Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.Quezia Ribeiro
As fissuras labiopalatinas são as mais comuns deformidades congênitas crânio-faciais, caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante o período embrionário. Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita, crianças que apresentam fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no desenvolvimento da comunicação oral e escrita. O objetivo deste estudo foi identificar através do relato dos pais a presença de dificuldades de aprendizagem em indivíduos com fissura labiopalatina em fase de alfabetização e estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades encontradas. A metodologia utilizada foi a elaboração de um questionário composto por 13 questões, aplicado a pais de 11 crianças com fissura labiopalatina que estão cursando as séries iniciais do ensino fundamental. Os resultados demonstraram que os pais de 5 (45,4%) crianças com fissura relataram existir queixas dos professores quanto a dificuldade no desempenho escolar de seus filhos, sendo que 36,3% dessas são referentes às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos, e 27,2% referente à escrita. Relacionando o tipo de fissura com a presença de dificuldade observamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar (81,8%) dos filhos. Concluiu-se que 45,4% das crianças com fissura labiopalatina apresentam dificuldades no desempenho escolar, sendo a maioria dos relatos referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos e desatenção. Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura labiopalatina. Sugerimos um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.
roteiro e ilustração: Pedro Sarmento - Este livro é um desdobramento do Projeto Conclusão do curso de Design da PUC-Rio. Teve como orientador Gonçalves Gamba Junior e, como tutor, Marcelo Pereira.
roteiro e ilustração: Pedro Sarmento - Este livro é um desdobramento do Projeto Conclusão do curso de Design da PUC-Rio. Teve como orientador Gonçalves Gamba Junior e, como tutor, Marcelo Pereira.
Brincar com coisas coisas sérias de Margarida Fonseca Santos e Rita VilelaRita Vilela
É um livro ou um jogo? Começa por ser um jogo, um desafio: as escolhas conduzem o leitor, de história em história, num percurso que é seu... Histórias que estimulam o imaginário, o sonho, a fantasia… Histórias que gostamos de contar aos outros… Histórias que falam sobre realidades e problemas que conhecemos bem… Histórias que talvez façam pensar… As histórias vão mudando e, quem sabe, no fim do livro, talvez o leitor também tenha mudado… Aceita o desafio? Esta é a primeira questão que terá de responder.
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.Quezia Ribeiro
As fissuras labiopalatinas são as mais comuns deformidades congênitas crânio-faciais, caracterizadas pela interrupção da fusão dos tecidos dos lábios, rebordo alveolar superior e palato duro e palato mole durante o período embrionário. Ao entrar na escola a criança adquire muitos tipos de aprendizagem, mas a expectativa maior está relacionada ao aprendizado da leitura e da escrita, crianças que apresentam fissura labiopalatina podem sofrer discriminação pela deformidade facial e pelas alterações de fala e voz gerando limites e dificuldades no desenvolvimento da comunicação oral e escrita. O objetivo deste estudo foi identificar através do relato dos pais a presença de dificuldades de aprendizagem em indivíduos com fissura labiopalatina em fase de alfabetização e estabelecer uma possível relação entre a deformidade e as dificuldades encontradas. A metodologia utilizada foi a elaboração de um questionário composto por 13 questões, aplicado a pais de 11 crianças com fissura labiopalatina que estão cursando as séries iniciais do ensino fundamental. Os resultados demonstraram que os pais de 5 (45,4%) crianças com fissura relataram existir queixas dos professores quanto a dificuldade no desempenho escolar de seus filhos, sendo que 36,3% dessas são referentes às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos, e 27,2% referente à escrita. Relacionando o tipo de fissura com a presença de dificuldade observamos que dos 3 indivíduos com fissura pré-forame apenas 1 (33%) teve relato dos pais de dificuldade no desempenho escolar. A maioria dos pais não acredita que a fissura interfira nem na frequência (72,7%) nem no desempenho escolar (81,8%) dos filhos. Concluiu-se que 45,4% das crianças com fissura labiopalatina apresentam dificuldades no desempenho escolar, sendo a maioria dos relatos referente às dificuldades em leitura e cálculos matemáticos e desatenção. Em virtude do pequeno número da amostra e dos vários fatores como os ambientais, psicológicos e metodológicos, que podem influenciar na aprendizagem da criança, não foi possível estabelecer uma relação direta entre a dificuldade de aprendizagem e a fissura labiopalatina. Sugerimos um acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico, para garantir uma adequada estimulação e um bom rendimento escolar de alunos com fissura labiopalatina.
roteiro e ilustração: Pedro Sarmento - Este livro é um desdobramento do Projeto Conclusão do curso de Design da PUC-Rio. Teve como orientador Gonçalves Gamba Junior e, como tutor, Marcelo Pereira.
roteiro e ilustração: Pedro Sarmento - Este livro é um desdobramento do Projeto Conclusão do curso de Design da PUC-Rio. Teve como orientador Gonçalves Gamba Junior e, como tutor, Marcelo Pereira.
