Este documento analisa como o 11o governo constitucional português apelou ao consenso no seu discurso pedagógico oficial, considerando os valores da educação e crenças sobre o impacto da política educativa. Enquanto a retórica do discurso conseguiu um consenso superficial com os outros partidos, este consenso foi possível apenas devido à ambiguidade entre convicção e persuasão associada a consensos retóricos, não sendo motivado por um discurso pedagógico convincente.
O artigo científico tem por objetivo analisar as implicações da influência religiosa no Processo Legislativo Federal, seja através de parlamentares, outrossim, pela propositura de espécies normativas sob um forte teor religioso, demonstrando a partir desse contexto, o (des) respeito ao Princípio constitucional da Laicidade (art. 19, I, CF/88), o surgimento de impasses sobre a garantia das liberdades laicas e democráticas, o questionamento sobre a defesa das liberdades das minorias e no próprio desenvolvimento político do país. O atual trabalho apresenta um resumo do Relatório de Pesquisa realizado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas – Campus Poços de Caldas. Por conseguinte, por meio de uma linha de raciocínio e uma abordagem jurídica, política e sociológica, foi aludido o pensamento de intelectuais no cenário nacional e internacional acerca do tema, centralizados numa discussão principalmente em associação a laicidade e a democracia, conforme a construção estrutural do trabalho e metodologia evidenciada.
REFERÊNCIA: LUZ MOREIRA, Nick Smaylle. O PRINCÍPIO DA LAICIDADE E AS IMPLICAÇÕES DA INFLUÊNCIA RELIGIOSA NO PROCESSO LEGISLATIVO FEDERAL: uma análise jurídico-sociológica. Tropos: Comunicação, Sociedade e Cultura, v. 1, p. 1-15, 2015.
A organização como uma questão estratégicaFabricio Rocha
Este documento discute a organização de partidos políticos de esquerda no Brasil. Analisa a fundação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e argumenta que a permissão de tendências permanentes levou a fragmentação interna, falta de programa e controle das bases sobre a direção. Também critica a disputa presidencial do PSOL por falta de fundamentos programáticos.
O documento discute o jornal "Espaço Democrático" do Partido Democrático Trabalhista no Brasil dos anos 1980. O jornal publicava artigos sobre política nacional e internacional e entrevistas com lideranças do partido debatendo os diferentes entendimentos sobre o "socialismo moreno" pregado pelo PDT. Havia convergências precárias sobre a adoção do socialismo pelo partido, mas tensões e conflitos derivados de visões distintas raramente apareciam de forma explícita.
[1] O documento discute a visão do cientista político norte-americano Riker sobre o federalismo no Brasil, que Arretche contrapõe com evidências históricas. [2] Posteriormente, analisa como estudos posteriores criticaram a abordagem de Riker por usar apenas o modelo dos EUA como referência, sugerindo que há diferentes tipos de federalismo. [3] Por fim, discute como as pesquisas sobre federalismo evoluíram para analisar seu impacto sobre processos decisórios e políticas públicas.
Federalismo Processo Decisorio E Ordenamento Fiscal A Criacao Da Lrfmarcosurl
Este documento discute o processo de criação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil na década de 1990. A lei foi criada para ordenar as finanças públicas dos estados e municípios brasileiros após uma crise econômica na década de 1980 que levou a altos níveis de endividamento. O documento explica como o federalismo brasileiro dificultava a governabilidade e como a lei ajudou a estabelecer novas regras fiscais para melhor controlar gastos e dívidas dos governos locais.
O documento analisa os 30 anos da Constituição Brasileira de 1988, resumindo: 1) A Constituição estabeleceu um compromisso social democrata que melhorou indicadores sociais como saúde e educação através de políticas públicas bem estruturadas; 2) Essas políticas foram aprimoradas por emendas constitucionais que completaram os arranjos jurídicos necessários à efetivação dos direitos; 3) A segurança pública é apontada como contraponto por não ter recebido a mesma atenção à organização de políticas, compromet
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao netJoão Santana Lopes
1. O documento apresenta um enquadramento teórico sobre filiação partidária, distinguindo identificação partidária de filiação partidária.
2. Aborda a evolução dos tipos de partidos políticos e como isso afeta a participação dos cidadãos.
3. Analisa a filiação no PSD e no CDS/PP, comparando a evolução do número de filiados em cada partido.
O artigo científico tem por objetivo analisar as implicações da influência religiosa no Processo Legislativo Federal, seja através de parlamentares, outrossim, pela propositura de espécies normativas sob um forte teor religioso, demonstrando a partir desse contexto, o (des) respeito ao Princípio constitucional da Laicidade (art. 19, I, CF/88), o surgimento de impasses sobre a garantia das liberdades laicas e democráticas, o questionamento sobre a defesa das liberdades das minorias e no próprio desenvolvimento político do país. O atual trabalho apresenta um resumo do Relatório de Pesquisa realizado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas – Campus Poços de Caldas. Por conseguinte, por meio de uma linha de raciocínio e uma abordagem jurídica, política e sociológica, foi aludido o pensamento de intelectuais no cenário nacional e internacional acerca do tema, centralizados numa discussão principalmente em associação a laicidade e a democracia, conforme a construção estrutural do trabalho e metodologia evidenciada.
REFERÊNCIA: LUZ MOREIRA, Nick Smaylle. O PRINCÍPIO DA LAICIDADE E AS IMPLICAÇÕES DA INFLUÊNCIA RELIGIOSA NO PROCESSO LEGISLATIVO FEDERAL: uma análise jurídico-sociológica. Tropos: Comunicação, Sociedade e Cultura, v. 1, p. 1-15, 2015.
A organização como uma questão estratégicaFabricio Rocha
Este documento discute a organização de partidos políticos de esquerda no Brasil. Analisa a fundação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e argumenta que a permissão de tendências permanentes levou a fragmentação interna, falta de programa e controle das bases sobre a direção. Também critica a disputa presidencial do PSOL por falta de fundamentos programáticos.
O documento discute o jornal "Espaço Democrático" do Partido Democrático Trabalhista no Brasil dos anos 1980. O jornal publicava artigos sobre política nacional e internacional e entrevistas com lideranças do partido debatendo os diferentes entendimentos sobre o "socialismo moreno" pregado pelo PDT. Havia convergências precárias sobre a adoção do socialismo pelo partido, mas tensões e conflitos derivados de visões distintas raramente apareciam de forma explícita.
[1] O documento discute a visão do cientista político norte-americano Riker sobre o federalismo no Brasil, que Arretche contrapõe com evidências históricas. [2] Posteriormente, analisa como estudos posteriores criticaram a abordagem de Riker por usar apenas o modelo dos EUA como referência, sugerindo que há diferentes tipos de federalismo. [3] Por fim, discute como as pesquisas sobre federalismo evoluíram para analisar seu impacto sobre processos decisórios e políticas públicas.
Federalismo Processo Decisorio E Ordenamento Fiscal A Criacao Da Lrfmarcosurl
Este documento discute o processo de criação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil na década de 1990. A lei foi criada para ordenar as finanças públicas dos estados e municípios brasileiros após uma crise econômica na década de 1980 que levou a altos níveis de endividamento. O documento explica como o federalismo brasileiro dificultava a governabilidade e como a lei ajudou a estabelecer novas regras fiscais para melhor controlar gastos e dívidas dos governos locais.
