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SocioPedagogia da 
Formação de 
Adultos 
2. O sentido da acção educacional 
na formação de adultos.
Paradigmas na 
Educação de Adultos 
Corrente Progressista 
Corrente Humanista 
Corrente Crítica
Corrente Progressista 
 A industrialização massiva do início do século XX obriga à 
especialização da mão de obra. 
 Grandes obras de engenharia enaltecem o espírito 
empreendedor da humanidade (Canal Panamá, Titanic). 
 O indivíduo visto como possuidor de um grande potencial, ao 
serviço da sociedade, com o dever de contribuir para o 
progresso da mesma. 
 A formação é o meio para dar resposta às necessidades da 
sociedade e do indivíduo, particularmente face às profundas 
transformações sociais operadas com a industrialização.
Corrente Progressista 
 O movimento progressista entende que o progresso tem de 
se basear na interligação entre educação e democracia. 
 Desta corrente destacam-se sobretudo dois autores: John 
Dewey e Eduard Lindeman. 
 A educação deve promover o contínuo crescimento e 
desenvolvimento ao longo da vida, contribuindo, desta forma, 
para a construção da comunidade democrática. 
 A educação deve acentuar o papel activo do indivíduo no 
processo de aprendizagem. 
 A aprendizagem tem de estar intimamente associada com o 
fazer: aprender fazendo (learning by doing). 
 A aprendizagem baseia-se na experiência da pessoa: toda a 
educação genuína nasce da experiência.
Corrente Progressista –Lindeman 
 "Uma das grandes distinções entre a educação de adultos e a 
educação convencional encontra-se no próprio processo de 
aprendizagem. Nenhum outro, senão o humilde pode vir a ser um 
bom professor de adultos. Para o aprendente adulto a experiência 
tem o mesmo peso que o conhecimento do professor. (…) Este 
caminho duplo reflecte também na divisão de autoridade. Na 
educação convencional o aluno adapta-se ao currículo oferecido, 
mas na educação de adultos, o aluno ajuda na formulação do 
currículo" (Lindeman,1926, p.166) 
 “Todo adulto está envolvido em situações específicas de trabalho, 
de lazer, de família, da comunidade, etc. - situações essas que 
exigem ajustamentos. O adulto começa nesse ponto. (...). Textos e 
professores têm um papel secundário nesse tipo de educação; 
eles devem dar a máxima importância ao aprendente." (Lindeman, 
1926, p. 8-9)
Corrente Progressista 
 A reflexão está intimamente ligada à análise da experiência individual, 
pois é a partir dela que o indivíduo identifica o sentido e interpretações 
comuns do contexto social que o envolve, permitindo a tomada de 
estratégias com vista à transformação do comportamento individual e 
colectivo. 
 Nesse sentido, Lindeman (1926) observa que a educação de adultos 
deve radicar na reflexão sobre a experiência das pessoas. A reflexão 
não fica, contudo, fechada numa dimensão individual. 
 A experiência da pessoa está contextualizada na história e na cultura 
da sociedade em que vive: assim, a reflexão leva a que o indivíduo se 
dê conta da importância das influências de natureza histórica e cultural 
que o marcam. 
 A reflexão sobre o contexto histórico-cultural deve levar as pessoas a 
serem agentes activos e participativos nesse mesmo contexto. Desta 
forma, segundo Lindeman, a educação de adultos deve promover a 
participação democrática, contribuindo para a acção e transformação 
social.
Corrente Progressista 
 O centro da experiência como fonte de 
aprendizagem, implica uma mudança do centro 
de aprendizagem: o adulto, com reflexos 
evidentes na relação entre professor e aluno. 
 A reflexão sobre a experiência tem de implicar 
mudança social: construção da sociedade 
democrática. 
 O papel da educação de adultos deve ser o de 
desenvolver a consciência social. 
 Os interesses do aprendente adulto não podem 
de forma alguma ser menosprezados.
