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Conceitos 
Enquadramento europeu 
Estudo de projetos análogos 
Índice 
1
1. Resíduos de Construção e Demolição..................................................................................... 3 
2. Conceitos e definições: Reutilização | Desconstrução............................................................. 3 
3. Panorama de diferentes países europeus: Enquadramento político, legislativo e normativo. 4 
3.1. Cenário atual na União Europeia.......................................................................... 4 
3.2. Holanda................................................................................................................ 6 
3.3. Dinamarca.............................................................................................................6 
3.4. Alemanha..............................................................................................................7 
3.5. França................................................................................................................... 7 
3.6. Espanha................................................................................................................ 8 
4. Panorama de Portugal: Enquadramento político, legislativo e normativo...............................9 
5. Vantagens e desvantagens da Reutilização de Materiais....................................................... 13 
6. Vantagens e desvantagens da Desconstrução........................................................................13 
7. Desafios da Desconstrução.....................................................................................................15 
8. Viabilidade da Desconstrução................................................................................................ 16 
9. Estudo de Projetos Análogos ao Repositório de Materiais.....................................................16 
9.1. Casos de estudo 1: Venda de madeira recuperada.............................................17 
9.2. Casos de estudo 2: Venda de materiais recuperados.........................................19 
9.3. Casos de estudo 3: Organizações sem fins lucrativos de aquisição e troca de 
materiais usados.................................................................................................................... 21 
9.4. Casos de estudo 4: Centros de desconstrução e de formação............................27 
10. Bibliografia........................................................................................................................... 28 
1. Resíduos de Construção e Demolição 
O setor responsável pela produção de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) em 
Portugal e na Europa é o da construção civil, com uma produção anual estimada de 100 
milhões de toneladas. (Pinto, 2013: p. 4) 
2
O cumprimento ambiental deste setor é de difcil controlo e fiscalização pelo caráter 
geográfico disperso e provisório das obras. As caraterísticas dos resíduos do setor da 
construção possuem grandes constrangimentos relacionados com a deposição não controlada, 
de difcil quantificação e o recurso a sistemas de tratamento de fim de linha. (Idem, p. 4) 
Os objetivos nacionais e comunitários são incompatveis com estas práticas 
ambientalmente indesejáveis e portanto revela-se imprescindível a preparação de legislação 
específica para o fluxo dos RCD. (Idem, Ibidem) 
O DL nº 178/2006, de 5 de Setembro define o que são Resíduos de Construção e 
Demolição (RCD), como todos os resíduos provenientes de construções, reformas, 
manutenções e demolições de edifcios e infraestruturas, especificando quais. Estes resíduos 
têm caraterísticas intrínsecas, são muito diversificados e heterogéneos, podem corresponder a 
qualquer um dos materiais que integra a construção de um edifcio ou infraestrutura, restos de 
embalagens e ainda outros materiais utilizados durante a realização da obra. (Idem, Ibidem) 
A composição destes resíduos é muito inconstante devido a fatores como a sua origem 
(construção, reabilitação, demolição), as práticas de construção e a época da infraestrutura 
demolida. (Idem, Ibidem) 
2. Conceitos e definições: Reutilização | Desconstrução 
Reutilização directa – é a utilização repetida de um elemento, produto, componente 
ou material para a mesma finalidade que a sua utilização inicial. Esta categoria inclui qualquer 
tipo de pequenas alterações feitas aos materiais para que estes continuem a desempenhar a 
sua função inicial (como por exemplo, diferentes acabamentos, retoques de cor, alterações no 
tamanho, etc.). 
Reutilização indirecta – é a aplicação do elemento, produto, componente ou material 
usado com uma finalidade diferente para a qual foi concebido. Esta categoria inclui todos os 
materiais que foram alterados de forma a desempenhar as suas novas funções que, por vezes, 
implicam a combinação de um ou mais elementos podendo estes ser de reutilizações directas 
ou indirectas, novos ou usados. (Silva, 2011: p. 4) 
Desconstrução | Demolição seletiva – desmantelamento cuidadoso, possibilitando a 
recuperação dos materiais, promovendo a sua reutilização e reciclagem. Esta técnica possui 
grandes hipóteses de crescimento, devido ao aumento de demolições de edifcios, de obras de 
reabilitação e de preocupações ambientais, existindo a necessidade de valorização de 
3
resíduos. A sustentabilidade na construção tem sido objeto de estudo nos últimos anos, assim 
como minimizar a produção de resíduos. 
3. Panorama de diferentes países europeus: Enquadramento político, legislativo e 
normativo 
A crescente produção de RCD na Europa levou à necessidade de criação de diretivas, 
com o objetivo de governar as atividades que possam vir a causar prejuízos ao meio ambiente 
e à saúde pública devido à deposição descontrolada, sem triagem na origem dos resíduos e aos 
depósitos ilegais. 
Não existe legislação específica na Europa para os RSC, apenas regulamentos e 
diretivas direcionadas para a fiscalização, reutilização e triagem em obra. Neste contexto 
muitos países da União Europeia decidiram criar a sua própria legislação. No entanto, existe 
uma lacuna clara em diversos países, como é o caso de Portugal, que aprovou só em 2008 
legislação específica, estando ainda no início de um longo percurso até que se consiga 
melhores práticas e se alcance os resultados ambicionados. (Teixeira, 2013: p.21) 
3.1. Cenário atual na União Europeia 
Como referido, não existe legislação específica na Europa, assim, a primeira diretiva 
europeia surge em 1975, diretiva 75/442/CEE, criada com o objetivo de acautelar a eliminação 
de resíduos, protegendo a saúde humana e o ambiente, harmonizando a legislação europeia, 
incentivando a recuperação de resíduos e a sua reutilização de forma a proteger os recursos 
naturais. (Idem, ibidem) 
Em 1991 entra em vigor uma nova diretiva, a diretiva 91/156/CEE, elaborada com o 
intuito de “garantir a correta eliminação dos resíduos, promovendo a sua prevenção, 
harmonizar a legislação a nível europeu, criando uma terminologia comum e uma definição de 
resíduos, encorajar a reutilização e a reciclagem dos resíduos como alternativa aos recursos 
naturais, assegurar que os estados membros da UE se tornem autossuficientes no que se 
refere à eliminação dos resíduos. Em 2006 foi publicada a diretiva 2006/12/CE, que revoga a 
diretiva 75/442/CE” (Pinto, 2013, p. 19) 
Publica-se em 2008 a diretiva 2008/98/EC, com os mesmos objetivos das anteriores, 
introduzindo a distinção entre valorização e eliminação, resíduo e não resíduo, clarificando as 
definições vigentes, reduzindo a utilização dos recursos naturais e propiciando a aplicação 
prática da hierarquia de gestão de resíduos e, assim, a prevenção de resíduos é a primeira 
4
prioridade e a reutilização e reciclagem deverão ter prioridade em relação à valorização 
energética dos resíduos. Desta forma, a UE passa a ter uma política que privilegia os usos 
desses resíduos como subprodutos de modo a poupar os recursos naturais. (Idem, ibidem) 
Este ano foi lançado o novo programa-quadro comunitário de investigação e inovação 
da União Europeia, o Horizonte 2020, dispondo de um total de 77 mil milhões de euros para 
sete anos, período 2014-2020, é o maior instrumento da Comunidade Europeia 
especificamente orientado para o apoio à investigação, através do cofinanciamento de 
projetos de investigação, inovação e demonstração. O apoio financeiro é concedido na base de 
concursos em competição e mediante um processo independente de avaliação das propostas 
apresentadas. 
A Eficiência energética, energia de baixo carbono competitiva e ‘smart cities and 
communities’ são três das 12 áreas que vão poder beneficiar de 15 mil milhões anunciados 
para o financiamento de projetos no âmbito do Horizonte 2020 para os próximos dois anos e 
cujo período de candidaturas já está aberto. 
O Horizonte 2020 tem três pilares de ação prioritários: 
Pilar I – Excelência Cientfica (com cerca de 32% do orçamento total); 
Pilar II – Liderança Industrial (correspondente a cerca de 22% do orçamento); 
Pilar III – Desafios Societais (com cerca de 39% do orçamento total). 
Neste último estão incluídas as temáticas da energia, ambiente, ação climática, 
transportes e eficiência na utilização dos recursos e das matérias-primas, para os quais a 
Comissão aloca 2,8 mil milhões a serem utilizados durante o próximo ano. 
O objetivo do Horizonte 2020 é estimular a economia europeia com base no 
conhecimento e abordar questões que farão a diferença na vida das pessoas. 
3.2. Holanda 
O sistema holandês é muito organizado e o mais avançado de toda a EU. Os objetivos 
criados em 1990 e até 2000 para a reciclagem de RSC foram que foi de 90%, foram atingidos 
em 1999. (Teixeira, 2013: p.25) 
As medidas tomadas passaram pela obrigação da triagem na origem, surgindo 
consequentemente mercados paralelos e atrativos para os produtos provenientes da 
reciclagem. Aqui, criaram condições para que as metas fossem facilmente atingidas, 
5
procurando por soluções na origem de forma a eliminar a deposição em aterro destes 
resíduos. (Idem, p.25) 
Desde 1997, que a Holanda trabalha neste sentido, segundo o Ministry of Housing, 
Spatal Planning and the Environment, foi logo proibida a deposição de RCD potencialmente 
recicláveis em aterros e mais tarde a deposição de RCD combustveis. Posteriormente em 
2001, pela dificuldade de valorização e incineração levantou-se a obrigação no caso de RCD 
combustveis e estabeleceu-se uma taxa que chega a atingir os 122€ a tonelada em algumas 
cidades do país, tornando assim mais económica a triagem e encaminhamento para 
reciclagem. (Idem, ibidem) 
Quanto aos outros países europeus, temos diversos casos de sucesso, que criaram 
iniciativas para estimular a prevenção e o reaproveitamento dos RCD que serão analisados nos 
tópicos seguintes. 
3.3. Dinamarca 
Outro exemplo de grande importância é a Dinamarca que tem como prática principal 
na gestão dos RCD a reciclagem. 
Este país introduziu alguns instrumentos muito eficazes que possibilitaram o aumento 
da reciclagem destes resíduos de 25% para 92% desde 1990. Os produtores de resíduos são 
responsáveis pela seleção e despejo dos mesmos, garantindo maior preocupação por sofrerem 
as consequências da má gestão, existe um imposto sobre a produção de resíduos. As taxas 
cobradas pelos resíduos entregues nas estações de tratamento, se estes forem separados ou 
tiverem como destino a reciclagem, são reembolsadas. Foram também tomadas outras 
medidas entre os aterros e os trabalhos de demolição que tornou a aplicação da demolição 
seletiva ou desconstrução em maior escala, mesmo quando é mais cara e demorada do que a 
demolição tradicional, porque são obtidas grandes poupanças através da redução de custos 
para o imposto sobre os resíduos, incineração dos mesmos e de maior venda de materiais 
recicláveis. (Idem, ibidem) 
3.4. Alemanha 
No seio da União Europeia a Alemanha é o país com mais produção de RCD’s, com 
cerca de 214 milhões de toneladas, no entanto é dos que tem maior taxa de reciclagem dos 
mesmos, atingindo 85% de reutilização e reciclagem. (Idem, ibidem) 
6
Os padrões definidos pela Alemanha para o tratamento de resíduos de construção são 
muito elevados, existem regulamentações extensivas e que vão muito além das exigências da 
EU e em geral são cumpridas. (Idem, ibidem) 
As principais implementações passam uma boa documentação do fluxo de resíduos, as 
exigências legais dão preferência à reciclagem e reutilização do que à eliminação e 
responsabilizaram-se donos de obra e construtores pelo adequado escoamento de resíduos. 
Esta última necessita de uma melhoria, porque os resíduos são entregues a serviços de recolha 
especializada em cada tipo de resíduo que multiplica os gastos logísticos da recolha, a 
otimização poderia passar por colocar toda a responsabilidade de tratamento e separação de 
resíduos sob a área de jurisdição de uma das diferentes especialidades ou subempreiteiros ou 
de uma empresa de recolha que prestasse serviços à obra como um todo. (Idem, ibidem) 
Na promoção para a reutilização de resíduos de construção definiu-se um conjunto de 
orientações sobre a reciclagem do Ministério Federal para o planeamento regional, construção 
e desenvolvimento urbano (“guideline recycling”). As empresas de recolha necessitam de 
várias autorizações e certificações, tal como em Portugal para serem considerados operadores 
de resíduos especializados. Existem condicionantes no depósito em aterros quanto à receção 
de resíduos misturados, ou não os aceitam, ou exigem pagamentos mais elevados. Estas 
medidas favorecem o encaminhamento de resíduos para triagens próprias, obrigando à sua 
triagem ou seleção em obra/origem e a uma demolição mais cuidada. (Idem, ibidem) 
3.5. França 
A legislação francesa é bastante incisiva na gestão de resíduos de construção, incidindo 
nas fases de produção, transporte e eliminação ou tratamento, com muitas iniciativas 
desenvolvidas nos últimos 6 anos. A implementação deste plano não é uniforme e geral, nem 
todas as cidades têm soluções previstas para os resíduos industriais e muitas vezes existe 
dificuldade em arranjar espaços livres disponíveis para as várias especialidades da construção. 
Os agentes envolvidos na recolha e acumulação apresentam às empresas soluções 
globais e específicas de tratamento de resíduos e são submetidas à mesma regulamentação 
que outras empresas de gestão de resíduos. (Idem, p. 27) 
O cumprimento da regulamentação ambiental pelas empresas tem custos, na ordem 
dos 3% a 5% do custo total da construção e tem sido desenvolvido um trabalho importante no 
que toca à integração da gestão de resíduos nos mercados privados e públicos. (Idem, p. 28) 
7
3.6. Espanha 
A Espanha tem poucos desenvolvimentos no que respeita à reciclagem de resíduos, 
apresenta uma taxa menor que 10%. Tal como Portugal, publicou apenas em 2008 legislação 
que regula a produção e gestão do fluxo específico de resíduos. (Idem, ibidem) 
Estas medidas foram tomadas como resposta ao aumento da indústria de construção e 
consequentemente ao aumento de resíduos e com perspetivas bastante pessimistas. As 
autoridades identificam como causas do reduzido aproveitamento de RCD’s: o despejo ilegal 
ou descontrolado, sem o cumprimento dos requisitos da legislação de aterro, e as baixas taxas 
de admissão em aterros autorizados, que dificultam a sustentabilidade e a rentabilidade da 
operação de estações de tratamento de RCD’s. (Idem, ibidem) 
A criação da legislação foi também despoletada pelo aumento da iniciativa pública e 
privada para a implementação de instalações de tratamento. Os avanços verificaram-se 
também ao nível da formação e sensibilização do setor. Introduziram-se taxas para a 
deposição em aterros. O Real Decreto 105/2008, de 1 de Fevereiro de 2008, é almejado como 
contributo para o desenvolvimento sustentável deste setor, aplica princípios de 
responsabilidade do produtor; prevenção de resíduos; responsabilidade entre todos os 
agentes inerentes à cadeia de produção e gestão de RCD’s. (Idem, p. 29) 
Este regulamento obriga ainda o arquitecto a um estudo sobre a gestão de RCD’s e o 
construtor a um plano de gestão de RCD’s, para posterior obtenção da licença de construção, 
exigindo a inclusão de dois dados fundamentais: quantidades de resíduos e custo do 
tratamento destes. Obriga também à triagem na origem de forma a facilitar a valorização dos 
resíduos e a proibição de deposição sem tratamento prévio, desencorajando a deposição de 
resíduos reutilizáveis. Prevê ainda a instituição de um mecanismo de controlo vinculado à 
obtenção de licenças de construção, onde o produtor, através de uma caução, garante o 
cumprimento das exigências de gestão dos RCD’s a ser produzidos no local. (Idem, ibidem) 
4. Panorama de Portugal: Enquadramento político, legislativo e normativo 
A classificação dos RCD’s tem vindo a sofrer mutações ao longo do tempo. Aprovado 
em 1997, como um dos fluxos de RSU no Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos 
(PERSU). Considerados mais tarde como Resíduos Industriais (RI), incluídos na categoria de 
Resíduos Industriais Perigosos (RIP), pelo Plano Estratégico Sectorial de Gestão de Resíduos 
Industriais (PESGRI) publicado pelo Decreto-Lei n.º 516/99, de 2 de Dezembro, revisto pelo 
Decreto-Lei n.º 89/2002 de 9 de Abril. Em 2006, com a aprovação do Regime Geral da Gestão 
de Resíduos surge a definição de “resíduo de construção e demolição – resíduos provenientes 
8
de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição e da 
derrocada de edificações.”, no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro. (Idem, p. 30) 
Um ano após é estabelecido o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), 
através da Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, referindo o Regime da Gestão de Resíduos de 
Construção e Demolição (RGRCD), ao longo de alguns artigos deste diploma. (Monteiro, 2011: 
p. 25) 
Seguidamente, através do Decreto-Lei n.º 18/2008, de 18 de Janeiro, é apresentado o 
novo Código dos Contractos Públicos (CCP), referindo várias vezes a importância do PPGRCD 
(Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos de Construção e Demolição) na gestão de RCD, em 
vários artigos deste mesmo diploma. 
Só com o pelo Decreto-Lei n.º46/2008, de 12 de Março é publicado um quadro 
legislativo específico. Este decreto, alterado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, 
estabelece o regime das operações de gestão de RCD, compreendendo a sua prevenção, 
reutilização, recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e eliminação. 
(Teixeira, 2013: p.31) 
Para atingir os objetivos presentes no DL nº 46/2008, de 12 de Março1 existem uma 
série de estratégias de prevenção que devem ser implementadas em obra: 
Figura 1: Esquema de Prevenção de RCD, Cabaço 2009 
O princípio fundamental de gestão de RCD’s do referido decreto é a prevenção da 
produção destes resíduos, com redução na incorporação de substâncias perigosas na 
construção e também o recurso à triagem na origem e a sistemas já referidos, como a 
reutilização, reciclagem ou outras formas de valorização. (Idem, p. 31) 
1 Minimizar a produção de resíduos, utilizando práticas ambientais adequadas e facilitando a 
reciclagem de materiais e produtos, de forma segura, eficiente e ambientalmente correta; Controlar os 
riscos para o ambiente, devido a uma deficiente gestão. 
9
Figura 2: Hierarquia de Gestão de RCD, Adaptado de Godinho 2011 
Segundo Pinto (2013, p.18) e citando Godinho (2011), quando a triagem não é passível 
de ser realizada, deve ser justificada, devendo encaminhar os resíduos para um operador 
licenciado, sendo assim, a hierarquia da gestão destes resíduos surge da seguinte forma: 
Figura 3: Metodologias e Práticas adotadas na Gestão de Resíduos, Adaptado de Godinho 2011 
Este decreto introduziu também uma correlação de responsabilidade na gestão de 
todos os intervenientes do ciclo de vida dos RCD’s. O artigo 3º é bem claro e define que em 
obras isentas de licença ou de comunicação prévia os RCD’s são da responsabilidade da 
entidade que gere os resíduos urbanos (normalmente as câmaras municipais). Por outro lado 
sempre que for impossível identificar o produtor do resíduo o seu responsável será o seu 
detentor. O mesmo artigo refere ainda que a responsabilidade destas entidades só deixa de 
ser vinculativa quando os RCD’s são entregues a uma entidade licenciada para o efeito. O 
quadro legislativo publicado considera a correta gestão em obra e valorização dos resíduos 
produzidos, assim como a orientação de demolições efetuadas, instituindo o princípio da 
gestão e redução na produção de RCD’s. Surge também a obrigação legal de elaboração de um 
Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos (PPGR) de construção e demolição nas obras 
públicas, onde sejam assegurados princípios gerais de gestão de RCD’s e das demais normas 
aplicáveis, tendo como responsável pela correta execução o dono de obra. (Idem, p. 32) 
Mais recentemente, o Decreto-Lei nº 73/2011, de 17 de Junho, altera o regime geral 
da gestão de resíduos e transpõe a Directiva n.º 2008/98/CE, de 19 de Novembro. Este tem 
como objetivo clarificar conceitos chave, como as definições de resíduo, prevenção, 
10
reutilização, preparação para a reutilização, tratamento e reciclagem, e a distinção entre os 
conceitos de valorização e eliminação de resíduos, com base numa diferença efectiva em 
termos de impacte ambiental, tendo também em conta a hierarquia dos resíduos como 
princípio fundamental da política de ambiente. Este diploma veio alterar os Decretos-Lei nº 
178/2006, de 5 de Setembro, e o nº 46/2008, de 12 de Março. (Monteiro, 2011: p. 26) 
Na legislação atual os resíduos classificam-se segunda a Lista Europeia de Resíduos 
(LER), que assegura uma uniformização na identificação e classificação dos mesmos, que por 
sua vez facilitam o conhecimento por parte dos agentes económicos do regime jurídico a que 
estão sujeitos (Portaria nº 209/2004, de 3 de Março). (Pinto, 2013: p. 6) 
Relativamente à utilização dos RCD’s em obra está sujeita a normas técnicas nacionais 
e comunitárias, ou às normas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) devidamente 
homologadas pelos responsáveis do governo das áreas envolvidas, nomeadamente a área do 
ambiente e das obras públicas. O DL em vigor obriga as operações de RCD’s a licenciamento e 
a deposição em aterro apenas após triagem. (Teixeira, 2013: p.32) 
Em Portugal só existe demolição seletiva quando se pretende obter os RCD com 
viabilidade de aplicação imediata, de outra forma é realizada a demolição global, que consiste 
na destruição simultânea de toda a obra, tendo como consequência resíduos heterogéneos, 
com separação à posteriori e custos muito mais elevados. (Teodoro, 2011: p.48) 
A análise de Portugal no contexto europeu respeitante aos resíduos de construção e 
demolição e seu tratamento permite concluir que foram transcritas as normativas europeias, 
mas na prática não foram criadas as devidas condições para a sua implementação. Portugal 
tem um longo caminho a percorrer, comparando com países como a Dinamarca, Holanda e 
Bélgica. 
Os problemas relacionados com os resíduos não resultam apenas da sua produção, 
mas principalmente do seu insuficiente reaproveitamento como materiais úteis, quando 
tecnicamente possível, e de alguma gestão menos adequada, que pode originar impactes 
ambientais significativos. 
Promover o fecho dos ciclos dos materiais é um aspeto fundamental para garantir uma 
gestão de resíduos mais sustentável, direcionando as perdas (materiais e energéticas) para 
novas aplicações produtivas reduzindo assim, simultaneamente, a pressão sobre os recursos 
naturais e sobre a capacidade da Natureza para regenerar os resíduos. 
11
A sociedade em geral, e a sociedade Portuguesa em particular, terão ainda um longo 
percurso para concretizar este desígnio. A sociedade contemporânea é ainda profundamente 
ineficiente na forma como usa os seus recursos materiais, sendo que atualmente apenas uma 
fração muito reduzida dos materiais constituintes dos produtos em fim de vida é reintroduzida 
no sistema económico. 
No passado dia 15 de setembro (2014) o Governo apresentou o Compromisso para o 
Crescimento Verde, que procura "estabelecer as bases para um compromisso em torno de 
políticas, objetivos e metas que impulsionem um modelo de desenvolvimento capaz de 
conciliar o indispensável crescimento económico, com um menor consumo de recursos 
naturais e com a justiça social e a qualidade de vida das populações", documento que se 
encontra em discussão pública até ao final do ano. Este projeto, Repositório de Materiais 
enquadra-se no espírito desta agenda, contribuindo para muitos dos 13 objetivos fixados e dos 
quais se destacam os objetivos 4, 5 e 6, correspondentes à promoção e eficiência no uso dos 
recursos. 
Figura 4: Compromisso para o Crescimento Verde, 2014 
5. Vantagens e desvantagens da Reutilização de Materiais 
A reutilização não é a única solução para os problemas dos resíduos, mas seria uma 
importante ajuda na sua gestão devido ao aproveitamento de matérias-primas. A reutilização 
permite aos materiais serem utilizados pelo menos uma segunda vez, quer sejam aplicados na 
mesma função ou noutra distinta. 
Monteiro (2011) refere que relativamente à reutilização dos RCD existe uma hierarquia 
associada ao potencial de reciclagem que determinado material pode ter (Brito, J., 2006).Desta 
forma podemos alinhar os materiais de acordo com a sua reutilização: 
A. Reutilizáveis em boas condições e com efeito imediato: algumas componentes 
arquitetónicas, madeira, aço e pedra. 
B. Reutilização e aplicação proveitosa após processamento: entulho (alvenaria e betão) 
e madeira. Deve-se considerar uma subdivisão em material inicialmente contaminado e limpo. 
12
Vantagens 
São diversas as razões para a recuperação e reutilização de componentes e materiais 
de construção, descrevendo-as por ordem de importância: 
  Redução do impacto ambiental causado pela construção, não requer processos 
industriais e reduz os resíduos de construção e demolição; 
  Benefcios estéticos e funcionais na utilização de matérias não-convencionais; 
  Benefcios económicos, poupança nas taxas de despejo e armazenamento, 
dedução fiscal pelas suas contribuições; 
  Ajuda de organizações ambientais e governamentais; 
  Responsabilidade ecológica. 
Desvantagens 
 Equipa Especializada; 
 Armazenagem correta; 
  Económicas pela dificuldade de remoção dos materiais ou componentes; 
  Caraterísticas dos materiais, a remoção pode provocar estragos; 
  Acaso 
6. Vantagens e desvantagens da Desconstrução 
Vantagens 
 Possibilita a reutilização e reciclagem de materiais, devido ao cuidado que é 
tido na remoção; 
 Promove inovação e tecnologia, com a existência de novos materiais de 
construção; 
 Aparecimento de um novo mercado – o de materiais usados ou reciclados, pois 
o valor de mercado para os materiais recuperados da desconstrução é maior do que 
o dos da demolição; 
13
 Gera benefcios ambientais, já que a recuperação de materiais ajuda a reduzir 
os encargos nos aterros, elimina a necessidade de gastar energia adicional no fabrico 
de novos materiais e reduz o consumo de matérias-primas; 
 Gera benefcios económicos, melhora as economias locais com a criação de 
postos de trabalho, pois é um processo que envolve uma quantidade significativa de 
trabalho, através da remoção, preparação, classificação e transporte dos materiais 
recuperados. Oferece oportunidades para as pequenas empresas a emergir; 
 Promove a sustentabilidade na construção; 
 Preserva o Património Cultural, Histórico e Arquitetónico; 
 Capta um segmento de mercado pouco explorado na reciclagem e reutilização 
de materiais de construção; 
 É exportável em materiais, formação e serviços; 
 Poderá existir benefcios fiscais envolvidos. 
