1) O documento discute a origem e princípios da medicina Ayurveda da Índia, que data de há 5.000 anos.
2) Inicialmente, a medicina Ayurveda era parte dos Vedas hindus e envolvia aspectos mágicos e religiosos. Posteriormente, evoluiu para um sistema mais racional baseado na observação da natureza.
3) O Ayurveda defende que a saúde resulta de viver em harmonia com a natureza e que a doença ocorre quando há desequilíbrios intern
1. 1
Ayurveda
Os especialistas garantem que,
graças às descobertas da ciência
médica, o homem moderno caminha na
direcção da quarta idade. O ideal
alquímico da vida eterna pode ter
ficado para trás, mas não há quem não
sonhe em viver mais e melhor. No
mundo de hoje, a saúde – esta fonte
natural nem sempre renovável –
passou a ser o bem mais precioso. O
Ayurveda, uma ciência indiana tão
antiga quanto o homem, define a saúde
como uma condição de harmonia
interna e externa capaz de habitar o
ser humano no buscar dos seus
objectivos mais profundos e
permanentes. Para a medicina
Ayurveda, ser saudável é uma
condição normal e toda a terapia deve
ser baseada no restabelecimento desse
estado natural. Por isso, é também
chamada de”natureza que
restabelece”. Vinod Verma (director da
New Way Health Organization na
Índia)
O que proponho é uma digressão guiada ao mais antigo sistema de medicina
conhecido, visitando a sua história, filosofia, princípios básicos, avaliação da condição
humana e formas de tratamento. Para os leitores menos experimentados da filosofia
oriental, sugiro que não façam um juízo definitivo, sem primeiro terem efectuado uma
leitura completa e minuciosa do texto.
Origem histórica
Por muito que valorizemos no Ocidente, as nossa raízes civilizacionais no Médio
Oriente, é a misteriosa Índia que é reconhecida como o berço da civilização. Os
2. historiadores acreditam que os primeiros hindus habitaram a Meseta do Pamir há 6.000
anos antes de Cristo, mas segundo estudos recentes, os Vedas parecem ter sido
compilados há mais de 14.000 anos.
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Não é sem razão que os antigos médicos hindus são considerados verdadeiros
sacerdotes, conhecedores não só dos problemas do corpo físico como da alma humana,
mas também da própria essência e origem do homem. É na Índia milenar que vamos
encontrar as bases do mais antigo e misterioso sistema médico organizado de que se tem
notícias: o Ayurveda.
O Ayurveda, ou medicina védica, significa “ciência da vida ou do conhecimento
dos ciclos da vida” e faz parte dos Vedas. O sistema ayurvédico, com aproximadamente
5.000 Anos, é uma ciência completa, que inclui aspectos físicos e espirituais da vida. O
seu princípio básico é que a mente exerce a mais profunda influência no corpo e, advoga
que a boa saúde é resultado directo de viver em harmonia com o Universo. O seu
objectivo é obter o equilíbrio do corpo e da mente, não numa perspectiva de eternidade,
como foi ambicionada em tempos remotos, mas para numa vida longa e feliz.
Os Vedas são hinos religiosos da tradição hindu, fonte das principais filosofias
da Índia. A Medicina Védica encontrase
em dois dos quatro Vedas: o Rig Veda e o
Atharva Veda. Nos Vedas a religião, mitologia, magia e a medicina são coisas
inseparáveis, o que levou alguns autores a afirmar que a medicina Védica, foi um
sistema mágicoreligioso,
baseado no contacto com o sobrenatural. A doença, segundo
os Vedas, era resultante da invasão de espíritos malignos e demoníacos e que para
afastálos
eram necessários rituais e sacrifícios feitos por sacerdote ou Brâmanes.
Segundo textos do período védico tardio (900 a 500 a.C.) os médicos e a
medicina foram desacreditados pela hierarquia sacerdotal dos Brâmanes, que
censuravam os médicos pela sua associação com todo o tipo de pessoas, o que os
tornava impuros. Os médicos estavam, de facto, em contacto com pessoas das castas
mais baixas, devido à sua profissão e isto, tornavanos
impuros na visão dos Brâmanes.
O dogmatismo da religião hegemónica dos Vedas, levou a medicina e os
médicos a refugiaremse
noutras tradições sem castas, ou seja, não védicas, pois a
tradição védica considerava a medicina inadequada para o sacerdote e os médicos
impuros.
No primeiro milénio antes da nossa era, surgiram duas tradições que estavam
relacionadas com as práticas médicas, mas ambas não védicos, ou seja, sem a restrição
do rígido sistema de castas.
Estas tradições não védicas deram origem a uma medicina nova que veio a
rivalizar com a medicina mágicoreligiosa
dos Vedas. O novo sistema era baseado na
observação dos fenómenos naturais e das suas influências no ser humano, de uma forma
racional, a nova abordagem a saúde não estava limitada pelo rígido sistema de castas e,
era baseado no empirismo e no racionalismo.
As tradições não védicas, foram o motor adequado para a formação da medicina
empíricoracional
que de uma forma diferente da medicina mágicoreligiosa
dos Vedas,
baseada em fenómenos sobrenaturais, está estruturada na relação do ser humano com os
fenómenos da natureza.
3. Esta medicina tornouse
tão popular na Índia antiga, que os hindus brâmanes
resolveram incorporála
no corpo de conhecimento dos Vedas e passaram a denominála
Ayurveda ou literalmente, conhecimento da vida e, divulgaram a ideia que a raiz do
Aurveda está nos Vedas, porém não existe em nenhum dos hinos qualquer referência ao
Ayurveda como está descrito pelos seus autores.
3
Pelo estudo dos Vedas e dos textos clássicos do Ayurveda verificouse
que
houve uma adaptação progressiva do paradigma da medicina mágicoreligiosa
dos
Vedas, baseada no contacto com o sobrenatural, para uma medicina empírico racional,
através da observação dos fenómenos naturais.