Brincar com coisas coisas sérias de Margarida Fonseca Santos e Rita VilelaRita Vilela
É um livro ou um jogo? Começa por ser um jogo, um desafio: as escolhas conduzem o leitor, de história em história, num percurso que é seu... Histórias que estimulam o imaginário, o sonho, a fantasia… Histórias que gostamos de contar aos outros… Histórias que falam sobre realidades e problemas que conhecemos bem… Histórias que talvez façam pensar… As histórias vão mudando e, quem sabe, no fim do livro, talvez o leitor também tenha mudado… Aceita o desafio? Esta é a primeira questão que terá de responder.
O seminal poeta curitibano Paulo Leminski é autor, dentre outros, do livro Distraídos Venceremos. Tal título ou expressão singular me veio à memória ao refletir sobre o volume que o leitor agora tem em mãos: Foi sem perceber ou dar-me conta, assim, distraidamente, que cheguei a este meu décimo livro de poesias. A surpresa deve-se ao fato de que sempre consegui maior prazer atuando como antologista e editor do trabalho alheio do que focalizando minha produção autoral, que correu como que por fora, nesses pouco mais de vinte anos de atividade literária.
Neste Cartas e Retornos, o leitor perceberá que busquei construir fundamentalmente um livro de adjetivações, frutos – ou sementes? – de uma poesia onírico-descritiva, arte/artesanato sequencial de definições poéticas sobre temas ou objetos variados, os “destinatários” aos quais as cartas fazem referência.
Nessa busca de comunicar a magnificação de cada destinatário, não apenas imagens, mas, fazendo jus à licença que pesa sobre os poetas, palavras precisaram ser criadas, seja em neologismo, seja numa das muitas outras formas de parto de palavras que nossa língua conhece e experimenta. Um experimentalismo não de sabor insosso como por vezes vemos sendo praticado mas, sim, uma prazerosa peregrinação em busca do surpreendente – amparada em palavras e expressões que o suportem.
Desde muito jovem tomei para mim uma assertiva do filósofo brasileiro Vilém Flusser: “A poesia aumenta o campo do pensável”. Deste esforço de expandir percepções, de aumentar as formas de bombear de um coração com o sangue dos signos, jamais pude me libertar, malgrado minhas humildes possibilidades criativas.
Às mais de cinquenta Cartas, diversas, como dito, em tema ou objeto, seguem-se alguns Retornos: Poemas de maior hermetismo, onde o jogo de luzes e sombras (chiaroscuro) ganha maiores ares. O livro se conclui com poemas outros, de variada temática e envergadura.
Que este humilde livro possa, com sua carga onírica e algo perturbadora, balançar alegremente suas percepções e empurrá-las, assim, como quem não quer nada, para a expansão.
Esta é uma obra de domínio publico.
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É também permitido copiar, mostrar, baixar, distribuir, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto ou ilustração deste volume, em qualquer meio eletrônico ou físico, bem como criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, textos ou documentos sem o consentimento do autor, sendo recomendado, entretanto, que se evite sua comercialização.
Uma cópia digital para livre download está disponível no site www.alemdauti.com.br
A poesia sopra onde quer. Tentar aprisioná-la é priva-la de sua liberdade.
Simples assim:
A palavra, depois de escrita, não tem dono,
Se fica guardada, não tem serventia,
Guardar a palavra é condená-la ao abandono,
Guardar a palavra é subtrair-lhe a poesia...
A palavra, se guardada, é um Rei sem trono,
É um Pedro Alvares Cabral sem a Bahia.
Mas uma vez espalhada, perde o sono,
Disseminada, cai na folia...
Compartilhar a palavra é um mandamento
Que permite à palavra o livramento
E que tempera a palavra com alegria...