Desvantagens 
 Dificuldade na remoção dos materiais, os edifcios existentes e seus 
componentes não foram projetados para serem desmontados; 
 Inexistência de ferramentas para desmontar edificações existentes; 
 Custo para utilização de aterros é muito baixo; 
 A desmontagem requer mais tempo que a simples demolição; 
 Os códigos de obra e os materiais padrão geralmente não 
incentivam/estimulam a reutilização de componentes; 
 Os custos da desconstrução ainda não são bem conhecidos; 
 Ausência de indústrias com práticas padronizadas; 
 Benefcios económicos e ambientais da prática da desconstrução ainda não 
estão bem claros. 
14
O maior entrave da desconstrução está na forma como até hoje os projetistas e 
construtores vêm as suas criações como permanentes, sem preocupação numa futura 
desconstrução. Para a superação desta barreira é necessário desenvolver-se técnicas e 
ferramentas que possibilitem a realização da desconstrução, a investigação atravessa o mundo 
e o poder público deve começar a incentivar esta prática aumentando os valores pagos para 
utilização dos aterros e proibindo a eliminação de materiais reutilizáveis. (Teodoro, 2011: p.19) 
Desde 1999, que o CIB (International Council and Innovation in Building Construction) 
em associação com o Powel Center for Construction and Environment – Universidade da 
Florida – Estados Unidos da América, possui um grupo de trabalho sobre desconstrução que 
trabalha na produção e análise de informação e programas de reutilização de materiais a nível 
mundial, promovendo a desconstrução e a reutilização de materiais como uma alternativa 
viável à demolição e aterro. Desde a criação deste grupo de reconhecido mérito internacional 
que têm vindo a ser produzidos muitos documentos e difundido muito conhecimento. 
Em Portugal a sustentabilidade na construção tem sido alvo de estudo nos últimos 
anos. 
7. Desafios da Desconstrução 
• Edifcios existentes não foram projetados para desmontagem; 
• Componentes de edifcios não foram projetados para desmontagem; 
• Ferramentas para a desconstrução de edifcios existentes geralmente não existem; 
• Os custos para eliminação dos resíduos da demolição são baixos; 
• Desmontar edifcios requer mais tempo; 
• A recertificação de componentes usados não é frequentemente possível; 
• Os códigos de obra não abordam a reutilização de componentes de construção; 
• Os benefcios económicos e sociais não são bem estabelecidos. 
8. Viabilidade da Desconstrução 
A viabilidade da desconstrução exige o envolvimento de todo o setor da construção 
civil e das autoridades. Exige também uma nova forma de projetar e de construir. O custo total 
para a desconstrução, ao contrário do que possa parecer, é em geral 30% menor que o da 
15
demolição, além de empregar mais mão-de-obra especializada, diminuir custos de transporte 
e desmonte, aterros, energia e indústria de reciclagem. 
Os arquitetos estão cada vez mais abertos ao design para desconstrução. 
Os construtores demoram a aceitar o uso de materiais reciclados e recuperados 
(perceção negativa quanto ao preço, qualidade baixa, risco alto, problemas de 
dimensionamento) 
Os consumidores vêem os materiais como de menor qualidade porém valorizam-nos 
por serem ambientalmente corretos 
Para estimular a prática da desconstrução sugerem-se iniciativas: 
 Promover e incentivar pesquisas direcionadas para o desenvolvimento de 
novas tecnologias construtivas e ferramentas para a desconstrução; 
 Desenvolver projetos a pensar num futuro onde exista a desconstrução, 
tornando as construções passíveis de desmonte e remonte; 
 Incentivar o aparecimento de um mercado para materiais e componentes 
usados; 
 Aumento das taxas cobradas para deposição de resíduos nos aterros. 
9. Estudo de Projetos Análogos ao Repositório de Materiais 
No âmbito da pesquisa efetuada sobre o assunto e procurando projetos similares ou 
que se cruzam de alguma forma com esta temática, foram estudados 14 exemplos. Dentre os 
quais dez são empresas, quatro vendem madeira recuperada e cinco vendem todo o tipo de 
materiais usados, principalmente proveniente de construções antigas e abandonadas. Quatro 
dos casos analisados correspondem a organizações sem fins lucrativos, tais como cooperativas 
e associações que adquirem e trocam materiais de construção. Por fim, como a pesquisa 
englobou também a desconstrução por estar diretamente relacionada com a forma como se 
deve recolher estes materiais que nós procuramos, analisamos um caso referente a centros de 
desconstrução e de formação para perceber a metodologia envolvida, as vantagens e 
desvantagens. 
16
9.1. Casos de estudo 1: Venda de madeira recuperada 
A B C D 
País Canadá EUA EUA EUA 
Cidade Mount Forest, 
Província de Ontário 
São Rafael, 
Estado da Califórnia 
Sede: White City, Oregon 
Escritórios: San Francisco, 
Seattle, Nova York, 
Filadélfia e Ásia 
Woodsboro, 
Condado de Frederick, 
Estado de Maryland 
População 4 757 hab 57 713 hab 5 466 hab 1 141 hab 
Densidade 
Populacional 
574,4 hab km² 1 352,95 hab/km² 1 139 hab./km² 620.5 hab./km² 
Área 8.282 km² 58,1 km² 4,8 km² 1.84 km2 
A. Nostalgic Wood 
Vendem pavimentos de madeira antiga recuperada, alguns originais, outros 
modificados. Os produtos são únicos na medida em que procuram ir de encontro às 
preferências e necessidades específicas dos seus clientes. As madeiras são secas em estufas e 
empilhadas até que seja necessário o seu corte de acordo com as encomendas. 
B. Black’s Farmwood 
Este projeto utiliza madeira recuperada e 
reciclada para transformar em pavimentos, vigas, 
paredes, móveis, entre outros. Ao longo de 15 anos, 
esta empresa familiar tem sido a principal fabricante e 
fornecedor de vigas de madeira recuperada, 
pavimentos de tábuas largas, mesas e móveis 
personalizados, tapumes de celeiro e outras madeiras. 
Fundada em 1990. Empresa certificada pela 
FSC pelo desenvolvimento de projetos LEED 
(Leadership in Energy and Environmental Design - 
Padrão para o projeto de construção verde). 
Operam num depósito de madeira recuperada e numa fábrica no norte da Califórnia. 
Os clientes vão desde residenciais, como proprietários de imóveis do tipo faça-você-mesmo 
até grandes clientes comerciais, como a Pixar, Starbucks, Sundance, e Whole Foods. 
C. TerraMai 
17
Fundada em 1991. Fornece madeira 
recuperada de todo o mundo: teca, madeiras 
africanas, asiáticas exóticas, pau-brasil, carvalho 
branco, e muitas outras espécies. Vários projetos 
comerciais e residenciais usam os seus materiais 
recuperados para pavimentos, paredes, painéis e 
decks. 
As atividades desenvolvidas por esta 
empresa são as seguintes: venda de madeiras 
selecionadas e recuperadas de todo o mundo 
através de remoagem da madeira e fabricação de novos produtos (recicla madeiras velhas), 
serviços de acabamento das madeiras diferenciados e personalizados, trabalhos 
manufaturados personalizados (perfis personalizados, tampos de mesa, bancadas, topos de 
bar, degraus de escada e muito mais.), serviços de consultoria e aconselhamento e serviços de 
armazenamento e logística de materiais de outras empresas. 
Os seus clientes são corporativos, institucionais, residenciais, comerciais e alojamentos 
turísticos. TerraMai trabalha diariamente com empresas de, como Gensler, Callison, Perkins + 
Will e outros, em projetos para a Google, a Universidade de Stanford, Ritz-Carlton, da cidade 
de Nova York, Disney e muitos outros clientes de renome mundial. 
D. Vintage Lumber 
O objetivo da Vintage Lumber é o de reutilizar madeira velha obtida a partir celeiros 
abandonados desmontados e outros edifcios agrícolas no centro de Maryland. Vendem 
madeiras selecionadas e recuperadas de todo o mundo através de remoagem da madeira e 
fabricação de novos produtos (recicla madeiras velhas). O interesse expandiu-se para um 
produto mais acabado, de largura aleatória para pranchas de pavimento de madeira. O 
mercado cresceu até se tornar nacional. 
Hoje possui um inventário de madeira antiga e nova de mais de um milhão de pés 
cúbicos, tem a capacidade de 20 mil metros quadrados por semana, é um dos maiores e mais 
respeitados fabricantes de pavimentos antigos de madeira nova remoída e rústica no país. 
Os clientes vão desde proprietários de habitações, empresas, universidades e 
organizações em todo o mundo. 
18
9.2. Casos de estudo 2: Venda de materiais recuperados 
A B C D E F 
País França Inglaterra Inglaterra EUA EUA EUA 
Cidade Méry-Corbon, 
na Baixa- 
Normandia 
L'Hôtellerie-de- 
Flée, 
Em Pays de la Loire 
Hulme, em 
Manchester 
Kensal Green, 
em Londres 
Berkley, 
Califórnia 
Nova Iorque Fairfax, 
Califórnia 
População 961 hab 
487 hab 
16, 907 hab 14 915 hab 112 580 hab Região 
Metropolitana: 
19,7 milhões 
habitantes 
7 441 hab 
Densidade 
Populacional 
126,6 hab/km2 
33 hab /km2 
7, 671 hab 
/km2 
133,10 hab 
/km2 
4 151,61 
hab/km² 
1 305,90 
hab/km² 
Área 7,59 km² 
14,77 km² 
2 204 km2 1,12 km2 45,8 km² Região 
Metropolitana: 
8,7 mil km² 
5,7 km² 
A. BCA-Matériaux Anciens 
Empresa composta por 15 profissionais experientes e especializados na recuperação 
arquitetónica e fornecimento de materiais antigos franceses. Desde 1995 BCA são 
embaixadores para o fornecimento de materiais antigos e nobres em toda a França e no 
mundo, especialmente para os EUA, Grã-Bretanha e em toda a Europa, Rússia, Oriente, 
Austrália e nova Zelândia. 
Dispõe dos seguintes produtos/materiais: lareiras antigas, objetos de arte, elementos 
decorativos para interiores e exteriores arquitetónicos, pisos de pedra antigo, piso de madeira 
recuperada. Os showrooms que possuem têm 600m2 de exposição, acrescendo ainda vários 
hectares no exterior com antiguidades de jardim, pavimentos de pedra, vigas de carvalho, etc, 
e, claro, os dois estaleiros onde se tratam todas estas peças. 
B. Insitu Manchester 
19
Foi fundada em 1984. O foco principal tem sido sempre o resgate arquitetónico de 
peças de design clássico. Foi nomeada a melhor loja de objetos em segunda mão em 
Manchester pela Creative Tourist, por ser um negócio de recuperação diferente. Especialista 
em pisos de madeira recuperada, portas, radiadores de ferro fundido, vitrais, qualquer coisa 
que pode ser salvo de locais de demolição. 
C. Retrouvius 
A Retrouvius recupera bons materiais e peças bem realizadas; por terem um valor 
intrínseco para que sejam corretamente armazenados e inteligentemente reutilizados. No 
Retrouvius o stock de produtos está em constante alteração - determinada pela moda, gostos, 
desejos, espaço disponível em armazém, e mais do que tudo um pouco de sorte. 
Ao longo dos anos Retrouvius tem sido envolvido em variados projetos de habitação e 
comerciais. Alguns necessitaram da intervenção de um arquiteto outros foram puramente 
decorativos em edifcios do século XV até hoje. 
D. Ohmega Salvage 
Ohmega Salvage nasceu em 1974. Edifica a comunidade através do comércio com um 
modelo de reutilização, reciclagem e troca social. Preservam itens antigos de qualidade 
criando recursos para os seus clientes. 
F. The Away Station 
A missão da “The Away Statio” servir a comunidade e o planeta de forma produtiva e 
criativa através da recolha, armazenamento e redistribuição dos subprodutos de consumo. Isto 
é feito fornecendo uma forma para que as pessoas facilmente se possam livrar de itens 
indesejados, sabendo que esses itens vão para ter um bom uso e não vão para aterro. 
Dispõe dos seguintes serviços: organização profissional e doméstica; remoção de 
mercadorias de casas, escritórios e locais de construção; consultores para a desconstrução e 
construção verde; recolha de itens em empresas, organizações e indivíduos para redistribuí-los 
para organizações e indivíduos que estão em necessidade; equipas de desconstrução 
qualificadas e compras pela Internet de itens que estão em sites de construção. 
Os nossos clientes são a comunidade em geral, servimos todo o tipo de pessoas e 
necessidades. As compras por parte dos clientes ajudam a manter o movimento de stock e 
permitem a reutilização na Califórnia do Norte. 