Estas tradições, não védicas, foram os budistas e os ascetas errantes que
prevaleciam na Índia na segunda metade do primeiro milénio antes de Cristo.
O Ayurveda é uma medicina indiana que foi desenvolvida a partir da época de
Buda, no século V a.C. e propõe uma vida em harmonia com as leis da natureza, mas
também uma vida útil à sociedade como um todo. Na Medicina Ayuvedica saúde é um
estado de felicidade e, para o alcançar, o ser humano deve trilhar um caminho de autoconhecimento.
Como dizia o oráculo de Delphos na Grécia antiga:”conhecete
a ti
mesmo e conhecerás o universo e os deuses”.
A doença, para o Ayurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas
desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida. O Ayurveda, como ciência integral,
considera que a doença iniciase
muito antes de chegar à fase em que ela finalmente
pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do
tempo, se não forem corrigidos, originando a enfermidade muito antes de podemos
percebêla.
Polarização – O movimento constante
Os indianos, como mais tarde Parménides com o seu Eon, recusavam a ideia de
Vazio Absoluto, a densidade nula, privilegiando em seu lugar o Ser no sentido mais
abstracto, a Existência omnipresente e estática, imutável, perfeita.
A partir da polarização, os elementos assim formados estarão em constante
processo de atracção e repulsão, ou em atrito, determinando a própria dinâmica da vida:
pólos contrários atraemse
e, sem modificarem a sua estrutura, geram uma terceira
coisa. Tudo aquilo que adquire então uma conotação polar está sujeito a transformações
contínuas. O processo só chega a um fim quando o mecanismo arquetípico da criação
determina uma acção de retorno, ocasião em que a Substância Original recebe de volta
aquilo que teve origem no seu próprio seio.
Entre a criação e manifestação de um Universo e o que lhe sucede, há um
período de repouso, onde a matéria é caótica ou não manifestada, denominado Pralaya.
Pralaya quer dizer em sânscrito dissolução, mas sem destruição, pois a dissolução
conduz à recreação.
4. A Essência Una, infinita e desconhecida existe em toda a eternidade, que ora é
activa – Manvatara ora
é passiva – Pralaya – em sucessões alternadas, regulares e
harmoniosas.
Ao iniciarse
um período de actividade dáse
a expansão daquela Essência Una
do mesmo modo, quando sobrevém a condição passiva, efectuase
a contracção da
Essência e, a anterior da criação desfazse
gradual e progressivamente, o universo
visível desintegrase,
os seus elementos dispersamse.
Uma expiração da Essência
desconhecida produz o mundo (o universo), uma inspiração fálo
desaparecer.
Peregrino é o nome dado à nossa Mônada (ser individual) durante o seu ciclo de
encarnações. É o único Princípio imortal e eterno que existe em nós, sendo uma parcela
indivisível do todo integral, o Espírito Universal, de onde emana e no qual é absorvido
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no final do ciclo. A peregrinação é obrigatória para todas as almas através do Ciclo da
Encarnação. Nenhum Buddhi puramente espiritual (Alma Divina) pode ter uma
existência consciente independente antes que haja passado por todas as formas
elementares do mundo fenomenal do Manvatara, à custa dos próprios esforços
regulados pelo karma, escalando assim todos os degraus de inteligência, desde o Manas
(entendimento) inferior até ao Manas superior; desde o mineral a planta ao Arcanjo
mais sublime.
Neste estágio de Pralaya as Gunas encontramse
em perfeito equilíbrio, todas as
potências e energias que aparecem no Universo manifestado, repousam numa
inactividade; porém, quando o equilíbrio se rompe, produzse
uma forma, uma
manifestação e, toda a manifestação ou forma é produto da Prakriti em que há
predomínio de uma sobre as duas restantes. Nem Sattava nem Tamas podem por si só
entrar em actividade; requerem o impulso do motor e da acção (Rajas) para se
colocarem em movimento e desenvolver as suas propriedades características. Vimos,
deste modo, como é sempre a paixão ou desejo que catapulta para a manifestação (e,
assim, para o fenómeno encarnador, por via do apego, rompendo a unidade ou
homogeneidade primordial.
Cessa o Estado de Pralaya, de Abstracção ou Repouso. A partir daí, os dois
pólos da Natureza, o espírito (Purusha) e a matéria (Prakriti) “agindo sobre as três
Gunas dão origem aos “cinco Grandes Elementos” que são a base e a causa do Universo
Fenomenal em todas as numerosas e constantemente mutáveis formas e aparências”.
Purusha fornece a energia a Prakriti através das três Gunas, procedendo de Prakriti os
Tattvas ou princípios.
Constatamos, igualmente, como todo o ser, todo o fenómeno ou toda a
movimentação existente no universo manifestado corresponde à expressão
predominante de uma ou duas das Gunas. É assim com o ser humano e com cada um
dos seus pensamentos, sentimentos, acções, palavras, escolhas ou graus evolutivos; é
assim com os animais ou as plantas; é assim com todas as formas materiais.
É relativamente fácil reconhecer o homem tamásico: caracterizase
pela sua
letargia, pela sua insensibilidade, pela lentidão e inanimidade das reacções psicológicas,
pela reacção quase exclusiva a estímulos brutais ou grosseiros, que são aqueles que lhe
agradam e despertam interesse. É o néscio conformado. Este tipo de ser humano vai ser
5. oportunamente e progressivamente despertado pelos choques rajásicos que, nesse
sentido, são úteis e necessários.