Corrente Humanista 
 Insere-se no período pós-guerra, particularmente no final da 
década de 50 individuo de 60. 
 Teve uma influência notável em numerosos investigadores 
do campo de educação de adultos, particularmente sobre o 
conceito de andragogia de Malcom Knowles, investigador 
incontornável neste campo. 
 Tem como fundamento o trabalho de Carl Rogers e Maslow, 
baseando-se em princípios não directivos. 
 Trata-se de uma corrente que tem uma visão naturalmente 
positiva acerca da pessoa humana, para a qual o indivíduo 
tem uma necessidade inata de auto-actualização, auto 
desenvolvimento e autodirecção: ou seja com vista à sua 
maturação
Corrente Humanista 
“O humanista assume que existe a tendência natural para 
as pessoas aprenderem e que a aprendizagem 
desenvolver-se-á se forem providenciados ambientes 
encorajadores e favoráveis. Implementando a teoria 
humanista no contexto da aprendizagem poderá 
significar providenciar opções múltiplas de pessoas, 
recursos e materiais; torná-las livremente disponíveis 
para todos; ajudar os aprendentes a pensar através do 
que eles querem aprender e como desejam aprendê-lo; 
fazer poucos juízos de valor acerca da natureza ou 
qualidade das experiências de aprendizagem.” (Cross, 
1984, p. 228).
Corrente Humanista 
 O centro desta perspectiva é a pessoa, e a sua necessidade 
de auto desenvolvimento (Maslow, 1970; Rogers, 1961). 
 A maturação é entendida como um processo de contínuo 
crescimento. 
 No processo de auto desenvolvimento, a pessoa assume a 
primeira responsabilidade pela sua própria aprendizagem. 
 A aprendizagem significativa é adquirida através da acção, 
sendo a experiência a maior autoridade e critério de validade 
para a pessoa. 
 O supervisor / formador / professor tem apenas o papel de 
facilitar a aprendizagem, com vista a tornar o aprendente 
plenamente funcional.
Corrente Humanista – Maslow 
 Maslow (1970) considera que a motivação 
humana é caracterizada pela gratificação de 
necessidades. 
 O ser humano é marcado por uma dinâmica 
crescente de satisfação de necessidades, com 
diferentes hierarquias: 
 necessidades fisiológicas, 
 necessidades de segurança, 
 necessidades de pertença e amor, 
 necessidades de estima, 
 necessidades de auto-actualização.
Corrente Humanista - Maslow 
 “A dinâmica principal que anima esta organização é a emergência, na 
pessoa saudável, de necessidades menos poderosas a partir da 
gratificação de necessidades mais poderosas. As necessidades 
fisiológicas, quando não satisfeitas, dominam o organismo, pressionando 
todas as capacidades para o seu serviço e organizando estas capacidades 
para que possam ser o mais eficientes neste serviço. A relativa gratificação 
submerge-as e permite que o nível seguinte mais elevado na hierarquia 
surja, domine e organize a personalidade, de forma a que o ser deixe de 
estar obsessivamente ligado à comida, para se tornar obsessivamente 
preocupado com a segurança. O princípio é o mesmo para os outros 
conjuntos de necessidades na hierarquia, isto é, amor, estima, e auto-actualização.” 
(Maslow, 1979, p. 59)
Corrente Humanista - Maslow 
 Maslow identifica o nível mais alto da hierarquia, com a 
maturidade. A maturação do indivíduo apresenta as seguintes 
características: 
 Maior eficiência na percepção da realidade e relações mais confortáveis 
com o mesmo. 
 Aceitação (eu, outros, natureza). 
 Espontaneidade, simplicidade, naturalidade. 
 Focalização em problemas. 
 A necessidade de privacidade. 
 Independência da cultura e do ambiente. 
 Novidade contínua nas apreciações. 
 Experiência mística. 
 Sentimento social. 
 Relações interpessoais. 
 Carácter de estrutura democrática. Distinção entre meios e fins, entre bem 
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 Senso de humor não hostil. Criatividade.