O documento analisa os 30 anos da Constituição Brasileira de 1988, resumindo: 1) A Constituição estabeleceu um compromisso social democrata que melhorou indicadores sociais como saúde e educação através de políticas públicas bem estruturadas; 2) Essas políticas foram aprimoradas por emendas constitucionais que completaram os arranjos jurídicos necessários à efetivação dos direitos; 3) A segurança pública é apontada como contraponto por não ter recebido a mesma atenção à organização de políticas, compromet
Filiação partidária os casos do psd e do cds-pp versao netJoão Santana Lopes
1. O documento apresenta um enquadramento teórico sobre filiação partidária, distinguindo identificação partidária de filiação partidária.
2. Aborda a evolução dos tipos de partidos políticos e como isso afeta a participação dos cidadãos.
3. Analisa a filiação no PSD e no CDS/PP, comparando a evolução do número de filiados em cada partido.
O documento discute a importância de alinhar os planos de educação dos estados, Distrito Federal e municípios com o Plano Nacional de Educação. Ele explica que (1) a Constituição de 2009 tornou os planos de educação decenais e articuladores dos sistemas de educação, (2) é necessário construir entendimento de que os planos devem atender às necessidades de cada território e (3) o documento fornece conceitos para ajudar na elaboração ou atualização dos planos locais de modo a melhorar a qualidade da educação
O documento discute a importância de alinhar os planos de educação estaduais, distritais e municipais com o Plano Nacional de Educação. Ele explica que os planos de educação agora são decenais e articuladores dos sistemas de educação, exigindo articulação institucional e participação social. Além disso, discute como os avanços legais recentes, como a Emenda Constitucional no 59/2009, fortaleceram os planos de educação e o Sistema Nacional de Educação.
1. A Articulação Unidade na Luta é uma tendência interna do PT fundada em 1983 para defender o PT como um partido de massas e estratégico para a classe trabalhadora.
2. Nos últimos anos, a Articulação perdeu influência no PT-DF devido à falta de participação no governo Agnelo Queiroz e divergências internas em 2012.
3. A Articulação defende uma avaliação crítica do governo Agnelo e do modelo de gestão do PT-DF, que levou à derrota eleitoral de 2014, e propõe
O documento discute como o desenho institucional afeta a participação política. Primeiramente, examina argumentos sobre a influência do desenho institucional no jogo político. Em seguida, explora como as democracias modernas foram configuradas para desfavorecer a participação dos cidadãos. Por fim, defende que as instituições devem ser redesenhadas para melhorar a participação, contemplando aperfeiçoamento de habilidades cívicas, fatores motivacionais e canais de contribuição da sociedade civil.
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Lutaauldf13
Conforme deliberado por cerca de 105 participantes, no ultimo dia 6 de dezembro, a Articulação Unidade na Luta divulga as suas resoluções.
Em breve, vocês receberão mais informativos. Coloquem o e-mail: auldf13@gmail.com na sua lista de contatos.
O documento apresenta uma introdução às políticas públicas, abordando conceitos como:
1) Definição de políticas públicas como conjunto de ações e decisões do governo voltadas para a solução de problemas da sociedade;
2) Atores envolvidos no processo de formulação e implementação de políticas públicas, como governos, burocracias e grupos de interesse;
3) Ciclo das políticas públicas, compreendendo etapas como formulação, tomada de decisão, implementação e avaliação.
a ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas políticos e do comportamento político.
este estudo poderá ser útil aos estudantes de direito, administração pública, ciência política e outras e afins
'Nem Dilma nem Temer': Um estudo quantitativo sobre padrões de cobertura do impeachment de Dilma Rousseff em editoriais jornalísticos. In: Carlo José Napolitano, Maximiliano Martins Vicente, Murilo Cesar Soares. (Org.). Comunicação e Cidadania Política. 1ed.Bauru: Editoria da UNESP, 2017, v. 1, p. 101-126.
O documento discute a visão predominante nos estudos sobre Orçamento Participativo (OP) que enfatiza o protagonismo da sociedade civil nessas instâncias, diminuindo a análise dos interesses da sociedade política. O autor argumenta que a produção teórica de Leonardo Avritzer, principal intérprete dessa visão, levou a uma agenda de pesquisa limitada que produziu uma visão dicotômica entre sociedade civil e Estado. Isso dificultou compreender melhor a variedade de interesses e o papel dos governos e partidos no
O documento discute o conceito de políticas públicas, seus modelos e experiências no Brasil. Em 3 frases: (1) Aborda as origens do termo políticas públicas na Europa e EUA e definições propostas; (2) Apresenta modelos como "lata de lixo" e "ciclo de vida política" para analisar o processo de formulação; (3) Discutem a experiência do SUS no Brasil como política de estado que democratizou o acesso à saúde.
1º política social e desenvolvimento no brasil revista economia e sociedade...claudio alfonso
Este artigo discute as conexões entre política social e desenvolvimento no Brasil. Argumenta-se que o desenvolvimento abrange mais do que economia, incluindo elementos políticos, sociais e ambientais. A política social do Estado é fundamental para o desenvolvimento ao promover justiça social, crescimento econômico e distribuição de renda. O artigo analisa essas conexões por meio de variáveis quantificáveis para o caso brasileiro.
Este trabalho examina o perfil de parte relevante da produção científica da área de Comunicação e Política no Brasil a fim de elaborar um balanço acerca dos avanços e dos entraves epistemológicos e metodológicos comuns às abordagens investigativas mais recorrentes no país. O argumento está dividido em quatro partes. Na primeira delas, discutem-se problemas de fundo teórico, apontando-se desde a imprecisão na definição dos objetos até certa desatualização conceitual. Em seguida, a proposta se debruça sobre as falhas que caracterizam algumas das opções metodológicas mais empregadas em pesquisas da área. A terceira seção avalia as consequências dos estorvos anteriormente verificados, mencionando-se, por exemplo, a tendência a elaborar generalizações equivocadas sobre os efeitos políticos da mídia. O texto é encerrado com um tópico disposto a endereçar sugestões que podem colaborar na resolução de parte dos problemas aqui tratados.
Projetos Politicos e Arranjos Participativos NacionaisEnid Rocha
1) O documento analisa a influência dos arranjos institucionais de políticas públicas no desenho e atuação de conselhos nacionais.
2) Estuda dois conselhos - o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) - e como seus arranjos institucionais afetaram seus resultados.
3) Conclui que os legados de projetos políticos anteriores influenciam os arranjos participativos atuais, limitando sua capacidade de influenciar as políticas públicas.
Seminário A Reforma Política Brasileira, 04/06/2009 - Apresentação de Marco M...FecomercioSP
O documento discute as diferenças entre reforma política e eleitoral, analisando os sistemas eleitorais e partidários e as razões para reformá-los. Aponta que reformas políticas envolvem aspectos mais amplos do que apenas os sistemas eleitorais e partidários, como a forma de Estado e governo. Também discute os requisitos para mudanças nos sistemas, concluindo que qualquer reforma eleitoral no Brasil requer consenso entre os partidos do Congresso.
Este documento discute a relação entre o desenho institucional democrático e a participação política dos cidadãos. Primeiramente, examina como o desenho institucional pode influenciar as práticas políticas, especialmente a participação. Em seguida, explora como as instituições democráticas modernas foram configuradas de forma a limitar a intervenção dos cidadãos no processo político. Por fim, defende que certos aspectos das instituições precisam ser redesenhados para melhorar os mecanismos de participação disponíveis aos cidadãos.
O documento discute como o marketing político e eleitoral usam instrumentos de comunicação política, como publicidade, propaganda, relações públicas e jornalismo, para formar a opinião pública de maneira persuasiva. O autor argumenta que essas estratégias poderiam ser usadas de forma mais efetiva no Brasil se envolvessem mais informações sobre partidos, propostas e governos, em vez de se concentrarem apenas em propaganda personalizada durante as eleições.
Este documento discute conceitos e abordagens da análise de políticas públicas no Brasil. Apresenta três dimensões da política - polity, politics e policy - e conceitos como rede de políticas e ciclo de políticas. Defende que as peculiaridades das democracias em desenvolvimento exigem adaptação dos instrumentos analíticos desenvolvidos em países industrializados.
Este documento analisa as propostas de regulamentação do lobby no Brasil desde 1984, comparando-as entre si e com a experiência de outros países. Conclui-se que há um rico debate no Brasil sobre o tema, com propostas variadas, e que de modo geral os legisladores brasileiros optam por uma regulamentação intermediária, semelhante a países com características similares. Recomenda-se dar mais atenção ao tema para que faça parte da agenda política de reformas.
Agenda governamental de políticas públicas o projeto de lei de diretrizes da ...Petianos
Este documento analisa o processo de formulação da política de mobilidade urbana do primeiro governo Lula. Discute as diferentes definições do problema de transporte nas cidades brasileiras e propostas de solução que estiveram em disputa. Explica que o projeto de lei enviado ao Congresso representa uma conquista ao estabelecer novas diretrizes baseadas em equidade social e sustentabilidade das cidades.
O documento discute a importância de alinhar os planos de educação dos estados, Distrito Federal e municípios com o Plano Nacional de Educação. Ele explica que (1) a Constituição de 2009 tornou os planos de educação decenais e articuladores dos sistemas de educação, (2) é necessário construir entendimento de que os planos devem atender às necessidades de cada território e (3) o documento fornece conceitos para ajudar na elaboração ou atualização dos planos locais de modo a melhorar a qualidade da educação
O documento discute a importância de alinhar os planos de educação estaduais, distritais e municipais com o Plano Nacional de Educação. Ele explica que os planos de educação agora são decenais e articuladores dos sistemas de educação, exigindo articulação institucional e participação social. Além disso, discute como os avanços legais recentes, como a Emenda Constitucional no 59/2009, fortaleceram os planos de educação e o Sistema Nacional de Educação.
1. A Articulação Unidade na Luta é uma tendência interna do PT fundada em 1983 para defender o PT como um partido de massas e estratégico para a classe trabalhadora.
2. Nos últimos anos, a Articulação perdeu influência no PT-DF devido à falta de participação no governo Agnelo Queiroz e divergências internas em 2012.
3. A Articulação defende uma avaliação crítica do governo Agnelo e do modelo de gestão do PT-DF, que levou à derrota eleitoral de 2014, e propõe
O documento discute como o desenho institucional afeta a participação política. Primeiramente, examina argumentos sobre a influência do desenho institucional no jogo político. Em seguida, explora como as democracias modernas foram configuradas para desfavorecer a participação dos cidadãos. Por fim, defende que as instituições devem ser redesenhadas para melhorar a participação, contemplando aperfeiçoamento de habilidades cívicas, fatores motivacionais e canais de contribuição da sociedade civil.
Resoluções da 2ª Conferência da Articulação Unidade na Lutaauldf13
Conforme deliberado por cerca de 105 participantes, no ultimo dia 6 de dezembro, a Articulação Unidade na Luta divulga as suas resoluções.
Em breve, vocês receberão mais informativos. Coloquem o e-mail: auldf13@gmail.com na sua lista de contatos.
O documento apresenta uma introdução às políticas públicas, abordando conceitos como:
1) Definição de políticas públicas como conjunto de ações e decisões do governo voltadas para a solução de problemas da sociedade;
2) Atores envolvidos no processo de formulação e implementação de políticas públicas, como governos, burocracias e grupos de interesse;
3) Ciclo das políticas públicas, compreendendo etapas como formulação, tomada de decisão, implementação e avaliação.
a ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas políticos e do comportamento político.
este estudo poderá ser útil aos estudantes de direito, administração pública, ciência política e outras e afins
'Nem Dilma nem Temer': Um estudo quantitativo sobre padrões de cobertura do impeachment de Dilma Rousseff em editoriais jornalísticos. In: Carlo José Napolitano, Maximiliano Martins Vicente, Murilo Cesar Soares. (Org.). Comunicação e Cidadania Política. 1ed.Bauru: Editoria da UNESP, 2017, v. 1, p. 101-126.
O documento discute a visão predominante nos estudos sobre Orçamento Participativo (OP) que enfatiza o protagonismo da sociedade civil nessas instâncias, diminuindo a análise dos interesses da sociedade política. O autor argumenta que a produção teórica de Leonardo Avritzer, principal intérprete dessa visão, levou a uma agenda de pesquisa limitada que produziu uma visão dicotômica entre sociedade civil e Estado. Isso dificultou compreender melhor a variedade de interesses e o papel dos governos e partidos no
O documento discute o conceito de políticas públicas, seus modelos e experiências no Brasil. Em 3 frases: (1) Aborda as origens do termo políticas públicas na Europa e EUA e definições propostas; (2) Apresenta modelos como "lata de lixo" e "ciclo de vida política" para analisar o processo de formulação; (3) Discutem a experiência do SUS no Brasil como política de estado que democratizou o acesso à saúde.
1º política social e desenvolvimento no brasil revista economia e sociedade...claudio alfonso
Este artigo discute as conexões entre política social e desenvolvimento no Brasil. Argumenta-se que o desenvolvimento abrange mais do que economia, incluindo elementos políticos, sociais e ambientais. A política social do Estado é fundamental para o desenvolvimento ao promover justiça social, crescimento econômico e distribuição de renda. O artigo analisa essas conexões por meio de variáveis quantificáveis para o caso brasileiro.
Este trabalho examina o perfil de parte relevante da produção científica da área de Comunicação e Política no Brasil a fim de elaborar um balanço acerca dos avanços e dos entraves epistemológicos e metodológicos comuns às abordagens investigativas mais recorrentes no país. O argumento está dividido em quatro partes. Na primeira delas, discutem-se problemas de fundo teórico, apontando-se desde a imprecisão na definição dos objetos até certa desatualização conceitual. Em seguida, a proposta se debruça sobre as falhas que caracterizam algumas das opções metodológicas mais empregadas em pesquisas da área. A terceira seção avalia as consequências dos estorvos anteriormente verificados, mencionando-se, por exemplo, a tendência a elaborar generalizações equivocadas sobre os efeitos políticos da mídia. O texto é encerrado com um tópico disposto a endereçar sugestões que podem colaborar na resolução de parte dos problemas aqui tratados.
Projetos Politicos e Arranjos Participativos NacionaisEnid Rocha
1) O documento analisa a influência dos arranjos institucionais de políticas públicas no desenho e atuação de conselhos nacionais.
2) Estuda dois conselhos - o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) - e como seus arranjos institucionais afetaram seus resultados.
3) Conclui que os legados de projetos políticos anteriores influenciam os arranjos participativos atuais, limitando sua capacidade de influenciar as políticas públicas.
Seminário A Reforma Política Brasileira, 04/06/2009 - Apresentação de Marco M...FecomercioSP
O documento discute as diferenças entre reforma política e eleitoral, analisando os sistemas eleitorais e partidários e as razões para reformá-los. Aponta que reformas políticas envolvem aspectos mais amplos do que apenas os sistemas eleitorais e partidários, como a forma de Estado e governo. Também discute os requisitos para mudanças nos sistemas, concluindo que qualquer reforma eleitoral no Brasil requer consenso entre os partidos do Congresso.
Este documento discute a relação entre o desenho institucional democrático e a participação política dos cidadãos. Primeiramente, examina como o desenho institucional pode influenciar as práticas políticas, especialmente a participação. Em seguida, explora como as instituições democráticas modernas foram configuradas de forma a limitar a intervenção dos cidadãos no processo político. Por fim, defende que certos aspectos das instituições precisam ser redesenhados para melhorar os mecanismos de participação disponíveis aos cidadãos.