O homem rajásico, que hoje predomina, sobretudo, nos meios mais urbanos e
cosmopolitas, é ávido, passional e egoísta, insaciável na busca de coisas para o seu eu
pessoal, sempre agitado e excitado, embora à superfície, pelos impactos externos. É
activo no sentido de reactivo. O seu pensamento é predominantemente desordenado,
incapaz de uma síntese. Julgase
inteligente mas está perdido na ilusão. Está polarizado
nos níveis de KamaMnas,
ou seja, da Alma Animal, da mente (Manas) escravizada
pelo desejo egoísta (Kama). A civilização contemporânea é eminentemente rejásica…
O homem sáttvico é um tipo humano superior, mais interiorizado, capaz de
encontrar uma síntese lúcida no meio dos impactos externos, dos quais se vai deixando
de tornar dependente. É o homem que encontra os Valores da Harmonia, da Justiça, da
Verdade, da Sabedoria, e que se desapega das coisas que satisfazem o desejo egoísta. É
o homem polarizado nos níveis superiores do Mental, em BuddniManas,
ou seja, a
5
Mente (Manas) iluminada por Buddhi (Razão Pura, Discernimento, Intuição). Pelo
exposto, é uma raridade…
Também na manifestação da Divindade verificase
o ritmo, isto é, o período
activo e passivo. Na verdade, o Absoluto jamais pode estar em repouso, pois representa
o movimento intrínseco e transcendente, que gera e mantém a vida, embora a nossa
limitada compreensão o perceba como uma imobilidade absoluta, o vazio.
Assim, a Substância Eterna se polariza e se despolariza, voltando
constantemente ao “NãoSer”,
o Não Manifestado ou ParaBrahmam,
numa sucessão
que a sabedoria oriental chama de “os dias e as noites de Brahma”. No período da
“noite Brahma”, a vida entra em latência, ou numa condição absoluta; no “dia de
Brahma, a vida acorda para a actividade, entrando na sua fase relativa.
Os princípios fundamentais da existência
Para os antigos mestres da Índia, a existência tinha dois princípios fundamentais:
Purusha, o principio espiritual ou a consciência superior ou Atmam; e Prakriti, ou a
natureza material, o principio criativo ou a força de criação dos mundos físicos.
Purusha é alimentado pelo fogo cósmico chamado Fohat; Prakriti é alimentado por
Kundalini, fogo cósmico antagónico e complementar a Foaht.
Dessas duas grandes forças, que inicialmente estavam juntas, surge a
Inteligência Cósmica, ou Mahat, que contém as sementes de toda a manifestação da
vida e à qual as leis da Natureza são inerentes. Esta Inteligência Cósmica também está
presente no ser humano como “Inteligência pura”, ou Eu Superior. É através do Eu
Superior que se desperta para a vida universal, atinge o seu pleno desenvolvimento
espiritual e pode alcançar a iluminação, ou seja, a felicidade no seu sentido mais amplo
e profundo.
O Eu Superior é também chamado de Buddhi ou princípio búdico e representa,
ainda, a capacidade de percepção, a capacidade de discernir entre realidade e ilusão.
6. Ao obedecer às leis da evolução, a Inteligência Cósmica projectase
em direcção aos
mundos materiais, dando origem ao ego, ou Ahamkara. Assim, somente o nosso
limitado sentido de individualidade nos separa da unidade da vida. O ego manifestase
através da mente condicionada, de um estado de consciência mais grosseiro denominado
Manas (ou mental inferior), que representa a nossa autoimagem,
nosso universo
conceptual particular, e que, por sua vez, cria o campo do pensamento limitado dentro
do qual nos confinamos. Além disso, o ego funciona como uma ponte para o
inconsciente colectivo, que é também uma dimensão condicionante, manifestandose
no
campo mental como Chitta, o turbilhão dos pensamentos. Devido a Chitta, o ser
humano permanece sob a influência de latências ancestrais, de compulsões e de
impulsos passionais próprios das consciências inferiores.
O retorno à unidade com a Natureza
O Ayurveda, em contra partida, aponta para uma vida em harmonia com a
Inteligência Cósmica, onde a nossa inteligência se aperfeiçoa e através da qual
retornamos à unidade com a Natureza. Só a partir dela é possível encontrar o verdadeiro
6
Eu, mergulhar no domínio do espírito; ou Purusha. Este é o fundamento do Ayurveda,
assim como o Yoga que também tem as suas raízes nos Vedas, e funciona como base
para a psicologia ayurvédica.
O retorno a Purusha exige o despertar da inteligência que está constantemente
sob o comando do ego. É o ego, por sua vez, que se antagoniza à consciência do Eu
Superior e é a base de todo o desvio da Natureza. Nesse sentido, segundo o Ayurveda, a
saúde é um estado que só existe se houver harmonia com Prakriti, a natureza fenomenal.
A doença ou Vikruti, é gerada pela condição artificial de distanciamento da Natureza;
assim, segundo o Ayurveda todas as moléstias, excepto aquelas que ocorrem por
acidente, são provocadas por desequilíbrios resultantes de um estágio inferior da
consciência individual.
Gunas
Gunas, são as três qualidades da matéria. Atributos fundamentais da Natureza,
as gunas são a fonte de todas as características que associamos ao ser humano. Gunas
são condições segundo as quais a matéria cósmica surge e se desenvolve. A matéria da
qual o universo é feito em qualquer de seus estados, resulta de uma combinação de três
qualidades: Sattva (ritmo), Rajas (movimento), Tamas (inércia.).
No nível físico, Sattva é harmonia; Rajas é actividade; Tamas é inércia.
No nível mental, Sattava é verdade; Rajas é paixão; Tamas é indifrença.
Segundo o BhagavadGita 5 – São estes atributos que vinculam a alma ao corpo
ou o Espírito à matéria.
7. Prakriti, a natureza material, possui três qualidades básicas, três atributos
primários denominados Gunas que podem também ser entendido como impulsos
naturais ou instintos: Sattva, o princípio da inteligência, da fluidez, da suavidade e da
harmonia; Rajás, o princípio da energia mental racional, da turbulência, de emoção, da
impulsividade; e Tamas, o princípio da obscuridade, da ignorância e da resistência.