20
9.3. Casos de estudo 3: Organizações sem fins lucrativos de aquisição e troca de materiais 
usados 
A B C D E F G 
País EUA EUA EUA --- EUA Portugal Portugal 
Cidade Boston Baltimore, 
Estado de 
Maryland 
Phoenix, em 
Arizona 
Glendale, em 
Arizona 
--- Nova Iorque Lisboa Porto 
População 5,8 milhões 
habitantes 
620 961 
habitantes 
1,445,632 hab 
226 721 hab 
--- Região 
Metropolitana: 
19,7 milhões 
habitantes 
547 733 
hab 
237 591 
hab 
Densidade 
Populacional 
4 938,99 
hab/km² 
1 415,25 
residências/km² 
1,080.2/km2 
1 459,4 
hab/km² 
--- 5 474,59 
hab./km² 
5 736,14 
hab./km² 
Área 232,17 km² 238,41 km² 1,338.26 km2 
155,74 km² 
--- Região 
Metropolitana: 
8,7 mil km² 
100,05 km² 41,42 km² 
A. BBR Boston Building Resources 
Foi fundado em 1978. O Centro de Reutilização em Boston é uma organização sem fins 
lucrativos de caridade que aceita doações de materiais novos e usados para revenda. Abriu as 
suas portas em 1993 e era conhecido até recentemente como o Centro de Recursos de 
Materiais de Construção. 
Os parceiros e fornecedores são o público em geral e os profissionais da construção. A 
relação estabelecida entre os fornecedores funciona através de doação, quem desmonta é a 
pessoa que vai doar o material e quem transporta é a empresa que o recebe. 
Os voluntários são uma parte importante da organização: ensinando em oficinas, 
servindo no conselho de administração, ajudando com eventos de divulgação, trabalho de 
escritório e muito mais. 
Oferece, materiais acessíveis, novos e usados, para manutenção da habitação e 
requalificações. Mas além da simples compra de produtos, os clientes podem encontrar 
aconselhamento especializado, assistência técnica e workshops práticos que ensinam técnicas 
de requalificação da casa. 
Em 2013 serviram 1.388 proprietários e clientes sem fins lucrativos, totalizaram quase 
440 mil dólares em vendas de materiais, 1.560 doadores, evitaram o desperdício para aterro 
em materiais recolhidos no valor de 1.658.705 dólares, melhoraram 36 casas e realizaram 
diversos workshops. 
21
Recentemente concluíram um projeto de consultoria com Parceiros de Ação 
Comunitária, composta por alunos voluntários da Escola de Negócios de Harvard e Kennedy 
School, resultando em pareceres e recomendações sobre como melhorar a nossa organização. 
As fontes de receita respeitantes à venda de materiais apresentam caraterísticas 
peculiares. O Centro de Reutilização tem descontos automáticos, quanto mais tempo um 
produto está na prateleira, maior é o desconto (3 semanas diminui em 10%, 4 semanas 20%, 5 
semanas 30%, 6 semanas 40%, 7 semanas ou mais 50%). 
Outra fonte de receita são os nossos membros, não é preciso ser um membro para 
fazer compras em BBR, mas os membros têm descontos e outros benefcios. Existem dois 
níveis de associação: Standard e Plus. 
Os restantes métodos para obtenção de dinheiro são donativos (de materiais, 
financeiros e tempo) e workshops. 
B. The Loading Dock 
Organização sem fins lucrativos com a missão de melhorar as condições de vida das 
famílias, bairros e comunidades, enquanto produz um impacto positivo no meio ambiente, 
pelo meio da redistribuição de materiais de construção excedentes 
Desde 1984, poupou 32 milhões de dólares a clientes, realizou mais de 250 oficinas de 
bricolage e desviou 12 mil camiões de materiais destinados a aterros. 
Possui dois prémios de prestgio nacional: Presidential Award for Sustainable 
Development & the United Nations Habitat II "Building Communities of Opportunity" National 
Excellence Award. 
Inspirou programas semelhantes noutras cidades do país e tem escalado pedidos de 
informação, prestou assistência técnica a mais de 300 cidades, algumas tão distantes como 
Tijuana, no México, St. Johns e St. Croix no Caribe, cinco países da costa ocidental da África, 
Hungria e Alemanha. 
Em resposta a centenas de pedidos em todo o país para a assistência técnica no 
arranque dos programas similares, TLD produziu um manual de como fazer, métodos, práticas 
e técnicas estabelecidas na gestão de um programa de reutilização. TLD também possui 
passeios educativos para os interessados em iniciar ou expandir instalações de reutilização. 
As atividades chave desta organização prendem-se com a desconstrução, 
armazenagem, limpeza e tratamento de materiais/produtos, workshops e venda de materiais 
de construção usados, bicicletas, livros, materiais perigosos, recheio de casas, etc. 
22
Os parceiros são os mais de 400 fabricantes, distribuidores e prestadores de serviços 
na região do Médio Atlântico. E os fornecedores são empreiteiros, distribuidores, fabricantes e 
proprietários individuais. 
É autossuficiente através das taxas de adesão dos membros. As taxas são 
normalmente 25-30% da venda a retalho, e refletem os custos de trabalho de seguro, 
transporte, processamento e armazenamento de materiais. Outros recursos correspondem à 
implementação de novos serviços para os clientes e doadores, incluindo Workshops “faça você 
mesmo”, o Programa de Coleta de aterro e recolha da Comunidade Dias. Os recursos 
imprescindíveis do projeto são as doações de materiais e os membros. Possuem armazém 
próprio com 45.000 metros quadrados e um camião. O voluntariado é fundamental, trabalham 
à noite no armazém, em grupo ou individualmente, como formadores, recrutando doações ou 
espalhando a palavra. 
Os membros incluem organizações de habitação, centros comunitários, grupos de 
reabilitação de bairros, entidades sem fins lucrativos, teatros, grupos de idosos, centros de dia, 
pessoas e famílias de renda modesta, proprietários, empreiteiros, artistas e entusiastas de 
reabilitação histórica/patrimonial. 
TLD poupa à habitação de rendas baixas e projetos comunitários mais de 3 milhões de 
dólares e resgata mais de 12 mil camiões de materiais de construção de aterros sanitários a 
cada ano. 
C. Stardust BuildingSupllies 
A organização incentiva práticas ambientalmente sustentáveis, oferecendo 
desconstrução livre, uma alternativa verde para demolição convencional e serviços de recolha 
de doação para evitar o desperdício de materiais de construção utilizáveis. 
As atividades chave da organização são a desconstrução e os serviços de recolha e de 
doação de materiais de construção utilizáveis. 
Os rendimentos gerados a partir das lojas ajudam a apoiar os programas de missão e 
da comunidade que fornecem materiais essenciais para organizações sem fins lucrativos locais 
que atendem famílias e indivíduos em necessidade. 
Os materiais de construção usados, eletrodomésticos e móveis custam de 50% a 80% 
abaixo do custo de venda a retalho. 
Os Serviços e programas da Stardust são possíveis, em parte, graças ao apoio dos 
nossos doadores financeiros e materiais. Estamos verdadeiramente gratos ao grupo 
23
diversificado de indivíduos, empresas e fundações que doam. As doações podem ser de 
materiais, dinheiro e tempo. E os voluntários podem desempenhar as seguintes tarefas: 
organizador da loja/armazém, mentes criativas para reutilização dos materiais, equipa para 
reciclar, assistente de doações, presentes na espécie de assistente. 
Criaram um evento designado “Design For Hope”. Design para a esperança é um 
evento divertido onde designers de interiores locais são desafiados a criar uma cozinha usando 
materiais reciclados e reutilizados nas suas lojas! Em abril passado, um designer inglês ganhou 
o segundo projeto anual para a competição Hope. O seu projeto de reutilização será instalado 
neste verão numa casa do grupo VALLEYLIFE para adultos com deficiências de 
desenvolvimento. Dando a volta pelo meio da reutilização! O evento também inclui um leilão 
silencioso com decoração reaproveitada e arte com reutilização de materiais de artesãos e 
artistas talentosos! 
D. BMRA – Building Materials Reuse Association 
É uma Associação de reutilização de materiais de construção. Dispõe de um diretório 
de empresas de desconstrução e de reutilização. Lecionam cursos de desconstrução 
(descrevem os diferentes tipos de modelos de negócio que são utilizados na desconstrução: 
Organizações sem fins lucrativos, com fins lucrativos, equipas de voluntários, construtores, 
etc.) e atribuem o certificado de desconstrutores. 
O BMRA é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover a recuperação, 
reutilização e reciclagem de materiais de construção, de forma a, reduzir o consumo de novos 
recursos, reduzir os resíduos, criar um mercado de valor agregado e aumentar a relação custo-eficácia 
, expandir oportunidades de trabalho e desenvolvimento de competências da força de 
trabalho, promover a sustentabilidade das comunidades e do meio ambiente através da 
preservação dos recursos. 
E. Waste Match 
É um serviço gratuito, criado e financiado pelo Departamento de Saneamento da 
Cidade de Nova Iorque, que facilita a troca de bens e equipamentos utilizados e excedentes 
das organizações que já não precisam deles para outras entidades que necessitam desses 
produtos. 
As suas atividades passam pela troca de materiais online, serviço gratuito. Quando 
possível, usam os seus contactos e experiência para contactar utilizadores e arranjar materiais 
com colegas que precisam ou têm materiais. O WasteMatch não compra, vende, armazena 
24
materiais, ou transporta. Presta assistência técnica, realizando uma avaliação inicial do site de 
um cliente, na tentativa de reduzir custos de compra, encontrando fontes de equipamentos 
usados e bens em excesso e/ou procurando compradores para os equipamentos indesejados 
dos clientes. 
NYC WasteMatch realiza pesquisa informal para identificar oportunidades de 
reutilização e reciclagem de materiais que são difceis de aplicar. Os seus parceiros são o 
Centro de reutilização de materiais da cidade de Nova Iorque, um programa do The City 
College de Nova Iorque e o Departamento de Saneamento para a Prevenção de Resíduos, 
Reutilização e Reciclagem da cidade de Nova Iorque. 
F. Ofícios do património e da reabilitação urbana (OPRURB) 
Esta associação foi fundada a par de outras pessoas pelo Arquiteto Filipe Mário Lopes, 
entretanto contactado por nós para nos contar a sua experiência. Aquando do seu cargo de 
diretor municipal da reabilitação urbana da CM de Lisboa exercido entre 1990 a 2000 e tendo 
reabilitado cerca de 8000 fogos nos bairros antigos de Alfama, Mouraria, Bairro Alto, 
Madragoa e núcleos periféricos, fundou esta associação sem fins lucrativos. Esta atividade 
desenvolveu os conhecimentos sobre técnicas e materiais das construções antigas. O 
Arquiteto referiu que os materiais eram logo reutilizados e por isso não houve oportunidade 
de fazer depósitos de sobras. Referiu também que tem todo o gosto em partilhar a experiência 
acumulada com esta atividade apenas a partir de Novembro. 
A Associação tem por fim promover a preservação do Património e a Reabilitação 
Urbana, investigando sobre o Património e estabelecendo estratégias de Reabilitação Urbana, 
sensibilizando Público e Intervenientes, formando estes últimos, promovendo ações de 
salvaguarda de património e de bairros antigos. 
G. Banco de Materiais da Câmara Municipal do Porto 
O Banco de Materiais surgiu da necessidade de se guardarem materiais construtivos e 
decorativos com valor patrimonial, como elementos cerâmicos (azulejos, telhas), estuques, 
ferros, cantarias lavradas, etc., procedentes de edifcios a alterar ou a demolir. Assim se foram 
acumulando materiais de forma repetitiva, sobretudo azulejos, o que determinou que, em 
1992, o executivo municipal aprovasse uma proposta de cedência gratuita desses materiais, 
aos munícipes que deles necessitem na reabilitação de edifcios. 
Este serviço municipal é gratuito e encontra-se disponível a todos os cidadãos no 
intuito mútuo da valorização do património da cidade, tem o objetivo de salvaguardar, 
25
valorizar e dar a conhecer os materiais caracterizadores da arquitetura portuense. Desta 
forma, a autarquia promove a manutenção da imagem urbana do Porto, onde estes materiais 
diferenciam o património edificado. 
Além dos elementos de cedência, o Banco de Materiais possui ainda um acervo 
museológico considerável, onde se salientam os azulejos (cerca de 17 mil) que vão desde os 
motivos hispano-árabes (século XV/XVI), aos padrões dos séculos XVII e seguintes. Contudo, é 
o azulejo dito de “fachada” que constitui o maior e mais variado conjunto de exemplares de 
fabrico nacional, sobretudo das fábricas do Porto e Gaia (Carvalhinho, Devesas e Massarelos). 
Dos restantes materiais que incorporam e enriquecem o Banco de Materiais, 
destacam-se ainda as telhas decorativas (242), as placas toponímicas (345) e os ornatos em 
estuque (1119), estes últimos recolhidos da oficina Ramos Meira, uma das mais prestigiadas e 
última do ramo a extinguir no Porto. 
No intuito de divulgar e sensibilizar para a preservação do azulejo, o Banco de 
Materiais tem vindo a realizar atividades educativas, tais como visitas guiadas, circuitos pela 
cidade, oficinas pedagógicas com escolas, workshops temáticos (limpeza de argamassas), etc. 
9.4. Casos de estudo 4: Centros de desconstrução e de formação 
A 
País EUA 
Cidade Detroit 
População 50 428 residências ocupadas 
Área 370,03 km² 
A. Reclaim Detroit 
Centro de desconstrução e de formação de desconstrutores. 
O foco principal do centro é desviar o máximo de material proveniente de 78.000 
construções vazias de Detroit que têm como destino os aterros através da desconstrução. 
Atualmente os materiais são armazenados no centro de treinos disponibilizando a madeira 
recuperada para venda. 
26
10. Bibliografia 
MARTINHO, Maria da Graça. 2013. Relatório Final: Estudo para a Conceção Sustentável de 
Modelo de Gestão de Resíduos de Construção e Demolição, na Região Norte 
Interior – 1ª fase, CCDRN e FCT – Faculdade de Ciências e Tecnologia da 
Universidade Nova de Lisboa, Monte da Caparica. 
PINTO, Vânia Filipa dos Santos. 2013. Gestão de Resíduos de Construção e Demolição – Parque 
Tecnológico de Negócios e de Ourivesaria de Gondomar. Tese de Mestrado em Ciências 
e Tecnologia do Ambiente – Especialização em Tecnologias de Remediação Ambiental, 
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto. 
SILVA, Alexandre Salreta Duarte. 2011. Arquitectura Ecológica – Materiais Não-Convencionais 
– A Reutlização dos Materiais na Arquitectura. Tese de Mestrado em Arquitectura de 
Interiores pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 
TEIXIEIRA, Carina Catarino. 2013. Gestão de Resíduos de Construção e Demolição em Obras de 
Edificação. Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para 
obtenção do Grau de Mestre em Tecnologia Ambiental, Bragança. 
TEODORO, Nuno Filipe Godinho. 2011. Contribuição para a Sustentabilidade na Construção 
Civil: Reciclagem e Reutlização de Materiais. Tese de Mestrado em Engenharia Civil 
pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 
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  • 1. Conceitos Enquadramento europeu Estudo de projetos análogos Índice 1
  • 2. 1. Resíduos de Construção e Demolição..................................................................................... 3 2. Conceitos e definições: Reutilização | Desconstrução............................................................. 3 3. Panorama de diferentes países europeus: Enquadramento político, legislativo e normativo. 4 3.1. Cenário atual na União Europeia.......................................................................... 4 3.2. Holanda................................................................................................................ 6 3.3. Dinamarca.............................................................................................................6 3.4. Alemanha..............................................................................................................7 3.5. França................................................................................................................... 7 3.6. Espanha................................................................................................................ 8 4. Panorama de Portugal: Enquadramento político, legislativo e normativo...............................9 5. Vantagens e desvantagens da Reutilização de Materiais....................................................... 13 6. Vantagens e desvantagens da Desconstrução........................................................................13 7. Desafios da Desconstrução.....................................................................................................15 8. Viabilidade da Desconstrução................................................................................................ 16 9. Estudo de Projetos Análogos ao Repositório de Materiais.....................................................16 9.1. Casos de estudo 1: Venda de madeira recuperada.............................................17 9.2. Casos de estudo 2: Venda de materiais recuperados.........................................19 9.3. Casos de estudo 3: Organizações sem fins lucrativos de aquisição e troca de materiais usados.................................................................................................................... 21 9.4. Casos de estudo 4: Centros de desconstrução e de formação............................27 10. Bibliografia........................................................................................................................... 28 1. Resíduos de Construção e Demolição O setor responsável pela produção de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) em Portugal e na Europa é o da construção civil, com uma produção anual estimada de 100 milhões de toneladas. (Pinto, 2013: p. 4) 2
  • 3. O cumprimento ambiental deste setor é de difcil controlo e fiscalização pelo caráter geográfico disperso e provisório das obras. As caraterísticas dos resíduos do setor da construção possuem grandes constrangimentos relacionados com a deposição não controlada, de difcil quantificação e o recurso a sistemas de tratamento de fim de linha. (Idem, p. 4) Os objetivos nacionais e comunitários são incompatveis com estas práticas ambientalmente indesejáveis e portanto revela-se imprescindível a preparação de legislação específica para o fluxo dos RCD. (Idem, Ibidem) O DL nº 178/2006, de 5 de Setembro define o que são Resíduos de Construção e Demolição (RCD), como todos os resíduos provenientes de construções, reformas, manutenções e demolições de edifcios e infraestruturas, especificando quais. Estes resíduos têm caraterísticas intrínsecas, são muito diversificados e heterogéneos, podem corresponder a qualquer um dos materiais que integra a construção de um edifcio ou infraestrutura, restos de embalagens e ainda outros materiais utilizados durante a realização da obra. (Idem, Ibidem) A composição destes resíduos é muito inconstante devido a fatores como a sua origem (construção, reabilitação, demolição), as práticas de construção e a época da infraestrutura demolida. (Idem, Ibidem) 2. Conceitos e definições: Reutilização | Desconstrução Reutilização directa – é a utilização repetida de um elemento, produto, componente ou material para a mesma finalidade que a sua utilização inicial. Esta categoria inclui qualquer tipo de pequenas alterações feitas aos materiais para que estes continuem a desempenhar a sua função inicial (como por exemplo, diferentes acabamentos, retoques de cor, alterações no tamanho, etc.). Reutilização indirecta – é a aplicação do elemento, produto, componente ou material usado com uma finalidade diferente para a qual foi concebido. Esta categoria inclui todos os materiais que foram alterados de forma a desempenhar as suas novas funções que, por vezes, implicam a combinação de um ou mais elementos podendo estes ser de reutilizações directas ou indirectas, novos ou usados. (Silva, 2011: p. 4) Desconstrução | Demolição seletiva – desmantelamento cuidadoso, possibilitando a recuperação dos materiais, promovendo a sua reutilização e reciclagem. Esta técnica possui grandes hipóteses de crescimento, devido ao aumento de demolições de edifcios, de obras de reabilitação e de preocupações ambientais, existindo a necessidade de valorização de 3
  • 4. resíduos. A sustentabilidade na construção tem sido objeto de estudo nos últimos anos, assim como minimizar a produção de resíduos. 3. Panorama de diferentes países europeus: Enquadramento político, legislativo e normativo A crescente produção de RCD na Europa levou à necessidade de criação de diretivas, com o objetivo de governar as atividades que possam vir a causar prejuízos ao meio ambiente e à saúde pública devido à deposição descontrolada, sem triagem na origem dos resíduos e aos depósitos ilegais. Não existe legislação específica na Europa para os RSC, apenas regulamentos e diretivas direcionadas para a fiscalização, reutilização e triagem em obra. Neste contexto muitos países da União Europeia decidiram criar a sua própria legislação. No entanto, existe uma lacuna clara em diversos países, como é o caso de Portugal, que aprovou só em 2008 legislação específica, estando ainda no início de um longo percurso até que se consiga melhores práticas e se alcance os resultados ambicionados. (Teixeira, 2013: p.21) 3.1. Cenário atual na União Europeia Como referido, não existe legislação específica na Europa, assim, a primeira diretiva europeia surge em 1975, diretiva 75/442/CEE, criada com o objetivo de acautelar a eliminação de resíduos, protegendo a saúde humana e o ambiente, harmonizando a legislação europeia, incentivando a recuperação de resíduos e a sua reutilização de forma a proteger os recursos naturais. (Idem, ibidem) Em 1991 entra em vigor uma nova diretiva, a diretiva 91/156/CEE, elaborada com o intuito de “garantir a correta eliminação dos resíduos, promovendo a sua prevenção, harmonizar a legislação a nível europeu, criando uma terminologia comum e uma definição de resíduos, encorajar a reutilização e a reciclagem dos resíduos como alternativa aos recursos naturais, assegurar que os estados membros da UE se tornem autossuficientes no que se refere à eliminação dos resíduos. Em 2006 foi publicada a diretiva 2006/12/CE, que revoga a diretiva 75/442/CE” (Pinto, 2013, p. 19) Publica-se em 2008 a diretiva 2008/98/EC, com os mesmos objetivos das anteriores, introduzindo a distinção entre valorização e eliminação, resíduo e não resíduo, clarificando as definições vigentes, reduzindo a utilização dos recursos naturais e propiciando a aplicação prática da hierarquia de gestão de resíduos e, assim, a prevenção de resíduos é a primeira 4
  • 5. prioridade e a reutilização e reciclagem deverão ter prioridade em relação à valorização energética dos resíduos. Desta forma, a UE passa a ter uma política que privilegia os usos desses resíduos como subprodutos de modo a poupar os recursos naturais. (Idem, ibidem) Este ano foi lançado o novo programa-quadro comunitário de investigação e inovação da União Europeia, o Horizonte 2020, dispondo de um total de 77 mil milhões de euros para sete anos, período 2014-2020, é o maior instrumento da Comunidade Europeia especificamente orientado para o apoio à investigação, através do cofinanciamento de projetos de investigação, inovação e demonstração. O apoio financeiro é concedido na base de concursos em competição e mediante um processo independente de avaliação das propostas apresentadas. A Eficiência energética, energia de baixo carbono competitiva e ‘smart cities and communities’ são três das 12 áreas que vão poder beneficiar de 15 mil milhões anunciados para o financiamento de projetos no âmbito do Horizonte 2020 para os próximos dois anos e cujo período de candidaturas já está aberto. O Horizonte 2020 tem três pilares de ação prioritários: Pilar I – Excelência Cientfica (com cerca de 32% do orçamento total); Pilar II – Liderança Industrial (correspondente a cerca de 22% do orçamento); Pilar III – Desafios Societais (com cerca de 39% do orçamento total). Neste último estão incluídas as temáticas da energia, ambiente, ação climática, transportes e eficiência na utilização dos recursos e das matérias-primas, para os quais a Comissão aloca 2,8 mil milhões a serem utilizados durante o próximo ano. O objetivo do Horizonte 2020 é estimular a economia europeia com base no conhecimento e abordar questões que farão a diferença na vida das pessoas. 3.2. Holanda O sistema holandês é muito organizado e o mais avançado de toda a EU. Os objetivos criados em 1990 e até 2000 para a reciclagem de RSC foram que foi de 90%, foram atingidos em 1999. (Teixeira, 2013: p.25) As medidas tomadas passaram pela obrigação da triagem na origem, surgindo consequentemente mercados paralelos e atrativos para os produtos provenientes da reciclagem. Aqui, criaram condições para que as metas fossem facilmente atingidas, 5
  • 6. procurando por soluções na origem de forma a eliminar a deposição em aterro destes resíduos. (Idem, p.25) Desde 1997, que a Holanda trabalha neste sentido, segundo o Ministry of Housing, Spatal Planning and the Environment, foi logo proibida a deposição de RCD potencialmente recicláveis em aterros e mais tarde a deposição de RCD combustveis. Posteriormente em 2001, pela dificuldade de valorização e incineração levantou-se a obrigação no caso de RCD combustveis e estabeleceu-se uma taxa que chega a atingir os 122€ a tonelada em algumas cidades do país, tornando assim mais económica a triagem e encaminhamento para reciclagem. (Idem, ibidem) Quanto aos outros países europeus, temos diversos casos de sucesso, que criaram iniciativas para estimular a prevenção e o reaproveitamento dos RCD que serão analisados nos tópicos seguintes. 3.3. Dinamarca Outro exemplo de grande importância é a Dinamarca que tem como prática principal na gestão dos RCD a reciclagem. Este país introduziu alguns instrumentos muito eficazes que possibilitaram o aumento da reciclagem destes resíduos de 25% para 92% desde 1990. Os produtores de resíduos são responsáveis pela seleção e despejo dos mesmos, garantindo maior preocupação por sofrerem as consequências da má gestão, existe um imposto sobre a produção de resíduos. As taxas cobradas pelos resíduos entregues nas estações de tratamento, se estes forem separados ou tiverem como destino a reciclagem, são reembolsadas. Foram também tomadas outras medidas entre os aterros e os trabalhos de demolição que tornou a aplicação da demolição seletiva ou desconstrução em maior escala, mesmo quando é mais cara e demorada do que a demolição tradicional, porque são obtidas grandes poupanças através da redução de custos para o imposto sobre os resíduos, incineração dos mesmos e de maior venda de materiais recicláveis. (Idem, ibidem) 3.4. Alemanha No seio da União Europeia a Alemanha é o país com mais produção de RCD’s, com cerca de 214 milhões de toneladas, no entanto é dos que tem maior taxa de reciclagem dos mesmos, atingindo 85% de reutilização e reciclagem. (Idem, ibidem) 6