Compartilhar a palavra, incondicionalmente,
É permitir-lhe a liberdade inconsequente,
É entregar-lhe a sua carta de alforria...
Dr. Luis Alberto Mussa Tavares
Qual o lugar conferido pela clínica psicanalítica, inspirada em Lacan, ao que é da ordem da intensidade, do afeto e do valor quantitativo? Afastando-se daquilo que certamente funciona bem no programa conhecido como “retorno à Freud”, o objetivo deste livro é colocar à prova temas psicanalíticos “esquecidos” pela tradição lacaniana. A noção proposta de cálculo neurótico do gozo coloca-se, assim, como uma alternativa à oposição consagrada entre clínica do significante (o primeiro Lacan) e a clínica do Real (último Lacan). Trata-se aqui de reconhecer não só as diferenças entre Freud e Lacan, mas de articulá-las por meio de um retorno à soberania da clínica, com o consequente rigor do caso e exigência do conceito.
Nota dos autores
Somos adeptos do estilo "Romance" dentro da Literatura.
É uma agradável e consistente maneira de aprender.
Esperamos que nossos leitores apreciem esta leitura passo a passo,
momento a momento, tanto a história quanto os ensinamentos dela.
Esta série — composta por "Filho do Fogo" volumes I e II e "Guerreiros
da Luz" volumes I e II, em associação ao livro de estudo "Táticas de
Guerra", — condensa de maneira diferente os princípios da Batalha
Espiritual e do forjar do Caráter Cristão. Tanto se destina aos Cristãos
em geral, quanto àqueles cujo chamado é específico para a Guerra.
Embora extensa, desejamos-lhe uma boa leitura!
2. Todos os direitos reservados à editora.
Publicado por Giz Editorial e Livraria Ltda.
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E-mail: giz@gizeditorial.com.br
Tel/Fax: (11) 2925-4129
5. Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
(Tom & Vinícius)
6.
7. Sumário
livro i. Eva ..................................................................................... 9
capítulo i A primeira vista .................................................................... 11
capítulo ii Enamorados ......................................................................... 19
capítulo iii Comprometidos ................................................................. 31
capítulo iv Prometidos .......................................................................... 41
capítulo v Noivando .............................................................................. 51
capítulo vi Sr. e Sra. Martin .................................................................. 59
capítulo vii Família ................................................................................ 69
capítulo viii Aflições .............................................................................. 75
capítulo ix Esperança ............................................................................ 83
capítulo x Luzes que se acendem ......................................................... 87
capítulo xi Luz que se apaga ................................................................. 93
capítulo xii Luto ................................................................................... 101
livro ii. Fernanda e Luiza .................................................... 109
capítulo xiiiRenascença...................................................................... 111
capítulo xiv Infância Perdida.............................................................. 121
capítulo xv Debutantes ........................................................................ 133
capítulo xvi O primeiro amor ............................................................ 145
capítulo xvii Voo Solo ......................................................................... 157
capítulo xviii Paixões de Luiza ........................................................... 167
capítulo xix A Carta............................................................................. 185
capítulo xx Triângulo .......................................................................... 191
capítulo xxi Formatura ........................................................................ 205
8. capítulo xxiiRompimento .................................................................. 217
capítulo xxiiiReencontros .................................................................. 227
capítulo xxiv Despedidas .................................................................... 237
livro iii. Fernanda .................................................................. 263
capítulo xxv Lágrimas solitárias......................................................... 265
capítulo xxvi Matheus Filippo ............................................................ 271
capítulo xxvii Amigos .......................................................................... 283
capítulo xxviii Amantes....................................................................... 293
capítulo xxix Diversão ......................................................................... 301
capítulo xxx Luigi................................................................................. 319
capítulo xxxi Amigos para sempre .................................................... 325
capítulo xxxii Vida Nova ..................................................................... 343
capítulo xxxiii Saudades ...................................................................... 367
capítulo xxxiv “Nanda e Matheus... ................................................... 373
capítulo xxxiv Por toda a minha vida ................................................ 379
11. capítulo i
A primeira vista
MARIA EVA DE ALBUQUERQUE RAMOS, A FILHA CAÇULA DE
UMA tradicional família portuguesa, foi a quinta gestação de Laura
após dar a luz cinco meninos. O nome, promessa e homenagem às
duas mulheres mais importantes da Bíblia, Maria e Eva; o ano, 1944.