Cada um desses atributos é necessário na Natureza e cumpre funções
específicas. No entanto, Sattava é a qualidade mais adequada à mente, enquanto Rajás e
Tamas representam impurezas no plano mental e enfraquecem o poder de percepção e
discernimento espiritual.
Samkhya é um dos seis sistemas tradicionais da filosofia hindu e um dos mais
antigos. O sistema Samkhya é atribuído ao sábio védico Kapila (cerca de 500 a.C.) e é
conhecido como o “método racional”.
Dele deriva o conceito de guna (qualidades materiais ou “potências”). Postula
uma cosmologia em que os resultados estão implicados nas causas e em que o universo
permanece constante, nada lhe é acrescentado ou extraído. Tudo é uma manifestação ou
mutação do que existiu sempre. Deste modo, a morte é meramente um estado transitório
que leva a outros estados. Neste ponto, o Samkhya tem um paralelo na teoria científica
moderna da conservação da matéria e da energia. Samkhya não reconhece deuses ou
sacrifícios.
A tradição indiana considera o Samkhya como o mais antigo darçana. Darçana é
o nome utilizado para designar um conjunto de seis escolas tradicionais que foram
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responsáveis pelo ressurgimento e restabelecimento da espiritualidade na Índia num
período entre 100 a.C. a 500 d.C., marcado pelo desenvolvimento lógico e racional da
religião Hindu, actuando como um movimento contra o dogmatismo brâmane e uma
tentativa de provar a supremacia do Hinduísmo sobre o Budismo.
O sentido do termo Samkhya parece ter sido o de “discriminado”, já que o
objectivo principal desta filosofia era o de dissociar o espírito (Purusha) da matéria
(Prakriti).
Os cinco elementos
Das três gunas surgem os cinco elementos da Natureza: éter ou espaço (Akashs),
ar (Vayu), fogo (Tejas), água (Apas) e terra (Prithivi).
De Sattva, que consiste de claridade, surge o elemento éter. De Rajás, que consiste de
energia, surge o elemento fogo. De Tamas, que consiste de inércia, surge a terra. Entre
Sattava e Rajás originase,
ténue e móvel, o elemento ar. E de Rajás e Tamas surge a
água, resultado da combinação entre mobilidade e inércia.
Os cinco elementos integram a essência da Natureza, os seus nomes não
significam propriamente o substantivo comum específico, mas o princípio que anima
cada um dos elementos. Assim, Tejas não é exactamente o fogo comum, mas o alento
vital subtil, fluido, instável, quente e forte a
matriz imaterial que dá origem ao fogo
físico. Já o elemento Akashs é de difícil compreensão para a mente humana, pois está
relacionado ao aspecto mais superior da energia cósmica mais ténue.
8. Os cinco elementos correspondem ainda aos cinco estados da matéria e aos cinco
sentidos: sólido, olfactivo (Prithiviterra);
líquido, gustativo (Apaságua);
radiante,
visual (Tejasfogo);
gasoso, táctil (Vayuar)
e etéreo, auditivo (Akashaéter);
eles
determinam as cinco densidades da matéria visível e invisível do Universo e
relacionamse
também a aspectos mentais, psicológicos e emocionais do ser humano.
De acordo com as características dos cinco elementos, a Medicina Védica emprega nos
tratamentos diferentes recursos, como plantas medicinais, sais, músicas, aromas, pontos
acupunturais, etc. para promover o restabelecimento do equilíbrio de um ou vários
elementos.
Os três doshas
Também de origem sânscrita, apalavra dosha pode ser traduzida como
“princípios metabólicos”. Considerase
que o fundamento do Ayurveda reside
exactamente no conceito dos três doshas – Vata – Pitta – Kapha, os trêss princípios
básicos metabólicos que ligam a mente e o corpo. Eles têm origem na diferente mistura
de pares dos cinco elementos: do éter e do ar surge Vata; do fogo e de um aspecto da
água vem Pitta: e da água e da terra surge Kapha.
Através dos elementos e dos doshas, o Ayurveda determina a natureza básica do
indivíduo e estabelece uma linha de tratamento adequada às suas necessidades reais.
No seu estado normal, ou seja, em equilíbrio, Vata mantém a energia da vontade,
governa a inspiração do ar atmosférico, a exalação, o movimento, as descargas dos
impulsos, o equilíbrio dos tecidos e a acuidade dos sentidos. Quando exacerbado, ele
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causa secura, desidratação, escurecimento, descoloração, desejo de tepidez, tremores,
distensão abdominal, prisão de ventre, enfraquecimento, insónia, redução da acuidade
sensorial (visão, audição, tacto, paladar e olfacto), incoerência ao se expressar e fadiga.
Vata localizase
no cólon, (sua sede) e tende quando em desequilíbrio a acumularse
nos
quadris, coxas, ouvidos, ossos e no sentido do tacto. Pitta em condições normais, é
responsável pela digestão, pelo calor, pela percepção visual, pela fome, sede, pelas
condições da pele, pela suavidade do corpo, pela inteligência, determinação e coragem.
Quando agravado, causa coloração amarelada da urina, das fezes, dos olhos e da pele;
pode também provocar fome e sede excessivas, sensação de queimadura em qualquer
parte do corpo e dificuldade em dormir. Pitta situase
no intestino delgado (sua sede),
no estômago, no suor, no tecido gordurosa, sangue, plasma, linfa e no sentido da visão.
Kapha por sua vez, é responsável pela firmeza e pela estabilidade, pela manutenção dos
fluidos corporais, pela lubrificação das articulações em geral, pelas emoções positivas
como as de paz, amor e compaixão. Quando exacerbado reduz a capacidade digestiva e
provoca a acumulação do muco, sensação de exaustão, de frio, de peso, palidez,
dificuldade de respirar, tosse e um desejo excessivo de dormir. Kapha localizase
no
peito (sua sede), na garganta, cabeça, pâncreas, costelas, estômago, nariz e língua.
Os três doshas podem ser reconhecidos segundo os seus atributos ou qualidades
Vata
é seco, frio, móvel, áspero, variável, leve e rápido. É o mais poderoso dos doshas,
governa os movimentos e lidera Pitta e Kapha.
9. Pitta
é quente, luminoso, fluido, levemente oleoso, de odor ácido, governa o calor, a
temperatura e todas as reacções químicas do corpo, o metabolismo.
Kapha
é frio, pesado, vagaroso, oleoso, inerte, liso, denso, opaco, doce, constante,
viscoso e macio. Responsável pelo controle da estrutura corporal, mantém a substância
material, o peso e a coesão do corpo.
Descobrindo a natureza básica
Adquirido por ocasião do nascimento, o Prakriti de cada um, ou seja a sua
constituição individual, mantêmse
constante durante toda a vida. Embora existam três
tipos básicos de dosha, entre eles ocorrem diversas combinações e variações. As
características indicadas a seguir, servem de referência para localizarmos a origem do
desequilíbrio e para maior exactidão são divididos em cinco subdoshas.
VATA
As pessoas de constituição Vata tendem a ser pouco desenvolvidas fisicamente.
Esguias, suas veias e tendões musculares são proeminentes e visíveis. Em geral a sua
pele é morena, fria, áspera, seca ou rachada e, pode apresentar verrugas ou pintas, quase
sempre escuras. Uma pessoa de Vata pode ser alta ou baixa, mas sua ossatura é sempre
delicada, com juntas pronunciadas devido ao reduzido desenvolvimento muscular. Tem
mãos e pés frios, cabelos frequentemente ondulados e ralos, cílios finos. Os olhos,
pequenos e vivos, costumam ser fundos, com a conjuntiva seca e ligeiramente
escurecida. Unhas frágeis e ásperas; o nariz curvo ou arrebitado. O apetite e a digestão
de Vata variam muito: ele pode, às vezes, fazer refeições abundantes e em outros
momentos não ter a menor fome. Em geral prefere bebidas quentes. A urina tende a ser
escassa, as fezes secas, em pequenas quantidades, com tendência para a prisão de
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ventre. Raramente transpira demais. O sono é leve, agitado e curto. São pessoas
geralmente criativas, dinâmicas, atentas e impacientes. Falam com rapidez, movemse
e
andam apressadamente, mas logo se cansam. São flexíveis, aprendem e esquecem
rápido e tendem à dispersão mental. Ajustamse
com facilidade às mudanças, embora
sejam por vezes indecisas ou impacientes. Precisam desenvolver a tolerância, a
confiança e a coragem. Podem pensar demais e preocuparse
excessivamente, sendo
com frequência muito nervosas; tendem a se deixar afligir pelo medo e pela ansiedade.
PITTA
As pessoas de constituição Pitta são de altura média, apresentando
desenvolvimento muscular, peso e estrutura óssea moderados. Podem ter verrugas ou
sardas de cor castanha ou azulada. A tez das pessoas do tipo Pitta é geralmente clara,
avermelhada, amarelada ou próxima ao tom de cobre. A pele é suave, morna, de aspecto
saudável, mas facilmente irritável. O cabelo é fino, sedoso, vermelho ou castanho, com
tendência a ficar grisalho precocemente ou calvície. Os olhos podem ser cinza, verdes
ou castanhosclaros,
com propensão à fraqueza. A conjuntiva é comummente húmida e
acobreada, as unhas delicadas; o nariz é aquilino e a sua ponta aguda, pode se mostrar
vermelhada. Em termos fisiológicos, os indivíduos de Pitta são dotados de um
metabolismo vigoroso, têm bom apetite e boa digestão. Ingerem grande volume de
10. alimentos, de líquidos e preferem as bebidas geladas. Dormem pouco, embora o seu
sono seja profundo. As fezes são volumosas e amareladas. Geralmente transpiram
demais. A temperatura corporal é comummente alta e as extremidades mantêmse
mornas. Não toleram muito o calor nem a luz solar. Inteligentes e perspicazes, as
pessoas de Pitta aprendem rápido e podem ser bons oradores. Emocionalmente tendem à
irritabilidade, ao ciúme, ao ódio, à ira. São ambiciosas e facilmente se tornam líderes.
KAPHA
As pessoas do tipo Kapha têm bom desenvolvimento físico e muscular, com
tendência ao excesso de peso. Veias e tendões são aparentes devido a pele geralmente
fina. Sua tez é clara, branca ou pálida; a pele é suave, oleosa, húmida e fria. O cabelo
pode ser escuro ou louro liso ou anelado, mas é sempre grosso e abundante. Os olhos
são densos, pretos ou azuis, com a conjuntiva pronunciada, raramente avermelhada.
Fisiologicamente, as pessoas de Kapha possuem pouco apetite, embora regular; a
digestão, porém, é lenta e, em geral, ingerem menos alimentos que os os outros tipos.
Os seus movimentos são calmos. Sua evacuação é regular, as fezes suaves, pálidas e de
eliminação lenta. A transpiração é moderada. O sono é pesado, prolongado ou
excessivo. Os indivíduos de Kapha são pacientes, calmos e sempre bem dispostos. São
caracteristicamente tolerantes, compreensíveis e amáveis. No aspecto emocional
negativo, tendem à ganância, ao domínio, à inveja e à possessividade. Demoram para
aprender, mas têm excelente memória.
A terapêutica pela alimentação
A escolha dos alimentos é o primeiro passo para uma vida saudável, de acordo
com as leis da Natureza. Para restabelecer a saúde, ou o equilíbrio entre Vata, Pitta e
Kapha, a tradição da medicina indiana tem como prática principal determinar uma
rectificação alimentar, só lançando mão de outros tratamentos se o paciente retornar
com as mesmas queixas após ter seguido à risca a dieta recomendada Essa terapia
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baseiase
na divisão dos alimentos segundo as três qualidades ou gunas – Satta, Rajás e
Tamas ,
na relação dos seis sabores e na influência que exercem sobre os doshas.