Corrente Humanista - Rogers 
 Rogers considera que o desenvolvimento da 
pessoa é um processo com vista a torná-la 
totalmente funcional. 
 A pessoa humana tem uma tendência natural 
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por isso determinada à partida. 
 Este processo de se tornar pessoa está orientado 
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Corrente Humanista - Rogers 
 Este caminho para a autonomia implica em primeiro lugar liberdade. Ser 
pessoa totalmente funcional implica ser capaz de liberdade de escolha, 
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determinismo. 
 A maturação da pessoa envolve também uma forma de estar criativa e não 
conformista, “pois o indivíduo continua a evoluir em direcção a tornar-se 
ele próprio, e a agir de forma a providenciar a máxima satisfação das suas 
necessidades mais profundas.” (1971, p. 194). 
 O indivíduo maduro não está fechado em si próprio, vivendo de uma 
forma defensiva, estando aberto a um leque muito mais alargado de 
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 Existe sentimento de confiança na natureza humana, pois à medida que se 
torna pessoa, mais sente a necessidade de abertura aos outros. Este 
processo implica, por isso, uma maior riqueza de vida, pois “envolve o 
aumentar e crescer tornar-se mais e mais nas suas próprias 
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Corrente Crítica 
 A corrente crítica é influenciada pela corrente progressista, pela ideologia marxista, 
acentuando a importância do contexto sócio-cultural que envolve a pessoa. Insere-se 
no pós 2ª grande guerra, num período de lutas ideológicas. 
 É uma corrente bastante heterogénea, mas nela destaca-se o trabalho desenvolvido 
por Jürgen Habermas (escola de Frankfurt) e de Paulo Freire. 
 O papel da educação é de esclarecer as pessoas sobre a forma como têm sido 
subjugadas, e mostrar-lhes a forma de mudarem e se libertarem: o processo de 
emancipação. 
 A perspectiva crítica foca a sua atenção na “mudança da presente ordem social, 
política e económica através do questionamento das suposições tomadas pelos 
aprendentes acerca do mundo no qual vivem e trabalham. 
 Esta corrente é muito crítica quanto à excessivo destaque às necessidades 
individuais do adulto (corrente humanista), esquecendo que a pessoa não é uma 
ilha isolada e que está imersa num contexto histórico-sócio-cultural, e que a 
educação de adultos tem de necessariamente promover a alteração das estruturas 
sociais opressivas.
Corrente crítica 
 Esta corrente critica a excessiva ênfase sobre a mudança 
individual esquecendo a transformação social (Cunningham, 1993; 
Heaney, 1996; Newman, 1993). 
 A mudança individual não pode ser dissociada da mudança social, 
e que essa mudança não pode ser descontextualizada. 
 O indivíduo é marcado pelo contexto sociocultural, e a sua acção 
não pode ser 'retirada' desse mesmo contexto social: a mudança 
individual tem de implicar necessariamente a mudança social. 
 A corrente da pedagogia crítica tem muita dificuldade em aceitar 
uma abordagem da aprendizagem centrada no indivíduo, sendo 
também muito crítica para conceitos como reflexão crítica e 
aprendizagem autodirigida.
Corrente Crítica 
 A educação de adultos tem que promover a participação 
comunitária, devendo estar ligada à participação na luta pelos 
direitos cívicos dos cidadãos. 
 A educação de adultos não é apenas dar a conhecer novos factos. 
É ajudar a conhecer o que se sabe, reflectindo sobre a experiência 
pessoal, tornando esse mesmo conhecimento poder de acção. 
 A educação de adultos é a tarefa de dar nome ao nosso mundo, vir 
a conhecer as conexões entre elementos dispersos da nossa 
experiência, conhecer a nossa realidade em ordem a controlá-la. 