O documento discute como o marketing político e eleitoral usam instrumentos de comunicação política, como publicidade, propaganda, relações públicas e jornalismo, para formar a opinião pública de maneira persuasiva. O autor argumenta que essas estratégias poderiam ser usadas de forma mais efetiva no Brasil se envolvessem mais informações sobre partidos, propostas e governos, em vez de se concentrarem apenas em propaganda personalizada durante as eleições.
Este documento discute conceitos e abordagens da análise de políticas públicas no Brasil. Apresenta três dimensões da política - polity, politics e policy - e conceitos como rede de políticas e ciclo de políticas. Defende que as peculiaridades das democracias em desenvolvimento exigem adaptação dos instrumentos analíticos desenvolvidos em países industrializados.
Este documento analisa as propostas de regulamentação do lobby no Brasil desde 1984, comparando-as entre si e com a experiência de outros países. Conclui-se que há um rico debate no Brasil sobre o tema, com propostas variadas, e que de modo geral os legisladores brasileiros optam por uma regulamentação intermediária, semelhante a países com características similares. Recomenda-se dar mais atenção ao tema para que faça parte da agenda política de reformas.
Agenda governamental de políticas públicas o projeto de lei de diretrizes da ...Petianos
Este documento analisa o processo de formulação da política de mobilidade urbana do primeiro governo Lula. Discute as diferentes definições do problema de transporte nas cidades brasileiras e propostas de solução que estiveram em disputa. Explica que o projeto de lei enviado ao Congresso representa uma conquista ao estabelecer novas diretrizes baseadas em equidade social e sustentabilidade das cidades.
Agenda governamental de políticas públicas o projeto de lei de diretrizes da ...
1980-6248-pp-27-02-00203
1. ISSN 1980-6248
V. 27, N. 2 (80) | maio/ago. 2016 203-220 203
10.1590/1980-6248-2015-0004
ARTIGOS
Apelo ao consenso e impossibilidades da retórica: o caso do XI
governo constitucional português
Appeal to a consensus and the impossibilities of rhetoric: the case
of the 11th
Portuguese constitutional government
Teresa Teixeira Lopo*
*Faculdade de Ciências Sociais Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal.
ttlopo@gmail.com. http://orcid.org/0000-0001-5483-1975
Resumo
Neste artigo analisa-se como se formulou o apelo ao consenso no discurso
pedagógico oficial do XI governo constitucional português, considerando os
valores orientadores do processo de decisão e as crenças associadas ao impacto da
política educativa e os seus resultados, em termos dos consensos alcançados na
relação com os partidos políticos com representação parlamentar. Verificou-se ter
sido uma construção retórica feliz do discurso, a desencadear, para além da
concordância naturalmente pressuposta como consenso de base com o partido
que apoiava parlamentarmente o governo, uma disposição para a ação dos outros
partidos políticos com representação parlamentar. Tratou-se, contudo, de um
consenso possibilitado pela ambivalência característica entre a convicção e a
persuasão que se associa a qualquer consenso obtido por meios retóricos e não de
decisões de motivação racional originadas por um discurso pedagógico oficial
convincente.
Palavras-chave: consenso, discurso pedagógico oficial, política educativa, retórica.
2. ISSN 1980-6248
V. 27, N. 2 (80) | maio/ago. 2016 203-220 204
Abstract
In this article we analyse how the appeal to a consensus was made in the official
pedagogic discourse of the 11th Portuguese constitutional government. We have
taken into consideration the guiding values of the decision process and the beliefs
associated with the impact of the educational policy, and its results in terms of the
consensus reached in the relationship with the political parties represented in
Parliament.We have found that it was a successful rhetoric construction of the
discourse that triggered, besides the agreement naturally presupposed as the basis
of consensus with the party that parliamentary supported the government, a
willingness to act in the other political parties represented in Parliament.
Nevertheless, this consensus was achieved by the typical ambivalence between
conviction and persuasion that is associated with any consensus reached through
rhetorical means and not by decisions of rational motivation that may have been
prompted by a convincing official pedagogic discourse.
Keywords: consensus, official pedagogic discourse, educational policy, rhetoric
Introdução
O XI governo constitucional foi formado com base nos resultados das eleições
legislativas portuguesas, realizadas a 19 de julho de 1987, que atribuíram ao Partido Social
Democrata (PSD) uma maioria absoluta de deputados na Assembleia da República (AR), com
148 assentos conquistados, e representação parlamentar a mais cinco partidos políticos: o
Partido Socialista (PS), com 60 deputados eleitos; o Partido Comunista Português (PCP), com
29 deputados eleitos, 2 dos quais se constituirão no agrupamento parlamentar Intervenção
Democrática (ID); e, ainda, o Partido Renovador Democrático (PRD), com 7 deputados
eleitos; o Centro Democrático Social (CDS), com 4 deputados eleitos; e, por fim, o Partido
Ecologista “Os Verdes” (PEV), com 2 deputados eleitos. Dois desses partidos, o PCP e o
PEV, concorreram coligados na Coligação Democrática Unitária (CDU).
Relativamente às suas posições no espectro político, considerando uma divisão entre
esquerda e direita (Freire, 2006), o PSD ocuparia o centro-direita, delimitado à direita pelo
CDS, “o partido mais à direita” (Jalali, 2007, p.130). No centro-esquerda situar-se-ia, por seu
3. ISSN 1980-6248
V. 27, N. 2 (80) | maio/ago. 2016 203-220 205
turno, o PS e, claramente à sua esquerda, o PCP, um partido comunista “com uma ideologia
marxista-leninista ortodoxa” (Jalali, 2007, p.157).
Quanto aos outros dois partidos políticos, o PRD, criado em fevereiro de 1985, numa
estreia fulgurante nas eleições realizadas em outubro desse mesmo ano, recolheu 17,92% dos
votos e elegeu 45 deputados na AR. Nas eleições de 1987, todavia, anunciando as fragilidades
programáticas e de organização partidária que anos mais tarde ditariam a sua dissolução, essa
expressão eleitoral declinou para 4,91%, com uma perda de 38 deputados. Já o PEV, criado
com o objetivo de contribuir para “a expansão da consciência ecologista em Portugal”,
fazendo “eco das preocupações das populações e do movimento ambientalista” (Partido
Ecologista “Os Verdes”, 2014), tem reiterado desde a sua fundação, em 1982, a opção de
concorrer a eleições legislativas coligado com o PCP.
O XI governo constitucional seria, por conseguinte, o primeiro governo português no
estado democrático pós-25 de abril de 1974 e depois de aprovada, em 1976, a nova
Constituição da República Portuguesa (CRP), a conseguir manter-se em exercício de funções
até ao final da legislatura. Essa viragem maioritária, reconfigurando um quadro político
institucional caracterizado pela presença de um sistema partidário fragmentado (sistema
polarizado multipartidário) e por uma instabilidade endémica, marcaria o início de uma nova
fase de estabilidade governativa e liderança política (Magalhães, 2005).
Essa nova fase seria influenciada, na definição das políticas educativas, por outros dois
dados conjunturais: o primeiro, a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia
(CEE), de que Portugal se tornou membro em 1986, e as razões que a partir daí se invocam,
“assumida a integração na Europa comunitária como motor exógeno de desenvolvimento do
país” (Teodoro & Aníbal, 2007, p.18), para justificar a prioridade e a reforma educativa; o
segundo, a institucionalização jurídica, também em 1986, da Lei de Bases do Sistema
Educativo (LBSE), que definiu a estrutura do sistema nacional de educação português e os
princípios orientadores do seu funcionamento e que, depois da sua aprovação, fundada num
consenso social e político alargado (só o CDS votou contra o texto final da lei) e, assim,
acomodando e unificando interesses diversos, se tornou um quadro normativo estável a partir
do qual se podem pensar as políticas educativas.
