Mia Couto, escritor moçambicano, fez uma oração na abertura do ano letivo de uma universidade em Moçambique sobre a necessidade de deixar preconceitos para trás ao entrar na modernidade. Ele descreveu sete "sapatos sujos" que precisamos descalçar: a ideia de que os culpados são sempre os outros, que o sucesso não vem do trabalho, o preconceito contra críticas, a ideia de que mudar palavras muda a realidade, a vergonha da pobreza e o culto das aparências,

1. Texto de MIA COUTO, escritor moçambicano Gravuras de NEVES E SOUSA, pintor angolano SAPATOS SUJOS ...

2. O escritor moçambicano Mia Couto, também licenciado em Medicina e Biologia, fez uma oração de sapiência, no dia 7 de Março, na abertura do ano letivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique. Partes dessa oração foram publicados no “Courrier Internacional” de 2 de Abril. Destacamos... “Os Sete Sapatos Sujos”:

3. Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei “Sete Sapatos Sujos” que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:

4. Primeiro Sapato A idéia de que os culpados são sempre os outros.

5. Segundo Sapato A idéia de que o sucesso não nasce do trabalho.

6. Terceiro Sapato O preconceito de que quem critica é um inimigo.

7. Quarto Sapato A idéia de que mudar as palavras muda a realidade.

8. Quinto Sapato A vergonha de ser pobre e o culto das aparências.

9. Sexto Sapato A passividade perante a injustiça .

10. Sétimo Sapato A idéia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros.