O documento apresenta a introdução de uma pesquisa sobre Educação Física escolar. O autor questiona por que as aulas se concentram apenas na prática esportiva e objetiva analisar como alunos percebem as aulas de Educação Física, identificando elementos de uma "boa aula" e o perfil do professor. A pesquisa qualitativa usará entrevistas com alunos do 3° ano do Ensino Médio para analisar os sentidos que dão à aula de um professor considerado diferenciado.
1. INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema Educação Física escolar surge de uma pesquisa feita por mim na
disciplina Laboratório de Pesquisa e da experiência no Estágio da Prática de Ensino II, que tem
como foco o Ensino Médio, em que comprovo que, as aulas de Educação Física conceituadas
como tecnicistas (esportivistas) são intensivamente usuais na escola, que estão diretamente
vinculadas a um tipo de prática pedagógica, em virtude do professor ter autonomia elaborar
suas aulas.
Nesse contexto, o que me motiva a realizar tal pesquisa, decorre das situações vivenciadas por
mim enquanto aluno nas aulas de Educação Física, de cunho exclusivamente prático e que têm
como único conteúdo — os esportes coletivos.
Eu, quando aluno do Ensino Fundamental, ao pensar numa aula dessa disciplina, configurava a
prática esportiva como a melhor opção adotada por um professor. Já no Ensino Médio, minhas
aulas continuavam voltadas à técnica dos esportes. Tanto que, no fim desse nível de ensino, as
aulas se tornaram menos freqüentadas por mim e pela maioria dos meus colegas.
Indago-me então: por que os professores optam apenas pela dimensão prática nas aulas de
Educação Física? Por que estas práticas tecnicistas (esportivistas) se perpetuam no Ensino
Médio? Como os alunos compreendem o que seja uma boa aula de Educação Física? Como
vem sendo construída a prática pedagógica do professor de Educação Física?
Para tal estudo, é importante o relato dos alunos, como percebem as aulas de Educação Física.
Saber se possuem visão crítica ou não acerca da dinâmica das aulas, a partir daí, analisar a
hegemonia ou não do esporte e do conteúdo procedimental nesse processo.
Quando destaco a boa aula, isso incide em relacioná-la a um paradigma do campo da Educação
Física, em revelar um tipo de prática pedagógica e o perfil de um professor. O que
problematizo é como vem se dando as aulas de Educação Física no Ensino Médio, a partir do
que narram os alunos.
Esse estudo tem uma relevância social-científica, por ser a Educação Física, uma área de
conhecimento nova em comparação as outras áreas com existência mais antiga. Tudo que se
torna objeto de estudo traz novas contribuições ao campo conceitual, principalmente quando
se trata do espaço escolar. Assim os objetivos são:
Geral:
- Analisar os sentidos que os alunos dão as aulas de Educação Física de seu professor.
Específicos:
- Identificar os elementos que compõem a boa aula de Educação Física descrita pelos alunos.
- Identificar como a prática pedagógica revela o perfil de atuação do professor.
O estudo proposto é de cunho qualitativo, por estar inserido no processo de vida de sujeitos
(alunos) que fazem a escola. O trabalho terá dois momentos interligados, a pesquisa
2. bibliográfica sobre a cultura corporal e a relação com a prática pedagógica docente e a
pesquisa de campo para a produção dos dados empíricos.
Terá como locus, uma escola da rede pública do município de Castanhal, que num primeiro
contato, por meio de uma conversa informal, constatamos que a direção e a comunidade
acreditam que a prática pedagógica desenvolvida por um dos docentes da disciplina Educação
Física, seja considerada uma prática diferenciada, no que resulta em boas aulas.
Faremos uso da entrevista semi-estruturada como técnica de produção de dados, com um
roteiro previamente estruturado, com a intenção de analisar os sentidos que os alunos dão à
aula do profissional mencionado.
Os sujeitos da pesquisa são alunos do 3° ano do Ensino Médio, por se compreender que
possuem maior vivência nas aulas de Educação Física, afinal cursaram parte desse nível de
ensino e todo o Ensino Fundamental.