(…) A literacia não é apenas a aquisição de palavras, mas a 
aquisição de voz em assuntos que afectam a nossa vida do dia a 
dia. (Heaney, 1993, p. 2) 
 A educação deve promover a reflexão sobre os problemas que 
afectam a comunidade, conduzindo a uma maior participação dos 
cidadãos.
Corrente Crítica - Habermas 
 O conhecimento resulta de diferentes tipos de interesses: técnico, 
prático, e emancipatório. 
 O interesse técnico centra-se na resolução das relações causa - 
efeito, sendo uma forma de conhecimento em que o indivíduo se 
relaciona com o ambiente / contexto que o envolve. A ciência é 
vista como a detentora das respostas para a compreensão da 
globalidade do mundo, eliminando, assim, todas as interpretações 
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 A crítica de Habermas a este tipo de racionalidade técnico - 
instrumental prende-se com esta tentativa de constituir-se como 
explicação por excelência da realidade, procurando que todo o 
conhecimento se enquadre nesse mesmo tipo de racionalidade. 
"As ciências da natureza perderam parte da sua função de suporte 
de uma imagem do mundo a favor da produção de saber 
tecnicamente aplicável." (Habermas, 1987, p. 6).
Corrente Crítica - Habermas 
 O interesse prático caracteriza-se pela acção subjectiva, 
onde indivíduo se relaciona com os outros. O interesse 
prático do saber é marcado pela procura de consenso entre 
os diversos indivíduos. 
 A inter-subjectividade garante que este saber não seja 
totalmente subjectivo e arbitrário, pois ele é fruto do 
consenso entre as diversas pessoas, requerendo que os 
sujeitos interajam e partilhem um conjunto de significados. 
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 Apesar de neste tipo de saber as pessoas se entenderem 
mutuamente, esse entendimento pode, contudo, basear-se 
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Corrente Crítica - Habermas 
 O interesse emancipatório permite às pessoas libertarem-se das forças 
contextuais, institucionais e egocêntricas: este conhecimento identifica-se 
com o auto conhecimento ou a auto-reflexão. 
 Este tipo de saber relaciona-se com o poder, pois é pelo conhecimento 
emancipatório que o indivíduo se emancipa dos diversos tipos de 
dominação que limitam o controlo sobre a sua vida, adquirindo pela auto-reflexão 
a sua autodeterminação. 
 A reflexão crítica assume desta forma, um papel central na construção do 
conhecimento emancipatório. O interesse crítico - emancipatório envolve a 
capacidade de ser crítico em relação a si próprio e em relação à realidade 
sócio - cultural envolvente, pelo processo de questionamento pessoal e 
questionamento do mundo. 
 Estas diversas forças (ideologias, preconceitos, distorções psicológicas, 
etc.) limitam o controlo racional do sujeito sobre a sua própria vida, 
perpetuando relações de dependência. Pelo conhecimento emancipatório 
o indivíduo é capaz de compreender melhor a sua pessoa, os outros e o 
meio que o envolve.
Corrente Crítica – Paulo Freire 
 Freire observa que as pessoas, em processo de 
alfabetização, aprendem melhor se as palavras 
estiverem carregadas de significado político e 
estiverem em íntima relação com a situação de 
opressão em que essas mesmas pessoas vivem. 
 O objectivo da reflexão crítica é o de levar as 
pessoas a "profundamente darem-se conta da 
realidade sóciocultural que molda as suas vidas, 
bem como da capacidade de transformar essa 
mesma realidade agindo nela" (Freire, 1970, p. 
27).