  • 7. Os padrões definidos pela Alemanha para o tratamento de resíduos de construção são muito elevados, existem regulamentações extensivas e que vão muito além das exigências da EU e em geral são cumpridas. (Idem, ibidem) As principais implementações passam uma boa documentação do fluxo de resíduos, as exigências legais dão preferência à reciclagem e reutilização do que à eliminação e responsabilizaram-se donos de obra e construtores pelo adequado escoamento de resíduos. Esta última necessita de uma melhoria, porque os resíduos são entregues a serviços de recolha especializada em cada tipo de resíduo que multiplica os gastos logísticos da recolha, a otimização poderia passar por colocar toda a responsabilidade de tratamento e separação de resíduos sob a área de jurisdição de uma das diferentes especialidades ou subempreiteiros ou de uma empresa de recolha que prestasse serviços à obra como um todo. (Idem, ibidem) Na promoção para a reutilização de resíduos de construção definiu-se um conjunto de orientações sobre a reciclagem do Ministério Federal para o planeamento regional, construção e desenvolvimento urbano (“guideline recycling”). As empresas de recolha necessitam de várias autorizações e certificações, tal como em Portugal para serem considerados operadores de resíduos especializados. Existem condicionantes no depósito em aterros quanto à receção de resíduos misturados, ou não os aceitam, ou exigem pagamentos mais elevados. Estas medidas favorecem o encaminhamento de resíduos para triagens próprias, obrigando à sua triagem ou seleção em obra/origem e a uma demolição mais cuidada. (Idem, ibidem) 3.5. França A legislação francesa é bastante incisiva na gestão de resíduos de construção, incidindo nas fases de produção, transporte e eliminação ou tratamento, com muitas iniciativas desenvolvidas nos últimos 6 anos. A implementação deste plano não é uniforme e geral, nem todas as cidades têm soluções previstas para os resíduos industriais e muitas vezes existe dificuldade em arranjar espaços livres disponíveis para as várias especialidades da construção. Os agentes envolvidos na recolha e acumulação apresentam às empresas soluções globais e específicas de tratamento de resíduos e são submetidas à mesma regulamentação que outras empresas de gestão de resíduos. (Idem, p. 27) O cumprimento da regulamentação ambiental pelas empresas tem custos, na ordem dos 3% a 5% do custo total da construção e tem sido desenvolvido um trabalho importante no que toca à integração da gestão de resíduos nos mercados privados e públicos. (Idem, p. 28) 7
  • 8. 3.6. Espanha A Espanha tem poucos desenvolvimentos no que respeita à reciclagem de resíduos, apresenta uma taxa menor que 10%. Tal como Portugal, publicou apenas em 2008 legislação que regula a produção e gestão do fluxo específico de resíduos. (Idem, ibidem) Estas medidas foram tomadas como resposta ao aumento da indústria de construção e consequentemente ao aumento de resíduos e com perspetivas bastante pessimistas. As autoridades identificam como causas do reduzido aproveitamento de RCD’s: o despejo ilegal ou descontrolado, sem o cumprimento dos requisitos da legislação de aterro, e as baixas taxas de admissão em aterros autorizados, que dificultam a sustentabilidade e a rentabilidade da operação de estações de tratamento de RCD’s. (Idem, ibidem) A criação da legislação foi também despoletada pelo aumento da iniciativa pública e privada para a implementação de instalações de tratamento. Os avanços verificaram-se também ao nível da formação e sensibilização do setor. Introduziram-se taxas para a deposição em aterros. O Real Decreto 105/2008, de 1 de Fevereiro de 2008, é almejado como contributo para o desenvolvimento sustentável deste setor, aplica princípios de responsabilidade do produtor; prevenção de resíduos; responsabilidade entre todos os agentes inerentes à cadeia de produção e gestão de RCD’s. (Idem, p. 29) Este regulamento obriga ainda o arquitecto a um estudo sobre a gestão de RCD’s e o construtor a um plano de gestão de RCD’s, para posterior obtenção da licença de construção, exigindo a inclusão de dois dados fundamentais: quantidades de resíduos e custo do tratamento destes. Obriga também à triagem na origem de forma a facilitar a valorização dos resíduos e a proibição de deposição sem tratamento prévio, desencorajando a deposição de resíduos reutilizáveis. Prevê ainda a instituição de um mecanismo de controlo vinculado à obtenção de licenças de construção, onde o produtor, através de uma caução, garante o cumprimento das exigências de gestão dos RCD’s a ser produzidos no local. (Idem, ibidem) 4. Panorama de Portugal: Enquadramento político, legislativo e normativo A classificação dos RCD’s tem vindo a sofrer mutações ao longo do tempo. Aprovado em 1997, como um dos fluxos de RSU no Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU). Considerados mais tarde como Resíduos Industriais (RI), incluídos na categoria de Resíduos Industriais Perigosos (RIP), pelo Plano Estratégico Sectorial de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI) publicado pelo Decreto-Lei n.º 516/99, de 2 de Dezembro, revisto pelo Decreto-Lei n.º 89/2002 de 9 de Abril. Em 2006, com a aprovação do Regime Geral da Gestão de Resíduos surge a definição de “resíduo de construção e demolição – resíduos provenientes 8
  • 9. de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de edificações.”, no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro. (Idem, p. 30) Um ano após é estabelecido o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE), através da Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, referindo o Regime da Gestão de Resíduos de Construção e Demolição (RGRCD), ao longo de alguns artigos deste diploma. (Monteiro, 2011: p. 25) Seguidamente, através do Decreto-Lei n.º 18/2008, de 18 de Janeiro, é apresentado o novo Código dos Contractos Públicos (CCP), referindo várias vezes a importância do PPGRCD (Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos de Construção e Demolição) na gestão de RCD, em vários artigos deste mesmo diploma. Só com o pelo Decreto-Lei n.º46/2008, de 12 de Março é publicado um quadro legislativo específico. Este decreto, alterado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, estabelece o regime das operações de gestão de RCD, compreendendo a sua prevenção, reutilização, recolha, transporte, armazenamento, tratamento, valorização e eliminação. (Teixeira, 2013: p.31) Para atingir os objetivos presentes no DL nº 46/2008, de 12 de Março1 existem uma série de estratégias de prevenção que devem ser implementadas em obra: Figura 1: Esquema de Prevenção de RCD, Cabaço 2009 O princípio fundamental de gestão de RCD’s do referido decreto é a prevenção da produção destes resíduos, com redução na incorporação de substâncias perigosas na construção e também o recurso à triagem na origem e a sistemas já referidos, como a reutilização, reciclagem ou outras formas de valorização. (Idem, p. 31) 1 Minimizar a produção de resíduos, utilizando práticas ambientais adequadas e facilitando a reciclagem de materiais e produtos, de forma segura, eficiente e ambientalmente correta; Controlar os riscos para o ambiente, devido a uma deficiente gestão. 9
  • 10. Figura 2: Hierarquia de Gestão de RCD, Adaptado de Godinho 2011 Segundo Pinto (2013, p.18) e citando Godinho (2011), quando a triagem não é passível de ser realizada, deve ser justificada, devendo encaminhar os resíduos para um operador licenciado, sendo assim, a hierarquia da gestão destes resíduos surge da seguinte forma: Figura 3: Metodologias e Práticas adotadas na Gestão de Resíduos, Adaptado de Godinho 2011 Este decreto introduziu também uma correlação de responsabilidade na gestão de todos os intervenientes do ciclo de vida dos RCD’s. O artigo 3º é bem claro e define que em obras isentas de licença ou de comunicação prévia os RCD’s são da responsabilidade da entidade que gere os resíduos urbanos (normalmente as câmaras municipais). Por outro lado sempre que for impossível identificar o produtor do resíduo o seu responsável será o seu detentor. O mesmo artigo refere ainda que a responsabilidade destas entidades só deixa de ser vinculativa quando os RCD’s são entregues a uma entidade licenciada para o efeito. O quadro legislativo publicado considera a correta gestão em obra e valorização dos resíduos produzidos, assim como a orientação de demolições efetuadas, instituindo o princípio da gestão e redução na produção de RCD’s. Surge também a obrigação legal de elaboração de um Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos (PPGR) de construção e demolição nas obras públicas, onde sejam assegurados princípios gerais de gestão de RCD’s e das demais normas aplicáveis, tendo como responsável pela correta execução o dono de obra. (Idem, p. 32) Mais recentemente, o Decreto-Lei nº 73/2011, de 17 de Junho, altera o regime geral da gestão de resíduos e transpõe a Directiva n.º 2008/98/CE, de 19 de Novembro. Este tem como objetivo clarificar conceitos chave, como as definições de resíduo, prevenção, 10
  • 11. reutilização, preparação para a reutilização, tratamento e reciclagem, e a distinção entre os conceitos de valorização e eliminação de resíduos, com base numa diferença efectiva em termos de impacte ambiental, tendo também em conta a hierarquia dos resíduos como princípio fundamental da política de ambiente. Este diploma veio alterar os Decretos-Lei nº 178/2006, de 5 de Setembro, e o nº 46/2008, de 12 de Março. (Monteiro, 2011: p. 26) Na legislação atual os resíduos classificam-se segunda a Lista Europeia de Resíduos (LER), que assegura uma uniformização na identificação e classificação dos mesmos, que por sua vez facilitam o conhecimento por parte dos agentes económicos do regime jurídico a que estão sujeitos (Portaria nº 209/2004, de 3 de Março). (Pinto, 2013: p. 6) Relativamente à utilização dos RCD’s em obra está sujeita a normas técnicas nacionais e comunitárias, ou às normas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) devidamente homologadas pelos responsáveis do governo das áreas envolvidas, nomeadamente a área do ambiente e das obras públicas. O DL em vigor obriga as operações de RCD’s a licenciamento e a deposição em aterro apenas após triagem. (Teixeira, 2013: p.32) Em Portugal só existe demolição seletiva quando se pretende obter os RCD com viabilidade de aplicação imediata, de outra forma é realizada a demolição global, que consiste na destruição simultânea de toda a obra, tendo como consequência resíduos heterogéneos, com separação à posteriori e custos muito mais elevados. (Teodoro, 2011: p.48) A análise de Portugal no contexto europeu respeitante aos resíduos de construção e demolição e seu tratamento permite concluir que foram transcritas as normativas europeias, mas na prática não foram criadas as devidas condições para a sua implementação. Portugal tem um longo caminho a percorrer, comparando com países como a Dinamarca, Holanda e Bélgica. Os problemas relacionados com os resíduos não resultam apenas da sua produção, mas principalmente do seu insuficiente reaproveitamento como materiais úteis, quando tecnicamente possível, e de alguma gestão menos adequada, que pode originar impactes ambientais significativos. Promover o fecho dos ciclos dos materiais é um aspeto fundamental para garantir uma gestão de resíduos mais sustentável, direcionando as perdas (materiais e energéticas) para novas aplicações produtivas reduzindo assim, simultaneamente, a pressão sobre os recursos naturais e sobre a capacidade da Natureza para regenerar os resíduos. 11
  • 12. A sociedade em geral, e a sociedade Portuguesa em particular, terão ainda um longo percurso para concretizar este desígnio. A sociedade contemporânea é ainda profundamente ineficiente na forma como usa os seus recursos materiais, sendo que atualmente apenas uma fração muito reduzida dos materiais constituintes dos produtos em fim de vida é reintroduzida no sistema económico. No passado dia 15 de setembro (2014) o Governo apresentou o Compromisso para o Crescimento Verde, que procura "estabelecer as bases para um compromisso em torno de políticas, objetivos e metas que impulsionem um modelo de desenvolvimento capaz de conciliar o indispensável crescimento económico, com um menor consumo de recursos naturais e com a justiça social e a qualidade de vida das populações", documento que se encontra em discussão pública até ao final do ano. Este projeto, Repositório de Materiais enquadra-se no espírito desta agenda, contribuindo para muitos dos 13 objetivos fixados e dos quais se destacam os objetivos 4, 5 e 6, correspondentes à promoção e eficiência no uso dos recursos. Figura 4: Compromisso para o Crescimento Verde, 2014 5. Vantagens e desvantagens da Reutilização de Materiais A reutilização não é a única solução para os problemas dos resíduos, mas seria uma importante ajuda na sua gestão devido ao aproveitamento de matérias-primas. A reutilização permite aos materiais serem utilizados pelo menos uma segunda vez, quer sejam aplicados na mesma função ou noutra distinta. Monteiro (2011) refere que relativamente à reutilização dos RCD existe uma hierarquia associada ao potencial de reciclagem que determinado material pode ter (Brito, J., 2006).Desta forma podemos alinhar os materiais de acordo com a sua reutilização: A. Reutilizáveis em boas condições e com efeito imediato: algumas componentes arquitetónicas, madeira, aço e pedra. B. Reutilização e aplicação proveitosa após processamento: entulho (alvenaria e betão) e madeira. Deve-se considerar uma subdivisão em material inicialmente contaminado e limpo. 12
  • 13. Vantagens São diversas as razões para a recuperação e reutilização de componentes e materiais de construção, descrevendo-as por ordem de importância:   Redução do impacto ambiental causado pela construção, não requer processos industriais e reduz os resíduos de construção e demolição;   Benefcios estéticos e funcionais na utilização de matérias não-convencionais;   Benefcios económicos, poupança nas taxas de despejo e armazenamento, dedução fiscal pelas suas contribuições;   Ajuda de organizações ambientais e governamentais;   Responsabilidade ecológica. Desvantagens  Equipa Especializada;  Armazenagem correta;   Económicas pela dificuldade de remoção dos materiais ou componentes;   Caraterísticas dos materiais, a remoção pode provocar estragos;   Acaso 6. Vantagens e desvantagens da Desconstrução Vantagens  Possibilita a reutilização e reciclagem de materiais, devido ao cuidado que é tido na remoção;  Promove inovação e tecnologia, com a existência de novos materiais de construção;  Aparecimento de um novo mercado – o de materiais usados ou reciclados, pois o valor de mercado para os materiais recuperados da desconstrução é maior do que o dos da demolição; 13