4. ISSN 1980-6248
V. 27, N. 2 (80) | maio/ago. 2016 203-220 206
Neste artigo1
, recuperando resultados parcelares do trabalho de investigação que
temos vindo a realizar sobre o consenso e a decisão política sobre educação2
, apresentamos
um exemplo de aplicação do modelo que construímos para analisar a importância atribuída
pelos governos portugueses ao consenso, considerando os valores da educação orientadores
do processo de decisão e as crenças relativas ao impacto da política educativa, invocados no
seu discurso pedagógico oficial, e os resultados em termos dos consensos alcançados na
relação com os partidos políticos3
com representação parlamentar.
O enquadramento geral para a análise do fenómeno do consenso, que tratámos como
um acontecimento do discurso, foi-nos fornecido pelo modelo teórico da ação comunicativa
de Habermas (1987, 2004), pelos pressupostos pragmático-formais que ele definiu para a
validade do discurso (Habermas, 1987, 2002, 2004) e pelas suas propostas para a
fundamentação das normas pelos discursos práticos (Habermas, 1989, 2007). A tarefa de
operacionalização, com identificação de dimensões para a variável consenso, apoiou-se na
concetualização de Dryzek e Niemeyer (2006), que subdividem o conceito em três
componentes: consenso normativo (acordo sobre os valores que devem predominar e orientar
o processo de decisão), epistémico (acordo nas crenças relativas ao impacto de uma política) e
preferencial (acordo que se manifesta numa preferência expressa – sim ou não, sobre as
ações). Para a inventariação dos valores da educação, recorremos à teoria axiológica de Reboul
(1999), enquanto as crenças foram, por nós, destacadas através de um trabalho exploratório
realizado sobre o corpus.
A seleção desse corpus, que no exemplo que aqui trazemos integrou o programa do XI
governo constitucional, o discurso da sua apresentação e o debate parlamentar realizado em
seu torno com os partidos políticos com representação parlamentar, obedeceu ao critério de
pertinência definido por Reboul (1984), que exclui do âmbito da análise material do discurso
1
A autora agradece as sugestões, sobre uma primeira versão deste artigo, recebidas do/a(s) pareceristas da Pro-Posições.
2
Referimo-nos ao trabalho de investigação realizado no âmbito da nossa dissertação de mestrado sobre O Consenso no
discurso pedagógico oficial em governos monopartidários e de coligação, a que demos continuidade na tese de
doutoramento, atualmente em fase de conclusão na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa, sobre A Institucionalização das discussões nas ciências da educação no complexo parlamentar português (1976-
2009). A autora agradece, no desenvolvimento destes trabalhos, a estimulante orientação científica que tem recebido do
Professor Luís Manuel Bernardo.
3
Justifica-se a utilização da expressão “partidos políticos”, em detrimento de “deputados” (ou, mesmo, “grupos
parlamentares”), considerando que o poder de propositura das listas de deputados é atribuído na CRP aos partidos
políticos, isoladamente ou em coligação, e a posição de Miranda (2003, p.237) de que “a representação política hoje não
pode deixar de estar ligada aos partidos …. Pode dizer-se que o mandato parlamentar é … conferido tanto aos Deputados
como aos partidos”.
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pedagógico oficial todos os documentos com carácter performativo (decretos, leis, circulares,
etc.).
Tomados esses textos4
como ações comunicativas globais em relação de
interdependência com o seu contexto acional e social e interessando-nos, por ter relação com
a problemática em estudo, compreender o que exprimem como mundos discursivos, utilizámos
como suporte interpretativo, isto é, simultaneamente como modo de pensar o discurso e de
tratar o discurso (Nogueira, 2001), a análise do discurso perspetivada no quadro do
interacionismo sociodiscursivo em que se inscrevem os trabalhos de Bronckart (1996, 2000,
2005a, 2005b)5
. Nesse enquadramento, entre os diretores de análise da produção
discursiva/corpus de textos selecionados que utilizámos, salientamos os de campo discursivo
(espaço em que as formações sociolinguísticas ou discursivas estão numa relação de
concorrência, em sentido lato, que as delimita reciprocamente), espaço discursivo e
posicionamento discursivo (o espaço discursivo entendido com subcampo do campo
discursivo e constituído por, pelo menos, dois posicionamentos discursivos que mantêm
relações particularmente fortes entre si e que se podem reajustar em função da evolução
manifestada por cada uma das posições) e esquematização (organização do material verbal por
relação com a dinâmica textual que se visou analisar: temas ou macroagregados concetuais em
que se desdobrou o texto, valores da educação, crenças, preferências expressas e pressupostos
pragmático-formais da validade do discurso).
A investigação discursiva: Análise do discurso e discurso
pedagógico oficial
Para Bronckart (1996, 2005a, 2005b), uma ação ou atividade de linguagem materializa-
se sob a forma de um texto, correspondente empírico e linguístico de uma dada ação de
linguagem, isto é, uma “parte da actividade linguística cuja responsabilidade se encontra
imputada … a um indivíduo singular, que se torna assim o agente ou autor” (Bronckart, 2005a,
p.57); ou de textos, correspondentes empíricos e linguísticos das atividades de linguagem de
um grupo, que se constroem mobilizando recursos lexicais e sintáticos, tendo por referência
4
Referimo-nos a texto para designar o artefacto/documento, e a discurso como aquilo que o texto produz quando se
manifesta numa instância discursiva. Sobre esta distinção, ver Saarinen (2008).
5
Para uma revisão e discussão das diferentes abordagens ao discurso, sugerimos a leitura de Nogueira (2001) e de
Jørgensen e Phillips (2002).
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os modelos de organização textual disponíveis numa dada língua natural. Ainda que um texto
mobilize unidades linguísticas, não constitui, em si mesmo, uma unidade linguística. Na
verdade, “as suas condições de abertura, de fechamento (e certamente de planificação geral)
não relevam do linguístico, mas são inteiramente determinadas pela acção que o gerou; é a
razão pela qual qualificamos o texto como unidade comunicativa” [destaques no original]
(Bronckart, 2005a, p.58). É por relação com este pressuposto, da globalidade discursiva, “em
que as partes se definem do ponto de vista pragmático, conceptual e temático a partir do seu
todo, e o todo a partir da conjugação das partes” (Hüsgen, 2004, p. 403) que situámos a nossa
investigação, num percurso que, procurando encontrar uma “continuidade de sentido”
(Fonseca, 1992, p.31), só pode ser descendente: das atividades sociais para as atividades de
linguagem e, destas, para os textos e para os seus componentes linguísticos.
No que respeita ao discurso especificamente pedagógico, seguimos a abordagem proposta
por Reboul (1984). Esse autor definiu-o, considerando as aceções do termo formuladas pela
linguística em sentido restrito e alargado. No primeiro caso, o discurso pode ser definido
como um conjunto de frases que formam uma mensagem com um princípio e um fim; e, no
segundo sentido, o que mais interessou ao autor para caracterizar este tipo de discurso sobre a
educação, como “um conjunto de discursos (em sentido restrito) proferidos por um mesmo
indivíduo ou grupo social e apresentando características linguísticas comuns” (Reboul, 1984,
p.10, tradução nossa).