Corrente Crítica – Paulo Freire 
 O processo de tomada de consciência das estruturas de opressão, 
que envolvem o indivíduo, é denominado de conscientização: 
este processo nunca é solitário 
 O processo de conscientização é caracterizado por quatro etapas: 
 consciência intransitiva, onde as pessoas estão apenas preocupadas 
em satisfazer as suas mais elementares necessidades; 
 consciência semi-intransitiva, onde existe uma cultura de silêncio e 
repressão e a vida é entendida através de noções como fatalidade, ou 
destino, e onde os oprimidos assimilam os valores e concepções dos que 
os oprimem; 
 consciência semi-transitiva, onde as pessoas começam a ser capazes 
de questionar as suas vidas e a perceber que a realidade sóciocultural é 
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 conscientização, onde os indivíduos são capazes de se envolver num 
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  • 2. Paradigmas na Educação de Adultos Corrente Progressista Corrente Humanista Corrente Crítica
  • 3. Corrente Progressista  A industrialização massiva do início do século XX obriga à especialização da mão de obra.  Grandes obras de engenharia enaltecem o espírito empreendedor da humanidade (Canal Panamá, Titanic).  O indivíduo visto como possuidor de um grande potencial, ao serviço da sociedade, com o dever de contribuir para o progresso da mesma.  A formação é o meio para dar resposta às necessidades da sociedade e do indivíduo, particularmente face às profundas transformações sociais operadas com a industrialização.
  • 4. Corrente Progressista  O movimento progressista entende que o progresso tem de se basear na interligação entre educação e democracia.  Desta corrente destacam-se sobretudo dois autores: John Dewey e Eduard Lindeman.  A educação deve promover o contínuo crescimento e desenvolvimento ao longo da vida, contribuindo, desta forma, para a construção da comunidade democrática.  A educação deve acentuar o papel activo do indivíduo no processo de aprendizagem.  A aprendizagem tem de estar intimamente associada com o fazer: aprender fazendo (learning by doing).  A aprendizagem baseia-se na experiência da pessoa: toda a educação genuína nasce da experiência.
  • 5. Corrente Progressista –Lindeman  "Uma das grandes distinções entre a educação de adultos e a educação convencional encontra-se no próprio processo de aprendizagem. Nenhum outro, senão o humilde pode vir a ser um bom professor de adultos. Para o aprendente adulto a experiência tem o mesmo peso que o conhecimento do professor. (…) Este caminho duplo reflecte também na divisão de autoridade. Na educação convencional o aluno adapta-se ao currículo oferecido, mas na educação de adultos, o aluno ajuda na formulação do currículo" (Lindeman,1926, p.166)  “Todo adulto está envolvido em situações específicas de trabalho, de lazer, de família, da comunidade, etc. - situações essas que exigem ajustamentos. O adulto começa nesse ponto. (...). Textos e professores têm um papel secundário nesse tipo de educação; eles devem dar a máxima importância ao aprendente." (Lindeman, 1926, p. 8-9)
  • 6. Corrente Progressista  A reflexão está intimamente ligada à análise da experiência individual, pois é a partir dela que o indivíduo identifica o sentido e interpretações comuns do contexto social que o envolve, permitindo a tomada de estratégias com vista à transformação do comportamento individual e colectivo.  Nesse sentido, Lindeman (1926) observa que a educação de adultos deve radicar na reflexão sobre a experiência das pessoas. A reflexão não fica, contudo, fechada numa dimensão individual.  A experiência da pessoa está contextualizada na história e na cultura da sociedade em que vive: assim, a reflexão leva a que o indivíduo se dê conta da importância das influências de natureza histórica e cultural que o marcam.  A reflexão sobre o contexto histórico-cultural deve levar as pessoas a serem agentes activos e participativos nesse mesmo contexto. Desta forma, segundo Lindeman, a educação de adultos deve promover a participação democrática, contribuindo para a acção e transformação social.
  • 7. Corrente Progressista  O centro da experiência como fonte de aprendizagem, implica uma mudança do centro de aprendizagem: o adulto, com reflexos evidentes na relação entre professor e aluno.  A reflexão sobre a experiência tem de implicar mudança social: construção da sociedade democrática.  O papel da educação de adultos deve ser o de desenvolver a consciência social.  Os interesses do aprendente adulto não podem de forma alguma ser menosprezados.