A classificação dos alimentos segundo as três gunas é a seguinte:
SATTVA – Alimentos que aguçam o discernimento, a sensibilidade, as faculdades
superiores, que favorecem a meditação, geram a leveza, bemestar
e felicidade. São
todos aqueles e sabor doce ou adocicado, leves, frescos, vitais, que não se deterioram
facilmente. Neste grupo estão o leite, 0 mel de abelhas, os cereais integrais, as frutas e
sabor suave, as castanhas e amêndoas, a manteiga, os óleos vetais leves, alguns grão de
leguminosas, os lacticínios não fermentados e praticamente todos os alimentos de sabor
doce.
RAJAS – Alimentos de classificação intermediária, geralmente exercem efeito
estimulante, tónico ou excitante. Neste grupo estão as carnes frescas de boi, as carnes
brancas frescas, algumas bebidas alcoólicas mais leves (vinho suave, cerveja, licores
11. etc.), as sementes leguminosas em geral (feijão, ervilhas, grãodebico),
café, o chámate,
algumas hortaliças, como o rabanete, o nabo ardido, o pimentão, a beringela, o
tomate, a batata inglesa etc. O tabaco, sob todas as suas formas, é um produto do grupo
Rajas.
TAMAS – Opostos aos alimentos da Sattva: geralmente pesados, e gosto acentuado,
picantes, ácidos, excessivamente amargos, fermentados, densos, conservados,
defumados, desvitalizados, de odor forte. Tornam aqueles que os consomem carregados
com as qualidades de Tamas; irritadiços, lerdos, embotados, preguiçosos, com fortes
odores corpóreos, passivos intolerantes, passionais, glutões e compulsivos. Neste grupo
estão os alimentos animais, principalmente os conservados (salsichas, linguiças,
presunto, salame, mortadela, partes salgadas de porco, etc.), os queijos fortes, ovos,
conservas, a pimenta forte, os molhos irritantes, as bebidas alcoólicas, os fritos, os
alimentos decompostos, defumados, industrializados e excessivamente curtidos.
A alimentação e os doshas
Além da selecção com base nos três gunas, os alimentos são escolhidos em
função dos sabores, do aspecto, da densidade ou da temperatura. Segundo a medicina
védica existem seis sabores básicos – doce, salgado, acido, picante e adstringente – e
seis atributos principais – quente, frio, pesado, leve, seco e oleoso que exercem
influências marcantes sobre os doshas:
Vata
é equilibrado pelos sabores salgados, ácido e doce e por alimentos pesados,
oleosos e quentes: é perturbado por alimentos picantes, amargos, adstringentes, leves,
secos e frios.
Pitta
é equilibrado por alimentos doces, amargos, adstringentes, frios, pesados e secos;
é perturbado por alimentos picantes, ácidos, salgados, leves e oleosos.
Kapha
é equilibrado por alimentos ou bebidas picantes, amargos, adstringentes, leves,
secos e quentes; é perturbado pelos sabores doces, ácido e salgado e pelos alimentos
pesados, oleosos e frios.
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Devido a estas relações, uma mesma refeição pode provocar sensações diferentes entre
pessoas de constituições diferentes. Por isso, a medicina védica considera fundamental
adequar a dieta à natureza de cada pessoa.
A dieta perfeita
Em princípio, a alimentação ideal é aquela em que prevalecem os alimentos de
Sattva. No entanto, como as gunas, do mesmo modo que os dosaha, agem de modo
interligado, o que importa é uma alimentação equilibrada e de acordo com a
constituição individual. Assim, uma dieta essencialmente baseada em alimentos de
Sattva seria mais recomendável àqueles que levam uma ida meditativa, religiosa, muito
12. calma; de modo geral, o aconselhável é o equilíbrio entre alimentos, com maior
tendência aos de Sattva e com a ingestão apenas eventual daqueles ligados a Tamas.
Medicamentos e técnicas
Além das dietas especiais, o Ayurveda emprega remédios naturais e muitos
outros recursos preventivos e curativos. Para equilibrar o Prakriti, a medicina védica
dispõe de uma infinidade de medicamentos preparados pela combinação de ervas, sais,
produtos minerais, bem como extractos, pomadas e óleos especiais. Não se restringem a
aplicações paliativas ou superficiais com o objectivo de eliminar sintomas: são
preparados especificamente para cada tipo de paciente e não para a “doença” que ele
apresenta.
As Ervas Medicinais
Tanto para a medicina ocidental quanto para a oriental, as ervas medicinais
ocupam posição de destaque no campo terapêutico. A medicina oriental, porém, atribuilhe
uma importância infinitamente maior. Embora escolhidas como recurso terapêutico
a partir das suas propriedades farmacológicas, ou seja, conforme a sua acção específica
(diurética, laxativa, analgésica, anti espasmódica, etc.), elas são particularmente
seleccionadas segundo a sua capacidade de equilibrar, estimular ou reduzir os três
doshas. A medicina védica escolhe uma ou várias ervas para determinado tratamento
com base também em elementos não considerados pela fitoterapia ocidental, como o
gosto da planta, o tipo das suas folhas, seu crescimento, a sua estação, a sua cor, tipo de
flores e de frutos. Todas estas características são valiosas a partir da identificação do
Prakriti a que se adequam. Além dos chás, dos extractos frescos, dos sumos, dos
emplastros, dos unguentos, pomadas, óleos medicinais e demais formas clássicas de uso
das ervas, a medicina védica reserva um capítulo muito especial e detalhado sobre as
ervas aromáticas e as usadas como temperos culinários, pois cada uma delas também
exerce influência no equilíbrio dos dosahas.