O discurso pedagógico diferencia-se do discurso político e visa sempre,
independentemente do seu conteúdo, a uma verdade. Essa verdade é de ordem prática,
destinada a justificar ou a julgar uma atividade que se assume como educativa e que se apoia
em crenças, ou seja, em métodos ou maneiras de fazer que se impõem por intermédio,
nomeadamente, do discurso oficial (Bélanger, 2008). O discurso oficial, apresentado por
Reboul (1984) como um tipo particular de discurso pedagógico, pode ser definido como o
discurso “dos homens que têm o poder para definir a pedagogia ou de a modificar na sua
organização, nos seus conteúdos e nos seus métodos” (p.43, tradução nossa).
Para esse autor, todos os discursos pedagógicos são ideológicos. No caso específico do
discurso oficial sobre a educação, a ideologia que o perpassa é a do governo e a do conjunto
dos valores da sociedade a que ele pertence. Sendo portador de um sistema de valores, o
discurso reflete o sistema social, a mudança e os novos valores que vai incorporando, mas,
porque lhes dá forma, é igualmente fundador dessas novas tendências (Bélanger, 2008).
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Os valores, como referências que influenciam a seleção dos meios e dos fins da ação,
articulam-se à delimitação a priori de um espaço de comunicação que cada encontro efetivo
entre sujeitos confirma, infirma ou transforma. Servindo de elo intersubjetivo, os valores
“contribuem para a descoberta da abertura e do horizonte de um mundo comum habitável”
(Resweber, 2002, p.29) e, nesse sentido, representam, simultaneamente, “referências
necessárias à comunicação e figuras indispensáveis à expressão do desejo” (p.31).
Valores da educação: a axiologia de Reboul
Na sua reflexão sobre os valores da educação, Reboul (1999) definiu o conceito de
valor numa relação implicando, justamente, o desejo (que se sacrifica) e o sacrifício (que é
desejado). O valor é aquilo que vale a pena, o que merece o sacrifício, possuindo a coisa
sacrificada (a que se renuncia), ela própria, um valor.
Na axiologia construída por Reboul (1999), em que nos apoiámos para inventariar os
valores da educação, é sublinhada a importância do curso, da lição imperfeita, em que se
comunica um pensamento em construção. A par do curso e como meio, igualmente
privilegiado, de acesso à verdade e à cultura, surge o livro. A leitura, ao mesmo tempo que
prolonga e aprofunda a preleção do mestre, deixa ao leitor a possibilidade de se abjugar. São
destacados também os valores do ser adulto (como evitamento do infantilismo), do equilíbrio
(designando o crescimento humano, a possibilidade de elevação a um plano de maturidade
superior), do normal (a educação deve suplantar o normal; deve ser capaz de formar homens
que possam ser normativos), do estudo metódico, do sucesso/insucesso, da rutura/continuidade, da cultura
(como certa qualidade dos saberes que os torna ao mesmo tempo disponíveis, assimiláveis e
comunicáveis) e do saber.
O saber é desdobrado em três níveis. Os dois primeiros, o saber que (respeitante a
informações) e o saber-fazer (respeitante a aptidões ou skills), orientando-se para finalidades
externas, não têm outro valor senão o de meios. Já no terceiro nível, em que se procura saber
para saber/aprender por quê, ou seja, compreender, o saber é um saber-fim, um saber em si
mesmo.
Reboul (1999) refuta a ideia de que a pretensão de um valor à universalidade dependa
do grau de generalização da sua aceitação. A relatividade axiológica anularia o valor universal
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da própria educação, e esse universal plasma-se na humanidade, no encontro, isto é, na
possibilidade de comunicar.
Da ação comunicativa ao discurso
Para Habermas (1987, 2004), a ação estratégica e a ação comunicativa são dois tipos de
ações sociais, duas variantes da interação mediada pela linguagem, que se diferenciam pela
forma como se concertam os planos e as ações entre atores. Na ação estratégica, uma
coordenação de ações bem-sucedida funda-se numa racionalidade orientada para os fins dos
planos de ação individuais; na ação comunicativa, por contraste, o sucesso dessa coordenação
é alcançado através do “entendimento motivador de convicções” (Habermas, 2004, p.84), ou
seja, baseando-se “numa racionalidade que se manifesta nas condições em que um consenso
pode ser alcançado de forma comunicativa” (p.85).
Estes dois mecanismos: por um lado, o dos processos linguísticos do entendimento,
em que os participantes, para coordenarem entre si os seus planos de ação, recorrem aos
poderes ilocutórios vinculativos dos atos de fala; e, por outro, o do exercício recíproco de
influências, em que a linguagem é utilizada como uma orientação para as consequências e para
gerar efeitos perlocutórios, excluem-se mutuamente. É por esse motivo que o consenso não
pode ser alcançado por sugestão, indução em erro ou ameaça. Esse tipo de interferências violaria
as convicções em que se alicerçam os processos de entendimento e que permitem que as ações
se encaixem umas nas outras, isto é, com recurso a atos de fala em que os interlocutores
prosseguem, sem reservas, objetivos ilocutórios6
.
Para a ação comunicativa orientada para o entendimento, Habermas (1987, 2002,
2004) estabeleceu, adicionalmente, uma conexão entre condições de validade de atos de fala,
pretensões de validade que são levantadas com atos de fala e razões para a cobrança discursiva
dessas pretensões. O ouvinte a quem foi oferecido o ato de fala pode posicionar-se perante a
pretensão de validade criticável levantada com um sim ou um não. Aceitar significa reconhecer
intersubjetivamente a pretensão de validade destacada no ato de fala. O locutor deve estar,
ainda, em condições de justificar o direito de a pretensão que levantou ser reconhecida
6
Entende-se por ilocutório o ato em que o locutor é bem-sucedido na sua intenção de tornar clara a função que a sua
expressão cumpre no contexto em que foi produzida, o que permite tornar igualmente claros a força ilocutória e o
objetivo ilocutório. Designa-se por perlocutório o ato em que um locutor, ao praticar um ato ilocutório, produz,
adicionalmente, efeitos específicos no ouvinte (Branquinho & Murcho, 2001).
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intersubjetivamente. Deve, portanto, ser capaz de juntar razões potenciais (as que invocaria
para reclamar a validade do seu enunciado) para que tal pretensão possa ser confirmada. Essas
razões interpretam as condições de validade e incluem-se no conjunto das condições
necessárias para um acordo ser alcançado de forma comunicativa.
Refutar significa criticar o ato de fala como inválido:
como não verdadeiro em relação a um determinado enunciado (por exemplo as
pressuposições relativas à existência do conteúdo do enunciado); como desonesto no que diz
respeito a uma intenção declarada pelo locutor; e como incorrecto relativamente a contextos
normativos existentes (ou à legitimidade das próprias normas pressupostas) (Habermas, 2004,
p.134).
Se a concordância não for total, então, o pressuposto de que essas pretensões de
validade da verdade proposicional, da sinceridade subjetiva e da correção normativa se
encontram satisfeitas ou podem ser identificadas é suspenso. Nesse caso, a pretensão de
validade que se tornou problemática se torna hipotética e só poderá ser resgatada mediante
razões, ou seja, discursivamente. A discussão da validade de uma norma que se tornou
controversa e que foi deixada em suspenso, no sentido de hipoteticamente a reconduzir ao
estatuto de não problemática, realiza-se pelo discurso prático (Habermas, 2007).
O acordo a alcançar no discurso prático é de natureza reflexiva e deve revelar uma
vontade comum de dirimir consensualmente conflitos no domínio das interações governadas
por normas. Só através de um processo de entendimento mútuo intersubjetivo, que reconheça
uma pretensão de validade inicialmente controversa e desproblematizada ou uma outra
pretensão de validade que substitua a inicial, é possível restaurar um consenso normativo
perturbado. No discurso argumentativo, a tarefa de regulação consensual de uma matéria
social controversa deve expressar a articulação dialógica de vontades em condições de
participação livre. A obtenção desse entendimento alcança-se, como explicou Habermas
(1989), “ apenas de uma maneira ‘isenta de coações’, isto é, internamente, através de mudanças
de atitude racionalmente motivadas” (p. 194-195).