  • 8. Corrente Humanista  Insere-se no período pós-guerra, particularmente no final da década de 50 individuo de 60.  Teve uma influência notável em numerosos investigadores do campo de educação de adultos, particularmente sobre o conceito de andragogia de Malcom Knowles, investigador incontornável neste campo.  Tem como fundamento o trabalho de Carl Rogers e Maslow, baseando-se em princípios não directivos.  Trata-se de uma corrente que tem uma visão naturalmente positiva acerca da pessoa humana, para a qual o indivíduo tem uma necessidade inata de auto-actualização, auto desenvolvimento e autodirecção: ou seja com vista à sua maturação
  • 9. Corrente Humanista “O humanista assume que existe a tendência natural para as pessoas aprenderem e que a aprendizagem desenvolver-se-á se forem providenciados ambientes encorajadores e favoráveis. Implementando a teoria humanista no contexto da aprendizagem poderá significar providenciar opções múltiplas de pessoas, recursos e materiais; torná-las livremente disponíveis para todos; ajudar os aprendentes a pensar através do que eles querem aprender e como desejam aprendê-lo; fazer poucos juízos de valor acerca da natureza ou qualidade das experiências de aprendizagem.” (Cross, 1984, p. 228).
  • 10. Corrente Humanista  O centro desta perspectiva é a pessoa, e a sua necessidade de auto desenvolvimento (Maslow, 1970; Rogers, 1961).  A maturação é entendida como um processo de contínuo crescimento.  No processo de auto desenvolvimento, a pessoa assume a primeira responsabilidade pela sua própria aprendizagem.  A aprendizagem significativa é adquirida através da acção, sendo a experiência a maior autoridade e critério de validade para a pessoa.  O supervisor / formador / professor tem apenas o papel de facilitar a aprendizagem, com vista a tornar o aprendente plenamente funcional.
  • 11. Corrente Humanista – Maslow  Maslow (1970) considera que a motivação humana é caracterizada pela gratificação de necessidades.  O ser humano é marcado por uma dinâmica crescente de satisfação de necessidades, com diferentes hierarquias:  necessidades fisiológicas,  necessidades de segurança,  necessidades de pertença e amor,  necessidades de estima,  necessidades de auto-actualização.
  • 12. Corrente Humanista - Maslow  “A dinâmica principal que anima esta organização é a emergência, na pessoa saudável, de necessidades menos poderosas a partir da gratificação de necessidades mais poderosas. As necessidades fisiológicas, quando não satisfeitas, dominam o organismo, pressionando todas as capacidades para o seu serviço e organizando estas capacidades para que possam ser o mais eficientes neste serviço. A relativa gratificação submerge-as e permite que o nível seguinte mais elevado na hierarquia surja, domine e organize a personalidade, de forma a que o ser deixe de estar obsessivamente ligado à comida, para se tornar obsessivamente preocupado com a segurança. O princípio é o mesmo para os outros conjuntos de necessidades na hierarquia, isto é, amor, estima, e auto-actualização.” (Maslow, 1979, p. 59)
  • 13. Corrente Humanista - Maslow  Maslow identifica o nível mais alto da hierarquia, com a maturidade. A maturação do indivíduo apresenta as seguintes características:  Maior eficiência na percepção da realidade e relações mais confortáveis com o mesmo.  Aceitação (eu, outros, natureza).  Espontaneidade, simplicidade, naturalidade.  Focalização em problemas.  A necessidade de privacidade.  Independência da cultura e do ambiente.  Novidade contínua nas apreciações.  Experiência mística.  Sentimento social.  Relações interpessoais.  Carácter de estrutura democrática. Distinção entre meios e fins, entre bem e mal.  Senso de humor não hostil. Criatividade.
  • 14. Corrente Humanista - Rogers  Rogers considera que o desenvolvimento da pessoa é um processo com vista a torná-la totalmente funcional.  A pessoa humana tem uma tendência natural para crescer e para se auto-actualizar, não sendo por isso determinada à partida.  Este processo de se tornar pessoa está orientado para a direcção positiva da totalidade, integração, integridade e autonomia.