As massagens com óleos especiais e o emprego da terapia dos aromas estão
entre as técnicas do Ayurveda. Outro importante meio terapêutico utilizado pelo
Ayurveda são os óleos preparados com extractos vegetais especiais. Podese
equilibrar
Vat, Pitta ou Kapha com composições de uma ou árias ervas ou pelo simples uso de um
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óleo vegetal, como o de amêndoa ou de gargelim, ao azeite de oliva ou óleos voláteis de
sementes de flores. A sua aplicação por meio de massagens visa a estimulação da pele e
a consequente absorção da propriedade medicinal da planta. Algumas massagens podem
ser feitas pela própria pessoa, mas outras exigem a interferência de técnicos, pois em
geral são aplicadas como parte de um plano terapêutico mais amplo. O Ayurveda
emprega ainda muitas outras técnicas, de entre as quais podemos citar: a musicoterapia
(Gandharva Veda), que busca o equilíbrio dos doshas pela audição de músicas especiais
chamadas ragas, vocais ou instrumentais, cânticos (mantras); a
aroma terapia, que
emprega perfumes raros, essências florais, flores silvestres e resinas aromáticas para
13. enviar sinais específicos aos doshas. De maneira geral, Vata é equilibrado por uma
mistura de aromas quentes, doces e ácidos como manjericão, laranja, gerâniorosa,
cravo da Índia; Pitta é equilibrado por uma mistura de aromas doces e frios como
sândalo, rosa menta e Jasmim; Kapha é equilibrado por uma mistura de aromas quentes,
mas com toques condimentados como zimbro, eucalipto, cânfora e manjerona.
Pranayama, o equilíbrio pela respiração.
Uma técnica que harmoniza os doshas e regula a distribuição da energia cósmica
pelo organismo. Pranayama é uma palavra de origem sânscrita: prana significa “energia
vital” e yama, “acção, actividade, movimento”.
Embora em termos gerais, o Ayurveda classifique cinco tipos de prana, cada um
deles governando órgãos ou áreas do corpo, em síntese o prana é apenas um: o prana
aéreo, ou Vayu, a principal fonte directa de energia cósmica para os seres vivos que
respiram o ar atmosférico. Captado pelas vias respiratórias, é imediatamente distribuído
pelo organismo; a sua carência ou má distribuição possibilita o surgimento de doenças a
partir da desarmonia entre os doshas, que absorvem “vorazmente” prana. Uma vez que
prana aéreo esteja em condições ideais de equilíbrio quantitativo e qualitativo, todos os
outros tipos de Prana também tendem ao equilíbrio, o mesmo ocorrendo em relação aos
três doshas.
A técnica do pranayama
Para regularizar o ritmo da respiração.
1 – Escolha um local calmo e sem ruídos, de preferência isolado das outras pessoas.
2 – O horário ideal é ao amanhecer, quando o ar está mais carregado de prana.
3 – Sentese
confortavelmente com as costas erectas e os pés apoiados no chão. Feche
os olhos e procure relaxar, deixando a mente tranquila.
4 – Inicie o exercício comprimindo suavemente a narina direita com o polegar e
exalando pela narina esquerda. Inale suavemente pela narina esquerda e fechea
com os
dedos médio e anelar, exalando suave e lentamente pela narina direita. Inale pela narina
direita, repetindo o processo de alternar as narinas durante cinco minutos. Depois,
recostese
e permaneça de olhos fechados por dois ou três minutos. Lembrese
de iniciar
o exercício exalando e terminar inalando, de modo suave e normal
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Realizado diariamente, o exercício de respiração polarizada traz uma sensação de
equilíbrio, serenidade e bemestar,
que tende a crescer à medida que se aperfeiçoa ao
método com a prática constante.
Os cinco tipos de prana
14. 1 – Prana – Concentrase
no cérebro e movese
para baixo, governando a respiração.
Está ligado à inteligência, à sensibilidade, às funções motoras primárias. Penetra no
corpo pelo chakra da coroa, situado no alto da cabeça e, pela inspiração do ar passando
pelas narinas. É o principal tipo de energia cósmica.
2 – Vyana – Concentrase
no coração. Age no corpo inteiro, governando o sistema
circulatório, as articulações e os músculos. É captado do ar inspirado nos pulmões e da
energia dos alimentos.
3 – Samana – Concentrase
no intestino delgado; governa o aparelho digestivo e é
captado principalmente pela energia vital dos alimentos vivos (sementes, frutas, etc.).
4 – Udhana – Concentrase
na região da garganta e governa a fala, o teor da voz, a força
vital, a força de vontade, o esforço, a memória e a exalação de ar. É captado sobretudo
da energia que advém do chakra da garganta.
5 – Apana – Concentrase
no baixoventre,
governando a evacuação, a micção, a
ejaculação, o fluxo menstrual e o processo do parto. É captado pelos chakras localizados
na base da coluna e nos órgãos genitais.
Os três canais de energia
O pranayama é uma técnica para equilibrar a energia vital, que, ao penetrar no
organismo, polarizase
num aspecto negativo ou positivo (o Yin e o Yang da medicina
cninesa).
Entrando pelas narinas, o prana polarizado percorre inicialmente os canais
principais de energia localizados ao longo da coluna vertebral. Esses canais são também
polares e, segundo o Ayurveda, recebem os nomes de Ida, Pingala e Sushuma, este o
canal central e o mais importante dos três. Ida, ou canal lunar (negativo), iniciase
na
narina esquerda e desce serpenteando ao longo da coluna vertebral em volta de
Sushuma. Pingala, o canal solar (positivo), iniciase
na narina direita e acompanha
simetricamente Ida. Cada um carrega energias prânicas que se polarizam a partir das
narinas. Juntos, os três canais formam uma imagem que se assemelha a duas serpentes
harmoniosamente enroscadas numa haste; dessa figura originouse
o tradicional
caduceu de Mercúrio, que simboliza a medicina.
