheu o ar, e então houve silêncio. Pareciam que na sala todos ficaram aliviados ao notar que não mais Josephine os incomodava com sua dor. Ninguém se levantou para ver o que tinha acontecido; portanto, o garoto estava curioso. Demorou cerca de cinco minutos até alguém se aproximar. A velha parteira do vilarejo foi caminhando em direção aos homens. Alexei assustou-se imediatamente ao vê-la coberta de sangue e então se apertou mais ao pai. -Milady não resistiu – balbuciou a mulher.
  • 3. Albert pegou um cálice com rum que estava em uma mesa ao lado e bebeu tranquilamente. Nenhuma palavra nem gesto. Quando por fim se pronunciou, perguntou: -E a criança? -Está viva. O Lord não sabia se ficava aliviado ou não com a informação. Retirando o menino de suas pernas, ele se levantou. -É um menino? – perguntou esperando uma boa notícia. -É uma menina. Segurando um palavrão que dançou em seus lábios, Albert olhou para o amigo Adam que erguia as sobrancelhas esperando uma ordem. A ordem não veio. -Uma menina! Era só o que faltava! Por que Deus me enviou uma menina? Um filho mais jovem eu poderia mandar para as guerras ou entregar a Igreja, mas uma filha só me trará problemas. Terei que criá-la para depois entregá-la a qualquer homem que a vai tratar como todos os homens tratam as mulheres: como cães! Sem entender o porquê, Alexei sentiu que não queria que a menina fosse tratada como um animal. -Isso se o marido não bater nela. A Igreja até esta apoiando essas atitudes para que o homem mantenha o controle de sua casa – completou Adam, secamente. Albert caminhou até uma janela e observou a noite que se tornava cada vez mais densa. -Milord deseja que eu me desfaça da menina? – perguntou a velha, sem piedade.
  • 4. Pratica comum, ele sabia. Mas era religioso. Um intelectual que estudou grego, latim (obviamente escondido dos padres e escribas) e aramaico não poderia se fazer de desentendido quando se encontrasse com o Todo Poderoso no juízo final. Além disso, temia os castigos que Deus pudesse lhe enviar se mandasse matar a menina. -Não. Arrume uma ama de leite. A ordem foi acatada com servidão. Agachando-se a mulher retirou-se do aposento. Voltando para a mesa a fim de beber mais, Albert não notou que o menino Alexei deixou a sala e seguiu a velha corcunda. Os passos o levaram até o quarto de Josephine. Assustado ele viu a madrasta atirada sobre a cama, os olhos abertos e marcas de lágrimas em sua face. Mesmo ainda inocente demais para entender a morte e a maneira como a madrasta veio a falecer, Alexei sentiu piedade. Quis se aproximar, mas lhe faltava coragem. Foi neste momento que a velha parteira notou o menino. Pela primeira vez naquele dia, ela sorriu. -O jovem Lord Alexei quer conhecer sua irmã? Um tanto receoso, aproximou-se da velha e observou que a mesma tinha um embrulho nas mãos. Era uma criança que chorava baixo, e mexia as mãos como se procurasse por algo. Quando a parteira curvou-se, ele viu o pequeno ser, inteiramente vermelho e tristonho. Completamente só e desamparado. E, naquele momento, Alexei a amou. E não foi um amor fraterno. Era um amor de homem para com uma mulher.