  • 14.  Gera benefcios ambientais, já que a recuperação de materiais ajuda a reduzir os encargos nos aterros, elimina a necessidade de gastar energia adicional no fabrico de novos materiais e reduz o consumo de matérias-primas;  Gera benefcios económicos, melhora as economias locais com a criação de postos de trabalho, pois é um processo que envolve uma quantidade significativa de trabalho, através da remoção, preparação, classificação e transporte dos materiais recuperados. Oferece oportunidades para as pequenas empresas a emergir;  Promove a sustentabilidade na construção;  Preserva o Património Cultural, Histórico e Arquitetónico;  Capta um segmento de mercado pouco explorado na reciclagem e reutilização de materiais de construção;  É exportável em materiais, formação e serviços;  Poderá existir benefcios fiscais envolvidos. Desvantagens  Dificuldade na remoção dos materiais, os edifcios existentes e seus componentes não foram projetados para serem desmontados;  Inexistência de ferramentas para desmontar edificações existentes;  Custo para utilização de aterros é muito baixo;  A desmontagem requer mais tempo que a simples demolição;  Os códigos de obra e os materiais padrão geralmente não incentivam/estimulam a reutilização de componentes;  Os custos da desconstrução ainda não são bem conhecidos;  Ausência de indústrias com práticas padronizadas;  Benefcios económicos e ambientais da prática da desconstrução ainda não estão bem claros. 14
  • 15. O maior entrave da desconstrução está na forma como até hoje os projetistas e construtores vêm as suas criações como permanentes, sem preocupação numa futura desconstrução. Para a superação desta barreira é necessário desenvolver-se técnicas e ferramentas que possibilitem a realização da desconstrução, a investigação atravessa o mundo e o poder público deve começar a incentivar esta prática aumentando os valores pagos para utilização dos aterros e proibindo a eliminação de materiais reutilizáveis. (Teodoro, 2011: p.19) Desde 1999, que o CIB (International Council and Innovation in Building Construction) em associação com o Powel Center for Construction and Environment – Universidade da Florida – Estados Unidos da América, possui um grupo de trabalho sobre desconstrução que trabalha na produção e análise de informação e programas de reutilização de materiais a nível mundial, promovendo a desconstrução e a reutilização de materiais como uma alternativa viável à demolição e aterro. Desde a criação deste grupo de reconhecido mérito internacional que têm vindo a ser produzidos muitos documentos e difundido muito conhecimento. Em Portugal a sustentabilidade na construção tem sido alvo de estudo nos últimos anos. 7. Desafios da Desconstrução • Edifcios existentes não foram projetados para desmontagem; • Componentes de edifcios não foram projetados para desmontagem; • Ferramentas para a desconstrução de edifcios existentes geralmente não existem; • Os custos para eliminação dos resíduos da demolição são baixos; • Desmontar edifcios requer mais tempo; • A recertificação de componentes usados não é frequentemente possível; • Os códigos de obra não abordam a reutilização de componentes de construção; • Os benefcios económicos e sociais não são bem estabelecidos. 8. Viabilidade da Desconstrução A viabilidade da desconstrução exige o envolvimento de todo o setor da construção civil e das autoridades. Exige também uma nova forma de projetar e de construir. O custo total para a desconstrução, ao contrário do que possa parecer, é em geral 30% menor que o da 15
  • 16. demolição, além de empregar mais mão-de-obra especializada, diminuir custos de transporte e desmonte, aterros, energia e indústria de reciclagem. Os arquitetos estão cada vez mais abertos ao design para desconstrução. Os construtores demoram a aceitar o uso de materiais reciclados e recuperados (perceção negativa quanto ao preço, qualidade baixa, risco alto, problemas de dimensionamento) Os consumidores vêem os materiais como de menor qualidade porém valorizam-nos por serem ambientalmente corretos Para estimular a prática da desconstrução sugerem-se iniciativas:  Promover e incentivar pesquisas direcionadas para o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas e ferramentas para a desconstrução;  Desenvolver projetos a pensar num futuro onde exista a desconstrução, tornando as construções passíveis de desmonte e remonte;  Incentivar o aparecimento de um mercado para materiais e componentes usados;  Aumento das taxas cobradas para deposição de resíduos nos aterros. 9. Estudo de Projetos Análogos ao Repositório de Materiais No âmbito da pesquisa efetuada sobre o assunto e procurando projetos similares ou que se cruzam de alguma forma com esta temática, foram estudados 14 exemplos. Dentre os quais dez são empresas, quatro vendem madeira recuperada e cinco vendem todo o tipo de materiais usados, principalmente proveniente de construções antigas e abandonadas. Quatro dos casos analisados correspondem a organizações sem fins lucrativos, tais como cooperativas e associações que adquirem e trocam materiais de construção. Por fim, como a pesquisa englobou também a desconstrução por estar diretamente relacionada com a forma como se deve recolher estes materiais que nós procuramos, analisamos um caso referente a centros de desconstrução e de formação para perceber a metodologia envolvida, as vantagens e desvantagens. 16
  • 17. 9.1. Casos de estudo 1: Venda de madeira recuperada A B C D País Canadá EUA EUA EUA Cidade Mount Forest, Província de Ontário São Rafael, Estado da Califórnia Sede: White City, Oregon Escritórios: San Francisco, Seattle, Nova York, Filadélfia e Ásia Woodsboro, Condado de Frederick, Estado de Maryland População 4 757 hab 57 713 hab 5 466 hab 1 141 hab Densidade Populacional 574,4 hab km² 1 352,95 hab/km² 1 139 hab./km² 620.5 hab./km² Área 8.282 km² 58,1 km² 4,8 km² 1.84 km2 A. Nostalgic Wood Vendem pavimentos de madeira antiga recuperada, alguns originais, outros modificados. Os produtos são únicos na medida em que procuram ir de encontro às preferências e necessidades específicas dos seus clientes. As madeiras são secas em estufas e empilhadas até que seja necessário o seu corte de acordo com as encomendas. B. Black’s Farmwood Este projeto utiliza madeira recuperada e reciclada para transformar em pavimentos, vigas, paredes, móveis, entre outros. Ao longo de 15 anos, esta empresa familiar tem sido a principal fabricante e fornecedor de vigas de madeira recuperada, pavimentos de tábuas largas, mesas e móveis personalizados, tapumes de celeiro e outras madeiras. Fundada em 1990. Empresa certificada pela FSC pelo desenvolvimento de projetos LEED (Leadership in Energy and Environmental Design - Padrão para o projeto de construção verde). Operam num depósito de madeira recuperada e numa fábrica no norte da Califórnia. Os clientes vão desde residenciais, como proprietários de imóveis do tipo faça-você-mesmo até grandes clientes comerciais, como a Pixar, Starbucks, Sundance, e Whole Foods. C. TerraMai 17
  • 18. Fundada em 1991. Fornece madeira recuperada de todo o mundo: teca, madeiras africanas, asiáticas exóticas, pau-brasil, carvalho branco, e muitas outras espécies. Vários projetos comerciais e residenciais usam os seus materiais recuperados para pavimentos, paredes, painéis e decks. As atividades desenvolvidas por esta empresa são as seguintes: venda de madeiras selecionadas e recuperadas de todo o mundo através de remoagem da madeira e fabricação de novos produtos (recicla madeiras velhas), serviços de acabamento das madeiras diferenciados e personalizados, trabalhos manufaturados personalizados (perfis personalizados, tampos de mesa, bancadas, topos de bar, degraus de escada e muito mais.), serviços de consultoria e aconselhamento e serviços de armazenamento e logística de materiais de outras empresas. Os seus clientes são corporativos, institucionais, residenciais, comerciais e alojamentos turísticos. TerraMai trabalha diariamente com empresas de, como Gensler, Callison, Perkins + Will e outros, em projetos para a Google, a Universidade de Stanford, Ritz-Carlton, da cidade de Nova York, Disney e muitos outros clientes de renome mundial. D. Vintage Lumber O objetivo da Vintage Lumber é o de reutilizar madeira velha obtida a partir celeiros abandonados desmontados e outros edifcios agrícolas no centro de Maryland. Vendem madeiras selecionadas e recuperadas de todo o mundo através de remoagem da madeira e fabricação de novos produtos (recicla madeiras velhas). O interesse expandiu-se para um produto mais acabado, de largura aleatória para pranchas de pavimento de madeira. O mercado cresceu até se tornar nacional. Hoje possui um inventário de madeira antiga e nova de mais de um milhão de pés cúbicos, tem a capacidade de 20 mil metros quadrados por semana, é um dos maiores e mais respeitados fabricantes de pavimentos antigos de madeira nova remoída e rústica no país. Os clientes vão desde proprietários de habitações, empresas, universidades e organizações em todo o mundo. 18
  • 19. 9.2. Casos de estudo 2: Venda de materiais recuperados A B C D E F País França Inglaterra Inglaterra EUA EUA EUA Cidade Méry-Corbon, na Baixa- Normandia L'Hôtellerie-de- Flée, Em Pays de la Loire Hulme, em Manchester Kensal Green, em Londres Berkley, Califórnia Nova Iorque Fairfax, Califórnia População 961 hab 487 hab 16, 907 hab 14 915 hab 112 580 hab Região Metropolitana: 19,7 milhões habitantes 7 441 hab Densidade Populacional 126,6 hab/km2 33 hab /km2 7, 671 hab /km2 133,10 hab /km2 4 151,61 hab/km² 1 305,90 hab/km² Área 7,59 km² 14,77 km² 2 204 km2 1,12 km2 45,8 km² Região Metropolitana: 8,7 mil km² 5,7 km² A. BCA-Matériaux Anciens Empresa composta por 15 profissionais experientes e especializados na recuperação arquitetónica e fornecimento de materiais antigos franceses. Desde 1995 BCA são embaixadores para o fornecimento de materiais antigos e nobres em toda a França e no mundo, especialmente para os EUA, Grã-Bretanha e em toda a Europa, Rússia, Oriente, Austrália e nova Zelândia. Dispõe dos seguintes produtos/materiais: lareiras antigas, objetos de arte, elementos decorativos para interiores e exteriores arquitetónicos, pisos de pedra antigo, piso de madeira recuperada. Os showrooms que possuem têm 600m2 de exposição, acrescendo ainda vários hectares no exterior com antiguidades de jardim, pavimentos de pedra, vigas de carvalho, etc, e, claro, os dois estaleiros onde se tratam todas estas peças. B. Insitu Manchester 19
  • 20. Foi fundada em 1984. O foco principal tem sido sempre o resgate arquitetónico de peças de design clássico. Foi nomeada a melhor loja de objetos em segunda mão em Manchester pela Creative Tourist, por ser um negócio de recuperação diferente. Especialista em pisos de madeira recuperada, portas, radiadores de ferro fundido, vitrais, qualquer coisa que pode ser salvo de locais de demolição. C. Retrouvius A Retrouvius recupera bons materiais e peças bem realizadas; por terem um valor intrínseco para que sejam corretamente armazenados e inteligentemente reutilizados. No Retrouvius o stock de produtos está em constante alteração - determinada pela moda, gostos, desejos, espaço disponível em armazém, e mais do que tudo um pouco de sorte. Ao longo dos anos Retrouvius tem sido envolvido em variados projetos de habitação e comerciais. Alguns necessitaram da intervenção de um arquiteto outros foram puramente decorativos em edifcios do século XV até hoje. D. Ohmega Salvage Ohmega Salvage nasceu em 1974. Edifica a comunidade através do comércio com um modelo de reutilização, reciclagem e troca social. Preservam itens antigos de qualidade criando recursos para os seus clientes. F. The Away Station A missão da “The Away Statio” servir a comunidade e o planeta de forma produtiva e criativa através da recolha, armazenamento e redistribuição dos subprodutos de consumo. Isto é feito fornecendo uma forma para que as pessoas facilmente se possam livrar de itens indesejados, sabendo que esses itens vão para ter um bom uso e não vão para aterro. Dispõe dos seguintes serviços: organização profissional e doméstica; remoção de mercadorias de casas, escritórios e locais de construção; consultores para a desconstrução e construção verde; recolha de itens em empresas, organizações e indivíduos para redistribuí-los para organizações e indivíduos que estão em necessidade; equipas de desconstrução qualificadas e compras pela Internet de itens que estão em sites de construção. Os nossos clientes são a comunidade em geral, servimos todo o tipo de pessoas e necessidades. As compras por parte dos clientes ajudam a manter o movimento de stock e permitem a reutilização na Califórnia do Norte. 20