Este é na verdade, o antigo símbolo da medicina tibetana, cujos procedimentos
visam a restauração por meio do reequilíbrio das energias prânicas nos três canais
principais do organismo. Para a antiga medicina tibetana, não apenas as doenças físicas,
mas inclusive as de carácter psíquico ou mental são provocadas por alterações
energéticas nesses canais. A partir deles toda a energia vital é distribuída para o
organismo e é através deles, ainda, que os centros de energia, ou chakras, se
comunicam. Assim, toda a energia emocional não somente é influenciável pelos três
canais, como também – e principalmente – os influencia.
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Flores num Campo Quântico
Quase ninguém questiona o facto de que o seu corpo teve um começo e se
aproxima inexoravelmente de um fim. Mas estas ideias são crenças culturais e não
15. factos absolutos. O corpo humano não tem começo e fim definidos, está constantemente
recriandose
a cada dia.
Se estamos constantemente a nos criarmos, nunca é tarde para começarmos a
formar os corpos que desejamos, em vez de cometermos o engano de continuarmos
presos aos que já temos. Realizamos um acto criativo cada vez que respiramos. As
moléculas do ar são caóticas e dispersas ao acaso, mas quando entram no nosso corpo
adquirem, como por magia, um propósito e uma identidade. Que acto poderia ser mais
criativo? Vejamos o que acontece com um único átomo de oxigénio quando respiramos.
Em poucos milésimos de segundo, ele atravessa as membranas húmidas e quase
transparentes dos pulmões, aderindo à hemoglobina no interior de das células vermelhas
do sangue. Nesse instante ocorre uma notável transformação. A célula, que era de um
tom azulescuro,
quase negro pela falta de hemoglobina, muda de cor com essa
substância, adquirindo um tom vermelhoclaro
e brilhante; o átomo de ar que vagava a
esmo, transformase
subitamente em nós próprios. Ele acaba de cruzar o limite invisível
entre algo sem vida e o que vive sessenta segundos depois, o mesmo átomo, o mesmo
átomo de oxigénio completará um circuito pela corrente sanguínea por todo o nosso
corpo. Nesse período, quase metade do oxigénio do corpo sairá do sangue para se
transformar numa célula do rim, num músculo bíceps, num neurónio ou noutro tecido
qualquer. O átomo permanecerá nesse tecido durante um período que pode variar entre
poucos minutos e um ano, realizando todas as funções de que somos capazes. Um
átomo de oxigénio pode fazer parte de um pensamento feliz se aderir a um
neurotransmissor, ou pode provocar medo, ligandose
a uma molécula de adrenalina.
Pode alimentar uma célula cerebral com glicose ou sacrificarse
ao transformase
em
parte de um glóbulo branco que deve atacar uma bactéria invasora. É assim que corre o
rio da vida, o rio do corpo, fluindo com inteligência e criatividade.
Sendo a respiração o ritmo fundamental da vida e o que apoia todos os outros, a
respiração pode ser considerada o acto mais criativo do nosso corpo. A maneira correcta
de respirar cria a sintonia entre as nossas células e os ritmos da natureza. À medida que
vamos adquirindo uma respiração mais natural e refinada, ficamos mais armados com a
natureza. Muitas rotinas ayurvédicas ajudam a equilibrar a respiração. São indicados os
exercícios dos três doshas, assim como a suave respiração polarizada, ou Pranayama,
que podemos praticar diariamente durante alguns minutos. O lema é viver em sintonia
com o nosso corpo mecânico quântico. A rotina mais importante a seguir é a que
transcende, é o acto de entrar em contacto com o nosso nível quântico: Meditação
Transcendental, que deverá ser praticada todos os dias durante alguns minutos, de
manhã e à tarde. De acordo com o Ayurveda, é esse o modo de elevar a existência
comum a um plano superior. Se executarmos alguns processos correctamente, a
tendência inerente ao corpo de conservar o equilíbrio cuidará do resto.
“É nosso dever como o resto da humanidade sermos perfeitamente saudáveis, porque
somos as ondas do oceano da consciência e ao adoecermos, mesmo pouco, rompemos a
harmonia cósmica”
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Não nos podemos ver a nós mesmos como um organismo isolado no tempo e no
espaço, ocupando um metro e meio cúbico de volume e durante sete ou oito décadas.
16. Mais correcto é vernos
como um célula do corpo cósmico, com direito a usufruir
os privilégios da condição cósmica, inclusive a saúde perfeita.
Como diz outro verso védico, “A inteligência interior do corpo é o maior e
supremo génio da natureza. Ela espelha a sabedoria do cosmos”. Esse génio está no
seu íntimo, é uma parte de seu molde que não pode ser apagada. No nível mecânico
quântico não existem fronteiras nítidas que os separem do restante do universo. Estamos
todos equilibrados entre o infinito e o infinitesimal. Os memos prótons encontrados no
coração das estrelas, que vivem ao menos cinco biliões de anos, residem em nós. Os
neutrinos que penetram a cruzam a Terra em poucos milionésimos de segundo também
são parte de nós por breve instante. Nós somos; um rio fluente de átomos e moléculas
reunidos dos vários cantos do cosmo. Nós somos; um afloramento de energia formando
ondas que se espiam pelo campo unificado. Nós somos; um reservatório de inteligência
que não pode ser exaurido, pois a natureza é inexaurível.
A ideia de que o universo é um organismo que vive, respira e pensa, que seria
considerada ridícula na geração passada, talvez venha a comprovarse
como princípio
fundamental de uma ciência nova.
Se assim for, o Ayurveda logo atingirá grande proeminência como a primeira
medicina quântica do nosso tempo.
Para o homem moderno, a doença não é uma necessidade mas sim uma escolha.
A natureza não nos impôs uma bactéria ou um vírus que cause enfartes, diabetes,
cancro, artrite ou osteoporose. Essas são, em geral, dúbias criações do homem.
Este trabalho foi feito a partir da consulta e até do aproveitamento de alguns
textos, de sites sobre o tema, na sua maioria de origem indiana.