Laura sempre teve a cabeça à frente de seu tempo, e sonhou
para a única filha um futuro promissor, com uma carreira brilhante,
muitas viagens, domínio de outros idiomas, amizades interessantes...
E somente quando a maturidade chegasse, um amor verdadeiro, mas
que fosse escolhido por ela, e não um casamento arranjado.
Mãe amorosa e determinada, Laura dedicava grande parte de
seu tempo lendo e tocando piano para a filha, dividindo com a meni-
na a paixão pela literatura e pela música.
Mas, de tudo que Laura ambicionou, a única vontade atendi-
da pela filha foi escolher, ela mesma, aquele que seria o dono de seu
coração. Maria Eva conheceu e irremediavelmente se apaixonou por
Luiz Augusto. E não houve quem removesse de seus pensamentos a
ideia de se casar com a maior urgência possível, por acreditar que a
diferença de dez anos colocaria em risco a união ao exigir que ele a
esperasse cursar a universidade, como almejava sua querida mãe.
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12. Eliana Portella
E com apenas dezessete anos caminhou para os braços de seu
grande amor, com as bênçãos do pai, Fernando de Almeida Ramos, e
dos irmãos, que acreditavam ser o matrimônio o melhor futuro que
a vida poderia reservar a uma mulher. Não havia, no entanto, para o
alívio do coração apertado de Laura, como contestar. Maria Eva foi
a noiva mais linda e feliz que a tranquila cidade do interior de São
Paulo já assistira. À Laura só restava rezar para que aquele amor arre-
batador fizesse feliz sua única menina.
Luiz Augusto Herrera Martin, advogado formado com honras na
mais bem conceituada universidade do país, vinha de família tradicional,
recebeu excelente educação e frequentou as mais altas rodas da socieda-
de. Administrava com êxito as fazendas da família que o pai lhe delega-
ra de olhos fechados, confiando na competência e dedicação do filho.
A primeira vez que seus olhos se encontraram fora num baile
de máscaras promovido por Maria Dolores Prado, uma rica comer-
ciante e amiga de ambas as famílias. Maria Eva trajava um vestido
vermelho de renda que realçava maravilhosamente a pele alva e os
cabelos ruivos, os olhos azuis percorriam ansiosamente todos os can-
tos do salão, o peito arfava, tamanha a emoção de estrear na famo-
sa e disputada noite paulistana... E de repente lá estava ele, elegante,
misterioso e lindo, trajando um fraque de corte fino, bem ajustado ao
tronco musculoso, curto na frente e com longas abas atrás, o que o
deixava ainda mais imponente.
Os olhares enfeitiçados e atraídos pelo brilho entusiasmado que
refletiam suas almas enamoradas fixaram-se sem um mínimo de pu-
dor. Maria Eva sabia que deveria baixar os olhos em sinal de discri-
ção, mas hipnotizada elevou ainda mais o pescoço longilíneo mesmo
quando Luiz Augusto marchou em sua direção, encurtando apressa-
damente o espaço entre eles.
E quando a alcançou, ela se aproximou o suficiente para que ele
lhe percebesse a respiração acelerada e o arfar do colo translúcido que
se movimentava ao rítmo do coração descompassado. Sem maiores
cerimônias tomou-lhe a mão esquerda e a levou aos lábios antes mes-
mo de se apresentar e convidá-la a dançar com ele no salão em frente
à orquestra.
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13. maria
— Senhorita, permita apresentar-me, Luiz Augusto Herrera
Martin, encantado! Me daria o prazer desta dança?
A formalidade um tanto quanto exagerada deixou-a ainda mais
desejosa.
— Aceito! — respondeu sem ao menos apresentar-se.
E seguiram de braços dados ao encontro dos outros casais que
giravam no espaço reservado ao baile.
— Ainda não sei o nome da jovem.
— Maria Eva... de Albuquerque Ramos.
Ele a encarou por um breve instante, avaliando o rosto femini-
no e de traços perfeitos por trás da máscara vermelha enfeitada com
pequeninos paetês.
— Hum... peculiar!
— Não sei se agradeço, pois não me parece bem um elogio...
— Um nome inesquecível, assim como seus olhos!
— Ah! Agora sim... obrigada! — mas ainda havia reticências
em sua voz
— O que foi? Minhas palavras não a agradaram?
Eva baixou levemente os olhos, fingindo contrariedade antes de
contestar.
— Talvez... mas refiro-me às palavras ainda não ditas...