  • 15. Corrente Humanista - Rogers  Este caminho para a autonomia implica em primeiro lugar liberdade. Ser pessoa totalmente funcional implica ser capaz de liberdade de escolha, assumindo uma nova perspectiva na relação entre liberdade e determinismo.  A maturação da pessoa envolve também uma forma de estar criativa e não conformista, “pois o indivíduo continua a evoluir em direcção a tornar-se ele próprio, e a agir de forma a providenciar a máxima satisfação das suas necessidades mais profundas.” (1971, p. 194).  O indivíduo maduro não está fechado em si próprio, vivendo de uma forma defensiva, estando aberto a um leque muito mais alargado de necessidades (ambientais, sociais, etc.).  Existe sentimento de confiança na natureza humana, pois à medida que se torna pessoa, mais sente a necessidade de abertura aos outros. Este processo implica, por isso, uma maior riqueza de vida, pois “envolve o aumentar e crescer tornar-se mais e mais nas suas próprias potencialidades. Envolve coragem de ser. Significa lançar-se completamente na corrente da vida.” (1971, p. 196).
  • 16. Corrente Crítica  A corrente crítica é influenciada pela corrente progressista, pela ideologia marxista, acentuando a importância do contexto sócio-cultural que envolve a pessoa. Insere-se no pós 2ª grande guerra, num período de lutas ideológicas.  É uma corrente bastante heterogénea, mas nela destaca-se o trabalho desenvolvido por Jürgen Habermas (escola de Frankfurt) e de Paulo Freire.  O papel da educação é de esclarecer as pessoas sobre a forma como têm sido subjugadas, e mostrar-lhes a forma de mudarem e se libertarem: o processo de emancipação.  A perspectiva crítica foca a sua atenção na “mudança da presente ordem social, política e económica através do questionamento das suposições tomadas pelos aprendentes acerca do mundo no qual vivem e trabalham.  Esta corrente é muito crítica quanto à excessivo destaque às necessidades individuais do adulto (corrente humanista), esquecendo que a pessoa não é uma ilha isolada e que está imersa num contexto histórico-sócio-cultural, e que a educação de adultos tem de necessariamente promover a alteração das estruturas sociais opressivas.
  • 17. Corrente crítica  Esta corrente critica a excessiva ênfase sobre a mudança individual esquecendo a transformação social (Cunningham, 1993; Heaney, 1996; Newman, 1993).  A mudança individual não pode ser dissociada da mudança social, e que essa mudança não pode ser descontextualizada.  O indivíduo é marcado pelo contexto sociocultural, e a sua acção não pode ser 'retirada' desse mesmo contexto social: a mudança individual tem de implicar necessariamente a mudança social.  A corrente da pedagogia crítica tem muita dificuldade em aceitar uma abordagem da aprendizagem centrada no indivíduo, sendo também muito crítica para conceitos como reflexão crítica e aprendizagem autodirigida.
  • 18. Corrente Crítica  A educação de adultos tem que promover a participação comunitária, devendo estar ligada à participação na luta pelos direitos cívicos dos cidadãos.  A educação de adultos não é apenas dar a conhecer novos factos. É ajudar a conhecer o que se sabe, reflectindo sobre a experiência pessoal, tornando esse mesmo conhecimento poder de acção.  A educação de adultos é a tarefa de dar nome ao nosso mundo, vir a conhecer as conexões entre elementos dispersos da nossa experiência, conhecer a nossa realidade em ordem a controlá-la. (…) A literacia não é apenas a aquisição de palavras, mas a aquisição de voz em assuntos que afectam a nossa vida do dia a dia. (Heaney, 1993, p. 2)  A educação deve promover a reflexão sobre os problemas que afectam a comunidade, conduzindo a uma maior participação dos cidadãos.