Salientamos a esse propósito que, na distinção que estabeleceram entre persuasão e
convicção, Perelman e Olbrechts-Tyteca (2006) propuseram “chamar persuasiva uma
argumentação que só pretende ser válida para um auditório e chamar convincente àquela que se
espera que obtenha a adesão de todo o ser dotado de razão” (p.36). Reconhecendo que a
gradação entre esses dois termos é “sempre imprecisa” (Perelman & Olbrechts-Tyteca, 2006,
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p.38) e “bastante delicada” (p.36), fazem-na depender, fundamentalmente, “da ideia que o
orador forma da encarnação da razão” (p.36).
Para Habermas (1992), todavia, só quando a decisão em causa é fruto de um processo
racional, e não tomada compulsiva ou arbitrariamente, se desfaz a equivocidade entre um
consenso motivado por um discurso convincente e aquele que é alcançado por meios
retóricos, a que a ambivalência característica entre convicção e persuasão se associa e que,
como elucidou Habermas (1992),
não evidencia apenas o elemento de força que, até hoje, não foi eliminado da determinação
dos objectivos sócio-políticos, por muito que assente na discussão. Mais importante ainda esta
equivocidade é também uma indicação do facto de as questões práticas só poderem ser
resolvidas pelo diálogo e, por este motivo, permanecerem no contexto da linguagem
quotidiana (p.259).
Análise do discurso pedagógico oficial do XI governo
constitucional português
No capítulo do seu programa de governo dedicado à educação, situando a
modernização como um processo eminentemente cultural, que se torna “ainda mais premente
no período de transição para uma plena integração europeia”, enuncia-se que “a renovação
estrutural da economia e da sociedade não poderá ocorrer sem uma política de educação que
valorize a nossa matriz cultural e permita vencer os desafios inadiáveis do presente e do futuro
próximo” e que esse processo de modernização global da educação será modelado por três
grandes eixos estratégicos: a exigência da liberdade que possa facultar “a escolha do modelo
educativo que melhor convenha às opções legítimas de cada indivíduo ou de cada família, com
a garantia de uma efectiva igualdade de oportunidades de acesso às diversas vias ou
instituições educativas existentes”, o reforço da identidade nacional e o desenvolvimento do
sentido da solidariedade (Assembleia da República, PT, 1987, 27 agosto, p. 32).
Não só o desenvolvimento e a afirmação das capacidades dos portugueses decorrem
essencialmente, como se afirma, “do sistema educativo que importa recuperar”, como “o
futuro da Nação depende de uma geração de Portugueses mais competente e empreendedora,
com maior sentido de autonomia, capaz de assumir riscos e aberta à inovação, e, assim,
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melhor preparada para o desempenho das complexas tarefas do mundo moderno”
(Assembleia da República, PT, 1987, 27 agosto, p. 32).
Nesse enquadramento, o governo atribui elevada prioridade na sua legislatura à
renovação do sistema educativo, através de uma profunda reforma do setor, que, como se
declara no seu programa, “terá de assentar em objectivos e estratégias estabelecidos na base de
consensos alargados”, que impliquem a mobilização “dos agentes educativos, dos alunos, dos
pais, das comunidades e da sociedade civil em geral” e “a negociação de uma plataforma
amadurecida de entendimento entre as principais forças democráticas, em diálogo com a
Assembleia da República” (Assembleia da República, PT, 1987, 27 agosto, p. 34).
Na apresentação do programa na Asssembleia da República, o primeiro-ministro
Cavaco Silva invoca a sólida e homogénea maioria parlamentar alcançada, a “vontade
maioritária”, o mandato “muito claro para governar” atribuído pelo povo português, que
autorizam o governo a fazer “imperar a vontade da maioria”, sobretudo nas “zonas em relação
às quais os consensos não são possíveis”. Ao mesmo tempo, enuncia que o governo
prosseguirá uma “linha de diálogo e moderação … procurando congregar esforços e vontades
em torno dos grandes objectivos nacionais” (Assembleia da República, PT, 1987, 27 agosto, p.
42), entre os quais, a prioritária e profunda reforma do sistema educativo, para cuja
implementação o governo se propõe adotar uma atitude orientada para o entendimento, ao
reclamá-la como um projeto a construir consensualmente. No debate parlamentar, no discurso
do ministro da Educação Roberto Carneiro, de novo se articula esse projeto de reforma com a
criação de condições de consenso nacional – e se afirma uma atitude orientada para o
entendimento com todas as forças sociais e na relação com os partidos políticos com
representação parlamentar – que garantam estabilidade às grandes linhas da política educativa.
Nesse debate, Roberto Carneiro considera a educação, “vistas as coisas por um ângulo
económico e de progresso material, o investimento decisivo que determina o desenvolvimento
dos povos e a conquista de níveis elevados de bem-estar” (Assembleia da República, PT, 1987,
29 agosto, p. 131) e sumariza os fatores estratégicos de vantagem competitiva, na qualidade do
fator humano. Dessa forma, dá saliência, tal como no programa do governo e na sua
apresentação, à relação da educação como condição para a modernização e a competitividade
económica. Contudo, será em torno da ideia de uma escola com valores que centrará o seu
discurso e para a qual, graças a uma construção retórica feliz, ganhará a adesão dos espíritos
do seu auditório. Promovendo valores que a LBSE tornou objeto de uma comunhão social,
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serve-se na argumentação que desenvolve de ligações particulares entre esses valores, para
introduzir e justificar, de maneira a torná-las aceitáveis, as ações programáticas do governo.
Nessas ligações, como veremos de seguida, relacionou valores abstratos (passíveis de crítica, se
mencionados isoladamente) a valores concretos (apontando o que existe, afirma-se que a ação
programática é possível, realizável), que se homogeneizam como um todo (Perelman, 1993;
Perelman & Olbrechts-Tyteca, 2006). Nessa moldura, entre uma multiplicidade de outros
valores e no estatuto semelhante conferido a todos, apagam-se, naturalmente, os valores da
educação.
A política educativa, a prosseguir no quadro da anunciada reforma, entendendo a ação
educativa como “educar para a liberdade, e para a correspondente responsabilidade”, coloca,
como enuncia Roberto Carneiro, “toda a prioridade teórica e prática nos direitos e nas
necessidades dos educandos e da comunidade em geral” (Assembleia da República, PT, 1987,
29 agosto, p. 131).
A valorização do aluno como ser adulto (responsável, que possa conquistar espaços de
realização e felicidade) e do equilíbrio (através de uma educação para a confiança e autonomia)
articula-se às ações programáticas de delegação de responsabilidades na área de gestão escolar
(escola ativa, criativa e com projetos próprios) e de planeamento (educação para o sucesso). A
essas ações, Roberto Carneiro associa a crença no seu impacto para promover, por um lado, a
qualidade, a eficácia e a eficiência do sistema educativo e, por outro, a igualdade de
oportunidades (educação para todos). Esse último impacto é também esperado como
resultado das ações programáticas planeadas para o alargamento das oportunidades de
educação de adultos (alfabetização/educação básica de adultos, educação recorrente).
É também defendida uma alargada concertação externa com o corpo social (pais,
alunos, professores, comunidade, autarquias, empresas, instituições privadas de vocação
educativa e cultural, entre outros) e a sua mobilização para a participação na tarefa educativa e
na gestão da escola.
O discurso do ministro da Educação focaliza-se, ainda, nas ações dirigidas à carreira e
à formação dos professores (inicial, indução profissional e contínua) e no seu
impacto/benefícios para a valorização social e profissional dos professores, também
designados ao longo do discurso por educadores. O professor alcança valor, quando, atribuindo
à reforma educativa o sentido maior de resgatar a escola, declara essa última pretensão como
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só factível “na sala de aula entre professores e alunos” (Assembleia da República, PT, 1987, 29
agosto, p. 136) e com professores livres para inovar, projetar e agir.
Já as ações programáticas que incidem sobre o currículo (reorientação de objetivos
pedagógicos, reforma de planos de estudo e conteúdos) são articuladas por Roberto Carneiro
a dois dos eixos que vetorizam a reforma: a valorização da pátria, da língua e da cultura
portuguesas e a educação tanto para a formação do homem normativo, através da participação
cívica e cultural, como, valorizando o saber-fazer, para o exercício profissional. Trata-se, como
explicou Roberto Carneiro, de privilegiar uma “formação integral que não descure nenhum
domínio dos valores e da cultura, das artes e das humanidades, das ciências e das técnicas, da
cultura física e da cultura do espírito” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto, p. 132).
O ministro da Educação refere, ainda, os apoios educativos e sociais aos alunos,
invocando, respetivamente, a solidariedade e a justiça/equidade social, bem como o impacto
dessas ações programáticas para a promoção de igualdade de oportunidades (educação para
todos).
O ministro da Educação consegue provocar com o seu discurso a adesão de grande
parte do seu auditório às teses que apresentou ao seu assentimento, desencadeando, para além
da concordância naturalmente pressuposta como consenso de base com o PSD, uma
disposição para a ação de outros partidos, como o CDS, o PS e o PEV, cujo parceiro de
coligação, o PCP, não manifestará a mesma intensidade de adesão. O representante do PEV,
na sua declaração final de voto, numa referência “especial à intervenção do Sr. Ministro da
Educação”, expressará que Roberto Carneiro “conseguiu fazer renascer em nós a esperança
que já julgávamos perdida” e que, concedendo-lhe o benefício da dúvida e ficando a aguardar
os factos, “fiquei convencido de que vai começar a valer a pena ser professor, quer para mim,
quer para os meus alunos” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto, p. 164).
Por seu turno, o CDS manifesta uma concordância total com as ações
programáticas/intenções anunciadas, ou seja, afirma que o governo as exprimiu de forma
verdadeira, com um discurso credível (digno de confiança) e correto por relação com os
valores e as normas permanecentes, declarando-as
em consonância com as nossas próprias propostas, neste sector fundamental para a
modernização de Portugal e para o avanço da sociedade portuguesa … também nós queremos
um sistema de ensino que garanta os valores do universalismo português e que fomente um
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novo espírito de iniciativa e de liberdade. (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto, p.
143)
O PS e o PSD, tal como o governo, elegem a Educação como uma área onde devem
ser procuradas convergências pluripartidárias e novos e amplos consensos. O PS identifica os
objetivos e os princípios da política educativa do governo com aqueles que enunciou no seu
programa eleitoral e distingue, por razões técnicas, políticas e doutrinárias, “em geral, por boas
razões”, a parte relativa à educação, de outros capítulos do programa do governo. Já sobre o
apelo ao consenso feito pelo ministro da Educação, o PS quer verificar, na coerência e pela
comparação do seu comportamento subsequente, se as intenções declaradas são sinceras, ao
enunciar que “em princípio, estamos dispostos; todavia, queremos ver a sua acção, queremos
ver a acção prática do Governo nos tempos que se seguem e queremos ter a certeza de que
estamos perante uma seriedade de intenções” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto,
p. 134). O PSD, por seu turno, manifesta concordância total com o projeto de reforma do
sistema educativo e garante apoiar o governo na sua implementação. O PSD é o partido que
apoia parlamentarmente o governo; PSD e governo partem da mesma definição da situação, a
orientação de ambos é normativamente integrada e, portanto, essa concordância pressupõe-se
como consenso de base.
O PCP duvida que as ações programáticas orientadas para o ensino privado, a quem o
Governo optou por “escancarar as portas”, possam ser cumpridas dentro do contexto da
norma – a LBSE, que considera válida. Lei, observamos, cujo teor geral consagra uma forte
componente estatal do sistema educativo, “ainda que sujeita a uma tensão de sentido dinâmico
entre um desejo monopolizador da realização da Educação por parte do Estado e a sua
atribuição mais repartida por outras entidades sociais” (Pires, 1987, p.229). Para o PCP, o que
está em causa relativamente ao contexto normativo existente é, por conseguinte, “a
desvalorização do valor substantivo da Lei de Bases do Sistema Educativo e das obrigações
que impendem ao Governo na sua aplicação” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto,
p. 117), nomeadamente, ao nível do desenvolvimento do sistema público de ensino, que
estaria a ser preterido.
O PCP duvida, igualmente, da seriedade das ações programáticas/intenções do
governo. Enuncia esse partido que “o articulado é francamente vago” e que “infelizmente em
matéria de educação o Governo não nos apresentou um programa. Digamos que nos
apresentou um articulado de objectivos gerais, ao qual, em termos de educação, se poderá
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dizer que faltam os objectivos específicos, as estratégias e os recursos” (Assembleia da
República, PT, 1987, 29 agosto, p. 133). Ainda assim, na sua declaração final, o PCP distingue
de outros domínios do programa do governo as ações programáticas/intenções anunciadas no
campo da educação, como sendo “exigidas há muito pelos mais diversos quadrantes e para as
quais já contribuímos e continuaremos a contribuir com projectos de lei e outras iniciativas
concretas” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto, p. 169). Por fim, registando que o
PRD não produziu nenhuma intervenção nesse debate parlamentar, a ID, referindo-se à
exigência de liberdade, um dos três eixos estratégicos do processo de modernização global da
educação mencionados no programa do governo, que enuncia como “liberdade para defender
o incremento do ensino privado” (Assembleia da República, PT, 1987, 29 agosto, p. 133),
duvida que as ações orientadas para o ensino particular e cooperativo, e os benefícios
esperados com a sua implementação (liberdade da escola privada), possam ser cumpridas com
correção, relativamente ao contexto da norma existente e que considera válida – a
Constituição, e o princípio nela consignado, de que a ação dos estabelecimentos públicos deve
cobrir, em relação com o direito ao ensino, as necessidades de toda a população do país.
Considerações Finais
No que respeita aos resultados, em termos dos consensos alcançados, o ministro da
Educação, Roberto Carneiro, adotando uma atitude orientada para o entendimento na relação
com os partidos políticos, que pudesse garantir estabilidade às grandes linhas da política
educativa pensada pelo XI Governo Constitucional, ganhou, com o seu discurso, graças a uma
construção retórica feliz, a adesão de grande parte do seu auditório às teses que apresentou ao
seu assentimento. Desencadeou, assim, para além da concordância naturalmente pressuposta
como consenso de base com o partido que apoiava parlamentarmente o governo (PSD), uma
disposição para a ação de outros partidos políticos com representação parlamentar (CDS, PS e
PEV). Tratou-se, contudo, de um consenso possibilitado pela ambivalência característica entre
a convicção e a persuasão, que se associa a qualquer consenso obtido por meios retóricos, e
não de decisões de motivação racional, só possíveis com base num consenso, que, na
dependência dos meios cognitiva e expressivamente adequados da linguagem quotidiana,
tivesse sido originado por um discurso convincente.
16. ISSN 1980-6248
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Submetido à avaliação em 8 de janeiro de 2015; aprovado para publicação em 07 de setembro de 2015.