Essa atitude arrancou de Luiz Augusto, fervorosa gargalhada.
— Vejo que a jovem é mimada, acostumada a elogios.
Eva estancou diante de tamanha grosseria, livrando-se com ve-
emência dos braços que a envolviam.
— Com quem pensa que está falando? Convida-me a dançar
para ofender-me? Saiba que não necessito de tão desagradável com-
panhia... Agora, com sua licença...
Mas, antes que fugisse, Luiz Augusto tomou-a novamente nos
braços com firmeza para que não mais escapasse.
— Perdoa-me, senhorita, por favor! Estava brincando...
Ele aplicou a maior suavidade que pôde na voz e nos olhos, em con-
traste com as mãos e braços que enrijeciam ao redor da cintura fina de Eva.
Com os olhos marejados, ela se recompôs e dedicou enorme
esforço ao oferecer-lhe um sorriso.
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14. Eliana Portella
Luiz Augusto notou de imediato o quanto a havia magoado por
tão pouco, os lábios trêmulos e as maçãs do rosto ruborizadas revela-
vam a sensibilidade que habitava a jovem que o fascinara em curtíssi-
mo espaço de tempo e convivência.
Ele a conduziou novamente a acompanhar o ritmo da melodia e,
abraçando-a um pouco mais, ofereceu-lhe o peito, onde ela gentilmente
repousou o rosto, para não mais vislumbrar a tristeza daqueles olhos que
minutos antes ofuscavam tudo ao seu redor brilhando mais que estrelas.
Esperou que ela se acalmasse e então com a ponta dos dedos
elevou com delicadeza o queixo pequenino para que pudesse admi-
rar-lhe o belo rosto.
— Posso me desculpar novamente?
— Gentileza nunca é demais.
— Então me permita dizer que, após viajar pelos mais distantes
lugares do Brasil e do mundo, sinto que finalmente encontrei aquela
que me roubou todos os olhares e atenção.
— Acredita em amor à primeira vista? — perguntou desconfiada.
— E por que não? Não seria o coração um ser independente
com alma própria?
Ela sorria novamente e ele dispendeu esforço sobre-humano
para não roubar-lhe um beijo. Parecia enfeitiçado.
Ainda o contemplava sem dizer uma única sílaba. E no olhar
trazia a desconfiança.
— Se veio acompanhada por seus pais, gostaria de conhecê-los.
Verás que não estou exagerando.
— E por que acha que não estou acreditando na veracidade de
suas confissões?
— Por que sorri zombeteira.
— Interpreta mal, muito mal os gestos de uma mulher.
— E o que me diz, então?
— Digo que vou apresentá-lo com a maior urgência.
— Urgência? — questionou já desconfiando da resposta.
— Sim... afinal, quanto antes conhecerem meu pretendente...
Ouvi-la pronunciar o título a que o elegia fez com que perdesse
a compostura e a puxasse imeditamente ao encontro de seus lábios.
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15. maria
Eva, apesar de insegura, retribuiu o beijo com paixão. Aquela sem
dúvida era uma noite de estreias, e ela não deixaria escapar nenhuma
que fizesse tão bem ao seu coração.
— Se sou seu pretendente, tenho direito de beijá-la. — afirmou
orgulhoso.
Depois, oferecendo-lhe o braço, pediu que o conduzisse ao lo-
cal onde conheceria os futuros sogros.
Percebeu que ela tremia enquanto caminhavam com os braços
entrelaçados e parou para tentar acalmá-la. Nesse momento percebeu
que ainda usavam as máscaras sobre os olhos.
— Espere... precisamos tirar nossas máscaras.
Eva suspirou antes de responder:
— Mas por quê? Estou adorando usar a minha, e todos estão
usando máscaras...
— Qual o problema? Teme que eu veja seu lindo rosto?
— Talvez...
— Preste atenção, eu não posso ser apresentado aos seus pais
sem mostrar totalmente o rosto. Acabamos de nos conhecer e princi-
palmente seu pai precisa saber das minhas intenções.
— Está bem — ela concordou a contragosto e ainda insegura
elevou sua máscara até o ponto mais alto da testa na altura da raiz dos
cabelos.
A expressão que se formou no rosto de Luiz Augusto aliviou
instantaneamente o coração de Maria Eva. Ele desmonstrou estar ma-
ravilhado com a descoberta. E de fato estava. Os olhos azuis eram
moldados por longos e espessos cílios e as sobrancelhas perfeitamen-
te bem delineadas contornavam em total harmonia o semblante an-
gelical da menina.