  • 21. 9.3. Casos de estudo 3: Organizações sem fins lucrativos de aquisição e troca de materiais usados A B C D E F G País EUA EUA EUA --- EUA Portugal Portugal Cidade Boston Baltimore, Estado de Maryland Phoenix, em Arizona Glendale, em Arizona --- Nova Iorque Lisboa Porto População 5,8 milhões habitantes 620 961 habitantes 1,445,632 hab 226 721 hab --- Região Metropolitana: 19,7 milhões habitantes 547 733 hab 237 591 hab Densidade Populacional 4 938,99 hab/km² 1 415,25 residências/km² 1,080.2/km2 1 459,4 hab/km² --- 5 474,59 hab./km² 5 736,14 hab./km² Área 232,17 km² 238,41 km² 1,338.26 km2 155,74 km² --- Região Metropolitana: 8,7 mil km² 100,05 km² 41,42 km² A. BBR Boston Building Resources Foi fundado em 1978. O Centro de Reutilização em Boston é uma organização sem fins lucrativos de caridade que aceita doações de materiais novos e usados para revenda. Abriu as suas portas em 1993 e era conhecido até recentemente como o Centro de Recursos de Materiais de Construção. Os parceiros e fornecedores são o público em geral e os profissionais da construção. A relação estabelecida entre os fornecedores funciona através de doação, quem desmonta é a pessoa que vai doar o material e quem transporta é a empresa que o recebe. Os voluntários são uma parte importante da organização: ensinando em oficinas, servindo no conselho de administração, ajudando com eventos de divulgação, trabalho de escritório e muito mais. Oferece, materiais acessíveis, novos e usados, para manutenção da habitação e requalificações. Mas além da simples compra de produtos, os clientes podem encontrar aconselhamento especializado, assistência técnica e workshops práticos que ensinam técnicas de requalificação da casa. Em 2013 serviram 1.388 proprietários e clientes sem fins lucrativos, totalizaram quase 440 mil dólares em vendas de materiais, 1.560 doadores, evitaram o desperdício para aterro em materiais recolhidos no valor de 1.658.705 dólares, melhoraram 36 casas e realizaram diversos workshops. 21
  • 22. Recentemente concluíram um projeto de consultoria com Parceiros de Ação Comunitária, composta por alunos voluntários da Escola de Negócios de Harvard e Kennedy School, resultando em pareceres e recomendações sobre como melhorar a nossa organização. As fontes de receita respeitantes à venda de materiais apresentam caraterísticas peculiares. O Centro de Reutilização tem descontos automáticos, quanto mais tempo um produto está na prateleira, maior é o desconto (3 semanas diminui em 10%, 4 semanas 20%, 5 semanas 30%, 6 semanas 40%, 7 semanas ou mais 50%). Outra fonte de receita são os nossos membros, não é preciso ser um membro para fazer compras em BBR, mas os membros têm descontos e outros benefcios. Existem dois níveis de associação: Standard e Plus. Os restantes métodos para obtenção de dinheiro são donativos (de materiais, financeiros e tempo) e workshops. B. The Loading Dock Organização sem fins lucrativos com a missão de melhorar as condições de vida das famílias, bairros e comunidades, enquanto produz um impacto positivo no meio ambiente, pelo meio da redistribuição de materiais de construção excedentes Desde 1984, poupou 32 milhões de dólares a clientes, realizou mais de 250 oficinas de bricolage e desviou 12 mil camiões de materiais destinados a aterros. Possui dois prémios de prestgio nacional: Presidential Award for Sustainable Development & the United Nations Habitat II "Building Communities of Opportunity" National Excellence Award. Inspirou programas semelhantes noutras cidades do país e tem escalado pedidos de informação, prestou assistência técnica a mais de 300 cidades, algumas tão distantes como Tijuana, no México, St. Johns e St. Croix no Caribe, cinco países da costa ocidental da África, Hungria e Alemanha. Em resposta a centenas de pedidos em todo o país para a assistência técnica no arranque dos programas similares, TLD produziu um manual de como fazer, métodos, práticas e técnicas estabelecidas na gestão de um programa de reutilização. TLD também possui passeios educativos para os interessados em iniciar ou expandir instalações de reutilização. As atividades chave desta organização prendem-se com a desconstrução, armazenagem, limpeza e tratamento de materiais/produtos, workshops e venda de materiais de construção usados, bicicletas, livros, materiais perigosos, recheio de casas, etc. 22
  • 23. Os parceiros são os mais de 400 fabricantes, distribuidores e prestadores de serviços na região do Médio Atlântico. E os fornecedores são empreiteiros, distribuidores, fabricantes e proprietários individuais. É autossuficiente através das taxas de adesão dos membros. As taxas são normalmente 25-30% da venda a retalho, e refletem os custos de trabalho de seguro, transporte, processamento e armazenamento de materiais. Outros recursos correspondem à implementação de novos serviços para os clientes e doadores, incluindo Workshops “faça você mesmo”, o Programa de Coleta de aterro e recolha da Comunidade Dias. Os recursos imprescindíveis do projeto são as doações de materiais e os membros. Possuem armazém próprio com 45.000 metros quadrados e um camião. O voluntariado é fundamental, trabalham à noite no armazém, em grupo ou individualmente, como formadores, recrutando doações ou espalhando a palavra. Os membros incluem organizações de habitação, centros comunitários, grupos de reabilitação de bairros, entidades sem fins lucrativos, teatros, grupos de idosos, centros de dia, pessoas e famílias de renda modesta, proprietários, empreiteiros, artistas e entusiastas de reabilitação histórica/patrimonial. TLD poupa à habitação de rendas baixas e projetos comunitários mais de 3 milhões de dólares e resgata mais de 12 mil camiões de materiais de construção de aterros sanitários a cada ano. C. Stardust BuildingSupllies A organização incentiva práticas ambientalmente sustentáveis, oferecendo desconstrução livre, uma alternativa verde para demolição convencional e serviços de recolha de doação para evitar o desperdício de materiais de construção utilizáveis. As atividades chave da organização são a desconstrução e os serviços de recolha e de doação de materiais de construção utilizáveis. Os rendimentos gerados a partir das lojas ajudam a apoiar os programas de missão e da comunidade que fornecem materiais essenciais para organizações sem fins lucrativos locais que atendem famílias e indivíduos em necessidade. Os materiais de construção usados, eletrodomésticos e móveis custam de 50% a 80% abaixo do custo de venda a retalho. Os Serviços e programas da Stardust são possíveis, em parte, graças ao apoio dos nossos doadores financeiros e materiais. Estamos verdadeiramente gratos ao grupo 23
  • 24. diversificado de indivíduos, empresas e fundações que doam. As doações podem ser de materiais, dinheiro e tempo. E os voluntários podem desempenhar as seguintes tarefas: organizador da loja/armazém, mentes criativas para reutilização dos materiais, equipa para reciclar, assistente de doações, presentes na espécie de assistente. Criaram um evento designado “Design For Hope”. Design para a esperança é um evento divertido onde designers de interiores locais são desafiados a criar uma cozinha usando materiais reciclados e reutilizados nas suas lojas! Em abril passado, um designer inglês ganhou o segundo projeto anual para a competição Hope. O seu projeto de reutilização será instalado neste verão numa casa do grupo VALLEYLIFE para adultos com deficiências de desenvolvimento. Dando a volta pelo meio da reutilização! O evento também inclui um leilão silencioso com decoração reaproveitada e arte com reutilização de materiais de artesãos e artistas talentosos! D. BMRA – Building Materials Reuse Association É uma Associação de reutilização de materiais de construção. Dispõe de um diretório de empresas de desconstrução e de reutilização. Lecionam cursos de desconstrução (descrevem os diferentes tipos de modelos de negócio que são utilizados na desconstrução: Organizações sem fins lucrativos, com fins lucrativos, equipas de voluntários, construtores, etc.) e atribuem o certificado de desconstrutores. O BMRA é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover a recuperação, reutilização e reciclagem de materiais de construção, de forma a, reduzir o consumo de novos recursos, reduzir os resíduos, criar um mercado de valor agregado e aumentar a relação custo-eficácia , expandir oportunidades de trabalho e desenvolvimento de competências da força de trabalho, promover a sustentabilidade das comunidades e do meio ambiente através da preservação dos recursos. E. Waste Match É um serviço gratuito, criado e financiado pelo Departamento de Saneamento da Cidade de Nova Iorque, que facilita a troca de bens e equipamentos utilizados e excedentes das organizações que já não precisam deles para outras entidades que necessitam desses produtos. As suas atividades passam pela troca de materiais online, serviço gratuito. Quando possível, usam os seus contactos e experiência para contactar utilizadores e arranjar materiais com colegas que precisam ou têm materiais. O WasteMatch não compra, vende, armazena 24
  • 25. materiais, ou transporta. Presta assistência técnica, realizando uma avaliação inicial do site de um cliente, na tentativa de reduzir custos de compra, encontrando fontes de equipamentos usados e bens em excesso e/ou procurando compradores para os equipamentos indesejados dos clientes. NYC WasteMatch realiza pesquisa informal para identificar oportunidades de reutilização e reciclagem de materiais que são difceis de aplicar. Os seus parceiros são o Centro de reutilização de materiais da cidade de Nova Iorque, um programa do The City College de Nova Iorque e o Departamento de Saneamento para a Prevenção de Resíduos, Reutilização e Reciclagem da cidade de Nova Iorque. F. Ofícios do património e da reabilitação urbana (OPRURB) Esta associação foi fundada a par de outras pessoas pelo Arquiteto Filipe Mário Lopes, entretanto contactado por nós para nos contar a sua experiência. Aquando do seu cargo de diretor municipal da reabilitação urbana da CM de Lisboa exercido entre 1990 a 2000 e tendo reabilitado cerca de 8000 fogos nos bairros antigos de Alfama, Mouraria, Bairro Alto, Madragoa e núcleos periféricos, fundou esta associação sem fins lucrativos. Esta atividade desenvolveu os conhecimentos sobre técnicas e materiais das construções antigas. O Arquiteto referiu que os materiais eram logo reutilizados e por isso não houve oportunidade de fazer depósitos de sobras. Referiu também que tem todo o gosto em partilhar a experiência acumulada com esta atividade apenas a partir de Novembro. A Associação tem por fim promover a preservação do Património e a Reabilitação Urbana, investigando sobre o Património e estabelecendo estratégias de Reabilitação Urbana, sensibilizando Público e Intervenientes, formando estes últimos, promovendo ações de salvaguarda de património e de bairros antigos. G. Banco de Materiais da Câmara Municipal do Porto O Banco de Materiais surgiu da necessidade de se guardarem materiais construtivos e decorativos com valor patrimonial, como elementos cerâmicos (azulejos, telhas), estuques, ferros, cantarias lavradas, etc., procedentes de edifcios a alterar ou a demolir. Assim se foram acumulando materiais de forma repetitiva, sobretudo azulejos, o que determinou que, em 1992, o executivo municipal aprovasse uma proposta de cedência gratuita desses materiais, aos munícipes que deles necessitem na reabilitação de edifcios. Este serviço municipal é gratuito e encontra-se disponível a todos os cidadãos no intuito mútuo da valorização do património da cidade, tem o objetivo de salvaguardar, 25
  • 26. valorizar e dar a conhecer os materiais caracterizadores da arquitetura portuense. Desta forma, a autarquia promove a manutenção da imagem urbana do Porto, onde estes materiais diferenciam o património edificado. Além dos elementos de cedência, o Banco de Materiais possui ainda um acervo museológico considerável, onde se salientam os azulejos (cerca de 17 mil) que vão desde os motivos hispano-árabes (século XV/XVI), aos padrões dos séculos XVII e seguintes. Contudo, é o azulejo dito de “fachada” que constitui o maior e mais variado conjunto de exemplares de fabrico nacional, sobretudo das fábricas do Porto e Gaia (Carvalhinho, Devesas e Massarelos). Dos restantes materiais que incorporam e enriquecem o Banco de Materiais, destacam-se ainda as telhas decorativas (242), as placas toponímicas (345) e os ornatos em estuque (1119), estes últimos recolhidos da oficina Ramos Meira, uma das mais prestigiadas e última do ramo a extinguir no Porto. No intuito de divulgar e sensibilizar para a preservação do azulejo, o Banco de Materiais tem vindo a realizar atividades educativas, tais como visitas guiadas, circuitos pela cidade, oficinas pedagógicas com escolas, workshops temáticos (limpeza de argamassas), etc. 9.4. Casos de estudo 4: Centros de desconstrução e de formação A País EUA Cidade Detroit População 50 428 residências ocupadas Área 370,03 km² A. Reclaim Detroit Centro de desconstrução e de formação de desconstrutores. O foco principal do centro é desviar o máximo de material proveniente de 78.000 construções vazias de Detroit que têm como destino os aterros através da desconstrução. Atualmente os materiais são armazenados no centro de treinos disponibilizando a madeira recuperada para venda. 26
  • 27. 10. Bibliografia MARTINHO, Maria da Graça. 2013. Relatório Final: Estudo para a Conceção Sustentável de Modelo de Gestão de Resíduos de Construção e Demolição, na Região Norte Interior – 1ª fase, CCDRN e FCT – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Monte da Caparica. PINTO, Vânia Filipa dos Santos. 2013. Gestão de Resíduos de Construção e Demolição – Parque Tecnológico de Negócios e de Ourivesaria de Gondomar. Tese de Mestrado em Ciências e Tecnologia do Ambiente – Especialização em Tecnologias de Remediação Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Porto. SILVA, Alexandre Salreta Duarte. 2011. Arquitectura Ecológica – Materiais Não-Convencionais – A Reutlização dos Materiais na Arquitectura. Tese de Mestrado em Arquitectura de Interiores pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. TEIXIEIRA, Carina Catarino. 2013. Gestão de Resíduos de Construção e Demolição em Obras de Edificação. Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para obtenção do Grau de Mestre em Tecnologia Ambiental, Bragança. TEODORO, Nuno Filipe Godinho. 2011. Contribuição para a Sustentabilidade na Construção Civil: Reciclagem e Reutlização de Materiais. Tese de Mestrado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 27
  • 28. 28