  • 19. Corrente Crítica - Habermas  O conhecimento resulta de diferentes tipos de interesses: técnico, prático, e emancipatório.  O interesse técnico centra-se na resolução das relações causa - efeito, sendo uma forma de conhecimento em que o indivíduo se relaciona com o ambiente / contexto que o envolve. A ciência é vista como a detentora das respostas para a compreensão da globalidade do mundo, eliminando, assim, todas as interpretações baseadas na suposição, mito, ou crença.  A crítica de Habermas a este tipo de racionalidade técnico - instrumental prende-se com esta tentativa de constituir-se como explicação por excelência da realidade, procurando que todo o conhecimento se enquadre nesse mesmo tipo de racionalidade. "As ciências da natureza perderam parte da sua função de suporte de uma imagem do mundo a favor da produção de saber tecnicamente aplicável." (Habermas, 1987, p. 6).
  • 20. Corrente Crítica - Habermas  O interesse prático caracteriza-se pela acção subjectiva, onde indivíduo se relaciona com os outros. O interesse prático do saber é marcado pela procura de consenso entre os diversos indivíduos.  A inter-subjectividade garante que este saber não seja totalmente subjectivo e arbitrário, pois ele é fruto do consenso entre as diversas pessoas, requerendo que os sujeitos interajam e partilhem um conjunto de significados.  O diálogo racional tem um papel essencial na validação de significados.  Apesar de neste tipo de saber as pessoas se entenderem mutuamente, esse entendimento pode, contudo, basear-se em pressupostos distorcidos.
  • 21. Corrente Crítica - Habermas  O interesse emancipatório permite às pessoas libertarem-se das forças contextuais, institucionais e egocêntricas: este conhecimento identifica-se com o auto conhecimento ou a auto-reflexão.  Este tipo de saber relaciona-se com o poder, pois é pelo conhecimento emancipatório que o indivíduo se emancipa dos diversos tipos de dominação que limitam o controlo sobre a sua vida, adquirindo pela auto-reflexão a sua autodeterminação.  A reflexão crítica assume desta forma, um papel central na construção do conhecimento emancipatório. O interesse crítico - emancipatório envolve a capacidade de ser crítico em relação a si próprio e em relação à realidade sócio - cultural envolvente, pelo processo de questionamento pessoal e questionamento do mundo.  Estas diversas forças (ideologias, preconceitos, distorções psicológicas, etc.) limitam o controlo racional do sujeito sobre a sua própria vida, perpetuando relações de dependência. Pelo conhecimento emancipatório o indivíduo é capaz de compreender melhor a sua pessoa, os outros e o meio que o envolve.
  • 22. Corrente Crítica – Paulo Freire  Freire observa que as pessoas, em processo de alfabetização, aprendem melhor se as palavras estiverem carregadas de significado político e estiverem em íntima relação com a situação de opressão em que essas mesmas pessoas vivem.  O objectivo da reflexão crítica é o de levar as pessoas a "profundamente darem-se conta da realidade sóciocultural que molda as suas vidas, bem como da capacidade de transformar essa mesma realidade agindo nela" (Freire, 1970, p. 27).
  • 23. Corrente Crítica – Paulo Freire  O processo de tomada de consciência das estruturas de opressão, que envolvem o indivíduo, é denominado de conscientização: este processo nunca é solitário  O processo de conscientização é caracterizado por quatro etapas:  consciência intransitiva, onde as pessoas estão apenas preocupadas em satisfazer as suas mais elementares necessidades;  consciência semi-intransitiva, onde existe uma cultura de silêncio e repressão e a vida é entendida através de noções como fatalidade, ou destino, e onde os oprimidos assimilam os valores e concepções dos que os oprimem;  consciência semi-transitiva, onde as pessoas começam a ser capazes de questionar as suas vidas e a perceber que a realidade sóciocultural é determinada pelo ser humano;  conscientização, onde os indivíduos são capazes de se envolver num processo dialógico de questionamento e validação das normas sociais, dos códigos culturais, e das ideologias.