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CAPÍTULO 18
Espíritos assistentes das
desencarnações
PERGUNTA: — Gostaríamos de saber se, em virtude da
nossa ignorância espiritual no mundo físico, ficamos sujei-
tos sempre a prejuízos em todas as desencarnações. Outros-
sim, se desencarnar ainda é mais difícil do que reencarnar.
Podeis dar-nos explicações a respeito?
ATANAGILDO: — De acordo com as minhas observa-
ções e baseando-me na minha própria desencarnação,
creio que é muito mais fácil “falecer” do que “nascer” na
carne. Durante o tempo da gestação física, sempre se regis-
tra enorme dispêndio de forças valiosas, que precisam ser
aglutinadas para comporem o corpo da alma que desce à
matéria; também surgem muitas dificuldades e problemas
imprevistos, que requerem intervenção dos técnicos res-
ponsáveis pelo espírito que reencarna, mesmo quando este
já possua discernimento tal que lhe facilite operar conscien-
temente ao emergir nos fluidos densos da matéria. Demais,
certas dificuldades de ordem técnica e interferências ines-
peradas de energias ocultas podem prejudicar o processo
final da gestação; há que se considerar, também, a ignorân-
cia de certas mães, que não atendem ao processo gestativo
em sua integridade “psicofísica”, ou que, então, se expõem
perigosamente aos bombardeios psíquicos de ambientes e
acontecimentos emotivos e perturbadores.
Nascer, pois, significa exaustivo labor para reduzir e
aprisionar o perispírito na matriz da carne, obrigando o
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2. espírito a incessante “fuga vibratória” do seu verdadeiro
ambiente eletivo; morrer, no entanto, significa justamente o
oposto, pois a alma se liberta assim da complexidade da
matéria e retorna ao seu plano familiar donde partira ante-
riormente. Sob rude exemplo comparativo, lembro-vos que
a fase mais incômoda, para o mergulhador, consiste na
tarefa de vestir o pesado escafandro de borracha e supor-
tá-lo no fundo do mar, ao passo que tudo se lhe torna mais
fácil quando deve abandonar o meio líquido e libertar-se
da vestimenta asfixiante.
Quanto aos prejuízos que podem resultar para a alma
durante a sua desencarnação, é fora de dúvida que tudo
depende principalmente do seu caráter espiritual, mesmo
se ficar retida por mais tempo nas malhas das forças mag-
néticas, que costumam ser lançadas pelo desespero melo-
dramático da parentela do mundo.
PERGUNTA: — Todas as desencarnações são demora-
das, devido a esse desconhecimento espiritual, quase
comum a todos os terrenos?
ATANAGILDO: — Assim como alguns se retardam sob
imensas dificuldades, ficando algemados por longo tempo
aos espasmos vitais do corpo físico, há espíritos que, à sim-
ples premonição de sua desencarnação, vêm-nos ao encon-
tro no mundo astral, à noite, mostrando-se bastante des-
preocupados com o terem de abandonar o mundo material
porque nada já os prende à vida humana. Tendo se esme-
rado em servir ao próximo e envidado esforços para se
libertarem dos vícios e das paixões escravizantes, quando
alcançam o limiar da morte já se encontram desprendidos
das algemas das sensações inferiores da carne. É evidente
que almas como estas, que embora ainda se conservem
aprisionadas pelos grilhões da matéria, já vivem a vida do
céu, não se impressionam com a morte do corpo e aten-
dem, confiantes, à convocação espiritual do Senhor!
São criaturas que, mesmo na vida física, já trabalham para
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3. Ramatís
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desatar os elos sentimentais exagerados e egoístas que os pren-
dem à parentela do mundo, reconhecendo que a verdadeira
família é a comunidade de espíritos do Universo, provindos
todos do mesmo Pai. Elas se desprendem das atrações prosai-
cas da vida humana, assim como as crianças abandonam os
seus brinquedos logo que atingem a juventude.
Já tive oportunidade de presenciar algumas desencar-
nações em que o próprio espírito desencarnante era o mais
atarefado em libertar-se dos laços vitais que o prendiam ao
corpo físico! Doutra feita, comprovei que as almas corajo-
sas chegam até a fazer “blague” em torno de sua própria
morte física, ante a certeza de que se submetem a proces-
so já conhecido muitas vezes em vidas pretéritas! Não creio
que a mais vigorosa rede de fios magnéticos — que duran-
te o fenômeno da morte possa ser tecida pelas aflições dos
parentes desesperados — possa perturbar espíritos assim
tão emancipados das ilusões do mundo e que já se encon-
tram antecipadamente libertos das peias da vida material. A
maioria das almas terrenas ainda se embaraça de tal forma
nas teias hipnotizadoras e instintivas da vida humana que,
na hora da morte, mais se assemelha a moscas cansadas
que não conseguem desprender as asas dos fios da vigoro-
sa rede tecida pelas aranhas!
PERGUNTA: — Em face das vossas diversas referências
a espíritos que têm prestado socorro a pessoas em vias de
desencarnação, poderíamos saber se existe uma organiza-
ção disciplinada, no Além, que se dedica exclusivamente a
prestar esse socorro?
ATANAGILDO: — Sem dúvida! Em nossa metrópole,
pelo menos, existem cursos disciplinadores, dirigidos por
espíritos elevados que, não só ensinam a ciência a que está
subordinada a morte corporal, como também a técnica apli-
cável para o melhor êxito nas operações desencarnatórias
terrenas. A complexidade e delicadeza das operações que
se processam ou se originam no mundo astral, sob a res-
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