— Linda!
Ela, que minutos antes exigia elogios, agora baixava os olhos
ruborizada.
— Agora é a sua vez... — falou com timidez.
Luiz Augusto, deliciando-se com a nova atitude da linda jovem,
suspendeu sem cerimônia e com total segurança a máscara negra que
escondia parte de seu rosto.
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16. Eliana Portella
Então foi a vez de Maria Eva confirmar a beleza e os encantos
do homem à sua frente, a pele morena clara, os olhos de um verde
profundo, os cílios e as sobrancelhas cheias na mesma cor castanha
escura quase preta, os cabelos lisos e brilhantes, o queixo quadrado
e as covinhas que surgiam davam-lhe a masculidade na dose certa.
Encarou-o com os lábios entreabertos e ele novamente pensou em
beijá-la, mas poupou-a da exposição temendo que possíveis conheci-
dos interpretassem mal a postura daquela que tomou a posse de seu
coração de conquistador.
Novamente estendeu-lhe o braço e seguiram ansiosos ao local
onde os Ramos conversavam animadamente com a anfitriã.
Laura foi a primeira a identificar o casal e imediatamente perce-
beu o clima que os envolvia. Em princípio aprovou a escolha da filha:
“Que belo rapaz Eva escolhera para ser seu par em seu primeiro bai-
le!”, mas seus pensamentos logo se encheram de preocupação quando
se deu conta de que eles vinham ter com a família.
Maria Eva tomou a frente e limpou a garganta antes de se dirigir
ao pai:
— Papai, preciso lhe apresentar meu novo... conhecido.
E com total confiança Luiz Augusto estendeu a mão:
— Muito prazer senhor Ramos, Luiz Augusto Herrera Martin.
— O prazer é todo nosso, senhor... Herrera Martin! — respon-
deu Fernando enquanto buscava na memória a lembrança do sobre-
nome.
— Agora quero que conheça minha mãe, a Sra. Laura de Albu-
querque Almeida e os meus irmãos e cunhadas.
Luiz Augusto assustou-se com a família tão numerosa, mas
procurou dissimular:
— Encantado Dona Laura, que bela família a senhora possui!
— Muito obrigada, senhor Luiz Augusto! Mas responda-me...
está só, ou seus pais também estão presentes?
— Infelizmente não poderei apresentá-los hoje, pois estão na
Europa visitando parentes. Mas não faltará oportunidade, prometo.
Nesse momento Maria Dolores entrou no assunto:
— Meus caros, deixem-me informá-los, Augusto é uma joia
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17. maria
rara, formado com êxito na melhor faculdade de direito, também es-
tudou na Europa, onde aprendeu o francês e o inglês, além da exten-
são de seu curso superior.
— Por favor Dona Dolores, assim me constrange.
Ao que a senhora anfitriã deu de ombros e continuou:
— Que nada! O que é sucesso deve ser comemorado. Os pais de
Augusto têm motivos de sobra para orgulhar-se de seu primogênito.
O menino é prodígio, esperamos que o irmão Luiz Gustavo tenha
herdado a mesma aptidão para os estudos e negócios.
— Dona Dolores, por favor!
— Está bem, está bem...
A expressão antes desconfiada de Fernando agora assumira um
tom de simpatia explícita.
— E como se chamam seus pais? — perguntou com real inte-
resse.
— Diego e Carmem.
— Diego Herrera Martin... sabia que havia reconhecido o so-
brenome.
— Apresente ao seu conhecido o restante da família como se
deve, minha filha — interrompeu a mãe
Maria Eva, que acompanhava tudo em silêncio, procurando
aprovação em todos os rostos, virou-se para os irmãos começando
pelo mais velho e sua esposa:
— Vamos começar pelo mais velho; Pedro e Aurora, Paulo e
Ana, Thiago e Tânia, Felipe e Fernandinho. São todos meus irmãos.
Sou a única menina.
— Então eu estava certo quando afirmei que era mimada... a
única menina — brincou Luiz Augusto enquanto lhe tocava levemen-
te a ponta arrebitada do delicado nariz com a ponta do indicador.
Todos perceberam naquele momento que eles seriam, em bre-
ve, mais que simples conhecidos. Era transparente como o cristal a
paixão que os arrebatara.
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